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Lei N.º 17 2011 de 10 de Agosto - Lei de Extradição

O documento estabelece normas sobre os direitos e deveres dos combatentes da luta de libertação nacional em Moçambique, incluindo honras militares em funerais e condições para perda de direitos. Também aborda a extradição, detalhando os fundamentos, condições e processos envolvidos na entrega de indivíduos procurados por crimes. A lei revoga a anterior e entra em vigor na data de sua publicação.

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Lei N.º 17 2011 de 10 de Agosto - Lei de Extradição

O documento estabelece normas sobre os direitos e deveres dos combatentes da luta de libertação nacional em Moçambique, incluindo honras militares em funerais e condições para perda de direitos. Também aborda a extradição, detalhando os fundamentos, condições e processos envolvidos na entrega de indivíduos procurados por crimes. A lei revoga a anterior e entra em vigor na data de sua publicação.

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10 DE AGOSTO DE 2011 381

Artigo 31 ANEXO
(Exéquias) GLOSSÁRIO
1. O combatente, no seu funeral, pode ter honras militares, nos Para efeitos da presente Lei, entende-se por:
termos da legislação aplicável aos militares em efectividade de B
serviço e da mesma categoria. Bónus de participação – quantia monetária que o Estado
2. Os encargos decorrentes das exéquias do combatente são atribui ao veterano, em virtude da sua participação activa na
suportados pelo Estado, nos termos a regulamentar. luta de libertação nacional, integrado na Frente de Libertação
Artigo 32 de Moçambique.
(Perda de direitos) Bónus de reinserção social – quantia monetária paga pelo
Estado, ao combatente da defesa da soberania e da democracia
O combatente perde os direitos que lhe são reconhecidos nos que, não reunindo requisitos para a fixação da pensão de
termos da presente Lei, se for condenado a pena de prisão maior reforma ou não tendo descontado para efeitos de compensação e
por procedimento atentatório contra a segurança do Estado e aposentação, tenha prestado serviço por tempo igual ou superior
ponha em causa o prestígio da República de Moçambique, nos a três anos.
termos do Código Penal. C
CAPÍTULO III Combatente – todo o cidadão moçambicano que teve uma
Deveres
participação activa e deu a sua vida à luta de libertação nacional,
da defesa da soberania e da democracia, de 25 de Junho de 1962
Artigo 33 até 4 de Outubro de 1992.
(Respeito pelo ordenamento jurídico)
Combatente com deficiência – todo o cidadão moçambicano
O combatente tem o dever especial de respeitar e defender em que contraiu deficiência, decorrente da sua participação directa
todas as circunstâncias o ordenamento jurídico vigente e participar na luta de libertação nacional e na defesa da soberania e da
activamente na consolidação da unidade nacional e na defesa do democracia.
Estado de direito democrático. Combatente da defesa da soberania e da democracia - é
o cidadão moçambicano que prestou serviço militar após 7 de
Artigo 34 Setembro de 1974 e tenha participado na luta pela defesa de
(Dever patriótico)
soberania e da democracia ou no conflito armado que terminou
O combatente tem o dever de transmitir à sociedade e as futuras com o Acordo Geral de Paz de 4 de Outubro de 1992, por tempo
gerações as suas experiências de amor à pátria, defesa da pátria, igual ou superior a três anos.
de unidade nacional e da solidariedade. G
Artigo 35 Grande deficiência – aquela cujo grau de desvalorização,
(Dever de identificação) nos termos da legislação em vigor, é igual ou superior a oitenta
por cento.
O combatente tem o dever de apresentar-se devidamente
M
identificado, sempre que necessário.
Meio de compensação – conjunto de recursos materiais, que
CAPÍTULO IV permitem contrabalançar uma ou mais limitações funcionais
Disposições finais ou motoras da pessoa portadora de deficiência, para superar as
barreiras que enfrentam.
Artigo 36 P
(Competência regulamentar)
Pensão de invalidez – quantia monetária paga pelo Estado ao
Compete ao Conselho de Ministros regulamentar a presente
combatente que contraiu deficiência devido a sua participação
Lei, no prazo de noventa dias, após a sua entrada em vigor.
na luta de libertação nacional e na defesa da soberania e da
Artigo 37 democracia.
(Direitos adquiridos) Pensão de reforma – quantia monetária estabelecida para o
O veterano da luta de libertação nacional não perde os direitos combatente da defesa da soberania e da democracia, que prestou
adquiridos na vigência da Lei n.º 3/2002, de 17 de Janeiro. serviço militar efectiva por tempo igual ou superior a dez anos.
Pensão de sobrevivência – quantia monetária que o Estado
Artigo 38 paga aos herdeiros do combatente falecido, a pedido destes.
(Norma revogatória) V
É revogada a Lei n.º 3/2002, de 17 de Janeiro, Lei do Estatuto Veterano da Luta de Libertação Nacional – todo o cidadão
do Combatente da Luta de Libertação Nacional. moçambicano que teve uma participação na luta pela libertação
da pátria, no período compreendido entre 25 de Junho de 1962
Artigo 39 a 7 de Setembro de 1974, integrado na Frente de Libertação de
(Entrada em vigor) Moçambique.
A presente Lei entra em vigor na data da sua publicação.
Aprovada pela Assembleia da República, aos 19 de Maio
de 2011.
Lei n.º 17/2011
A Presidente da Assembleia da República, Verónica Nataniel
Macamo Dlhovo. de 10 de Agosto
Promulgada aos 12 de Julho de 2011. Havendo necessidade de estabelecer normas que regulem a
Publique-se. transmissão de mandatos de captura internacionais para pessoas
procuradas pela prática de crimes cometidos em Moçambique,
O Presidente da República, Armando Emílio Guebuza.
382 I SÉRIE — NÚMERO 32

bem como para responder às solicitações do Estado moçambicano f) haver fundadas razões de que o extraditando possa vir a
e de outros Estados, ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 179 ser sujeito a tortura, tratamento desumano, degradante
da Constituição, a Assembleia da República determina: ou cruel;
g) tratar-se de um crime militar.
CAPÍTULO I 2. Para o efeito do disposto na alínea a) do número anterior,
Disposições gerais não é considerada a nacionalidade moçambicana adquirida
Artigo 1 após a prática dos factos em que se fundamenta o pedido de
(Âmbito) extradição.
A presente Lei rege os casos e termos da efectivação da Artigo 5
extradição. (Condições para concessão da extradição)
Artigo 2
(Objecto) 1. São condições para concessão da extradição:
a) ter sido o crime cometido no território do Estado
As disposições da presente Lei têm por objecto determinar:
requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis
a) os casos e condições para entrega aos Estados que o
solicitarem, os acusados pelos seus tribunais e os penais desse Estado;
condenados por delito de ordem comum; b) existir sentença final condenatória de privação da
b) os processos de extradição relativos aos pedidos feitos liberdade, ou estar a prisão do extraditando autorizada
pelo Estado moçambicano a outros Estados. pelo Juiz ou autoridade competente do Estado
requerente.
CAPÍTULO II 2. No caso de crimes cometidos em território de outro Estado,
Condições de extradição que não o de requerente, pode ser concedida a extradição quando
a lei moçambicana atribuir competência à sua jurisdição em
Artigo 3
(Fundamento da extradição)
igualdade de circunstâncias ou quando o Estado requerente
comprovar que aquele Estado não reclama o agente da
1. A extradição pode ter lugar para efeitos de procedimento infracção.
criminal ou para cumprimento de pena privativa da liberdade,
por crime cujo julgamento seja da competência dos tribunais do Artigo 6
Estado requerente. (Regras especiais de extradição)
2. Para qualquer desses efeitos, só é admissível a entrega da 1. O Estado requerente não pode deter, julgar, nem sujeitar
pessoa reclamada no caso de crime, ainda que tentado, punível a qualquer outra restrição de liberdade a pessoa extraditada no
pela lei moçambicana e pela lei do Estado requerente com pena seu território, e nem por qualquer facto distinto do que motivou
ou medida privativa da liberdade de duração mínima não inferior a extradição e lhe seja anterior ou contemporâneo.
a um ano. 2. Cessa a proibição constante do número anterior, quando os
3. Se o pedido de extradição tiver por fundamento vários elementos constitutivos da infracção forem alterados no Estado
factos distintos, sendo cada um deles punível pela lei do Estado requerente contra a pessoa a ser extraditada.
requerente e pela lei moçambicana com penas privativas de
liberdade, pode conceder-se a extradição desde que, pelo Artigo 7
menos, um dos factos preencha a condição referida no número (Reexpedição)
anterior. 1. O Estado requerente não pode reextraditar para terceiro
4. O disposto nos números anteriores é aplicável, com as Estado a pessoa que o Estado requerido lhe entregue no
necessárias adaptações, à cooperação que implique a extradição seguimento do pedido de extradição.
ou a entrega de pessoas às entidades judiciárias internacionais. 2. Cessa a proibição constante do número anterior quando:
5. O disposto no presente artigo não obsta à extradição quando a) nos termos estabelecidos para o pedido de extradição,
sejam inferiores os limites mínimos estabelecidos em tratado, for solicitada e prestada a correspondente autorização,
convenção ou acordo de que Moçambique seja parte. ouvido previamente o extraditado;
b) o extraditado, tendo a possibilidade de abandonar o
Artigo 4 território do Estado requerente, não o faz dentro de
(Casos em que não há lugar a extradição) 45 dias ou, tendo abandonado, aí voluntariamente
1. A extradição não pode ser concedida nas seguintes regressar.
situações:
Artigo 8
a) a pessoa reclamada ser de nacionalidade
(Concurso de pedidos)
moçambicana;
b) ter a pessoa reclamada sido julgada pelo crime que 1. Havendo concurso de pedidos de extradição sobre a mesma
fundamenta o pedido e ter sido absolvida ou, no pessoa e pelos mesmos factos, tem preferência o do Estado em
caso de condenação, ter cumprido a pena no Estado cujo território a infracção foi cometida.
2. Tratando-se de pedidos que respeitem a factos diferentes,
requerido;
têm preferência:
c) tratar-se de crime de natureza política; a) no caso de infracção de gravidade diferente, o pedido
d) tratar-se de crime a que corresponda na lei do Estado relativo a infracção mais grave segundo a lei
requerente pena de morte ou prisão perpétua; moçambicana;
e) haver fundado receio para crer que o pedido de extradição b) no caso da infracção de gravidade idêntica, o que
foi apresentado com o fim de perseguir ou punir uma em primeiro lugar houver solicitado a entrega do
pessoa em razão da sua raça, religião, nacionalidade, extraditando;
origem étnica, sexo ou estatuto, ou que a situação c) tratando-se de pedidos simultâneos, o do Estado de
dessa pessoa pode ser prejudicada por alguma dessas origem do extraditando ou, na sua falta, o do Estado
razões; domiciliar;
10 DE AGOSTO DE 2011 383

d) nos demais casos, o do Estado que, de acordo com as 5. A detenção pode ser substituída por outras medidas de
circunstâncias concretas, designadamente a data do coacção, nos termos previstos no Código de Processo Penal.
pedido, a nacionalidade ou residência do extraditando, 6. O disposto no n.º 4 não prejudica nova detenção e a
a existência de um tratado ou possibilidade de extradição, se o pedido for ulteriormente recebido.
reexpedição entre as partes requerentes, se entender 7. O pedido de detenção provisória só pode ser atendido quando
que deva ser preferido aos outros. não se suscitarem dúvidas, sobre a competência da autoridade
requerente e contiver os elementos referidos no n.º 3 do presente
Artigo 9 artigo.
(Extradição diferida)
1. A entrega da pessoa reclamada pode ser diferida para um Artigo 12
outro momento quando: (Detenção não directamente solicitada)
a) existir, em tribunais nacionais, processo criminal em É lícito às autoridades de polícia criminal efectuar a detenção
recurso; de indivíduos que, segundo informações oficiais, designadamente
b) estiver a cumprir pena privativa de liberdade, por da INTERPOL, sejam procurados por autoridades competentes
infracções diversas das que fundamentaram o estrangeiras para efeito de procedimento ou de cumprimento de
pedido. pena por factos que notoriamente justifiquem a extradição.
2. Nos casos do número anterior, a entrega só ocorre quando
o processo ou o cumprimento da pena terminarem. Artigo13
3. Constitui, igualmente causa de adiamento da entrega, a (Medidas de coacção não detentivas)
verificação, por meio de perícia médica, de enfermidade que Na pendência do processo e até ao trânsito em julgado da
ponha em perigo a vida do extraditando. decisão final, é correspondentemente aplicável o disposto no
n.º 6 do artigo 11.
Artigo 10 Artigo 14
(Entrega temporária) (Comunicação da decisão)
1. Nas situações descritas nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo A parte requerida deve informar à parte requerente da decisão
anterior, a pessoa reclamada pode ser entregue temporariamente sobre o pedido de extradição indicando, em caso de recusa, os
ao Estado requerente, havendo compromissos de que terminados motivos dessa recusa.
esses actos, a pessoa reclamada seja restituída sem quaisquer
condições para a prática de determinados actos processuais, CAPÍTULO III
desde que:
Pedidos de extradição ao Estado Moçambicano
a) se demonstre que os mesmos não poderiam ser adiados
sem grave prejuízo; Artigo 15
b) a entrega não prejudique o andamento do processo (Expedição do pedido)
pendente em Moçambique. O pedido de extradição formulado por um Estado estrangeiro
2. Se a pessoa entregue temporariamente estiver a cumprir pode ser recebido por via diplomática, e é apresentado ao sector
pena, a execução desta fica suspensa, desde a data em que essa do Governo que superintende a área da justiça.
pessoa foi entregue ao representante do Estado requerente até à
data da sua restituição às autoridades nacionais. Artigo 16
3. É, todavia, descontada na pena a detenção que não venha a (Forma do pedido)
ser computada no processo estrangeiro. O pedido de extradição e dos documentos que o instruem podem
4. No caso de ter sido diferida a extradição nos termos do artigo ser redigidos na língua do Estado requerente, acompanhados de
anterior, a autorização para a entrega temporária é tramitada como três exemplares da tradução para a língua portuguesa, dois dos
incidente do pedido de extradição, exclusivamente com vista à quais se destinam ao arquivo do Governo e do Tribunal.
apreciação, pelo Tribunal Supremo, dos critérios enunciados no
n.º 1 do presente artigo. Artigo 17
5. O Tribunal Supremo ouve o tribunal à ordem do qual a (Requisitos do pedido)
pessoa se encontra e o sector do Governo que superintende a O pedido de extradição deve incluir:
área da justiça. a) a identificação da pessoa reclamada;
b) a menção expressa da sua nacionalidade;
Artigo 11 c) a prova de que, no caso concreto, a mesma pessoa está
(Detenção provisória) sujeita a jurisdição penal da parte requerente;
1. Em caso de urgência, e como acto prévio de um pedido d) prova, no caso de infracção cometida em terceiro Estado,
formal de extradição, pode o Estado requerente solicitar a de que este não reclama o extraditando por causa dessa
detenção provisória da pessoa a extraditar. infracção;
2. A decisão sobre a detenção e a sua manutenção é tomada e) a informação, nos casos de condenação à revelia, de que a
em conformidade com a lei nacional. pessoa reclamada pode recorrer da decisão ou requerer
3. O pedido de detenção provisória deve indicar: novo julgamento após a efectivação da extradição.
a) a existência do mandado de detenção ou decisão
condenatória contra a pessoa reclamada; Artigo 18
b) um resumo dos factos constitutivos da infracção, o (Extradição voluntária)
momento e o lugar da sua prática; 1. A pessoa capturada, para efeito de extradição pode consentir
c) os preceitos legais aplicáveis; na sua entrega imediata ao Estado requerente, renunciando ao
d) os dados disponíveis acerca da identidade, nacionalidade processo formal de extradição, depois de advertida de que tem
e localização da pessoa reclamada. direito a este processo.
4. A detenção provisória cessa se o pedido de extradição não 2. O consentimento do detido deve resultar da sua livre
for recebido no prazo de 18 dias a contar da detenção, podendo, determinação e ser prestado através da declaração pessoal que,
prolongar-se até 40 dias se razões atendíveis, invocadas pelo depois de assinada por ele e pelo seu defensor ou advogado, é
Estado requerente, o justificarem. irrevogável.
384 I SÉRIE — NÚMERO 32

3. A declaração referida no número anterior e o acto judicial Artigo 23


da sua homologação equivalem, para todos os efeitos, à decisão (Início do processo judicial)
final do processo de extradição. O pedido de extradição que deva prosseguir é remetido pelo
Artigo 19 Ministério que superintende a área da justiça conjuntamente
(Liberdade provisória) com os elementos que o instruem e a informação sobre a decisão
favorável do Governo, ao Ministério Público junto do Tribunal
Deve ser facultada ao extraditando, em qualquer altura, a
liberdade provisória, mediante caução, até transitar em julgado competente que promove o cumprimento do pedido.
a decisão final, nos casos e nos termos admitidos pela lei de
Artigo 24
processo penal.
(Despacho liminar e captura do extraditando)
Artigo 20 1. Efectuada a distribuição, o processo é imediatamente
(Entrega de coisas apreendidas) concluso ao Juiz para proferir despacho liminar sobre a suficiência
1. Quando for concedida a extradição, são entregues com a dos elementos que instruem o pedido e a viabilidade deste.
pessoa, reclamada e independentemente do pedido, as coisas 2. Quando o processo deva prosseguir é ordenada a entrega
que, no momento da captura ou posteriormente, lhe tenham sido ao Ministério Público do mandado de captura do extraditando a
apreendidas e possam servir de prova ou se mostrem adquiridas fim de providenciar a sua execução.
em resultado da infracção ou com o produto desta, desde que não 3. No caso de serem necessárias informações complementares,
haja ofensa de direitos de terceiros.
é ordenada apenas a vigilância do extraditando pelas autoridades
2. A entrega das coisas, referidas no número anterior pode
efectivar-se mesmo que a extradição não se concretize, por fuga competentes, podendo, efectuar-se desde logo, a sua captura se,
ou morte do extraditando. se mostrar necessária e houver sérios indícios de que o pedido
de extradição deve proceder.
Artigo 21
(Instrução do pedido) Artigo 25
(Apresentação do detido)
1. O pedido de extradição é requerido por via diplomática ou
directamente de Governo para Governo. 1. A autoridade que efectuar a captura do extraditando faz a
2. Na instrução do pedido devem ser juntos os seguintes sua entrega, em vinte e quatro horas, juntamente com as coisas
elementos: que lhe forem apreendidas, ao Ministério Público que promove
a) mandado de detenção ou documento equivalente, da pessoa imediatamente a sua audiência pessoal.
reclamada, emitido por autoridade competente; 2. O Juiz procede, dentro de vinte e quatro horas, à diligência
b) as indicações úteis ao reconhecimento e localização da requerida, nomeando previamente defensor para o extraditando, se
pessoa reclamada, designadamente extracto do registo não tiver advogado constituído, e um intérprete se necessário.
civil, fotografia e ficha dactiloscópica;
3. A notificação do extraditado para esse acto deve ser pessoal e
c) certidão ou cópia autenticada da decisão que ordenou
com a advertência de que pode fazer-se acompanhar de advogado
a expedição do mandado de detenção, no caso de
extradição para procedimento criminal; constituído e de intérprete.
d) no caso de extradição para cumprimento da pena, a Artigo 26
certidão ou cópia autenticada da decisão condenatória,
(Audiência do extraditando)
e se esta corresponder à duração da pena imposta na
decisão condenatória, o documento comprovativo da 1. Na presença do representante do Ministério Público e do
pena que resta cumprir; defensor ou do advogado do extraditando e com intervenção de
e) descrição dos factos imputados à pessoa reclamada com intérprete, quando necessário, o Juiz procede à identificação do
indicação da data, local e circunstâncias da infracção detido, elucidando depois sobre o direito que lhe assiste de se opor
e sua qualificação jurídica, se não constarem das à extradição ou de consentir e nos termos em que o pode fazer.
decisões referidas nas alíneas c) ou d); 2. No caso de o extraditando declarar que consente a sua
f) cópia dos textos legais relativos à qualificação e punição entrega ao Estado requerente essa declaração é exarada em auto
dos factos imputados ao extraditando; assinado por ele e pelo defensor ou advogado, no qual se faz
g) cópia dos textos legais relativos à possibilidade de recurso constar ter sido dado conhecimento ao declarante, pelo juiz, de
da decisão ou de efectivação de novo julgamento, no se lhe assistir o direito a um processo formal de extradição.
caso de condenação à revelia. 3. Depois de se certificar da sua validade, o Juiz homologa
Artigo 22
a declaração do extraditando e ordena a sua entrega ao Estado
(Natureza do processo de extradição) requerente.
4. No caso de, o extraditando opor-se à extradição, o Juiz
1.O processo de extradição tem carácter urgente e compreende
ouve os fundamentos da sua oposição, se ele os quiser expor,
duas fases:
tudo exarado em auto.
a) administrativa;
Artigo 27
b) judicial.
(Oposição do extraditando)
2. A fase administrativa é destinada à apreciação do pedido de
extradição, pelo Governo, para o efeito de decidir se ele pode ter 1. Após a audiência e havendo oposição do extraditando, o
seguimento ou se deve ser liminarmente indeferido por razões de processo é facultado ao advogado para, em cinco dias, deduzir por
ordem política ou de oportunidade ou conveniência. escrito oposição fundamentada ao pedido de extradição e indicar
3. A fase judicial é da exclusiva competência dos tribunais os meios de prova admitidos pela lei moçambicana.
judiciais e destina-se a decidir, com audiência do interessado, 2. A oposição só pode fundar-se em não ser o detido a
sobre a concessão da extradição, não sendo admitida prova alguma pessoa reclamada ou em não se verificarem as condições de
sobre factos imputados ao extraditando. extradição.
10 DE AGOSTO DE 2011 385

Artigo 28 2. O pedido de trânsito, pelo território moçambicano, de


(Produção da prova) uma pessoa extraditada de um Estado estrangeiro para o outro
1. As diligências que tiverem sido requeridas e as que o Juiz é recebido por via diplomática ou directamente, se não houver
entender necessárias, designadamente para decidir sobre o destino disposição em contrário, e é dirigido ao sector do Governo que
de coisas apreendidas, devem ser efectivadas com a presença superintende a área da justiça.
do extraditando, do seu defensor ou advogado constituído 3. O pedido deve identificar devidamente o extraditado e
e do intérprete, se necessário, bem como do Procurador da ser instruído com os elementos referidos nas alíneas a) e c) do
República.
artigo 17 da presente Lei.
2. Terminada a produção da prova, o defensor ou o advogado
do extraditando e o Procurador da República tem, sucessivamente, 4. Se for utilizado transporte aéreo e não estiver prevista uma
vista do processo por três dias para alegações. aterragem em território nacional, é suficiente uma comunicação
do Estado interessado na extradição.
Artigo 29 5. Em caso de aterragem imprevista, observa-se o disposto no
(Decisão final) n.º 2 do presente artigo.
1. Após a vista a que se refere o n.º 2 do artigo 24, se o 6. É mantida a detenção do extraditado em trânsito enquanto
extraditando não tiver apresentado oposição escrita, ou depois de permanecer em território moçambicano.
produzidas as alegações, o Juiz procede, em oito dias ao exame
do processo e manda dar vista a cada um dos juízes. Artigo 35
2. Após o último visto, o processo é apresentado na sessão (Decisão)
imediata, sendo o acórdão elaborado nos termos da lei de processo
penal. 1. Compete ao sector do Governo que superintende a área da
justiça verificar a regularidade do pedido de trânsito e submeter a
Artigo 30 decisão do Governo, devendo esta ser tomada no mais curto prazo
(Interposição e instrução do recurso) e comunicada logo a seguir ao Estado requerente pela mesma via
1. O Procurador da República e o extraditando podem recorrer por que o pedido tenha sido feito.
da decisão final no prazo de oito dias. 2. As condições em que o trânsito se processa e a autoridade
2. A petição de recurso deve conter as alegações do recorrente, que nele superintende devem constar da decisão que autorizar.
sendo o recurso logo julgado deserto se as não contiver.
3. O processo é remetido ao Tribunal Supremo logo que se Artigo 36
junta a última alegação. (Fuga do extraditado)
Artigo 31 O extraditado que, depois de entregue ao Estado requerente
(Vista do processo e julgamento) ou à entidade judiciária internacional, se evadir antes de extinto
Feita a distribuição na secção criminal do Tribunal Supremo, é o procedimento penal ou de cumprida a pena e voltar ou for
dado visto ao processo pelo Ministério Público e, seguidamente, encontrado em Moçambique é de novo detido e entregue ao
o processo é feito concluso ao juiz, para se elaborar o acórdão. mesmo Estado ou entidade, mediante mandado de detenção
Artigo 32 emanado da autoridade estrangeira competente, salvo no caso
(Entrega do extraditando) de ter havido violação das condições em que a extradição foi
1. Para a entrega do extraditando, é necessário a apresentação concedida.
da certidão do acórdão, transitado em julgado, que ordena a Artigo 37
extradição.
(Gratuitidade e férias)
2. Após o trânsito em julgado do acórdão, o Ministério Público
promove as diligências necessárias à entrega do extraditado 1. Os processos de extradição são isentos de custas judiciais.
podendo, para o efeito requisitar o auxílio de quaisquer 2. Os processos de extradição têm natureza urgente e correm
autoridades, e comunica ao representante do Estado requerente a mesmo em período de férias judiciais.
data e o local em que se pode efectuar a entrega e um seu agente
devidamente credenciado. CAPÍTULO IV
Artigo 33 Pedidos de extradição do estado moçambicano
(Prazo para remoção do extraditado) Artigo 38
1. O extraditado deve ser removido do território moçambicano (Tramitação)
no prazo de vinte dias subsequentes à data que for indicada nos
termos do n.º 2 do artigo anterior, findo o qual é restituído à 1. Os pedidos de extradição formulados pelo Estado
liberdade, se ninguém se apresentar para o receber. moçambicano a outros Estados seguem as fases referidas no
2. O prazo referido no número anterior é prorrogável na presente artigo.
medida exigida pelo caso concreto, quando razões de força 2. Compete ao representante do Ministério Público junto
maior, designadamente doença verificada nos termos do n.º 3 do do tribunal onde corre o processo diligenciar sobre o pedido
artigo 9, impedirem a remoção nesse prazo. de extradição acompanhado de documentos a que se refere
3. Pode deixar de ser atendido novo pedido de extradição o artigo 21 da presente Lei.
da pessoa que não tenha sido removida no prazo referido no 3. O Pedido referido no número anterior é remetido ao
presente artigo. Procurador-Geral da República que despacha ao Tribunal
Artigo 34
(Trânsito)
Supremo.
4. Decidido judicialmente o pedido é remetido ao Ministério
1. Pode ser autorizado o trânsito, pelo território nacional,
que superintende a área da justiça.
de uma pessoa extraditada de um Estado estrangeiro para
outro, desde que não se oponham motivos de ordem pública e 5. O Ministério que superintende a área da justiça remete para
se trate de infracção justificativa de extradição, segundo a lei o Ministério que superintende a área dos negócios estrangeiros
moçambicana. para expedir o pedido ao Estado solicitado.
386 I SÉRIE — NÚMERO 32

6. A resposta do Estado solicitado, bem como as providências Artigo 42


necessárias para a entrega do extraditando ao Estado moçambicano (Entrada em vigor)
é remetida à representação diplomática do Estado moçambicano, A presente Lei entra em vigor na data da sua publicação.
no Estado solicitado e, na falta desta, através do Ministério que Aprovada pela Assembleia da República, aos 19 de Maio
superintende a área dos negócios estrangeiros. de 2011.
7. A representação diplomática moçambicana junto do Estado A Presidente da Assembleia da República, Verónica Nataniel
solicitado e, na falta desta, o Ministério que superintende a área Macamo Dlhovo.
dos negócios estrangeiros deve informar ao Procurador-Geral Promulgada aos 12 de Julho de 2011.
da República as fases em que o processo se encontra no Estado Publique-se.
solicitado.
O Presidente da República, Armando Emílio Guebuza.
8. Na recepção do extraditando intervêm o Ministério Público,
as autoridades policiais e outras indispensáveis para cada caso,
que devem encaminhar ao tribunal onde o processo corre para
os devidos efeitos. Banco de Moçambique
Artigo 39
(Forma do pedido)
Aviso nº 4/GBM/2011
O pedido é apresentado na língua portuguesa acompanhado de 10 de Agosto
de tradução oficial para a língua do Estado solicitado ou em Tendo em vista assegurar a integridade do princípio da
língua inglesa. liberdade das transacções correntes introduzido pela Lei
n.º 11/2009, de 11 de Março, Lei Cambial, mostra-se necessário
CAPÍTULO V
emitir normas atinentes às fontes de alimentação das contas em
Disposições finais moeda estrangeira tituladas por pessoas colectivas residentes
Artigo 40 enunciadas pela alínea b) do n.º 3 do artigo 102 do Regulamento
(Lei supletiva) da Lei Cambial, aprovado pelo Decreto n.º 83/2010, de 31 de
São aplicáveis ao regime da extradição as disposições do Dezembro.
Código do Processo Penal, supletivamente e com as necessárias Nestes termos, ao abrigo das disposições conjugadas do
adaptações, em tudo o que não se encontre expressamente n.º 3 do artigo 6 da Lei Cambial e do nº 2 do artigo 130 do seu
estabelecido na presente Lei. Regulamento, e à luz do n.º 5 do artigo 143 da Constituição da
República, determino:
Artigo 41 Artigo 1
(Encargos) (Objecto)
1. Constituem encargo do Estado ou da entidade judiciária O presente Aviso dispõe sobre as fontes de alimentação das
internacional requerente: contas em moeda estrangeira tituladas por pessoas colectivas
a) as despesas de viagem e estadia; residentes.
b) as despesas decorrentes do envio ou entrega de coisas; Artigo 2
c) as despesas decorrentes da transferência de pessoas para (Fontes de Alimentação)
o território do Estado requerente ou para a sede da Sem prejuízo das fontes de alimentação das contas em moeda
entidade judiciária internacional; estrangeira tituladas por pessoas colectivas residentes enunciadas
d) as despesas com o trânsito de uma pessoa do território no Regulamento da Lei Cambial, as referidas contas podem
de um Estado estrangeiro ou da sede da entidade ainda ser alimentadas através de transferências, domésticas e
judiciária internacional para terceiro Estado ou para a externas, depósitos e outros meios de pagamento utilizados no
sede dessa entidade; sistema bancário.
e) as despesas efectuadas com o recurso à teleconferência, Artigo 3
em cumprimento de um pedido de cooperação; (Entrada em Vigor)
f) outras despesas consideradas relevantes pelo Estado O presente Aviso entra imediatamente em vigor.
requerido, em função dos meios humanos e tecnológicos
envolvidos no cumprimento do pedido. Artigo 4
2. Mediante acordo entre Moçambique e o Estado estrangeiro (Esclarecimento das dúvidas)
ou a entidade judiciária internacional interessados no pedido, pode As dúvidas que surgirem da interpretação e aplicação deste
derrogar-se o disposto no número anterior do presente artigo. Aviso devem ser submetidas ao Departamento de Estrangeiro do
3. Os encargos decorrentes de pedidos de extradição feitos Banco de Moçambique.
pelo Estado moçambicano são por este suportados, salvo acordo Maputo, 8 de Julho de 2011. – O Governador do Banco de
em contrário. Moçambique, Ernesto Gouveia Gove.

Preço — 44,65 MT

IMPRENSA NACIONAL DE MOÇAMBIQUE, E.P.

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