0% acharam este documento útil (0 voto)
36 visualizações2 páginas

4 Nietzsche

O documento discute a obra 'Genealogia da Moral' de Nietzsche, que critica a moral tradicional e propõe uma 'transvaloração de todos os valores'. Nietzsche argumenta que a moral cristã e a moral de rebanho reprimem os instintos vitais e criativos do ser humano, enquanto defende uma moral de senhores que valoriza a força e a potência. Através de um método genealógico, ele busca revelar as origens históricas dos valores morais e sua relação com interesses específicos, promovendo uma reflexão crítica sobre a moralidade.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
36 visualizações2 páginas

4 Nietzsche

O documento discute a obra 'Genealogia da Moral' de Nietzsche, que critica a moral tradicional e propõe uma 'transvaloração de todos os valores'. Nietzsche argumenta que a moral cristã e a moral de rebanho reprimem os instintos vitais e criativos do ser humano, enquanto defende uma moral de senhores que valoriza a força e a potência. Através de um método genealógico, ele busca revelar as origens históricas dos valores morais e sua relação com interesses específicos, promovendo uma reflexão crítica sobre a moralidade.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 2

Prof. Msc.

Roberto Gonzaga Aluno(a): Data: / /

NIETZSCHE E A GENEALOGIA DA MORAL


INTRODUÇÃO Para a genealogia da moral 1887 talvez
Nascido na Alemanha, filho de um pastor seja o livro mais conhecido de Nietzsche. Nessa
luterano e bastante marcado pelo rigor da obra, ele aprofunda e consolida a crítica a moral
religião protestante, Friedrich Nietzsche (1844- levada a efeito em seus escritos anteriores,
1900) foi um dos críticos mais mordazes da moral especialmente em Humano, Demasiando
tradicional desde a filosofia grega até o Humano e Aurora. No entanto, Nietzsche está
cristianismo. Pensador radical propõe uma convencido de possuir agora maior maturidade e
“transvaloração de todos os valores”, visando uma linguagem especial para os problemas que
romper não só com a moral judaico-cristã, mas formula antes. Principalmente, acredita ter
também com a tradição grega desde Sócrates, fornecido agora ao método genealógico uma
representativa do racionalismo e da divisão dimensão especial. A genealogia nietzschiana não
unilateral que teria prevalecido em toda cultura se contenta mais apenas com uma abordagem
ocidental. histórica dos sentidos e conceitos morais. A
Nietzsche definiu seu pensamento em gênese histórica é tarefa preparatória para uma
Além do Bem e do Mal como uma “crítica da questão mais incisiva, mais radical: aquela que se
modernidade”. Particularmente no caso da ética, pergunta pelo próprio valor dos valores e
procura mostrar que ela não se fundamenta na avaliações da moral tradicional.
razão. A moral cristã se caracteriza pela “Moral Necessitamos uma crítica dos valores
do rebanho”, em que os indivíduos se deixam morais, é necessário colocar alguma vez em
levar pela maioria e seguem os ensinamentos da questão o próprio valor desses valores – e para
moral tradicional de forma acrítica. É também a isso se tem necessidade de ter conhecimento das
moral do “homem do ressentimento”, que condições e circunstâncias das quais surgiram
assume a culpa e o pecado como características aqueles valores, nas quais se desenvolvem e
de sua natureza e por isso reprime seus impulsos modificam ( a moral como consequência, como
vitais, sua vontade, sua criatividade, em nome da sintoma, como máscara, como tartufaria, como
submissão à autoridade da religião e, por enfermidade, como mal-entendido, como
extensão, do Estado e das instituições em geral. estímulo, como freio, como veneno), um
Essa é, segundo Nietzsche a “moral dos fracos”, conhecimento que não existe até agora, nem
que consegue se impor aos fatores exatamente sequer foi desejado (NIETZSCHE, 2000, p. 63-4).
através do recurso à culpa e ao remorso A genealogia da moral aprofunda a sua
inculcados pela tradição em todos os indivíduos. crítica através da proposta do método
Sua crítica visa então recuperar os valores genealógico. Nietzsche mostra que os conceitos e
afirmativos da vida, que possam dar aos homens valores tradicionais da moral não são universais e
um novo impulso em direção à superação de suas nem estabelecidos objetivamente. Têm suas
limitações por meio do incentivo à vontade, à origens em um momento histórico determinado,
sensibilidade, à criatividade. em uma cultura específica, e servem a certos
interesses e propósitos que, no desenvolvimento
GENEALOGIA DA MORAL da tradição, acabam por ficar “esquecidos”. O
método genealógico busca recuperar essas
origens e desmascarar a aparente objetividade A moral de senhores é positiva, porque
dos valores e conceitos, o que acontece em casos baseada no sim à vida, e se configura sob o signo
como o da “moral de rebanho” da tradição da plenitude, do acréscimo. Por isso se funda na
judaico-cristã, que impõe valores como capacidade de criação, de invenção, cujo
compaixão e submissão aos fortes como forma de resultado é a alegria, consequência da afirmação
dominá-los. Esse método procura revelar, através da potência. O homem que consegue superar-se
da análise crítica, pressupostos e elementos é o super-homem (Übermensch). À moral
subjacentes da tradição, assim como o seu aristocrática, moral dos senhores, que é sadia e
processo de formação. voltada para os instintos da vida, Nietzsche
O pensamento de Nietzsche se orienta no contrapõe o pensamento socrático-platônico que
sentido de recuperar as forças inconscientes, (provoca a ruptura entre o trágico e o racional) e
vitais, instintivas subjugadas pela razão durante a tradição da religião judaico-cristã. A moral que
séculos. Para tanto, critica Sócrates por ter deriva daí é a moral de escravos, moral
encaminhado pela primeira vez a reflexão moral decadente porque baseada na tentativa de
em direção ao controle racional das paixões. subjugação dos instintos pela razão, o homem-
Segundo Nietzsche, nasce aí o homem fera, animal de rapina, é transformado em animal
desconfiado de seus instintos tendo essa doméstico ou cordeiro. A moral plebeia
tendência culminando com o cristianismo, que estabelece um sistema de juízos que considera o
acelerou a "domesticação" do homem. Em bem e o mal valores metafísicos transcendentes,
diversas obras, como a Genealogia da moral, isto é, independentes da situação concreta vivida
Para além do bem e do mal e Crepúsculo dos pelo homem. A moral de escravos nega os valores
ídolos, em estilo apaixonado e mordaz, Nietzsche vitais e resulta na passividade, na procura da paz
faz a análise histórica da moral e denuncia a e do repouso. O homem se torna enfraquecido e
incompatibilidade entre esta e a vida. Em outras diminuído em sua potência.
palavras, o homem, sob o domínio da moral, se É por isso que contra o enfraquecimento
enfraquece, tornando-se doentio e culpado. do homem, contra a transformação de fortes em
Nietzsche relembra a Grécia homérica, do fracos – tema constante da reflexão nietzschiana
tempo das epopeias e das tragédias, – é necessário assumir uma perspectiva além de
considerando-a como o momento em que bem e mal, isto é, "além da moral". Mas, por
predominam os verdadeiros valores outro lado, para além de bem e mal não significa
aristocráticos, quando a virtude reside na força e para além de bom e mau. A dimensão das forças,
na potência, sendo atributo do guerreiro belo e dos instintos, da vontade de potência, permanece
bom, amado dos deuses. Nessa perspectiva, o fundamental. "O que é bom? Tudo que intensifica
inimigo não é mau: "Em Homero, tanto o grego no homem o sentimento de potência, a vontade
quanto o troiano são bons. Não passa por mau de potência, a própria potência. O que é mau?
aquele que nos inflige algum dano, mas aquele Tudo que provém da fraqueza".
que é desprezível". Ao fazer a crítica da moral
tradicional, Nietzsche preconiza a "transvaloração Referência bibliográfica:
de todos os valores". Denuncia a falsa moral, MASCONDES, Danilo. Textos básicos de ética: de
"decadente", "de rebanho", "de escravos", cujos Platão a Foucault. 4º ed. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Ed., 2009.
valores seriam a bondade, a humildade, a
MACHADO, Roberto. Nietzsche e a verdade. Rio
piedade e o amor ao próximo. Contrapõe a ela a de Janeiro: Rocco, 1984.
moral "de senhores", uma moral positiva que visa GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Pequeno dicionário de
à conservação da vida e dos seus instintos filosofia contemporânea. 2ª ed. São Paulo:
fundamentais. Publifolha, 2010.

Você também pode gostar