(Esse documento se refere a um caso hipotético, embora bem detalhado, para que você possa

usar como base em suas avaliações. A comercialização e o direito autoral desse material são
exclusivos da Planilha e Cia, e desejamos que você o aproveite imensamente, para disseminar
amor e ciência para o universo. Coloque aqui acima a sua logo e capa, para que o material fique
ainda mais lindo).

I- IDENTIFICAÇÃO

Nome: ZZZ
Idade: X anos e X meses
Data de nascimento: xxx sexo: xxx
Período de Avaliação: 09 de setembro a 19 de outubro de 2022
Relator: Natasha Assaife
Solicitantes: xxx (mãe) e xxx (pai)
Assunto: Avaliação Comportamental para investigação de atrasos no
desenvolvimento
e elaboração de plano de ensino individualizado para intervenção em Análise do
Comportamento Aplicada (ABA – Applied Behavior Analysis).

II- DESCRIÇÃO DA DEMANDA

XXX passou por um processo de avaliação para investigação de atrasos no

desenvolvimento. De acordo com a mãe, a criança possui freqüência reduzida
de contato visual e comprometimento no comportamento de ouvinte, embora
compreenda comandos tais como “Vamos passear”, “Não mexe aí”, “Não vai aí”
e “Espera”. Além disso, XXX realiza poucos mandos (pedidos), geralmente
puxando o adulto pelo braço, quando quer acessar algum item, sem o
comportamento de apontar. A mãe relata que a criança apresenta a fala “Quer
ciar” nos momentos em que deseja passear, e ainda não diz a palavra “papai”.
A família também relata que a criança não apresenta vocalizações com função
comunicativa, não costuma emitir uma variedade de respostas, com fins de
solicitação, nomeação e não atenta quando chamada pelo nome.

XXX não possui laudo médico que indique transtorno de neurodesenvolvimento.

Todavia, diante dos atrasos observados pela mãe, a criança já possui
acompanhamento fonoaudiológico em andamento. Segundo a mãe, xxx é calma
e alegre, gosta de brincadeiras corporais (coordenação motora grossa), e de
empilhar e enfileirar brinquedos. A criança não apresenta comportamentos de
autoagressão, nem de heteroagressão, embora se irrite em alguns momentos
em que não é compreendida(o) por seu ouvinte. Além disso, xxx ainda faz uso
de fraldas, não demonstrando pleno controle dos esfíncteres. A mãe espera que
xxx aprenda a interagir e a falar. A família busca uma avaliação para fins de
elaboração de uma intervenção baseada em ABA.

III – PROCEDIMENTO

Foram realizadas 8 sessões de avaliação com a criança, na clínica XXX e 1

sessão para observação da criança no ambiente escolar (Creche XXX),
objetivando conhecer o contexto familiar, o repertório da criança a partir da
percepção da mãe, as principais dificuldades, bem como o histórico de
desenvolvimento. As sessões ocorreram de modo semanal e com duração de 50
minutos cada. O processo de avaliação foi realizado com base: 1. nos protocolos
Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program (VB- MAPP) e
Socially Savvy (para avaliação das principais habilidades sociais), 2. na
observação da criança em contexto terapêutico, utilizando recursos lúdicos,
como massinha, carrinhos, livros, brinquedos musicais e de encaixe, etc; 3. no
Checklist M-Chat.

O VB-MAPP é um instrumento amplamente utilizado na Análise do

Comportamento Aplicada (ABA), voltado para a avaliação e planejamento de
intervenções para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras
dificuldades de comunicação. Ele avalia as habilidades verbais e de
comunicação de uma criança, abrangendo desde as habilidades mais básicas,
como o contato visual, até formas mais complexas de linguagem, como a
compreensão de conceitos e a conversação. Através dessa avaliação,
profissionais podem identificar áreas de força e de desafio na comunicação da
criança, e desenvolverem planos de intervenção personalizados para o
desenvolvimento da linguagem e da comunicação.

O Socially Savvy tem como principal finalidade oferecer uma análise

abrangente e detalhada do desenvolvimento social da criança. Este instrumento

1
possibilita a identificação de competências específicas, como a capacidade de
expressar emoções, compreender pistas sociais, resolver conflitos e estabelecer
conexões interpessoais.

Além disso, o Socially Savvy permite avaliar a adaptabilidade da criança em

diferentes contextos sociais e a qualidade de suas interações com os pares. O
instrumento não apenas contribui para a detecção precoce de possíveis
desafios sociais, mas também, orienta educadores e pais na implementação de
estratégias específicas de apoio, promovendo um ambiente propício ao
desenvolvimento saudável das habilidades sociais durante a infância.

O M-CHAT (Modified Checklist for Autism in Toddlers) foi projetado com a

finalidade específica de identificar precocemente sinais de autismo em crianças
pequenas. Este instrumento de triagem fornece uma abordagem sistemática
para profissionais de saúde e pais, permitindo a detecção de comportamentos e
características associadas ao espectro autista.

IV - ANÁLISE

No que tange ao teste de rastreio Modified Checklist for Autism in

Toddlers (M-CHAT), dentre os 23 itens constantes no questionário, xx passa
em 12 itens, ao passo que falha em 11 itens, incluindo alguns dos itens críticos
para falhas, que são: 7 (apontar), 13 (imitar o adulto), 14 (responder/olhar
quando chamado pelo nome) e 15 (acompanhar com o olhar quando é apontado
para um brinquedo de outro lado da sala – atenção compartilhada).

Durante o processo de avaliação comportamental clínica, xxx não demonstrou

receio em entrar na sala. xxx explorou o ambiente e os itens dispostos, e
demonstrou certo repertório no brincar independente, ora dando funcionalidade
aos brinquedos (ex: Lego) e ora, sem a funcionalidade original (ex: empilhando
as peças do quebra-cabeça, ao invés de reuni-las em um conjunto lógico).

XXX não emitiu comportamentos disruptivos nas sessões. Além disso, a criança
demonstrou um considerável tempo de concentração e atenção na atividade de
seu interesse, como o Lego, permanecendo sentada por pelo menos 5 minutos.
Todavia, deixou algumas atividades inacabadas (ex: quebra-cabeça. Sr. Cabeça
de Batata), migrando para um próximo brinquedo a ser explorado. XXX possui

2
baixa frequência nas habilidades de brincar social (com outros) e troca de turno,
não demonstrando por sua vez, a habilidade de atenção compartilhada,
sobretudo de iniciação da atenção (ex: pedir para o outro ver o que ela/ele está
vendo). Não apresentou comportamento colaborativo como guardar os
brinquedos, por exemplo.

Durante as sessões, XXX apresentou estereotipias motoras como flapping e

pulo, em momentos de alegria e euforia, especialmente na sessão em que a
mãe esteve presente para interação com a criança. Além disso, a criança
demonstrou interesse e aumento da frequência de contatos visuais, inclusive
sustentados, diante de músicas familiares, tais como “Seu Lobato” e “Palma
Palma”.

Na quarta sessão, a criança buscou a terapeuta e fez mandos para acessar

informações. XXX retirava o giz de cera da caixa e ficava com ele suspenso até
que a terapeuta nomeasse a cor, e ainda, solicitando ajuda gestual para calçar
os sapatos (puxando a terapeuta pelo braço). Além disso, nesta sessão, XXX
também apontou para os animais desenhados na caixa de giz de cera e
esperava que a terapeuta dissesse o nome do animal. Quanto às Atividades de
Vida Diária (AVD), como ir ao banheiro, XXX não demonstrou conhecer tal
rotina. Destaca-se que a criança, embora tenha buscado a interação para pedir
informação e ajuda da terapeuta, não apresentou respostas que revelassem
uma motivação social elevada, incluindo ainda, fuga, esquiva e uma baixa
frequência no contato visual. Abaixo são detalhadas as habilidades avaliadas, e
o repertório de XXX nas respectivas áreas dos protocolos VB-MAPP e Socially
Savvy.

Ecoico: Refere-se à habilidade de repetir sons, incluindo palavras e frases. No

que tange ao ecoico, XXX não demonstrou repertório para repetir sons vocálicos
e palavras simples, tampouco a habilidade de ecoar, mesmo diante de dicas. A
criança emite o mesmo som (leve grito) tanto para momentos de protesto,
quanto para aqueles de euforia.

3
Mando: Refere-se à habilidade de realizar solicitações, tais como pedir um item
de interesse, remover uma demanda indesejada e pedir uma informação. No
que se refere ao mando, XXX apresentou um atraso significativo, visto que, para
esta área, é esperado que a criança realize pedidos diversos de, no mínimo, 20
itens diferentes, que solicite que outras pessoas realizem ações e emita, no
mínimo, 5 orações diferentes, utilizando duas palavras. Quanto ao repertório de
XXX, a criança não emitiu nenhum tipo de vocalização ou sinal como apontar,
mas utilizou o outro, em discretos momentos, para conseguir o que queria
(puxando o braço), embora, com alguns contatos visuais durante esses mandos
discretos. A criança emite poucos mandos, que geralmente são restritos aos
itens reforçadores.

No que tange ao brincar independente e social, XXX possui operação

motivacional ligeiramente diferente das crianças com desenvolvimento típico,
pelo fato de alterar algumas funções de brinquedos, mas consegue manter o
interesse por tempo médio de 5 minutos, o que é um potencial para
aprendizagem.

Tato: Refere-se à habilidade de descrever o ambiente, o que envolve nomear

objetos, emoções, sensações, ações e eventos. Durante a avaliação, XXX não
nomeou itens, nem emitiu vocalização através de sons. Nesta idade, é esperado
que a criança seja capaz de nomear, no mínimo, 60 itens, o que inclui também
objetos não reforçadores e ações de outras pessoas.

Intraverbal: Refere-se à habilidade de completar lacunas, tais como frases,

músicas ou responder perguntas, por exemplo. Para esta idade, espera-se que a
criança consiga fornecer o próprio nome quando solicitado, e complete
diferentes lacunas musicais e expressões. Nessa área, durante o processo de
avaliação, XXX não demonstrou nenhuma resposta.

Ouvinte: Refere-se à habilidade de direcionar-se a um falante, olhar e atender

quando chamado pelo nome, seguir instruções, incluindo a execução de ações
motoras simples quando solicitadas (sem dicas imitativas), como bater palmas,

4
dar tchau e mandar beijo. XXX direcionou o olhar quando alguns sons foram
emitidos na mesma direção a que ela estava olhando, bem como a sons
emitidos com maior distância, realizando contato visual e seguindo algumas
instruções pontuais, tais como “pegue o macaco” (XXX pegou o macaco nesse
momento). No entanto, demonstrou pouca reação nas diversas vezes em que
foi chamado pelo nome ou que um falante estava realizando algum tipo de
solicitação, o que reitera a hipótese de baixa motivação social, sendo, portanto,
uma área que também se encontra em atraso.

Habilidades de pareamento e percepção visual (VP-MTS): Refere-se à

capacidade de a criança combinar itens iguais, discriminando aquilo que é
diferente, além de atentar para objetos e realizar rastreio visual. No que se
refere à essa área, XXX fez discretos rastreios visuais de estímulos em
movimento, considerando que apresenta alta frequência de fuga e esquiva.
Agarrou pequenos objetos com movimento de pinça e demonstrou certa
habilidade de coordenação olho-mão. Por sua vez, não demonstrou habilidades
para parear itens idênticos (ex: quebra-cabeça), embora realize rastreio ao
longo da brincadeira. Há atraso na habilidade de pareamento e percepção
visual.

Brincar independente: Essa habilidade refere-se à capacidade de a criança

permanecer em uma brincadeira sem que seja incentivada constantemente por
terceiros. Nesse aspecto, XXX não apresentou atrasos significativos, sendo
capaz de manipular brinquedos por mais de um minuto, interessando-se
alternadamente pelas massinhas, brinquedos de encaixe, livro musical e tinta.
Em casa, a mãe relatou que a criança gosta de enfileirar e empilhar brinquedos.

Interação social e brincar social: Refere-se à motivação e ao repertório da

criança em brincar e interagir com o outro. Nessa área, XXX também
apresentou atraso, visto que é esperado que ela consiga iniciar interações,
responder a solicitações de colegas, e permanecer engajada em brincadeiras
sociais, mesmo sem o incentivo de adultos. A partir da avaliação, foi possível
identificar que a criança não realiza contato visual como forma de solicitação.

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Rotina de sala de aula e Habilidades de Grupo: Geralmente permanece
sozinho(a) em sala de aula, andando e observando os demais colegas, e
eventualmente seguindo o comportamento dos demais. Brinca pouco em
paralelo, e ainda não inicia interações, nem permanece em brincadeiras
colaborativas. Apresenta comportamento hiperativo de andar pelo ambiente
com frequência maior que a dos demais colegas, apresentando dificuldade em
realizar tarefas mais difíceis que interferem na aquisição de habilidades
importantes. Há ainda, dificuldade em esperar, permanecer sentada(o) ou
concluir atividade que envolva atenção.

Imitação: No que se refere à esta área, a criança demonstrou inconsistentes

habilidades em seu repertório, o que também reflete um atraso, visto que é
esperado que consiga imitar movimentos amplos, com e sem objetos. Na última
sessão, por sua vez, a terapeuta começou a brincar com um boneco que batia a
cabeça, e então, a terapeuta dizia: “ai, minha cabeça”, e logo em seguida, XXX
começou a bater a cabeça do boneco também (imitação motora grossa), para
que a terapeuta repetisse “ai, minha cabeça” (emissão de mando através do
olhar por XXX) – o que fazia XXX gargalhar.

Comportamentos disruptivos e negativos: Durante as observações, a

criança não apresentou nenhum tipo de comportamento considerado
disruptivo/interferente. Os principais comportamentos negativos de XX são fuga
e esquiva de demandas, que dificultam a aprendizagem. Além disso, a criança
possui baixa freqüência de contatos visuais, mesmo quando realiza mandos
(pedidos), atentando-se pouco para o rosto de outras pessoas.

Diante do exposto, é possível concluir que XXX possui comportamentos

característicos do nível 1 (0 a 1 ano e 6 meses) dos Marcos do
Desenvolvimento do Vb-Mapp.

GRÁFICOS VB-MAPP DE XXX (Data: 00/00/0000):

1. Marcos de Desenvolvimento:

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2. Análise de Barreiras:

7
Quanto à avaliação de habilidades sociais constantes no protocolo Socially
Savvy, foram observados:

Brincar Social: A criança demonstrou baixo comportamento de brincar social,

apresentando-se em brincadeiras independentes na maior parte do tempo das sessões.

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Autorregulação: XXX não demonstrou a habilidade de levantar a mão para falar, e
aquelas relacionadas à: 1. autoidentificação de quando está frustrada(o); 2. pedido de
pausa ou item para acalmar-se; 3. demonstração de consciência sobre o próprio espaço
e do espaço do outro (incluindo habilidade de tomada de perspectiva); e 4. defender-se
(ex: “pare”, sem exibir um comportamento desafiador).

Social/Emocional: xxx demonstrou emoções negativas e comportamentos

desafiadores diante de alternância de demandas.

Linguagem Social: Não apresentou as habilidades, tais como: iniciar saudações e

despedidas culturais, fazer perguntas sociais (ex: nomes da família, idade etc), usar
frases polidas (ex: com licença, desculpe, por favor...).

Linguagem Social Não Verbal: Não apresentou habilidades, tais como: identificar
ações básicas sem palavras (ex: charadas, adivinhas etc).

GRÁFICOS DE SOCIALLY SAVVY de XXX (Data: 00/00/0000):

V - CONCLUSÃO

A partir do que fora avaliado, é possível identificar um comprometimento na

comunicação verbal e não verbal (gestos) de XXX, além de interação social
prejudicada (baixa frequência de contato visual, de iniciar interação com pares

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ou responder a estes), o que junto a outras habilidades avaliadas, conferem um
padrão global de atraso no desenvolvimento.

Considerando ainda as dificuldades de vocalização de XXX, bem como a

expectativa da família de que a criança possua fala e interação social, deve ser
considerada a inclusão de Comunicação Alternativa no repertório da criança.
Cabe ainda, a avaliação acurada por fonoaudiólogo, para verificação de possível
comprometimento motor da fala, bem como das intervenções necessárias,
fomentando assim, o atendimento multiprofissional.

A partir da avaliação realizada e dos exemplos supracitados, é possível

identificar que a criança apresenta um repertório característico do Transtorno
do
Espectro do Autismo (CID-11 6A02), sendo relevante ainda, a avaliação por
neuropediatra.

Ademais, é importante que uma intervenção baseada em ABA seja iniciada, de

forma abrangente e intensiva, a fim de maximizar os ganhos no
desenvolvimento da criança, bem como reduzir déficits e barreiras
comportamentais.

VI - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Sundberg, M. L.(2008). The verbal behavior milestones assessment and

placement
program: The VB-MAPP. Concord, CA: AVB Press.

American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual diagnóstico e

estatístico de
transtornos mentais. Artmed Editora.

CASTRO-SOUZA, Rodrigo Monteiro de. Adaptação brasileira do M-CHAT

(Modified Checklist for Autism in Toddlers). 2011

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XXX, de XXX de 2023.

________________________________________
YYY
Psicóloga Clínica – CRP zzz

Recebido em: ____/____/____

Por: ________________________________________
www
Mãe

Por: ________________________________________
www
Pai

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 ANEXO
PRANCHA DE COMUNICAÇÃO – DIA A DIA

EU QUERO COMER

BEBER SIM SIM

LEGAL NÃO QUERO PARE

Fonte: Arasaac

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