Lei N.º 17 2011 de 10 de Agosto - Lei de Extradição
Lei N.º 17 2011 de 10 de Agosto - Lei de Extradição
Artigo 31 ANEXO
(Exéquias) GLOSSÁRIO
1. O combatente, no seu funeral, pode ter honras militares, nos Para efeitos da presente Lei, entende-se por:
termos da legislação aplicável aos militares em efectividade de B
serviço e da mesma categoria. Bónus de participação – quantia monetária que o Estado
2. Os encargos decorrentes das exéquias do combatente são atribui ao veterano, em virtude da sua participação activa na
suportados pelo Estado, nos termos a regulamentar. luta de libertação nacional, integrado na Frente de Libertação
Artigo 32 de Moçambique.
(Perda de direitos) Bónus de reinserção social – quantia monetária paga pelo
Estado, ao combatente da defesa da soberania e da democracia
O combatente perde os direitos que lhe são reconhecidos nos que, não reunindo requisitos para a fixação da pensão de
termos da presente Lei, se for condenado a pena de prisão maior reforma ou não tendo descontado para efeitos de compensação e
por procedimento atentatório contra a segurança do Estado e aposentação, tenha prestado serviço por tempo igual ou superior
ponha em causa o prestígio da República de Moçambique, nos a três anos.
termos do Código Penal. C
CAPÍTULO III Combatente – todo o cidadão moçambicano que teve uma
Deveres
participação activa e deu a sua vida à luta de libertação nacional,
da defesa da soberania e da democracia, de 25 de Junho de 1962
Artigo 33 até 4 de Outubro de 1992.
(Respeito pelo ordenamento jurídico)
Combatente com deficiência – todo o cidadão moçambicano
O combatente tem o dever especial de respeitar e defender em que contraiu deficiência, decorrente da sua participação directa
todas as circunstâncias o ordenamento jurídico vigente e participar na luta de libertação nacional e na defesa da soberania e da
activamente na consolidação da unidade nacional e na defesa do democracia.
Estado de direito democrático. Combatente da defesa da soberania e da democracia - é
o cidadão moçambicano que prestou serviço militar após 7 de
Artigo 34 Setembro de 1974 e tenha participado na luta pela defesa de
(Dever patriótico)
soberania e da democracia ou no conflito armado que terminou
O combatente tem o dever de transmitir à sociedade e as futuras com o Acordo Geral de Paz de 4 de Outubro de 1992, por tempo
gerações as suas experiências de amor à pátria, defesa da pátria, igual ou superior a três anos.
de unidade nacional e da solidariedade. G
Artigo 35 Grande deficiência – aquela cujo grau de desvalorização,
(Dever de identificação) nos termos da legislação em vigor, é igual ou superior a oitenta
por cento.
O combatente tem o dever de apresentar-se devidamente
M
identificado, sempre que necessário.
Meio de compensação – conjunto de recursos materiais, que
CAPÍTULO IV permitem contrabalançar uma ou mais limitações funcionais
Disposições finais ou motoras da pessoa portadora de deficiência, para superar as
barreiras que enfrentam.
Artigo 36 P
(Competência regulamentar)
Pensão de invalidez – quantia monetária paga pelo Estado ao
Compete ao Conselho de Ministros regulamentar a presente
combatente que contraiu deficiência devido a sua participação
Lei, no prazo de noventa dias, após a sua entrada em vigor.
na luta de libertação nacional e na defesa da soberania e da
Artigo 37 democracia.
(Direitos adquiridos) Pensão de reforma – quantia monetária estabelecida para o
O veterano da luta de libertação nacional não perde os direitos combatente da defesa da soberania e da democracia, que prestou
adquiridos na vigência da Lei n.º 3/2002, de 17 de Janeiro. serviço militar efectiva por tempo igual ou superior a dez anos.
Pensão de sobrevivência – quantia monetária que o Estado
Artigo 38 paga aos herdeiros do combatente falecido, a pedido destes.
(Norma revogatória) V
É revogada a Lei n.º 3/2002, de 17 de Janeiro, Lei do Estatuto Veterano da Luta de Libertação Nacional – todo o cidadão
do Combatente da Luta de Libertação Nacional. moçambicano que teve uma participação na luta pela libertação
da pátria, no período compreendido entre 25 de Junho de 1962
Artigo 39 a 7 de Setembro de 1974, integrado na Frente de Libertação de
(Entrada em vigor) Moçambique.
A presente Lei entra em vigor na data da sua publicação.
Aprovada pela Assembleia da República, aos 19 de Maio
de 2011.
Lei n.º 17/2011
A Presidente da Assembleia da República, Verónica Nataniel
Macamo Dlhovo. de 10 de Agosto
Promulgada aos 12 de Julho de 2011. Havendo necessidade de estabelecer normas que regulem a
Publique-se. transmissão de mandatos de captura internacionais para pessoas
procuradas pela prática de crimes cometidos em Moçambique,
O Presidente da República, Armando Emílio Guebuza.
382 I SÉRIE — NÚMERO 32
bem como para responder às solicitações do Estado moçambicano f) haver fundadas razões de que o extraditando possa vir a
e de outros Estados, ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 179 ser sujeito a tortura, tratamento desumano, degradante
da Constituição, a Assembleia da República determina: ou cruel;
g) tratar-se de um crime militar.
CAPÍTULO I 2. Para o efeito do disposto na alínea a) do número anterior,
Disposições gerais não é considerada a nacionalidade moçambicana adquirida
Artigo 1 após a prática dos factos em que se fundamenta o pedido de
(Âmbito) extradição.
A presente Lei rege os casos e termos da efectivação da Artigo 5
extradição. (Condições para concessão da extradição)
Artigo 2
(Objecto) 1. São condições para concessão da extradição:
a) ter sido o crime cometido no território do Estado
As disposições da presente Lei têm por objecto determinar:
requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis
a) os casos e condições para entrega aos Estados que o
solicitarem, os acusados pelos seus tribunais e os penais desse Estado;
condenados por delito de ordem comum; b) existir sentença final condenatória de privação da
b) os processos de extradição relativos aos pedidos feitos liberdade, ou estar a prisão do extraditando autorizada
pelo Estado moçambicano a outros Estados. pelo Juiz ou autoridade competente do Estado
requerente.
CAPÍTULO II 2. No caso de crimes cometidos em território de outro Estado,
Condições de extradição que não o de requerente, pode ser concedida a extradição quando
a lei moçambicana atribuir competência à sua jurisdição em
Artigo 3
(Fundamento da extradição)
igualdade de circunstâncias ou quando o Estado requerente
comprovar que aquele Estado não reclama o agente da
1. A extradição pode ter lugar para efeitos de procedimento infracção.
criminal ou para cumprimento de pena privativa da liberdade,
por crime cujo julgamento seja da competência dos tribunais do Artigo 6
Estado requerente. (Regras especiais de extradição)
2. Para qualquer desses efeitos, só é admissível a entrega da 1. O Estado requerente não pode deter, julgar, nem sujeitar
pessoa reclamada no caso de crime, ainda que tentado, punível a qualquer outra restrição de liberdade a pessoa extraditada no
pela lei moçambicana e pela lei do Estado requerente com pena seu território, e nem por qualquer facto distinto do que motivou
ou medida privativa da liberdade de duração mínima não inferior a extradição e lhe seja anterior ou contemporâneo.
a um ano. 2. Cessa a proibição constante do número anterior, quando os
3. Se o pedido de extradição tiver por fundamento vários elementos constitutivos da infracção forem alterados no Estado
factos distintos, sendo cada um deles punível pela lei do Estado requerente contra a pessoa a ser extraditada.
requerente e pela lei moçambicana com penas privativas de
liberdade, pode conceder-se a extradição desde que, pelo Artigo 7
menos, um dos factos preencha a condição referida no número (Reexpedição)
anterior. 1. O Estado requerente não pode reextraditar para terceiro
4. O disposto nos números anteriores é aplicável, com as Estado a pessoa que o Estado requerido lhe entregue no
necessárias adaptações, à cooperação que implique a extradição seguimento do pedido de extradição.
ou a entrega de pessoas às entidades judiciárias internacionais. 2. Cessa a proibição constante do número anterior quando:
5. O disposto no presente artigo não obsta à extradição quando a) nos termos estabelecidos para o pedido de extradição,
sejam inferiores os limites mínimos estabelecidos em tratado, for solicitada e prestada a correspondente autorização,
convenção ou acordo de que Moçambique seja parte. ouvido previamente o extraditado;
b) o extraditado, tendo a possibilidade de abandonar o
Artigo 4 território do Estado requerente, não o faz dentro de
(Casos em que não há lugar a extradição) 45 dias ou, tendo abandonado, aí voluntariamente
1. A extradição não pode ser concedida nas seguintes regressar.
situações:
Artigo 8
a) a pessoa reclamada ser de nacionalidade
(Concurso de pedidos)
moçambicana;
b) ter a pessoa reclamada sido julgada pelo crime que 1. Havendo concurso de pedidos de extradição sobre a mesma
fundamenta o pedido e ter sido absolvida ou, no pessoa e pelos mesmos factos, tem preferência o do Estado em
caso de condenação, ter cumprido a pena no Estado cujo território a infracção foi cometida.
2. Tratando-se de pedidos que respeitem a factos diferentes,
requerido;
têm preferência:
c) tratar-se de crime de natureza política; a) no caso de infracção de gravidade diferente, o pedido
d) tratar-se de crime a que corresponda na lei do Estado relativo a infracção mais grave segundo a lei
requerente pena de morte ou prisão perpétua; moçambicana;
e) haver fundado receio para crer que o pedido de extradição b) no caso da infracção de gravidade idêntica, o que
foi apresentado com o fim de perseguir ou punir uma em primeiro lugar houver solicitado a entrega do
pessoa em razão da sua raça, religião, nacionalidade, extraditando;
origem étnica, sexo ou estatuto, ou que a situação c) tratando-se de pedidos simultâneos, o do Estado de
dessa pessoa pode ser prejudicada por alguma dessas origem do extraditando ou, na sua falta, o do Estado
razões; domiciliar;
10 DE AGOSTO DE 2011 383
d) nos demais casos, o do Estado que, de acordo com as 5. A detenção pode ser substituída por outras medidas de
circunstâncias concretas, designadamente a data do coacção, nos termos previstos no Código de Processo Penal.
pedido, a nacionalidade ou residência do extraditando, 6. O disposto no n.º 4 não prejudica nova detenção e a
a existência de um tratado ou possibilidade de extradição, se o pedido for ulteriormente recebido.
reexpedição entre as partes requerentes, se entender 7. O pedido de detenção provisória só pode ser atendido quando
que deva ser preferido aos outros. não se suscitarem dúvidas, sobre a competência da autoridade
requerente e contiver os elementos referidos no n.º 3 do presente
Artigo 9 artigo.
(Extradição diferida)
1. A entrega da pessoa reclamada pode ser diferida para um Artigo 12
outro momento quando: (Detenção não directamente solicitada)
a) existir, em tribunais nacionais, processo criminal em É lícito às autoridades de polícia criminal efectuar a detenção
recurso; de indivíduos que, segundo informações oficiais, designadamente
b) estiver a cumprir pena privativa de liberdade, por da INTERPOL, sejam procurados por autoridades competentes
infracções diversas das que fundamentaram o estrangeiras para efeito de procedimento ou de cumprimento de
pedido. pena por factos que notoriamente justifiquem a extradição.
2. Nos casos do número anterior, a entrega só ocorre quando
o processo ou o cumprimento da pena terminarem. Artigo13
3. Constitui, igualmente causa de adiamento da entrega, a (Medidas de coacção não detentivas)
verificação, por meio de perícia médica, de enfermidade que Na pendência do processo e até ao trânsito em julgado da
ponha em perigo a vida do extraditando. decisão final, é correspondentemente aplicável o disposto no
n.º 6 do artigo 11.
Artigo 10 Artigo 14
(Entrega temporária) (Comunicação da decisão)
1. Nas situações descritas nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo A parte requerida deve informar à parte requerente da decisão
anterior, a pessoa reclamada pode ser entregue temporariamente sobre o pedido de extradição indicando, em caso de recusa, os
ao Estado requerente, havendo compromissos de que terminados motivos dessa recusa.
esses actos, a pessoa reclamada seja restituída sem quaisquer
condições para a prática de determinados actos processuais, CAPÍTULO III
desde que:
Pedidos de extradição ao Estado Moçambicano
a) se demonstre que os mesmos não poderiam ser adiados
sem grave prejuízo; Artigo 15
b) a entrega não prejudique o andamento do processo (Expedição do pedido)
pendente em Moçambique. O pedido de extradição formulado por um Estado estrangeiro
2. Se a pessoa entregue temporariamente estiver a cumprir pode ser recebido por via diplomática, e é apresentado ao sector
pena, a execução desta fica suspensa, desde a data em que essa do Governo que superintende a área da justiça.
pessoa foi entregue ao representante do Estado requerente até à
data da sua restituição às autoridades nacionais. Artigo 16
3. É, todavia, descontada na pena a detenção que não venha a (Forma do pedido)
ser computada no processo estrangeiro. O pedido de extradição e dos documentos que o instruem podem
4. No caso de ter sido diferida a extradição nos termos do artigo ser redigidos na língua do Estado requerente, acompanhados de
anterior, a autorização para a entrega temporária é tramitada como três exemplares da tradução para a língua portuguesa, dois dos
incidente do pedido de extradição, exclusivamente com vista à quais se destinam ao arquivo do Governo e do Tribunal.
apreciação, pelo Tribunal Supremo, dos critérios enunciados no
n.º 1 do presente artigo. Artigo 17
5. O Tribunal Supremo ouve o tribunal à ordem do qual a (Requisitos do pedido)
pessoa se encontra e o sector do Governo que superintende a O pedido de extradição deve incluir:
área da justiça. a) a identificação da pessoa reclamada;
b) a menção expressa da sua nacionalidade;
Artigo 11 c) a prova de que, no caso concreto, a mesma pessoa está
(Detenção provisória) sujeita a jurisdição penal da parte requerente;
1. Em caso de urgência, e como acto prévio de um pedido d) prova, no caso de infracção cometida em terceiro Estado,
formal de extradição, pode o Estado requerente solicitar a de que este não reclama o extraditando por causa dessa
detenção provisória da pessoa a extraditar. infracção;
2. A decisão sobre a detenção e a sua manutenção é tomada e) a informação, nos casos de condenação à revelia, de que a
em conformidade com a lei nacional. pessoa reclamada pode recorrer da decisão ou requerer
3. O pedido de detenção provisória deve indicar: novo julgamento após a efectivação da extradição.
a) a existência do mandado de detenção ou decisão
condenatória contra a pessoa reclamada; Artigo 18
b) um resumo dos factos constitutivos da infracção, o (Extradição voluntária)
momento e o lugar da sua prática; 1. A pessoa capturada, para efeito de extradição pode consentir
c) os preceitos legais aplicáveis; na sua entrega imediata ao Estado requerente, renunciando ao
d) os dados disponíveis acerca da identidade, nacionalidade processo formal de extradição, depois de advertida de que tem
e localização da pessoa reclamada. direito a este processo.
4. A detenção provisória cessa se o pedido de extradição não 2. O consentimento do detido deve resultar da sua livre
for recebido no prazo de 18 dias a contar da detenção, podendo, determinação e ser prestado através da declaração pessoal que,
prolongar-se até 40 dias se razões atendíveis, invocadas pelo depois de assinada por ele e pelo seu defensor ou advogado, é
Estado requerente, o justificarem. irrevogável.
384 I SÉRIE — NÚMERO 32
Preço — 44,65 MT