Cinesioterapia
Professor Dr. Andrey Rogério Campos Golias
2021 by Editora Edufatecie
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP
G626c Golias, Andrey Rogério Campos
Cinesioterapia / Andrey Rogério Campos
Golias. Paranavaí: EduFatecie, 2022.
134 p.: il. Color.
1. Exercícios terapêuticos. 2. Mecanoterapia. 3. Cinesiologia.
I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a
Distância. III. Título.
CDD: 23 ed. 612.76
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Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
AUTOR
Professor Dr. Andrey Rogério Campos Golias
● Graduação em Fisioterapia pela UEL (Universidade Estadual de Londrina).
● Especialista em Acupuntura pelo Coffito/EMOSP (Escola de Medicina Oriental
de São Paulo).
● Especialista em Morfofisiologia aplicada a Reabilitação pela UNIMAR (Universi-
dade de Marília).
● Mestre em Saúde Coletiva pela UERJ (Universidade do estado do Rio de Janeiro).
● Doutor em Saúde Coletiva pela UNESP (Universidade Estadual Paulista Julio
de Mesquita Filho).
● Docente do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Uningá.
● Docente do curso de Fisioterapia da Unifatecie.
● Professor de pós-graduação no Centro Universitário Uningá.
● Fisioterapeuta clínico na Clínica Equilíbrio, Paranavaí.
● Conselheiro do Crefito-8 Gestão 2019-2023.
Ampla experiência como fisioterapeuta e docente na área, com ênfase em Ortopedia
e Traumatologia, atuando principalmente nos seguintes temas: terapia manual, treinamento
proprioceptivo, cinesioterapia específica, coluna vertebral, fratura, joelho, patela, tornozelo
e postura. Atualmente dedica-se também a área de Saúde Coletiva, especialmente rea-
lizando análises de acidentes de trânsito, de motocicletas e de suas variáveis. Também
apresenta interesse por pesquisas na área de amputações, suas causas e consequências.
Foi membro de colegiados, Núcleo Docente Estruturante (NDE), orientador de monografias
de conclusão de graduação e pós-graduação, revisor de algumas Revistas de suas áreas
de atuação e Conselheiro do Crefito-8.
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/6482027648783821
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo(a)!
Prezado (a) aluno (a), este é o início de uma grande jornada, o do exercício tera-
pêutico. Venho propor junto com você construir nosso conhecimento sobre Cinesioterapia,
seus conceitos fundamentais e aplicabilidade para o Fisioterapeuta, profissional do movi-
mento tão relevante na sociedade hoje em dia.
A Cinesioterapia é um valioso recurso utilizado pelo Fisioterapeuta na prevenção
e no tratamento de doenças de diversos sistemas, por meio de movimentos, que visa a
manutenção e recuperação da capacidade de realizá-los. Consideramos este recurso o
mais importante para o fisioterapeuta, afinal, se o objetivo da ação deste profissional é
de prevenir ou restabelecer a função física dos indivíduos, nada mais prudente e certeiro
do que trabalhar a função, os movimentos. É o fisioterapeuta que avalia, trata, aborda,
reeduca, cuida do movimento de determinado indivíduo, segmento ou articulação.
Desta forma, torna-se necessário conhecer as características e os tipos diversos de
exercícios existentes e seus embasamentos para que a prescrição, num primeiro momento,
seja feita de forma correta. Num segundo momento, é necessário realizar a atividade cine-
sioterapêutica que foi prescrita de forma eficiente.
Quando há um comprometimento da capacidade funcional ao ponto de impedir o
exercício de determinada atividade dentro do que é considerado normal para o indivíduo
ou segmento, essencial para as Atividades de Vida Diária (AVD’s) ou Profissionais (AVP’s),
sempre há a necessidade da intervenção cinesioterapêutica. A incapacidade funcional
reflete as consequências das disfunções em termos de desempenho e atividade funcional
do indivíduo, sua adaptação e interação na sociedade.
Buscamos, através deste material, promover uma perspectiva crítica e elevada so-
bre os conhecimentos, permitindo o uso destes em diversas áreas, setores, organizações
ou ações do profissional da Fisioterapia. Use-o de forma sistemática, especialmente como
um instrumento para seu sucesso na carreira escolhida. Para facilitar os estudos, dividimos
este material em quatro unidades de acordo com os temas e suas relações entre si.
Na primeira unidade, serão apresentados os fundamentos teóricos e introdutórios da
Cinesioterapia, momento em que os conceitos vitais necessários para a compreensão, pres-
crição e execução de qualquer exercício terapêutico serão abordados. Além disso, ainda nesta
unidade serão discutidos os tipos de exercícios, suas metodologias iniciais e sua aplicabilidade
clínica. Cada um dos seus tipos tem suas indicações, contraindicações, ações e consequências,
servindo para fases diferentes do processo de recuperação funcional do indivíduo.
Já na Unidade II, o foco estará sobre o treinamento aeróbio e sobre o alongamento
muscular. O primeiro, também chamado de condicionamento cardiovascular faz parte da
ação fisioterapêutica, visto que reabilitamos pacientes que sofreram cirurgias cardíacas,
por exemplo. Já o alongamento é ainda de maior atuação deste profissional, já que o en-
curtamento muscular é frequentemente visto como um vilão do movimento correto e da
articulação e músculo saudáveis.
Prosseguindo, na Unidade III, cujo título é: Treinamento de força, potência e
resistência musculares, será discorrido sobre estes tipos de treinamento tão relevantes
para a prática de todo Fisioterapeuta. Muitas disfunções, independentemente estas sendo
ortopédicas, traumatológicas, neurológicas, pediátricas, geriátricas, cardiovasculares, entre
outras, têm como principal dificuldade ou disfunção a fraqueza muscular. Assim, aborda-
remos o princípio da sobrecarga para que a força seja restabelecida, além das diferenças
entre força, potência e resistência muscular, visto que são abordadas de forma diferente
para cada paciente ou característica do processo patológico.
Por último, a quarta unidade abordará conceitos e aplicabilidade do equilíbrio, coor-
denação, postura e percepção corporal, valências também importantes serem trabalhadas
em muitos dos indivíduos que buscam tratamento conosco.
Desta forma, como já dito, esperamos que este material sirva como base para
aplicação destes conhecimentos na sua vida profissional diária. Convido você a entrar
nesta jornada cheia de conhecimento comigo, de temas fundamentais para nossa atividade
profissional.
Muito obrigado e bom estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I....................................................................................................... 4
Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e os Tipos
de Exercícios
UNIDADE II.................................................................................................... 29
Alongamento Muscular, Treinamento Aeróbio e Exercícios
Respiratórios
UNIDADE III................................................................................................... 64
Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares
UNIDADE IV................................................................................................... 97
Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção
Corporal
UNIDADE I
Introdução à Cinesioterapia:
Os Fundamentos Teóricos e
os Tipos de Exercícios
Professor Dr. Andrey Rogério Campos Golias
Plano de Estudo:
● Noções em Cinesioterapia;
● Tipos de exercícios.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e fundamentar a Cinesioterapia para o fisioterapeuta;
● Compreender termos relevantes para a prática clínica diária deste profissional;
● Conhecer os tipos de exercícios mais comuns e estabelecer relações.
4
INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo a primeira Unidade da disciplina de Cinesioterapia, no qual tem como
foco proporcionar base para a sua completa compreensão e sua fundamental importância
para o fisioterapeuta atual. Ela foi organizada iniciando com breves conceitos e importância,
passando a discutir logo após os tipos de exercícios mais comuns utilizados na prática clínica.
Assim, no primeiro tópico intitulado Noções em Cinesioterapia discutiremos como a
falta de mobilidade, tanto articular quanto muscular pode causar problemas graves para o
indivíduo, os tipos de doenças, de muitos sistemas diferentes que podem causar disfunções
de ordem muito diversa no físico das pessoas.
Veremos também sobre uma criança que teve uma hipóxia cerebral (diminuição do
fluxo sanguíneo cerebral) no período perinatal (por volta do parto), que pode evoluir com
dificuldades de execução de movimentos, na fala, na marcha e na vida social, esta criança
portadora de paralisia cerebral (Disfunção sensório motora), possivelmente irá necessitar
da ação fisioterapêutica, visto que as disfunções de movimento que ela apresenta são rele-
vantes para a sua vida em sociedade. E só se consegue o movimento normal ou saudável
com o movimento, facilitando-o, treinando-o e aperfeiçoando-o para que a evolução clínica
do paciente ocorra.
Assim, é necessário compreendermos a fundamentação dos exercícios para que
possamos não apenas executá-los corretamente, mas inclusive prescrevê-los de forma
certeira. Já no segundo tópico da Unidade, abordaremos os tipos mais frequentes de exer-
cícios terapêuticos usados por nós na prática clínica, é necessário diferenciarmos o exer-
cício passivo do ativo, o ativo assistido do resistido, indicados e executados em momentos
diferentes no processo de recuperação funcional dos indivíduos.
Nesse sentido, julgamos que este material se torne para você um importante subsí-
dio na facilitação da caminhada a ser traçada para se tornar um profissional do movimento
de sucesso. Aproveite o conteúdo.
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 5
1. NOÇÕES EM CINESIOTERAPIA
A capacidade funcional tem sido discutida como a habilidade do indivíduo fazer
atividades que possibilitam cuidar de si e viver independentemente (AIRES, PASKULIN e
MORAIS, 2010). Na prática, é como conseguirmos realizar as nossas atividades do dia a
dia, pegar um objeto, comer, levantar o braço e caminhar, essenciais para a vida cotidiana.
Um comprometimento da capacidade funcional pode impedir a execução de de-
terminada atividade dentro do que é considerado normal para o ser humano, podendo
ser temporário ou permanente. E a incapacidade reflete as consequências das disfunções
no que diz respeito ao desempenho e atividade funcional do indivíduo, sua adaptação e
interação na sociedade (KISNER e COLBY, 2016).
O recurso mais executado pelo profissional do movimento é a cinesioterapia, na pre-
venção e no tratamento das doenças e quadros neuromusculares por movimentos passivos
e/ou ativos, visando a manutenção e/ou recuperação das articulações, grupos musculares,
nervos, funções. Se o objetivo com o paciente ou o grupo de pacientes é alcançar a maior
capacidade funcional possível, o movimento é um recurso fundamental para tratar a disfun-
ção, a restrição, bloqueio, instabilidade, incapacidade, entre outras. Considerado por muitos,
a cinesioterapia é o recurso mais valioso destes profissionais (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 6
Etimologicamente, Cinesioterapia é a arte de curar quando se utiliza de técnicas do
movimento, é o tratamento através do movimento. Cinesioterapia ou exercício terapêutico
tem sido relatado como o treinamento sistemático e especialmente planejado de movi-
mentos do corpo, posturas ou atividades físicas que busca como objetivo proporcionar a
pessoa meios de prevenir ou tratar comprometimentos, melhorar, restaurar ou potencializar
a função física, prevenir ou reduzir fatores de risco ligados à saúde, além de melhorar o
estado geral de saúde, o preparo físico ou bem-estar (KISNER e COLBY, 2016).
Segundo Kisner e Colby (2016), exercício terapêutico é o treinamento planejado
e sistemático de movimentos corporais, postura ou atividade físicas para proporcionar ao
paciente meios de:
- Tratar ou prevenir deficiência;
- Melhorar, restaurar ou potencializar a função física;
- Prevenir ou reduzir fatores de risco ligados à saúde;
- Otimizar o estado de saúde geral, seu preparo físico ou sensação de bem-estar.
Os fisioterapeutas são os profissionais cujos serviços são prestados devido a pre-
juízos físicos associados com desordens do movimento causados por trauma, doença ou
condições de saúde que interferem na habilidade de executar ou realizar qualquer número
de atividades que são necessárias ou importantes a eles. Além disso, o serviço fisioterapêu-
tico também deve ser buscado por indivíduos que não apresentam lesões ou disfunções,
mas que desejem melhorar sua capacidade física, condicionamento ou diminuir o risco de
doença ou lesão (KISNER e COLBY, 2016).
Vários fatores de risco podem estar envolvidos junto à incapacidade funcional, alguns
destes apresentam características biológicas, comportamentos de estilo de vida, psicológicas
e o impacto dos ambientes físico e social. Os fatores de risco relacionados com a incapacida-
de são influências ou características que predispõe o indivíduo ao processo de incapacitação.
Desta forma, estes podem surgir antes mesmo do estabelecimento do quadro patológico,
comprometimentos, limitações funcionais ou incapacidades (KISNER e COLBY, 2016).
Há os riscos modificáveis (comportamentais, ambientais) e os não modificáveis (fa-
tores biológicos e genéticos). Modificar os fatores de risco por meio de uma intervenção de
educação em saúde associada ao exercício terapêutico é, possivelmente, o mais relevante
instrumento que o fisioterapeuta deve se apoderar para reduzir ou prevenir a incapacidade
(KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 7
Alguns dos fatores de risco para incapacidade (biológicos) são idade, sexo, raça,
relação peso/altura, anormalidades ou distúrbios congênitos, histórico familiar de doença
(predisposição genética). Outros são fatores comportamentais, psicológicos e de estilo de
vida como a vida sedentária, o uso de cigarro, álcool, outras drogas, má nutrição, baixo
nível de motivação, inadequação para lidar com adversidades, dificuldade para lidar com
mudanças, sentimentos negativos. Algumas outras são características ambientais físicas
como barreiras arquitetônicas em casa, na comunidade e local de trabalho, características
ergonômicas do ambiente de casa, trabalho ou escola. Os fatores socioeconômicos listados
são situação econômica inferior, baixo nível educacional, acesso inadequado aos serviços
de saúde e suporte familiar ou social limitado (KISNER e COLBY, 2016).
Fornecer um tratamento eficiente envolve a habilidade de fazer julgamentos clínicos
adequados (através de uma avaliação fisioterapêutica), solucionar problemas que aflijam
o paciente e aplicar o conhecimento das interrelações entre patologia, comprometimento,
limitação e incapacidade ao longo de cada fase do tratamento. A tomada de decisão clíni-
ca envolve a escolha, implementação e modificação de intervenções que usam exercícios
terapêuticos com base nas necessidades específicas de cada paciente, sendo isto possível
após uma avaliação que reconheça as disfunções e seus componentes, um diagnóstico
cinesiofuncional claro e preciso e um pensamento crítico e criativo (KISNER e COLBY, 2016).
Assim, o uso apropriado do exercício pode acelerar o processo de cicatrização,
e a falta de exercício durante os estágios iniciais da recuperação da função pode resultar
em incapacidade permanente. As condições ideais para a cicatrização dependem de um
equilíbrio entre a proteção contra o estresse e o retorno a função normal no período mais
precoce possível (KISNER e COLBY, 2016).
A mobilização pode restaurar as propriedades mecânicas e estruturais dos tecidos
ligamentares, por exemplo. As forças de cisalhamento e compressivas que ocorrem nas
superfícies articulares provocadas pelo movimento promovem aumento da síntese de colá-
geno e proteoglicanos (BRODY e HALL, 2019).
Desta forma, os serviços de Fisioterapia são procurados por indivíduos que tem
prejuízos funcionais aliados a um prejuízo físico, mas que querem melhorar seu nível geral
de capacidade física ou reduzir o risco de lesão ou doença.
Vale ressaltar que as disfunções mais tratadas com o exercício terapêutico são:
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 8
- Musculoesqueléticas: dor, fraqueza muscular/redução da produção de torque,
diminuição da resistência muscular, limitação da amplitude de movimento ligada a restrição
da cápsula articular, dos tecidos conectivos e da diminuição do comprimento muscular, hi-
permobilidade articular, postura errada e desequilíbrios musculares de comprimento/força;
- Neuromusculares: dor, perda de equilíbrio, estabilidade postural ou controle,
déficit de coordenação motora (ataxia), déficit de sincronia, retardo no desenvolvimento
neuropsicomotor normal, tônus anormais (hipotonia, hipertonia e distonia) e estratégias de
movimentos funcionais ineficientes;
- Cardiovasculares e pulmonares: diminuição da capacidade aeróbia, déficit
circulatório (linfático, venoso ou arterial), dor com atividade física sustentada (claudicação
intermitente);
- Tegumentar: hipomobilidade da pele (imobilidade ou cicatriz aderida).
É importante ressaltar que a habilidade de ter função independente em casa, no local
de trabalho, na comunidade, durante o lazer e atividades recreacionais depende do físico
tanto quanto função psicológica e social. Os aspectos multidimensionais da função física
englobam áreas diversas, mas que se inter-relacionam (Figura 1) (KISNER e COLBY, 2016).
FIGURA 1 - ASPECTOS INTER-RELACIONADOS A FUNÇÃO FÍSICA
Fonte: KISNER e COLBY, 2016.
Abordando especificamente a função, as limitações funcionais mais comuns rela-
cionadas a tarefas físicas são:
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 9
- Alcançar e agarrar;
- Levantar e carregar;
- Empurrar e puxar;
- Dobrar e inclinar-se;
- Virar e rodar;
- Jogar e pegar;
- Rolar;
- Permanecer em ortostatismo (em pé);
- Agachar-se e ajoelhar-se;
- Levantar-se e sentar-se
- Entrar e sair da cama;
- Rastejar-se, caminhar e correr;
- Subir e descer escadas;
- Pular;
- Chutar.
A terapia por exercícios pode ser feita de muitas maneiras, com objetivos e em
fases do tratamento distintas, por isso, cada etapa tem sua peculiaridade e necessidade.
Para cada momento, um movimento ou um tipo de exercício.
1.1 Terminologia do exercício terapêutico
Os aspectos multidimensionais da função física, aquelas que impactam diretamen-
te na ação do Fisioterapeuta, englobam áreas diversificadas do desempenho, mas sempre
intimamente ligadas (Figura 1). São estes aspectos (também chamados de valências) que
serão discorridos a seguir.
1.2 Equilíbrio, controle postural e estabilidade postural
Define-se equilíbrio como a habilidade de alinhar os segmentos do corpo contra
a gravidade para manter ou mover o corpo dentro da base de apoio disponível, sem cair;
também a habilidade de mover o corpo em contraposição à força da gravidade devido a
interação entre os sistemas sensorial e motor. Os termos de controle postural e estabilidade
postural se referem o equilíbrio, tanto estático, quanto dinâmico (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 10
1.3 Preparo cardiovascular
Também chamado de resistência cardiopulmonar à fadiga, o preparo cardiovascular
refere-se à habilidade de realizar movimentos corporais completos repetitivos e de baixa
intensidade (por exemplo, correr, caminhas, pedalar, nadar) durante um longo período de
tempo (KISNER e COLBY, 2016).
1.4 Coordenação
É vista como a capacidade de executar movimentos regulares, acurados e contro-
lados, ou seja, harmônicos. É importante ressaltar que uma atividade motora útil, adequada
e harmônica necessita de mecanismos regulares de alta complexidade. Assim, é a correta
cadência e o correto sequenciamento dos disparos musculares combinados com a intensi-
dade apropriada de contração muscular que leva a uma atividade coordenada. Baseia-se
no movimento suave, preciso e eficiente, ocorrendo de forma consciente ou inconsciente
(KISNER e COLBY, 2016).
1.5 Flexibilidade
Conceitua-se flexibilidade como a habilidade mover-se livremente, sem restrições,
ou seja, mover uma articulação ou uma série de articulações na amplitude de movimento
completa, irrestrita e indolor (KISNER e COLBY, 2016).
1.6 Mobilidade
A habilidade de estruturas ou segmentos do corpo de se moverem ou serem mo-
vidos de modo a permitir a ocorrência da adequada amplitude de movimento (ADM) para
as atividades funcionais (ADM funcional) é a forma que a mobilidade tem sido conceituada
(KISNER e COLBY, 2016).
1.1.6 Desempenho muscular
Desempenho muscular é a capacidade do músculo de produzir tensão e realizar
trabalho físico, o que engloba força, potência e resistência muscular à fadiga (KISNER e
COLBY, 2016).
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 11
1.1.7 Controle neuromuscular
Para um indivíduo ou segmento corporal apresentar controle neuromuscular é neces-
sário uma interação dos sistemas sensorial e motor, que possibilita aos músculos sinergistas,
agonistas e antagonistas, assim como aos estabilizadores e neutralizadores, prever ou
responder às informações proprioceptivas e cinestésicas e, subsequentemente, trabalhar na
sequência correta para criar o movimento coordenado (KISNER e COLBY, 2016).
1.1.8 Estabilidade
Refere-se a habilidade do sistema neuromuscular de manter um segmento corporal
proximal ou distal em uma posição estacionária ou de controlar uma base estável durante o
movimento sobreposto, por meio de ações musculares sinérgicas. A estabilidade articular é
a manutenção do alinhamento apropriado das partes ósseas de uma articulação por meio
de componentes passivos e dinâmicos (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 12
SAIBA MAIS
Os sistemas do corpo que controlam cada um destes aspectos da função física reagem,
adaptam-se e desenvolvem-se em resposta às forças e sobrecargas físicas impostas
aos tecidos que constituem os sistemas corporais. Podemos citar como exemplo a gravi-
dade, que é uma força constante que afeta os sistemas musculoesquelético, neuromus-
cular e circulatório, além do que forças adicionais que ocorrem durante atividades físicas
diárias ajudam o corpo a manter um nível funcional de força, preparo cardiopulmonar
e mobilidade. Forças e cargas físicas excessivas podem causar lesões agudas, como
entorses e fraturas ou problemas crônicos, como os distúrbios por sobrecarga repetitiva.
Em contraposto, a ausência de forças usuais sobre o corpo pode causar degeneração,
degradação ou deformidade, por exemplo um paciente que permanece por muito tempo
em repouso prolongado no leito, pois a ausência de peso normal associada com repou-
so prolongado no leito ou imobilização enfraquece músculos e ossos. A inatividade pro-
longada também leva à diminuição na eficiência dos sistemas circulatório e pulmonar.
A deficiência de um ou mais sistemas corporais e sua consequente incapacidade de
qualquer aspecto da função física, em associação ou não, pode resultar em limitação
funcional e incapacidade para executar ou participar das atividades da vida diária. É
exatamente neste ponto que os exercícios terapêuticos são indicados, visto que suas in-
tervenções envolvem a aplicação de cargas e forças físicas cuidadosamente graduadas
que são impostas aos sistemas corporais, tecidos específicos ou estruturas individuais
comprometidas de modo controlado, progressivo e seguro para reduzir os comprometi-
mentos físicos e melhorar a função.
Fonte: KISNER e COLBY, 2016.
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 13
2. TIPOS DE EXERCÍCIOS
Os procedimentos terapêuticos pautados em exercícios englobam uma ampla varie-
dade de atividades, ações e técnicas, sendo que estas são determinadas pelo profissional
que vislumbra as causas, limitações funcionais ou incapacidade (KISNER e COLBY, 2016).
Os objetivos mais comuns da execução dos exercícios terapêuticos são:
- Condicionamento e recondicionamento aeróbio;
- Exercícios que busquem a melhora do desempenho muscular: da força, potência
e também do treinamento de resistência;
- Técnicas que visam o alongamento muscular, que incluem procedimentos de
aumento do comprimento muscular e técnicas de mobilização articular;
- Técnicas de controle, inibição e facilitação neuromuscular e treinos de
consciência postural;
- Exercícios de controle postural, mecânica corporal e estabilização;
- Exercícios de equilíbrio e agilidade;
- De relaxamento;
- Respiratórios e de treinamento muscular ventilatório;
- Treino funcional de uma tarefa específica.
Apesar de compor diversos objetivos, a grande parte dos exercícios terapêuticos
pode ser dividida ou organizada em poucos tipos, sendo: passivo, ativo assistido, ativo livre
ou ativo resistido. O que determina este tipo é o uso de uma ação externa ou não (KISNER
e COLBY, 2016).
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 14
2.1 Exercício passivo
O primeiro tipo de exercício básico é o passivo, aquele que é realizado por uma
força externa. A força externa pode ser realizada pelo terapeuta, por aparelhos (Figura
2), ou até mesmo pelo próprio paciente, mas apenas com auxílio de uma outra região,
sendo utilizado em casos em que a pessoa é incapaz de produzir o movimento ativo por
paralisia muscular (grau 0 de força), por fraqueza muscular grave (força grau 1) ou quando
o movimento ativo é doloroso ou contraindicado, por exemplo, num pós-operatório recente
(KISNER e COLBY, 2016).
FIGURA 2 - EXEMPLO DE MOBILIZAÇÃO PASSIVA ATRAVÉS DE UM APARELHO DE CPM
(DO INGLÊS CONTINUOUS PASSIVE MOTION, MOBILIZAÇÃO PASSIVA CONTÍNUA)
SAIBA MAIS
A força de um músculo ou de um grupo muscular é realizada a partir do teste manual,
sendo que a graduação ocorre de 0 a 5:
- O grau normal (ou 5) significa que o musculo consegue manter a posição de teste con-
tra uma pressão forte do examinador. Esse grau não pretende indicar a força máxima
do indivíduo, mas, ao contrário, a pressão máxima que o examinador aplica para obter
o que poderia ser denominado força total do músculo. Em ternos de julgamento, ela po-
deria ser definida como a força adequada para atividades funcionais comuns;
- Já o grau bom (ou 4) significa que o músculo consegue manter a posição do teste con-
tra uma pressão moderada;
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 15
- O grau regular (ou 3) indica que um músculo consegue manter a parte na posição de
teste contra a resistência da gravidade, mas não consegue mantê-la quando uma pres-
são, mesmo que mínima, é adicionada;
- O grau ruim (ou 2) indica a capacidade de mover por um arco parcial de movimento
no plano horizontal. Ou seja, aquele músculo não é capaz de vencer a resistência da
gravidade, por isso é necessário modificar a posição original do teste a fim de verificar
se aquele músculo realiza o movimento quando a resistência da gravidade não mais
incide dificultando;
- O grau vestigial (ou 1) significa que uma contração fraca pode ser sentida em um mús-
culo que pode ser palpado ou que o tendão se torne discretamente proeminente, No en-
tanto, nenhum movimento da parte é visível, nem mesmo quando não incide resistência
da gravidade;
- Já o grau zero ocorre quando não há evidências visíveis ou palpáveis de qualquer con-
tração muscular, ou seja, há uma paralisia daquele músculo.
Fonte: KENDALL et al. 2007.
Os objetivos alcançados pela mobilização passiva são:
- Manter a integridade da articulação e tecidos moles;
- Evitar formação de contraturas;
- Manter a elasticidade dos músculos;
- Assistir a circulação sanguínea, evitando a formação de trombos;
- Melhorar o movimento sinovial para nutrir as cartilagens articulares;
- Diminuir ou inibir dor;
- Auxiliar o processo de cicatrização após cirurgia e evitar aderências;
- Ganhar e/ou manter a ADM (amplitude do movimento) da articulação;
- Manter os padrões cinestésicos do movimento.
É importante relatar que um exercício passivo não é capaz de promover ganho de
força, resistência ou capacidade de geração de torque de um músculo ou grupo muscular.
O exercício passivo é indicado em casos de:
- Incapacidade física do paciente (por exemplo, no tratamento de pacientes que so-
freram Acidente Vascular Encefálico, Traumatismo raquimedular, em estados comatosos);
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 16
- Lesões agudas;
- Quando há contraindicação da realização da contração muscular;
- Em processos pós cirúrgicos com suturas em processo de cicatrização;
- Em regiões que apresentem um tecido com inflamação (normalmente aguda).
O Fisioterapeuta dispõe de várias intervenções que permitem tratar uma diminuição
da mobilidade (Amplitude de Movimento articular). Dentre as modalidades, é possível citar a
mobilização articular passiva, que pode ser indicada para aumentar a ADM. Os movimentos
passivos são usados quando o movimento ativo pode romper o processo de cicatrização,
quando o paciente é físico ou cognitivamente incapaz de se movimentar ativamente, ou
quando o movimento ativo é doloroso. Na prática, utilizamos este tipo de exercício terapêu-
tico para facilitar aquele movimento. Em um ambiente terapêutico, a mobilização articular
passiva é usada para evitar os efeitos deletérios da imobilização após uma lesão ou cirurgia,
com o intuito de prevenir contraturas articulares, rigidez dos tecidos moles circundantes ou
encurtamento adaptativo, a manutenção das relações móveis normais entre as camadas
de tecidos moles, a redução da dor e o aprimoramento da dinâmica vascular e da difusão
sinovial (KISNER e COLBY, 2016).
Quando o fisioterapeuta executa um exercício articular passivo numa articulação
de um indivíduo, ele deve usar os conceitos biomecânicos desta mesma articulação, que se
referem a Osteocinemática e Artrocinemática. É a partir da junção deles que os movimentos
ocorrem com saúde e função (KISNER e COLBY, 2016).
Osteocinemática se refere aos próprios movimentos dos ossos, como flexão e
extensão, os chamados movimentos fisiológicos ou angulares. Porém, para que estes
ocorram, é necessário que dentro daquela articulação ocorram outros movimentos, como
rolamento, deslizamento, compressão, giro e distração. Estes últimos ocorrem nas superfí-
cies articulares e são chamados de movimentos acessórios ou Artrocinemática; e refletem a
distensibilidade da cápsula articular, o que permite que os movimentos fisiológicos (osteoci-
nemática) ocorram. Não podem ser realizados ativamente pelo paciente, mas são utilizados
para restaurar a biomecânica articular normal diminuindo a dor, alongando, ou liberando
com menos trauma determinadas estruturas (LIPPERT, 2018).
Desta forma, é coerente e fisiológico que, antes mesmo de realizar a mobilização
passiva dos movimentos fisiológicos da articulação (Osteocinemática), devemos realizar
os movimentos acessórios (Artrocinemática). Os movimentos acessórios (Artrocinemática)
são ao todo cinco: deslizamento, rolamento, compressão, distração e giro (ou rotação) e
dependem do tipo de articulação em questão (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 17
No deslizamento, um osso desliza sobre o outro, sendo que as superfícies articula-
res são congruentes; o mesmo ponto em uma superfície faz contato com novos pontos na
superfície oposta. O deslizamento não ocorre sozinho devido as superfícies articulares não
serem totalmente planas, ou seja, completamente congruentes. A superfície articular que se
move influencia a direção do deslizamento, o que é chamada regra convexo-côncava, visto
que quando a superfície articular que se move é convexa o deslizamento ocorre na direção
oposta à do movimento angular do osso; já quando a superfície que se move é côncava
o deslizamento ocorre na mesma direção do movimento angular do osso. Imagine você
segurando uma bola de tênis e em vez de soltá-la no chão, você desliza a superfície dela
no chão. É isto que ocorre no deslizamento (LIPPERT, 2018).
Já no rolamento, um osso rola sobre o outro, as superfícies são incongruentes
e novos pontos de uma superfície encontram novos pontos na superfície oposta. Nas
articulações com a biomecânica normal, o rolamento só ocorre em combinação com o
deslizamento e giro, porém, quando o rolamento ocorre sozinho causa compressão nas
superfícies do lado que o osso está se movendo, o que pode provocar uma lesão articular e
uma separação no outro lado. Imagine você segurando uma bola de tênis e jogando ela no
chão. O rolamento que ela faz é o rolamento que ocorre nas articulações (LIPPERT, 2018).
Na compressão uma superfície articular se aproxima da outra, o que causa diminui-
ção do espaço articular, sendo frequente nos membros inferiores e coluna vertebral durante a
descarga de peso (sustentação do peso do corpo). Esta compressão também acontece com
a contração muscular, o que gera estabilidade articular, impedindo lesões articulares, o líquido
sinovial move-se para as estruturas articulares avasculares, nutrindo-as e lubrificando-as. É
importante ressaltar que cargas excessivas de compressão podem causar lesões articulares,
especialmente na cartilagem articular. Imagine você segurando uma bola de tênis próximo ao
solo. A compressão é a aproximação entre estes dois pontos (LIPPERT, 2018).
O contrário é a distração (ou tração), quando as superfícies articulares se afastam
uma da outra, ou seja, elas se separam, podendo ocorrer tração no eixo longo do osso,
resultando em deslizamento caudal ou tração em ângulo reto, o que resulta na separação
articular propriamente dita (LIPPERT, 2018).
No giro ocorre, como o próprio nome já diz, um giro de um osso sobre o outro, ou
seja, uma rotação sobre um eixo mecânico estacionário. O ponto na superfície que se move
faz um círculo na medida em que o osso gira, sendo que dificilmente ocorre sozinho (mais
associado com o deslizamento). Imagine segurando uma bola de tênis tocando-a no chão.
Gire-a sem soltá-la mantendo-a no mesmo lugar: é o exemplo de giro numa articulação
(LIPPERT, 2018).
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 18
REFLITA
Como todo este conhecimento é aplicado na ação do Fisioterapeuta? Pensemos numa
articulação rígida, bloqueada ou parcialmente bloqueada: Um indivíduo que é portador
de uma capsulite adesiva do ombro, quadro que provoca intensa limitação de todos os
movimentos daquela estrutura. A mobilização passiva é indicada para facilitar o movi-
mento perdido, promover uma melhora da ADM desta. Já que agora sabemos que os
movimentos fisiológicos da articulação (osteocinemática, por exemplo, flexão, abdução,
rotação, etc.) só ocorrem quando os acessórios acontecem (artrocinemática, desliza-
mento, rolamento, giro, etc.), é prudente iniciar a mobilização passiva por estes últimos.
Os que são mais utilizados nesta ação são o deslizamento e a distração. Portanto, é
possível e necessário segurar os ossos ou superfícies articulares e deslizá-las uma em
relação a outra e também decoaptá-las, pois isto irá aliviar as pressões de compressão,
estimular a formação de liquido sinovial, restaurar os movimentos perdidos (artrocine-
mática) e como consequência a osteocinemática.
Fonte: O autor, 2021.
2.2 Exercício ativo
Quando o paciente já se encontra num estágio que o músculo consegue gerar
algum potencial nervoso, contração e ligeiro movimento, o momento é de utilizar um outro
tipo de exercício, o ativo, o que significa que ele é feito pelo próprio paciente, pela própria
estrutura do segmento que realiza o movimento, ou seja, pela contração muscular efetiva-
mente (KISNER e COLBY, 2016).
2.2.1 Exercício ativo assistido
O seu primeiro subtipo é: o exercício ativo assistido, em que uma assistência externa
acontece, ou seja, algo ou alguém auxilia o movimento. É importante diferenciar o exercício
passivo do ativo assistido, sendo que no primeiro o paciente não contrai o músculo e no
segundo, sim. A assistência pode ser realizada de várias formas: pelo fisioterapeuta ou por
um equipamento (como um bastão, por exemplo). Imagine um indivíduo que já consegue
realizar uma contração muscular suficiente para iniciar um movimento de flexão do ombro
esquerdo, porém ainda não apresenta ADM completa nem força suficiente. O outro ombro
(direito) tem boa saúde. O profissional indicará um exercício ativo assistido, solicitará que
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 19
ele segure um bastão nas duas mãos e levante-o com flexão bilateral (ou seja, dos dois
ombros). O ombro direito, que neste caso encontra-se com função normal irá auxiliar o es-
querdo pela transmissão da força pelo bastão. Portanto, o membro superior direito através
do bastão está assistindo (auxiliando) o levantar do braço esquerdo (flexão do ombro).
Parece um exercício simples, mas se muito bem indicado, na fase correta do tratamento/
treinamento, apresenta resultados satisfatórios (KISNER e COLBY, 2016).
2.2.2 Exercício ativo livre
Os exercícios ativos também podem ser livres, ou seja, realizados sem assistência
nem resistência. São indicados quando a assistência já não é mais requerida, mas também
há impossibilidade ou contraindicação do treino resistido (KISNER e COLBY, 2016).
2.2.3 Exercício ativo resistido
E por último, os resistidos, em que contrações musculares são realizadas contra
resistências graduáveis e progressivas. Essas resistências podem ser muito variadas,
sendo que a mais comum é o peso fixo, seguido do manual, elástica, por molas, hidráulica,
magnética, entre outras. Seu objetivo é estimular a integridade e as funções do aparelho
locomotor, além dos seus efeitos promotores de saúde cardiovascular e alto grau de segu-
rança geral (KISNER e COLBY, 2016).
Qualidades de aptidão como força, resistência, coordenação e flexibilidade são
importantes para a realização confortável e segura das atividades de vida diária, mesmo
em situações de atividades com solicitação acentuada, como é o caso de muitas realizadas
em âmbito profissional. Músculos fortes funcionam como amortecedores de forças exter-
nas, aliviando as articulações. São os exercícios resistidos, geralmente realizados de forma
manual ou mecânica, é que proporcionam grande benefício nas disfunções evidenciadas
nas doenças reumatológicas, ortopédicas e neurológicas (KISNER e COLBY, 2016).
Como já mencionado, a carga imposta a um exercício ou movimento num exer-
cício ativo resistido pode ser variada, ou seja, de múltiplas formas e metodologias, mas
no geral ela pode ser manual ou mecânica. Aqueles com resistência manual são tipos de
exercícios executados contra uma resistência imposta pelo fisioterapeuta. A grande vanta-
gem da utilização desse método está no fato de não haver necessidade de equipamentos,
além da possibilidade de graduação de força para um músculo muito fraco, e que pode
vencer apenas uma resistência mínima a moderada. Torna-se útil inclusive quando há a
necessidade de controlar de forma cuidadosa a amplitude articular. Já a carga mecânica
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 20
é uma resistência que é dada por um equipamento ou aparelho mecânico. É útil quando
a quantidade de resistência necessária é superior ao que o fisioterapeuta pode aplicar
manualmente, além do que, permite que ocorra mensuração quantitativa e progressiva
desta carga ao longo do tempo. Um exemplo é um exercício para o membro superior que
se inicia com um halter (peso fixo) de 1 quilograma. Após a adaptação do músculo aquela
carga, ou seja, depois de alguns treinamentos, pode ser possível acrescentar uma carga
maior, pois aquele músculo, grupo muscular ou segmento já é capaz de executar o mesmo
movimento, com o mesmo padrão, qualidade e eficiência, com uma carga maior. Desta
forma, acrescentando-se 500 gramas, sabe-se que aquele segmento ou músculo está mais
forte, coordenado, hábil para executá-lo, o que possivelmente impactará positivamente na
capacidade funcional daquele membro superior. Este é um foco especial do trabalho do
profissional do movimento (KISNER e COLBY, 2016) (Figura 3).
FIGURA 3 - EXEMPLO DE EXERCÍCIO ATIVO RESISTIDO
Exercícios ativos resistidos são vistos como essenciais nos programas de rea-
bilitação para pessoas com função comprometida, além de um componente integral dos
programas de condicionamento para aqueles que desejam promover ou manter a saúde
e o bem estar físico, potencializar o desempenho de habilidades motoras e reduzir o ris-
co de lesões, disfunções e doenças. Além disso, impacta positivamente no desempenho
muscular através da restauração, melhora a manutenção da força, potência e resistência
a fadiga; aumenta a força dos tecidos conjuntivos (tendões, ligamentos, tecido conjuntivo
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 21
intramuscular); promove maior densidade mineral óssea (essencial em programas para
indivíduos com osteoporose, osteopenia ou prevenção destes agravos); diminuem a so-
brecarga nas articulações; reduzem o risco de lesões; melhoram o equilíbrio; promovem
aumento da massa magra e diminuição da gordura corporal (essencial em programas de
emagrecimento); além de promover sensação de bem estar e especialmente melhora na
incapacidade e qualidade de vida (KISNER e COLBY, 2016).
O princípio essencial que orienta a prescrição de exercícios ativo resistidos é o da
sobrecarga, que resulta de uma relação entre estímulo, adaptação e aumento da sobre-
carga. Isso se deve ao fato de que, depois de um tempo realizando exercícios com uma
determinada carga, é necessário aumentá-la para continuarmos a ter os benefícios que o
exercício proporciona, elevando o limite de adaptação, o que deve ser realizado aos poucos
e de forma progressiva. Se permanecêssemos com a mesma carga, manteríamos apenas
o mesmo nível de condicionamento já alcançado.
Vale ressaltar aqui a importância de se elaborar um programa de exercícios que
simule muito bem as atividades funcionais desejadas. O maior número possível de variá-
veis do programa de exercícios deve estar de acordo com os requisitos e as demandas
encontradas e vivenciadas pelo paciente durante a realização das atividades funcionais
específicas (KISNER e COLBY, 2016).
Os estudos com pessoas idosas têm documentado a importância dos efeitos
dos exercícios resistidos para melhorar a qualidade de vida por meio do alívio de dores
articulares, maior independência funcional e melhora da autoestima. A segurança muscu-
loesquelética e cardiovascular dos exercícios resistidos também tem sido demonstradas,
mesmo diante de comorbidades. Atualmente um significativo corpo de evidências justifica
a utilização dos exercícios resistidos para promoção de saúde, terapêutica e reabilitação
(KISNER e COLBY, 2016).
Os exercícios resistidos podem ser considerados muito seguros, mesmo para
pessoas idosas e debilitadas. A segurança musculoesquelética é dada pela adequação
ideal das sobrecargas às condições físicas dos praticantes. Não apenas as cargas, e con-
sequentemente as repetições, mas também a ADM, os intervalos de descanso, o número
de series e de exercícios, e a frequência das sessões de intervenção. Os movimentos
são relativamente lentos e cadenciados, sem acelerações ou desacelerações violentas.
O corpo permanece em posições anatômicas e confortáveis durante os exercícios, sem a
possibilidade de desequilíbrios, quedas e torções (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 22
Saúde musculoesquelética tem sido conceituada como a boa capacidade funcional
do aparelho locomotor e a integridade estrutural dos seus componentes (ossos, cartilagens,
ligamentos, músculos e tendões). É estimulada por todo tipo de atividade física (ação mo-
tora, exercício, atividade, tratamento, treinamento funcional) em que as contrações muscu-
lares são realizadas contra alguma forma de resistência. O trabalho braçal e as atividades
esportivas mais intensas utilizam contrações resistidas e são eficientes para estimular a
integridade e a função do aparelho locomotor (KISNER e COLBY, 2016).
Por meio do estímulo à saúde musculoesquelética é possível reduzir a ocorrência
de dores articulares, limitações de aptidão para a vida diária e para o trabalho, osteoporose,
fraturas, sarcopenia, distúrbios neuroendócrinos, desregulação do sistema imune e fragili-
dade (KISNER e COLBY, 2016).
Está claro que a cinesioterapia é um recurso fundamental para o restabelecimento
ou prevenção de agravo de saúde para os profissionais do movimento, em especial ao
fisioterapeuta. Porém, o que é mais importante neste processo é a seleção adequada dos
exercícios, ou seja, a prescrição e o planejamento dos programas de treinamento. Devem
ser evitados movimentos que possam ser inadequados para a situação atual daquela pes-
soa. O respeito a individualidade e a função ou disfunção é o mais relevante. Selecionando
corretamente o tipo, a carga e a metodologia, as cargas e amplitudes serão adaptadas
para as limitações individuais, com evolução gradativa, o que respeita os limites do conforto
articular. O grau de esforço deve ser submáximo e os volumes de treinamento coerentes
(KISNER e COLBY, 2016).
Escolher os exercícios para um programa de treinamento depende de vários
fatores, inclusive a causa e o comprometimento daquele segmento/ corpo. É necessário
considerar as deficiências no desempenho (primeiro fator e mais importante), o estágio de
cicatrização dos tecidos, a condição das articulações e sua tolerância a compreensão e
movimento, as habilidades do paciente, tanto física quanto cognitiva, a disponibilidade de
equipamentos, as metas do paciente e os resultados funcionais desejados. Não há uma
forma ou um exercício melhor para tudo ou para todos. Existe um programa coerente,
estudado e direcionado a estes critérios, e se estes forem respeitados, provocará relevante
impacto na função daquele indivíduo (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 23
2.3 Uma visão ampliada do processo de Reabilitação
Agora que já compreendemos os tipos mais comuns e básicos de exercícios tera-
pêuticos, é possível fazer relações clínicas relevantes. O exemplo prático é um indivíduo
que procurou a intervenção fisioterapêutica pois sofreu uma cirurgia para reparação do
tendão do manguito rotador do ombro há três dias. Vamos a algumas discussões sobre isto.
O procedimento cirúrgico realizado foi uma reparação por meio de um artroscópio,
aparelho médico que tem por objetivo “olhar dentro” daquela articulação. Desta forma, foi
feita sutura com a utilização de âncoras ou mini âncoras, bioabsorvíveis ou não para repa-
rar um tendão que estava rompido. Isto ocorreu, pois este tendão do manguito rotador do
ombro é suscetível a isto pois é comprimido entre o arco coracoacromial e o colo do úmero
em atividades do ombro acima da cabeça.
No processo de reabilitação deste indivíduo, até 45 dias após a cirurgia, é con-
traindicada a realização de exercícios ativos de elevação do braço, como flexão, abdução
e rotações, visto que o tendão é a estrutura que transfere a energia vinda da contração do
músculo ao osso, o que proporciona o movimento. É necessário este cuidado para que o
tendão tenha seu processo de reparação e cicatrização. Desta forma, desde o terceiro dia
pós operatório até o quadragésimo quinto a cinesioterapia com este indivíduo nestes mo-
vimentos será passiva, ou seja, é o fisioterapeuta que irá realizar o movimento no membro
superior do paciente. Isto é muito importante para que o ombro já ganhe mobilidade ou
previna contraturas e deformidades, no caso uma capsulite adesiva. Assim, os músculos
permanecerão ou ganharão extensibilidade, a cápsula será distendida na sua fisiologia
normal, a articulação será lubrificada e vascularizada, entre outras ações.
Já a partir dos 45 dias entende-se que o processo de reparação daquele tendão
já se encontra completo. É o momento de se iniciar o exercício ativo. Porém, o paciente
está há um mês e meio sem contrair estes músculos. Portanto, o exercício ativo a ser
realizado é o assistido, visto que o paciente ainda não terá condição de completar a ADM,
independente do movimento que ele estiver realizando. Esta assistência pode ser dada
pelo próprio fisioterapeuta ou por algum recurso externo.
Conforme a evolução clínica do paciente ocorra, por exemplo, ele já consegue uma
ADM quase completa, menos algia (dor), mais atividades funcionais, retira-se a assistência,
fazendo com que o exercício seja livre, sem assistência e sem resistência. O próximo passo
é a instituição de uma resistência, ou seja, uma carga externa, imposta pelo fisioterapeuta
ou por algum instrumento externo, como pesos, elásticos, molas, resistência hidráulica,
pneumática, entre outras. Este tipo de atividade irá proporcionar ao paciente uma adapta-
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 24
ção aquela carga e cada vez mais capacidade de realização das atividades de vida diária
(AVD’s), visto que em muitas destas há a imposição de cargas. Exemplos são: Carregar
compras do mercado, levar uma lata de café ao armário aéreo da cozinha.
A alta fisioterapêutica será efetivada quando este indivíduo estiver com suas funções
restabelecidas, com boa força muscular, coordenação, Amplitude de Movimento, postura,
mobilidade escapular, músculos bem alongados e relaxados, entre outros, muitos destes
alcançados através da sequência bem indicada e realizada de exercícios terapêuticos,
cada um no seu momento.
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 25
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado (a) acadêmico (a), nesta primeira Unidade vimos algumas bases fun-
damentais da Cinesioterapia, desde alguns conceitos, até aplicabilidades clínicas para o
fisioterapeuta. Aprendemos que o exercício terapêutico é a forma mais certeira de reabilitar
um indivíduo que apresenta alguma disfunção de mobilidade, visto que é só trabalhando a
mobilidade que a restauramos; e que isto impacta positivamente na função executada nas
atividades de vida diária desta pessoa.
Conhecemos também alguns aspectos multidimensionais desta função tão rele-
vante para o indivíduo (que também podemos chamar de valências), sendo elas: Equilíbrio,
controle postural e estabilidade postural, Preparo cardiovascular, Coordenação, Flexibilida-
de, Mobilidade, Desempenho muscular, Controle neuromuscular e Estabilidade.
Compreendemos também alguns tipos de exercícios terapêuticos, sendo o passivo
aquele que é executado por uma força externa; o ativo assistido se refere aquele em que
já há contração muscular associada a uma assistência; o ativo livre executado livremente
pelo indivíduo, sem assistência nem resistência; e o resistido aquele em que o princípio da
sobrecarga é utilizado, ao ponto em que o movimento é executado contra uma resistência.
Cada um deles têm sua importância e integram o todo do processo de reabilitação de muitas
apresentações clínicas comuns cuidadas pelos fisioterapeutas. Saber indicá-las e executá-las
corretamente é ação primordial deste profissional. Assim, julgamos que esta primeira parte
tenha trazido informações claras e que subsidiarão a caminhada daqui pra frente.
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 26
LEITURA COMPLEMENTAR
Artigo: A influência da mobilização articular nas tendinopatias
dos músculos bíceps braquial e supraespinhal
RESUMO: As causas mais comuns de dor no ombro estão relacionadas às dege-
nerações dos tendões da musculatura do manguito rotador. Objetivo: Verificar a influência
da mobilização articular por meio dos movimentos acessórios do ombro na recuperação
inicial de 14 pacientes com tendinopatia crônica dos mm. supraespinal e/ou bíceps bra-
quial. Métodos: Foram comparados dois protocolos de tratamento, compostos da aplicação
de ultrassom terapêutico na área do tendão afetado e de treinamento excêntrico na mus-
culatura envolvida, acompanhados ou não de manobras de mobilização articular. Como
métodos de avaliação foram utilizados os questionários de Constant e Disabilities of the
Arm, Shoulder and Hand (DASH), no início e ao final do tratamento. Resultados: Os resulta-
dos encontrados demonstraram que ambos os protocolos de tratamento foram eficazes na
reabilitação dos pacientes, pois se obtiveram melhores resultados funcionais na aplicação
dos questionários quando comparados o final com o início do tratamento para os pacientes
(p<0,05). Conclusões: Assim ambos os protocolos de tratamento foram eficazes no tra-
tamento da tendinopatias crônica do ombro, sendo que, o uso associado da mobilização
articular parece oferecer melhores resultados funcionais.
Fonte: BARBOSA, R. I.; GOES, R.; MAZZER, N.; FONSECA, M. C. F. A influência da mobilização
articular nas tendinopatias dos músculos bíceps braquial e supra-espinal. Revista Brasileira de Fisioterapia.
v. 12 n. 04. p. 298-303, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbfis/a/zvczyTYZhYQ47nf7CghfZ8p/?for-
mat=pdf&lang=pt. Acesso em: 13 ago 2021.
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 27
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Exercícios terapêuticos: Fundamentos e Técnicas
Autor: Carolyn Kisner; Lynn Allen Colby.
Editora: Manole, 2016.
Sinopse: Esta obra reúne todas as diretrizes necessárias para
personalizar as diversas intervenções e modalidades de exercício
no tratamento de pessoas com disfunção de movimento associada
a distúrbios musculoesqueléticos ou cirurgias. O leitor encontrará
o equilíbrio perfeito entre teoria e prática clínica: discussões apro-
fundadas dos princípios terapêuticos e da terapia manual vincula-
das às recomendações mais atuais sobre técnicas e tratamentos.
Amplamente revista e atualizada, esta nova edição mantém o
propósito de não apenas fornece uma base sólida acerca dos
princípios e aplicações do exercício terapêutico, como também
de apresentar todas as ferramentas para auxiliar o estudante e
o profissional a desenvolverem o conhecimento e as habilidades
exigidos para a elaboração e implementação de programas de
exercícios que facilitem e aperfeiçoem o aprendizado do paciente,
assim como sua independência e bem-estar ao longo do processo
de reabilitação.
FILME / VÍDEO
Título: Descubra como esta Mob. Escapular ajuda seus pacientes
Ano: 2019
Sinopse: Se você tem dificuldade de realizar a mobilização es-
capular, este vídeo vai te ajudar MUITO.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=Z5WL0pDzrco
UNIDADE I Introdução à Cinesioterapia: Os Fundamentos Teóricos e Tipos de Exercícios 28
UNIDADE II
Alongamento Muscular, Treinamento
Aeróbio e Exercícios Respiratórios
Professor Dr. Andrey Rogério Campos Golias
Plano de Estudo:
● Alongamento muscular;
● Treinamento aeróbio e exercícios respiratórios.
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender o encurtamento muscular como relevante disfunção do movimento;
● Abordar o alongamento como uma estratégia fundamental
para a prática clínica deste profissional;
● Conceituar e fundamentar a treino aeróbio e exercícios
respiratórios para o fisioterapeuta.
29
INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo a Unidade II da disciplina de Cinesioterapia. Como já vimos a
importância do uso dos exercícios terapêuticos para diversas condições de saúde, além
de compreender alguns tipos destes exercícios, a partir de agora já podemos aprofundar,
especificamente em duas características importantes: No alongamento muscular e no trei-
namento aeróbio e exercícios respiratórios.
É verdade que cada um dos tipos de exercícios que serão abordados nesta
Unidade apresenta características muito distintas, base fisiológicas diferentes, mas in-
dependente disso, fazem parte fortemente do arsenal de técnicas cinesioterapêuticas do
profissional da Fisioterapia.
Em relação aos alongamentos, são executados quando há um processo de retra-
ção ou encurtamento da banda muscular, sendo que os quadros patológicos podem ser
diversos, desde ortopédicos, traumáticos, reumáticos, neurológicos, entre outros.
Já os exercícios aeróbios e respiratórios, apesar de serem realizados amplamente,
congregam três especialidades fisioterapêuticas: a Fisioterapia Cardiovascular (Resolução
Coffito n. 454 de 25 de abril de 2015) (BRASIL, 2021a), a Fisioterapia Respiratória (Reso-
lução Coffito n. 318 de 30 de agosto de 2006) (BRASIL, 2021b) e a Fisioterapia em Terapia
Intensiva (Resolução Coffito n. 402 de 03 de agosto de 2011) (BRASIL, 2021c). Torna-se
importante relatar que são especialidades muito importantes para o fisioterapeuta, visto que
estes profissionais atuam em redes de hospitais, centro de terapia intensiva, centros de
saúde de alta complexidade para reabilitar esses indivíduos.
Desta forma, os assuntos desta Unidade também são relevantes para a vida pro-
fissional do fisioterapeuta. Julgamos que este material se torne para você um importante
subsídio na facilitação da caminhada a ser percorrida para se tornar um fisioterapeuta de
sucesso. Aproveite o conteúdo.
UNIDADE
UNIDADE I II Introdução
Alongamento Muscular, Treinamento
à Cinesioterapia: Aeróbio
Os Fundamentos e Exercícios
Teóricos e Tipos deRespiratórios
Exercícios 30
1. ALONGAMENTO MUSCULAR
1.1 Definições e embasamento
O termo mobilidade tem sido descrito baseado em dois parâmetros diferentes, mas
intimamente relacionados. O primeiro refere-se à habilidade das estruturas ou segmentos
do corpo de se moverem ou serem movidos, o que permite uma Amplitude de Movimento
Funcional (ADM Funcional). Já o segundo parâmetro se refere a habilidade de uma pessoa
de iniciar, controlar ou manter movimentos ativos do corpo para realizar tarefas motoras
simples e complexas (mobilidade funcional). Desta forma, a mobilidade está associada à
integridade articular e à flexibilidade, as quais são necessárias para que os movimentos
do corpo ocorram sem dor e sem restrições durantes as tarefas funcionais da vida diária
(KISNER e COLBY, 2016).
Por isso, torna-se importante conhecermos mais sobre o termo flexibilidade, que é
definida como a habilidade para mover uma articulação através de sua amplitude de movimento
(ADM) normal sem estresse excessivo para a unidade músculotendínea e é fundamental para
o corpo humano, tanto na prevenção quanto na reabilitação de lesões. Ela é tão inerente ao ser
humano quanto o próprio movimento. É um componente da aptidão física e está relacionada à
saúde e ao desempenho atlético, visto que há associação entre a falta de flexibilidade muscular
e a ocorrência de lesões musculoesqueléticas (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE
UNIDADE I II Introdução
Alongamento Muscular, Treinamento
à Cinesioterapia: Aeróbio
Os Fundamentos e Exercícios
Teóricos e Tipos deRespiratórios
Exercícios 31
Uma certa flexibilidade é necessária para o sucesso de todos os movimentos fí-
sicos. Ela pode ser significativamente melhorada com treinamento intensivo dos tecidos
conectivos elásticos, incluindo pessoas naturalmente rígidas ou encurtadas (YLINEN e
CHAITOW, 2008).
Entende-se, de modo mais simples, como flexibilidade a capacidade de mover uma
única articulação ou uma série delas de modo suave e com facilidade, ao longo de uma
ADM sem restrições e indolor. Ela está relacionada com a extensibilidade das unidades
músculotendíneas que atravessam aquela articulação, com base em sua habilidade de
relaxar ou deformar e ceder a uma força de alongamento (KISNER e COLBY, 2016).
Muitos processos patológicos podem restringir o movimento e provocar compro-
metimento da mobilidade, o que chamamos de hipomobilidade. Fatores extrínsecos são:
imobilização prolongada através do uso de aparelho gessado, talas, splints (por exemplo,
posterior a uma fratura, trauma ou reparo dos tecidos moles) ou tração esquelética. Os fato-
res intrínsecos estão relacionados à presença de dor, inflamação e derrame articular (muito
comuns em quadros ortopédicos, como tendinopatias, rupturas tendíneas, osteoartrites);
distúrbios no músculo, tendão ou fáscia; distúrbios na pele; bloqueio ósseo; distúrbios vas-
culares e contraturas. Outros são: estilo de vida sedentário e posturas habituais assimétri-
cas; paralisia, alterações no tônus e desequilíbrios musculares, além dos desalinhamentos
posturais congênitos ou adquiridos (KISNER e COLBY, 2016).
Limitações de mobilidade podem ser causadas por uma variedade de mudanças no
tecido conectivo (KISNER e COLBY, 2016):
- Encurtamento da fáscia do tecido conectivo, por exemplo, posterior a trauma,
cirurgia, lesão por radiação ou queimaduras;
- Edema no interior ou ao redor das articulações advindas de traumas agudos e
infecções, e um aumento no tecido conectivo em condições crônicas;
- Mudanças na estrutura da articulação resultantes de fraturas;
- Separações das superfícies articulares, por exemplo lesões da cartilagem ou osso
nas superfícies articulares;
- Discopatia, rupturas, protrusão ou prolapso discais;
- Lesões do sistema nervoso central que provocam rigidez muscular ou diminuição
do comprimento do músculo;
- Encurtamento do comprimento muscular devido a imobilização prolongada por
uso de splints ou órteses;
- Deterioração geral dos tecidos dos ligamentos e cápsulas articulares com o pro-
cesso degenerativo advindo da idade;
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- Aumento do tônus e dor após exercício intenso não usual, por exemplo, dor mus-
cular tardia;
- Ativação dos receptores de dor localizados nos tecidos conectivos e no sistema
músculotendíneo das articulações advindos de traumas ou inflamação;
- Ativação dos receptores de dor nos tecidos conectivos de articulações circundan-
tes após alongamentos excessivamente demorados ou com força excessiva.
A restrição de movimento pode provocar desde um leve encurtamento até contratu-
ras irreversíveis. O termo contratura é definido como o encurtamento adaptativo da unidade
músculotendínea e outros tecidos moles que cruzam ou cercam uma articulação, o que
resulta em resistência significativa ao alongamento passivo ou ativo e na limitação da ADM,
podendo levar a disfunções (KISNER e COLBY, 2016).
Apesar de utilizarmos corriqueiramente o termo flexibilidade, como vimos, ela se re-
laciona a mobilidade de uma articulação, estrutura ou segmento e não apenas ao músculo. O
termo correto a ser usado para o músculo é: extensibilidade. Ou seja, flexibilidade é mais gené-
rica e extensibilidade refere-se à capacidade do músculo ser alongado e permitir flexibilidade.
O alongamento é um termo geral usado para descrever qualquer manobra fisiote-
rapêutica elaborada para aumentar a extensibilidade dos tecidos moles, melhorando, deste
modo, a flexibilidade e a ADM com o aumento do tamanho das estruturas que, de modo a se
adaptarem, encurtam-se e tornaram-se hipomóveis com o tempo (KISNER e COLBY, 2016).
É importante relatar que para que saibamos se é o músculo que se encontra com
menor extensibilidade ou a articulação que está rígida (bloqueio, ruptura ligamentar, edema,
capsular, etc.), é necessária a realização de uma avaliação fisioterapêutica que contemple
testes de comprimento muscular, mobilizações passivas articulares, entre outros testes que
irão permitir que técnicas de tratamento sejam indicadas e executadas de forma mais dire-
cionadas e assim, sejam mais eficientes. Assim, se aquele movimento está restrito devido
a perda de extensibilidade, é o alongamento a estratégia de tratamento usada, mas se a
restrição se deve a rigidez articular, várias outras técnicas seriam mais indicadas do que o
alongamento: por exemplo uma mobilização passiva (KISNER e COLBY, 2016).
Logo no início de muitos dos processos de reabilitação, o alongamento manual e
a mobilização articular, que envolvem uma intervenção direta, com manipulação direta por
parte do profissional, podem ser as técnicas mais apropriadas. Mais tarde, exercícios de auto
alongamento realizados de forma independente pelo paciente, após uma instrução cuida-
dosa e supervisão atenta, podem se configurar como uma intervenção mais adequada. Já
em algumas situações, pode ser indicado o uso de dispositivos mecânicos de alongamento,
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em particular quando as terapias manuais forem ineficazes. Porém, é fundamental que o
olhar para o todo exista. Independentemente do tipo de procedimento de alongamento
escolhido para determinado paciente ou grupo, para que o ganho na ADM seja permanente,
ele precisa ser complementado por um trabalho apropriado de força, potência e resistência
à fadiga e usado com regularidade em atividades funcionais (KISNER e COLBY, 2016).
1.2 Fatores determinantes na flexibilidade
Vários fatores têm sido vistos como determinantes na flexibilidade, sendo que eles
podem ser influenciados por fatores neurofisiológicos, biomecânicos e térmicos. Outros
como gênero, idade, nível de atividade física, obesidade, estado dos tecidos moles e força
muscular também têm sido descritos na literatura como determinantes da flexibilidade.
1.2.1 Fatores neurofisiológicos
Os principais fatores neurofisiológicos que influenciam na flexibilidade são as ações
do fuso muscular e do órgão tendinoso de golgi (OTG), além dos mecanismos de inibição
recíproca e inibição autogênica (KISNER e COLBY, 2016).
As fibras do fuso muscular (também chamadas de intrafusais) estão localizadas
paralelamente às fibras musculares extrafusais, sendo responsáveis por detectar altera-
ções no comprimento muscular, bem como na velocidade destas alterações. Há dois tipos
de resposta reflexa de alongamento: fásica e tônica. A primeira resposta ocorre quando
um músculo é rapidamente alongado, o que aumenta a taxa de disparo do fuso muscular,
provocando o reflexo de estiramento. Quando este reflexo é estimulado, ocorre uma contra-
ção reflexa proporcional à velocidade de alongamento, que irá produzir uma resistência ao
movimento articular e consequentemente ao alongamento muscular. A resposta tônica está
relacionada ao ajuste postural. A manutenção de uma determinada postura é garantida pela
percepção do movimento (cinestesia) e do posicionamento articular (senso posicional). As
fibras intrafusais são capazes de perceber alterações cinestésicas e posicionais, provocan-
do uma contração muscular a fim de corrigir a postura (KISNER e COLBY, 2016).
Os OTG’s são mecanorreceptores localizados na junção miotendínea, sensíveis
ao aumento de tensão no músculo e no tendão. Tanto o alongamento quanto a contração
muscular podem promover um aumento da tensão no tendão, o que ativa os OTGs. En-
tretanto, estes são mais sensíveis à tensão provocada pela contração muscular do que ao
alongamento. Se o alongamento ou contração forem mantidos por um período superior a
seis segundos, eles são ativados, promovendo um relaxamento reflexo do músculo, faci-
litando o seu alongamento. Este é o mecanismo de inibição autogênica (LIPPERT, 2018).
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Outro fenômeno neurofisiológico que influencia na flexibilidade é o da inibição re-
cíproca. Este é baseado na chamada inervação recíproca, que é um circuito neuronal que
inibe os músculos antagonistas durante a contração de um músculo ou grupo muscular, o
que provoca diminuição do tônus muscular do antagonista, facilitando o seu alongamento.
Este mecanismo pode ser compreendido ao estudo do arco reflexo (ou reflexo miotático)
(Figura 1). Quando tocamos uma panela quente, antes mesmo de percebermos sua tempe-
ratura, reflexamente retiramos nossa mão dela, visto que os receptores de nossa pele foram
ativados, o que levou uma informação aferente através do nervo periférico até a medula
espinhal. Lá ocorre uma sinapse com o neurônio eferente, que vai do nervo periférico até o
músculo efetor, para que este realize a contração muscular retirando nossa mão da panela.
Este mecanismo é muito rápido. A inervação recíproca é o fato de que, neste mecanismo
do arco reflexo, há uma outra sinapse do neurônio aferente, agora com um neurônio que irá
inibir o músculo antagonista àquela ação muscular, o que irá permitir que o movimento seja
executado de forma mais harmônica e eficiente.
FIGURA 1 - ARCO REFLEXO
1.2.2 Fatores biomecânicos
Entre os fatores biomecânicos a serem considerados, o comportamento mecânico
do tecido muscular possui um papel fundamental para a compreensão da flexibilidade.
Torna-se importante relatar que o tecido muscular é composto pelo elemento contrátil (EC)
e pelo elemento elástico (EE). O primeiro é representado pelo componente ativo formado
pelos miofilamentos de actina e miosina e o elemento elástico é representado pelo compo-
nente passivo, formado pelo tecido conectivo. Estes elementos resistem à deformação do
músculo e do tendão quando são submetidos a uma força de tração, limitando a flexibilidade
(YLINEN e CHAITOW, 2008).
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O tecido conectivo muscular é formado por tecido conjuntivo denso e está presente
nos vários envoltórios que circundam as estruturas musculares. Trata-se do elemento não
contrátil, ou seja, apenas elástico do músculo. O epimísio é constituído por uma camada de
tecido conjuntivo que envolve todo o músculo e se afunila em suas extremidades, formando
o tendão. O perimísio circunda cada fascículo, que é um conjunto de aproximadamente 150
fibras musculares. Já o endomísio é uma fina camada de tecido conjuntivo que envolve
cada fibra muscular. Sob o endomísio está localizado o sarcolema, que envolve o sarcôme-
ro, unidade funcional do músculo (KISNER e COLBY, 2016).
O tecido conectivo é constituído de três tipos de fibras: as fibras colágenas, res-
ponsáveis pela rigidez do tecido; as fibras elásticas, que dão complacência ao tecido; e as
fibras reticulínicas, que dão volume ao tecido, além da substância de fundo, que reduz o
atrito entre as fibras (KISNER e COLBY, 2016).
Já as fibras colágenas responsáveis pela rigidez do tecido são formadas por molé-
culas de colágeno conectadas entre si por pontes de hidrogênio. O colágeno é a proteína
mais abundante nos mamíferos, constituindo um terço das proteínas corporais. Estas fibras
são arranjadas em feixes paralelos e apresentam uma configuração ondulada. A substância
de fundo é um gel composto por glicosaminoglicanos, proteínas e água, e está localizada
entre as moléculas de colágeno, permitindo um livre deslizamento entre estas moléculas e
garantindo a capacidade de deformação do tecido conectivo. O colágeno tem como carac-
terísticas grande resistência à tensão e baixa capacidade de deformação. O aumento da
quantidade de pontes de hidrogênio e a diminuição da distância entre elas irão determinar
menor elasticidade e maior resistência ao alongamento (KISNER e COLBY, 2016).
Em relação as fibras elásticas, são constituídas essencialmente de elastina, subs-
tância capaz de se alongar até́ 150% do seu comprimento antes de se romper. Sabe-se
que as fibras elásticas são mais complacentes e menos resistentes quando comparadas às
fibras de colágeno. Desta forma, a proporção entre o número de fibras colágenas e elásticas
de um tecido vai determinar sua maior rigidez ou complacência (KISNER e COLBY, 2016).
Devido à sua organização, quando o tecido conectivo é submetido a uma tensão,
ele pode apresentar dois tipos de comportamento: elástico e plástico. O comportamento
elástico baseia-se na sua propriedade elástica, que é a capacidade do tecido de alongar-se
e retornar ao seu comprimento original quando a força de tração é retirada (LIPPERT, 2018).
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A deformação elástica de um tecido é diretamente proporcional à carga aplicada e
depende da quantidade de deformação sofrida. Se um tecido é alongado além do seu limite
elástico, ele não retornará ao seu comprimento original, sofrendo assim uma deformação
plástica. O comportamento plástico de um tecido baseia-se na sua propriedade plástica, que é
a capacidade do tecido de assumir um novo comprimento, deformando-se permanentemente
quando a força de tração é retirada. Se um tecido é alongado além do seu limite elástico,
haverá uma falha na sua estrutura e um rompimento tecidual (KISNER e COLBY, 2016).
Apesar da elasticidade e da plasticidade serem propriedades bastante distintas
e comprovadamente presentes nos tecidos biológicos, o tecido conectivo não é perfeita-
mente plástico ou elástico, apresentando uma combinação de propriedades chamada de
viscoelasticidade. Esta é uma propriedade tempo-dependente, ou seja, o tecido se deforma
sob tração e retorna ao seu comprimento original quando a carga de tração é retirada, mas
tanto sua deformação quanto seu retorno demoram certo tempo para acontecer. De fato, a
quantidade de deformação sofrida pelo tecido quando sob tensão é diretamente proporcio-
nal à magnitude da carga aplicada e depende do tempo e da velocidade da aplicação desta
carga. Quando uma força de tração é aplicada, o tempo requerido para o alongamento varia
inversamente à quantidade de força aplicada. O aumento do comprimento muscular obtido
pelo exercício de alongamento se mantém por certo tempo por causa de suas propriedades
viscoelásticas (KISNER e COLBY, 2016).
A viscoelasticidade determina a tensão tecidual quando este é submetido a uma
força de alongamento. Quando o tecido é tracionado e mantido em um comprimento cons-
tante, ocorre um declínio gradual da tensão após um período de tempo devido à sua viscoe-
lasticidade. Esta propriedade do tecido é denominado relaxamento ao estresse. É por isso
que a força necessária para manter um tecido alongado diminui com o passar do tempo.
De forma similar, se uma carga de alongamento for aplicada a um tecido, este sofrerá uma
deformação com o passar do tempo, aumentando o seu comprimento; esta propriedade é
chamada de creep. O comportamento viscoelástico presente na musculatura faz com que
qualquer músculo, quando submetido a uma força de alongamento, se comporte de acordo
com estas duas propriedades: relaxamento ao estresse e creep (KISNER e COLBY, 2016).
Além da resistência à tensão oferecida pelo elemento elástico, os miofilamentos
de actina e miosina também resistem à deformação e o bom entendimento de sua mor-
fologia é fundamental para a compreensão do seu comportamento mecânico. Durante o
alongamento passivo da musculatura, há uma alteração mecânica das pontes transversas
de actina e miosina à medida que os filamentos se separam, resultando em alongamento
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dos sarcômeros. Quando a força é liberada, os sarcômeros retornam ao seu comprimento
normal. Apesar de ocorrer um aumento do tamanho do sarcômero durante o alongamento
muscular, os miofilamentos de actina e miosina permanecem com o seu comprimento inal-
terado, ocorrendo apenas uma menor sobreposição entre eles, o que garante o retorno do
sarcômero ao seu tamanho original, quando a força é retirada, é a presença de um terceiro
miofilamento, a titina (KISNER e COLBY, 2016).
A titina é uma proteína que constitui cerca de 10% da massa da fibra muscular
e conecta a miosina à linha Z do sarcômero. Devido à sua localização, ela possui duas
funções fundamentais. A primeira é garantir a manutenção da arquitetura do sarcômero
durante o seu alongamento, ou seja, a titina mantém a miosina entre os filamentos de
actina, assegurando a conformação estrutural do sarcômero mesmo quando alongado. A
segunda função da titina é permitir o retorno do sarcômero ao seu comprimento original
quando uma carga de alongamento é retirada, devido à sua elasticidade. Desta forma, a
titina oferece resistência ao alongamento muscular juntamente com o EE constituído pelo
epimísio, perimísio e endomísio (KISNER e COLBY, 2016).
1.2.3 Fatores térmicos
A temperatura muscular afeta as propriedades biomecânicas do músculo. O calor
é capaz de aumentar a extensibilidade do tecido conectivo, facilitando o relaxamento ao
estresse e permitindo maior deformação ao alongamento. Alguns recursos que atuam na
temperatura tecidual têm sido propostos na prática clínica, no intuito de potencializar a
efetividade do alongamento, tais como: a aplicação de gelo, ondas curtas e a realização de
atividade física precedendo o alongamento (o que chamamos de aquecimento). Parece que
há uma maior efetividade quando o alongamento é realizado em associação ao aquecimen-
to, quando comparada com o alongamento isolado (KISNER e COLBY, 2016).
Entre as alterações neurofisiológicas provocadas pelo aumento da temperatura
muscular, estão: o aumento do o limiar de dor, a diminuição da sensibilidade do fuso mus-
cular ao alongamento e o aumento da taxa de disparo dos OTGs (KISNER e COLBY, 2016).
A atividade elétrica do músculo também pode ser influenciada por alterações na sua
temperatura. O corpo humano é homeotérmico, ou seja, apresenta a temperatura interna
relativamente constante, podendo tolerar variações de temperatura do ambiente externo
entre 50oC negativos e 100oC positivos, desde que devidamente protegido. A temperatura
corporal é regulada por mecanismos neurais, controlados pelo hipotálamo e que podem
ser ativados de duas maneiras: por receptores térmicos na pele, que proporcionam influxo
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para a área de controle central, e por estimulação direta sobre o hipotálamo, através da
modificação da temperatura do sangue que perfunde esta área. A ação destes mecanismos
mantém a temperatura corporal central nos níveis de 37oC ± 0, 6oC. O mecanismo de
termorregulação se torna falho quando a temperatura corporal central atinge valores supe-
riores a 41,1oC ou inferiores a 34,4oC (GUYTON e HALL, 2021).
Durante o processo metabólico, somente 20 a 25% da energia de um nutriente é
convertida em trabalho, sendo o restante convertido em energia térmica. Logo, é importante
o funcionamento ideal dos mecanismos termorregulatórios, para que não ocorra superaque-
cimento. O calor metabólico é produzido através de reações químicas que liberam energia
(GUYTON e HALL, 2021).
Além das reações químicas, o atrito causado pela contração muscular, bem como o
atrito do sangue com os vasos são fatores predisponentes do aumento da temperatura cor-
poral central. Este aquecimento é controlado por mecanismos termorreguladores, que agem
no sentido de evitar o superaquecimento. Tais mecanismos são, portanto, determinantes
da temperatura muscular e dependem da intensidade da atividade, que pode ser avaliada
através do consumo de oxigênio ou da frequência cardíaca (GUYTON e HALL, 2021).
O aumento da temperatura corporal central não deve ser entendido como uma
falha do mecanismo de termorregulação, uma vez que ele é essencial para que haja um
aumento da velocidade das reações químicas e do metabolismo muscular, aumentando a
eficiência do organismo para a execução das atividades (GUYTON e HALL, 2021).
O aumento da temperatura na musculatura que está sendo utilizada para a exe-
cução de uma atividade física é sempre maior que o aumento da temperatura corporal
central, podendo atingir valores de 40º C (GUYTON e HALL, 2021).
1.2.4 Outros fatores
O sexo é outro fator determinante da flexibilidade. As mulheres possuem maior
quantidade de elastina, por isso tendem a apresentar maior flexibilidade do que os homens.
A idade e a inatividade também determinam a flexibilidade. O aumento da idade e a inativi-
dade física fazem com que o indivíduo perca água, fibras elásticas e mucopolissacarídeos e
aumente a quantidade de colágeno, o que aumenta a quantidade de pontes de hidrogênio e
diminui a flexibilidade. O indivíduo fisicamente ativo possui maior flexibilidade, desde que a
atividade inclua exercícios de alongamento. O indivíduo obeso, além da tendência à inativi-
dade física, possui reservas de tecido adiposo no interior das articulações, o que diminui a
flexibilidade. A história de uma lesão muscular prévia também influencia a flexibilidade. Um
músculo que já sofreu alguma distensão ou contratura possui menor flexibilidade e maior
probabilidade de recidiva (KISNER e COLBY, 2016).
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1.3 Indicações e contraindicações para o uso do alongamento
Torna-se relevante discutirmos aqui quando indicamos e contra indicamos tal téc-
nica, visto que há momentos mais apropriados e seguros, mas também aqueles que o
alongamento não deve ser implementado. São suas indicações (KISNER e COLBY, 2016):
- Quando a ADM está limitada porque os tecidos moles perderam sua extensibili-
dade em decorrência de aderências, contraturas e formação de tecido cicatricial, causando
limitação funcional (limitação nas atividades) ou incapacidades (restrições à participação);
- A fraqueza muscular ou encurtamento do tecido oposto ocasionaram uma dimi-
nuição da ADM;
- Pode ser usado como parte de um programa de preparo físico total ou de condi-
cionamento esportivo, ou pós treino de exercícios vigorosos para possível redução da dor
muscular pós-exercício;
- Para relaxamento muscular;
- Auxiliam no desenvolvimento da consciência corporal, melhorando a postura;
- Diminuição dos riscos de lesões e distensões.
Já as contra indicações são:
- Bloqueio ósseo que limite o movimento articular;
- Fratura recente em consolidação;
- Processo inflamatório agudo ou infeccioso (calor e edema) ou a cicatrização dos
tecidos moles pode ser prejudicada nos tecidos encurtados e regiões adjacentes;
- Dor aguda imediata com o movimento articular ou de alongamento;
- Observa-se hematoma ou outra indicação de trauma dos tecidos;
- Existência de hipermobilidade;
- Os tecidos moles encurtados proporcionam a estabilidade articular necessária
no lugar da estabilidade estrutural ou controle neuromuscular normais;
- Os tecidos encurtados possibilitam a um paciente com paralisia ou fraqueza muscu-
lar grave realizar habilidades funcionais específicas que, de outro modo, sejam impossíveis.
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1.4 Benefícios e resultados potenciais do alongamento
O primeiro e forte benefício do alongamento é o aumento da flexibilidade e da ADM,
ou seja, é o seu efeito primário. Como já dito, restaura-se através deste a extensibilidade
da unidade músculotendínea e, portanto, recupera-se ou alcança-se a flexibilidade e ADM
exigidas paras as atividades funcionais necessárias ou almejadas. Isto ocorre devido a
mudanças biomecânicas e neurais nos elementos contráteis e não contráteis da unidade
músculotendínea, sendo resultados de um aumento na extensibilidade e comprimento do
músculo ou uma diminuição na rigidez muscular (tensão passiva do músculo e tendão).
Além disso, pode ser devido a uma mudança na percepção ou tolerância da pessoa à
sensação associada ao alongamento (KISNER e COLBY, 2016).
Além disso, com o alongamento prepara-se o físico de forma geral, visto que tem
sido recomendado para o período de aquecimento antes de uma atividade física extenuante
ou para o período de resfriamento no final; para programas de condicionamento para pre-
paro físico geral, nas atividades de recreação ou aquelas realizadas nos locais de trabalho
e no treinamento preparatório para esportes competitivos.
Outro importante benefício do alongamento é a prevenção de lesões e redução da
dor muscular pós-exercício. Não há uma base científica que determine que os exercícios de
alongamento podem prevenir ou reduzir o risco de lesões, mas há forte evidência de que
a diminuição da flexibilidade está associada a um maior risco de lesões músculotendíneas
nos membros inferiores (KISNER e COLBY, 2016).
Com o alongamento consegue-se melhora no desempenho físico, tal como um
aumento da força muscular, potência ou resistência físicas ou ainda a melhora no funcio-
namento físico, incluindo a velocidade da marcha ou da corrida e da habilidade de saltar
(KISNER e COLBY, 2016).
Outros benefícios também têm sido descritos, como a prevenção ou redução do
risco de lesão de tecidos moles, redução da dor muscular pós-exercício (de surgimento
tardio) e melhora do desempenho físico.
1.5 Determinantes dos exercícios de alongamento
Há diversos elementos essenciais que determinam a efetividade e os resultados
das intervenções por meio deste tipo de exercício, sendo eles (KISNER e COLBY, 2016):
- Alinhamento: posicionamento do membro ou do corpo, de modo que a força de
alongamento seja direcionada para o grupo muscular apropriado;
- Estabilização: fixação de um local de inserção do músculo à medida que a força
é aplicada à outra inserção óssea;
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- Intensidade do alongamento: magnitude da força de alongamento aplicada. Em
geral, há consenso que o alongamento deve ser aplicado com baixa intensidade por meio
de uma carga leve;
- Duração do alongamento: período no qual a força de alongamento é aplicada
durante um ciclo de alongamento. Deve ser segura, efetiva, prática e eficiente para cada
situação. Refere-se ao tempo de aplicação da atividade em que os tecidos encurtados
permanecem na posição alongada. Duração geralmente é o tempo de aplicação de um
único ciclo de alongamento e tem variado muito em estudos científicos, faltando ainda
consenso a respeito;
- Velocidade do alongamento: velocidade da aplicação inicial da força de alonga-
mento, sendo que tem sido instituído aquele mais lento e controlado;
- Frequência do alongamento: número de sessões de alongamento por dia ou por
semana. Baseia-se na carga subjacente ao comprometimento da mobilidade, na qualidade
e no nível de cicatrização dos tecidos, na cronicidade e na gravidade da contratura, assim
como na idade do paciente, sua resposta prévia ao alongamento e uso de corticosteroides.
A frequência semanal varia de 2 a 5 sessões, dando tempo para repouso entre estas, para
cicatrização dos tecidos e minimização da dor pós-exercício;
- Modo de alongamento: forma ou maneira com que a força de alongamento é
aplicada (elástica, balística, cíclica); grau de participação do paciente (passivo, assistido,
ativo); ou a fonte da força de alongamento (manual, mecânica, o próprio paciente).
1.6 Tipos e técnicas de alongamentos
O alongamento é um método frequentemente usado para aumentar a ADM (ou fle-
xibilidade) das articulações, ou seja, promover o ganho de flexibilidade através da melhora
da extensibilidade. O uso antes ou após uma atividade esportiva tem se tornado prática
constante no meio esportivo, no tratamento de lesões, prevenção, entre outros. Atua nas
propriedades viscoelásticas e aumentam a complacência muscular. Variadas formas de
execução têm sido descritas na literatura científica, desde os mais básicos (estático) até
aqueles que utilizam técnicas inibitórias avançadas.
No sentido mais simples da palavra, o alongamento é uma manobra de tratamento
em que o músculo é colocado em tensão, ou seja, deixa-se longe a origem e inserção deste.
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1.6.1 Alongamento estático
Muito usado, envolve mover a articulação até o ponto que há considerável resistên-
cia advinda da tensão provocada no músculo. Ou seja, realiza-se o movimento no sentido
do alongamento até o ponto de tensão do tecido muscular e sustenta esta posição por um
período de tempo (com uma força constante). O alongamento é mantido neste ponto até a
redução da tensão e então, retorna-se ao movimento ou padrão inicial (Figura 2). Pode ser
repetido várias vezes. Apresenta o menor risco de lesão e acredita-se ser o mais seguro,
além de ser o mais usado (KISNER e COLBY, 2016).
FIGURA 2 - EXEMPLO DE ALONGAMENTO ESTÁTICO
1.6.2 Alongamento balístico
É intermitente rápido e forçado, ou seja, com alta velocidade e alta intensidade. Neste
tipo de alongamento, o movimento é realizado com contrações fortes e repetitivas dos mús-
culos agonistas para alongar os antagonistas. Este movimento é usualmente repetido por um
número de vezes sem parar e é classificado como uma técnica de alongamento dinâmico.
Cria um impulso para conduzir o segmento do corpo pela ADM até alongar as estruturas
encurtadas. Alongamentos fortes e rápidos causam um reflexo que ativa os músculos e a re-
sistência para alongar. Tem sido menos utilizado pois a velocidade e o movimento (produção
de tensão rápida e intensa num curto período de tempo) podem aumentar a probabilidade de
ruptura do tecido, pois há menos controle da tensão imposta ao tecido e mais dor muscular
residual do que o alongamento estático (KISNER e COLBY, 2016).
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1.6.3 Alongamento manual
Realizado por um fisioterapeuta, outro profissional ou um cuidador treinado, sendo
que se aplica uma força externa para mover o segmento envolvido levemente além do
ponto de resistência do tecido e da ADM disponível. Desta forma, o fisioterapeuta controla
de forma manual o local de estabilização, assim como a direção, a velocidade, a intensida-
de e a duração do alongamento. Geralmente, é empregado um alongamento progressivo,
estático, controlado, no final da ADM, aplicado com uma intensidade coerente com o nível
de conforto do paciente, mantido por 15 a 60 segundos e repetido pelo menos algumas
vezes (KISNER e COLBY, 2016).
O alongamento manual pode ser mais apropriado nos estágios iniciais de um pro-
grama de alongamento, quando o fisioterapeuta deseja determinar como o paciente res-
ponde a intensidade ou durações diferentes de alongamento e quando uma estabilização
máxima é fundamental (KISNER e COLBY, 2016).
1.6.4 Autoalongamento
Também chamado de exercício de flexibilidade ou alongamento ativo, o autoa-
longamento é um tipo de procedimento de alongamento que o paciente executa sozinho,
a partir de uma instrução cuidadosa e prática supervisionada. Este permite ao paciente
manter ou aumentar a ADM obtida como resultado da intervenção direta do fisioterapeuta.
É utilizado frequentemente nos processos reabilitativos, inclusive domiciliares (KISNER e
COLBY, 2016).
Usualmente, nenhuma força externa é aplicada durante o alongamento ativo dos
músculos, que usa contração voluntária dos músculos agonistas para produzir ADM ativa.
Assim, a ADM irá depender da resistência do músculo a ser alongado tanto quanto a força
dos agonistas que realizam o alongamento. É usado preferencialmente para manter a mo-
bilidade normal. Pode ser estático ou balístico (KISNER e COLBY, 2016).
1.6.5 Alongamento mecânico
O alongamento mecânico é aquele em que a atividade é realizada através da in-
serção de um equipamento externo, ou seja, mecânico, para alongar tecidos encurtados e
aumentar a ADM. Exemplos são órteses, polias, aparelhos de alongamento automatizados.
Estes equipamentos geralmente promovem carga constante com deslocamento variável ou
um deslocamento constante com cargas variáveis.
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1.6.6 Alongamento passivo
Configura-se naquele tipo em que há uma realização externa, podendo ser do tera-
peuta, máquina, peso ou sistema de polia para produzir o alongamento. É usado mais fre-
quentemente quando objetiva-se aumentar ADM. No alongamento passivo, o indivíduo que
está recebendo este treinamento não participa diretamente no processo de alongamento.
1.6.7 Técnicas com facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) ou Kabat
Não é uma técnica específica de alongamento (apesar de proporcionar resultados
relevantes neste foco), mas sim uma filosofia de tratamento. Facilitação neuromuscular
proprioceptiva (PNF, da sigla em inglês), também chamada de Kabat, baseia-se no fato de
que todo ser humano, incluindo aqueles com portadores de deficiências, tem um potencial
ainda não explorado. O enfoque terapêutico é sempre positivo, reforçando e utilizando o que
o paciente pode fazer, em nível físico e psicológico. O objetivo primário de todo tratamento
é facilitar o paciente a alcançar o seu mais alto nível funcional. PNF é uma abordagem
global, já que cada tratamento é direcionado para o ser humano como um todo e não para
um problema específico ou um segmento corporal. Suas técnicas também são chamadas
de alongamento facilitativo (KISNER e COLBY, 2016).
Nesta técnica, há uma contração muscular ativa para facilitar ou inibir a ativação
muscular e aumentar a possibilidade de que o músculo a ser alongado permaneça o mais
relaxado possível durante o procedimento. Assim, baseia-se no fato da ocorrência de um
relaxamento reflexo durante as manobras de alongamento, decorrente da inibição auto-
gênica ou recíproca (já discutidas aqui nesta Unidade), o que envolve uma diminuição na
tensão das fibras musculares e, portanto, a uma diminuição na resistência ao alongamento
oferecida pelos elementos contráteis do músculo ao ser alongado (KISNER e COLBY, 2016).
Os procedimentos básicos de facilitação são (KISNER e COLBY, 2016):
- Resistência: auxilia a contração muscular e o controle motor e aumenta a força;
- Irradiação e reforço: utilizam a deflagração da resposta ao estímulo;
- Contato manual: aumenta a força e guia o movimento com toque e pressão;
- Posição corporal e biomecânica: guiam e controlam o movimento por meio do
alinhamento do corpo, dos braços e das mãos do terapeuta;
- Comando verbal: utiliza palavras e tom de voz apropriados para direcionar o paciente;
- Visão: usa a visão para guiar o movimento e aumentar o empenho;
- Tração e aproximação: o alongamento ou a compressão dos membros e
do tronco facilita o movimento e a estabilidade;
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- Estiramento: o uso do alongamento muscular e do reflexo de estiramento
facilita e contração e diminui a fadiga;
- Sincronização de movimentos: promove sincronismo e aumenta a força da
contração muscular por meio da “sincronização para ênfase”;
- Padrões de facilitação: movimentos sinérgicos em massa são componentes do
movimento funcional normal.
O objetivo das técnicas de PNF é promover o movimento funcional por meio da faci-
litação, da inibição, do fortalecimento e do relaxamento de grupos musculares. As técnicas
utilizam contrações musculares concêntricas, excêntricas e isométricas, combinadas com
resistência propriamente graduada e procedimentos facilitatórios adequados, todos ajusta-
dos para atingir as necessidades de cada paciente. As técnicas específicas são agrupadas
de acordo com suas funções e ações (KISNER e COLBY, 2016).
Há variadas técnicas e procedimentos de FNP. Vamos introduzir as técnicas de
manter-relaxar e contrair-relaxar, contração do agonista e manter-relaxar com contração
do agonista. De forma simplificada, suas técnicas são realizadas com grupos musculares
combinados que agem em padrões diagonais.
1.6.7.1 Manter-relaxar e contrair-relaxar
Nesta técnica de FNP, também chamada de sustentar-relaxar, o músculo que limita
a amplitude é primeiramente alongado até o ponto da limitação ou de forma confortável
para o paciente, que faz, então, uma contração isométrica no final da ADM (durante cerca
de 5 segundos), seguida pelo relaxamento voluntário do músculo encurtado. O membro é,
então, movido de forma passiva para a nova amplitude máxima, enquanto se processa o
alongamento. Baseia-se no fato de que a contração mantida antes do alongamento é segui-
da por um relaxamento acompanhado por uma diminuição na atividade eletromiográfica no
músculo que limita a amplitude, possivelmente como resultado da inibição autógena. Para
minimizar os efeitos adversos de uma manobra de Valsalva (que pode elevar a Pressão
arterial), o paciente deve respirar regularmente enquanto realiza contrações isométricas
submáximas (de baixa intensidade) mantidas por 5 a 10 segundos em cada repetição do
procedimento de alongamento (KISNER e COLBY, 2016).
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1.6.7.2 Contração do agonista
Levando em consideração que o musculo antagonista é o que limita a ADM, ou
seja, o músculo encurtado, o paciente vai contrair concentricamente (encurta) o músculo
oposto ao que está limitando a ADM e, então, mantém a posição final por pelo menos
alguns segundos. Esta técnica pode ser efetiva sobretudo quando uma defesa muscular
significativa restringe o alongamento muscular e o movimento articular, sendo menos efeti-
va para reduzir contraturas crônicas (KISNER e COLBY, 2016).
1.6.7.3 Manter-relaxar com contração do agonista
Esta técnica combina os procedimentos da duas anteriores, sendo também cha-
mada de técnica manter-relaxar com reversão lenta. Para executá-las, move-se o membro
ou segmento até o ponto em que seja sentida a resistência do tecido encurtado ou que
se pretende alongar. Então faz-se o paciente executar uma contração isométrica resistida
pré-alongamento no músculo que está limitando a ADM seguida do relaxamento voluntário
deste mesmo músculo e de uma contração concêntrica imediata do músculo oposto ao que
está encurtado (KISNER e COLBY, 2016).
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2. TREINAMENTO AERÓBIO E EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS
2.1 Definições e embasamento
Há variados recursos para obter informação e treinamento de atletas e pessoas
jovens e indivíduos com distúrbios diversos, inclusive coronarianos. Ênfase na resistência
e na melhora da aptidão física de pessoas com tipos diversos de doenças crônicas ou in-
capacidades tem sido dada ao longo de anos de pesquisas. Por isso, é relevante o assunto
de treinamento aeróbio e respiratório (KISNER e COLBY, 2016).
Treinamento com exercício aeróbio ou condicionamento é o aumento da utilização
da energia do músculo por meio de um programa de exercícios. A melhora da habilidade do
músculo em usar energia é o resultado direto de níveis aumentados de enzimas oxidativas
nos músculos, aumentando a densidade e o tamanho mitocondrial e o suporte capilar da
fibra muscular. Assim:
- Treinamento é dependente de intensidade, duração e frequência suficiente no
exercício;
- Treinamento produz adaptação muscular e cardiovascular e isto é refletido na
resistência individual;
- Treinamento para um esporte em particular ou evento é dependente do princípio
da especificidade, que é, o indivíduo melhora na tarefa do exercício usado para treinamento
e não deve melhorar em outras tarefas. Por exemplo, natação deve evoluir a performance
em eventos de natação, mas não na corrida na esteira.
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Exercícios 48
O sistema aeróbio apresenta as seguintes características:
- Glicogênio, gorduras e proteínas são combustíveis e são utilizados relativos à
sua disponibilidade e da intensidade do exercício;
- O oxigênio é requerido (aeróbio);
- A Adenosina Trifosfato (ATP) é resintetizado na mitocôndria da célula muscular.
A habilidade de metabolizar oxigênio e outros substratos está relacionado ao número e a
concentração da mitocôndria e células;
- A capacidade máxima do sistema é boa (90.0 mol ATP);
- A potência máxima do sistema é pequena (1.0 mol ATP por minuto);
- O sistema predomina sobre os outros sistemas de energia após o segundo
minuto de exercício.
O rápido aumento na solicitação de energia durante o exercício requer igualmente
ajustes circulatórios rápidos para remover os catabólitos (produtos finais do metabolismo),
além do dióxido de carbono e ácido lático e para dissipar o excesso de calor. A mudança no
metabolismo ocorre numa coordenada atividade de todos os sistemas do corpo: neuromus-
cular, respiratório, cardiovascular, metabólico e hormonal. O transporte de oxigênio e a sua
utilização pela mitocôndria dos músculos contráteis são dependentes de fluxo sanguíneo
adequado em conjunção com respiração celular.
2.1.1 Terminologia
Como em muitos assuntos, há uma diversidade de conceitos que devemos abordar
antes mesmo de discutirmos a aplicabilidade prática. Assim, vamos conhecer o que cada
um destes termos significa a partir de agora.
2.1.1.1 Atividade física
Há variados conceitos de atividade física, mas no geral se refere a qualquer mo-
vimento corporal produzido pela contração dos músculos esqueléticos que resulta em au-
mento substancial do gasto de energia em relação ao repouso (KISNER e COLBY, 2016).
2.1.1.2 Exercício
É uma atividade física planejada e estruturada, elaborada para melhorar ou manter
o preparo físico (KISNER e COLBY, 2016).
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Exercícios 49
2.1.1.3 Preparo físico
É um termo genérico, mas comumente utilizado, descrevendo a habilidade em
realizar um trabalho físico, o que exige funcionamento cardiorrespiratório, força muscular,
potência, resistência muscular à fadiga e resistência física (KISNER e COLBY, 2016).
2.1.1.4 Consumo máximo de oxigênio
Define-se consumo máximo de oxigênio como a medida da capacidade do corpo
de usar oxigênio, geralmente medido durante a realização de um exercício que utilize mui-
tos grupos musculares grandes, como natação, caminhada e corrida. Refere-se a maior
quantidade de oxigênio consumida por minuto quando a pessoa realiza esforço máximo.
É expressa em relação ao peso corporal, em mililitros de oxigênio por quilograma de peso
corporal por minuto (mL/Kg por minuto) e depende do transporte de oxigênio, da capacidade
do transporte de oxigênio pelo sangue, da função cardíaca, da capacidade de extração de
oxigênio e do potencial oxidativo do músculo (KISNER e COLBY, 2016).
2.1.1.5 Resistência física
Trata-se de uma medida de preparo físico, sendo a habilidade de realizar trabalho por
períodos prolongados e de resistência à fadiga. Inclui resistência muscular e cardiovascular.
2.1.1.6 Treinamento com exercícios aeróbios (condicionamento)
Também chamado de condicionamento, o treinamento com exercícios aeróbios é
o aumento da utilização de energia do músculo por meio de um programa de exercícios. O
músculo melhora sua capacidade de usar energia em decorrência da existência de níveis
elevados de enzimas oxidativas neles, o que aumenta a densidade e o tamanho das mi-
tocôndrias, assim como elevando o suprimento de fibras capilares musculares (KISNER e
COLBY, 2016). O treinamento apresenta três características fundamentais:
- Depende de exercícios realizados com frequência, intensidade e tempo suficientes;
- Produz adaptação cardiovascular e/ou muscular e é reflexo da resistência física pessoal;
- O treinamento para um esporte ou evento em particular pode melhorar o princípio
da especificidade, ou seja, a pessoa pode melhorar seu desempenho em tarefas ligadas ao
exercício utilizado no treinamento, mas não há melhora em outras tarefas.
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Exercícios 50
REFLITA
Avanço importante se deu nos treinamentos dos esportes quando o uso do princípio da
especificidade foi implementado, sendo cada esporte a seu tempo. Como você consi-
dera um treinamento adequado para os esportistas do Handebol? É necessário realizar
treinamentos de corridas longas? Que tipo de atividade de força e condicionamento
cardiovascular é necessário?
Fonte: O autor, 2021.
2.1.1.7 Adaptação
Tanto os músculos quanto o sistema cardiovascular adaptam-se ao estímulo do
treinamento ao longo do tempo, sendo que há mudanças mesmo em poucas semanas
(entre 10 e 12). A adaptação resulta no aumento da eficiência do sistema cardiovascular e
dos músculos ativos, representando uma variedade de mudanças neurológicas, físicas e
bioquímicas nos sistemas cardiovascular e muscular. Ou seja, o desempenho melhora de
acordo com a quantidade de exercício que pode ser realizada após o treinamento, mas sob
baixo custo fisiológico (KISNER e COLBY, 2016).
2.1.1.8 Consumo de oxigênio pelo miocárdio
O consumo de oxigênio pelo miocárdio (mVO2) é a medida do oxigênio consumido
pelo músculo miocárdio, sendo que a necessidade ou demanda de oxigênio é determinada
pela frequência cardíaca (FC), pela pressão arterial sistêmica, pela contratilidade do mio-
cárdio e pela pós-carga (determinada pela tensão na parede do ventrículo esquerdo e pela
pressão aórtica central) (KISNER e COLBY, 2016).
2.1.1.9 Descondicionamento
O descondicionamento ocorre quando há uma carga menor de atividade imposta
aquele sistema, por exemplo, quando há um repouso prolongado no leito. São vistos com
frequência em indivíduos que tiveram uma patologia ou doença aguda extensa ou condição
crônica de longa duração (KISNER e COLBY, 2016).
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2.1.1.10 Exercícios respiratórios
Exercícios respiratórios são comumente empregados em disfunções cardiopulmo-
nares que impossibilitam a função normal destes órgãos. Normalmente, são atividades
mais localizadas e realizadas no gradil costal, que contém órgãos vitais, como o coração,
pulmões, pericárdio e grandes vasos. Estes exercícios visam proporcionar melhor capa-
cidade respiratória (também chamada de ventilatória), extração de secreção, melhora da
dispneia (distúrbio da respiração conhecido popularmente como “falta de ar”), entre outros.
Nos pneumopatas e cardiopatas crônicos, a intolerância ao exercício provoca o
declínio do estado de saúde, além do descondicionamento físico, no qual fatores como
hipóxia, estresse oxidativo, alteração nutricional, eventual efeito farmacológico adverso e o
desuso pela falta de atividade física possivelmente induzirão a alterações musculares, tanto
nos músculos ventilatórios quanto nos membros inferiores. (SARMENTO, 2012).
O paciente pneumopata crônico apresenta caracteristicamente:
- Disfunção ventilatória pela obstrução ventilatória;
- Dispneia;
- Diminuição da capacidade de exercício;
- Descondicionamento.
O exercício terapêutico é uma das metodologias utilizadas para tratar estes pacien-
tes, tanto pneumopatas quanto cardiopatas, sendo ele organizado por meio de estratégias
específicas. O treinamento terapêutico melhora as capacidades físicas, táticas e psíquicas
do indivíduo (SARMENTO, 2012).
2.2 Teste como base para o programa de exercícios
O nível de desempenho no teste de preparo físico baseia-se na captação submá-
xima ou máxima de oxigênio (VO2máx) ou na captação de oxigênio limitada pelos sintomas.
Normalmente é chamado de teste de esforço.
2.3 Determinantes do programa de exercícios
O treinamento de resistência efetiva para qualquer tipo de população deve produzir
melhora do condicionamento ou resposta cardiovascular. Estimular a resposta cardio-
vascular é dependente de quatro elementos críticos do exercício: intensidade, duração,
frequência e tipo de exercício.
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2.3.1 Intensidade
Determinar a intensidade apropriada do exercício é baseada nos princípios da
sobrecarga e da especificidade. O primeiro se refere a sobrecarga, que é um estresse cau-
sado num organismo que é maior do que aquele que regularmente é imposto a ele, durante
seu dia a dia. Para melhorar a resistência cardiovascular e muscular, uma sobrecarga deve
ser aplicada a estes sistemas. A carga do exercício (sobrecarga) deve ser maior do que o
limite de estímulo de treinamento (o estímulo que estimula o treinamento ou a resposta de
condicionamento) para que a adaptação ocorra. Assim, uma vez que a adaptação ocorra e
se estabilize, a intensidade de treinamento (carga do exercício) deve ser aumentada para
aquele indivíduo para que se alcance nova melhora/evolução.
A intensidade de um exercício aeróbio deve ser grande o suficiente para estimular
um aumento no volume sistólico e no débito cardíaco, e para aumentar a circulação local
e o metabolismo aeróbio nos grupos musculares apropriados (KISNER e COLBY, 2016).
2.3.2 Duração
Uma ótima duração de exercício para o condicionamento cardiovascular é depen-
dente do trabalho total executado, intensidade do exercício e frequência, além do nível de
condicionamento físico. Quanto maior é a intensidade do exercício, menor é a duração
necessária para a adaptação; e quanto menor a intensidade do exercício, maior a duração
necessária.
2.3.3 Frequência
Não há um padrão mais efetivo em relação a frequência do exercício para que as
adaptações ocorram. Este parâmetro pode ser um fator menos importante do que a intensi-
dade ou a duração no treinamento, além do que varia dependendo da saúde e da idade da
pessoa. Porém, a frequência ótima de treinamento é, em geral, de 3 a 4 vezes por semana.
2.3.4 Tipo de exercício
Cada atividade ou exercício demanda um certo consumo de VO2máx e de capacidade
muscular específica. Desta forma, uns são diferentes dos outros: o princípio da especifi-
cidade. Desta forma, alguns que têm maior demanda energética, normalmente provocam
maior adaptação.
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2.4 Programa de exercícios
Um programa de exercícios cuidadosamente planejado pode resultar em níveis
mais altos de preparo físico para uma pessoa saudável, tornar mais lenta a diminuição
na capacidade funcional do idoso e recondicionar aqueles que estiverem doentes ou têm
doenças crônicas. Ele é composto por três componentes: O aquecimento, o exercício aeró-
bio propriamente dito e o desaquecimento.
2.4.1 Período de aquecimento
Toda atividade aeróbia deve iniciar com um período de tempo em que há preparação
de todos os sistemas corporais para a atividade propriamente dita, visto que, fisiologica-
mente, existe um atraso entre o início da atividade e os ajustes corporais necessários para
suprir os requerimentos físicos do corpo. Objetiva-se assim, favorecer os inúmeros ajustes
que precisam ocorrer antes da atividade física.
O aquecimento deve ser gradual e suficiente para aumentar a temperatura muscular
e central sem causar fadiga ou reduzir as reservas de energia. Normalmente um período de
10 minutos com movimentos corporais totais já são suficientes (KISNER e COLBY, 2016).
2.4.2 Período de exercício aeróbio propriamente dito
Refere-se a parte de condicionamento do programa de exercícios. É necessário
atentar-se aos parâmetros já descritos aqui, como intensidade, frequência, duração e o
modo do programa, pois estes promovem importante impacto na atividade.
Há variados tipos de programas de exercícios descritos na literatura, sendo os mais
comuns: o treinamento contínuo, o com intervalos, em circuito e em circuito com intervalos.
2.4.3 Período de desaquecimento
Similar ao aquecimento, o período de desaquecimento deve durar entre 5 a 10
minutos e consiste em movimentos corporais globais e alongamento estático. Objetiva-se
com ele prevenir o acúmulo de sangue nas extremidades, a ocorrência de desmaios pelo
aumento de sangue para o coração e o cérebro à medida que o débito cardíaco e o retorno
venoso diminuem, favorecer o período de recuperação e prevenir isquemia do miocárdio
(KISNER e COLBY, 2016).
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2.5 Exercícios respiratórios
A cinesioterapia respiratória contempla o conjunto de ações terapêuticas, de ca-
racterísticas ativas ou passivas, instrumentais ou não, que objetiva viabilizar a reabilitação
funcional de todo o sistema respiratório. Busca-se a expansão e insuflação dos pulmões,
a otimização de toda a mecânica pulmonar, das trocas gasosas e consequentemente da
captação e transporte dos gases e até mesmo do controle químico e não químico da venti-
lação (SARMENTO, 2012).
A utilização de técnicas de reeducação funcional respiratória (por exemplo, exer-
cícios ou padrões ventilatórios com preconização de ação muscular), fortalecimento, alon-
gamento e relaxamento têm sido instituídos amplamente na área. Vamos conhecer alguns
exercícios mais frequentes utilizados.
2.5.1 Exercício diafragmático
No exercício diafragmático prioriza-se a atividade deste importante músculo da respira-
ção, visto que o fisioterapeuta pretende possibilitar e melhora da ventilação na região de bases
pulmonares, aumentar a capacidade residual funcional e o volume de reserva inspiratório.
Podem ser adotadas diferentes posições, porém sempre respeitando as condições
clínicas dos pacientes. Ao iniciar o exercício, durante a fase inspiratória, o paciente deve
realizar uma inspiração, preferencialmente nasal e profunda, sem utilização de musculatura
acessória, observando-se durante essa fase a elevação da parede abdominal. Eventual-
mente, pode ser acrescentado o toque de uma das mãos do terapeuta na região abdominal
com o intuito de orientar a prática (SARMENTO, 2012).
2.5.2 Exercício intercostal
Já neste exercício, preconiza-se a atividade da musculatura intercostal, ou seja,
aqueles músculos que se encontra entre as costelas, tão relevantes para a respiração. Com
ele, preconiza-se aumentar a ventilação pulmonar em zonas mediais e laterais e, concomi-
tantemente, aumentar a capacidade residual funcional e o volume de reserva inspiratório.
O paciente é posicionado em decúbito dorsal elevado ou em sedestação (sentado)
e a partir daí, instrui-o a realizar um padrão ventilatório de predomínio diafragmático e, após
a expiração, solicita-se a realização de uma inspiração nasal, procurando deslocar toda a
região superior do tórax, seguida de expiração oral suave (SARMENTO, 2012).
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2.5.3 Soluços inspiratórios
Neste exercício, o paciente deve inspirar pequenos e sucessivos volumes de ar
até que se alcance a capacidade inspiratória máxima. Neste tipo de exercício, objetiva-se
proporcionar o aumento da ventilação nas zonas basais, com elevação da capacidade e
doa tempo inspiratório (SARMENTO, 2012).
2.5.4 Inspiração em tempos
Durante a execução do exercício chamado de inspiração em tempos, o fisiotera-
peuta solicita ao paciente que realize sucessivos volumas inspiratórios intercalados com
uma pausa inspiratória com duração mínima de 6 segundos, tempo necessário para a
distribuição do ar no interior dos pulmões, já que neles há unidade alveolares de tamanhos
diferentes e de constantes de tempos diferentes. Objetiva-se proporcionar a melhora da
complacência torácica e pulmonar, bem como a otimização da capacidade inspiratória
(SARMENTO, 2012).
2.5.5 Expiração abreviada
No exercício de expiração abreviada, o paciente é orientado a realizar inspirações
fracionadas e intercaladas por breves expirações, até que se atinja a capacidade pulmonar
total (CPT). Seu objetivo é aumentar o volume pulmonar e o tempo inspiratório. Inspira-se
pelo nariz e em seguida expira-se uma pequena quantidade de ar, de forma oral, e em
seguida volta-se a inspirar (SARMENTO, 2012).
2.5.6 Exercícios de expansão torácica localizada
Estes exercícios objetivam aumentar a ventilação pulmonar nas regiões em que há
maior deslocamento da caixa torácica. O posicionamento das mãos do fisioterapeuta no
tórax do paciente determina a denominação específica do exercício, pois elas irão melhorar
a propriocepção e percepção do indivíduo para que a expansão do tórax ocorra mais espe-
cificamente naquela região. Pode ser torácica inferior unilateral, torácica inferior bilateral,
apical ou torácica póstero-inferior.
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SAIBA MAIS
O fisioterapeuta especialista em Cardiovascular, em Fisioterapia Respiratória ou em Te-
rapia Intensiva detém variados recursos para tratamento dos pacientes com disfunções
nos sistemas cardiovascular e pulmonar. É um profissional muito valorizado e em tem-
pos de pandemia foi considerado como essencial, pois é ele que trata as disfunções
neste sistema tanto em ambiente hospitalar, inclusive nas unidades de terapia intensiva
quanto no ambulatório, dando atenção as consequências do acometimento do vírus da
Covid-19. Alguns recursos são drenagem postural, vibrocompressão, tapotagem, desin-
suflação pulmonar, reexpansão pulmonar, alongamento, resistência e fortalecimentos
dos músculos respiratórios, reequilíbrio tóracoabdominal, drenagem autogênica, técni-
cas inspiratórias e expiratórias, tosse, aspiração endo e nasotraqueal, shaker e Flutter,
Ventilação mecânica invasiva e não invasiva, técnicas de remoção de secreções brôn-
quicas, respiron e técnica de insuflação pulmonar.
Fonte: SARMENTO, J. V. Recursos em Fisioterapia Cardiorrespiratória. Barueri, SP: Manole, 2012.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dois assuntos muito relevantes para a prática clínica do fisioterapeuta foram
abordados nesta unidade, apesar de serem assuntos bem diferentes. O alongamento se
configura como uma técnica cinesioterapêutica eficiente na redução de várias disfunções
encontradas em indivíduos que buscam o tratamento fisioterapêutico. Vimos que ele é rea-
lizado conforme a necessidade do paciente e especialmente posterior a uma avaliação de
verificação de seu possível encurtamento, o que pode retrair a unidade músculotendínea,
provocar limitação de movimento articular, algia e disfunção do movimento, que impacta
diretamente na execução de atividades de vida diária e/ou profissionais.
Estudamos que há possibilidades de execução do alongamento, ou seja, tipos ou
estratégias, visto que a variação de técnicas é muito importante para o fisioterapeuta. Tam-
bém nesta unidade observamos que o treinamento aeróbio e os exercícios respiratórios,
uma das estratégias de tratamento para pacientes com disfunções nos sistemas cardio-
vascular e pulmonar. Estes pacientes apresentam disfunções bastante diferentes daqueles
com encurtamento muscular específico, por exemplo.
A dispneia, a disfunção pela obstrução ventilatória, a diminuição da capacidade de
exercício e o descondicionamento são alguns dos sinais que estes indivíduos apresentam,
os exercícios aeróbios e respiratórios se configuram como possibilidades de tratamento
destes, ainda mais em tempos de pandemia e pós-pandemia, visto que muitos dos in-
divíduos que foram infectados apresentam consequências físicas e disfuncionais nestes
sistemas. O fisioterapeuta é o profissional habilitado e capacitado para cuidar destes casos.
Assim, julgamos que esta segunda unidade tenha revelado importantes funda-
mentos e técnicas sobre estes dois assuntos, é necessário compreendê-los para subsidiar
novos conhecimentos que virão em outras disciplinas.
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LEITURA COMPLEMENTAR
Artigo 1: Efeitos dos exercícios de alongamento
muscular no tratamento da fibromialgia: uma revisão sistemática
RESUMO: Objetivo: O presente trabalho tem como objetivo sistematizar evidências
científicas sobre a utilização dos exercícios de alongamento muscular no tratamento da
fibromialgia (FM). Metodologia: Foi realizado a partir de consulta retrospectiva, sem limite
cronológico e linguístico, às bases de dados MedLine, LILACS, SciELO e PEDro, além
da ferramenta de busca PubMed. A coleta foi realizada por dois revisores independentes,
em outubro de 2012, sendo a estratégia de busca formulada por meio do cruzamento de
descritores e termos relevantes para o tema nos idiomas inglês, português e espanhol.
Foram incluídos ensaios clínicos randomizados (ECRs) compostos apenas por pacientes
com diagnóstico clínico de FM e com exercícios de alongamento muscular como medida
terapêutica em pelo menos um dos grupos de intervenção. Os estudos incluídos foram
avaliados quanto à qualidade metodológica por meio da escala PEDro, e suas referên-
cias bibliográficas, analisadas, para se destacar fontes adicionais. A busca totalizou 6.794
artigos. Cinco artigos foram selecionados, sendo um deles excluído por apresentar baixa
qualidade metodológica. A dor foi avaliada por unanimidade. O método e o tempo das
intervenções variaram amplamente, houve falta de menção de parâmetros na utilização
dos alongamentos e ausência de exames físicos específicos. Resultados: Houve melhora
significativa em todos os estudos quanto à dor, além de aspectos relacionados a qualidade
de vida e condição física. Conclusão: É evidente a importância do alongamento muscular no
tratamento da FM, porém observa-se a necessidade de novos estudos para se estabelecer
os reais benefícios da técnica, visto que a maioria dos trabalhos publicados apresenta baixa
qualidade metodológica e ausência de padronização quanto ao uso desse recurso.
Fonte: LORENA, S. B.; LIMA, M. C. C.; RANZOLIN, A.; DUARTE, A. L. B. P. E. Efeitos dos exercí-
cios de alongamento muscular no tratamento da fibriomialgia: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de
Reumatologia. v. 55 n. 02. p. 167-173, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbr/a/CrPnXWSqjrx8pRT-
dpzxNyDR/?lang=pt. Acesso em: 16 ago. 2021.
UNIDADE
UNIDADE I II Introdução
Alongamento Muscular, Treinamento
à Cinesioterapia: Aeróbio
Os Fundamentos e Exercícios
Teóricos e Tipos deRespiratórios
Exercícios 59
Artigo 2: Alongamento balístico versus sustentar e relaxar:
comparação do ganho imediato e após 24 horas
RESUMO: Dentre os métodos de alongamento mais utilizados na prática clínica,
encontram-se os métodos balístico e facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) através
da técnica de sustentar-relaxar. Poucos estudos analisaram por quanto tempo as alterações
na amplitude de movimento (ADM) decorrentes da intervenção permanecem ou compara-
ram a efetividade de dois tipos de carga sobre este tempo. Sendo assim, o objetivo deste
estudo foi comparar qual método de alongamento aplicado à musculatura isquiotibial, dentre
balístico e FNP do tipo sustentar-relaxar, é mais eficaz no ganho de ADM e na manutenção
deste após 24 horas. Participaram do estudo 19 adultos jovens saudáveis. A avaliação da
ADM foi realizada através da fotogrametria antes, imediatamente após e 24 horas após a
intervenção. Os métodos de alongamento foram aplicados de forma randomizada em uma
sessão. Através dos resultados foi possível verificar que ambas as técnicas foram capazes
de aumentar a ADM imediatamente após a aplicação (p = 0,001 para o balístico e p = 0,001
para o sustentar-relaxar) e manter por 24 horas após a aplicação (p = 0,023 para o balístico
e p = 0,022 para o sustentar-relaxar). No entanto, na comparação entre os métodos, não
houve diferença no ganho de ADM obtido. Confirma-se, portanto, a equivalente efetividade
de ambos os métodos na obtenção e manutenção do ganho de ADM.
Fonte: FERREIRA, T.; PIZZOLATTI, A. L. A.; FONTANA, H. B.; POLIDORO, B. S.; SILVA, C. D. C.
Alongamento balístico versus sustentar e relaxar: comparação do ganho imediato e após 24 horas. Fisio-
terapia Brasil. v. 11 n. 02. p. 128-132, 2010. Disponível em: https://portalatlanticaeditora.com.br/index.php/
fisioterapiabrasil/article/view/1354 Acesso em: 16 ago. 2021.
Artigo 3: A Influência do número de séries e tempo do
Alongamento estático sobre a flexibilidade dos músculos
isquiotibiais em mulheres sedentárias
RESUMO: Introdução e objetivo: Os exercícios de alongamento são frequentemen-
te utilizados em programas de reabilitação na área desportiva, porém, a duração ideal e o
número de series ainda não foram determinados. O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos
de 10 series de 30 segundos e três series de três minutos de alongamento estático passivo
na flexibilidade dos músculos isquiotibiais, comparando diferentes volumes de alongamen-
UNIDADE
UNIDADE I II Introdução
Alongamento Muscular, Treinamento
à Cinesioterapia: Aeróbio
Os Fundamentos e Exercícios
Teóricos e Tipos deRespiratórios
Exercícios 60
to dentro de 10 minutos. Além disso, verificar se existe diferença entre os dois programas
de alongamento ao término do protocolo e após cinco meses. Métodos: 25 mulheres (17
a 25 anos) foram distribuídas aleatoriamente em três grupos: grupo GC (controle), G30 e
G3. O G30 alongou 10 X 30 segundos e o G3 3 X 3 minutos. O alongamento foi realizado
por meio de um sistema de polias, utilizando-se 10% do peso corporal da voluntária. Este
protocolo durou 6 semanas. As mensurações foram feitas no início do protocolo (Av1), após
seis semanas (Av2) e após cinco meses (Av3). Foi mensurada a amplitude de movimento
(ADM) de extensão do joelho com 90o de flexão do quadril. A análise de variância (Anova)
com dois fatores cruzados de medidas repetidas foi usada com nível de significância de
5% (p ≤ 0,05). Resultados: Não houve diferença estatisticamente significante na ADM de
joelho entre 30 segundos (G30) e três minutos (G3) após seis semanas (Av2) (p > 0,05) e
após cinco meses (Av3) (p > 0,05). Tanto o G30 quanto o G3 apresentaram aumento da
flexibilidade ao término do protocolo (Av1xAv2) (p < 0,05) e após cinco meses (Av1xAv3) (p
< 0,05). Conclusões: Dez series de 30 segundos e três series de três minutos podem au-
mentar a flexibilidade dos isquiotibiais e manter a flexibilidade adquirida após cinco meses
do término da intervenção.
Fonte: MILAZZOTTO, M. V.; CORAZZINA, L. G.; LIEBANO, R. E. A Influência do número de séries
e tempo do Alongamento estático sobre a flexibilidade dos músculos isquiotibiais em mulheres sedentárias.
Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 15 n. 06. p. 420-423, 2009. Disponível em: https://www.scielo.
br/j/rbme/a/Jy8S99XJ8dtY6hvFFQdkNDs/abstract/?lang=pt. Acesso em: 16 ago. 2021.
Artigo 4: Influência do intervalo de tempo entre as sessões
de alongamento no ganho de flexibilidade dos isquiotibiais.
RESUMO: Contexto: A otimização do treino de flexibilidade está relacionada com
o uso de parâmetros adequados de alongamento. Entretanto, o intervalo de tempo ade-
quado entre as sessões de alongamento tem sido pouco investigado. Objetivo: Verificar
se a variação no intervalo de tempo entre sessões de alongamento influencia no ganho
de flexibilidade. Métodos: 28 mulheres, com idade de 22,5 ± 1,8 anos, foram distribuídas
aleatoriamente em três grupos. Aplicaram-se 10 sessões de alongamento nos isquiotibiais
do membro direito. O grupo 0X (n = 8) foi o controle e não recebeu alongamento. O grupo
3X (n = 10) alongou três vezes por semana (intervalo de 48 horas) e o grupo 5X (n = 10),
cinco vezes (intervalo de 24 horas). Aplicaram-se 10 sessões de alongamento (sustentar-
UNIDADE
UNIDADE I II Introdução
Alongamento Muscular, Treinamento
à Cinesioterapia: Aeróbio
Os Fundamentos e Exercícios
Teóricos e Tipos deRespiratórios
Exercícios 61
-relaxar) nos isquiotibiais direitos. As medidas foram tomadas por análise fotométrica no
programa AutoCad® 2000. A análise estatística foi realizada com ANOVA e teste post hoc
de Newman-Keuls adotando um p-valor referencial de 0,05. Resultados: Após 10 sessões,
identificou-se aumento da flexibilidade nos grupos experimentais, porém sem diferença en-
tre estes. O grupo 3X aumentou significativamente a partir do 10o dia do programa (quinta
sessão) e o grupo 5X, a partir do terceiro (terceira sessão). Conclusões: O alongamento
aumenta a flexibilidade dos isquiotibiais, independente do tempo entre as sessões (24 ou
48 horas); e a variável tempo não influencia o ganho de flexibilidade total. Porém, com cinco
sessões semanais, ganha-se flexibilidade mais rapidamente. Isso sugere que o ganho de
flexibilidade é sessão-dependente.
Fonte: GAMA, Z. A. S.; DANTAS, A. V. R.; SOUZA, T.O. Influência do intervalo de tempo entre as
sessões de alongamento no ganho de flexibilidade dos isquiotibiais. Revista Brasileira de Medicina do
Esporte. v. 15 n. 02. p. 110-114, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbme/a/YJVczhGfJPmrjGDBKh-
fkhZs/?lang=pt. Acesso em: 16 ago. 2021.
UNIDADE
UNIDADE I II Introdução
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Os Fundamentos e Exercícios
Teóricos e Tipos deRespiratórios
Exercícios 62
MATERIAL COMPLEMENTAR
FILME / VÍDEO
Título: Princípios do Treinamento Físico #4 – Princípio da especificidade
Ano: 2013
Sinopse: Vídeo do canal voltado ao Princípio da especificidade.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=RCYqItnuvRE
LIVRO
Título: Recursos em Fisioterapia Cardiorrespiratória
Autor: George Jesse Vieira Sarmento.
Editora: Manole, 2012.
Sinopse: A obra, elaborada junto a autores brasileiros e estrangei-
ros, conta com uma grande diversidade de recursos instrumentais
e não instrumentais utilizados em fisioterapia cardiorrespiratória.
O objetivo é oferecer a terapeutas cardiorrespiratórios e a alunos
de fisioterapia uma visão abrangente da área, com informações
detalhadas sobre procedimentos e manobra, transmitindo o co-
nhecimento de renomados profissionais. Sobre o autor: George
Sarmento é coordenador e supervisor do Curso de Especialização
em Fisioterapia Cardiorrespiratória do Hospital Nossa Senhora de
Lourdes. Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Ventilação
Mecânica da Faculdade Nossa Senhora de Lourdes. Sumário
resumido: - Drenagem postural - Vibrocompressão - Reexpansão
pulmonar - Bases do método reequilíbrio toracoabdominal - Cine-
sioterapia respiratória - Drenagem autogênica - Aspiração endo e
nasotraqueal - Técnicas expiratórias lentas - Técnicas expiratórias
forçadas.
UNIDADE
UNIDADE I II Introdução
Alongamento Muscular, Treinamento
à Cinesioterapia: Aeróbio
Os Fundamentos e Exercícios
Teóricos e Tipos deRespiratórios
Exercícios 63
UNIDADE III
Treinamento de Força, Potência
e Resistência Musculares
Professor Dr. Andrey Rogério Campos Golias
Plano de Estudo:
● Fundamentação da Força, potência e resistência;
● Exercícios de Força, potência e resistência.
Objetivos da Aprendizagem:
● Fundamentar o uso do treinamento da força, potência e resistência
muscular à fadiga, estabelecendo as diferenças entre elas;
● Estabelecer a importância destas atividades na prática diária do fisioterapeuta;
● Conhecer alguns exercícios terapêuticos de força,
potência e resistência muscular à fadiga.
64
INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo a Unidade III da disciplina de Cinesioterapia. Possivelmente, os
assuntos que estão sendo tratados aqui são aqueles que proporcionam mais aplicabilidade
na prática diária do profissional do movimento: os exercícios terapêuticos de força, potência
e resistência musculares. É verdade que já vimos uma introdução deles (na Unidade I)
quando discutimos os exercícios ativo-resistidos, porém neste momento iremos aprofundar
sua fundamentação e sua aplicabilidade prática, inclusive explicitando alguns exemplos e
metodologias utilizadas.
Caracteristicamente, o exercício que impõe uma resistência a um determinado seg-
mento, parte do corpo ou até mesmo aqueles mais gerais, pretende gerar uma adaptação
com consequente ganho de força, potência ou resistência muscular à fadiga. Isto se torna
bastante relevante em muitos processos de Reabilitação, visto que é necessário treinar
atividades funcionais de vida diária nos indivíduos devido ao fato de que me muitas delas
há a resistência imposta.
Quando pegamos um objeto pesado no chão e guardamos em determinado guarda
roupa, por exemplo, necessitamos ter capacidade de geração de força nos músculos das
pernas para agachar-se, no tronco para nos mantermos estáveis no centro e nos membros
superiores para pegar, segurar o objeto e levá-lo ao local de interesse. O próprio movimento
de deslocamento para a frente (marcha ou deambulação) é uma atividade que dispende
energia, em que esforços musculares são necessários.
Por isso que muitas crianças com disfunções sensório motoras não iniciam este
processo no período normal do desenvolvimento neuropsicomotor (que seria por volta dos
10 aos 12 meses de idade). Portanto, o treinamento deste tipo de atividade, em que uma
imposição de uma carga irá permitir esta evolução clínica, torna-se fundamental em muitas
ações fisioterapêuticas.
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 65
1. FUNDAMENTAÇÃO DA FORÇA, POTÊNCIA E RESISTÊNCIA A FADIGA
Define-se desempenho muscular como a capacidade do músculo de produzir tra-
balho (força x distância), sendo ele um componente complexo do movimento funcional.
É influenciado por todos os sistemas corporais (KISNER e COLBY, 2016). Vários fatores
afetam o desempenho muscular sendo eles:
- Qualidades morfológicas do músculo;
- Influências neurológicas;
- Bioquímicas;
- Biomecânicas;
- Funções metabólicas;
- Cardiovasculares;
- Respiratórias;
- Cognitivas;
- Emocionais.
Para que uma pessoa possa antecipar, responder e controlar as forças aplicadas
ao corpo, assim como desempenhar as demandas físicas diárias de modo eficiente e se-
guro, os músculos de nosso corpo necessitam ser capazes de produzir, sustentar e regular
a tensão muscular, para o fim de sustentar aquelas demandas (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 66
Os elementos fundamentais do desempenho muscular são a força, potência e re-
sistência a fadiga. Quando uma destas áreas está comprometida, podem ocorrer limitações
na execução de atividades (disfunções ou limitações funcionais) e restrições a participação
(incapacidade) ou um risco aumentado de disfunções. Uma lesão articular, uma fratura,
uma doença crônica, imobilização, desuso e inatividade podem provocar esse compro-
metimento no desempenho muscular, o que leva a fraqueza e atrofia muscular. É neste
foco que os exercícios terapêuticos resistidos são considerados como a intervenção ideal
para melhorar o uso integrado da força, da potência e da resistência muscular, pois isso
vai reduzir o risco de lesões ou recidivas de lesão e potencializarão o desempenho físico
(KISNER e COLBY, 2016).
É importante relatar que tanto a falta de força quanto a atrofia muscular são
parâmetros fundamentais para serem acessados durante a avaliação fisioterapêutica. A
verificação da força de um músculo pode ser realizada através do teste muscular manual,
que é utilizado para determinar a capacidade de músculos ou de grupos musculares de
atuarem o movimento e sua capacidade de prover estabilidade e suporte. Posiciona-se o
paciente de forma que há estabilidade suficiente e impõe-se resistência àquele segmento
com o intuito de conhecer se aquele músculo ou grupo muscular consegue suportar aquela
resistência (KENDALL, et al. 2007).
Já a verificação do trofismo muscular é feito de outras formas: pela inspeção, pal-
pação ou até mesmo pela perimetria (Figura 1), sendo este último a forma mais fidedigna.
Trofismo muscular refere-se ao volume daquele músculo ou segmento (por exemplo, coxa)
e é diretamente dependente do uso daquela estrutura. Ou seja, se o músculo for fortemente
usado, por um praticante de esporte ou musculação, por exemplo, a tendência é do trofismo
aumentar (hipertrofismo).
Em contrapartida, em casos em que há desuso da musculatura, por exemplo em
acamados nas unidades de terapia intensiva hospitalar, há uma perda do trofismo (hipotro-
fismo ou atrofia). Assim, mesmo só ao observar (inspeção), é possível verificar a diferença
de volume dos músculos da coxa, por exemplo, pois compara-se um lado com o outro. Ao
palpar este músculo também é possível vislumbrar sua consistência e dureza.
Porém, é através da perimetria que obtemos o resultado mais objetivo, ou seja,
quantitativo. Refere-se a medida do perímetro daquele segmento, ou seja, envolve-se com
uma fita métrica o membro superior ou inferior daquele indivíduo numa posição especí-
fica pré-definida com o intuito de saber quantitativamente se há diferenças entre os dois
membros, e inclusive diferenças entre o início e o fim do tratamento em que técnicas que
possibilitariam a melhora do trofismo tenham sido instituídas.
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 67
FIGURA 1 - MEDIDA DO PERÍMETRO NA REGIÃO DO JOELHO
Como já vimos, aqueles que proporcionam melhora da força, potência e resistên-
cia à fadiga são os exercícios resistidos. São considerados aqueles ativos na qual uma
contração muscular dinâmica ou estática é resistida por uma força externa aplicada de
modo manual ou mecânico. Vários fatores influenciam o quão apropriado, efetivo e seguro
é um exercício ou treinamento resistido e o modo como os exercícios serão elaborados,
implantados e progredidos. Necessita-se levar em consideração muitos fatores, como a
própria patologia de base do indivíduo; a extensão e a gravidade dos comprometimentos no
desempenho muscular; a presença de outros déficits; o estágio de cicatrização dos tecidos
após uma lesão ou cirurgia; a idade do paciente; seu nível geral de preparo físico e sua
habilidade de cooperar e aprender (KISNER e COLBY, 2016).
Voltando a abordar os três elementos fundamentais do desempenho muscular, é
importante relatar que, como as demandas físicas do trabalho, da recreação e do cotidiano
normalmente envolvem os três aspectos, a maioria dos programas de treinamento que
abordam os exercícios resistidos visa obter um equilíbrio entre eles, de modo a atingir a
evolução nas necessidades dos indivíduos em questão, atingindo suas metas individuais.
1.1 Força muscular
Apesar de ser um termo geral, força muscular se refere a habilidade do tecido
contrátil de produzir tensão e uma força resultante baseada nas demandas colocadas
sobre o músculo. É a maior força mensurável que pode ser exercida por um músculo ou
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 68
grupamento muscular para vencer a resistência durante um esforço máximo único. Uma
força muscular insuficiente pode contribuir para grandes perdas funcionais, até mesmo nas
atividades de vida diária mais básicas (como tomar banho, caminhar, alimentar-se) (KISNER
e COLBY, 2016).
O treinamento da força muscular é um componente muito utilizado nos programas
de reabilitação ou condicionamento para pessoas de qualquer idade e níveis de habilidade,
inclusive as com déficits de ordens diversas. Frequentemente chamado de exercícios de
fortalecimento, é um procedimento sistemático em que o músculo ou grupamento muscular
levanta, abaixa ou controla cargas pesadas (resistência) em um número relativamente
baixo de repetições ou por um curto período de tempo. Alcança-se com estes exercícios
o aumento na capacidade do músculo de produzir força máxima, ou seja, o aumento na
força muscular como resultado de adaptações neurais e do aumento no tamanho das fibras
musculares (KISNER e COLBY, 2016).
1.2 Potência muscular
Este segundo aspecto do desempenho muscular relaciona-se com a força e a
velocidade do movimento. Define-se como o trabalho (força x distância) produzido por um
músculo por unidade de tempo (força x distância/tempo). Em termos práticos, é a rapidez
com que o trabalho é realizado. Dois são os importantes fatores que afetam a potência
muscular: a rapidez com que um músculo se contrai e produz uma força resultante e a rela-
ção entre força e velocidade. Exemplos práticos de atividade em que a potência é requerida
são: erguer uma mala bem pesada para colocá-la sobre um bagageiro alto ou realizar um
salto em altura (KISNER e COLBY, 2016).
Como vimos, várias atividades de vida diária contêm movimentos abruptos que
envolvem tanto força quanto velocidade, ou seja, potência. Portanto, o restabelecimento
desta pode integrar um programa de reabilitação, podendo ser uma prioridade ou não.
Em termos práticos e pensando no exercício de trabalho da potência muscular, quanto
maior a intensidade do exercício e menor o tempo gasto para gerar força, maior a potência.
Um exemplo clássico de trabalho de potência é o treinamento pliométrico (ou ciclos de
alongamento e encurtamento) (KISNER e COLBY, 2016).
O treinamento pliométrico é muito eficaz para o aumento de força e potência,
sendo que utiliza a capacidade de reação do sistema neuromuscular para aumentar os
ganhos na potência, partindo de uma contração excêntrica para uma concêntrica; essa
característica de potência se dá pelo treinamento do Ciclo Alongamento-Encurtamento
(CAE) (ALECRIM et al. 2019).
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 69
1.3 Resistência muscular à fadiga
Apesar de ser um termo bastante amplo, a resistência muscular à fadiga se refere
a habilidade de realizar atividades de baixa intensidade, repetitivas ou mantidas por um
período prolongado (KISNER e COLBY, 2016).
É importante relatar o que abordamos aqui nesta Unidade é a resistência muscular
à fadiga e não a cardiopulmonar. A resistência cardiopulmonar à fadiga associa-se a ativi-
dades motoras dinâmicas e repetitivas que envolvem o uso de músculos grandes do corpo,
tais como caminhar, andar de bicicleta, natação ou a prática de exercícios ergométricos
para os membros superiores (KISNER e COLBY, 2016).
Já a resistência muscular à fadiga se refere a habilidade de um músculo de con-
trair-se repetidamente contra uma carga (resistência), gerar e sustentar tensão e resistir à
fadiga durante um período extenso. Informação muito importante para o fisioterapeuta é o
fato de que: A manutenção do equilíbrio e do alinhamento apropriados dos segmentos do
corpo requer a manutenção do controle (resistência à fadiga) pelos músculos posturais. Esta
é uma característica relevante de algumas regiões corporais (KISNER e COLBY, 2016).
Vamos a um exemplo e relação clínica: Para que possamos usar nossos membros
superiores com eficiência, ou seja, pegar um objeto, realizar movimentos de carregar,
apertar, levantar, abaixar, cortar, amarrar, necessitamos dos movimentos dos membros
superiores. Porém, pra que isto seja possível, outras regiões precisam ser estabilizadas,
neste caso a região escapular e o tronco como um todo. Imagine se isto não acontecesse, o
movimento do membro superior seria disforme, ineficiente. Portanto, enquanto realizamos
alguma tarefa específica com o braço, vários músculos e grupamentos musculares desem-
penham contração isométrica para manter a estabilidade daquela região. Estes músculos
necessitam, portanto, muito mais de resistência muscular à fadiga do que força ou potência.
Este é o fundamento primordial de todas as técnicas posturais que o fisioterapeuta lança
mão nos seus tratamentos: a atividade isométrica.
Assim, embora força e resistência muscular à fadiga, como elementos do desem-
penho muscular estejam associadas, elas nem sempre se relacionam diretamente. O fato
de um grupo muscular ser forte não exclui a possibilidade da resistência à fadiga deste
mesmo grupo estar comprometida. Vamos a um exemplo: Um forte trabalhador consegue
levantar sem dificuldade um objeto de 5 quilogramas algumas vezes, porém pode ser que
não seja capaz, ou seja, não apresente resistência muscular à fadiga suficiente nos mem-
bros superiores, nos músculos estabilizadores do tronco e dos membros inferiores para
levantar objetos de mesmo peso várias centenas de vezes durante um dia de trabalho, sem
fadiga ou risco de lesão (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 70
1.4 Princípio da sobrecarga
Este é um dos princípios mais importantes para a compreensão da importância da
prescrição de exercícios terapêuticos de força, potência e resistência a fadiga. Para que o
desempenho muscular melhore, é necessário aplicar uma carga que exceda a capacidade
metabólica do músculo; ou seja, o músculo precisa ser desafiado a trabalhar em um nível
mais alto do que está acostumado. Se a demanda for constante depois de o músculo ter se
adaptado, o nível de desempenho muscular pode ser mantido, porém, não será aumentado
(KISNER e COLBY, 2016).
Através deste princípio, impõe-se cargas progressivas sobre o músculo, manipulan-
do, por exemplo, a intensidade ou o volume do exercício, sendo que entende-se como inten-
sidade como a resistência que é imposta a ele (peso, por exemplo) e volume como outras
variáveis: repetição, séries ou frequência do exercício (KISNER e COLBY, 2016). Veja bem:
- Para o treinamento de força, a quantidade de resistência aplicada ao músculo é
aumentada aos poucos e de forma progressiva;
- Para o treinamento de resistência à fadiga, busca-se enfatizar mais o aumento de
tempo daquela contração ou o número de repetições realizadas do que a resistência.
Torna-se importante relatar que o fisioterapeuta, muitas vezes, aplica o treinamento
de força, potência ou resistência à fadiga num segmento, músculo ou grupo muscular de
um indivíduo que é portador de uma patologia de base. Esta deve ser respeitada e cuidada,
visto que cada uma apresenta suas características distintas em relação as outras e ao
tecido considerado normal. Além disso, há a idade do paciente, o estado de cicatrização
dos tecidos, a fadiga, as habilidades e as metas gerais do paciente, que devem ser sempre
consideradas no processo. Um paciente mais idoso, por exemplo, responde mais lenta-
mente aos estímulos, pode apresentar osteoporose, e por isso, a carga deve ser imposta
de forma mais cuidadosa e talvez até mais lentamente do que num indivíduo jovem.
1.5 Princípio AEDI
Da sigla: Adaptação específica às demandas impostas, este princípio prega que a
especificidade é fundamental para a elaboração dos programas de exercícios terapêuticos.
Trata-se de uma extensão da Lei de Wolff (com o tempo, os sistemas corporais se adaptam
às cargas colocadas sobre eles) e se aplica a todos os sistemas do corpo. Baseia-se no fato
de que demandas específicas devem ser tratadas de forma específica, visto que, com este
treinamento, adequa-se mais as necessidades e metas funcionais (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 71
Desta forma, sempre que possível, os exercícios incorporados em um programa
devem simular a função que se espera melhorar. Por exemplo, se a atividade funcional
desejada requer mais resistência muscular à fadiga do que força, a intensidade e a duração
dos exercícios devem ser planejadas para melhorar a resistência muscular à fadiga (KIS-
NER e COLBY, 2016).
Além disso, a especificidade é considerada também com relação ao modo (tipo de
exercício), à velocidade do exercício, à posição do paciente ou membro (ângulo articular) e
ao padrão de movimento durante o exercício. Um exemplo seria: Se o objetivo é conseguir
subir e descer escadas, o treinamento realizado através dos exercícios deve ser feito de
modo excêntrico e concêntrico em um padrão de apoio de peso e progredidos para a velo-
cidade desejada.
1.6 Princípio da reversibilidade
Refere-se ao destreinamento, que se reflete por uma redução no desempenho
muscular. Começa após 1 ou 2 semanas da interrupção dos exercícios resistidos e con-
tinua até os efeitos do treinamento serem perdidos. Desta forma, é fundamental que os
ganhos de força e resistência à fadiga sejam incorporados às atividades diárias o mais
cedo possível em um programa de reabilitação, o que pode prevenir este destreinamento,
visto que o uso da musculatura se torna continuado. Além disso, é aconselhável que os
pacientes participem de um programa de manutenção destes parâmetros com exercícios
resistidos, um componente integral do programa de preparo físico permanente. Nós, como
fisioterapeutas, orientamos frequentemente que os indivíduos que estejam de alta da nossa
ação, realizem atividades orientadas com outros profissionais do movimento, como os da
educação física (KISNER e COLBY, 2016).
1.7 Fatores que influenciam a geração de tensão no músculo
esquelético normal
Alguns fatores, mas sempre muito relacionados, afetam a capacidade do músculo
esquelético de gerar a tensão necessária para controlar o corpo e realizar tarefas motoras,
o que incluem fatores morfológicos, biomecânicos, neurológicos, metabólicos e bioquími-
cos. Todos eles contribuem para a magnitude, duração e velocidade de produção de força
e para a resistência ou suscetibilidade do músculo à fadiga. Os fatores são:
- Área de secção transversa e tamanho do músculo, incluindo número e tamanho
das fibras musculares, sendo que quanto mais largo o diâmetro muscular, maior sua capa-
cidade de gerar tensão;
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 72
- Arquitetura muscular, arranjo e comprimento das fibras (também relacionado com o
diâmetro transverso do músculo), sendo que fibras curtas com desenho de pena e multipenado
nos músculos produzem forças elevadas (como o quadríceps, gastrocnêmio, deltoide e bíceps
braquial) e aqueles músculos com desenho longo e paralelo apresentam alta capacidade de
encurtamento, porém menor produção de força (por exemplo o Sartório e os lumbricais);
- A distribuição dos tipos de fibras no músculo, sendo do tipo I (tônicas, de contração
lenta) e tipo IIA e IIB (fásicas, de contração rápida), sendo que quando o músculo é composto
por altos percentuais de fibras do tipo I, há baixa produção de força, baixa velocidade de desen-
volvimento de força máxima e boa resistência à fadiga; porém aqueles em que o percentual de
fibras do tipo IIA e IIB é alto, há rápida produção de forças elevadas, porém rápida fadiga;
- A relação comprimento-tensão do músculo no momento da contração, sendo que
o músculo produz maior tensão quando está na posição fisiológica de repouso, ou perto
dela, no momento da contração;
- O recrutamento de unidades motoras, sendo que quanto maior o número de uni-
dades motoras e a sincronização dos disparos, maior é a produção de força;
- A frequência de disparos das unidades motoras, sendo que quanto maior a fre-
quência de disparo, maior a tensão;
- O tipo de contração muscular, sendo que a produção de força é maior na contração
muscular excêntrica, seguida da isométrica e depois da concêntrica;
- A velocidade da contração muscular (relação força-velocidade), sendo que na
contração concêntrica, quanto maior a velocidade, menor a tensão. Já na contração excên-
trica, quanto maior velocidade, maior a tensão;
- Outros fatores também descritos: reservas disponíveis de energia no músculo, in-
fluência da fadiga, a recuperação do exercício, a idade, o sexo e o estado psicológico/cognitivo
do paciente também afetam a habilidade do músculo de desenvolver e manter a tensão.
SAIBA MAIS
Estudos científicos publicados têm reforçado a prática de que, mesmo em idades avan-
çadas, a realização de exercícios resistidos têm consequências muito positivas na fun-
ção física e psicológica destes idosos (Figura 2).
Fonte: O autor (2021).
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 73
FIGURA 2 - IDOSO REALIZANDO EXERCÍCIO RESISTIDO
1.8 Adaptações fisiológicas ao exercício resistido
É importante relatar que a aplicação dos exercícios resistidos, tanto na reabilitação,
quanto nos programas de condicionamento impactam substancialmente em todos os siste-
mas do corpo. O exercício é importante tanto para aqueles pacientes com comprometimento
muscular e pessoas que desejam melhorar ou manter seu nível de preparo físico, quanto
para melhorar o desempenho ou reduzir o risco de lesões.
Quando são impostas resistências apropriadas, maiores do que as usuais, de forma
cuidadosa, há variadas respostas fisiológicas agudas e logo após, uma adaptação. Ou seja,
com o tempo, os sistemas do corpo se acomodam às demandas físicas recém-impostas.
São estas adaptações ao excesso de carga que criam alterações no desempenho muscu-
lar e, em parte, determinam a efetividade de um programa de treino resistido (KISNER e
COLBY, 2016).
1.8.1 Adaptações neurais
O ganho inicial rápido na capacidade do músculo esquelético de gerar tensão é
atribuído a adaptações neurais, ou seja, ocorre um aumento na atividade neural. Isto se
deve ao aprendizado motor e à melhora da coordenação e inclui aumento do recrutamento
de unidades motoras em disparo, assim como uma taxa e sincronização de disparo au-
mentadas. Há uma diminuição na função inibitória do Sistema Nervoso Central (SNC), na
sensibilidade do órgão tendinoso de Golgi (OTG) ou alterações na junção mioneural da
unidade motora (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 74
1.8.2 Adaptações do músculo esquelético
A capacidade do músculo de produzir tensão está diretamente relacionada com
a sua área de secção transversa (como já vimos aqui). Desta forma, a hipertrofia é um
aumento no tamanho (volume) de uma fibra muscular individual causado por um aumento
no volume miofibrilar. Tem sido relatado uma importante hipertrofia, em geral, de 4 a 8
semanas de treinamento com intensidade moderada a alta e em 2 a 3 semanas com inten-
sidade muito elevada (KISNER e COLBY, 2016).
Esta hipertrofia ocorre devido ao aumento na síntese de proteína e da diminuição
na degradação de proteínas (actina e miosina), sendo também associada a alterações
bioquímicas que estimulam a captação de aminoácidos (KISNER e COLBY, 2016).
Os exercícios excêntricos têm sido descritos como aqueles em que há maior sín-
tese de proteínas e, portanto, de hipertrofia, sendo moderados em grande volume. Além
disso, as fibras musculares do tipo IIB são aquelas que parecem aumentar de tamanho
mais prontamente com o treinamento resistido.
A hiperplasia também tem sido estudada como uma adaptação do músculo es-
quelético ao exercício resistido, sendo essa um aumento no número de fibras musculares.
Ainda não há um corpo de evidências que a determinam como fator primordial.
Em relação a adaptação dos tipos de fibras musculares, já vimos que aquelas do tipo
IIB parecem ser estimuladas mais prontamente à hipertrofia no treino pesado. Há também
um substancial grau de plasticidade nas fibras musculares com respeito às propriedades
contráteis e metabólicas. Assim, parece haver uma transformação do tipo IIB para o tipo IIA
com o treinamento de resistência física (KISNER e COLBY, 2016).
1.8.3 Adaptações vasculares e metabólicas
No caso do trabalho de força e potência, quando os músculos se hipertrofiam com
o treinamento de alta intensidade e baixo volume, a densidade dos leitos capilares diminui
devido ao aumento no número de miofilamentos por fibra. Já no caso da resistência à
fadiga, ocorre ao contrário. Também ocorre a diminuição na densidade de mitocôndrias,
devido a uma redução na capacidade oxidativas do músculo (KISNER e COLBY, 2016).
1.8.4 Adaptações dos tecidos conjuntivos
Parece que a força tênsil dos tendões, ligamentos e ossos aumenta com o treina-
mento resistido elaborado para melhorar a força ou a potência dos músculos. No caso dos
tendões, esta melhora ocorre na junção musculo-tendínea, local tão frequente em rupturas.
Isto se torna especialmente importante para o fisioterapeuta compreender que esta adapta-
ção previne estas complicações, quadros clínicos muito frequentes na prática clínica deste
profissional (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 75
REFLITA
Quem não conhece alguém que já sofreu ruptura de algum tendão? Os mais frequentes
na prática clínica do fisioterapeuta são: do manguito rotador no ombro, especialmente
do músculo supraespinhal, e do tendão calcâneo (do músculo tríceps sural, sendo gas-
trocnêmio e sóleo).
Fonte: O autor (2021).
Já nos ossos, acredita-se que o aumento de força advindo dos exercícios resistidos
se dê na interface ligamento-osso. Esta adaptação ocorre em resposta ao treinamento
resistido para suportar a força adaptativa e as mudanças no tamanho do músculo. O tecido
conjuntivo no músculo (em torno das fibras musculares) também fica mais espesso, dando
mais suporte às fibras alargadas.
Quanto aos ossos, há alta correlação entre força muscular e nível de atividade física
ao longo da vida com a variação da densidade mineral óssea. Assim, atividades físicas e
exercícios, especialmente aqueles em posições de apoio de peso são muito recomendados
para minimizar ou prevenir a perda óssea relacionada a idade. Isto reduz o risco de fraturas.
Com o aumento da expectativa de vida, a osteoporose é cada vez mais diagnos-
ticada, tanto em mulheres quanto em homens no mundo. Esta é uma doença metabólica
generalizada que se caracteriza por menor aposição óssea devido à insuficiência osteo-
blástica, com redução da massa óssea por unidade de volume e de etiologia multifatorial
(OCARINO e SERAKIDES, 2006).
1.9 Determinantes dos exercícios resistidos
Para determinar e indicar um programa de exercícios ou treinamento resistido
apropriado, efetivo e seguro, há muitas variáveis importantes a serem consideradas. Pri-
meiro ponto que deve ser abordado: O programa de treinamento resistido é uma parte da
reabilitação para pessoas com comprometimentos diversos no sistema esquelético, tanto
ortopédicos, traumáticos, neurológicos, pediátricos, cardiovasculares, dermatológicos,
entre outros; e inclusive em pessoas saudáveis deve ser visto como parte do treinamento.
Atividades de mobilidade, equilíbrio, propriocepção, entre outras também devem ter espaço
em programas que desejam melhora física.
Cada fator que será abordado aqui é um modo pelo qual o músculo pode ser pro-
gressivamente sobrecarregado para melhorar seu desempenho.
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 76
1.9.1 Alinhamento e estabilização
Determinantes fundamentais não apenas dos exercícios resistidos, um alinha-
mento correto e uma estabilização efetiva são elementos básicos para todo e qualquer
exercício controlado. Como vimos na Unidade II desta apostila, também são importantes
para os alongamentos.
Desta forma, quando se busca fortalecer um músculo ou grupamento muscular
específico (que também chamamos de músculo-alvo), deve-se evitar movimentos compen-
satórios, posicionar o corpo e alinhar o membro ou segmento de modo apropriado.
O alinhamento correto é determinado pela direção das fibras musculares e a linha
de tração do músculo-alvo. O paciente é posicionado de uma forma que a direção do seu
movimento simule a ação do músculo ou grupo muscular requerido para aquela atividade.
Exemplo muito relevante para a prática clínica se dá no fortalecimento do músculo glúteo
médio, sendo este um importante abdutor do quadril. O seu fortalecimento correto se dá
pelo movimento da abdução com leve extensão do quadril e resistência, com a pelve leve-
mente rodada para a frente, visto que suas fibras têm esta direção, além do que se a leve
flexão for imposta, outros músculos são focados, como o tensor da fáscia lata, por exemplo
(KISNER e COLBY, 2016).
O bom alinhamento em relação a gravidade também se configura como importante
para que a sobrecarga no músculo-alvo ocorra de forma coerente e fisiológica. O paciente
ou o membro deve ser posicionado de modo que o músculo que está sendo fortalecido se
contraia contra a resistência da gravidade, acrescido da resistência externa, por exemplo,
pesos ou resistência elástica, dependendo da condição em que o indivíduo se encontra.
Tomando como base o mesmo exemplo do fortalecimento do glúteo médio, o exercício
deve ocorrer em decúbito lateral para que a abdução ocorra por meio da ADM completa
contra a gravidade e, se for o caso, da resistência extra (KISNER e COLBY, 2016).
A estabilização se refere a manutenção estável do corpo ou de um dos seus seg-
mentos. Assegura-se assim, uma boa ação muscular e o padrão de movimentos corretos,
assim como evitar movimentos compensatórios indesejados (KISNER e COLBY, 2016).
A estabilização pode ser externa ou interna, sendo que a primeira pode ser aplicada
manualmente pelo fisioterapeuta, pelo próprio paciente, ou por faixas e bandas, por super-
fícies estáveis com apoio firme, encosto de uma cadeira, por exemplo. Já a estabilização
interna é obtida pela contração isométrica de um grupamento muscular adjacente que não
participa do padrão do movimento específico, mas mantém firmemente no lugar o segmen-
to do corpo em que está a inserção proximal do músculo-alvo. Por exemplo, ao realizar-se
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 77
uma elevação das duas pernas com os joelhos estendidos na posição do decúbito dorsal
(flexão bilateral dos quadris com os joelhos estendidos), os músculos abdominais se con-
traem para estabilizar a pelve e a região lombar da coluna vertebral enquanto os flexores
do quadril levantam as pernas (KISNER e COLBY, 2016).
1.9.2 Intensidade
Refere-se a carga imposta a atividade. Se a resistência for fixa, pode ser vista como
a quantidade de resistência (peso) imposta ao músculo em contração durante cada repeti-
ção de um exercício. Vale lembrar que o peso fixo (por exemplo, de 3 quilogramas) não é
a única forma de resistência a ser imposta nos exercícios resistidos. A resistência elástica
tem sido fortemente utilizada nos processos reabilitativos gerais e específicos, além da
resistência manual do fisioterapeuta, resistência hidráulica, pneumática, isocinética, entre
outras (KISNER e COLBY, 2016).
É importante lembrar que já discutimos aqui o princípio da sobrecarga, sendo que para
que um músculo melhore em desempenho, é necessário ser sobrecarregado até uma quanti-
dade maior do que cargas habituais. Assim, um modo de sobrecarregar progressivamente um
músculo é aumentar, de forma gradual, a quantidade de resistência usada no programa.
Vale ressaltar aqui que, a intensidade do exercício resistido nunca deve ser elevada
a ponto de causar dor, visto que os riscos cardiovasculares aumentam substancialmente.
É necessária uma manutenção do padrão do movimento e uma respiração rítmica em cada
repetição dos exercícios para minimizar estes riscos cardiovasculares.
Existem várias formas de determinar a carga de um exercício resistido. A repetição
máxima é a que iremos abordar aqui. Relatado por DeLorme, uma repetição máxima (RM)
é definida como a maior quantidade de peso (carga) que um músculo pode mover ao longo
da ADM disponível por um número específico de vezes antes de fatigar. Ela se torna espe-
cialmente importante para identificar uma carga de exercício resistido coerente e específica
para cada pessoa, grupo muscular ou atividade específica, mais ainda no início do processo
de reabilitação. O uso de 1 RM, ou seja, a maior quantidade de peso que uma pessoa pode
levantar ao longo da ADM disponível apenas uma vez é uma das possibilidades de uso,
mais especificamente em pesquisas científicas (KISNER e COLBY, 2016).
Vale lembrar que o fisioterapeuta deve considerar se o paciente é apto naquele mo-
mento específico a realizar, ou seja, impor a ele uma carga que possivelmente irá requerer
um esforço máximo para levantar. Isto é especialmente perigoso e inseguro em pacientes
com comprometimentos articulares, em recuperação de tecidos moles ou que apresentem
risco para tais lesões, ou aqueles com osteoporose ou patologias cardíacas, vasculares,
conhecidas ou potenciais (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 78
Outra forma descrita tem sido o fisioterapeuta estabelecer uma quantidade especí-
fica de peso e documentar quantas repetições podem ser feitas ao longo da ADM completa
antes que o musculo entre em fadiga. Se, por exemplo, foram completadas seis repetições,
a resistência basal pode ser estabelecida em 6 RM.
Após isto se torna importante estabelecer a zona de treinamento que será utilizada
para a atividade propriamente dita. Estabelece-se um percentual de 1 RM para um grupo
muscular em particular. No início do treinamento a porcentagem não necessita ser alta
(de 30 a 40%) para pessoas sedentárias e não treinadas, porém para indivíduos treinados
deve ser alta, podendo chegar a 80% de 1 RM. Em casos patológicos, o percentual mais
baixo é uma faixa mais segura no início do programa, especialmente para que o foco seja
o aprendizado da forma e da técnica corretas do exercício ou da tarefa antes de progredir
a carga (KISNER e COLBY, 2016).
1.9.3 Volume
Outro ponto importante a ser considerado é o volume do treinamento, no qual ca-
racteriza-se pela soma do número total de repetições e séries de um exercício em particular
durante uma única sessão de exercícios, multiplicada pela resistência usada (KISNER e
COLBY, 2016).
O número de repetições de determinado exercício também deve ser considerado
e é o número de vezes que um movimento é repetido. Antigamente, usava-se várias séries
de um número de repetições padrão, como 3 séries de 10 repetições. Mas hoje a tentativa
é sempre estabelecer uma carga e um número de repetições que sobrecarregue o músculo,
independentemente do número de repetições. É muito melhor realizar um exercício bem feito,
coordenado, com um padrão ótimo de movimento e sem compensações por 4 ou 5 repetições
do que realizar 20 ou 30 vezes sem estas características. O ajuste deste critério deve ser
constante. Este exemplo é focado no objetivo de ganho de força. Porém, quando o intuito é
melhorar a resistência à fadiga, quanto maior o número de séries e repetições, melhor.
1.9.4 Ordem dos exercícios
A ordem dos exercícios também importa no programa de reabilitação. Os maiores
grupos musculares devem ser trabalhados no início da sessão, ou seja, passando dos
multiarticulares para os uniarticulares (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 79
1.9.5 Frequência
Outro critério citado é a frequência da atividade, que se refere ao número de
sessões de exercício por dia ou por semana. É diretamente dependente da intensidade,
volume, metas do paciente, seu estado geral de saúde, participação prévia em programa
de exercícios, resposta ao treinamento e até a característica do processo de reabilitação
ou cicatrização. Também não há padrão para o número de sessões por semana, visto que
estes critérios devem ser considerados. Por exemplo, num processo de reabilitação pós
operatória do Manguito rotador, após 6 semanas, é necessário sessões de Fisioterapia
diariamente, já que os exercícios de fortalecimento estão sendo introduzidos no programa.
Quanto mais próximo da alta fisioterapêutica, sendo que o paciente já se encontra com
melhor capacidade muscular e força, as sessões podem ser espaçadas, também conside-
rando o descanso entre elas como importante.
1.10 Diferentes metodologias do exercício ativo resistido /
Tipos de exercícios resistidos
Como já visto, a execução de um exercício ativo determina que ocorra uma
contração daquele músculo ou grupamento muscular. Uma contração muscular pode ser
isotônica, isométrica ou isocinética, porém esta última só é realizada especificamente com
a resistência de um equipamento. Desta forma, iremos abordar aqui as duas primeiras, as
mais utilizadas na prática clínica.
No exercício ativo, quer seja ele assistido, livre ou resistido, realiza-se uma con-
tração, sendo a mais comum a isotônica, aquela que ocorre movimento articular gerado
pela contração concêntrica e/ou excêntrica. Neste momento a força gerada pelo músculo é
superior à proporcionada pela força da gravidade (se naquele movimento específico a re-
sistência da gravidade estiver incidindo) e à resistência dos segmentos esqueléticos, o que
provoca contração do músculo e consequente aproximação (ou afastamento) ao segmento
esquelético que movimenta. Este tipo de exercício ou contração é amplamente difundido e
executado pois várias regiões e articulações do corpo humano necessitam de movimento.
Para pegarmos um objeto, por exemplo, alcançar um copo e tocá-lo na boca, necessitamos
de movimento. Portanto, nada mais coerente do que trabalhar com exercícios isotônicos de
variados padrões de movimento, ou seja, articulações e músculos que, caracteristicamente
executam o dia todo estes movimentos.
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 80
O exercício isotônico pode ser concêntrico, quando a contração provoca uma di-
minuição no comprimento muscular, ou seja, uma aproximação das peças ósseas por ele
unidas, origem e inserção; ou excêntrico, quando durante a contração ocorre um aumento
no comprimento muscular com afastamento das peças ósseas por eles unidas, ou seja, um
distanciamento entre origem e inserção, quando o movimento é freado. Este último apresenta
algumas vantagens, como: aumento da capacidade produtora de força e da eficiência; porém
também desvantagens: aumento da Pressão arterial e maior risco de microtraumas.
De maneira prática, num exercício isotônico sempre há o momento concêntrico
e o momento excêntrico. Quando por exemplo o fisioterapeuta solicita que seu paciente
execute um movimento de fletir o cotovelo com uma carga fixa na mão (um halter de 1
quilograma), quando ele flete o cotovelo, o antebraço se aproxima do segmento úmero,
os músculos flexores do cotovelo (especialmente bíceps braquial) se comportam gerando
a força concêntrica, sendo que sua origem e inserção se aproximam. Assim, este é um
momento ou exercício ativo resistido isotônico concêntrico, porém, o retorno do braço
para a posição inicial também deve ocorrer, ou seja, o momento que o cotovelo retorna no
sentido da extensão. Nesta fase do exercício, o mesmo músculo (bíceps braquial) freia o
movimento, pois o peso de 1 quilograma acrescido do próprio peso do braço e da gravidade
já tendem a levar o braço para baixo. Desta forma, para que o movimento seja coordenado,
o bíceps deve contrair freando o movimento, ou seja, neste momento suas fibras estão
se esticando, distanciando a origem da inserção. Este é o momento excêntrico, ou seja,
contração ou exercício ativo resistido isotônico excêntrico.
Há outras formas de dar ênfase na fase excêntrica de determinados exercícios,
sendo inclusive descritos alguns nomes na literatura. Porém, são utilizados em casos e
quadros clínicos mais específicos e em fases de tratamento mais avançadas.
1.11 Princípios gerais do treinamento resistido
Para que o objetivo de ganho de desempenho muscular seja alcançado, é necessário
utilizar alguns princípios que o embasam. O primeiro ponto é a necessidade de um exame
e avaliação. Não é possível determinar objetivos, conhecer o caso, compreender o que é
necessário e possível naquele momento do processo de reabilitação sem uma avaliação
criteriosa e cuidadosa do movimento, do paciente, do quadro patológico, entre outras: é a
própria avaliação fisioterapêutica, momento tão relevante da ação deste profissional do mo-
vimento. Além da avaliação, reavaliações periódicas, com os mesmos critérios da primeira
avaliação também são imprescindíveis, com o intuito de verificar o impacto das intervenções,
sendo a partir daí dado o seguimento necessário: a alta fisioterapêutica ou a continuidade do
tratamento com os mesmos parâmetros antes utilizados ou modificação destes.
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 81
Também é necessário um preparo para os exercícios resistidos. Indicar corretamen-
te, preparar os pesos, cargas e resistências também se configura como momento relevante.
Só aí que será possível aplicá-los, a partir de um aquecimento, um bom posicionamento
do paciente, da resistência, uma direção correta da resistência, uma boa estabilização,
com intensidade e quantidade de resistência corretas, com número de repetições, séries e
intervalos de repouso coerentes, com boas instruções verbais, seguido do desaquecimento
(KISNER e COLBY, 2016).
1.12 Precauções e contraindicações para os exercícios resistidos
Algumas precauções são necessárias para que o objetivo seja alcançado e que
isto ocorra de forma segura para o paciente e fisioterapeuta. A manobra de Valsalva é
a primeira delas, sendo definida como um esforço expiratório contra uma glote fechada,
sendo necessário que seja evitada durante os exercícios, pois ela aumenta as pressões
intra-abdominal e intratorácica, o que por sua vez, força o sangue para fora do coração,
causando um aumento abrupto e temporário da pressão arterial (KISNER e COLBY, 2016).
Os movimentos compensatórios também devem ser evitados, tanto para que o
músculo alvo seja diretamente ativado durante a atividade, quanto para prevenir lesões
ou disfunções que podem ser provocadas ou iniciadas em articulações próximas, tecidos
musculares ou tendíneos próximos.
O treinamento e esforço excessivos também deve ser evitado, o que poderia pro-
vocar complicações, além de cuidados em relação a dor muscular induzida por exercícios.
Contraindicações ao uso dos exercícios resistidos são:
- Dor articular ou muscular intensa durante movimentos ativos livres;
- Processo inflamatório agudo ou aquele que limita o movimento e impede um
movimento harmônico e controlado;
- Doença cardiopulmonar grave.
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 82
2. EXERCÍCIOS DE FORÇA, POTÊNCIA E RESISTÊNCIA
2.1 Exercícios com resistência manual
Configura-se como um tipo de exercício resistido em que a carga/ resistência é
dada pelo fisioterapeuta ou outro profissional do movimento, sendo que por isto essa não
pode ser medida. Apesar disso, é uma técnica útil nos estágios iniciais de um programa
de exercícios, especialmente quando o músculo está fraco e é necessário uma ótima es-
tabilização para que ele ocorra, além da aprendizagem do movimento ou tarefa ser mais
relevante do que a carga propriamente dita. Ademais, a ADM pode ser melhor controlada.
2.2 Exercícios com resistência mecânica
Neste tipo de exercício, a resistência é dada por meio de equipamentos ou aparelhos
mecânicos, sendo que desta forma ela pode ser medida quantitativamente e progredida ao
longo do tempo ou do processo de reabilitação. É útil quando a quantidade de resistência
necessária é superior àquela que o fisioterapeuta pode aplicar manualmente (KISNER e
COLBY, 2016).
2.3 Exercícios isométricos e posturais
O exercício isométrico ocorre quando o músculo ou grupamento muscular se contrai
produzindo força, porém sem uma mudança apreciável no seu comprimento, sem movi-
mento articular. É uma alternativa muito interessante em muitos processos de reabilitação,
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 83
visto que em muitos casos, as articulações envolvidas apresentam limitações, rigidez, são
dolorosas ao movimento ou o exercício isotônico ou isocinético poderia aumentar estas quei-
xas. Então, o exercício isométrico torna-se corriqueiro na ação do fisioterapeuta na prática
clínica. Há ganhos de força, percepção e controle neuromuscular com este tipo de exercício
e ele é relevante quando aplicado particularmente em regiões ou músculos de característica
tônica, ou seja, apresentam mais fibras do tipo I, ou seja, aqueles músculos que se mantém
contraídos por um longo período de tempo para estabilizar as posições corporais.
Desta forma, algumas estruturas e regiões do nosso corpo apresentam caracte-
rísticas distintas, por exemplo, a necessidade de maior estabilização, justamente para que
outras possam executar os movimentos mais amplos. Um grande exemplo é nossa coluna
vertebral. Na posição ortostática, por exemplo, quero abrir a geladeira e pegar uma jarra de
suco para posteriormente colocá-la num copo e tomá-lo. Durante toda esta ação, a mus-
culatura das costas (dorso lombar, extensora) está contraindo para manter a posição da
minha coluna estável, o que permite que outros músculos façam os movimentos que desejo
para que eu consiga executar a função. Como já vimos, os músculos do membro superior,
em sua maioria neste exemplo estão realizando contrações isotônicas, mas os das costas
também estão contraindo, porém de forma estática. Esta é a contração isométrica.
Esta é a base do exercício postural (Figura 3), visto que esta é uma importante ca-
racterística da coluna vertebral. Portanto, técnicas posturais usam os exercícios isométricos
com o intuito de fortalecer de forma fisiológica e funcional estes músculos. Nestes músculos,
portanto, é muito mais importante este tipo de exercício, que foca o ganho de resistência à
fadiga, em detrimento dos exercícios que promovem ganho de força e de potência.
FIGURA 3 - EXERCÍCIO ISOMÉTRICO / POSTURAL
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 84
É possível executar muitos exercícios isométricos com ou sem equipamentos. Por
exemplo, isométricos em múltiplos ângulos podem ser feitos contra resistência manual ou
simplesmente fazendo o paciente empurrar um objeto fixo, a parede. No caso dos exer-
cícios posturais, o próprio auto crescimento, solicitação e voz de comando frequente do
fisioterapeuta durante a atividade já solicita a contração isométrica e específica do músculo
ou grupo muscular alvo. Além disso, é muito importante a orientação da respiração, que
deve ser rítmica, enfatizando a expiração durante a contração, visto que é muito comum
o indivíduo prendê-la durante o exercício isométrico (apneia momentânea), o que poderia
provocar uma resposta pressórica decorrente da manobra de Valsalva e levar a um aumento
rápido na pressão arterial, o que não é bem-vindo no processo (KISNER e COLBY, 2016).
2.4 Exercício dinâmico: Concêntrico e excêntrico
É o tipo de exercício em que uma contração muscular dinâmica causa movimento articu-
lar e a excursão de um segmento do corpo enquanto o músculo se contrai e encurta (contração
muscular concêntrica) ou se alonga sob tensão (ação muscular excêntrica). Da mesma forma
que o isométrico, a carga imposta neste tipo de atividade pode ser variada: o peso do corpo do
paciente, um peso livre, um sistema de polias, uma máquina, um dispositivo isocinético, uma
resistência elástica, hidráulica, pneumática, entre outras (KISNER e COLBY, 2016).
Como já vimos, uma combinação de ação muscular concêntrica e excêntrica é
evidente em incontáveis tarefas da vida diária, como ao subir e descer rampas, escadas,
levantar uma cadeira e sentar-se novamente ou recolher um objeto e devolvê-lo ao chão.
Assim, é fortemente indicado uma variedade de exercícios concêntricos e excêntricos em
uma progressão da reabilitação para pacientes com desempenho muscular comprometido,
visando a melhorar a força, potência ou resistência muscular e para suprir as demandas
funcionais necessárias (KISNER e COLBY, 2016).
Nos últimos anos, o exercício excêntrico ou com foco excêntrico tem ganhado espaço
nas Clínicas, academias e campos de esportes diversos, visto que o treinamento excêntrico
em particular é considerado um componente essencial dos programas de reabilitação após
lesão musculoesquelética ou cirurgia e em programas de condicionamento para reduzir o
risco de lesão ou de novas lesões associadas com atividades que envolvam desaceleração
de alta intensidade e mudanças rápidas de direção ou contrações musculares excêntricas
repetitivas (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 85
2.5 Exercício dinâmico: resistência constante ou variável
Este tipo de exercício pode ser aplicado contra uma resistência constante, por
exemplo, com pesos ou equipamentos ou contra uma resistência variável, por exemplo,
um elástico (Figura 4), que quanto mais se deforma, mais resistência produz. Neste último
caso, a resistência, portanto, é alterada ao longo da amplitude, podendo ser também por
mecanismos hidráulicos ou pneumáticos.
FIGURA 4 - EXERCÍCIO QUE UTILIZA RESISTÊNCIA ELÁSTICA
2.6 Exercício isocinético
É uma forma de exercício dinâmico em que a velocidade de encurtamento ou
alongamento do músculo, assim como a velocidade angular do membro são predetermi-
nadas e mantidas constantes por um dispositivo limitador de velocidade conhecido como
dinamômetro isocinético (KISNER e COLBY, 2016). Como já vimos, o termo isocinético
(contração isocinética) se refere ao movimento que ocorre com uma velocidade angular
constante e uma resistência variável, diretamente dependente da força que o indivíduo
aplica ao aparelho. Uma desvantagem deste tipo de exercício se configura pelo alto valor
do equipamento (Figura 5).
FIGURA 5 - EXERCÍCIO ISOCINÉTICO
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 86
2.7 Exercício em cadeia cinética aberta ou fechada
Os exercícios podem ser classificados em tipos também sob outros critérios. A clas-
sificação estudada a partir de agora será quanto a cadeia cinética. O termo cadeia surgiu na
análise de sistemas articulados em engenharia, porém empregado para o corpo humano já
em 1955, visto que nosso organismo nada mais é que uma série de segmentos rígidos co-
nectados por articulações. Durante o final da década de 1980, os clínicos e pesquisadores
em reabilitação que estavam se familiarizando com a abordagem de cadeias cinéticas (ou
cinemáticas) abertas e fechadas para classificar os movimentos humanos, começaram a
descrever os exercícios com base nesses conceitos (KISNER e COLBY, 2016).
Desta forma, o exercício é classificado em cadeia cinética aberta ou fechada. O
primeiro se refere aquele no qual a extremidade distal esteja movendo-se livremente no
espaço, sendo que este se move em torno do proximal. Um exemplo deste exercício é o
uso de um halter fixo na mão e o movimento que ocorre é o fletir o cotovelo e retornar para
a posição inicial, pois a região distal (neste caso a mão) está livre.
Já o exercício em cadeia cinética fechada é aquele no qual a extremidade distal
esteja fixa, portanto, quem se move é o segmento proximal. Um exemplo deste exercício
é um agachamento, pois os pés ficam fixos. Acredita-se que estes últimos sejam mais
funcionais, já que promovem a descarga de peso nas diferentes estruturas, estimulam os
mecanorreceptores, a co-contração, a melhora da proteção articular e ainda alterando-se a
cadeia cinética de um movimento podemos estar alterando a dinâmica articular e o recruta-
mento muscular (KISNER e COLBY, 2016).
Um exemplo clássico de exercício em cadeia cinética fechada é o agachamento
(Figura 6), amplamente utilizado na prática clínica de vários profissionais do movimento.
Estimula vários grupamentos musculares, é funcional, promove ganho de capacidade
contrátil, força, resistência à fadiga (conforme é realizado), é possível impor resistências
diversas, entre outras vantagens.
FIGURA 6 - AGACHAMENTO
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 87
A percepção consciente da posição ou movimento articular é um dos fundamentos
do aprendizado motor durante a fase inicial do treinamento para controle neuromuscular
dos movimentos funcionais. Após uma lesão de tecidos moles ou articulares, a proprio-
cepção e a cinestesia são afetadas e alteram o controle neuromuscular. Desta forma, o
restabelecimento e o uso efetivo e eficiente das informações sensoriais para iniciar e con-
trolar o movimento são altas prioridades na reabilitação. Acredita-se que o treinamento em
cadeia cinética fechada proporcione mais feedback proprioceptivo e cinestésico do que os
exercícios em cadeia cinética aberta (KISNER e COLBY, 2016).
Se o objetivo for acrescer o trabalho de equilíbrio e controle postural, a escolha
óbvia é o exercício em cadeia cinética fechada, sendo que estes são componentes do
processo reabilitativo de muitos quadros clínicos comuns nas ações fisioterapêuticas.
Uma fonte de discordância é se o apoio de peso é um componente inerente dos
movimentos em cadeia cinética fechada. Outro ponto de ambiguidade é se o segmento
distal precisa estar absolutamente fixo em uma superfície para ser classificado como mo-
vimento em cadeia fechada.
Nas nossas atividades de vida diária executamos movimentos diversos, tanto em
cadeia cinética aberta quanto fechada. Agachar-se para pegar um objeto no chão significa
realizar um movimento em cadeia cinética fechada nos membros inferiores e em cadeia
cinética aberta nos superiores, por exemplo. Portanto, é o objetivo do Fisioterapeuta que
determinará qual metodologia será utilizada para o treino destas funções, sempre pautadas
nas características da própria atividade em questão.
2.8 Outros tipos de exercícios
Há diversos outros tipos de exercícios, sintetizados a seguir:
- Exercícios que utilizam a Facilitação Neuromuscular proprioceptiva, sendo esta
uma abordagem de exercício terapêutico que combina padrões diagonais funcionais de
movimento com técnicas de facilitação neuromuscular para evocar respostas motoras e
melhorar o controle e a função neuromuscular (KISNER e COLBY, 2016);
- Treinamento pliométrico, sendo este realizado com estímulos ao ciclo alongamen-
to-encurtamento. É comumente associado a treino com saltos, mas não apenas isto;
- Treinamento aquático, sendo realizado dentro de uma piscina terapêutica, em
que propriedades físicas da água atuam sobre os corpos, o que determina diferenças muito
importantes daqueles exercícios utilizados no solo.
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 88
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim desta terceira unidade da disciplina de Cinesioterapia. Discutimos
aqui os exercícios resistidos e consideramos que eles são parte fundamental do processo de
reabilitação de muitos quadros clínicos que o fisioterapeuta aborda em sua prática profissio-
nal. Por isso, a importância de conhecer alguns aspectos relevantes de sua fundamentação.
Aprendemos que há diferenças entre força, potência e resistência muscular à
fadiga; que cada região, músculo, grupamento muscular ou função apresenta sua caracte-
rística. Portanto, para indicar e estabelecer um treinamento resistido com o intuito de me-
lhora no desempenho muscular é necessário focar em quais destes que sejam relevantes.
Por exemplo, se você é fisioterapeuta de um time de futebol e necessita prevenir lesões
comuns que ocorreram na temporada anterior especificamente nos músculos posteriores
da coxa (os isquiotibiais, sendo o semitendíneo, semimembranoso e o bíceps femoral), é
necessário que o exercício ou o programa contenha uma sobrecarga adequada, seja de
um tipo específico, mais de potência do que de força e resistência à fadiga, com um volume
específico, pautado nas outras atividades que este esportista recebe, com intensidade,
velocidade compatíveis, entre outros. Apenas utilizando critérios coerentes e fisiológicos,
inclusive pautados na avaliação do indivíduo, é possível alcançar o que se pretende.
Compreendemos aqui alguns princípios do treinamento resistido que devem ser
amplamente difundidos e empregados com o objetivo de conquistar especificamente a me-
lhora no desempenho muscular requerido, e ainda mais, a função desejada. Como sempre
discutimos: O indivíduo não quer conseguir levantar um peso de 5 quilogramas por dez
vezes seguidas, mas quer sim pegar o neto no colo, quer conseguir comer sozinho, levar
uma lata até o armário aéreo, quer caminhar sem dispositivos auxiliares.
Também conhecemos vários tipos de exercícios, direcionados a momentos espe-
cíficos do processo de reabilitação ou tipos de contrações musculares, com o uso de re-
sistência manual, mecânica, entre outros critérios. Agora conhecemos as diferenças entre
os exercícios isométricos e isotônicos, entre os em cadeia cinética fechada e aberta, entre
os isotônicos e os isocinéticos, os pliométricos e os aquáticos. Esperamos que os conheci-
mentos adquiridos aqui tenham sido impactantes para você e que a aplicação destes seja
plena na sua vida como profissional do movimento.
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 89
LEITURA COMPLEMENTAR
Artigo 1: Análise comparativa entre idosos praticantes de
exercício físico e sedentários quanto ao risco de quedas
Fonte: PADOIN, P. G.; GONÇALVES, M. P.; COMARU, T.; SILVA, A. M. V. Análise comparativa entre
idosos praticantes de exercício físico e sedentários quanto ao risco de quedas. O Mundo da Saúde, v. 34 n.
2. p. 158-164, 2010. Disponível em: http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/75/158a164.pdf. Acesso
em: 23 ago. 2021.
RESUMO: A instabilidade postural com a ocorrência de quedas é uma característica
do envelhecimento, representando um motivo de preocupação para os idosos, pois pode
acarretar incapacidade física e perda da independência. O objetivo deste estudo foi avaliar
o risco de quedas em idosas que praticam atividades físicas e idosas sedentárias. Foram
avaliadas mulheres acima de 60 anos ativas e sedentárias quanto ao risco de quedas
utilizando os testes Timed Up and Go, Escala de Berg e Performance Oriented Mobility
Assessment. Como resultados teve-se que o grupo de mulheres ativas obteve melhores
desempenhos nos testes Timed Up And Go (p=0,001), Escala de Berg (p=0,002) e Perfor-
mance Oriented Mobility Assessement (p=0,002) do que as mulheres do grupo sedentárias.
O relato de dor nos pés e medo de cair foi maior no grupo de idosas sedentárias. Concluiu-se
que as idosas sedentárias apresentaram menor mobilidade funcional, maiores déficits no
equilíbrio e alterações na marcha quando comparadas a idosas que praticavam exercício
físico regularmente. Dessa forma, concluímos que a prática de exercício físico contribuiu
para a redução do risco de quedas no grupo estudado.
Artigo 2: Análise da influência do exercício físico em idosos
com relação a equilíbrio, marcha e atividade de vida diária
Fonte: FIGLIOLINO, J. A. M.; MORAIS, T. B.; BERBEL, A. M., CORSO, S. D. Análise da influência
do exercício físico em idosos com relação a equilíbrio, marcha e atividade de vida diária. Revista Brasileira de
Geriatria e Gerontologia, v. 12 n. 2. p. 227-238, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbgg/a/W93YF-
Zyb4MFJWhqBtYxgKSJ/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 23 ago. 2021.
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 90
RESUMO: O objetivo foi comparar idosos praticantes e não praticantes de ativida-
de física, em relação à probabilidade de quedas, desequilíbrio e dificuldades na realização
das Atividades de Vida Diária (AVD). Trata-se de um estudo transversal com a participação
de 40 idosos, de ambos os gêneros. Os idosos foram divididos em dois grupos: Grupo
Praticante de Atividade Física (GP) e Não Praticante (GNP). Foram utilizadas a Escala de
Avaliação de Equilíbrio e Marcha de Tinetti, Atividades Básicas de Vida Diária e a Avaliação
Instrumental de Vida Diária (AIVD) de Lawton. Não houve diferença de idade entre GP (69,4
± 7,5 anos) e GNP (71,9 ± 6,7 anos). Observamos que o GP e GNP apresentaram diferenças
estatisticamente significantes nos escores dos domínios de equilíbrio e marcha, bem como
no escore total (16 vs 14; 12 vs 11, 28 vs 24,5, respectivamente). Em relação à Avaliação
das Atividades Básicas de Vida Diária, não houve diferença entre os grupos, pois todos os
idosos apresentaram pontuação máxima, significando, assim, independência. Apesar de
não haver diferença estatisticamente significante no escore de Avaliação Instrumental de
Vida Diária (AIVD) entre o GP e GNP (27 vs 27,5, respectivamente), observamos que 70%
dos idosos do GP eram independentes nas atividades diárias e apenas 50% no GNP, o
qual resultou em maior número de idosos necessitando de ajuda para realizar atividades.
Concluímos que o GP apresentou melhor equilíbrio e marcha com maior proporção de
idosos com independência nas AIVD e AVD, ou seja, menor probabilidade de queda em
relação ao GNP.
Artigo 3: O exercício físico no tratamento da depressão em idosos:
revisão sistemática
Fonte: MORAES, H.; DESLANDES, A.; FERREIRA, C.; POMPEU, F. A. M. S.; RIBEIRO, P.; LAKS,
J. O exercício físico no tratamento da depressão em idosos: revisão sistemática. Revista de Psiquiatria do
Rio Grande do Sul. v. 29 n. 1. p. 70-79, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rprs/a/prMmBH7m6Wj-
7qkYNqRwJH9Q/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 23 ago. 2021.
RESUMO: Objetivo: Revisar a literatura quanto (I) ao possível efeito protetor do
exercício físico sobre a incidência de depressão e (II) à eficácia do exercício físico como
intervenção no tratamento da depressão. Método: Revisão sistemática de artigos em in-
glês e português nas bases ISI, PubMed, SciELO e LILACS de janeiro de 1993 a maio de
2006, utilizando conjuntamente os termos “depressão”, “idosos” e “exercício”. Artigos que
avaliaram o efeito do exercício em idosos com doenças clínicas ou que utilizaram escalas
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 91
para depressão somente para um diagnóstico inicial foram excluídos. Resultados: Do total
de 155 artigos, 22 atenderam aos critérios de inclusão, e oito foram acrescentados com
busca manual. Os artigos de corte transversal (n = 8) utilizaram somente questionários
de autoavaliação para medir os níveis de atividade física. Os artigos longitudinais (n = 22)
utilizaram também pedômetro digital, consumo direto de oxigênio e o exercício físico como
intervenção metodológica. Os estudos que atenderam ao objetivo I apontaram para uma
relação inversamente proporcional entre atividade física e alterações nos níveis de depres-
são. Os trabalhos que utilizaram o exercício como intervenção terapêutica na depressão
encontraram resultados divergentes e apontaram para a interferência de fatores fisiológicos
e psicológicos nessa relação. Conclusão: O papel do exercício e da atividade física no
tratamento da depressão direciona-se para duas vertentes: a depressão promove redução
da prática de atividades físicas; a atividade física pode ser um coadjuvante na prevenção e
no tratamento da depressão no idoso.
Artigo 4: Efeitos do exercício físico no controle da hipertensão
arterial em idosos: uma revisão sistemática
Fonte: NOGUEIRA, I.C.; SANTOS, Z.M.S.A.; MONT`ALVERNE, D.G.B.; MARTINS, A. B. T.; MA-
GALHÃES, C. B. A. Efeitos do exercício físico no controle da hipertensão arterial em idosos: uma revisão
sistemática. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 15 n. 3. p. 587-601, 2012. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbgg/a/V4GZjJXLNgNXXfFPpjVRMLL/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 23 ago. 2021.
RESUMO: O exercício físico é uma das principais terapêuticas utilizadas para o
paciente hipertenso, pois reduz a pressão arterial (PA) e os fatores de risco cardiovascu-
lares, diminuindo a morbimortalidade. Objetivo: Analisar os efeitos do exercício físico na
PA de idosos hipertensos, com base nos resultados de pesquisas empíricas realizadas no
período de 2000 a 2010. Metodologia: Revisão sistemática de estudos experimentais, em
inglês, português e espanhol, nas bases eletrônicas MEDLINE, PubMed, Lilacs, Cochrane
e PEDro, publicados entre 2000 e 2010, utilizando os descritores hipertensão, atividade
física, exercício físico, idoso, exercício aeróbio e treinamento de resistência. Resultados:
Foram encontrados 19 artigos e incluídos 12 artigos, sendo divididos em categorias temá-
ticas: exercício aeróbico (6 artigos), exercício resistido (4), exercício aeróbico associado
ao resistido (2). Entre os exercícios aeróbicos, três artigos evidenciaram redução na pres-
são arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD). Três artigos afirmam que
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 92
treinamento resistido reduz significativamente os valores de PAS em repouso e pressão
arterial média (PAM), apenas um artigo não registrou uma redução significativa na PAD e
frequência cardíaca (FC) de repouso. A utilização dos exercícios aeróbicos associados aos
resistidos foram superiores aos demais, pois apontaram reduções significativas na PAS,
PAD, PAM e FC de repouso, confirmando as recomendações da VI Diretriz Brasileira de
Hipertensão Arterial, mas os estudos em idosos são escassos. Conclusão: Esta revisão
confirma os benefícios oriundos da prática do exercício físico na redução da PA após o
exercício em idosos hipertensos.
Artigo 5: Efeito do treinamento pliométrico e isométrico
na força explosiva de atletas de handebol.
Fonte: ALECRIM, J.V.C.; ALECRIM NETO, J.V.C.; SOUZA, M.O.; PIRES, G.P. Efeito do treinamento
pliométrico e isométrico na força explosiva de atletas de handebol. Revista Ciencias de la Actividad Física
UCM, v. 20 n. 2, 2019. Disponível em: http://revistacaf.ucm.cl/article/view/372/400. Acesso em: 23 ago. 2021.
RESUMO: A pliometria utiliza a capacidade reativa do sistema neuromuscular
para aumentar a potência do movimento partindo de uma contração excêntrica para uma
concêntrica. A isometria refere-se a uma modalidade estática de treinamento, ou seja, não
há alteração no comprimento da fibra muscular. O handebol é uma modalidade esportiva
coletiva que envolve uma grande quantidade e variedade de movimentação associada
à manipulação de bola e interação com outros atletas. Em termos de movimentação, o
handebol pode ser considerado um esporte completo, pois utiliza uma rica combinação
das habilidades motoras fundamentais e “naturais” do repertório motor do ser humano.
O objetivo da pesquisa é analisar a influência de 4 semanas de treinamento pliométrico
e isométrico na força explosiva de jovens atletas de handebol. A amostra contou com 10
mulheres, com média de idade de 16,1 ± 0,56 anos, praticantes de handebol há pelo menos
três meses. O protocolo de avaliação utilizado foi: salto horizontal (SH) para mensurar força
explosiva de membro inferior. As meninas foram divididas em dois grupos estatisticamente
iguais, o grupo pliométrico (GP) e o isométrico (GI). Os dados foram analisados através de
teste-t pareado e Effect Size (magnitude de efeito), além do manual Proesp. Inicialmente
os testes apresentaram os seguintes resultados: o GP mostrou 1,32 ± 0,13m no SH e o
GI 1,41 ± 0,10m. Após quatro semanas de treinamento foram refeitos os testes e o GP
evidenciou 1,37 ± 0,08m no SH e o GI 1,43 ± 0,09m. Estatisticamente as mudanças não
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 93
se apresentaram significativas, a magnitude do efeito os resultados de força explosiva de
membros inferiores mostraram-se superficiais. Conclui-se então que apesar de estatistica-
mente insignificantes, ambos os métodos apresentam pequena evolução na força explosiva
de membros inferiores, e cabe analisar maior tempo dos métodos nesses ganhos e também
analisar uma proposta concomitante entre ambos os métodos.
Artigo 6: Efeitos do treinamento pliométrico na força explosiva
e potência de meninas púberes praticantes de voleibol
Fonte: VILELA, G.; SILVA, S. F. Efeitos do treinamento pliométrico na força explosiva e potência de
meninas púberes praticantes de voleibol. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 25 n. 1. p.109-117,
2017. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/6519. Acesso em: 23 ago. 2021.
RESUMO: O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos do treinamento pliométrico
(TP) sobre a força explosiva (FE) e a potência (PT) de membros inferiores em 72 meninas
púberes, praticantes de voleibol, idades 12,18±1,27 anos, Estatura 1,56±0,08 m, % de
gordura 24,32±6,7 e massa corporal =48,18±11,28 kg. Todas se encontravam no estágio
de maturação púbere, segundo método de Tanner. A amostra foi dividida em dois grupos:
Grupo Controle - GC n=48 que realizou 3 sessões semanais de voleibol, e Grupo Experi-
mental - GE n=24, que realizou além das 3 sessões semanais de voleibol, mais 3 sessões
semanais de TP durante 8 semanas, as sessões constavam de multisaltos, saltos sobre
barreiras e saltos profundos com alturas entre 20 e 60 cm, as avaliações da FE e PT. Para
controle da FE e da PT foram utilizados os seguintes procedimentos: SJ (Squat jump), CMJ
(Counter Moviment Jump) e DJ (Drop Jump). O GE apresentou uma melhora de 0,59 cm
no SJ (19,12 ± 4,03 – 19,71 ± 3,93) o que representa um aumento de 3,08%, enquanto que
no CMJ o aumento foi de 0,64 cm (19,88 ± 3,76 – 20,52 ± 4,26) que significa uma melhora
de 3,21% entre o pré e o pós treinamento. Os resultados do GE apresentaram melhoras
não significativas, o que demonstra uma tendência positiva do TP sobre a FE e a PT em
meninas púberes praticantes de voleibol.
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 94
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Exercício terapêutico
Autor: Lori Thein Brody, Carrie M. Hall
Editora: Guanabara Koogan, 2018.
Sinopse: Este livro é indispensável para que os estudantes de
Fisioterapia e Educação Física desenvolvam as habilidades de
raciocínio clínico necessárias para as melhores decisões. O con-
teúdo é estruturado de maneira bem fundamentada, que auxilia
na escolha do exercício e fornece orientações para alcançar os
resultados mais eficazes, visando à melhor capacitação funcio-
nal possível. A quarta edição do livro Exercício Terapêutico: Na
Busca da Função foi criteriosamente aprimorada, dando ênfase
ao restabelecimento da capacidade funcional. O livro segue as
diretrizes mais recentes da Classificação Internacional de Funcio-
nalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), da Organização Mundial
da Saúde, e reflete as estratégias mais atuais em Fisioterapia.
Principais características: Vídeos online ilustram as técnicas dos
exercícios de modo didático. Exercícios com etapas bem detalha-
das tornam o aprendizado mais fácil. Estudos de caso ajudam o
leitor a aplicar seus conhecimentos em situações específicas. Os
blocos de construção apresentam situações para ajudar o leitor
a sintetizar de modo crítico o conteúdo do capítulo. Novos boxes
evidência e pesquisa possibilitam ao leitor identificar a evidência
que fundamenta a intervenção escolhida. As seções orientações
ao paciente, blocos de construção, estudos de caso, auto manejo
e intervenções selecionadas continuam sendo recursos pedagó-
gicos fortes elaborados para integrar as aplicações de exercícios
terapêuticos às muitas facetas do cuidado efetivo do paciente.
Informações práticas, organizadas por região, ajudam o leitor a
decidir quais exercícios ensinar, como ensiná-los e como avaliar o
programa prescrito para alcançar o desfecho funcional desejado.
FILME / VÍDEO
Título: Exercício Nórdico. Objetivo: Prevenção de lesão em LCA e
fortalecimento dos isquiotibiais
Ano: 2017.
Sinopse: Este vídeo mostra um dos exercícios mais descritos
para melhorar o desempenho muscular dos músculos isquiosurais,
sendo eles: semitendíneo, semimenbranoso e bíceps femoral.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=xvaa8nuiw3A
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 95
FILME / VÍDEO
Título: Copenhagen Adduction (Adução de Copenhague)
Ano: 2017.
Sinopse: Este é um teste e um exercício que eu uso para verificar
como cada pessoa consegue estabilizar ou realizar a posição e o
controle, tanto quanto a capacidade lombo pélvica.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=mm_45AqTRm8
UNIDADE III Treinamento de Força, Potência e Resistência Musculares 96
UNIDADE IV
Equilíbrio, Propriocepção,
Coordenação, Postura e
Percepção Corporal
Professor Dr. Andrey Rogério Campos Golias
Plano de Estudo:
● Equilíbrio e Propriocepção;
● Coordenação;
● Postura e percepção corporal.
Objetivos da Aprendizagem:
● Inserir o equilíbrio, a propriocepção e a coordenação motora
como partes integrantes do processo de Reabilitação;
● Compreender a fundamentação do treinamento
do equilíbrio e coordenação motora;
● Conceituar e fundamentar a postura, a percepção corporal
e seu treinamento em Fisioterapia.
97
INTRODUÇÃO
Chegamos ao conteúdo da última unidade desta apostila, porém, não menos im-
portante. Como já vimos, o exercício terapêutico é a ação mais relevante do profissional do
movimento e se configura como estratégia fundamental do fisioterapeuta. Nesta unidade
IV da disciplina de Cinesioterapia, iremos aprofundar nosso estudo sobre alguns tipos
de exercícios específicos e sua fundamentação. São os exercícios proprioceptivos e de
equilíbrio, de coordenação motora e de postura e percepção corporal. Cada um tem suas
características e assumem lugar importante conforme a necessidade de cada paciente e
indivíduo que busca saúde com a ação fisioterapêutica.
Equilíbrio e propriocepção se referem a condição do sistema neuromuscular de
reconhecer estímulos vindo da periferia e as correções consequentes a estes estímulos.
Tornam-se muito importantes em muitas técnicas de tratamento cinesioterapêuticas, visto
que para realizar muitas atividades de vida diária, necessitamos deste feedback sensorial e
das correções que ele permite, especificamente o equilíbrio. Não é possível, por exemplo,
colocar uma mala no bagageiro superior do veículo sem a condição básica de se equilibrar
numa base estável, apoiando os dois pés no chão.
A coordenação motora se refere a capacidade que nós temos de executar movimentos
harmônicos e controlados, sendo que depende de um sistema complexo composto pela pro-
priocepção e o cerebelo, parte do encéfalo responsável por regular os movimentos humanos.
E por último, a postura e percepção corporal têm assento em muitos dos pacientes
atendidos pelo fisioterapeuta, visto que este é o profissional habilitado para cuidar e tratar
das alterações posturais e suas consequências físicas, como por exemplo a escoliose, a
retificação dorsal, hiperlordose, entre outras. Os exercícios terapêuticos para estes quadros
clínicos têm características distintas de um treinamento resistido para o membro inferior,
por exemplo. São estas características específicas que iremos abordar aqui nesta unidade.
Assim, estes assuntos também são importantes para a vida do profissional do
movimento, como o fisioterapeuta. Esperamos que este material se torne um importante
subsídio na facilitação da sua caminhada a ser percorrida para se tornar um ótimo fisiotera-
peuta. Aproveite o conteúdo.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 98
1. EQUILÍBRIO E PROPRIOCEPÇÃO
Consequências graves podem ocorrer devido a perda de equilíbrio e quedas, sen-
do que o fisioterapeuta é o profissional habilitado para avaliar e tratar estes distúrbios. É
importante relatar que abordamos o equilíbrio e a propriocepção dentro de um programa
de exercícios, que inclusive deve conter treinamento de outras valências ou capacidades,
como a força, a potência, a mobilidade, a extensibilidade, entre outras.
1.1 Fundamentação do equilíbrio e da propriocepção
O termo equilíbrio se refere de forma genérica ao processo dinâmico por meio do
qual a posição do corpo mantém-se estabilizada. No geral, equilíbrio significa que o corpo
está em repouso (equilíbrio estático) ou estabilizado em movimento (equilíbrio dinâmico). É
quando o centro de massa ou o centro de gravidade do corpo é mantido sobre sua base de
apoio (KISNER e COLBY, 2016).
Centro de massa é um ponto que corresponde ao centro de massa corporal total.
É onde o corpo se encontra em perfeito equilíbrio. O centro de gravidade é a projeção
vertical do centro de massa até o solo, sendo que nos humanos adultos em ortostatismo
está localizado um pouco à frente da segunda vértebra sacral ou a aproximadamente 55%
da altura da pessoa. Já o momento de força é o produto da massa vezes a velocidade. A
base de apoio é o perímetro da área de contato entre o corpo e sua superfície de apoio: o
posicionamento do pé altera a base de apoio e modifica a estabilidade postural da pessoa
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 99
(KISNER e COLBY, 2016). Por exemplo, quando uma pessoa apresenta um déficit de equi-
líbrio, normalmente apresenta uma base alargada, ou seja, caminha com as pernas mais
abertas, na tentativa de se estabilizar.
O equilíbrio é uma tarefa complexa de controle motor que envolve a detecção de
informações sensoriais para avaliar a posição e o movimento do corpo no espaço (propriocep-
ção) e a execução de respostas musculoesqueléticas apropriadas para controlar a posição
do corpo dentro do contexto do ambiente e da tarefa. Desta forma, ele depende da interação
entre os sistemas nervoso e musculoesquelético (KISNER e COLBY, 2016), a saber:
- O sistema nervoso fornece o processamento sensorial para a percepção da orientação
do corpo no espaço, dada principalmente pelos sistemas visual, vestibular e somatossensorial;
além da integração sensório-motora essencial para vincular a sensação às respostas motoras
e para os aspectos adaptativos e antecipatórios; e estratégias motoras para planejamento,
programação e execução das respostas de equilíbrio (KISNER e COLBY, 2016);
- A contribuição musculoesquelética inclui alinhamento postural, flexibilidade mus-
culoesquelética, integridade articular, desempenho muscular e sensação;
- Os efeitos contextuais que interagem com os dois sistemas são o ambiente, seja
ele fechado ou aberto; a superfície de apoio; a luminosidade; os efeitos da gravidade e as
forças de inércia sobre o corpo; e as características da tarefa (KISNER e COLBY, 2016).
1.1.1 A aferência
O termo aferência ou estímulos aferentes se caracteriza por tudo o que vai até o
Sistema Nervoso Central. A percepção da posição do próprio corpo e de seu movimento
no espaço, que é uma aferência, requer uma combinação de informações provenientes
de receptores periféricos de múltiplos sistemas sensoriais, incluindo os sistemas visual,
somatossensorial (receptores proprioceptivos, articulares e cutâneos) e vestibular (KISNER
e COLBY, 2016).
1.1.1.1 O sistema visual
A visão fornece informações relativas à posição da cabeça em relação ao ambien-
te, a orientação da cabeça para manter os olhos nivelados e a direção e a velocidade dos
movimentos da cabeça, visto que quando a cabeça se move, os objetos ao redor movem-se
na direção oposta (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 100
REFLITA
Portanto, o sistema visual funciona na prática auxiliando o indivíduo a se equilibrar.
Assim, faça um teste: Fique em ortostatismo, apoie-se sobre um pé (apoio unipodal) e
perceba seu estado de equilíbrio. Se ele for estável, experimente fechar os olhos e per-
ceba o que acontece.
Fonte: O autor (2021).
1.1.1.2 O sistema somatossensorial – propriocepção
O sistema somatossensorial fornece informações sobre a posição e o movimento
do corpo e das partes do corpo, uma em relação à outra e em relação à superfície de
apoio. Numa explicação simples e prática seria: quando alguém toca na sua pele, por
exemplo, no braço, mesmo que você esteja de olhos fechados, você percebe este toque.
Este é o tipo de sensibilidade chamado de superficial de tato leve (ou cutânea superficial)
(KISNER e COLBY, 2016).
Da mesma forma, quando nosso segmento, seja ele braço, perna ou tronco en-
contra-se numa posição ou está em movimento numa determinada direção e velocidade,
também conseguimos perceber estas variáveis, mesmo se estivermos sem o auxílio visual.
Esta é a sensibilidade proprioceptiva ou propriocepção. Isto ocorre pois a todo momento
alguns receptores no nosso corpo são ativados pelos movimentos ou posições corporais,
esta informação é levada através de um nervo periférico para a medula (sistema nervoso
central), por isso ela é uma aferência, que chega até o tálamo ou em centros superiores.
É nesta região superior do sistema nervoso central que “sentimos”, ou seja, percebemos o
toque ou a posição e os movimentos ocorrendo.
REFLITA
Vamos a uma aplicação prática sobre o sistema somatossensorial, ou seja, sobre a
propriocepção: Imagine-se caminhando num terreno qualquer e observando algo que te
chamou atenção, como uma roupa numa vitrine. E logo a frente há um pequeno buraco
no chão, sendo que seu pé entra em contato com ele. Mesmo enquanto observa a vitri-
ne, você percebe que seu pé entrou no buraco, pois vários receptores nas articulações
(cápsula, ligamentos), tendões e músculos foram ativados devido a mudança do padrão
do movimento de forma repentina e levaram esta informação ao sistema nervoso central
para te dar a percepção do que ocorreu. Isto é propriocepção.
Fonte: O autor (2021).
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 101
SAIBA MAIS
Propriocepção pode ser definida como um conjunto de sensações aferentes, responsáveis
pela sensação de movimento e posição articular, além de, influenciar respostas reflexas e
controle motor voluntário e contribuir na estabilidade dinâmica da articulação, ajudando no
papel de proteção, principalmente nos extremos da amplitude de movimento.
Fonte: SILVA, F. T.; STOCCO, T. D. Propriocepção do joelho em indivíduos submetidos à meniscectomia
parcial e à sutura meniscal: estudo observacional. Revista Pesquisa em Fisioterapia, v. 10 n. 2, p. 264-
273, 2020.
Assim, as informações provenientes dos proprioceptores musculares, que incluem
os fusos musculares; os tendinosos, incluindo os órgãos tendinosos de Golgi (sensíveis ao
comprimento e à tensão muscular); os receptores articulares (sensíveis à posição, ao mo-
vimento e à carga articular), como as terminações do tipo Golgi, as terminações nervosas
livres, a de Ruffini e as paciniformes; e os mecanorreceptores da pele (sensíveis à vibração,
ao toque leve, à pressão profunda e ao alongamento da pele) são os impulsos dominantes
para o estabelecimento do equilíbrio (KISNER e COLBY, 2016; O’SULLIVAN; SCHMITZ e
FULK, 2018).
1.1.1.3 O sistema vestibular
Já o sistema vestibular fornece informações sobre a posição e o movimento da
cabeça com respeito à gravidade e às forças de inércia. Trata-se dos receptores nos Canais
Semicirculares (CSC), que detectam a aceleração angular da cabeça, ao passo que os
receptores nos otólitos (utrículo e sáculo) detectam a aceleração linear e a posição da
cabeça com respeito à gravidade (KISNER e COLBY, 2016).
O sistema vestibular usa as vias motoras, sendo que estas se originam nos núcleos
vestibulares, para o controle postural e a coordenação dos movimentos dos olhos e da cabeça.
1.1.2 A integração entre os três sistemas para produção da aferência
Desta forma, vimos que a aferência se dá pelos três sistemas: Visual, somatossen-
sorial e vestibular. É importante relatar que isto se configura como uma interação constante
e dinâmica, ou seja, de forma combinada e imperceptível, para produzir nosso senso de
orientação e movimento. A informação sensorial que chega é integrada e processada no
cerebelo, gânglios da base e área motora suplementar (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 102
1.1.3 A eferência
A parte eferente, ou seja, efetora, de execução integra o retorno do Sistema Nervoso
Central (SNC) ao músculo para a correção da tarefa, com o intuito de proteger as articula-
ções, evitar quedas, entre outros. Voltando ao exemplo da pessoa que estava olhando para
a vitrine e pisou num piso irregular a sua frente, já aprendemos que a aferência, ou seja, os
sistemas visual, somatossensorial e vestibular informam o SNC o que está acontecendo. O
equilíbrio propriamente dito é a estratégia usada para corrigir os movimentos do membro
inferior ou do tronco, por exemplo naquela tarefa com o intuito de fazer com que a pessoa
não caia da própria altura. Esta eferência é finalizada com a ação do músculo na tentativa
de corrigir o padrão de movimento.
Em geral, as tarefas motoras requerem diferentes tipos de equilíbrio, sendo:
- Controle de equilíbrio estático, para manter uma posição antigravitacional estável
enquanto se está em repouso. Por exemplo, ficar em ortostatismo ou em sedestação (sentado);
- Controle de equilíbrio dinâmico, para estabilizar o corpo quando a superfície de
apoio está em movimento ou quando o corpo está se movendo sobre uma superfície está-
vel. Um exemplo é a mudança da posição sentada para ortotástica ou deambular;
- Reações posturais automáticas para manter o equilíbrio em resposta a perturbações
externas inesperadas. Por exemplo, quando viajamos em ortostatismo dentro de um ônibus
que subitamente realiza frenagens e acelerações repentinas (KISNER e COLBY, 2016).
O SNC usa três sistemas de movimento para recuperar o equilíbrio após o corpo
ser perturbado: Sistema reflexo, automático e voluntário:
- Os reflexos de estiramento mediados pela medula espinhal compreendem a
primeira resposta às perturbações externas, visto que apresentam tempo de latência mais
curtas (menor do que 70 ms). Apresentam-se como independentes das demandas da tarefa
e produzem contrações musculares estereotipadas em resposta aos impulsos sensoriais;
- As respostas voluntárias têm as latências mais longas (maior do que 150 ms),
além do que dependem dos parâmetros da tarefa e acabam por produzir respostas motoras
altamente variáveis;
- As reações posturais automáticas têm latências intermediárias (de 80 a 120 ms) e
são as primeiras respostas que efetivamente impedem as quedas. Estas reações produzem
movimentos rápidos com relativamente poucas variações entre as pessoas, porém, exigem
a coordenação das respostas entre as regiões do corpo, além do que são modificáveis
dependendo das demandas da tarefa.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 103
1.2 Comprometimento do equilíbrio
O equilíbrio pode estar comprometido por várias lesões ou doenças em que há
envolvimento de quaisquer estágios do processamento de informação: parte aferente (ou
impulso sensorial), integração sensório-motora e geração da resposta motora.
1.2.1 Comprometimento dos impulsos sensoriais
Déficits proprioceptivos têm sido relatados fortemente na literatura e parecem ter
implicações no comprometimento do equilíbrio quando há lesões ou patologias de membros
e tronco. A diminuição do senso de posição articular tem sido encontrada em pessoas com
entorses recorrentes de tornozelo, lesões ligamentares do joelho, desgastes articulares e
dor lombar (KISNER e COLBY, 2016). Outras doenças como a polineuropatia periférica em
idosos, diabetes mellitus também podem causar déficits proprioceptivos.
Da mesma forma, a perda visual ou déficits específicos na acuidade, na sensibili-
dade ao contraste, no campo visual e percepção da profundidade podem causar perda do
equilíbrio e levar a quedas.
No caso do sistema vestibular ocorre o mesmo, podendo ser acometido por infec-
ções virais, traumatismo crânio encefálico ou alterações senis (do próprio envelhecimento),
o que pode causar vertigem e instabilidade postural (KISNER e COLBY, 2016).
1.2.2 Comprometimento da integração sensório-motora
Lesões ou patologias nos núcleos da base, no cerebelo ou na área motora suple-
mentar podem comprometer o processamento das informações sensoriais que chegam, o
que resulta em dificuldade na adaptação das informações sensoriais em resposta a mudan-
ças ambientais e na perturbação dos ajustes posturais antecipatórios e reativos (KISNER
e COLBY, 2016).
1.2.3 Comprometimento da resposta motora
Comprometimentos diversos no sistema musculoesquelético podem causar déficit
na resposta motora do equilíbrio, sendo exemplos: má postura, limitações da Amplitude de
Movimento Funcional (ADM), diminuição do desempenho muscular e até neuromuscular,
como os déficits na coordenação motora e dor (KISNER e COLBY, 2016).
Em casos de pessoas portadoras de quadros neurológicos, por exemplo, um aci-
dente vascular encefálico, traumatismo crânio encefálico, doença de Parkinson, a falha em
gerar forças musculares adequadas em razão do tônus anormal ou do comprometimento
da coordenação das estratégias motoras pode limitar a habilidade de recrutar os músculos
necessários para o equilíbrio.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 104
1.3 Tratamento do equilíbrio comprometido
Como sempre em nossa atividade profissional, é importante antes mesmo do trata-
mento, que seja realizada uma abordagem avaliativa. Nos casos em que o equilíbrio pode
estar comprometido, é necessária uma anamnese acurada e completa, exames físicos que
contemplem a verificação da parte aferente (propriocepção inclusive), a interação sensório-
-motora e a parte eferente.
Há vários testes descritos na literatura para compreender estes déficits, como o
teste de Romberg para o equilíbrio estático, de equilíbrio unipodálico, de Stork stand, de
sentar e levantar para o equilíbrio dinâmico, de alcance funcional, o star excursion balance
test, entre outros (KISNER e COLBY, 2016).
Abordando especificamente o tratamento do equilíbrio, é importante relatar que,
como em geral ele envolve atividades que desafiam os limites de estabilidade do paciente,
é fundamental que o fisioterapeuta dê os passos necessários para garantir a segurança do
paciente, sendo elas:
- Usar algum aparelho ou cinta que estabilize o paciente quando este estiver prati-
cando exercícios que desafiem seu equilíbrio;
- O fisioterapeuta fica atrás e ao lado do paciente com um braço próximo ou até
mesmo com um braço apoiando ou sustentando o paciente;
- Fazer os exercícios perto de um corrimão ou parede, barras paralelas, para que
se o paciente vier a estar com dificuldade na execução da tarefa, que ele as segure;
- Não realizar exercícios perto de extremidades agudas de móveis ou aparelhos;
- Ter uma pessoa na frente e outra atrás quando estiver trabalhando com pacientes
com alto risco de quedas ou lesões;
- Verificar os equipamentos para assegurar-se de que estão funcionando corretamente;
- Cuidar do paciente ao subir os descer dos equipamentos, como bicicletas, esteiras, etc.;
- Certificar-se de que o solo esteja limpo, sem resíduos e livre de tapetes e degraus.
Exercícios que trabalham o equilíbrio devem ser iniciados com boa estabilização,
sendo com base alargada ou em posições de maior estabilização, como por exemplo, a sen-
tada, progredindo para a posições ortostática. Deve também progredir de um apoio estável
para o instável, por exemplo, num primeiro momento em uma superfície plana e reta para
atividades em cima de superfícies macias, (como espuma, almofada, areia e grama), até
superfícies mais instáveis como balancim, cama elástica e pranchas de equilíbrio. Também
deve-se evoluir de um apoio bipodal para unipodal. Acrescenta-se tarefas secundárias com
o intuito de provocar mais desafio e instabilidade, como por exemplo, apanhar uma bola,
cabecear, chutar uma bola, um exercício resistido com pesos ou elásticos dos membros
superiores (Figuras 1 e 2).
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 105
FIGURA 1 - EXEMPLO DE EXERCÍCIO DE EQUILÍBRIO NUMA PLATAFORMA
INSTÁVEL E REALIZANDO UMA TAREFA SECUNDÁRIA
(EXERCÍCIO RESISTIDO NOS MEMBROS SUPERIORES)
FIGURA 2 - EXEMPLO DE EXERCÍCIO DE EQUILÍBRIO NUMA PLATAFORMA INSTÁVEL E
REALIZANDO UMA TAREFA SECUNDÁRIA (TOCAR O CONE E RETORNAR)
Acrescentar tarefas funcionais que envolvam múltiplas partes do corpo para au-
mentar o desafio do controle postural antecipatório, fazendo o paciente levantar objetos de
pesos variados em diferentes posturas com velocidade variadas torna-se fundamental, não
apenas estaticamente, mas inclusive de forma dinâmica. Assim, realizar pequenos saltitos,
acelerações e desacelerações de corrida, realizar solicitações estáticas e dinâmicas de forma
associativa se configura como a última etapa do tratamento (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 106
2. COORDENAÇÃO
Define-se como controle motor a capacidade do Sistema Nervoso Central (SNC) de
controlar ou direcionar o sistema neuro motor no movimento intencional e ajuste postural
pela atribuição seletiva de tensão musculas em todos os segmentos articulares apropria-
dos. Incluem o tônus normal do músculo e mecanismos de resposta postural, movimentos
seletivos e coordenação (O’SULLIVAN; SCHMITZ e FULK, 2018).
Já coordenação é definida como a capacidade de executar um movimento har-
monioso e preciso, controlado, o que envolve múltiplas articulações e músculos que são
ativados no momento adequado e com a quantidade correta de força, de modo que ocorra
um movimento harmonioso, eficiente e preciso. Desta forma, a essência da coordenação é
o sequenciamento, a sincronização e a graduação da ativação de múltiplos grupos muscu-
lares (O’SULLIVAN; SCHMITZ e FULK, 2018).
A capacidade de produzir estas respostas harmoniosas também depende de estí-
mulos sensitivos, visuais e vestibulares, bem como de um sistema neuromuscular comple-
tamente intacto do córtex motor à medula espinhal.
Movimentos coordenados são caracterizados por:
- Velocidade coerente com a tarefa;
- Distância correta;
- Direção adequada;
- Tempo assertivo;
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 107
- Tensão muscular apropriada.
Além disso, os movimentos coordenados envolvem:
- Influências sinérgicas apropriadas (recrutamento muscular);
- Fácil reversão entre grupos opositores (sequenciamento adequado de contração
e relaxamento);
- Estabilização proximal para possibilitar o movimento distal ou a manutenção de
uma postura.
Desta forma, movimentos desajeitados, divergentes, irregulares ou imprecisos
caracterizam os déficits na coordenação motora (O’SULLIVAN; SCHMITZ e FULK, 2018).
O profissional da Fisioterapia está frequentemente envolvido com o cuidado e trata-
mento de pacientes com déficits na coordenação. Como sempre, é necessário avaliar antes
de intervir, sendo os dados do exame da coordenação informativos sobre as deficiências
existentes. Os dados do exame da coordenação ajudam o fisioterapeuta a estabelecer
o diagnóstico dos prejuízos subjacentes, as limitações nas atividades e as restrições na
participação (deficiência); ajudam a estabelecer as metas previstas para remediar os pre-
juízos e formular desfechos esperados que englobem a remediação das limitações nas
atividades e restrições na participação; e apoiam a tomada de decisão no estabelecimento
de um prognóstico e na determinação de intervenções específicas e diretas (O’SULLIVAN;
SCHMITZ e FULK, 2018).
SAIBA MAIS
O termo prognóstico se refere ao nível ideal previsto de melhora na função e a quanti-
dade de tempo necessária para chegar a esse nível. Um prognóstico preciso pode ser
determinado no início do tratamento para alguns pacientes. Para outros, com condições
mais graves e complicadas, como um traumatismo crânio encefálico grave, associadas
a ampla deficiência e comprometimento de múltiplos sistemas, um prognóstico ou pre-
visão do nível de melhora só pode ser determinado em várias partes durante o curso
da reabilitação. O conhecimento dos padrões de recuperação (estágio do transtorno)
às vezes é útil para orientar a tomada de decisão. O tempo necessário para alcançar a
recuperação ideal é também determinação importante
Fonte: (O’SULLIVAN; SCHMITZ e FULK, 2018).
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 108
As deficiências da coordenação frequentemente estão associadas a limitações na
atividade que estão relacionadas com o tipo, extensão e localização da doença do Sistema
Nervoso Central (SNC). Exemplos de diagnósticos que podem provocar dificuldades na
coordenação são: traumatismo crânio encefálico, doença de Parkinson, Esclerose múltipla,
Paralisia cerebral, Tumores no cerebelo, doenças vestibulares e algumas dificuldades de
aprendizagem (O’SULLIVAN; SCHMITZ e FULK, 2018).
O cerebelo, os gânglios da base e a via da coluna dorsal-lemnisco medial contri-
buem para o córtex na produção do movimento coordenado. Desta forma, lesões nestas
áreas afetam o processamento superior e a execução de respostas motoras coordenadas
(O’SULLIVAN; SCHMITZ e FULK, 2018).
Alguns prejuízos motores relacionados a coordenação devido a problemas cerebelares são:
- Astenia, que é uma fraqueza muscular generalizada relacionada com o cerebelo;
- Disartria, um transtorno no componente motor da articulação da fala. Normalmente
descrita como se aquela pessoa necessitasse pronunciar uma palavra de cada vez, sendo
um padrão lento, arrastado, hesitante, com sílabas prolongadas e pausas inadequadas;
- Disdiadococinesia, uma diminuição na capacidade de realizar movimentos al-
ternados rápidos, sendo este déficit observado em movimentos como a alternância rápida
entre a pronação e a supinação do antebraço. Os movimentos ficam irregulares e disformes,
com uma perda rápida na amplitude e no ritmo, ainda mais se a velocidade for aumentada;
- Dismetria, que é uma incapacidade de julgar a distância ou a amplitude de um
movimento, podendo se manifestar como uma hipermetria (superestimação do intervalo ne-
cessário para alcançar um objeto ou uma meta) (Figura 3) ou uma hipometria (subestimação);
FIGURA 3 - EXEMPLO DE HIPERMETRIA, SENDO QUE
HOUVE ULTRAPASSAGEM DA AÇÃO INDEX-NARIZ
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 109
- Dissinergia ou decomposição do movimento, que descreve um movimento
executado numa sequência de partes componentes em vez de uma atividade única e regular;
- Marcha atáxica, que envolve padrões de deambulação que normalmente de-
monstram uma ampla base de apoio, visto que o indivíduo com ataxia busca estabilização;
- Outros fenômenos, como a hipotonia (diminuição do tônus muscular), o nistagmo,
o rebote e o tremor.
Os prejuízos na coordenação relacionados a lesões nos núcleos da base são:
- Acinesia, que é uma incapacidade de iniciar o movimento (frequente nos estágios
iniciais da doença de Parkinson);
- Atetose, sendo caracterizada por movimentos involuntários lentos, em contorção,
torção, vermiforme. Normalmente estes movimentos são observados mais nas partes dis-
tais dos segmentos, especialmente membros superiores;
- Bradicinesia, consiste numa diminuição na amplitude e na velocidade do movi-
mento voluntário;
- Coréia, sendo caracterizada por movimentos involuntários, rápidos, irregulares e
bruscos que envolvem múltiplas articulações;
- Rigidez, sendo um aumento do tônus muscular que causa maior resistência ao
movimento passivo;
- Tremor, sendo um movimento oscilatório involuntário rítmico observado em re-
pouso (tremor de repouso). Normalmente desaparecem com o movimento intencional;
- Outros fenômenos, como a coreoatetose, a distonia, o hemibalismo e a hipercinesia.
Já as lesões no sistema coluna dorsal-lemnisco medial são menos característicos
do que aquelas dos núcleos da base e do cerebelo. Ainda assim resultam em prejuízo
na coordenação e no equilíbrio relacionados com a falta de senso de posição articular
(propriocepção) e consciência do movimento e prejuízo na localização da sensação de
toque do paciente.
Geralmente, a coordenação não é perdida independente de outras valências ou
capacidades. A diminuição da força, um tempo de reação mais lento, alterações posturais,
perdas de equilíbrio normalmente estão associadas, inclusive devido a senilidade (em ido-
sos) (O’SULLIVAN; SCHMITZ e FULK, 2018).
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 110
2.1 Testes de coordenação
Alguns testes são descritos na literatura para verificar a coordenação geral e espe-
cífica na prática clínica do fisioterapeuta. É importante ressaltar que estes serão realizados
com indivíduos que possam apresentar lesões nas regiões do Sistema Nervoso (SN) já
discutidas. São exemplos de testes:
- Index-nariz, sendo que solicita-se para o indivíduo tocar a extremidade distal do
polegar na parte mais proeminente do nariz;
- Index-index, sendo que necessita-se tocar um indicador no outro, com os braços
bem abertos;
- Pronação e supinação alternados;
- Teste do rebote;
- Teste do calcanhar joelho, sendo solicitado que o indivíduo em decúbito dorsal
toque seu calcanhar no joelho contralateral;
- Outros testes como calcanhar na canela, desenhar um círculo, apontar, percus
são, oposição dos dedos, apontar, preensão palmar, etc. (O’SULLIVAN; SCHMITZ
e FULK, 2018).
2.2 Treinamento da coordenação
Visto que a coordenação é dependente de um bom controle postural, de força
muscular, Amplitude de Movimento Funcional (ADM), equilíbrio, propriocepção e outras va-
lências, normalmente seu treinamento é executado através de atividades interativas entre
elas. Se o déficit da coordenação for mais relevante para determinado caso, é necessário
um programa de exercícios que busque seu desenvolvimento.
Normalmente inicia-se o treinamento da coordenação com atividades mais simples,
unissegmentares e uniplanares, passando para atividades mais complexas, plurisseg-
mentares (do corpo todo) e multiplanares. Passa-se também de atividades mais lentas
e aumenta-se a velocidade aos poucos. Muitas das atividades de equilíbrio também são
integradas aqui no treinamento da coordenação, visto que os sistemas se interrelacionam.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 111
3. POSTURA E PERCEPÇÃO CORPORAL
Define-se postura como o alinhamento das partes do corpo quando se está em pé,
sentado ou deitado. É descrita pelas posições das articulações e dos segmentos do corpo
e também em termos do equilíbrio entre os músculos que cruzam as articulações (KISNER
e COLBY, 2016).
Postura é a maneira que o corpo se equilibra em determinadas posições. Envolve
muito mais do que ossos. Por exemplo, a coluna vertebral com ligamentos intactos, mas sem
músculos é instável. Uma postura normal fornece estabilidade ao tronco em determinadas
posições, produzindo e permitindo movimentos normais e funcionais em diversos segmentos.
Segundo Magee (2010) uma postura normal é considerada aquela que:
- Distribui a gravidade obtendo uma função muscular equilibrada;
- Fornece o máximo de eficiência para as Atividades de Vida Diárias (AVD’s);
- Evita lesões;
- Provoca estresse mínimo sobre as articulações;
- A atividade muscular parar manter a posição é mínima.
Ou seja, postura normal é aquela em que músculos apresentam uma boa movi-
mentação, sem fraquezas e retrações, ligamentos intactos, fáscias de movimentação livre,
linha de gravidade que incide corretamente e bons hábitos posturais (MAGEE, 2010).
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 112
Muitas queixas de base musculoesquelética podem ser atribuídas às sobrecargas
que ocorrem em consequência de atividades repetitivas ou mantidas estando em um ali-
nhamento postural habitualmente errado (KISNER e COLBY, 2016).
Embora postura não se refira especificamente à coluna vertebral, é ela o centro do
corpo, o pilar central que promove estabilização geral para o desenvolvimento de diversas
tarefas das AVD’s, além do que é sede de várias patologias posturais como a escoliose. Por
isso, vamos discutir aqui mais focalmente esta região.
A coluna vertebral concilia dois estados mecânicos contraditórios: flexibilidade e
rigidez. Ao mesmo tempo suas estruturas permitem movimentos, porém devem prover
estabilidade para a realização de atividades apendiculares. É um mastro com seus estabi-
lizadores suportados na pelve e cintura escapular. Na posição simétrica, as tensões estão
equilibradas em ambos os lados e o mastro é vertical e retilíneo. Seu equilíbrio é regulado
pelos tensores musculares de forma automática, sendo sua disposição muito importante
para manter o centro de gravidade alinhado (KISNER e COLBY, 2016).
3.1 Influências biomecânicas no alinhamento postural
Como já sabemos, a coluna do adulto é dividida em quatro curvaturas, sendo duas
primárias (as que se mantiveram da mesma forma desde o nascimento): as cifoses toráci-
cas e sacral; e duas secundárias (as que se modificaram após o nascimento): as lordoses
cervical e lombar, também chamadas de curvaturas compensatórias. A lordose cervical
se desenvolveu quando a criança começou a erguer a cabeça e a sustentá-la e a lordose
lombar apareceu quando a criança se levantou e iniciou marcha (KISNER e COLBY, 2016).
Além das curvaturas fisiológicas da coluna, a própria gravidade se configura como
uma importante influência no alinhamento postural. Ela impõe uma carga às estruturas
responsáveis por manter o corpo ereto e, assim, oferece um desafio contínuo à estabilidade
e ao movimento eficiente. No corpo ereto, em postura simétrica, a linha de gravidade atra-
vessa as curvaturas vertebrais, que se equilibram anterior e posteriormente, e fica perto do
eixo de rotação das articulações dos membros inferiores (KISNER e COLBY, 2016).
No caso do tornozelo, a linha de gravidade fica anterior a esta articulação e, por-
tanto, tende a rodar a tíbia para a frente, em torno do tornozelo. Esta linha de gravidade
também passa anteriormente ao joelho, o que tende a mantê-lo em extensão. Os músculos
flexores plantares deixam o pé estável e o ligamento cruzado anterior do joelho e a tensão
dos músculos posteriores do joelho mantêm a estabilidade do joelho nesta posição, além
do sóleo, importante motor ativo para completar esta função (KISNER e COLBY, 2016).
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 113
No quadril, a linha de gravidade varia de acordo com o balanço do corpo, sendo
que rotações são constantemente executadas pela pelve e quadril no intuito de equilibrá-lo
nas atividades dinâmicas. Já no tronco, a linha de gravidade passa pelos corpos das vérte-
bras lombares e cervicais, sendo que assim as curvaturas ficam equilibradas. Há também
atividade muscular para manter a posição estável, o que não é diferente na cabeça. Nesta,
a linha de gravidade passa anteriormente às articulações atlantoccipitais e os músculos
cervicais posteriores necessitam contrair-se para manter a cabeça estabilizada (KISNER e
COLBY, 2016).
SAIBA MAIS
Articulação atlantoaxial é aquela que acontece entre a primeira vértebra cervical, o atlas
e a segunda, o axis. É uma articulação extremamente especializada, do tipo trocoide, no
qual o atlas gira em torno do axis e permite virarmos a cabeça de um lado para o outro,
como nos movimentos indicando não.
Fonte: (TORTORA e DERRICKSON, 2017).
3.2 Estabilidade postural da coluna vertebral
Nós podemos estudar a estabilidade da coluna conforme três subsistemas: passivo
(estruturas inertes, os ossos e ligamentos), ativo (músculos) e controle neural, sendo que
estes três subsistemas se interrelacionam.
Os músculos têm importância ímpar na estabilidade e controle postural. Os do
tronco não só agem como mobilizadores primários ou antagonistas do movimento causado
pela gravidade durante a atividade dinâmica, mas também são importantes estabilizadores
da coluna. É importante relatar que “sem a atividade estabilizadora dinâmica dos músculos
do tronco, a coluna entraria em colapso na posição ereta” (KISNER e COLBY, 2016).
Tanto os músculos mais superficiais e globais quanto os músculos mais profundos
apresentam papel relevante nesta estabilização da coluna. No caso da lombar, os músculos
abdominais (reto abdominal, oblíquo externo e interno, e mais especificamente o transverso
abdominal), o quadrado lombar, os extensores (iliocostais, longos e espinhais), especial-
mente os multífidos, além do Iliopsoas, são amplamente estudados e compõe o arcabouço
de sustentação deste segmento.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 114
Na cervical isto se configura pelos grupos dos levantadores da mandíbula, os gru-
pos dos supra-hioídeos e infra-hioídeos, músculos reto anteriores e lateral da cabeça, longo
do pescoço e longo da cabeça, além dos multífidos também (KISNER e COLBY, 2016).
É importante lembrar que estes músculos estabilizadores apresentam caracteristi-
camente um maior papel de resistência muscular à fadiga (como vimos na Unidade II desta
apostila). Neles, há maior percentual de fibras do tipo I do que do tipo II, o que é reflexo da
sua função postural e estabilizadora (KISNER e COLBY, 2016). Isto determina fortemente
que exercícios posturais que busquem a ativação e a melhora do desempenho destes
músculos sejam realizados de forma mais isométrica, estática, solicitando a contração e
sua manutenção.
Além disso, os músculos são ativados e controlados pelo sistema nervoso, que é
influenciado pelos mecanismos periféricos e centrais em resposta às forças e atividades
flutuantes (KISNER e COLBY, 2016).
3.3 Efeitos da respiração na postura e na estabilidade
A inspiração e a extensão da região torácica da coluna elevam a caixa torácica e
alinham a coluna. Os músculos intercostais funcionam como músculos posturais para esta-
bilizar e mover as costelas e agem como uma membrana dinâmica entre elas, prevenindo
a sucção e a ruptura para fora dos tecidos moles durante as mudanças de pressão da res-
piração. Isto também ocorre em consonância com a ativação do músculo mais importante
da respiração: o diafragma. Ele se contrai e ocorre o aumento da pressão intra-abdominal
antes mesmo de um movimento rápido do braço, por exemplo, independente da fase da
respiração que esteja ocorrendo ou do movimento do braço. As atividades tônicas destes
músculos também proporcionam estabilidade à coluna quando há movimentos repetitivos
dos membros (KISNER e COLBY, 2016).
Esta importante relação da postura com a respiração determina que na execução
dos exercícios posturais o fisioterapeuta inclua a respiração o tempo todo, sendo esta cal-
ma, com foco na expiração. As técnicas posturais incluem isto.
3.4 Comprometimentos posturais
Há variadas patologias e lesões que levam a comprometimentos posturais e é im-
portante que o fisioterapeuta as conheça e saiba abordá-las conforme suas características.
A dor, a resistência muscular comprometida, a má postura, a síndrome dolorosa postural e
maus hábitos posturais podem levar a estes quadros clínicos.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 115
As hiperlordoses, a postura relaxada e desleixada, de achatamento lombar, dorso
curvo com anteriorização da cabeça são alguns quadros comuns, mas aquele que se con-
figura como o mais grave é a escoliose.
Escoliose é definida como uma curvatura lateral na coluna, o que normalmente
envolve as regiões torácica e lombar. Hoje já sabemos que ela envolve mais do que uma
curvatura apenas, mas ela pode ser tridimensional, ou seja, nos três planos, sendo no plano
frontal/coronal os desvios laterais; no plano sagital os desvios anteroposteriores; e no plano
transverso as rotações das vértebras. De uma forma mais simples, é um desvio de um
grupo de vértebras, podendo ocorrer uma ou duas curvaturas (Figura 4).
Na escoliose há comprometimentos da mobilidade nas articulações, músculos e
fáscias no lado côncavo das curvas; desempenho muscular comprometido decorrente de
alongamento e fraqueza da musculatura do lado convexo das curvas; também podendo
ocorrer comprometimento cardiopulmonar nos casos mais graves (KISNER e COLBY, 2016).
FIGURA 4 - ESCOLIOSE
3.5 Tratamento postural
Como já sabemos, toda ação fisioterapêutica se inicia com a avaliação. É necessário verificar:
- O alinhamento postural (sentado e em posição ortostática), equilíbrio e marcha;
- ADM, mobilidade articular e flexibilidade;
- Força e resistência muscular para repetições e atividades sustentadas;
- Avaliação ergonômica, se indicado;
- Mecânica corporal;
- Resistência cardiopulmonar/capacidade aeróbia, padrão respiratório (KISNER e
COLBY, 2016).
Alguns princípios são muito importantes serem considerados e aplicados no traba-
lho postural com pacientes portadores de assimetrias e distúrbios posturais. Vamos a eles.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 116
3.5.1 Princípio do reforço verbal
À medida que você institui um exercício postural para o indivíduo que necessita,
o fisioterapeuta deve interagir verbalmente com o paciente, interpretar com frequência as
posições na coluna e a sensação de contração muscular que ele deveria estar sentindo.
Normalmente, chamamos isso na Fisioterapia de voz de comando e incentivo. É extrema-
mente necessária e permite um feedback verbal ao paciente.
3.5.2 Princípio do reforço tátil
É necessário o toque do paciente em cada uma das atividades posturais instituídas
na conduta fisioterapêutica. Ajude o paciente a posicionar a cabeça e o tronco no alinha-
mento correto e toque os músculos que precisam se contrair para mover ou sustentar as
partes ou segmentos necessários. Isto proporciona uma ótima percepção da contração do
músculo requerido para aquela atividade.
3.5.3 Princípio do reforço visual
Ao usar espelhos na frente do paciente, de modo que ele possa ver sua aparência,
proporciona feedback visual, o que pode fazer com que ele mesmo se auto corrija, e por
conseguinte, perceber ou ter a sensação de estar alinhado de forma apropriada.
3.5.4 Auto crescimento
A solicitação do auto crescimento, ou seja, solicitando que o indivíduo cresça “le-
vando a cabeça ao teto da sala” ou “como se alguém tivesse puxando seu fio de cabelo
para cima” se configura numa outra estratégia interessante, já que qualquer distúrbio que
estiver acontecendo na coluna, especialmente a escoliose, tende a se realinhar. O auto
crescimento também promove momentânea descompressão vertebral, pois promove a
distração dos tecidos entre as vértebras, ou seja, os ligamentos, os discos e as articulações
facetarias, sendo muito relevante também para melhora de algias na coluna vertebral.
3.5.5 A percepção corporal/postural
A partir do momento que solicitamos o auto crescimento, incentivamos e corrigimos
a postura pela voz, com um reforço visual e no toque do fisioterapeuta no paciente, estamos
proporcionando uma melhora na percepção corporal, ou seja, sobre aquela postura ou
posicionamento.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 117
Normalmente, se abordarmos uma pessoa sentada numa estação de trabalho qual-
quer e questioná-la sobre sua postura naquele momento, possivelmente, mesmo que sua
atitude postural esteja incorreta, a resposta será diferente, ou seja, de que a postura adotada
é correta. Isto não se deve apenas a falta de conhecimento sobre o assunto, mas inclusive
sobre a falta de perceber o próprio corpo no espaço. Portanto, a pessoa não percebe que a
lombar está mais fletida do que deveria, a cervical mais anteriorizada do que deveria devido
à falta de iluminação, por exemplo. Já discutimos sobre isto nesta Unidade, e chamamos
de propriocepção ou sensações somatossensoriais. Ou seja, é necessário trabalhar esta
percepção do corpo no espaço com estes indivíduos junto com o trabalho postural.
3.5.6 Treinamento resistido isométrico
Como já vimos, o trabalho postural é realizado essencialmente com técnicas de
treinamento resistido isométrico, visto que há mais fibras tônicas, ou seja, do tipo I nos mús-
culos posturais. As posturas devem ser sustentadas por mais tempo do que habitualmente
se faz num exercício isotônico. Desta forma, as técnicas descritas em Fisioterapia para tra-
tar pacientes portadores de alterações posturais apresentam esta importante característica.
Em detrimento disso, há a possibilidade de se mobilizar e movimentar a região apen-
dicular, ou seja, os membros superiores e inferiores, porém mantendo a coluna vertebral
em contração isométrica. Isto permanece coerente com a fisiologia muscular e funcional.
3.5.7 Orientações e reforço
Não é possível para uma pessoa manter sempre uma boa postura. Portanto, orien-
te, dê dicas e reforce o desempenho correto, ensinando o paciente a usar pistas ao longo
do dia para verificar a postura adotada naquele momento. Por exemplo, instrua o paciente
a verificar a postura todas as vezes que ele passar na frente de um espelho, parar no sinal
vermelho quando estiver no carro, sentar-se para comer, etc. Proporcione feedback positivo
à medida que o paciente se tornar ativamente envolvido no processo de reaprendizado
(KISNER e COLBY, 2016).
3.5.8 Respiração
Como já vimos, é muito importante a orientação da respiração, que deve ser rít-
mica, enfatizando a expiração durante a contração, visto que é muito comum o indivíduo
prendê-la durante o exercício isométrico (apneia momentânea), o que poderia provocar
uma resposta pressórica decorrente da manobra de Valsalva e levar a um aumento rápido
na pressão arterial, o que não é bem-vindo no processo (KISNER e COLBY, 2016).
Assim, é fundamental que o fisioterapeuta insira nas atividades cinesioterapêuticas
de postura esta característica. As técnicas posturais focam isto.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 118
3.5.9 Suporte externo/colete
Em casos mais graves pode ser necessário que o indivíduo use algum colete de
sustentação postural (Figura 5). Isto porque normalmente ele permanece durante muito
tempo em casa ou em suas atividades normais do dia a dia, e possivelmente em posturas
inadequadas e assimétricas. Estes suportes ajudam a treinar o funcionamento muscular
correto (KISNER e COLBY, 2016). O colete de Milwaukee e a órtese tóraco-lombar-sacral
são os mais utilizados.
FIGURA 5 - EXEMPLO DE COLETE PARA AUXILIAR NO TRATAMENTO DA ESCOLIOSE
3.6 Técnicas posturais mais comuns na Fisioterapia
Várias técnicas têm sido usadas em Fisioterapia para tratar pacientes portadores
de quadros posturais alterados. Como já vimos, elas devem considerar todas aquelas
características já abordadas aqui, visto que são pautadas na fisiologia normal do corpo
humano.
3.6.1 Iso-stretching
Muito conhecida, inclusive no Brasil, o Iso-stretching foi desenvolvido em 1974 por
Bernard Redondo na França, propõe a promoção de alongamento e fortalecimento dos
músculos, principalmente os posturais, de forma geral e alinhada, por meio de exercícios
coordenados com controle respiratório e da postura corporal, realizado com controle de
todos os movimentos envolvidos no exercício físico a partir de comando verbal firme e
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 119
detalhado do fisioterapeuta. Há uma relevante ação da musculatura profunda, visto que
enquanto o indivíduo que realiza a atividade postural, realiza contração da musculatura
profunda, além de ajustes posturais e das contrações requeridas ao mesmo tempo que
controla a respiração (PARDO, et al., 2015).
A técnica do Iso-Stretching prepara e protege a musculatura de uma retração que
possa vir a sofrer por falta de atividade física adequada, sendo indicada para todas as
idades e capacidades físicas. É considerada uma técnica global porque as posturas utiliza-
das objetivam manter o posicionamento vertebral de engrandecimento (auto crescimento),
favorecem o alongamento simultâneo dos músculos posteriores da coluna e membros e,
ao mesmo tempo, mantém os paravertebrais profundos com uma tonicidade que favorece
a manutenção da postura correta adquirida (MONTE-RASO et al., 2009).
3.6.2 RPG
A Reeducação Postural Global tem sido instituída por vários fisioterapeutas, visto
que promove o alongamento global das cadeias musculares e preconiza utilização de
posturas específicas para o alongamento dos músculos. As cadeias musculares são cons-
tituídas por músculos gravitacionais que trabalham de forma sinérgica dentro da mesma
cadeia. Melhora o corpo, corrige a morfologia, suprime a rigidez e libera as articulações,
tratando a desarmonia, levando em consideração as necessidades individuais de cada
pessoa (TOLEDO et al., 2011).
Algumas posturas são: rã no chão e rã no ar. Utilizaremos como exemplo a postura
rã no chão, sendo ela: posicionar o indivíduo em decúbito dorsal com os braços ao longo
do corpo, radioulnares em supinação, membros inferiores em abdução com rotação lateral,
com flexão de quadril e joelhos até a completa aposição das plantas dos pés. A progressão
da postura em abertura de ângulo consiste na extensão e adução dos membros inferiores
e abertura dos membros superiores (TOLEDO et al., 2011).
3.6.3 Pilates
Busca o condicionamento físico e mental, e possui como intuito principal ampliar a
independência no cotidiano das atividades de vida diária. É um método que se baseia no
fortalecimento do centro de força (power house), expressão que denota a circunferência do
tronco inferior, estrutura de suporte para o corpo. Promove melhora da capacidade pulmonar,
fortalecimento dos músculos respiratórios, da mobilidade, pois exercita a tonificação muscular
e da flexibilidade, por meio de equipamentos, como por exemplo a bola de Pilates e aparelhos
com o uso de molas e elásticos como resistência (Figura 6) (SANTOS et al., 2019).
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 120
FIGURA 6 - EXEMPLO DE EXERCÍCIO DO PILATES
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 121
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizamos assim a Unidade IV desta apostila, abordando assuntos muito impor-
tantes da prática clínica do fisioterapeuta, como os exercícios terapêuticos direcionados a
indivíduos que apresentem alterações no equilíbrio, propriocepção e posturais. Sabemos
que a incidência destes distúrbios é alta na população e que é este o profissional capacitado
para avaliar, planejar, indicar e executar os exercícios terapêuticos com o intuito de melhora
do desempenho funcional.
Na primeira parte da Unidade discutimos a fundamentação do equilíbrio e entende-
mos que podem haver lesões ou patologias tanto na parte aferente, nos centros de controle
neuronais quanto na parte eferente, causando disfunções diversas, inclusive propriocep-
tivas. Os exercícios para este fim têm como características atividades que evoluem da
mais estável para mais instável, de base alargada para diminuição da base de apoio, de
superfícies mais estáveis para instáveis, de atividades mais simples para mais complexas,
de estáticas para dinâmicas, até que o indivíduo possa receber alta fisioterapêutica.
Já na segunda parte da unidade abordamos a coordenação e reconhecemos que
ela se relaciona intimamente com o equilíbrio e propriocepção, visto que suas disfunções
são alocadas nas mesmas regiões, ou em regiões próximas.
Por último, aprendemos sobre a postura, suas alterações e alguns exemplos de
exercícios e técnicas que a trabalham. Porém, o mais importante foi entender que algumas
características são comuns entre as técnicas, sendo: Princípio do reforço verbal, Princípio
do reforço tátil, Princípio do reforço visual, o Auto Crescimento, a percepção corporal/pos-
tural, o treinamento resistido isométrico, orientações e reforço, Respiração e a possibilidade
do uso de suporte externo/colete. Desta forma, visto que estes conhecimentos são de
aplicabilidade clínica imediata, esperamos que eles tenham sido compreendidos por você.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 122
LEITURA COMPLEMENTAR
Artigo 1: Análise comparativa entre idosos praticantes de
exercício físico e sedentários quanto ao risco de quedas.
Fonte: PARDO, M. S.; LIMA, A. A. R.; SIMÕES, M. S.; GOYA, P. S. A.; VOOS, M. C.; CAROMANO, F.
A. Efeito do treino de isostretching na flexibilidade e na força muscular. Acta Fisiátrica. v. 22 n. 2, p.72-76, 2015.
Disponível em: https://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/114504/112332. Acesso em: 27 ago. 2021.
RESUMO: Objetivo: Avaliar efeitos do treino de exercícios de isostreching na fle-
xibilidade e força muscular. Método: Trinta e um indivíduos saudáveis (27 mulheres), de
18 a 28 anos, divididos em 2 grupos: Grupo A, isostretching, submeteu-se a programa de
exercícios baseados na técnica isostretching e Grupo B, padrão, submeteu-se aos mesmos
exercícios utilizando princípios técnicos clássicos do alongamento, por 12 semanas, duas
vezes por semana, uma hora por sessão. Foram avaliadas no pré e pós-teste, flexibilidade
por meio de fotogrametria pesquisando a distância punho-chão e a classificação da postura
segundo categorias de encurtamentos musculares descritas por Kendall e, força muscular
por meio de dinamometria. Resultados: Não houve diferença estatisticamente significante
no teste de flexibilidade nos dois grupos. Análise de significância clínica e melhora pelo
Índice de Mudança Confiável (IMC) mostrou ganho na flexibilidade atingindo 14 participan-
tes de ambos os grupos. Análise de contorno do corpo do grupo A apresentou atenuações
nas curvaturas da coluna cervical, lombar e torácica e ângulo de flexão de quadril. O grupo
B apresentou atenuações na curvatura da coluna cervical e ângulo de flexão de quadril.
Em relação à força muscular, o grupo A apresentou diferença estatisticamente significante
em alguns grupos musculares específicos, porém sem significância clínica. Conclusão: As
duas intervenções afetam a flexibilidade de forma estatisticamente semelhante, porém com
impacto diferente nas curvaturas da coluna. O isostretching afetou clinicamente a flexibili-
dade de indivíduos saudáveis, com indícios de que treinamentos mais intensos ou longos
possam afetar a força muscular.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 123
Artigo 2: Efeito da técnica isostretching no equilíbrio postural.
Fonte: MONTE-RASO, V. V.; FERREIRA, P. A.; CARVALHO, M. S.; RODRIGUES, J. G.; MARTINS,
C. C.; IUNES, D. H. Efeito da técnica isostretching no equilíbrio postural, v. 16 n. 2, p.137-142, 2009.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/fp/a/NHwCyx8kWYXWwrXB7C6VyLG/?lang=pt&format=pdf. Acesso
em: 27 ago. 2021.
RESUMO: O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos da técnica isostretching em
alterações posturais. Doze voluntários com aumento da cifose torácica, escoliose, protrusão
de cabeça e ombros foram tratados com a técnica isostretching três vezes por semana em
sessões de 1 hora cada. Foram divididos em dois grupos, segundo o número de sessões de
tratamento que frequentaram: grupo 1 (n=8), mais de 30 sessões e grupo 2 (n=4), menos
de 30 sessões. Para a avaliação postural, os voluntários foram fotografados antes e após o
tratamento no plano frontal anterior e posterior, no plano sagital ereto e em flexão anterior de
tronco. Os dados foram analisados estatisticamente, considerando o nível de significância
de 5%. No grupo 1, os resultados foram satisfatórios quanto às modificações no alinha-
mento do triângulo de Talles (∆T) esquerdo (f=0,00), ângulo coxofemoral (f=0,00), ângulo
tibiotársico (f=0,00) e alinhamento da coluna torácica (f=0,01). Nos indivíduos do grupo 2,
os resultados foram satisfatórios quanto ao alinhamento do joelho esquerdo (f=0,03), ∆T es-
querdo (f=0,00), ∆T direito (f=0,01), alinhamento da coluna torácica (f=0,03) e alinhamento
da cabeça (f=0,02). A técnica de isostretching, nas posturas adotadas neste estudo, pois foi
eficaz no alinhamento da coluna vertebral torácica nos dois grupos, bem como na melhora
da flexibilidade no grupo 1; entretanto, não houve melhora nas assimetrias posturais no
plano frontal, independente do número de sessões frequentadas pelos sujeitos.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 124
Artigo 3: Efeitos da Reeducação Postural Global em escolares com escoliose.
Fonte: TOLEDO, P. C. V; MELLO, D. B.; ARAÚJO, M. E.; DAOUD, R.; DANTAS, E. H. M. Efeitos da
Reeducação Postural Global em escolares com escoliose. Fisioterapia e Pesquisa, v. 18 n. 4. p.329-334, out/
dez 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/fp/a/pkzqZBYYqT8NXqyX3mnHMcK/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em: 27 ago. 2021.
RESUMO: O objetivo deste estudo foi analisar o efeito do método da Reeducação
Postural Global (RPG) em escolares com diagnóstico de escoliose torácica não estrutu-
ral (ETNE). Os escolares com indicativo de ETNE ao exame postural e teste de Adams
negativo foram encaminhados ao exame radiográfico para comprovação diagnóstica.
Foram selecionados 20 participantes (11 meninos e 9 meninas, com 10±3 anos), divididos
randomicamente em dois grupos homogêneos: o que realizou o RPG (GRPG) durante 12
semanas com duração de 25 a 30 minutos cada sessão, de acordo com o que aguentou
permanecer na postura; e o grupo controle (GC), sem intervenção. Após três meses, os
dois grupos repetiram a avaliação postural e o exame radiográfico. Para avaliação das
estatísticas, foi utilizada análise de variância (ANOVA) univariada, com medidas repetidas,
seguida do Post Hoc de Tukey para identificar as possíveis diferenças intra e intergrupos.
O valor de α foi de 0,05. O GRPG apresentou redução significativa no ângulo de Cobb
na comparação intragrupo (Δ%=-35,100; p=0,009), mas o GC não (Δ%=9,520; p=0,789).
Pode-se concluir que escolares submetidos ao método da RPG apresentaram melhora do
quadro de escoliose torácica não estrutural.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 125
Artigo 4: O Método Pilates no solo na qualidade de vida,
função pulmonar e força muscular respiratória de idosas.
Fonte: SANTOS, M. B. F.; ANTUNES, M. D.; OLIVEIRA, D. V.; PALÁCIO, S. G. O Método Pilates no
solo na qualidade de vida, função pulmonar e força muscular respiratória de idosas. Saúde e Pesquisa, v.12.
n. 2. p.343-349, maio-ago 2019. Disponível em: https://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/saudpesq/
article/view/7286/3507 Acesso em: 27 ago. 2021.
RESUMO: Este estudo teve o objetivo de analisar os efeitos do método Pilates
no solo na qualidade de vida, função pulmonar e força muscular respiratória em mulheres
idosas. Estudo quase-experimental, realizado com 19 idosas no município de Maringá,
Paraná, avaliadas por meio do SF-36, da espirometria e manovacuometria. As idosas foram
submetidas a dez sessões de Pilates no solo, realizadas três vezes por semana, durante 60
minutos. Ao término do tratamento as pacientes foram reavaliadas e os dados analisados
pelos testes de Wilcoxon e Mann Whitney (p < 0,05). Houve melhora da força muscular
inspiratória (40,5%), expiratória (42,9%), da capacidade vital forçada (9,1%), do volume
expiratório forçado no primeiro minuto (13,3%); e principalmente na qualidade de vida nos
domínios de limitação por aspectos físicos (68,42%), aspectos emocionais (43,42%), capa-
cidade funcional (35,0%) e dor (34,37%). O método Pilates no solo mostrou- se eficaz para
melhorar a qualidade de vida, na função pulmonar e força muscular respiratória.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 126
Artigo 5: Análise comparativa da atividade elétrica do músculo
multífido durante exercícios do Pilates, série de Williams e Spine Stabilization.
Fonte: SILVA, M. A. C.; DIAS, J. M. SILVA, M. F.; MAZUQUIN, B. F.; ABRÃO, T.; CARDOSO, J. R.
Análise comparativa da atividade elétrica do músculo multífido durante exercícios do Pilates, série de Williams
e Spine Stabilization. Fisioterapia em Movimento, v. 26. n. 1. p.87-94, jan-mar 2013. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/fm/a/Zxm6fRVbCGYpzTKmvqdVrPm/?lang=pt&format=pdf Acesso em: 27 ago. 2021.
RESUMO: Introdução: A fraqueza da musculatura paraespinhal está relacionada
à etiologia da dor lombar. Atualmente existem vários métodos que apresentam exercícios
para o fortalecimento dessa musculatura. Objetivos: Comparar e analisar o sinal eletromio-
gráfico do músculo multífido bilateralmente durante exercícios do método Pilates, série de
Williams e Spine Stabilization. Materiais e métodos: Participaram do estudo dez mulheres
voluntárias e saudáveis que realizaram os exercícios leg pull front support modificado do
Pilates, o quarto exercício da série adicional de Williams e o quadruped exercise do Spine
Stabilization. O sinal foi normalizado pelo pico eletromiográfico da atividade dinâmica e fo-
ram ajustados para 2000 amostras por segundo e o filtro em uma frequência de passagem
de 20 a 450 Hz. A ANOVA foi utilizada para verificar diferenças entre os exercícios, o teste
t para amostras dependentes foi usado para comparar a ativação entre os lados direito e
esquerdo do multífido para cada exercício. Resultados e considerações finais: Na compara-
ção entre os exercícios, observaram-se diferenças significativas para o músculo multífido a
favor do exercício do método Pilates tanto na fase concêntrica quanto na excêntrica, o que
demonstra ser o exercício de melhor ativação elétrica para o músculo analisado.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 127
Artigo 6: Avaliação da propriocepção do joelho em
indivíduos portadores de disfunção femoropatelar.
Fonte: LOBATO, D. F. M.; SANTOS, G. M.; COQUEIRO, K. R. R.; MATTIELLO-ROSA, S. M. G.;
TERRUGGI-JUNIOR, A.; BEVILAQUA-GROSSI, D.; MATTIELLO-SVERZUT, A. C. M.; BÉRZIN, F.; SOARES,
A. B.; MONTEIRO-PEDRO, V. Avaliação da propriocepção do joelho em indivíduos portadores de disfunção
femoropatelar. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 9. n. 1. p.57-62, 2005. Disponível em: https://www.
researchgate.net/profile/Daniel-Lobato/publication/327445622_Avaliacao_da_propriocepcao_do_joelho_em_
individuos_portadores_de_disfuncao_femoropatelar/links/5b8fd76c45851540d1ca2001/Avaliacao-da-pro-
priocepcao-do-joelho-em-individuos-portadores-de-disfuncao-femoropatelar.pdf . Acesso em: 27 ago. 2021.
RESUMO: Objetivo: Avaliar a propriocepção do joelho de indivíduos portadores
de disfunção femoropatelar (DFP) e de indivíduos-controle em dinamômetro isocinético.
Método: Foram selecionados 20 sujeitos do sexo feminino, sendo 10 (22,5 ± 2,3 anos)
portadores de DFP unilateral sem sintomatologia dolorosa (grupo DFP) e 10 (21,3 ± 1,7
anos) clinicamente normais (grupo N). As voluntárias, sentadas na cadeira do dinamômetro
isocinético e com os olhos vendados, realizaram três reposicionamentos ativos para três di-
ferentes ângulos-alvo (30, 45 e 60 graus) de flexão do joelho. As variáveis estudadas foram
o ângulo de reposicionamento ativo do joelho e os erros absoluto e relativo em relação a
cada ângulo-alvo avaliado. Resultados: O teste t evidenciou que não houve diferença signi-
ficativa na média dos reposicionamentos ativos (p30o = 0,33; p45o = 0,39; e p60o = 0,96)
entre os grupos DFP e controle. Além disso, a análise de variância (ANOVA) não mostrou
diferença significativa, tanto na média do erro absoluto (p = 0,66) quanto na média do erro
relativo (p = 0,81) entre os diferentes ângulos-alvo de flexão do joelho. Conclusão: Nas
condições experimentais utilizadas, os dados do presente estudo não evidenciaram déficit
proprioceptivo em relação ao senso de posição articular entre os grupos DFP e controle.
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 128
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: RPG: Reeducação Postural Global: O método
Autor: Philippe Souchard.
Editora: Elsevier, 2011.
Sinopse: Esta obra é o resultado de 30 anos de evolução do
método Reeducação Postural Global e constitui um guia completo
e atualizado, tanto do ponto de vista dos fundamentos científicos
quanto da aplicação prática. Philippe Souchard dedica-se aqui a
uma releitura da fisiologia e da fisiopatologia da função muscular
estática, associada a observações pessoais e a pesquisas em bio-
mecânica solidamente documentadas. Este trabalho de síntese,
ricamente fundamentado e ilustrado, permite identificar claramente
a responsabilidade da retração muscular nas patologias muscu-
loesqueléticas, sejam elas morfológicas ou lesionais, e propor um
tratamento original dessas disfunções.
FILME / VÍDEO
Título: 4 exercícios - Pliometria
Ano: 2019
Sinopse: Hoje a Cinética traz 4 exercícios de Pliometria para os
membros inferiores. A pliometria é um método de treinamento
que envolve o ciclo de alongamento-encurtamento (CAE) dos
músculos. Normalmente é realizada através de saltos, porém, não
é apenas aplicável aos membros inferiores. A pliometria é muito
utilizada nos treinamentos de potência, além de ter uma grande
demanda cardiovascular em decorrência do uso de movimentos
explosivos. Dentre os benefícios da pliometria, vale a pena citar a
melhora da força, potência e do equilíbrio dinâmico. E você, utiliza
o treinamento plimétrico? Quais exercícios você utiliza? Um abraço
da equipe Cinética.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=HuR_YoPhJ4c
UNIDADE IV Equilíbrio, Propriocepção, Coordenação, Postura e Percepção Corporal 129
REFERÊNCIAS
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estudo comparativo entre três regiões do rio Grande do Sul. Revista Latino Americana de
Enfermagem. v. 18 n. 01, p.11-17, 2010.
ALECRIM, J. V. C.; ALECRIM NETO, J. V. C.; SOUZA, M. O.; PIRES, G. P. Efeito do treina-
mento pliométrico e isométrico na força explosiva de atletas de handebol. Resvista Ciencias
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BRASIL. COFFITO – Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, 2011. Re-
solução no 402 de 03 de agosto de 2011. 2021c. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/
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BRODY, L. T.; HALL, C. M. Exercício terapêutico. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
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GUYTON; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia médica. Rio de Janeiro: GEN – Grupo Editorial
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CONCLUSÃO GERAL
A Cinesioterapia tem grande relevância para o fisioterapeuta, visto que este é um
profissional do movimento, que trata, reabilita e previne disfunções do movimento. Portan-
to, é apenas através do exercício terapêutico, bem indicado e executado, que o movimento
pode ser restabelecido ou qualquer disfunção pode ser prevenida. Por isso, esta disciplina
faz parte da graduação em Fisioterapia.
É bem verdade que o fisioterapeuta não é o único profissional do movimento, mas
é ele o que está cada vez mais inserido no mercado de trabalho em diversos segmentos,
desde hospitais, centros de Reabilitação, na Saúde do Trabalhador, em empresas, em
clínicas, de especialidades fisioterapêuticas diversas.
Neste material, discutimos desde fundamentos introdutórios dos exercícios tera-
pêuticos, tipos de exercícios (Unidade I), o treinamento aeróbio e exercícios respiratórios,
alongamento muscular (Unidade II), o treinamento de força, potência e resistência à fadiga
(Unidade III), o equilíbrio, coordenação, postura e percepção corporal (Unidade IV). Desta
forma, formamos base para o aprendizado destas técnicas e revelamos sua importância
para a prática clínica. Enfatizamos suas características principais. Por exemplo, vimos que
o trabalho de resistência à fadiga é diferente do trabalho de potência. Que os exercícios
pliométricos trabalham o ciclo concêntrico-excêntrico e os exercícios posturais focalizam a
atividade isométrica.
Vimos também que os exercícios de alongamento melhoram a extensibilidade.
Considere que estes conhecimentos abordados aqui formam importante base para a com-
preensão de outras disciplinas, inclusive aquelas que vem a frente. Por isso, esperamos
que você tenha compreendido a importância do conteúdo, as ações do Fisioterapeuta
relacionadas ao exercício terapêutico e ainda mais, siga na direção do seu objetivo final: o
de ser Fisioterapeuta.
Até uma próxima oportunidade. Muito obrigado!
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