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Procedimentos Cautelares

O documento aborda os procedimentos cautelares, que visam proteger o efeito útil de ações judiciais, evitando que a situação fática se altere durante o processo. As providências cautelares são temporárias e dependem de uma ação já pendente, podendo ser solicitadas para diversas situações, como alimentos provisórios e restituição de posse. O respeito ao contraditório é essencial, embora em casos excepcionais a providência possa ser concedida sem a prévia audição do requerido.

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Procedimentos Cautelares

O documento aborda os procedimentos cautelares, que visam proteger o efeito útil de ações judiciais, evitando que a situação fática se altere durante o processo. As providências cautelares são temporárias e dependem de uma ação já pendente, podendo ser solicitadas para diversas situações, como alimentos provisórios e restituição de posse. O respeito ao contraditório é essencial, embora em casos excepcionais a providência possa ser concedida sem a prévia audição do requerido.

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PROCEDIMENTOS CAUTELARES

Diferentemente das acções discriminadas no artigo 4.º, encontramos no


artigo 2.º, in fine, que o titular de direito pode lançar mão a certas
providências com o fim de acautelar o efeito útil da acção – são as
designadas providências cautelares, reguladas no artigo 381.º e ss.

As providências cautelares visam impedir que, durante a pendência de


uma acção declarativa ou executiva, a situação de facto se altere de
modo a que a sentença nela proferida, sendo favorável, perca toda a sua
eficácia ou parte dela. Pretende-se combater o perriculum in mora (o
prejuízo da demora inevitável do processo) a fim de que a sentença se
não torne numa decisão puramente platónica.

Os procedimentos cautelares dependem de uma acção já pendente ou


que deve ser seguidamente proposta pelo requerente. Se a acção não
estiver proposta, o procedimento cautelar constitui mero preliminar dela e
caducará se a acção não for proposta dentro de trinta dias subsequentes
à notificação da concessão da providência – a), n.º 1 382.º. Estando a
acção já pendente, o procedimento cautelar constituirá um mero
incidente dela e será processado por apenso.

Ao apreciar os pressupostos da providência, o juiz não poderá exigir o


mesmo grau de convicção que se requer na prova dos fundamentos da
acção. O juiz deverá contentar-se com uma probabilidade séria da
existência do direito e, em vez da demonstração do perigo do dano
invocado, bastará que o requerente mostre ser fundado (compreensível e
justificado) o receio da lesão – art. 401.º.

A providência deve ser recusada (mesmo que os pressupostos se


verifiquem) se o prejuízo por ela causado ao requerido for superior ao
dano que o requerente pretende evitar – n.º 1 art. 401.º in finne.

Espécies de Providências Cautelares


São vários os procedimentos cautelares especificados no Código de
Processo Civil:

 Alimentos provisórios – art. 388.º


 Restituição provisória de posse – art. 393.º
 Suspensão de deliberações sociais – art. 396.º
 Arresto – art. 402.º
 Embargo de obra nova – art. 412.º
 Arrolamento – art. 421.º

Os procedimentos cautelares nominados não contemplam todas as


situações possíveis e, para acautelar um risco de lesão não especialmente
prevenido naquelas disposições legais, pode ser requerida uma
providência cautelar inominada, que seja adequada à situação concreta.

Carácter Provisório

A providência cautelar tem feição nitidamente provisória ou interina, tem


uma vida necessariamente limitada, e só dura enquanto não é proferida a
decisão final. As medidas que tiverem sido tomadas estão sujeitas à
caducidade se o requerente se mostrar negligente em procurar obter a
decisão definitiva através da acção principal.

Nos termos do n.º 1 do art. 382.º o procedimento cautelar extingue-se e,


quando decretada a providência caduca:

a) Se a acção principal não for proposta dentro de trinta dias, contados


da data em que tiver sido notificada ao requerente a decisão que
tiver ordenado a providência;
b) Se, depois de proposta a acção, o processo estiver parado mais de
trinta dias, por negligência do requerente;
c) Se a acção principal vier a ser definitivamente julgada
improcedente;
d) Se o requerido for absolvido da instância e o requerente não
propuser nova acção em tempo de aproveitar os efeitos da
proposição anterior;
e) Se o direito que se pretende tutelar se extinguir.

Não é admissível, na pendência da mesma causa, a repetição da


providência que haja sido julgada injustificada ou tenha caducado.

A improcedência da providência cautelar obsta somente que seja


requerida providência idêntica. Não impede o requerente de intentar nova
providência com o fim de acautelar riscos de lesão diferentes daqueles
que invocou na providência frustrada, ou de propor a respectiva acção,
em cuja apreciação não influi a decisão proferida no procedimento
cautelar – art. 387.º.

Responsabilidade do Requerente

Se a providência caducar por facto imputável ao requerente, responde


este pelos danos culposamente, quando não tenha agido com a prudência
normal. Assim, se o requerente não chegar a propor a acção principal ou
se, tendo-a proposto, negligenciar o seu andamento, responderá perante
o requerido pelos danos que culposamente lhe tiver causado. Responderá,
ainda, se a providência for considerada injustificada por falta do direito
acautelado ou por falta de fundamento para ser decretada.

Celeridade

Destinada a prevenir o perigo da demora inevitável do processamento


normal da acção, o procedimento cautelar tem uma estrutura mais
simplificada e mais rápida – art. 381.º/A.

Na apreciação dos requisitos da providência, o juiz não tem a mesma


exigência nem quanto à prova da existência e da violação do direito do
requerente, nem quanto à demonstração do perigo de dano que o
procedimento se propõe evitar. Assim, será bastante a probabilidade séria
da existência do direito e que se mostre suficientemente fundado o receio
da sua lesão.
Como consequência da celeridade, dá aos procedimentos cautelares o
carácter de urgentes, precedendo os respectivos actos qualquer outro
serviço judicial não urgente – n.º 1 art. 381.º/A – e, por consequência
dessa urgência os prazos processuais não se suspendem durante as férias
judiciais.

Tendo em vista a mesma celeridade/urgência, os procedimentos devem


ser decididos no prazo de trinta dias – n.º 2 art. 381.º/A.

Contraditório do Requerido

O respeito pelo princípio do contraditório está previsto no n.º 1 do art. 3.º


e pressupõe que o conflito de interesses que a acção pressupõe não pode
ser resolvido sem que o réu ou requerido seja devidamente chamado a
juízo para deduzir oposição.

Segundo este princípio, cada uma das partes é chamada a deduzir as suas
razões (de facto e de direito), a oferecer as suas provas, a controlar as
provas do adversário e a discutir sobre o valor de umas e de outras.

Só em casos excepcionais se podem tomar providências contra


determinada pessoa sem que esta seja previamente ouvida – que é nos
procedimentos cautelares. Ex: restituição da posse – art. 394.º - ao se
constatar que da audiência deste pode pôr em risco o fim da providência
ou a eficácia da providência requerida.

Os casos excepcionais apenas permitem que a contraparte não seja


previamente ouvida, o que é diferente de não ser ouvida. Quando a
providência é decretada sem a prévia audição do requerido, o pricípio do
contraditório será observado em momento ulterior, dando oportunidade
ao requerido de se defender por meio de impugnação, recurso ou
oposição – art. 381.º/B.

Processamento
O processo inicia-se, como qualquer outro, por um requerimento em que
devem ser expostas as razões de facto e de direito, terminando o
requerente por formular a sua pretensão – art. 302.º, 304.º. Nos termos
do art. 385.º o requerido é chamado por meio de citação ou por
notificação, quando tengha de ser ouvido antes de decretada a
providência.

Providências Cautelares Especificadas

Restituição provisória da posse

A posse define-se como sendo o poder que se manifesta quando alguém


actua por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade ou
de outro direito real – art. 1251.º CC.

Nos termos do art. 1277.º CC, o possuidor que for perturbado ou


esbulhado pode manter-se ou restituir-se por sua própria força e
autoridade, nos termos do art. 336.º ou recorrer ao tribunal para que este
lhe mantenha ou restitua a posse.

Refere o artigo 1279.º CC que o possuidor que for esbulhado com


violência tem o direito de ser restituído provisoriamente à sua posse, sem
audiência do esbulhador. O esbulho pressupõe a privação total ou parcial
da posse.

É nestes termos que o artigo 393.º refere que no caso de esbulho


violento, pode o possuidor pedir que seja restituído provisoriamente à
posse, alegando os factos que constituem a posse, o esbulho e a
violência.

A violência aqui referida é aquela que é dirigida contra as pessoas que


defendem a posse, como contra as coisas. Mas é importante que a
violência se repercute contra as pessoas, no sentido de intimidá-las ou
coagí-las – art. 1261.º e 255.º CC.
Ao alegar os factos que constituem a posse, o requerente deve referir-se
aos factos que sejam susceptíveis de caracterizar o exercício do direito
em que a posse se traduz.

Se o juiz reconhecer, pelo exame das provas, que o requerente tinha a


posse e foi esbulhado dela violentamente, ordenará a restituição, sem
citação nem audiência do esbulhador – art. 394.º

A restituição provisória da posse é dependente de uma acção de


restituição de posse.

No caso se esbulho ou perturbação sem violência, o possuidor pode


requerer um procedimento cautelar comum. E não pode usar da
restituição provisória da posse, visto que esta pressupõe o esbulho
praticado com violência. Havendo perturbação, o possuidor pode requerer
que aquele que lhe ameaça seja intimado para se abster.

Ao solicitar o procedimento cautelar comum, o requerente terá de alegar


os factos que constituem os respectivos requisitos, sem esquecer os que
tendem a evidenciar a situação de periculum in mora. O pedido não será o
de restituição provisória da posse, se tiver havido esbulho (não violento),
mas o requerente poderá limitar-se a pedir que o requerido se abstenha
da prática de certos actos ameaçadores ou perturbadores da posse. Aqui
será cumprido o princípio do contraditório.

Alimentos Provisórios – art. 388.º

A prestação de alimentos destina-se a satisfazer as necessidades


primárias da pessoa, engloba as necessidades relativas a habitação,
vestuário e a educação – art. 417 LF.

Enquanto não for fixada a prestação de alimentos definitivos, pode o


tribunal conceder ao necessitado alimentos provisórios, que
correspondem ao estritamente necessário para o sustento, habitação e
vestuário do requerente.

O direito de alimentos surge das relações de parentesco, da união de


matrimonial e da união de facto.

Suspensão das Deliberações Sociais

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