Emoções: relação com o
funcionamento cerebral e
processos de aprendizagem
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Emoções: relação com o funcionamento cerebral e os
processos de aprendizagem
Introdução
Na neurociência, as emoções são definidas como experiências que são acompanhadas de
manifestações fisiológicas e comportamentais detectáveis, ou seja, toda emoção é
caracterizada por aspectos subjetivos e objetivos. Dito isso, é importante diferenciar o
conceito de emoção de outros conceitos usualmente tratados como sinônimos ou
similares.
Mais abrangente que o conceito da emoção e em alguns casos anterior a ela, o estresse
corresponde a respostas adaptativas, tanto fisiológicas quanto comportamentais, a
eventos ou tarefas. Em outras palavras, ele pode ser entendido como toda resposta que
organismo produz que visa manter o equilíbrio, a homeostase.
Nesse sentido, como destacam Randall, Burggren e French (2014) e Fonseca (2016), é
fundamental ressaltar que por definição, nem toda situação de estresse é negativa, em
alguns casos a resposta ele pode ser positiva e extremamente adaptativa.
Já o conceito de humor, comumente associado à noções como emoções e estresse,
corresponde ao conjunto de estados emocionais duradouros, sejam eles positivos ou
negativos, influenciam na cognição ou no comportamento do indivíduo.
Neurociência e emoção
Inicialmente, toda resposta emocional depende da concepção do ambiente interno e
externo do sujeito. No primeiro cenário, é fundamental para o organismo manter o seu
equilíbrio interno, para que todos os processos fisiológicos ocorram, e em última instância,
a sobrevivência seja assegurada.
A partir disso, pode ocorrer a percepção sobre os estímulos ou situações vindas do
ambiente externo como positivas ou negativas e então, desencadear uma resposta. No
cérebro, todo o processamento emocional ocorre no sistema límbico, um conjunto de
estruturas anatômicas que formam os circuitos neurais relacionados às emoções.
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Figura 1: Sistema Límbico
Fonte: Castiglia, 2021.
Dentre as estruturas do sistema límbico, é possível citar o córtex pré-frontal, a amígdala, o
hipocampo, o tálamo e o hipotálamo. Algumas dessas estruturas também são
fundamentais para outras funções cerebrais, como a memória e funções executivas, o que
explica de maneira neurofisiológica a influência das emoções nestas funções.
Especificamente a atividade do córtex pré-frontal fundamental para a memória e funções
executivas, recebe e envia projeções para amígdala, representando um importante centro
neuroanatômico para o processamento emocional.
Kandel et al., (2014), Fonseca (2016) e Lent (2022) explicam que, de maneira
interessante, o papel do córtex pré-frontal nas emoções é influenciado pelo
neurodesenvolvimento, já que apenas no início da fase adulta esta estrutura está
completamente desenvolvida e só então o controle emocional é pleno.
Emoção na sala de aula
As emoções estão intimamente relacionadas à memória e às funções executivas e,
consequentemente, ao aprendizado. Na sala de aula, as informações cognitivas e
emocionais devem andar juntas, de modo que as emoções positivas possam catalisar o
aprendizado.
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Para isso, é fundamental que na sala de aula sejam criadas condições adequadas para
correlacionar o conteúdo propriamente dito com aspectos emocionais, integrando as
emoções dos alunos a partir de suas vivências e preferências.
Sem essa conexão íntima entre a cognição e emoção, os conteúdos acadêmicos deixam
de ser emocionalmente significativos para o aluno, logo, as emoções precisam fazer parte
de toda experiência de aprendizagem. Contudo, os educadores sabem o quanto conseguir
isso de maneira prática pode ser desafiador.
Nesse sentido, Fonseca (2016) indica três direcionamentos ou estratégias sobre como
acrescentar o aspecto emocional na aprendizagem, sendo a primeira delas fomentar
conexões emocionais com as matérias, contextualizando-as com as vivências dos alunos e
demandando a participação deles através de situações-problemas.
Já a segunda seria estimular o desenvolvimento de posturas criativas e inteligentes, como
incentivar a resolução de problemas de maneiras alternativas ou permitir a criação de
projetos em que eles sejam ativos.
E por fim, a terceira diz respeito a gerir intencional e ativamente o clima emocional e
social da aula, não penalizando o erro dos alunos a todo momento ou criando um clima de
punições imprevisíveis.
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Referências
FONSECA, Vitor da. Importância das emoções na aprendizagem: uma abordagem
neuropsicopedagógica. Revista Psicopedagogia, [S.I], v. 33, n. 102, p. 365-384, dez.
2016.
KANDEL, Eric R. et al. Princípios de Neurociências. 5a. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
LENT, Roberto. Cem Bilhões de Neurônios? Conceitos Fundamentais de
Neurociência. Rio de Janeiro: Editora Atheneu, 2022.
RANDALL, David; BURGGREN, Warren; FRENCH, Kathleen. ECKERT ANIMAL
PHYSIOLOGY: mechanisms and adaptations. United States Of America: W. H. Freeman
And Company, 2014.
SOUSA, Anne Madeliny Oliveira Pereira de; ALVES, Ricardo Rilton Nogueira. A neurociência
na formação dos educadores e sua contribuição no processo de aprendizagem. Revista
Psicopedagogia, [S.I], v. 34, n. 105, p. 320-331, dez. 2017.