APRENDIZAGEM
A aprendizagem é o desenvolvimento na primeira infâncias, são fundamentais para o
crescimento e o bem-estar das crianças. Essa fase, que vai desde o nascimento até os seis anos, é
crucial para o desenvolvimento cognitivo, emocional, social e físico.
1. Desenvolvimento Cognitivo: Nessa fase, o cérebro da criança está em rápido
desenvolvimento, e ela começa a adquirir habilidades essenciais, como linguagem, percepção,
memória, raciocínio e resolução de problemas. Através da interação com o ambiente e com
outras pessoas, as crianças começam a entender o mundo ao seu redor, desenvolvendo a
capacidade de pensar de forma mais complexa à medida que crescem.
2. Desenvolvimento Emocional e Social: A infância é também uma fase importante para o
desenvolvimento da inteligência emocional. As crianças aprendem a identificar e expressar suas
emoções, além de desenvolver a empatia e a capacidade de se relacionar com os outros. Esse
processo é fortemente influenciado pelas relações familiares e o ambiente social.
3. Importância do Brincar: O brincar é uma das principais formas de aprendizagem nesta fase.
Ele não apenas oferece diversão, mas também é essencial para o desenvolvimento físico,
cognitivo e social. Através do brincar, as crianças experimentam diferentes cenários, solucionam
problemas, exploram a criatividade e aprendem a lidar com as regras e os outros.
4. Estímulos e Interações: A estimulação do ambiente em que a criança vive é crucial para seu
desenvolvimento. Pais, cuidadores e educadores devem proporcionar um ambiente seguro e
enriquecedor, com atividades que incentivem a curiosidade e o aprendizado. Isso inclui
conversas, leitura, brincadeiras e outras interações que incentivem o pensamento e a imaginação.
5. Aspectos Físicos: O desenvolvimento motor na primeira infância inclui a coordenação de
movimentos finos e grossos. As crianças começam a desenvolver habilidades como andar,
correr, pular, desenhar e manipular objetos, o que tem impacto na sua autonomia e confiança.
6. A Importância da Educação Infantil: A educação infantil oferece oportunidades essenciais
para o desenvolvimento integral das crianças. Instituições de ensino que seguem abordagens
pedagógicas adequadas à faixa etária contribuem significativamente para o desenvolvimento
cognitivo, emocional e social das crianças, além de prepará-las para as próximas etapas da vida
escolar.
Esses primeiros anos de vida são uma base sólida para o sucesso e bem-estar das crianças, por
isso o investimento em sua aprendizagem e desenvolvimento é essencial.
As principais teorias de autores que são fundamentais para a compreensão do desenvolvimento e
aprendizagem na primeira infância.
Cada um desses teóricos propôs conceitos que influenciam profundamente a pedagogia e a
psicologia do desenvolvimento infantil. Dos quais destacam-se: Jean Piaget, Lev Vygotsky,
Erik Erikson, Maria Montessori, Howard Gardner, John Dewey, e David Elkind.
1. Jean Piaget - Teoria do Desenvolvimento Cognitivo
Piaget, um dos teóricos mais influentes no estudo do desenvolvimento infantil, baseou sua teoria
na ideia de que as crianças constroem seu próprio conhecimento através da interação com o
ambiente. Sua teoria é centrada no processo de equilibração e nos estágios do desenvolvimento
cognitivo, que são universais, mas ocorrem em diferentes idades em diferentes contextos
culturais.
Principais Conceitos:
Esquemas: São estruturas mentais que organizam o conhecimento. À medida que as crianças
aprendem, elas constroem esquemas para compreender o mundo (por exemplo, um esquema de
"cachorro" ao aprender sobre animais).
Assimilação e Acomodação: Processos de adaptação do conhecimento. Assimilação é a
incorporação de novas informações em esquemas existentes. Acomodação ocorre quando o
esquema precisa ser ajustado para incorporar informações novas.
Equilibração: O processo que leva a criança a buscar equilíbrio entre assimilação e acomodação,
movendo-se de um estágio cognitivo menos avançado para um mais complexo.
2. Lev Vygotsky - Teoria Sociocultural
Vygotsky apresenta uma visão do desenvolvimento cognitivo focada na interação social. Ele
acredita que o desenvolvimento da criança é profundamente influenciado pelo contexto social e
cultural em que ela está inserida. A linguagem é vista como a ferramenta central nesse processo,
sendo essencial para a transmissão de conhecimento.
Principais Conceitos:
Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP): A ZDP é a distância entre o que uma criança pode
fazer sozinha e o que ela pode fazer com a ajuda de um adulto ou de um colega mais experiente.
O aprendizado mais significativo ocorre na ZDP.
Mediação: A interação social é mediada por símbolos, especialmente a linguagem. Por meio de
diálogos e instruções, as crianças internalizam conhecimentos e habilidades. O adulto ou a
criança mais experiente serve de "mediador", guiando a criança através de atividades cognitivas.
Andaimagem (Scaffolding): Refere-se ao suporte temporário dado por um adulto ou colega mais
experiente para ajudar a criança a realizar tarefas que ela não conseguiria sozinha. Esse suporte
vai sendo retirado à medida que a criança vai se tornando mais capaz.
Desenvolvimento Cognitivo e Cultural: Vygotsky acredita que o desenvolvimento cognitivo não
é algo individual e isolado, mas resulta de um processo social em que o ambiente, as interações
com outras pessoas e os instrumentos culturais (como a linguagem e as ferramentas)
desempenham papel central.
3. Erik Erikson - Teoria Psicossocial
Erikson oferece uma teoria psicossocial que descreve o desenvolvimento humano em oito
estágios, sendo os primeiros dois estágios particularmente relevantes para a primeira infância.
Sua teoria enfoca a interação entre a criança e a sociedade, destacando como as crises
psicossociais devem ser resolvidas para o desenvolvimento saudável.
Principais Conceitos:
Crises Psicossociais: Erikson propõe que o desenvolvimento ocorre em uma série de crises
psicossociais que precisam ser resolvidas. A resolução bem-sucedida de uma crise resulta em
uma virtude importante para o próximo estágio de vida.
Estágios Críticos da Primeira Infância:
1. Confiança vs. Desconfiança (0-1 ano): O bebê depende da confiança básica nos cuidadores. Se
as necessidades são atendidas de maneira consistente, ele desenvolve confiança. Caso contrário,
pode desenvolver desconfiança.
2. Autonomia vs. Vergonha e Dúvida (1-3 anos): As crianças começam a desenvolver uma
sensação de autonomia. Quando apoiadas e incentivadas, elas se tornam mais confiantes. Caso
sejam excessivamente controladas ou desencorajadas, podem desenvolver vergonha e dúvida
sobre suas capacidades.
4. Maria Montessori - Método Montessori
Montessori é uma educadora que desenvolveu um método de ensino baseado na autonomia da
criança. A teoria de Montessori é centrada na ideia de que as crianças aprendem melhor quando
têm liberdade para explorar seu ambiente, com a ajuda de materiais didáticos preparados e
educadores que servem como facilitadores.
Principais Conceitos:
Ambiente Preparado: O ambiente deve ser cuidadosamente organizado, com materiais acessíveis
que incentivem a exploração e a aprendizagem independente. As crianças devem ser capazes de
escolher atividades e aprender ao seu próprio ritmo.
Aprendizagem Ativa e Autoeducação: As crianças são vistas como "aprendizes ativos", que
constroem o próprio conhecimento ao interagir com o ambiente.
Respeito pela Criança: O respeito pela individualidade da criança e pelo seu ritmo de
desenvolvimento é central para a filosofia Montessori.
5. Howard Gardner - Teoria das Inteligências Múltiplas
Gardner propôs que a inteligência não é uma habilidade única, mas um conjunto de habilidades
cognitivas, que ele chama de "inteligências". Ele identifica várias formas de inteligência, que são
desenvolvidas de maneiras diferentes em cada indivíduo.
Principais Conceitos:
Inteligências Múltiplas: Gardner propôs que existem diferentes tipos de inteligência, como:
Linguística: Habilidade com palavras e linguagem.
Lógico-matemática: Capacidade de lidar com números e lógica.
Espacial: Capacidade de visualizar com clareza o mundo ao redor.
Musical: Habilidade com música e ritmo.
Corporal-cinestésica: Habilidade com o corpo e movimento.
Interpessoal: Capacidade de entender os outros e interagir socialmente.
Intrapessoal: Capacidade de compreender a si mesmo.
Naturalista: Sensibilidade para o mundo natural e o ambiente.
Implicações Educacionais: O método educacional deve se adaptar a essas diferentes
inteligências. Cada criança pode ter um ou mais tipos de inteligência mais desenvolvidos, e a
educação deve oferecer atividades que permitam que as crianças explorem suas habilidades em
várias áreas.
6. John Dewey - Educação Progressiva
Dewey, um filósofo e educador, é conhecido por sua defesa de uma educação baseada na
experiência e na participação ativa da criança. Ele acreditava que a escola deveria ser um
ambiente que preparasse as crianças para a vida, não apenas para exames.
Principais Conceitos:
Aprendizagem Experiencial: Dewey acreditava que as crianças aprendem melhor através de
experiências práticas e resolução de problemas reais. Em vez de uma educação passiva, a criança
deve ser envolvida ativamente no processo de aprendizagem.
Integração da Escola com a Vida Cotidiana: A aprendizagem deve estar ligada à realidade social
e ao contexto da vida cotidiana das crianças, para que o conhecimento seja significativo e
aplicável.
7. David Elkind - O Brincar e o Desenvolvimento Infantil
Elkind é conhecido por seu trabalho sobre a importância do brincar no desenvolvimento das
crianças. Ele argumenta que o brincar não é apenas uma forma de entretenimento, mas uma parte
essencial do desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças.
Principais Conceitos:
Brincar como Aprendizado: Brincar é visto como a principal forma de aprendizagem na infância.
Através do brincar, as crianças exploram seu ambiente, experimentam diferentes papéis sociais,
desenvolvem habilidades motoras e criativas.
Equilíbrio no Estímulo: Elkind defende que, em uma era de pressão para o desempenho
acadêmico, as crianças precisam de tempo livre para brincar de forma não estruturada. Isso é
essencial para o seu desenvolvimento emocional e social.
Essas teorias, quando aplicadas à prática pedagógica e à compreensão do desenvolvimento
infantil, oferecem uma rica base para criar ambientes de aprendizado que respeitam as
necessidades e potencialidades das crianças na primeira infância.
O papel do brincar no desenvolvimento infantil
Mildred Parten, psicóloga e pesquisadora, fez uma importante contribuição à compreensão das
interações sociais no brincar infantil. Ela propôs uma classificação dos tipos de brincar com base
na observação de como as crianças interagem socialmente durante o jogo. Em sua obra, "Social
Participation in Children" (1932), Parten identificou seis diferentes tipos de brincar social, os
quais evoluem à medida que a criança cresce e suas habilidades sociais se desenvolvem.
Esses tipos de brincar foram concebidos como uma sequência progressiva, refletindo o
amadurecimento das crianças nas suas habilidades sociais e de interação com os outros. A seguir,
explico cada um desses tipos de brincar de forma mais desenvolvida:
1. Brincadeira Solitária (Solitary Play)
Na brincadeira solitária, a criança brinca sozinha, sem interação com outras crianças ao seu
redor. Esse tipo de brincadeira é comum em crianças pequenas, especialmente na fase inicial do
desenvolvimento. Durante esse período, as crianças ainda não têm uma forte capacidade ou
interesse em interagir com outras crianças. A brincadeira solitária é importante porque oferece à
criança a oportunidade de explorar e manipular objetos, desenvolvendo suas habilidades motoras
finas, além de sua capacidade de concentração e atenção.
Embora esse tipo de brincadeira possa ser visto como isolado, é uma fase natural e necessária no
desenvolvimento. As crianças pequenas, ao brincar sozinhas, podem testar diferentes maneiras
de fazer as coisas e experimentar com objetos, o que é essencial para o desenvolvimento
cognitivo.
2. Brincadeira Paralela (Parallel Play)
A brincadeira paralela ocorre quando as crianças brincam ao lado umas das outras, mas não há
interação direta entre elas. Elas podem estar usando os mesmos brinquedos ou objetos, mas cada
uma se concentra em sua própria atividade. Mesmo que as crianças não interajam, essa forma de
brincar é um passo importante no desenvolvimento social, pois permite que elas comecem a se
acostumar com a presença de outras crianças e a observar como elas brincam.
A brincadeira paralela é comum em crianças de 2 a 3 anos de idade e é vista como uma fase de
transição. Nesse estágio, as crianças ainda estão desenvolvendo suas habilidades de socialização
e preferem brincar individualmente, mas com a oportunidade de observar os outros. A interação
social ainda é limitada, mas já começa a se formar um senso de pertencimento a um grupo.
3. Brincadeira Associativa (Associative Play)
Na brincadeira associativa, as crianças começam a interagir entre si, mas ainda sem uma
organização ou objetivos comuns. As crianças podem compartilhar brinquedos, falar umas com
as outras e fazer algumas atividades juntas, mas cada uma segue suas próprias ideias e não há um
plano ou estrutura coordenada no jogo. Por exemplo, elas podem brincar com os mesmos
brinquedos, mas cada uma cria suas próprias histórias ou formas de usar o objeto.
A brincadeira associativa é típica de crianças entre 3 e 4 anos e marca um desenvolvimento
importante nas habilidades sociais. As crianças começam a demonstrar interesse em fazer parte
de uma interação social, mesmo que suas ações individuais ainda não sejam totalmente
coordenadas com as dos outros. Elas aprendem conceitos importantes, como compartilhar,
cooperar e resolver pequenos conflitos, sem uma estrutura formal ou regras específicas.
4. Brincadeira Cooperativa (Cooperative Play)
A brincadeira cooperativa é o estágio mais avançado de interação social no brincar infantil, onde
as crianças trabalham juntas em um jogo com objetivos comuns e uma estrutura organizada.
Nessa fase, as crianças se envolvem em atividades planejadas, estabelecendo regras,
coordenando suas ações e interagindo de forma mais complexa. A brincadeira cooperativa
envolve colaboração, comunicação e uma divisão de tarefas entre as crianças, que estão em
busca de um objetivo compartilhado.
Este tipo de brincar é típico de crianças a partir dos 4 anos e é considerado um marco importante
no desenvolvimento social, pois demonstra uma capacidade avançada de cooperar, fazer parte de
um grupo e se comunicar de maneira eficaz. Durante a brincadeira cooperativa, as crianças
começam a formar amizades mais profundas, a negociar e a aprender sobre o conceito de
liderança e seguimento de regras.
5. Brincadeira com Desenvolvimento de Papel (Dramatic or Pretend Play)
Embora não tenha sido uma das categorias originais de Parten, muitos estudiosos posteriores e
educadores incorporaram o jogo simbólico ou o faz de conta como uma categoria que pode se
sobrepor ou complementar as formas de interação descritas por ela. No faz de conta, a criança
cria uma narrativa ou representação, assumindo papéis diferentes (como médico, professor,
pai/mãe, etc.). Este tipo de brincadeira envolve não apenas a interação social, mas também a
imaginação e a capacidade de entender e simular a realidade.
Embora a brincadeira de faz de conta não seja diretamente parte da classificação de Parten, ela é
uma parte fundamental da brincadeira cooperativa. Nessa forma de jogo, as crianças
desempenham papéis específicos e muitas vezes criam histórias em conjunto. Essa interação
exige que elas entendam e respeitem os papéis e as regras estabelecidas, promovendo o
desenvolvimento cognitivo e emocional, além de aprimorar a linguagem e as habilidades de
resolução de conflitos.
6. Brincadeira Competitiva (Competitive Play)
Também não é uma categoria tradicional de Parten, mas foi proposta por outros pesquisadores
como uma fase onde as crianças participam de brincadeiras que envolvem competição, como
jogos com regras, esportes ou disputas. A criança aprende sobre vitória e derrota, além de
desenvolver habilidades de autorregulação emocional e social.
Os tipos de brincar propostos por Mildred Parten são importantes para entender a evolução das
habilidades sociais na infância. Parten viu o brincar não apenas como uma maneira de diversão,
mas como uma forma crucial de as crianças aprenderem a se relacionar com os outros, a lidar
com o mundo social ao seu redor e a desenvolver habilidades cognitivas e emocionais.
É importante observar que essas fases não são rígidas e podem variar dependendo do contexto e
do temperamento de cada criança. Além disso, o brincar continua a ser uma ferramenta poderosa
para o aprendizado e o desenvolvimento ao longo da infância, com implicações significativas
para a construção de habilidades sociais e emocionais, fundamentais para a vida adulta.
O papel do brincar no desenvolvimento infantil tem sido amplamente discutido por diversos
autores ao longo dos anos. Muitos estudiosos destacam sua importância para o desenvolvimento
cognitivo, social, emocional e físico das crianças. Abaixo, apresento algumas das principais
contribuições teóricas de autores renomados sobre o tema:
1. Jean Piaget (1896-1980)
Piaget: destaca que o brincar ajuda as crianças a desenvolverem a inteligência prática ao
manipular objetos e explorar o mundo de forma ativa. Para ele, o jogo permite a experimentação,
a organização do pensamento e a resolução de problemas, especialmente durante as fases pré-
operatórias (de 2 a 7 anos), quando as crianças começam a usar símbolos e realizar jogos de faz
de conta.
2. Lev Vygotsky (1896-1934)
Para ele, o brincar é uma forma crucial de interação social e de desenvolvimento de habilidades
cognitivas. Em sua obra "A Formação Social da Mente" (1978), Vygotsky argumenta que o jogo
simbólico, que ocorre frequentemente no brincar, tem um papel fundamental na formação das
funções psicológicas superiores, como a memória, a atenção e o raciocínio lógico.
Segundo Vygotsky, o brincar permite à criança explorar novas possibilidades e desenvolver o
que ele chama de “zona de desenvolvimento proximal”, que é a distância entre o nível de
desenvolvimento real (aquilo que a criança pode fazer sozinha) e o nível de desenvolvimento
potencial (aquilo que a criança pode fazer com a ajuda de um adulto ou colega mais capaz).
Assim, o brincar cria um espaço onde as crianças podem ir além de suas habilidades atuais e
atingir novos aprendizados com o apoio de adultos ou pares mais experientes.
3. Maria Montessori (1870-1952)
Para Montessori, as crianças aprendem melhor quando podem interagir com materiais educativos
específicos, que promovem a exploração sensorial e a resolução de problemas de maneira
independente. Ela acreditava que, ao brincar, a criança desenvolve tanto sua inteligência quanto
sua moralidade, pois o jogo proporciona a oportunidade de experimentar liberdade dentro de
limites, um conceito fundamental em sua metodologia educacional.
Montessori enfatizava que o brincar não deve ser visto apenas como uma forma de recreação,
mas como um meio de aprendizagem ativa. Para ela, o ambiente de aprendizagem deve ser
cuidadosamente preparado para que as crianças possam interagir com os materiais e objetos de
maneira a promover seu desenvolvimento cognitivo e motor.
4. Erik Erikson (1902-1994)
Em sua teoria psicossocial, Erikson propôs que o brincar é uma forma de lidar com conflitos
internos e externos, ajudando as crianças a processarem e compreenderem suas experiências. O
brincar, para Erikson, é uma forma de a criança explorar diferentes papéis sociais e experimentar
suas próprias identidades. Ele enfatizou que o brincar é essencial na fase de desenvolvimento
chamada de "iniciativa versus culpa" (aproximadamente entre os 3 e os 6 anos), onde as crianças
começam a tomar iniciativas, explorar o mundo ao seu redor e fazer escolhas.
Durante essa fase, o brincar permite que as crianças desenvolvam um senso de iniciativa e uma
confiança em suas habilidades, ao mesmo tempo em que aprendem a lidar com as limitações e
frustrações de seus próprios esforços. A falta de brincadeira ou a restrição da autonomia pode
levar à culpa e à inibição da iniciativa.
5. Mildred Parten (1902-1979)
Ela identificou diferentes tipos de brincadeira social, descrevendo como as crianças evoluem em
seus comportamentos de brincar à medida que amadurecem socialmente. Parten categorizou o
brincar social em seis tipos principais:
1. Brincadeira solitária: A criança brinca sozinha, sem interação com outras.
2. Brincadeira paralela: As crianças brincam lado a lado, mas sem interação direta.
3. Brincadeira associativa: As crianças começam a interagir e compartilhar brinquedos, mas
ainda sem uma organização ou objetivos em comum.
4. Brincadeira cooperativa: As crianças trabalham juntas em um jogo com uma estrutura
organizada e objetivos compartilhados.
A partir dessa classificação, Parten demonstrou como o brincar evolui à medida que a criança
desenvolve habilidades sociais e aprende a se relacionar com os outros.
O brincar, portanto, é amplamente reconhecido como essencial para o desenvolvimento integral
das crianças. Através do brincar, elas não apenas se divertem, mas também aprendem a interagir
socialmente, a resolver problemas, a explorar suas emoções e a desenvolver habilidades
cognitivas e motoras. Autores como Piaget, Vygotsky, Montessori, Erikson e Parten concordam
que o brincar tem um papel central na construção do conhecimento e na formação da identidade
da criança, sendo crucial para o seu crescimento físico, emocional e social. O reconhecimento e o
incentivo ao brincar nas primeiras fases da vida são, portanto, fundamentais para o
desenvolvimento saudável e bem-sucedido de todas as crianças.