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Aula 01: A Ciência E O Conhecimento Científico

A aula aborda a definição de conhecimento e ciência, destacando seus níveis, que incluem conhecimento empírico, científico, filosófico e teológico. O conhecimento científico é caracterizado por sua busca de explicações e soluções através de métodos rigorosos, enquanto a filosofia se concentra na reflexão e questionamento sobre a realidade. A ciência é vista como um processo dinâmico e em constante construção, visando a compreensão e domínio do meio em que vivemos.
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Aula 01: A Ciência E O Conhecimento Científico

A aula aborda a definição de conhecimento e ciência, destacando seus níveis, que incluem conhecimento empírico, científico, filosófico e teológico. O conhecimento científico é caracterizado por sua busca de explicações e soluções através de métodos rigorosos, enquanto a filosofia se concentra na reflexão e questionamento sobre a realidade. A ciência é vista como um processo dinâmico e em constante construção, visando a compreensão e domínio do meio em que vivemos.
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METODOLOGIA CIENTÍFICA - Jeferson Renato - UNIGRAN

Aula 01

A CIÊNCIA E O CONHECIMENTO
CIENTÍFICO

Esta aula tem como objetivo levá-lo(a) a compreender o que significa conhecimento
e quais são os seus níveis e também entender o que significa ciência no âmbito da pesqui-
sa científica, bem como qual é sua finalidade, função e objeto Outros pontos importantes
são esclarecer-lhe a natureza e as qualidades necessárias ao desenvolvimento de um espírito
científico, assim como ajudá-lo(a) a reconhecer a classificação das ciências dentro de seus
diversos ramos de estudo.

SEÇÃO 1 – O conhecimento e seus níveis


Para começar, reflita sobre essas consid-
erações a respeito da formação do es-
pírito científico que, talvez, seja a abor-
dagem mais interessante feita nesta aula:

[...] Pouco adiantaria o conhecimento e o


emprego do instrumental metodológico,
sem aquele rigor e seriedade de que o
trabalho científico deve estar revestido.

Essa atmosfera de seriedade que en-


volve e perpassa todo o trabalho só
aparece e transparece se o autor es-
tiver imbuído de espírito científico
(CERVO; BERVIAN, 2006, p. 16).

O desejo de conhecer sempre fez parte da natureza humana. Você já percebeu como

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METODOLOGIA CIENTÍFICA - Jeferson Renato - UNIGRAN

apreciamos possuir uma informação? Como nos sentimos orgulhosos quando temos o do-
mínio sobre um assunto de nosso interesse? Ou como nos sentimos satisfeitos quando nos
conhecemos bem ou quando conhecemos bem alguém com quem convivemos?
Mas afinal, o que significa a palavra conhecimento? Em sua origem, derivada do
latim cognoscere, significa “procurar entender” ou “conhecer junto”. Baruffi (2004) define
conhecimento como uma relação entre sujeito que conhece e um objeto que é conhecido. Para
o autor, o ato de conhecer, estabelecido entre sujeito e objeto, ocorre por meio de um proces-
so de interação em que o sujeito vai tentando apreender a forma desse objeto e, do resultado
desse conhecimento, obtém-se o conceito, a explicação.
Conhecimento é, então, nesse contexto, nada mais do que a explicação que o sujeito
produz, por meio de um esforço metodológico de análise, acerca de elementos da realidade
a ele manifesta, revelando a lógica do objeto. Porém esse processo decorre de um esforço de
investigação para se descobrir o que ainda não foi compreendido. Para Baruffi (2004, p. 16):

O conhecimento imediato do objeto processa-se pela provocação do fenô-


meno ao sujeito. É a inquietação frente ao objeto – fatos da realidade, temas com-
plexos, novidades que se apresentam apenas em parte, superficialmente, teorias ou
hipóteses que não respondem às experiências individuais – que conduz e impulsiona
para a investigação. O processo de conhecimento implica, sempre, um ato dinâmico
em que o sujeito e o objeto modificam-se nessa correlação. O objeto produz uma mo-
dificação no sujeito conhecedor e essa modificação é o pensamento.
O conhecimento, sob a ótica do sujeito, nada mais é que a modificação que o
sujeito produziu em si mesmo para apossar-se do objeto; sob a perspectiva do objeto,
o conhecimento é, como já se disse, a modificação que o objeto, ao entrar no sujeito,
produziu no pensamento.
Todo conhecimento é um ato individual, embora processado sempre no co-
letivo da história. [...]

Há várias áreas em que o homem pode penetrar por meio do conhecimento e, por
isso, não há apenas um nível de conhecimento. De acordo com Cervo e Bervian (2006),
quando pretendemos investigar determinada realidade, nos movemos dentro de quatro níveis
diferentes de conhecimento. São eles: a) conhecimento empírico; b) conhecimento científico;
c) conhecimento filosófico e d) conhecimento teológico.
Cervo e Bervian (2006, p. 8-12) assim definem os níveis de conhecimento:

O conhecimento e seus níveis

O conhecimento empírico

Conhecimento empírico, também chamado vulgar ou de senso comum, é o conheci-


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METODOLOGIA CIENTÍFICA - Jeferson Renato - UNIGRAN

mento do povo, obtido ao acaso, após ensaios e tentativas que resultam em erros e em acertos.
Este tipo de conhecimento é ametódico e assistemático.
A pessoa comum, sem formação para operacionalizar os métodos e as técnicas cien-
tíficas, tem conhecimento do mundo material exterior onde se acha inserida e de um certo
número de pessoas, seus semelhantes, com as quais convive. Vê essas pessoas no momento
presente, lembra-se delas, prevê o que poderão fazer e ser no futuro. Tem consciência de si
mesma, de suas ideias, tendências e sentimentos.
Cada qual se serve da experiência do outro ora ensinando, ora aprendendo, em um
intenso processo de interação humana e social. Pela vivência coletiva os conhecimentos são
transmitidos de uma pessoa à outra, de uma geração à outra.
Pelo conhecimento empírico, a pessoa conhece o fato e sua ordem aparente, tem
explicações concernentes à razão de ser das coisas e das pessoas. Tudo isso é obtido das
experiências feitas ao acaso, sem método e de investigações pessoais feitas ao sabor das cir-
cunstâncias da vida ou então sorvido do saber dos outros e das tradições da coletividade ou,
ainda, tirado da doutrina de uma religião positiva.

O conhecimento científico

O conhecimento científico vai além do empírico, procurando conhecer, além do fe-


nômeno, suas causas e leis.
Para Aristóteles o conhecimento só se dá de maneira absoluta quando sabemos qual
a causa que produziu o fenômeno e o motivo, porque não pode ser de outro modo; é o saber
através da demonstração (LAHR, 1958).
A ciência, até a Renascença, era tida como um sistema de proposições rigorosamente
demonstradas, constantes e gerais que expressam as relações existentes entre seres, fatos e
fenômenos da experiência.

O conhecimento científico era caracterizado como:


a) certo, porque sabe explicar os motivos de sua certeza, o que não acontece com o
conhecimento empírico;
b) geral, no sentido de conhecer no real o que há de mais universal e válido para
todos os casos da mesma espécie. A ciência, partindo do indivíduo concreto, procura o que
nele há de comum com os demais da mesma espécie;
c) metódico e sistemático. O cientista não ignora que os seres e fatos estão ligados
entre si por certas relações. O seu objetivo é encontrar e reproduzir esse encadeamento.
Alcança-o por meio do conhecimento ordenado de leis e princípios.

A essas características acrescentam-se outras propriedades da ciência, como a obje-


tividade, o interesse intelectual e o espírito crítico.
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METODOLOGIA CIENTÍFICA - Jeferson Renato - UNIGRAN

A ciência, assim entendida, era o resultado da demonstração e da experimentação, só


aceitando o que fosse provado.
Hoje a concepção de ciência é outra. A ciência não é considerada como algo pronto,
acabado ou definitivo. Não é a posse de verdades imutáveis.
Atualmente, a ciência é entendida como uma busca constante de explicações e de
soluções, de revisão e de reavaliação de seus resultados, apesar de sua falibilidade e de seus
limites.
Nessa busca sempre mais rigorosa, a ciência pretende aproximar-se cada vez mais da
verdade através de métodos que proporcionem controle, sistematização, revisão e segurança
maior do que possuem outras formas de saber não-científicas.
Por ser algo dinâmico, a ciência busca renovar-se e reavaliar-se continuamente. A
ciência é um processo em construção.

O conhecimento filosófico

O conhecimento filosófico distingue-se do conhecimento científico pelo objeto de


investigação e pelo método. O objeto das ciências são os dados próximos, imediatos, percep-
tíveis pelos sentidos ou por instrumentos, pois, sendo de ordem material e física, são por isso
suscetíveis de experimentação. O objeto da filosofia é constituído de realidades mediatas,
imperceptíveis aos sentidos e que, por serem de ordem supra-sensíveis, ultrapassam a expe-
riência.
A ordem natural do procedimento é, sem dúvida, partir dos dados materiais e sen-
síveis (ciência) para se elevar aos dados de ordem metafísica, não sensíveis, razão última da
existência dos entes em geral (filosofia). Parte-se do concreto material para o concreto supra-
material, do particular ao universal.
Na acepção clássica, a filosofia era considerada a ciência das coisas por suas causas
supremas. Modernamente, prefere-se falar em filosofar. O filosofar é um interrogar, é um
contínuo questionar a si mesmo e à realidade. A filosofia não é algo feito, acabado. A filo-
sofia é uma busca constante do sentido, de justificação, de possibilidades, de interpretação
a respeito de tudo aquilo que envolve o ser humano e sobre o próprio ser em sua existência
concreta.
Filosofar é interrogar. A interrogação parte da curiosidade. Essa é inata. Ela é cons-
tantemente renovada, pois surge quando um fenômeno nos revela alguma coisa de um objeto
e ao mesmo tempo nos sugere o oculto, o mistério. Esse impulsiona o ser humano a buscar o
desvelamento do mistério. Vê-se, assim, que a interrogação somente nasce do mistério, que
é o oculto enquanto sugerido.
Jaspers (Apud HUISMANN E VERGEZ, 1967, p. 8), em sua Introdução à Filosofia,
coloca a essência da filosofia na procura do saber, e não em sua posse. A filosofia trai a si
mesma e degenera quando é posta em fórmulas.
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A tarefa fundamental da filosofia resume-se na reflexão. A experiência fornece uma


multiplicidade de impressões e opiniões. Adquirem-se conhecimentos científicos e técnicos
nas mais variadas áreas. Têm-se aspirações e preocupações as mais diversas. A filosofia pro-
cura refletir sobre esse saber, interroga-se sobre ele, problematiza-o. Filosofar é interrogar
principalmente sobre fatos e problemas que cercam o ser humano concreto, em seu contexto
histórico. Esse contexto muda através dos tempos, o que explica o deslocamento dos temas
de reflexão filosófica. É claro que alguns temas perpassam a história como a própria humani-
dade. Qual o sentido da existência do ser humano e da vida? Existe ou não existe o absoluto?
Há liberdade? Entretanto, o campo de reflexão ampliou-se muito em nossos dias. Hoje, os
filósofos, além das interrogações metafísicas tradicionais, formulam novas questões: a huma-
nidade será dominada pela técnica? A máquina substituirá o ser humano? Também poderão o
homem ou a mulher serem produzidos em série, em tubos de ensaio? As conquistas espaciais
comprovam o poder ilimitado da espécie humana? O progresso técnico é um benefício para
a humanidade? Quando chegará a vez do combate contra a fome e a miséria? O que é valor,
hoje?
A filosofia procura compreender a realidade em seu contexto mais universal. Não
há soluções definitivas para grande número de questões. Entretanto, habilita o ser humano a
fazer uso de suas faculdades para ver melhor o sentido da vida concreta.

O conhecimento teológico

Duas são as atitudes que se podem tomar diante do mistério.


A primeira é tentar penetrar nele com o esforço pessoal da inteligência. Mediante a
reflexão e o auxílio de instrumentos, procura-se obter um procedimento que seja científico
ou filosófico.
A segunda atitude consiste em aceitar explicações de alguém que já tenha desvenda-
do o mistério e implica sempre uma atitude de fé diante de um conhecimento revelado.
Esse conhecimento revelado ocorre quando há algo oculto ou um mistério, alguém
que o manifesta e alguém que pretende conhecê-lo.
Entende-se por mistério tudo o que é oculto enquanto provoca a curiosidade e leva
à busca. O mistério é o oculto enquanto sugerido. Pode estar ligado a dados da natureza, da
vida futura, da existência do absoluto, para mencionar apenas alguns exemplos.
Aquele que manifesta o oculto é o revelador. Pode ser o próprio homem ou Deus.
Aquele que recebe a manifestação tem fé humana, se o revelador for um homem ou
uma mulher, e tem fé teológica, se Deus for o revelador.
A fé teológica sempre está ligada a uma pessoa que testemunha Deus diante de ou-
tras pessoas. Para que isso aconteça, é necessário que tal pessoa que conhece a Deus e que
vive o mistério divino o revele a outra. Afirmar, por exemplo, que tal pessoa é o Cristo equi-
vale a explicitar um conhecimento teológico.
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METODOLOGIA CIENTÍFICA - Jeferson Renato - UNIGRAN

O conhecimento revelado - relativo a Deus - e aceito pela fé teológica constitui o


conhecimento teológico. Esse por sua vez é o conjunto de verdades ao qual as pessoas chega-
ram, não com o auxílio de sua inteligência, mas mediante a aceitação dos dados da revelação
divina. Vale-se de modo especial do argumento de autoridade. São os conhecimentos adqui-
ridos nos livros sagrados e aceitos racionalmente pelas pessoas, depois de terem passado pela
crítica histórica mais exigente. O conteúdo da revelação, feita a crítica dos fatos ali narrados
e comprovados pelos sinais que a acompanham, reveste-se de autenticidade e de verdade.
Essas verdades passam a ser consideradas como fidedignas, e por isso são aceitas. Isso é feito
com base na lei suprema da inteligência: aceitar a verdade, venha de onde vier, contanto que
seja legitimamente adquirida.

Seção 2 - O que é ciência

Quando tratamos do nível de conhecimento científico na seção 1, você deve ter


observado que foi preciso introduzir a definição de ciência. Porém, nesta seção iremos apro-
fundar essa discussão.
Você já deve ter percebido que dentre várias necessidades do ser humano está o de-
sejo de compreender e dominar o meio em que vive a fim de beneficiar a si mesmo ou a socie-
dade da qual faz parte. Para isso, ele tem consciência de que precisa utilizar os conhecimentos
racionais acumulados sobre esse meio e sobre as ações capazes de modificá-lo. Portanto,
segundo Baruffi (2004 p. 20), Ciência é “Qualquer conhecimento racional elaborado a partir
da observação, do raciocínio ou da experimentação”. Para Trujillo Ferrari (apud MARCONI;
LAKATOS, 2007, p. 80), “A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais,
dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verifi-
cação”. Para Marconi e Lakatos (2007, p. 80-81) as ciências possuem: objetivo ou finalidade;
função e objeto.

Baruffi (2004) esclarece que o termo ciência utilizado no singular diz respeito a um
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METODOLOGIA CIENTÍFICA - Jeferson Renato - UNIGRAN

conjunto de conhecimentos voltados a um domínio definido como, por exemplo, o da física,


da biologia, enquanto que ciências, o termo no plural, citando Marilena Chauí, “refere-se
‘às diferentes maneiras de realização do ideal de cientificidade, segundo os diferentes fatos
investigados e os diferentes métodos e técnicas empregados’”. (BARUFFI, 2004, p. 20).
O que aproxima a definição dos dois autores citados está expresso nestas considera-
ções de Baruffi (2004, p. 21):

A ciência abrange praticamente todos os campos do conhecimento huma-


no, relacionados com fatos ou acontecimentos e agrupados por princípios. Mesmo
procurando entender a ciência por ângulos diferentes, existe um consenso entre os
pesquisadores de que a pesquisa científica caminha para um único objetivo, que
é a demonstração da verdade por meio da observação e da experimentação. Para
que seus objetivos sejam atingidos, a ciência adota critérios metodológicos, tor-
nando-se uma forma de conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza,
biológicos, matemáticos, físicos, químicos e sociais, para se chegar a um con-
junto de conclusões verdadeiras, lógicas, exatas, demonstráveis pela verificação
empírica.
Cada ciência tem seu objeto, pois, “para que haja ciência, é essencial a uni-
cidade epistemológica, isto é, unidade de objeto”. Logo, a ciência é um saber meto-
dicamente produzido (conhecimento científico) tendo como centro um objeto (grifos
nossos e do autor).

É importante que você saiba que essa acepção de ciência de que estamos tratando
é relativamente recente. Cervo e Bervian (2006) esclarecem que a revolução científica, pro-
priamente dita, tem sua origem, nos séculos XVI e XVII, com Copérnico, Bacon (método
experimental), Galileu, Descartes, entre outros, resultante de criações, invenções e investiga-
ções feitas em diferentes épocas da história da humanidade. O método experimental foi, aos
poucos, sendo aperfeiçoado e utilizado em outros setores. A partir do século XVIII, houve o
desenvolvimento do estudo da química e da biologia e surgiu também um conhecimento mais
objetivo da estrutura e das funções dos seres vivos e, no século XIX, houve uma modificação
geral nas atividades intelectuais e industriais.

Para finalizar essa seção, veja como


a ciência avançou no século XX!

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METODOLOGIA CIENTÍFICA - Jeferson Renato - UNIGRAN

Seção 3 – Natureza e qualidades do espírito científico

Você deve estar interessado(a) em saber quais são as condições necessárias para se
ser um bom pesquisador(a). Para Cervo e Bervian (2006), o espírito científico pode ser de-
finido como a atitude ou disposição subjetiva do pesquisador que deseja encontrar soluções
sérias, por meio de métodos adequados, para o problema que enfrenta. O pesquisador não
nasce com essa qualidade, mas pode desenvolvê-la por meio de muito esforço e exercícios.
Para os autores, um espírito científico manifesta as seguintes características: consciência
crítica, objetiva e racional.
a) Consciência crítica – uma mente crítica leva o pesquisador a aperfeiçoar seu
julgamento e a obter discernimento para distinguir e separar o que essencial do que é super-
ficial, ou seja, o principal do secundário. Nesse sentido, crítica não pode ser entendida no
sentido negativo da palavra, mas sim como uma tomada de posição que impede a aceitação
do que é fácil e superficial.
b) Consciência objetiva – favorece o rompimento corajoso com o posicionamen-
to pessoal, subjetivo e mal fundamentado do conhecimento vulgar. Esse tipo de consciência
é condição básica da ciência, portando o trabalho científico deve ser impessoal e levar o
pesquisador a dedicar-se ao problema levantado por ele e sua solução. Nesse caso, posiciona-
mentos baseados no “eu acho” ou “eu creio que é assim” devem ser evitados.
c) Consciência racional – nesse caso, as explicações para as questões observadas
só podem ser intelectuais ou racionais. A arbitrariedade, o sentimentalismo e o coração de-
vem ser deixados de lado no campo da ciência, pois eles nada explicam ou justificam.
Além dessas propriedades fundamentais, os autores citam qualidades de ordem inte-
lectual e moral que devem fazer parte do espírito científico.
d) Virtudes intelectuais – são traduzidas no senso da observação, na busca pela
precisão e por meio de ideias claras, imaginação ousada, sempre em busca prova. O pesqui-
sador precisa ser curioso para aprofundar os problemas e deve também ser sagaz e ter poder
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METODOLOGIA CIENTÍFICA - Jeferson Renato - UNIGRAN

de discernimento.
e) Virtudes morais – atitude de humildade e de reconhecimento de limitações por
parte do pesquisador; imparcialidade na exposição dos fatos, sempre respeitando a verdade; e
honestidade, evitando plágios e acomodações. O pesquisador deve ter uma posição corajosa
para enfrentar os obstáculos e perigos que uma pesquisa possa oferecer.

Seção 4 – Classificação das ciências

Baruffi (2004) esclarece que a primeira divisão dos saberes foi determinada por
Platão quando fez a distinção entre a opinião e o saber propriamente dito. Depois dele, Aris-
tóteles dividiu os saberes em três classes: teóricos, práticos e poéticos ou produtivos. A clas-
sificação de Aristóteles manteve-se, com pequenas variações, até o século XVIII, momento
em que a filosofia e os conhecimentos técnicos foram separados das ciências. Atualmente,
há um consenso bastante generalizado que aceita a divisão das ciências em dois grupos: as
ciências formais e as ciências factuais.
Marconi e Lakatos (2007, p. 81), afirmam que essas necessidades de uma classifi-
cação das ciências estão relacionadas à sua ordem de complexidade ou de acordo com seu
conteúdo: objeto ou temas, diferença de enunciados e metodologia empregada. Observe, no
quadro abaixo, essa classificação:

Vale ressaltar que é importante que você conheça qual é objeto de estudo dessas
ciências e, para isso, recorremos mais uma vez a Baruffi (2004, p. 25-26):
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METODOLOGIA CIENTÍFICA - Jeferson Renato - UNIGRAN

A ciência e sua classificação

[...] O objeto das ciências formais (matemáticas ou lógico-matemáticas), são ideais,


seu método é a dedução, e seu critério de verdade é a consistência ou não contradição de seus
enunciados. Em razão da universalidade e necessidade dos objetos e instrumentos teóricos,
tornaram-se o modelo principal de todos os conhecimentos científicos; a ciência perfeita. A
matemática é, por excelência, a ciência hipotético-dedutiva, porque “suas demonstrações e
cálculos se apoiam sobre um sistema de axiomas e postulados, a partir dos quais se constrói
a dedução coerente ou o resultado necessário do cálculo”. As ciências lógico-matemáticas
subdividem-se em vários ramos, a saber: lógica, aritmética, geometria, álgebra, trigonome-
tria, física pura, astronomia pura.
O objeto das ciências factuais são materiais, seu método é a observação e a expe-
rimentação e seu critério de verdade é a verificação. As ciências fatuais subdividem-se em
ciências naturais e ciências humanas ou sociais.
As ciências naturais ou ciências da Natureza, em qualquer das três concepções an-
teriormente referidas, estudam os fenômenos físicos observáveis que podem ser submetidos
aos procedimentos de experimentação e os fenômenos vitais ou organismos vivos, “conce-
bendo a Natureza como um conjunto articulado de seres e acontecimentos interdependentes,
ligados ou por relações entre funções invariáveis e ações variáveis”. Constituem, assim, duas
grandes ciências: a física, de que fazem parte a química, a mecânica, a óptica, a acústica, a
astronomia, o estudo dos sólidos, líquidos e gasosos, e a biologia, ramificada em fisiologia,
botânica, zoologia, paleontologia, anatomia, genética. Desde Aristóteles até os dias atuais,
as ciências da Natureza desenvolvem-se graças ao papel conferido às observações e à expe-
rimentação.
As ciências humanas ou sociais referem-se àquelas ciências que têm o próprio ser
humano como objeto de estudo e podem ser distinguidas, de acordo com os campos de inves-
tigação, em: psicologia, sociologia, economia, antropologia, história, linguística, psicanálise,
direito, economia, sendo estas, subdivididas em vários ramos, definidos pela especificidade
crescente de seus objetos e métodos. Assim, pode-se falar em psicologia social, clínica, do
desenvolvimento, da aprendizagem, da criança; ou em sociologia política, do trabalho, rural
ou em história econômica, política, social.

RETOMANDO A CONVERSA INICIAL

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METODOLOGIA CIENTÍFICA - Jeferson Renato - UNIGRAN

Seção 1 – O conhecimento e seus níveis

O ato de conhecer envolve a interação entre sujeito e objeto em que o primeiro


vai tentando apreender a forma do segundo e, do resultado desse conhecimento, obtém-se
o conceito, a explicação. O conhecimento se manifesta em quatro níveis: o conhecimento
empírico, o conhecimento científico, o conhecimento filosófico e o conhecimento teológico.

Seção 2 – O que é ciência

Há diversas definições de ciência, porém, mesmo procurando entendê-la por ângulos


diferentes, existe um consenso entre os pesquisadores de que a pesquisa científica caminha
para um único objetivo, que é a demonstração da verdade por meio da observação e da expe-
rimentação. Para que seus objetivos sejam atingidos, a ciência adota critérios metodológicos,
tornando-se uma forma de conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza, biológicos,
matemáticos, físicos, químicos e sociais, para se chegar a um conjunto de conclusões verda-
deiras, lógicas, exatas, demonstráveis pela verificação empírica.

Seção 3 – Natureza e qualidades do espírito científico

Um espírito científico não nasce pronto, ele precisa ser desenvolvido por meio de
muito esforço e exercícios. Ele manifesta as seguintes características: consciência crítica,
objetiva e racional.
Um outro aspecto do espírito científico diz respeito às virtudes intelectuais e morais
que o observador deve ter, dentre elas ressaltamos: senso da observação, na busca pela pre-
cisão e por meio de ideias claras, imaginação ousada, sempre em busca prova. O pesquisador
precisa ser curioso para aprofundar os problemas e deve também ser sagaz e ter poder de
discernimento. Deve também ter atitude de humildade e de reconhecimento de limitações por
parte do pesquisador; imparcialidade na exposição dos fatos, sempre respeitando a verdade; e
honestidade, evitando plágios e acomodações. O pesquisador deve ter uma posição corajosa
para enfrentar os obstáculos e perigos que uma pesquisa possa oferecer.

Seção 4 – Classificação das ciências

Há mais de uma classificação para as ciências, um acordo bastante generalizado


entre no meio científico em aceitar a divisão das ciências em dois grupos: ciências formais e
ciências factuais, e estas se subdividem em ciências naturais e ciências humanas ou sociais.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA - Jeferson Renato - UNIGRAN

SUGESTÕES DE LEITURAS, SITES E FILMES

FILMES

O que há lá Fora? (Documentário-2010). Disponível em: http://www.youtube.


com/watch?v=1SgaBosb3-I
Episódio 1/6 de "A História da Ciência"
Sinopse: Michael começa a história com um dos grandes avanços na história da
humanidade, como viemos a descobrir que o nosso planeta não é o centro do cosmos, mas
apenas um entre bilhões de corpos celestes num universo em constante expansão. Ele revela
o papel fundamental dos astrólogos medievais na mudança de nossa visão quanto ao céu, e as
ligações surpreendentes com o Renascimento. Michael mostra como as habilidades dos arte-
sãos foram importantes nessa história e descobre como Galileu fabricou seu telescópio para
vislumbrar o céu e assim ajudar a mudar para sempre a nossa visão do universo.

A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça


EUA, 1999 — 101 minutos
Com: Johnny Depp, Christina Ricci,
Miranda Richardson, Michael Gambon,
Christopher Walken, Martin Landau
Gênero: Ação/suspense

Sinopse: Em 1799, uma série de crimes bizarros envolvendo inocentes acontece na


pequena aldeia rural de Sleepy Hollow. Num espaço de quinze dias, três pessoas são assassi-
nadas, sendo os seus corpos encontrados sem cabeça. O jovem lchabod Crane, um detective
excêntrico e céptico que utiliza uma abordagem inovadora na solução de crimes, é chamado
para solucionar esse mistério. Os seus métodos modernos, baseados na ciência e na dedução,
são postos à prova neste caso que envolve a crença da população, para a qual a causa de todos
os crimes se deve à lenda do cavaleiro sem cabeça. Mas poderá a verdade assentar no mito de
um ser sobrenatural cuja existência nunca foi demonstrada ou serão a razão e a investigação
científica capazes de provar que o conhecimento não depende em nada de crenças?

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