Saúde Mental 09/03/2018
O Exame Psicopatológico
Aparência: alinho, cuidado pessoal
Atitude
Estado de consciência
Atenção, orientação, memória
Senso percepção, pensamento, consciência do eu, psicomotricidade, fala, humor, afeto,
vontade, pragmatismo, inteligência, juízo crítico ou consciência de morbidade, planos para o
futuro
No delirium há alteração no estado da consciência
Na demência o estado de consciência está normal, o paciente está lúcido
Atenção: função psíquica responsável por manter a consciência direcionada para determinado
estímulo. Há maior concentração da atividade sobre o objeto, adquirindo maior clareza e
nitidez
Importante função do estado de consciência
A atenção pode ser dividida em dois aspectos:
Vigilância: capacidade de se manter atento aos estímulos ambientais concomitantes
podendo a qualquer momento desviar a atenção para determinado objeto
Tenacidade: capacidade de concentrar o foco da atenção em determinado objeto por
certo tempo
Alterações qualitativas:
Hiporexia: diminuição global da atividade da atenção. Ex.: rebaixamento da consciência,
demência, depressão grave, retardo mental, etc...
Aprosexia: abolição global da atenção – coma, demência terminal, depressão grave
Hipertenacidade ou rigidez da atenção (concomitante hipovigilância). Ex.: no TOC, na
ruminação depressiva, na compulsão da dependência química, na hipocondria, estreitamento
dissociativo, hipnose
Hipotenacidade ou labilidade
Orientação: capacidade de aprender informação que possibilitam se situar em relação a si
(dados pessoais) e em relação ao ambiente (dados ambientais externos)
Orientação autopsíquica: dados pessoais, nome, idade, identificação
Orientação alopsíquica: dados do mundo externo. Temporal: hora, dia, semana, mês, ano
(parcial ou total). Espacial: onde está, local, rua, endereço, itinerário
OBS: a orientação temporal é adquirida mais tardiamente; na demência ou delirium a
orientação temporal é perdida no início do quadro
Maria Tereza de Oliveira
Saúde Mental 09/03/2018
Desorientação secundária: apática, afetiva/desinteresse (na esquizofrenia, na depressão). O
paciente tem condição de saber se orientar mas não o faz
Exemplos de desorientação nas patologias psiquiátricas:
Demência: desorientação temporal, obstrução espacial, autopsíquica
Delirium: desorientação confusional
Esquizofrenia: desorientação apática, dupla orientação delirante
Depressão: desorientação por desinteresse afetivo
Memória: informações armazenadas sobre as vivências perceptivas, motoras, dos
pensamentos e das emoções. Podem ser mobilizadas conscientemente quando necessário.
Etapas do processo mnemônicos:
Fixação: aquisição de novas informações (mais interesse)
Conservação: manutenção em estado de latência de informações fixadas
Evocação: retorno voluntário à consciência das informações armazenadas
Classificação das memórias:
Memória de curto prazo ou instalada armazenamento limitado (segundos a minutos). Ex.:
sequência de dígitos (telefone), frases, informações breves
Memória de longo prazo: armazenamento mais permanente de informações; a consolidação
ocorre de minutos a horas.
Explícitas: qualquer informação expressa em palavras. Ex.: cultura em geral ou específica
Implícitas: desempenho de um aprendizado. Ex.: dirigir um carro
Amnésia anterógrada: a partir do momento que tem o trauma instalado; prejuízo de adquirir
novas informações posteriores ao agente patogênico. Ex.: síndrome de Korsakoff, delirium,
lesões cerebrais, blackout alcoólico
Amnésia rerógrada: antes da instalação do trauma; prejuízo de recordar informações
anteriores a atuação do fator patogênico. Ex.: TCE, delirium
Delírium
Uma ampla variedade de agressões fisiológicas e ao SNC produz delirium. Um diagnóstico
acurado deve preceder o TTO
Definição e critérios diagnósticos:
Distúrbio da consciência (clareza diminuída da consciência em relação ao ambiente),
habilidade reduzida em focalizar, manter ou deslocar a atenção
Flutuação do estado da consciência e início súbito
Maria Tereza de Oliveira
Saúde Mental 09/03/2018
Mudança na cognição (distúrbio de memória, da linguagem) ou surgimento de distúrbio da
senso percepção
Flutuação do estado de consciência e início súbito
Evidências na história, exame físico e nos exames laboratoriais da etiologia do delirium
Etiologia: uma condição médica geral, intoxicação por substância ou abstinência, mais de uma
etiologia
Fatores de risco:
Idosos
Pacientes com disfunção do SNC (por exemplo, demência)
Pacientes pós-cirúrgicos (pós-cirurgia cardíaca, pós-transplante e pós-cirurgia de quadril)
Pacientes queimados
Pacientes dependentes de droga que estejam passando por abstinência
Dano cerebral relacionado ao HIV
Crianças podem ser mais suscetíveis ao delirium que os adultos, especialmente relacionado a
doença febril e a determinados medicamentos (por exemplo, anticolinérgicos)
Características clínicas:
Curso temporal: aparecimento abrupto e flutuação na gravidade dos sintomas durante o
processo
Prejuízo cognitivo difuso
Déficit de atenção (tenacidade e vigilância)
Prejuízo da memória: déficit na memória de curto e logo prazo
Desorientação no tempo e no espaço
Prejuízo visual construtivo: incapazes de copiar figuras geométricas simples ou desenhar um
mostrador de relógio
Padrões desorganizados de pensamento e distúrbios da linguagem
Distúrbios da senso percepção: ilusões e alucinações. Alucinações verbais levantam sempre a
suspeita de organicidade
Distúrbios psicomotores: hipo ou hiperatividade
Distúrbios do sono-vigília
Labilidade afetiva
Exame físico completo com exames complementares
As alucinações são mais visuais
Diagnóstico diferencial:
Maria Tereza de Oliveira
Saúde Mental 09/03/2018
Infecção, abstinência, distúrbios metabólicos, trauma, patologia no SNC, hipóxia, deficiências,
endocrinopatias, vascular agudo, toxinas e drogas, envenenamento
Avaliação do paciente com delirium:
Anamnese + exame físico completo
Exames laboratoriais básicos:
Bioquímica do sangue (eletrólitos, glicose, cálcio, albumina, ureia, creatinina, TGO, bilirrubinas,
fosfatase alcalina, magnésio, VDRL)
Contagem sanguínea total
Níveis sanguíneos de drogas
Gasometria
Análise da urina e coleta para cultura e antibiograma
Screening da urina para a presença de drogas
ECG
RX de tórax
EEG
Punção lombar
TC ou RM
Tratamento e conduta:
O tratamento do delirium tem dois aspectos separados e importantes
Identificar e reverter, quando possível, as razões para o delirium. Tratar causa base
Reduzir os sintomas psiquiátricos com medicações e modificações ambientais
Paciente dever ser colocados num quarto perto do posto de enfermagem para observação do
comportamento perigoso ou deterioração clínica
Haloperidol é a droga de primeira escolha para tratar paciente com delirium porque é um
antipsicótico com nenhuma propriedade anticolinérgica ou hipotensiva, não suprime a
respiração, tem uma cardiotoxicidade mínima e pode ser administrado por via parenteral
O uso de benzodiazepínicos em pacientes com delirium é mais apropriado em casos de
abstinência por álcool ou sedativo-hipnótico
Intervenções ambientais
Apoio psicológico
Maria Tereza de Oliveira
Saúde Mental 09/03/2018
Demências ou Síndrome Demencial
Definição: déficit cognitivo que ocorre após a plena maturação cognitivo-intelectual no adulto
jovem
Prejuízo da memória (amnésia anterógrada e retrógrada)
Síndrome desexecutiva (apraxias – realizar atividades motoras coordenadas)
Agnosias (reconhecimento de objetos)
Disfasias (erro ou dificuldade de nomear)
Declínio com comprometimento social
Incidência aumenta com o envelhecimento
Tipos: Alzheimer – é a mais comum após 65 anos – evolução mais insidiosa
Vascular cerebral
Demência mista
Outras condições médicas (HIV, neurossífilis, TCE, Parkinson, Hungtinton, corpúsculos de
Lewy), hidrocefalia de pressão normal, hipotireoidismo, tumor cerebral e deficiência de
vitamina B12, medicamentos anticolinérgicos e benzodiazepínicos
A demência cérebro-vascular pode ter oscilações, não tem uma característica de ser
continuamente descendente como o Alzheimer
OBS: mini mental é importante para a avaliação desses pacientes
Alteração do comportamento:
Desinibição com atitudes inadequadas (piadas, assédios) ou reação catastrófica (reação de
raiva exagerada quando não consegue fazer algo que antes conseguia)
Apatia e falta de motivação, falta de iniciativa, desinteresse, indiferença, isolamento, descuido
pessoal com falta de insight (autocrítica) – cuidado ao diagnosticar pseudodemência
Mais sensíveis à mudança de ambiente ou à fatores orgânicos que desencadeiam quadros de
agitação psicomotora ou instabilidade emocional ou que desencadeiam o delirium
(medicamentos, infecções com poucos sintomas evidentes)
Tratamento medicamentoso: só para Alzheimer em fase inicial (leve ou moderada) –
Rivastigmina, donepezil, memantina
Maria Tereza de Oliveira
Saúde Mental 09/03/2018
Quadro Delirium x Delírio
Pseudodemência
É um transtorno depressivo que ocorre no idoso que pode ser diagnosticado equivocadamente
como demência
Há meses o paciente apresenta-se desinteressado, irritado, ansioso e com queixas
sanatoformes (somatização, queixas de “amnésia” por desinteresse, portanto pode não se
caracterizar como verdadeira amnésia orgânica) e queixa de âmbito sócio-familiar
Cuidados ao avaliar clinicamente um paciente idoso: o paciente idoso pode inicialmente
apresentar-se poliqueixoso e com queixas físicas (somatoformes) e queixas de “problemas de
memória” e anedonia (perda de prazer) com quadro característico de transtorno depressivo,
porém sem as queixas mais típicas de tristeza e humor deprimido. Após exaustiva avaliação
clínica não há achado que justifique as queixas clínicas
O demenciado é indiferente à perda de memória
Manifestações com apresentação de sintomas aparentemente primariamente psiquiátricos
com poucos sinais evidentes de manifestações clínicas e ao exame mais apurado ser
diagnosticado com quadro clínico ou agudo ou crônico.
Crônico: o idoso apresenta há meses uma síndrome depressiva progressiva mas que na
realidade pode estar “mascarando” um processo patológico orgânico
Para qualquer queixa psiquiátrica no idoso sem história psiquiátrica é necessário uma rigorosa
avaliação clínica
Maria Tereza de Oliveira
Saúde Mental 09/03/2018
Quadro de pseudodemência x demência
Maria Tereza de Oliveira