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Documento Sem Nome

O documento apresenta uma coleção de frases provocativas e reflexivas de Nelson Rodrigues, que exploram temas como amor, solidão, família e a natureza humana. As citações revelam uma visão crítica e irônica da sociedade brasileira, abordando a complexidade das relações interpessoais e a condição humana. Rodrigues utiliza humor e sarcasmo para expressar suas opiniões sobre a vida e a cultura.

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O documento apresenta uma coleção de frases provocativas e reflexivas de Nelson Rodrigues, que exploram temas como amor, solidão, família e a natureza humana. As citações revelam uma visão crítica e irônica da sociedade brasileira, abordando a complexidade das relações interpessoais e a condição humana. Rodrigues utiliza humor e sarcasmo para expressar suas opiniões sobre a vida e a cultura.

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Flor de Obsessão – frases de Nelson Rodrigues

O adulto não existe. O homem é o menino perene.


Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci
menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica
de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico.
A perfeita solidão há de ter pelo menos a presença numerosa de um amigo real.
Amar é ser fiel a quem nos trai.
Toda autocrítica tem a imodéstia de um necrológio redigido pelo próprio defunto.
Só acredito na bondade que ri. Todo santo devia ser jucundo como um abade da
Brahma.
O brasileiro é um feriado.
Os jardins de Burle Marx não têm flores. Têm gramados e não flores. Mas para que
grama, se não somos cabras?
A burrice é a pior forma de loucura.
No Brasil quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte. O Otto Lara está
certo. O mineiro só é solidário no câncer.
O carioca é o único sujeito capaz de berrar confidências secretíssimas de uma
calçada para outra calçada.
Num casal, pior que o ódio, é a falta de amor.
O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira.
Geralmente, o puxa-saco dá um marido e tanto.
O carioca é um extrovertido ululante.
As bodas de prata são, via de regra, uma festa cínica que finge comemorar um amor
enterrado.
O pior cego é o surdo. Tirem o som de uma paisagem e não haverá mais paisagem.
Os que choram pouco, ou não choram nunca, acabarão apodrecendo em vida.
Gosto do cigarro que me queime a garganta. O fumo suave não passa de um ópio de
gafieira.
Toda coerência é, no mínimo, suspeita.
Desconfie da esposa amável, da esposa cordial, gentil. A virtude é triste, azeda e
neurastênica.
Sexta-feira é o dia em que a virtude prevarica.
Numa simples ginga de Didi, há toda uma nostalgia de gafieiras eternas.
Há homens que, por dinheiro, são capazes até de uma boa ação.
Djalma Santos põe, no seu arremesso lateral, toda a paixão de um Cristo negro.
A educação sexual só devia ser dada por um veterinário.
Eu, como artista, se tivesse de escolher um epitáfio, optaria pelo seguinte: —
“Aqui jaz Nelson Rodrigues, assassinado pelos imbecis de ambos os sexos”.
Qualquer um de nós já amou errado, já odiou errado.
Não há ninguém mais bobo do que um esquerdista sincero. Ele não sabe nada. Apenas
aceita o que meia dúzia de imbecis lhe dão para dizer.
Toda família tem um momento em que começa a apodrecer. Pode ser a família mais
decente, mais digna do mundo. Lá um dia aparece um tio pederasta, uma irmã lésbica,
um pai ladrão, um cunhado louco. Tudo ao mesmo tempo.
A família é o inferno de todos nós.
A fidelidade devia ser facultativa.
O gordo só é cruel na mesa, diante do prato, com o guardanapo a pender-lhe do
pescoço.
D. Helder só olha o céu para saber se leva ou não o guarda-chuva.
Na mulher, certas idades constituem, digamos assim, um afrodisíaco eficacíssimo.
Por exemplo:— quatorze anos!
O jovem só pode ser levado a sério quando fica velho.
Hoje, a primeira noite é a centésima, a qüinquagésima. O casamento já é uma rotina
antes de começar.
O ser humano está mais para Lucho Gatica do que para Paul Valéry.
O que se está fazendo aqui é uma música popular brasileira que não é popular, nem
brasileira e vou além: — nem música.
Aqui o branco não gosta do preto; e o preto também não gosta do preto.
Amigos, eis uma verdade eterna: — o passado sempre tem razão.
Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe.
O pobre, para sobreviver, precisa da pornografia.
O presidente que deixa o poder passa a ser, automaticamente, um chato.
O ônibus apinhado é o túmulo do pudor.
É impossível ser ridículo dentro de uma Mercedes.
Num casamento, o importante não é a esposa, é a sogra. Uma esposa limita-se a
repetir as qualidades e os defeitos da própria mãe.
A pior forma de solidão é a companhia de um paulista.
No Maracanã, vaia-se até minuto de silêncio e, se quiserem acreditar, vaia-se até
mulher nua.
Uma dor de viúva dura 48 horas.
Todo óbvio é ululante.
Toda mulher gosta de apanhar. O homem é que não gosta de bater.

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