UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
FACULDADE DE LINGUAGEM, CIÊNCIAS AGRÁRIAS E SOCIAIS APLICADAS
COORDENAÇÃO DO CURSO DE AGRONOMIA
PROJETO DE IRRIGAÇÃO
PONTES E LACERDA-MT
NOVEMBRO/2024
CARLOS ANTÔNIO
CRISTIANE SOARES
DANIELE LOPES
DAVI FREITAS
DIEGO BELAI
FÁBIO CARVALHO
FRANCISCO SILVA
RENATA SOUSA
SAMARA KELLY
STEFANNY RAYNARA
VANESSA LIMA
PROJETO DE IRRIGAÇÃO
Projeto apresentado a disciplina de Irrigação e
Drenagem e como parte dos requisitos para
obtenção da aprovação.
Orientador: Dr. Edson
PONTES E LACERDA-MT
NOVEMBRO/2024
1. Introdução
1.1 História da irrigação
Considerando que o ser humano é movido por desafios, o primeiro desafio da vida
humana iniciou-se com os nômades, pois eles tinham que se mudar de lugar assim
que acabavam seus recursos naturais, como o alimento. A partir do momento em que
perceberam que podiam produzir o seu próprio alimento através da agricultura, a
população, especialmente das regiões do Egito e Mesopotâmia, começou a
desenvolver projetos de irrigação, visando um melhor desenvolvimento das culturas
aliado à uma menor necessidade de mão de obra. (MELLO & SILVA, 2006)
A partir de então, pode-se dizer que a irrigação foi desenvolvida nas regiões do Egito,
Mesopotâmia e China, entre os anos de 6.000 a.C e 2.500 a.C; onde a água era
represada de rios cercados por diques como o rio Nilo, Eufrates e rio Amarelo.
(MELLO & SILVA, 2006)
A irrigação é um fator primordial para a produção de alimentos, segundo Rolim
(1994), entre os anos de 1966 a 1978, houve um aumento de produção de 50 a 80%
em áreas que eram irrigadas. Dados mais recentes, como um levantamento da
CONAB (2017), a região nacional que mais possui áreas irrigadas é o Sudeste, com
2.709.342 hectares (ha).
A partir dos dados mencionados, pode-se perceber a importância da irrigação para a
produção mundial de alimentos, dessa forma, o primeiro passo para entendermos
sobre esse assunto é saber sobre quais os sistemas de irrigação que podem ser
utilizados atualmente.
1.2 Sistemas de Irrigação
Dentre todas as escolhas que se deve fazer ao implantar uma área irrigada, uma das
mais importantes é a escolha do sistema de irrigação. Segundo Andrade (2001), o
sistema de irrigação é a forma como a água irá chegar até as culturas, ou seja, como
será feita a sua aplicação, onde, pode-se escolher entre os métodos de aspersão,
superfície, localizada e subirrigação. Entendido isso, seguem os conceitos de cada
tipo de sistema de irrigação:
Irrigação por aspersão: É uma irrigação que consiste em distribuir a água sobre
a cultura, de forma que simule uma chuva, onde os jatos de água são jogados
no ar, e formam pequenas gotas sobre o solo. Como exemplo, pode-se citar a
irrigação por meio de pivô central, muito utilizada em grandes culturas, sendo
essa observada na figura 1. (BISCARO, 2009)
Figura 1 – Irrigação por aspersão tipo pivô central
Fonte: Revista Cultivar (2022)
Irrigação por superfície: Nesse método ocorre a aplicação de uma alta
quantidade de água no solo e espera-se que ela escorra até as plantas através
do efeito da gravidade; podendo ser de 2 principais tipos: Inundação (figura 2)
e sulcos (figura 3). (COSTA & SOUZA, 2006)
Figura 2: Irrigação por Inundação Figura 3: Irrigação por Sulcos
Fonte: (TESTEZLAF, 2017) Fonte: (TESTEZLAF, 2017)
Irrigação localizada: Como o próprio nome diz, esse tipo de irrigação é uma
irrigação que está localizada diretamente na planta, realizando a aplicação de
água por meio do uso de emissores localizados no colo e raízes dos vegetais,
podendo ser utilizados gotejadores (figura 4) ou microaspersores (figura 5).
(PRADO et al., 2014)
Figura 4: Irrigação por Gotejamento Figura 5: Irrigação por Microaspersão
Fonte: (PENNACCHI, 2023) Fonte: Agência USP (2011)
Subirrigação: De acordo com Ribeiro (2013), a subirrigação é uma técnica que
visa fornecer água para as culturas por meio do controla da drenagem
subsuperficial, visando manter o lençol freático em uma profundidade
adequada para fornecer água a todo momento para a cultura. Um exemplo
pode ser observado na figura 6, que demonstra esse sistema através das mesas
de subirrigação.
Figura 6: Mesas de subirrigação.
Fonte: (RIBEIRO, 2013)
1.3 Brachiária Brizantha cv. Marandu
Também conhecido como capim Marandu, a Brachiária dessa cultivar é muito utilizada
para sistemas de pastagens, afim de alimentar animais. Apesar de ser uma gramínea com
alta resistência e adaptabilidade à diferentes climas, o Capim Marandu não pode ser
deixado de lado quanto à cuidados como quantidade de água e adubações frequentes, pois
esses manejos auxiliam para uma maior produção de forragem e melhor qualidade das
mesmas. (GUIMARÃES et al., 2011)
A irrigação se torna uma alternativa muito viável quando se fala sobre pastagens,
considerando que o produtor não fica refém das condições climáticas ideais para ter
alimento ou não para os animais. Como exemplo, tem-se o trabalho de Magalhães et al.
(2016) que avaliou as características morfogênicas e estruturas desse capim quando
irrigado e adubado corretamente, concluindo que a irrigação é de grande importância para
a cultura, visto que, ao reduzir a lâmina de irrigação de 80 para 50% houve um
decréscimo no alongamento e aparecimento de folhas, fato esse que implica diretamente
na alimentação e produtividade do rebanho.
1.4 Objetivos
Com esse trabalho, tivemos o objetivo de implantar um projeto de irrigação em uma
área da faculdade, visando aprender na prática a disciplina de Irrigação e Drenagem,
além de avaliar a viabilidade de um projeto de irrigação para a cultura da Brachiária
Brizantha cv. Marandu.
2. Metodologia
Afim de entender melhor sobre a importância da irrigação, métodos que podem ser
utilizados nessa prática e a cultura em que o presente projeto foi implantado, o primeiro
passo desse trabalho foi a realização de uma vasta pesquisa em literaturas confiáveis,
como por exemplo artigos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA), dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e base de
dados como o google acadêmico; visando sempre aliar os conceitos da teoria com a
prática realizada em campo.
Além da teoria mencionada, o trabalho em questão se baseou na implantação de um
projeto de irrigação na cultura da Brachiária Brizantha cv. Marandu. A área onde foi
realizada a pesquisa de campo, localiza-se na Universidade Estadual de Mato Grosso –
UNEMAT, no campus de Pontes Lacerda; sendo implantado em uma área de 2 hectares,
como pode ser observado na figura 7.
Figura 7: Área de implantação da irrigação na Brachiária Brizantha cv. Marandu.
Fonte: Os autores
Para uma correta irrigação, deve-se contar com uma adequada fonte de água, dessa
forma, a água utilizada para irrigação da cultura foi advinda de um reservatório de água
presente na Universidade, nas coordenadas latitude 15º19’25.90’’S e longitude
59º13’51,84’’O. A fonte de água utilizada pode ser observada na figura 8.
A água utilizada é de boa qualidade, não havendo necessidade de lixiviação (RL <
0,10), considerando que o processo de adsorção é extremamente favorável, o que indica
que o material adsorvente tem alta capacidade ou afinidade para reter a substância em
questão, minimizando a lixiviação e sem limitação de uso.
Figura 8: Fonte de água para a irrigação.
Fonte: Os autores
Outro fator importante para um correto desenvolvimento da cultura e controle de
irrigação é o tipo de solo onde a cultura está implantada, visto que solos com maior
quantidade de argila possui uma maior capacidade de retenção de água, e solos com
maior quantidade de areia possui uma maior taxa de lixiviação de nutrientes juntamente
com a perda de água. Na área onde foi colocada a irrigação, temos um solo de textura
franco argiloso arenosa, onde essa informação somente foi possível com análises do solo,
realizada pelos autores do presente trabalho, onde os resultados estão apresentados nas
figuras 9 e 10.
Figura 9: Pirâmide da classificação textural. Figura 10: Análise do solo.
Fonte: Os autores
3. Desenvolvimento
4. Conclusões
Nessa análise de solo foi possível também definir outras características do solo, sendo o conceito
dessas apresentadas na tabela 1.
Tabela 1: Características analisadas sobre o solo.
Sigla Característica Conceito
É a quantidade de água que o solo consegue reter
após a drenagem da água gravitacional,
Umidade na Capacidade de
UCC representando o limite superior da disponibilidade
Campo
de água para as plantas.
É o limite inferior da água disponível no solo.
Refere-se ao teor de umidade em que as plantas
Umidade no Ponto de não conseguem mais absorver água, levando ao
UPMP
Murcha Permanente murchamento irreversível, mesmo que o solo
ainda tenha umidade residual.
É a relação entre a massa de partículas sólidas do
solo e o volume total que elas ocupam (incluindo
DS Densidade do Solo
os poros).
Indica a profundidade do solo onde se concentra a
Profundidade de maior parte das raízes das plantas, afetando
Z Enraizamento (ou Zona diretamente a quantidade de água disponível para
Radicular) elas.
Fator de Disponibilidade de Representa a fração da água disponível no solo
Água (ou Fator de Extração que as plantas podem extrair sem sofrer estresse
f
de Água pelas Plantas) hídrico. É expresso como uma porcentagem da
água disponível entre a UCC e o UPMP.
Fonte: Os autores
Os resultados da análise de solo estão presentes na tabela 2, além disso, a umidade da
capacidade de campo é de 38% e umidade de ponto de murcha permanente de 18%.
Tabela 2: Resultados da análise de solo.
Característica do solo Resultados Representação
UCC 14 %
UPMP 6 %
DS 1,46 g/vm
Z 30 Cm
f 0,6 admensional
Fonte: Os autores
Depois de todas essas análises, referentes à área, qualidade de água da fonte e textura do
solo, foi possível realizar a implantação do projeto, onde os cálculos realizados para a
montagem da irrigação foram:
Evapotranspiração (et): A evapotranspiração é a somatória das perdas de
água por evaporação do solo e pela transpiração da planta, observada em uma
cultura qualquer. , vários são os métodos utilizados para se determinar a
evapotranspiração de uma cultura. No entanto, devido às particularidades
inerentes a cada cultura, a evapotranspiração potencial varia de cultura para
cultura, fazendo-se necessário a definição dos termos: evapotranspiração
potencial para uma cultura de referência (ETo) e a evapotranspiração potencial
da cultura (ETc) .
Evapotranspiração do cultivo de referência (ETo): E a quantidade de água
evapotranspirada de uma superfície coberta por gramíneas com oito a quinze
centímetros de altura, em fase de crescimento ativo, sombreando totalmente o
solo e sem restrições de umidade.
Disponibilidade de água (DTA): é a água retida entre as umidades do
solo na capacidade de campo e no ponto de murcha permanente,
correspondendo aos limites superior e inferior do reservatório de água
do solo.
Disponibilidade real de água: Dada pelo produto entre a DTA e f
corresponde à disponibilidade real de água às plantas.
Capacidade Real de água: É definida como a fração da capacidade
total de água no solo que a cultura poderá utilizar sem afetar
significativamente a sua produtividade.
Irrigação total necessária (ITN): É quando toda a água necessária
para atender a demanda hídrica das culturas é aplicada via irrigação
Turno de Regra: determina a frequência da irrigação e o volume de água a
ser reposto ou armazenado no solo
Intensidade de aplicação: É a razão entre a lâmina d' água aplicada à
superfície do solo e o tempo necessário para sua aplicação.
Vazão do sistema (qs): quantidade de água fornecida por um sistema de
irrigação em uma unidade de tempo. Esse parâmetro é fundamental para
garantir que as culturas recebam a quantidade adequada de água para o seu
crescimento, sem excessos ou faltas, otimizando o uso da água e a eficiência
do sistema de irrigação.
Número total de aspersores (Nta), Número de aspersores na linha (Napl) e
Número de linhas laterais(NL): são fundamentais para o planejamento e
dimensionamento do sistema. Esses parâmetros ajudam a garantir que a água
seja distribuída de maneira uniforme e eficiente em toda a área cultivada.
4. Desenvolvimento
Os resultados aqui apresentados são referentes às contas realizadas para a
implantação do sistema de irrigação na área mencionada, sendo elas:
Evapotranspiração
Disponibilidade de água (DTA)
Disponibilidade real de água
Capacidade real de água
Irrigação real necessária
Turno de regra
Intensidade de aplicação
Aspersores
o Vazão do sistema
o Número total de aspersores
o Escolha do aspersor
Dimensionamento da linha lateral
Pressão no início da tabela da linha lateral
Diâmetro do piquete até a água
Perda total
Altura monométrica
Características da bomba:
Bomba escolhida: Bomba Centrifuga Wdm He 1.5F 12,5cv Trifasico
220/380/440v
Orçamento Final
5. Referências Bibliográficas
Aegro. Irrigação por gotejamento. Disponível em:
<https://blog.aegro.com.br/irrigacao-por-gotejamento/>. Acesso em: 29 novembro
2024.
ANDRADE, C. Seleção do sistema de irrigação. 2001.
BISCARO, G. A. Sistemas de irrigação por aspersão. Universidade Federal da
Grande Dourados, 2009.
CONAB. Brasil possui uma das maiores áreas irrigadas do planeta. Disponível em:
<https://www.conab.gov.br/ultimas-noticias/1631-brasil-possui-uma-das-maiores-areas-
irrigadas-do-planeta-20171006>. Acesso em: 29 novembro 2024.
COSTA, R. N. T; SOUZA, F. Irrigação por superfície. Gestão Sustentável no Baixo
Jaguaribe, Ceará. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, p. 261-288, 2006.
GUIMARÃES, S et al. PRODUÇÃO DE CAPIM-MARANDU INOCULADO COM
Azospirillum spp. Enciclopédia Biosfera, v. 7, n. 13, 2011.
MAGALHÃES, J. A. et al. Características morfogênicas e estruturais do capim-
marandu sob irrigação e adubação, vol. 8, p. 113-124, 2016.
PRADO, G. et al. Avaliação técnica de dois tipos de emissores empregados na
irrigação localizada. REVISTA BRASILEIRA DE AGRICULTURA IRRIGADA-
RBAI, v. 8, n. 1, p. 12-25, 2014.
Revista Cultivar. Áreas de culturas irrigadas crescem 3,8 vezes em 37 anos.
Disponível em: <https://revistacultivar.com.br/noticias/areas-de-culturas-irrigadas-
crescem-38-vezes-em-37-anos>. Acesso em: 29 novembro 2024.
RIBEIRO, M. D. Projeto de uma mesa de subirrigação para ambientes protegidos.
2013.
TESTEZLAF, R. Irrigação: métodos, sistemas e aplicações. 2017
Universidade de São Paulo. Portal de Biossistemas. Disponível em:
<http://www.usp.br/portalbiossistemas/?p=1806>. Acesso em: 29 novembro 2024.