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Capítulo I 1

O capítulo aborda a importância da motivação no ensino e aprendizagem da Matemática, diferenciando entre motivação intrínseca e extrínseca. Destaca-se que a motivação é essencial para o sucesso escolar e que o papel do professor é fundamental para fomentar essa motivação nos alunos. Além disso, discute-se a complexidade da motivação no contexto educacional e a necessidade de estratégias diferenciadas para atender às particularidades de cada aluno.
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Capítulo I 1

O capítulo aborda a importância da motivação no ensino e aprendizagem da Matemática, diferenciando entre motivação intrínseca e extrínseca. Destaca-se que a motivação é essencial para o sucesso escolar e que o papel do professor é fundamental para fomentar essa motivação nos alunos. Além disso, discute-se a complexidade da motivação no contexto educacional e a necessidade de estratégias diferenciadas para atender às particularidades de cada aluno.
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CAPÍTULO I : REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo apresenta-se uma sistematização dos pressupostos teóricos


e contributos que as questões da motivação têm trazido para o processo de ensino e
aprendizagem da Matemática.

Deste modo, começa-se por definir o conceito de motivação, realçando a


distinção entre a motivação intrínseca e extrínseca e a importância da motivação no
processo de ensino e aprendizagem. Nesta perspectiva interessa ainda aprofundar
os saberes sobre a motivação no contexto escolar, a motivação do aluno, a
motivação do professor, abordagens teóricas da motivação aplicadas ao âmbito
escolar, bem como as dificuldades no processo de ensino e aprendizagem da
Matemática. Por fim, aborda-se sobre as estratégias motivacionais para o ensino e
aprendizagem da Matemática.

1.1 Conceitos de Motivação

Ao analisar os diversos conceitos sobre motivação, percebemos o quanto é


importante a motivação em qualquer actividade, seja profissional ou no nosso dia-a-
dia. Razão essa, que levou à escolha desse tema e também por ser muito abordado
nas mais diversas áreas: empresarial, desportiva, especialmente na educacional à
qual daremos mais atenção.

A palavra motivação deriva do verbo em latim movere, que significa mover.

A motivação define-se por um conjunto de factores que determinam uma


atitude ou comportamento de um indivíduo de modo a atingir um objectivo, ou seja, a
motivação é aquilo que leva o indivíduo a pensar, a agir e a desenvolver-se.

Para Gonçalves (2001, p.15) a motivação é um “(…) conjunto de factores de


natureza biológica, intelectual ou afectiva que determinam várias maneiras de agir e
de sentir”.

Na definição de Souza (2014, p. 41) a “motivação é um desejo ou sentimento


que cada indivíduo traz consigo e faz com que ele aja para atingir seus objectivos e
conquistar o que almeja, dando o melhor de si”.

Segundo Bzuneck (2009, p. 9), “motivação, ou o motivo, é aquilo que move


uma pessoa ou que a põe em acção ou a faz mudar o curso”.
Portanto, a motivação pode ser definida como um processo responsável que
inicia, direcciona e mantem comportamentos relacionados com o cumprimento de
objectivos.

Existem dois tipos de motivação: intrínseca e extrínseca. Ambas são


ferramentas importantes para o aluno e professor no ensino-aprendizagem, como
um todo. Por isso, analisaremos cada uma delas destacando sua influência no aluno
e no professor, no ambiente escolar.

 Motivação intrínseca, também designada de pessoal ou inconsciente, que


representa o desejo interior de atingir algum objectivo ou de satisfazer uma
determinada necessidade, ou seja, é a força psíquica que possuímos.

Para Guimarães (2004, p. 37), “a motivação intrínseca é compreendida como


sendo uma propensão inata e natural dos seres humanos para envolver o interesse
individual e exercitar suas capacidades, buscando e alcançando objetivos óptimos”.

Desse modo, verificamos que esse tipo de motivação está ligado aos factores
internos de cada um. E na sala de aula, é possível o professor observar nos alunos
a presença dessa motivação e seus resultados na aprendizagem. Nesse sentido, a
motivação intrínseca refere-se à escolha e realização de determinada actividade por
sua própria causa, por esta ser interessante, atraente ou, de alguma forma, geradora
de satisfação.

Assim, um aluno motivado intrinsecamente dedica-se muito à tarefa proposta,


não medindo tempo nem esforços para realizá-la, não desiste perante condições
desfavoráveis, não se deixa influenciar por pressões externas e não desanima
perante o fracasso. Portanto, a motivação intrínseca é fundamental para o processo
ensino e aprendizagem, pois o aluno precisa estar motivado para aprender.

 Motivação extrínseca, carateriza-se por fatores externos e é conhecida


também como motivação ambiental ou consciente. A motivação extrínseca é,
em grande parte, da responsabilidade do professor, pois a este lhe compete
criar um clima que desperte o interesse dos alunos.

Porém, além da motivação do aluno, também o professor deverá encontrar-se


motivado, pois “a tarefa de ensinar depende do professor. Todavia, ele não
conseguirá fazê-lo se não estiver motivado para isso” (Pozo 2002, p.145).
Assim, é necessário que o professor reflita no seu modo de ensinar, de modo a
interferir no sucesso do processo de aprendizagem dos seus alunos, uma vez que
professores desmotivados terão muitas dificuldades em consegui-lo.

Portanto, entender as diversas concepções e tipos de motivação, e


compreender como esta influencia a aprendizagem, o comportamento e a
mobilização do indivíduo em direção a um objectivo é importante para que se possa
intervir no processo de ensino e aprendizagem, proporcionando situações e
ambientes favoráveis e motivadores no contexto escolar.

1.1.1 Importância da motivação no processo de ensino e prendizagem

A motivação é considerada um fator determinante no contexto escolar e


igualmente determinante para o sucesso da aprendizagem.

De acordo com Lima (2004), a motivação é considerada “A mola propulsora da


aprendizagem”, pois sem motivação não há aprendizagem.

Frequentemente associamos a falta de motivação para aprender ao aluno


desatento, conversador, apático e alheio ao que se passa na sala, não realiza as
actividades propostas ou realiza-as sem empenho, o que conduz ao baixo
desempenho ou reprovação, indisciplina e conflitos na aula e, por vezes, ao extremo
da desmotivação com a escola: o abandono.

Porém, não podemos generalizar, pois as atitudes de um aluno podem dar-nos


a ideia de que está motivado, empenhado e atento para adquirir o conhecimento,
quando na verdade pode estar apenas a realizar mecanicamente uma tarefa sem se
envolver de fato com o objecto de estudo.

De acordo com Bzuneck (2004), o comportamento correto na sala de aula e a


até um desempenho escolar satisfatório podem encobrir sérios problemas
motivacionais, enquanto que um mau rendimento pode não ser causado apenas por
falta de esforço, ou seja, por desmotivação.

O papel do professor é fundamental para melhorar a aprendizagem dos alunos,


devendo investir na motivação e compreender como cada aluno é motivado, o que é
capaz de despertar o seu interesse, sendo essencial, portanto, conhecê-lo
particularmente.
Segundo Tapia (2003, p.104) “(…) um mesmo aluno não manifesta o mesmo
interesse, nem se esforça sempre do mesmo modo, nem sequer em relação ao
mesmo tipo de tarefa”.

Entretanto, apesar de apresentar diversas teorias e abordagens de acordo com


a área de estudo, sendo um assunto complexo principalmente no campo da
educação, os estudiosos no assunto concordam em um ponto: não há aprendizagem
sem motivação.

Portanto, a motivação, na vida de todos nós, tem papel importante,


principalmente quando desejamos aprender algo que possa contribuir para o nosso
enriquecimento profissional e cultural. A motivação tem um papel importante para a
mobilização do aluno, para a realização das atividades e para a manutenção da
conduta.

1.2 A Motivação no contexto escolar

A motivação é essencial em toda actividade, sendo imprescindível para a


realização de qualquer acção, seja no desporto, no lazer, no trabalho, na escola, etc.
Porém, a característica da motivação necessária para aprender no contexto escolar
é diferente daquela para praticar um desporto ou para uma actividade de lazer.

Na escola as atividades geralmente são obrigatórias, há a necessidade de


concentração, atenção, uso da cognição, do raciocínio, esforço mental, há cobrança
constante de resultados através de avaliações, além de, muitas vezes, os assuntos
apresentados não serem de interesse de quem aprende.

Segundo LIMA (2004), a motivação para a aprendizagem em um ambiente


educacional, de acordo com a literatura e diversas pesquisas, é tida como “A mola
propulsora da aprendizagem”.

Para Bzuneck (2004 a, p.13):

A motivação tornou-se um problema de ponta em educação, pela simples


constatação de que, em paridade de outras condições, sua ausência
representa queda de investimento pessoal de qualidade nas tarefas de
aprendizagem. Alunos desmotivados estudam muito pouco ou nada e,
consequentemente, aprendem muito pouco.
De acordo com CHALANJU (2013), comumente o professor associa a falta de
motivação para aprender, em muitos casos também considerados como
desinteresse, ao aluno que não presta atenção no que está sendo ensinado,
conversa o tempo todo ou fica apático e alheio ao que se passa em classe, não
realiza as actividades propostas ou as faz sem nenhum empenho, o que traz como
consequências baixo desempenho ou reprovação e, até mesmo, o extremo da
desmotivação com a escola.

Entretanto é preciso cuidado para não generalizar, pois as atitudes de um


aluno podem dar a ideia de que ele está motivado, empenhado e atento para
adquirir o conhecimento, quando ele pode apenas realizar mecanicamente uma
tarefa sem se envolver de fato com o objecto de estudo.

Para Bzuneck (2004a, p.14), certos comportamentos desejáveis na sala de


aula e até um desempenho escolar satisfatório podem mascarar sérios problemas
motivacionais, enquanto que um mau rendimento em classe pode, às vezes, não ser
causado simplesmente por falta de esforço, ou seja, por desmotivação. A
complexidade do ser humano, sua individualidade, suas expectativas e desejos,
interesses e objectivos particulares, torna o campo de estudo da motivação, e em
particular da motivação educacional, um desafio.

Deste modo, o professor que deseja melhorar a aprendizagem de seus alunos


investindo na motivação deve compreender como cada aluno é motivado, o que é
capaz de despertar seu interesse, sendo primordial, portando, conhecê-lo
particularmente.

Segundo LIMA (2004, p.149):

Para ensinar Matemática, não basta apenas ter conhecimento duma


série de metodologias de ensino, optando por esta ou por aquela. É preciso
compreender o próprio aluno: as características de sua personalidade, a
etapa de desenvolvimento motor, emocional, cognitivo e social na qual se
encontra bem como a maneira como aprende.
A citação deste autor destaca a complexidade do estudo da motivação e a
necessidade de o professor conhecer bem seu aluno, o que exige uma abordagem
individual, um ambiente favorável, um relacionamento mais próximo, observação,
diálogo e, principalmente, tempo.
Dentro da realidade em que vivemos na maioria das escolas, com quarenta a
cinquenta alunos em cada sala de aula e, muitas vezes, sem continuidade do
trabalho de um ano para o outro, parece impossível que este conhecimento
aconteça. Ainda que as dificuldades sejam grandes, o professor precisa tentar
redirecionar seu foco para o aluno, buscando conhecê-lo através de uma relação
mais próxima, afetiva e amigável.

Sendo assim, o professor deve conhecer interesses, expectativas,


necessidades, objectivos, personalidade e outras características do aluno a cada
dia, a cada novo contexto ou situação de aprendizagem, propondo intervenções
diferenciadas e estratégias específicas para cada faixa etária e, dentro dela, para
cada indivíduo. Isso pressupõe que o próprio professor esteja motivado para
trabalhar.

Contudo, apesar de não ser possível, devido à grande complexidade e variação


dos aspectos motivacionais, estabelecer um padrão de conduta ou um mecanismo
de motivação único a serem usadas no âmbito escolar, as pesquisas têm apontado
estratégias de ensino para promover a motivação dos alunos, além de mostrar como
a autoestima, a afetividade, as crenças de autoeficácia, o uso de estímulos e
recompensas, a mudança da prática docente, entre outros fatores, estão
relacionados ou interferem na motivação.

1.2.1 Motivação do Aluno

Aprendemos que, desde os primeiros ensinamentos, estar motivado é


essencial para aquisição de qualquer conhecimento, especialmente no que se refere
à educação escolar. Tomando por base que a motivação é o ponto central para o
professor ensinar e o aluno aprender matemática, esforços serão utilizados neste
trabalho, para que possamos mostrar a importância do tema escolhido.

Atualmente, a motivação do aluno é um assunto que vem à tona cada vez que
se considera o problema de baixo rendimento ou do fracasso escolar. Mais ainda, as
consequências da desmotivação se estendem muito além dos resultados na
situação imediata da sala de aula, atingindo a realização pessoal e profissional da
pessoa, o exercício da cidadania e até a eficácia no trabalho pelo desenvolvimento e
pela promoção social de nossa gente (BORUCHOVITCH, BZUNECK, 2009, s/n).
Bzuneck (2004, p.30) apresenta alguns questionamentos que podem ser feitos
em relação à motivação do aluno diante de uma atividade proposta, levando-se em
conta apenas os aspectos internos, ou seja, o que ele pensa sobre a tarefa proposta
ou a disciplina:

 Tem motivação intrínseca sobre o assunto, isto é, seu interesse está na


tarefa em si?
 Que significado ou importância ele atribui à tarefa?
 Quais suas metas em relação à tarefa: aprender, apenas entregar,
aparecer, fazer com pouco esforço?
 Quanto esforço o aluno acredita ser necessário para realizar a tarefa?
 Ele acredita que terá sucesso?
 Ele sente a tarefa como um desafio possível?

Nesse caso, entendemos que cabe ao educador saber lidar com essa situação
para que a falta de motivação não ganhe proporções maiores capazes de prejudicar
o aprendizado. E para ajudar nessa situação, é necessário descobrir no aluno a
capacidade de se adaptar e agir por uma infinidade de motivos, pois seu
desenvolvimento depende da sua motivação: seus desejos, suas ambições,
necessidades ou medos.

Outra resposta pertinente é dada por SCHWARTZ (2014) ao explicar que “o


aluno precisa compreender a dimensão e o significado do conhecimento adquirido,
bem como à sua necessidade na sua vida diária”. E complementa dizendo que o
aprendizado é pautado em estratégias capazes de tornar o ensino mais dinâmico.

Com referência a isso, julgamos importante a necessidade de métodos


diferenciados na aplicação das actividades que despertam não apenas o interesse,
mas também a valorização da Matemática devido à sua importância e à sua
aplicação no nosso quotidiano.

Podemos assim dizer que na aprendizagem da Matemática, a motivação do


aluno deve se destacar pela sua importância, pois, em sala de aula, percebemos
alunos motivados através de seu envolvimento e empenho em resolver as
actividades matemáticas propostas, isto é, actividades que exigem atenção,
concentração, raciocínio lógico, resolução de problemas, armazenamento,
recuperação e transformações de informações dadas dentro do contexto da aula.
Assim, para o êxito na Matemática, é exigido do aluno muita disciplina,
organização e persistência que vão além da sala de aula. Isso, na prática, significa
que Matemática é uma ciência que demanda um estudo contínuo, treino, esforço,
método próprio de estudo e horas de dedicação.

Outro fator importante que nos servirá como reforço e muito contribuirá para a
motivação é a curiosidade despertada no aluno em aprender Matemática, isto é,
pode auxiliar o aluno a entender melhor novos conhecimentos.

Nos dizeres de TAPIA (2015, p. 38), “a curiosidade é uma atitude, manifesta na


condução exploratória, ativada pelas características da informação tais como sua
novidade, complexidade, caráter inesperado, ambiguidade e variabilidade, as quais
o professor pode utilizar para atrair a atenção dos alunos”.

Entretanto, o facto de iniciarmos uma aula com os conceitos prontos e


determinados, sem dar espaço para o desenvolvimento da curiosidade do aluno,
poderá levá-lo à ideia de que para aprender é necessária somente memorizar, e no
caso da Matemática, nem sempre isso é o suficiente. Pois, sabemos que esta
disciplina, por ter um nível elevado de abstração, requer mais curiosidade do aluno,
principalmente para facilitar a compreensão de seus teoremas, bem como a
memorização e aplicação correta de suas inúmeras fórmulas.

Nesse sentindo, compreendemos que para manter o interesse do aluno pela


disciplina é preciso que o aluno deixe de ver a Matemática como um complicado
conjunto de teoremas e fórmulas. E que ele tenha maior visão de que os conceitos
são conectados entre si, pois sabemos que tudo que aprendemos hoje está
vinculado ao que se aprendeu no passado.

1.2.2 A Motivação do Professor

Muitas vezes nos primeiros contactos com os alunos, notamos expressões


tanto de euforia, entusiasmo, mas também de desânimo, surpresa, incertezas, nas
aulas de Matemática.

Nesse caso, é necessário que a motivação do professor exerça papel


primordial em chamar atenção quanto a essa matéria e buscar exemplos de algo
prazeroso, mostrando aos alunos sua utilidade no dia-a-dia e sua importância para o
desenvolvimento das múltiplas habilidades exigidas no ensino da Matemática.
O professor deve estudar constantemente e ter conhecimentos e habilidades
para dizer de diversas formas a mesma coisa. Tornar a aula interessante aos alunos
exige muitos esforços e, além do conteúdo escolar, o professor ainda tem que lidar
com a realidade dos alunos, suas dificuldades acadêmicas e de vida.

Segundo CAMPOS (2014, p. 13),

O trabalho do professor é, portanto, complexo e, ao mesmo tempo, reflete os


anseios e as necessidades da sociedade na qual está inserido. Na educação
matemática, o trabalho do professor é gerenciar os conteúdos matemáticos e
organizar a aprendizagem para que os alunos compreendam os conceitos
matemáticos. O professor ainda se depara com a dificuldade de tornar
estimulante e desafiante essa área do conhecimento.
Essas considerações acima nos levam a ressaltar a importância da motivação
do professor na sala de aula, o que é um grande desafio, porque a motivação é algo
necessário para o êxito do aluno no aprendizado da Matemática. Por isso, dizemos
que a motivação do professor deve ser algo inerente a ele para que seus alunos
percebam e sejam influenciados.

Para isso, julgamos ser necessário que o professor desenvolva várias


estratégias de motivação. Principalmente nos dias de hoje, falar em motivação do
educador não é simples, porque muitos factores contribuem para isto: a falta de
valorização pela sociedade, as condições de trabalho nas escolas, a baixa
remuneração, são alguns dos exemplos desestimulantes para aqueles que optaram
por uma profissão tão nobre. Todavia, encontramos muitas pessoas que se dedicam
à docência no intuito de fazer a diferença na vida de seus alunos.

D’AMBRÓSIO (1996, p. 84) evidencia que só assim, compreendemos que “o


verdadeiro professor passa o que sabe não em troca de um salário (pois se assim
fosse, melhor seria ficar calado 45 minutos), mas somente porque quer ensinar, quer
mostrar os truques e os macetes que conhece”.

Observações essas que nos levam a constatar que muita coisa ainda tem que
ser feita em prol dos educadores. A educação pode melhorar se tivermos
profissionais capacitados e, além disso, motivados para o exercício da profissão.

Assim, entendemos que a motivação do professor está diretamente ligada ao


desenvolvimento de suas atividades como profissional na área da educação.
Nos dizeres de Passos (2016, p. 54), “compete ao professor ser um modelo
para o seu aluno. Por essa razão é que se deve com motivação transmitir a vontade
e o desejo de querer aprender com satisfação e curiosidade”. A motivação
estabelece um relacionamento saudável com seus alunos e a forma como o
professor irá construir essa relação é muito subjectiva, pois, a motivação é o que
impulsiona o propósito do professor com vontade de ensinar aquilo que sabe.

Portanto, a motivação estimula o professor a se empenhar com coragem,


esforço e dedicação em transmitir seus conhecimentos com o objectivo de
desenvolver em seus alunos a capacidade de pensar, raciocinar e superar o medo
pela Matemática. Hoje, nesse mundo globalizado e tecnológico, as escolas precisam
de professores sensíveis e motivados com uma perspectiva diferente da realidade
em que estão inseridos no momento, pois, o sucesso do trabalho do professor
quando este consegue melhores resultados é, sem dúvida, motivo de comemoração,
de orgulho e satisfação.

1.3 – Abordagens teóricas da motivação

A motivação tem um papel importante para a mobilização do aluno, para a


realização das actividades e para a manutenção da conduta. Pode ser influenciada
ou estimulada por diferentes factores no processo de aprendizagem, de acordo com
a abordagem adotada. A abordagem behaviorista que adotamos defende que o
comportamento humano é determinado pelo meio em que o indivíduo vive e que a
sua conduta pode ser moldada por estímulos e reforços externos.

Para Bergamini (1990, p.26), “a motivação passa a ser compreendida como um


esquema de ligação Estímulo-Resposta (...) e que o homem pode ser colocado em
movimento por meio de uma sequência de hábitos que são o fruto de um
condicionamento imposto pelo poder das forças condicionantes do meio exterior”.

De acordo com Lima (2004), o reforço acontece quando depois de determinado


comportamento se segue uma consequência agradável, que virá à memória do
indivíduo sempre associada a essa situação, motivando-o a repetir o processo.

Na abordagem cognitivista, os motivos intrínsecos são os que têm maior


importância, pois o comportamento do aluno está sujeito ao pensamento do
indivíduo sobre si mesmo e sobre o seu ambiente.
Segundo Motta (1986, p.124), “Os indivíduos possuem objetivos e expetativas
que desejam alcançar e agem intencionalmente, de acordo com suas percepções da
realidade. (...) As intenções dependem das crenças e atitudes que definem a
maneira de um indivíduo ver o mundo, ou seja, suas percepções”.

A motivação do aluno é assim influenciada por julgamentos próprios da sua


capacidade ou autoeficácia, que surgem a partir de experiências de sucesso ou de
fracasso.

Numa abordagem socio-cognitivista, Bandura (1977) refere que a


aprendizagem tem lugar no contexto de uma situação social, e consideram-se
relevantes tanto os aspectos biológicos e cognitivos como os aspectos socio-
ambientais e a intenção entre os sujeitos.

Assim, a motivação do aluno está relacionada com os motivos intrínsecos e


extrínsecos do mesmo.

1.3.1 - Teoria das metas de realização

É uma teoria de base socio-cognitivista que afirma que a motivação pode ser
influenciada por fatores externos, como o ambiente na sala de aula, a forma de
abordagem do professor e o tipo de meta que é proposta.

Na opinião de Bzuneck (2004 b), as metas ou objectivos que o aluno tem,


direcionam as suas ações e escolhas, a qualidade e a quantidade de esforço que
aplica numa atividade, sendo, por isso, muito importante no processo de ensino e
aprendizagem.

Segundo Guimarães e Boruchovitch (2004), um aluno motivado envolve-se


ativamente no processo de aprendizagem, persiste nas tarefas desafiadoras,
esforça-se, usa estratégias adequadas e procura desenvolver habilidades de
compreensão e domínio. Além disso, apresenta entusiasmo na execução das tarefas
propostas.

Bzuneck (2004b, p. 71) refere que a motivação do aluno no contexto escolar “é


positivamente associada a um tipo de meta de realização, que corresponde a um
conjunto de cognições ou esquemas mentais envolvendo propósitos, crenças,
atribuições e percepções, que, por sua vez, conduzem a decisões comportamentais
e a reações afetivas”.
As metas de realização não são objetivos isolados, como tirar boa nota ou
passar de ano, mas “ao contrário, cada meta de realização tem contornos
qualitativamente definidos, ao exprimirem o propósito ou o porquê de uma pessoa se
envolver em certa atividade” (Bzuneck, 2004b, p.61).

Assim, metas de realização referem-se ao porquê do que o aluno quer fazer e


não ao que ele pretende fazer.

1.3.2 - Teoria da autoeficácia

A crença da autoeficácia foi desenvolvida por Bandura (1977) e refere-se à


opinião que o aluno tem sobre a sua capacidade em relação a uma determinada
tarefa.

Para Bzuneck (2004c), as crenças de autoeficácia referem-se às expetativas


pessoais que alguém possui sobre a sua capacidade de realizar uma atividade, do
seu conhecimento para enfrentar uma situação específica ou da sua habilidade para
atingir o desempenho esperado para aquela tarefa.

Ainda segundo o mesmo autor, as crenças de autoeficácia terão influência


direta no desempenho dos alunos, quando forem garantidos os outros requisitos
para a aprendizagem, tais como o aluno possuir os conhecimentos necessários para
entender o conteúdo e uma capacidade geral para aprender.

Segundo Schunk e Pajares (2002) os alunos com um sentido de autoeficácia


elevado empenham-se mais nas actividades, são mais persistentes perante as
dificuldades e atingem um melhor desempenho, comparativamente com os alunos
que duvidam das suas capacidades.

“Somente depois de assegurado que o aluno detenha conhecimentos,


habilidades e capacidades, além de possuir expetativas positivas de resultados, e
que estes resultados sejam por ele valorizados, as crenças de autoeficácia têm
poder de motivar os alunos porque é em função delas que ocorrerão a escolha, a
direção e a persistência nos comportamentos de aprendizagem” (Bzuneck 2004c,
p.130).

Portanto, no caso específico da Matemática, o desenvolvimento de crenças de


autoeficácia mais positivas facilitará o processo de ensino e aprendizagem, uma vez
que todos estarão mais motivados.
1.3.3 - Teoria da autodeterminação

A teoria da autodeterminação propõe que para haver motivação intrínseca e


formas autodeterminadas da motivação extrínseca, o aluno precisa satisfazer três
necessidades psicológicas básicas: de competência (sentir-se útil, reconhecer valor
em si mesmo); de autonomia (liberdade para executar uma actividade à sua
“maneira”) e de vínculo (ter ligações afetivas a alguém, sendo que esse alguém se
importa com mais do que apenas com a actividade).

De acordo com Deci e Ryan (2000), estas necessidades são essenciais para o
desenvolvimento social e bem-estar pessoal de um indivíduo. As características do
ambiente em interação com as características individuais dos alunos são factores
determinantes na construção e definição dos níveis de autorregulação.

De acordo com Guimarães (2004, p.41) “as pessoas seriam naturalmente


propensas a realizar uma actividade por acreditarem que o fazem por vontade
própria, porque assim o desejam e não por serem obrigadas por força de demandas
externas”.

Portanto, para que a aprendizagem ocorra, é necessário que o aluno veja


sentido no que é ensinado.

1.4 Processos de ensino e aprendizagem da Matemática

Constantemente os professores de Matemática são questionados sobre o


processo de ensino e aprendizagem, ou seja, como os conceitos são ministrados.
Questiona-se como se aprende Matemática hoje, diante dos avanços científicos e
tecnológicos da sociedade atual.

Aprender e ensinar Matemática são processos indissociáveis e devem ser


constitutivos dos saberes associados à prática do professor de Matemática. Sendo
assim, novas formas de ensinar e aprender os conceitos matemáticos deve ser no
actual contexto social uma das preocupações dos docentes.

Segundo D’AMBRÓSIO (1989), sabe-se que a típica aula de Matemática em


diferentes níveis de ensino, ainda é uma aula expositiva, em que o professor passa
para o quadro negro aquilo que ele julgar importante. O aluno, por sua vez, copia da
lousa para o seu caderno e em seguida procura fazer exercícios de aplicação, que
nada mais são do que uma repetição na aplicação de um modelo de solução
apresentado pelo professor. Essa prática revela a concepção de que é possível
aprender Matemática através de um processo de transmissão de conhecimento.
Mais ainda, de que a resolução de problemas reduz-se a procedimentos
determinados pelo professor.

No pensamento da autora essa prática educacional tem consequências diretas


na relação do aluno com aprendizagem matemática, na sua percepção sobre as
aulas e sobre a compreensão dos conhecimentos matemáticos. A mudança dessas
práticas é discutida por educadores matemáticos que afirmam que é preciso tornar a
aprendizagem significativa para o aluno através da vivência de situações
investigativas, de exploração e descoberta.

Portanto, a metodologia do docente é o ponto-chave para a transformação do


saber e o conhecimento pedagógico do conteúdo é, nessa perspectiva, considerado
um conjunto de saberes profissionais que constitui um modo de compreensão da
disciplina, específico dos professores.

1.4.1 Dificuldades na aprendizagem da Matemática

É sabido que a importância da escola está intimamente ligada às necessidades


e ao progresso da humanidade. Diante disso cada disciplina tem seu papel na
construção do conhecimento do aluno, o qual acontece gradativamente com o
passar do tempo.

Há, porém aquelas disciplinas consideradas mais fáceis e aquelas


consideradas mais difíceis por parte dos alunos. E, é principalmente na disciplina de
Matemática que há um grande número de alunos que apresentam dificuldades de
aprendizagem (SALVAN, 2004).

De acordo com Almeida (2006), a compreensão do que vem a ser dificuldades


de aprendizagem em Matemática é etapa preliminar para a discussão da questão.
Ao tratar da causa das dificuldades de aprendizagem em Matemática, observa-se
que não existe uma única razão que possa ser atribuída, mas sim várias delas
conjuntamente.
Assim, as causas das dificuldades podem estar associadas ao aluno ou a
factores externos, em particular no modo de ensinar a Matemática. Quanto à
aspectos referentes aos alunos, são considerados a falta de motivação, a memória,
a atenção, a actividade perceptivo-motora, a organização espacial, nas habilidades
verbais, a falta de consciência, as falhas estratégicas, como factores responsáveis
pelas diferenças na execução Matemática (SMITH E STRICK, 2001).

1.4.1.1 Alunos desmotivados

O que se observa na maioria das escolas de qualquer nível de ensino é o alto


índice de reprovação e de alunos com sérias dificuldades para compreender a
Matemática os quais, muitas vezes, demonstram desinteresse pela disciplina.

As atitudes deles segundo Prado (2000) acentuam a falta de: “atenção às


aulas, atenção nos cálculos, base na matéria, interesse, tempo, treino e repetição,
cumprir as tarefas de casa e acompanhamento dos pais”. E também, os alunos
alegam que os professores “não explicam bem, não mantém disciplina na sala,
deixam de corrigir todos os exercícios, não respeitam as dificuldades dos alunos”.

Segundo SANTOS (2007), um dos factores relacionados à falta de motivação


para aprendizagem da Matemática é a falta de relação dos conteúdos com o
quotidiano ou com situações concretas. O tratamento abstrato e desvinculado com a
realidade dado aos conteúdos matemáticos tem dificultado a aprendizagem, na
medida em que o aluno não percebe a sua importância e não consegue atribuir
significado ao que lhe é ensinado. A Matemática começa desse modo, a se
configurar para os alunos como algo que foge da realidade, não tendo valor para o
seu conhecimento.

Desta forma, de acordo com Tato (TATTO e SCAPIN, 2004), diante das
dificuldades apontadas pelos alunos é preciso descobrir caminhos que atinjam um
número maior de alunos, que despertem a curiosidade e o prazer que eles possuem
em aprender e, consequentemente, desenvolverem o raciocínio lógico, pois quando
os mesmos aprendem devido à sua curiosidade, ao seu interesse, ao desejo de
enfrentar novos desafios, eles ficam satisfeitos com o processo educacional e
passam a gostar e se interessar mais pela aula, pelo conteúdo e pela matéria.
1.4.1.2 Pré-conceito de que a disciplina é difícil

O número significativo de reprovação na disciplina de Matemática é visto com


insatisfação pela comunidade escolar, e por isso, é importante refletir sobre o
fracasso do aluno na disciplina, levando em conta a justificativa de que “Matemática
é difícil”.

Apesar da importância associada à Matemática, esta é considera uma


disciplina de difícil aprendizagem, existe um sentido pré-constituído evidenciado na
fala dos alunos de que a Matemática é difícil. O aluno sente medo da sua dificuldade
e vergonha por não aprender a disciplina. Como resultado de tantos sentimentos
ruins que esta disciplina proporciona ao aluno, somado ao bloqueio em não dominar
sua linguagem e não ter acesso ao seu conhecimento vem o sentimento de ódio
pela disciplina.

Esse conceito pré-fixado de que a disciplina é difícil é observado no conceito


dos alunos, por meio da influência de alguns professores, da sociedade a que estes
professores se filiam. Esta “fama” que deu voz a professores e alunos demonstra a
forma naturalizada e inquestionável que o saber matemático está constituído na
escola: a Matemática é tradicionalmente a disciplina que apresenta maior
dificuldade, demonstrando ser um discurso pré-construído.

SILVA (2005), a escola é o lugar para que a desconstrução deste sentido de


dificuldade se viabilize, pois é preciso desmanchar esta relação que é significativa
entre os efeitos deste discurso pré-construído e a aprendizagem. Sendo assim,
relativizar estes sentidos dados à Matemática deveria ser papel do professor, pois é
na escola que estes sentidos se manifestam, prejudicando a relação de ensinar e
aprender a disciplina.

Assim, a partir do instante em que muitos alunos julgam que a Matemática é


uma matéria difícil, concordamos com Paulo Freire quando ele diz que “estudar não
é fácil, porque estudar é criar e recriar e não repetir o que os outros dizem. Estudar é
um ato revolucionário” (Freire, 1989, p. 33).

Portanto, aí está o ponto central e que envolve a tarefa do professor motivador


em fazer com que o aluno compreenda a importância da Matemática que vai muito
além de apenas cálculos. Por isso, muitas vezes ouvimos dos professores que a
Matemática nos prepara para vida como nenhuma outra matéria.
1.4.1.3 Metodologia de ensino empregada

Segundo Carvalho (apud Silva, 2005) o ensino da Matemática está dividido,


basicamente, em três componentes. O primeiro refere-se à Conceituação, na qual,
por meio de “aulas teóricas”, o professor apresenta definições, proposições,
fórmulas e relaciona os novos conceitos com os já conhecidos pelos alunos. A
seguir, tem-se o momento da Manipulação, caracterizado pelos “exercícios de
fixação”, onde é oportunizado aos alunos aplicarem os conceitos das “aulas
teóricas”. Finalmente, tem-se o terceiro componente, a Aplicação, na qual objectiva-
se relacionar o conhecimento teórico com a solução de situações concretas.

Porém, as aulas dadas pelos professores, grande parte dos livros de textos não
adota esta estrutura, limitando-se apenas aos exercícios de fixação. Entretanto, a
adoção dessa metodologia não tem apresentado bons resultados, pois resulta na
mecanização do ensino-aprendizagem de Matemática.

De acordo com SILVA (2005), isso se deve ao fato de o material teórico ser
memorizado pelos alunos, por meio de exercícios repetitivos. Além disso, as
aplicações, em grande maioria, não são relacionadas à realidade dos alunos. Eles
aplicam mecanicamente os procedimentos rotineiros, o que exige dos mesmos muito
poucos raciocínio, dificultando o desenvolvimento da lógica e aplicação prática dos
conceitos no quotidiano.

Ainda segundo o autor, uma causa para esse facto está na forma
desinteressante e pouco reflexiva em que se dão as actividades de ensino. A
dificuldade pode estar no facto de se passar uma imagem de que a Matemática é,
por excelência, o lugar das abstrações, enfatizando-se seus pontos formais e
distanciando-a da realidade, tanto para quem aprende como para quem ensina.

Deste modo, neste modelo de ensino, o aluno limita-se a ouvir o professor,


deixando de lado a capacidade de análise crítica de determinada situação. Assim,
um sério problema que se coloca relativamente ao ensino da Matemática é a
prevalência da ideia segundo a qual, o essencial são os cálculos e os procedimentos
de rotina.

Segundo Correa (1999), o professor deve, gradativamente, abandonar o


método expositivo tradicional, em que o papel dos alunos é quase cem por cento
passivos, e procurar, pelo contrário, seguir o método ativo, estabelecendo diálogo
com os alunos e estimulando a imaginação destes, de modo a conduzi-los, sempre
que possível, à redescoberta.

Como grandes contribuintes para esta questão pode-se citar a aula dinâmica,
nas quais os alunos interagem entre si e com o professor, buscando as soluções dos
problemas dados. Nestas aulas é notório um aprendizado acima do comum.

1.4.1.4 Incapacitação e falta de motivação do professor

No quotidiano escolar observa-se que as dificuldades encontradas pelos alunos


na aprendizagem da Matemática passam pela capacitação inadequada dos
professores e desmotivados com a profissão. Alguns dos professores de Matemática
são formados em outras especialidades sem conhecer o conteúdo do que deve
lecionar. Por outra, a questão salarial e a desvalorização da profissão do professor
fazem com que a Matemática não consiga atrair um grande contingente de futuros
profissionais.

Aprender Matemática requer atitudes especiais e disciplina. Ao professor


também não basta ser um exímio conhecedor da matéria. É necessário que ele seja
altamente criativo e cooperador. O professor precisa reunir habilidades para motivar
o aluno, ensinando-o a pensar e a se tornar autônomo.

A falta de preparo dos professores pode gerar dificuldades relacionadas às


adoções de posturas teórico-metodológicas ou insuficientes, seja porque a
organização desses não está bem sequenciada, ou não se proporcionam elementos
de motivação suficientes; seja porque os conteúdos não se ajustam às necessidades
e ao nível de desenvolvimento do aluno, ou não estão adequados ao nível de
abstração, ou não se treinam as habilidades prévias ou porque a metodologia é
muito pouco motivadora e muito pouco eficaz.

Contudo há muitos profissionais da área de educação que estão buscando


aprimorar e aperfeiçoar seu trabalho e compartilhar experiências. Sendo assim, é
possível constatar que existem muitos materiais e subsídios para serem acessados
e estudados pelos professores, com o objectivo de melhorar a dinâmica das aulas e
conquistar o interesse, a atenção e compreensão dos alunos (SANTOS, FRANÇAS
e SANTOS, 2007).

Portanto, o professor é o elemento fundamental para assegurar um ambiente


em que os alunos desenvolvam sua motivação intrínseca. O professor é responsável
por conduzir os alunos de maneira que a aula se torne agradável, motivadora, ligada
ao dia-a-dia do aluno, etc. Para isso ele deve estar sempre motivado e em constante
aperfeiçoamento, dominar o conteúdo, gostar realmente do que está fazendo, ser
um desafiador e ter uma boa formação.

1.5 – Estratégias motivacionais para o ensino da matemática

Através de estratégias motivacionais o professor pode contribuir para dar


significado à aprendizagem dos conteúdos, aumentar a crença de autoeficácia dos
alunos e recuperar a sua autoestima.

Segundo TAPIA (2003, p.104) “… um mesmo aluno não manifesta o mesmo


interesse, nem se esforça sempre do mesmo modo, nem sequer em relação ao
mesmo tipo de tarefa”.

Entretanto, a motivação de um indivíduo também varia no espaço e no tempo.


Alguém pode estar motivado agora, em relação a um determinado assunto ou tarefa,
e estar desmotivado pouco tempo depois, mesmo mantendo a mesma atividade.

Portanto, existem várias estratégias de ensino para promoverem a motivação


dos alunos, sendo a autoestima, a afectividade, as crenças de autoeficácia, o uso de
estímulos e recompensas e a mudança da prática docente, fatores que estão
relacionados ou interferem na motivação.

1.5.1 – Uso de recompensas

O uso de recompensas ou incentivos como estratégia motivacional é muito


utilizada pelos professores na sala de aula. Mas, quando utilizada de forma
sistemática e sem critérios, deixa de funcionar como motivadora, pois perdem seu
valor atrativo, tornando-se habituais.

De acordo com Guimarães (2004), para funcionar como motivadora, deve


despertar o interesse do aluno, pois, a recompensa pode não ser significativa para
todos os alunos. Uma recompensa pode funcionar em determinado contexto e para
alguns alunos e não ter qualquer atrativo ou interesse para outros. Só terá efeito
motivador se o aluno considerar que tem possibilidade de recebê-la, ou seja, se ele
considerar que tem possibilidades de realizar a tarefa com sucesso.

Segundo Ruiz (2004, p.18) se a recompensa for apenas para alguns alunos,
por exemplo, para os que terminarem primeiro, pode funcionar como desmotivadora
para o aluno que não se sente capaz de realizar a tarefa proposta.

Portanto, os motivadores extrínsecos oferecidos através de recompensas


materiais (dinheiro, prémios e outros comestíveis), através de notas e
reconhecimento (certificados de honra ou méritos, dispensa), por meio de elogios ou
destaque social e, até mesmo, por uma atenção especial do professor têm sido
apontados como eficientes ou relevantes quando observados alguns critérios e
aplicados em determinados contextos.

1.5.2 – Motivando através de uma tarefa proposta

Para desenvolver a motivação intrínseca dos alunos, ou a motivação para


aprender, com um efoque nas actividades, o professor deve lembrar que os alunos
precisam atribuir um valor intríseco à tarefa e reconhecer a sua aplicação em outras
áreas e fora da escola. Os alunos envolvem-se mais facilmente nas tarefas em que
acreditam ter capacidade de realizá-las, que são interessantes ou que eles
valorizam.

Segundo Guimarães (2004), “a tarefa deve prender a atenção dos alunos,


despertar a sua curiosidade e ser valorizada pelo professor”.

Como sugestão, seria interessante propor atividades que ativem a imaginação


do aluno, como por exemplo, “Se 100 gatos comem 100 ratos em 100 minutos, 1
gato come 1 rato em quantos minutos?” (SÉRATES, 1997, p. 190).

Actividades como essa, podem despertar-lhe a curiosidade, ou também


contribuir para o desenvolvimento do raciocínio lógico matemático que está sendo
trabalhado. Ao nos depararmos com perguntas feitas em sala de aula, tais como, “O
que é isso?”, “Por que esse resultado?”, “Como podemos fazer isso?”, “Qual é a
resposta encontrada?” e outras mais, percebemos sem dúvida o nível de curiosidade
dos alunos.
Bzuneck (2004) propõe tarefas com diferentes graus de dificuldade, de forma a
que todos os alunos tenham oportunidade de ter sucesso.

De acordo com a teoria da autodeterminação, uma tarefa pode ser realizada


com sucesso, pelos alunos, se for influenciada positivamente pelas características
do meio (sala de aula e professor) e pelas características do próprio aluno.

Vockell (2009) sugere que o professor deverá aumentar a expectativa em


relação à tarefa, sempre que os alunos se mostrem apáticos e sem motivação.

Assim, para que o aluno esteja motivado é necessário planejar actividades de


forma que possam ser atrativas e desafiadoras e despertem o interesse e a
curiosidade do aluno, usando, por exemplo, problemas que ele tenha que solucionar
fazendo algum cálculo; contando histórias de alguns matemáticos e de suas
descobertas; trabalhando o conteúdo através de jogos ou desafios, matemáticos que
estimulem a imaginação, sempre se lembrando de adequar o nível de dificuldade à
capacidade do aluno para que ele não se desmotive.

1.5.3 – Motivando através do encorajamento

Um aluno precisa ser encorajado a ver-se como responsável pela própria


aprendizagem, reconhecendo que o esforço empregue em determinada tarefa
influencia o resultado obtido.

Boekaerts (2002) refere que o esforço só será valorizado se o aluno acreditar


que vale a pena esforçar-se para atingir um objectivo, se perceber que o esforço
será realmente valorizado pelo professor e pela família.

Segundo Guimarães (2004), para incentivar a autonomia, o professor deve


interagir com os alunos, dedicando tempo e atenção, ouvindo-os, dialogando e
encorajando-os. O encorajamento dado pelo professor através do elogio aumenta a
autoestima do aluno e pode motivá-lo.

A teoria da autoeficácia poderá contribuir de forma positiva para o


encorajamento, uma vez que, ao aumentar as expectativas pessoais do aluno sobre
a sua capacidade para realizar uma actividade, este se sentirá mais encorajado para
fazê-la.

Portantanto, algumas estratégias para o encorajamento dos alunos são:


 Valorizar o esforço do aluno e não somente o seu resultado, elogiando seu
empenho e encorajando-o a continuar tentando;
 Valorizar as tentativas do aluno para resolver os problemas e os resultados
parciais que ele encontra, levando-o a aceitar o próprio erro como parte do
processo de aprendizagem;
 Incentivar o aluno a reflectir sobre a quantidade de esforço empregado em
uma tarefa e o resultado obtido, para ajudá-lo a perceber a relação entre
eles;
 Questionar o aluno sobre as estratégias escolhidas por na execução das
tarefas, levando-o a reflectir sobre o porquê da decisão, mostrando
estratégias mais adequadas que ele poderia ter utilizado.

1.5.4 – Motivando por meio do fortalecimento da crença de autoeficácia

As crenças de autoeficácia de cada aluno são relevantes para a motivação e


devem ser observadas atentamente pelo professor. Muitos alunos não se
empenham nem se motivam na realização das actividades por considerarem que a
meta fixada é inatingível, por não terem hipóteses de êxito devido a uma crença de
autoeficácia desfavorável em relação à aprendizagem.

Segundo Vockell (2009), para que um aluno persista na realização de uma


actividade, devemos ajudá-lo a se convencer de que é capaz e que o erro pode
acontecer a qualquer pessoa, independentemente do seu nível de conhecimento, e
que na próxima actividade terão mais sucesso.

Assim, para serem relevantes para a motivação, as crenças de autoeficácia


que cada aluno traz para a sala de aula devem ser observadas atentamente pelo
profesor. Segundo Bzuneck (2004, p. 125), o professor contribuirá para o
desenvolvimento de crenças de autoeficácia favoráveis em relação à aprendizagem
se:

 Oferecer oportunidades para que o aluno tenha esperiências de êxito;


 Comunicar aos alunos as expectativas positivas quanto às suas
capacidades;
 Evitar ocorrências e verbalizações que possam gerar dúvidas sobre eles;
 Propor tarefas com base em metas, isto é, obejectivos que um aluno tem
que cumprir ou atingir, como, por exemplo, resolver uma lista de exercícios
ou problemas.

Portanto, com uma meta própria e adequada para a realidade de cada aluno,
bem definida e próxima de serem alcançados, os alunos poderiam verificar seu
progresso individual, sendo motivados a vencer seus próprios limites, sem a pressão
competitiva.

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