EXMO SENHOR PREGOEIRO/AGENTE DE CONTRATAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MACAÉ/RJ
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 012/2025 - SRP
PREGÃO ELETRÔNICO SRP COMPRAS.GOV Nº 90012/2025
PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 32.476/2024
Objeto da contratação: Objeto da contratação: A presente licitação tem por objeto
objetivando FORMAÇÃO DE REGISTRO DE PREÇOS para Contratação de empresa
especializada para realização de SERVIÇOS DE DIGITALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS, em
atendimento a diversas Secretarias Municipais, conforme especificações presentes no
Anexo I deste Edital.
IMPUGNAÇÃO AO EDITAL
RAPHAEL ICARO SOARES ARCIERI, pessoa física, casado, empresário e consultor
de licitações, RG nº 21.702.974-3 (DETRAN-RJ) CPF 130.655.227-30, residente e
domiciliado na cidade do Rio de Janeiro-RJ, vem mui respeitosamente e
tempestivamente, e com supedâneo nos arts. 164 e 168 da Lei de Contratos
Administrativos nº 14.133/2021 em tempo hábil, perante Vossa Senhoria apresentar
IMPUGNAÇÃO AO EDITAL do pregão presencial em testilha, pelos seguintes fatos e
fundamentos:
I – DA TESPESTIVIDADE
Conforme dicção do nos arts. 164 e 168 da Lei 14.133/2021, o prazo para impugnar o
edital no pregão presencial é de 3 (três) dias úteis anteriores à data da abertura da sessão
pública, bem como, segundo edital item 32.1. Qualquer pessoa é parte legítima para
impugnar este Edital por irregularidade na aplicação da Lei nº 14.133, de
2021, devendo protocolar o pedido até 3 (três) dias úteis antes da data da abertura do
certame; que no presente caso, está marcada para a data 25/02/2025.
Sendo esta impugnação protocolada à data de 20/02/2025, faz-se perfeitamente
tempestivo.
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II – DOS FATOS
O Edital de Pregão Eletrônico SRP nº 012/2025 fixa exigências de habilitação aquém da
legalidade, no que tange o art. 67 (qualificação técnica) da Lei nº 14.133/2021.
Os itens 17.2.2 e 17.2.3 pontuam diversas exigências excessivas para os licitantes
participantes, o que infringe diretamente aos princípios da competitividade e isonomia.
Vejamos:
17.2.2. A empresa deverá comprovar
possuir:
17.2.2.1. A competente
licença/alvarás/autorização de operação
de pedreira (brita), em atendimento a
legislação em vigor.
17.2.2.2. Apresentação de Licença
Ambiental: LO – INEA.
17.2.2.3. Certificado de Registro
Mineral – DRM.
17.2.2.4. Certificado – Ministério do
Exército.
17.2.2.5. Certificado de Regularidade –
IBAMA.
17.2.2.6. Licença e Carteira de Blaster –
Divisão de Fiscalização de Armas
Explosivas (DFAE).
17.2.3. Todas as empresas,
(Microempresa, Empresa de Pequeno
Porte e de grande porte) que não façam
extração do material, deverá apresentar,
no ato da licitação, declaração de
GARANTIA DE FORNECIMENTO, emitida
por empresa mineradora, localizada
numa distância máxima de 80 Kms, dos
locais de entrega dos materiais (sede do
município). (GRIFO NOSSO)
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Cabe frisar que rol de habilitação da Lei nº 14.133/2021 e taxativo, assim como já era na
Lei revogada nº 8.666/1993.
Com isso, é importante que as regras aqui mencionadas não devem ser mantidas, pois
violará o interesse público, ocasionando um grave prejuízo ao Erário Público.
Portanto, está fulgente que O EDITAL ESTÁ EIVADO DE VÍCIO DE ILEGALIDADE, uma vez,
que FRUSTRA e RESTRINGE a COMPETITIVIDADE DA LICITAÇÃO. Sendo assim, toda regra
que objetiva restringir ou frustrar o campo de alcance da competição não pode
prevalecer, sob pena de violação dos Princípios do Processo Licitatório.
“As exigências de qualificação técnico-profissional estampadas no instrumento
convocatório comportam restrições indevidas ao caráter competitivo do certame
licitatório: a exigência de o licitante possuir, na data da licitação, profissionais com
vínculo ao quadro permanente da empresa ou contrato com profissional autônomo.
De acordo com a jurisprudência do TCU, tais restrições são excessivamente
restritivas ao caráter competitivo do certame e não atendem às finalidades
almejadas pela Constituição e pela Lei, assim como exigir que os atestados de
capacidade técnica estejam acervado, ou, registrado no respectivo conselho
de atuação do profissional TJSP “ Apelação Cível n$. 225.567-1, Desembargador Alfredo
Migliore, 23/05/95, JTJ, Volume 172, página 109.
O autor Marçal Justen Filho (2013, p. 494) ensina que a licitação é um “procedimento
administrativo disciplinado por lei e por ato administrativo prévio que, determina
critérios objetivos para seleção da proposta de contratação mais vantajosa, com
observância do princípio da isonomia, conduzido por um órgão de competência
específica”. Portanto, conforme entendimento do Tribunal de Contas da União (2010, p.
332), as exigências habilitatórias não podem exceder os limites da razoabilidade, além
de não ser permitido propor cláusulas desnecessárias e restritivas ao caráter
competitivo. Elas devem fixar apenas o necessário para o cumprimento do objeto
licitado.
III – DO DIREITO
A Constituição Federal nº 1.988 é clara sobre qualquer exigência de qualificação técnica
e econômico-financeira. Vejamos:
Art. 37. A administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios OBEDECERÁ AOS PRINCÍPIOS
DE LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE,
MORALIDADE, PUBLICIDADE E EFICIÊNCIA
E, TAMBÉM, AO SEGUINTE:
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XXI - ressalvados os casos especificados na
legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, O QUAL
SOMENTE PERMITIRÁ AS EXIGÊNCIAS DE
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA E ECONÔMICA
INDISPENSÁVEIS À GARANTIA DO
CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES.
(GRIFO NOSSO)
A justificativa expressa com motivação circunstanciada para efeitos de qualificação
técnica e econômico-financeira decorre também da Lei nº 14.133/2021, senão vejamos:
Art. 18. A fase preparatória do processo
licitatório é caracterizada pelo
planejamento e deve compatibilizar-se
com o plano de contratações anual de que
trata o inciso VII do caput do art. 12 desta
Lei, sempre que elaborado, e com as leis
orçamentárias, bem como abordar todas
as considerações técnicas, mercadológicas
e de gestão que podem interferir na
contratação, compreendidos:
IX - a MOTIVAÇÃO CIRCUNSTANCIADA
DAS CONDIÇÕES DO EDITAL, TAIS COMO
JUSTIFICATIVA DE EXIGÊNCIAS DE
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA, mediante
indicação das parcelas de maior relevância
técnica ou valor significativo do objeto, e
de qualificação econômico-financeira,
justificativa dos critérios de pontuação e
julgamento das propostas técnicas, nas
licitações com julgamento por melhor
técnica ou técnica e preço, e justificativa
das regras pertinentes à participação de
empresas em consórcio; (GRIFO NOSSO)
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Além disso, o art. 11 da referida Lei, pontua sobre objetivos do processo
licitatório, Vejamos:
Art. 11. O processo licitatório tem por
objetivos:
I - ASSEGURAR A SELEÇÃO DA PROPOSTA
APTA A GERAR O RESULTADO DE
CONTRATAÇÃO MAIS VANTAJOSO PARA A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, inclusive no
que se refere ao ciclo de vida do objeto;
II - ASSEGURAR TRATAMENTO
ISONÔMICO ENTRE OS LICITANTES, BEM
COMO A JUSTA COMPETIÇÃO;
(GRIFO NOSSO)
Cabe salientar que o art. 62 da Lei nº 14.133/2021, DETERMINA que a habilitação é a
fase da licitação em que se verifica o conjunto de informações e documentos
necessários e suficientes para demonstrar a capacidade do licitante de realizar o objeto
da licitação, dividindo-se em(...). Ou seja, resta claro que as exigências DEVEM se
restringir a REAL NECESSIDADE de EXECUÇÃO DO OBJETO QUE ESTÁ SENDO
CONTRATADO. Vejamos:
Art. 62. A habilitação é a fase da licitação
em que se verifica o CONJUNTO DE
INFORMAÇÕES E DOCUMENTOS
NECESSÁRIOS E SUFICIENTES PARA
DEMONSTRAR A CAPACIDADE DO
LICITANTE DE REALIZAR O OBJETO DA
LICITAÇÃO, dividindo-se em:
I - jurídica;
II - técnica;
III - fiscal, social e trabalhista;
IV - econômico-financeira. (GRIFO NOSSO)
Portanto, por todo o exposto, a exigência de documentos de habilitação não constante
no rol de habilitação dos arts. 66 a 70 da Lei nº 14.133/2021 viola a Lei de Licitações e
Contratos Administrativos e, muito mais, a finalidade de obtenção da melhor proposta,
maculando, ainda, a competitividade isonômica entre os licitantes.
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IV – DA JURISPRUDÊNCIA
O Tribunal de Contas da União (TCU) tem reiteradamente decidido pela vedação de
exigências desproporcionais em processos licitatórios. Vejamos:
Acórdão nº 2.622/2013 - Plenário:
DETERMINA QUE A EXIGÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DE QUALIFICAÇÃO
TÉCNICA DEVE SER PERTINENTE E
SUFICIENTE PARA A GARANTIA DA
EXECUÇÃO DO CONTRATO, SEM
RESTRINGIR A COMPETITIVIDADE DE
FORMA DESARRAZOADA. Nesse acórdão,
o TCU enfatizou que exigências excessivas
podem ser consideradas como restrição à
competitividade, sendo necessário que os
critérios de habilitação sejam
estabelecidos de maneira a permitir a
participação do maior número possível de
interessados, desde que atendam aos
requisitos mínimos necessários à execução
do objeto contratual. (GRIFO NOSSO)
Acórdão nº 1.793/2011 - Plenário: O TCU
decidiu que a Administração PÚBLICA
DEVE EVITAR ESTABELECER EXIGÊNCIAS
DESNECESSÁRIAS OU
DESPROPORCIONAIS QUE NÃO ESTEJAM
DIRETAMENTE RELACIONADAS AO
OBJETO DO CONTRATO, pois tais
exigências podem limitar indevidamente a
competição. (GRIFO NOSSO)
Acórdão 1467/2022-Plenário TCU -
AROLDO CEDRAZ
É ilegal a exigência de apresentação de
programa de integridade por parte das
empresas participantes de licitação, como
critério de habilitação, uma vez que o rol
de documentos constante dos arts. 27 a 31
da Lei 8.666/1993 é TAXATIVO.
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e) ainda que se pudesse admitir a
aplicabilidade por analogia da nova lei à
licitação em comento, deve-se ressaltar
que a Lei 14.133/2021, em seu art. 25, 4º,
previu a obrigatoriedade de se exigir
Programa de Integridade apenas nas
contratações de obras, serviços e
fornecimentos de grande vulto, assim
consideradas aquelas superiores a R$
200.000.000,00 (duzentos milhões de
reais) . Ademais, a nova lei prescreve que
o Programa de Integridade somente deve
ser exigido do licitante vencedor e num
prazo de seis meses após a celebração do
contrato. (GRIFO NOSSO)
Cabe frisar que até o sítio oficial de Licitações e Contratos do Tribunal de Contas da União
(TCU) determina sobre o rol taxativo de habilitação dos arts. 66 e 69 da Lei nº
14.133/2021:
A DOCUMENTAÇÃO EXIGIDA DEVE
RESTRINGIR-SE AO ROL DEFINIDO PELOS
ARTS. 66 A 69 DA LEI 14.133/2021, OU
SEJA, NADA MAIS PODERÁ SER EXIGIDO, A
NÃO SER PARA ATENDIMENTO A LEIS
ESPECIAIS. Os documentos poderão ser:
a) apresentados em original, por cópia ou por
qualquer outro meio admitido pela
Administração, preferencialmente no
formato digital[7]; ou
b) substituídos por registro cadastral emitido
por órgão ou entidade pública, como é o
caso do Sistema de Cadastramento
Unificado de Fornecedores (Sicaf), desde
que previsto no edital[8]. Cabe mencionar
que a Lei 14.133/2021 prevê que o PNCP
ofereça sistema de registro cadastral
unificado, devendo esse registro ser o
utilizado nas licitações públicas[9]. (GRIFO
NOSSO) (link de acesso:
https://licitacoesecontratos.tcu.gov.br/5-5-
habilitacao-2/)
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V – DOS PEDIDOS
Em face do exposto, requer-se que a presente impugnação seja RECEBIDA E JULGADA
PROCEDENTE, procedendo-se à retificação dos FATOS DESCRITOS acima.
Claramente, tal vício, além de prejudicar os licitantes, prejudica, mais ainda, a própria
Administração Pública, que não conseguirá alcançar, de fato, a principal finalidade da
licitação, que é a obtenção da melhor proposta.
Por fim, requer-se que seja determinada nova publicação do edital ora impugnado, por
força do art. 55 I a) da Lei nº 14.133/2021, bem como, a republicação do edital alterado
deve ser feita em todos os mesmos veículos. A lei determina que a publicidade seja
feita da mesma forma como se deu a divulgação inicial/original e não aquela mínima
estabelecida na legislação.
Nestes termos, pede deferimento.
Rio de Janeiro/RJ, 20 de fevereiro de 2025.
RAPHAEL ICARO Assinado de forma digital por
RAPHAEL ICARO SOARES
SOARES ARCIERI:13065522730
ARCIERI:13065522730 Dados: 2025.02.20 15:42:22 -03'00'
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RAPHAEL ICARO SOARES ARCIERI
CPF: 130.655.227-30
RG: 21.702.974-3 (DETRAN-RJ)