MANEJO BÁSICO DE CAPRINOS E OVINOS
Teresina – PI
Julho de 2017
Governo do Estado do Piauí
Secretária de Desenvolvimento Rural – SDR
Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí – EMATER
Outras Logomarcas - André
MANEJO BÁSICO DE CAPRINOS E OVINOS
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 4
2 SISTEMAS DE CRIAÇÃO 4
3 INSTALAÇÕES PARA CAPRINOS E OVINOS 5
3.1. Principais Instalações 5
4 SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR 7
5 SUPLEMENTAÇÃO MINERAL 8
6 CONSERVAÇÃO DE FORRAGENS 9
7 PALMA FORRAGEIRA 13
8 MANEJO SANITÁRIO 15
8.1. Parasitoses 16
8.2. Doenças Infectocontagiosas 19
8.3. Doenças de Origem Alimentar 23
8.4. Plantas Tóxicas 23
9 MANEJO REPRODUTIVO 24
10 MANEJO DA CRIA 29
11 PRINCIPAIS RAÇAS DE CAPRINOS E OVINOS 32
12 IDADE PELA DENTIÇÃO 36
13 DESCARTE 37
14 ESCRITURAÇÃO ZOOTÉCNICA 38
15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39
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1. INTRODUÇÃO
O Nordeste do Brasil possui um efetivo potencial da ordem de quase nove milhões
de cabeças de caprinos, correspondendo, em termos percentuais, a 92% da
caprinovinocultura brasileira. O rebanho do Piauí se apresenta em termos
quantitativos como o segundo do Brasil, todavia, qualitativamente, o plantel é
inexpressivo. A condição imprópria do manejo, principalmente os cruzamentos
desordenados entre a população nativa e mesmo entre raças exóticas, condicionou
uma consangüinidade muito estreita, advindo então uma série de problemas de
taras genéticas, com a conseqüente queda da produtividade.
Atualmente os produtores pouco fazem para mudar a condição em que se situava a
caprinovinocultura no século passado. O sistema de criação é ultra-extensivo, não
emprega práticas de reprodução controlada e de vermifugação estratégica, não
havendo, tampouco, vacinação sistemática dos seus animais. O caprino nativo do
Piauí, como o de todo o Nordeste do país, apesar de bastante rústico, se tornou
improdutivo, aspecto por todos considerado normal, visto que não haveria condição
de produção em um meio desfavorável.
MANEJO BÁSICO DE CAPRINOS E OVINOS
2. SISTEMAS DE CRIAÇÃO
Existem basicamente três sistemas de criação para Caprinos e Ovinos, que são:
a) Sistema Extensivo
Animais criados soltos, exclusivamente a pasto; Sistema característico de
grandes propriedades; O animais destinados, principalmente, á produção de
carnes e peles; Sistema característico da região Norte do Brasil.
b) Sistema Semi-Extensivo
Animais permanecem a pasto apenas parte do dia, recebendo
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suplementação alimentar em cochos; Sistema adotado tanto para a
produção de carne, quanto para produção leiteira.
c) Sistema Intensivo
Sistema característico de pequenas e médias propriedades; Requer maior
investimento e mão-de-obra especializada; Sistema adotado, quase que
exclusivamente, á produção leiteira; O animal recebe alimentação
balanceada em cochos.
3. INSTALAÇÕES PARA CAPRINOS E OVINOS
São todas as edificações, cobertas ou não, capazes de facilitar o manejo do animal,
sem, contudo, interferir no seu comportamento e no desempenho produtivo.
Funções das instalações: Proteger o animal do vento, da chuva, do sol e dos
predadores; e facilitar o manejo.
Localização: O local a ser escolhido deve ser seco, alto e exposto ao sol. O
º
terreno deve ter uma ligeira inclinação (3 a 5º).
3.1. Principais Instalações
a) Aprisco
É um abrigo coberto, com piso suspenso. É aconselhável que tenha uma divisória
para deixar preso o cabrito nos primeiros vinte dias de vida, e deve ser construído
no sentido leste/oeste.
Dimensões:
Tamanho: 0,80 a 1,0 m2 por animal; altura do piso: 0,80 a l,0m2 do chão; distância
entre ripas: 1,0 cm.
Funções do Aprisco:
Proteger o animal da chuva, do sol e dos predadores; proporcionar ao animal boas
condições de higiene; simplificar o manejo; permitir limpeza rápida e fácil.
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b) Chiqueiro
É um abrigo coberto, com piso de chão batido. Sua construção e suas funções
devem seguir as mesmas orientações do aprisco; o piso deve ter uma declividade
de 2 a 3 cm em direção oposta ao curral de manejo.
c) Curral de Manejo
É o local destinado às práticas de manejo. Deve ser construído de madeira em pé
(varas) ou arame liso.
d) Cercados (Piquetes)
Facilita o manejo do rebanho e das pastagens. Seu tamanho vai depender da
quantidade de animais existentes. Recomenda-se 10 animais para 1 há/ano.
e) Cercas
Sua construção deve ser bem firme e obedecer à seguinte escala:
º
1 fio: a 10 cm do solo; 23º e 40 fios: 10 cm entre si; 5º fio: a 15 cm do 40; 6º fio: a 15
cm do 50; 7º fio: a 25 cm do 60; 8° fio: a 25 cm do 70; 9º fio: a 30 cm do 80.
f) Aguadas
A água deve ser de boa qualidade e a quantidade consumida por um animal vai
depender do tipo de criação e da alimentação. Em média, o animal adulto consome
6 litros por dia.
g) Isolamento (Hospital)
A sua finalidade é abrigar o animal doente. Deve ser localizado numa área distante
das outras instalações.
h) Maternidade
É um local reservado para a fêmea parir. Deve ser construída próxima à casa do
vaqueiro.
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i) Esterqueira
É uma área reservada para o depósito de esterco (fezes). Deve ser localizada a uma
distância de 50 a 100 m do centro de manejo. É bom que seja cercada.
Importância da Esterqueira
Melhorar o aproveitamento do esterco como adubo; melhorar a higiene das
instalações; diminuir a incidência de vermes.
j) Pedilúvio
Tem como finalidade a desinfecção dos cascos do animal.
Desinfetantes recomendados
Solução de formol comercial a 10%; sulfato de cobre a 10%; cal virgem diluída em
água.
Dimensões
Comprimento: 2,0 m; profundidade: 10 cm; largura: igual à largura da porteira.
Obs.: É bom que seja construída uma cerca nas laterais do tanque, com uma altura
de 1,20 a 1,40 m.
I) Cochos
Podem ser construídos de pneus, madeira ou cimento, podendo ser fixo ou móvel;
altura do chão ou piso: 30 a 40 cm; profundidade: 20 cm; largura: 30 cm.
4. SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR
É de grande importância a suplementação alimentar para o caprino e ovino,
principalmente na época de escassez de alimentos.
Alimentos que Podem ser Utilizados na Suplementação Alimentar dos
Caprinos e Ovinos:
Subprodutos da agricultura: restos de cultura de milho, feijão, soja,
mandioca, casca seca de feijão, palha de milho, etc;
Capins: andropogon, braquiária, Tanzânia, Buffel, Tiflon, etc.;
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Leguminosas: faveira, leucena, jucá, feijão-bravo, feijão-guando, pau-ferro,
cunhã, etc.;
Cactáceas: palma forrageira, mandacaru, xique xique, etc.
Silagem, feno e concentrados.
Vantagens de a Suplementação Alimentar:
Aumentar os índices produtivos; diminuir a mortalidade; melhorar o peso da
carcaça.
Período em que o Animal deve Receber Alimentação Suplementar:
Cabra: no terço final da gestação (45 dias antes do parto); após o parto ou período
do acasalamento; animal jovem (principalmente cabrito/ borrego desmamado);
animal debilitado.
5. SUPLEMENTAÇÃO MINERAL
Os elementos minerais são indispensáveis à sobrevivência, à manutenção da
saúde e à produtividade dos caprinos e ovinos. A deficiência de nutrientes minerais
reflete, negativamente, na produtividade do rebanho, através da baixa
percentagem de nascimento, do crescimento retardado, da baixa produção de
carne ou leite, da diminuição da resistência a doenças, e da má formação óssea e
morte.
Quadro 1. Composição para Formulação da Suplementação Mineral
Fórmula Recomendada
Sal Comum 50%
Fosfato Bicálcico 49%
Complexo Mineral 1%
Obs. 1: Pode-se acrescentar a esta mistura 0,5 a 1% de Enxofre. Obs. 2: Consumo
médio diário por animal adulto - 30 g de sal mineral.
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6. CONSERVAÇÃO DE FORRAGENS
É a maneira de guardar e armazenar o excesso de forragens do período chuvoso
para ser utilizada no período crítico.
a) Ensilagem: é o processo de conservação da forragem verde, em recipiente
apropriado, por meio de uma fermentação.
Silagem: é o produto final do processo de ensilagem;
Silo: é o recipiente onde se armazena a forragem.
Tipos de Silos
Horizontais: trincheira (subterrâneo) e de superfície;
Verticais: aéreo, poço, encosta e silos cincho;
Sacos Plásticos: Sacos plásticos com capacidade que varia de 10 a 25 kg.
Figura 1. Tipos de Silos
Vantagens da Ensilagem
Aproveitar o excesso de forragem do período da chuva; possibilitar a utilização da
planta no seu melhor estágio de desenvolvimento; conservar- se, no silo, em
condições de consumo, por um longo período; favorecer o uso intensivo da terra.
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Limitações
As despesas iniciais elevadas com a construção do silo e aquisição de máquinas;
concentração de trabalho em certos períodos, quando no enchimento do silo.
Localização do Silo
Para definir corretamente o local do silo, deve-se observar as seguintes questões:
Local onde a silagem vai ser fornecida; possibilidade de se construir outros silos no
futuro; problemas de drenagem no local.
Operações da Ensilagem
Carregamento da Forragem: deve ser contínuo e executado no menor
tempo possível.
Compactação: o material deve ser bem compactado para retirar todo o ar,
evitando, assim, a elevação da temperatura e a perda do valor nutritivo. A
compactação pode ser feita com trator, tambor, homens pisoteando, etc.
Cobertura: pode ser feita com lona, palha seca ou capim seco; em seguida,
deve-se sobrepor uma camada de terra com mais ou menos 40 cm.
Descarregamento: retirar o material de uma das extremidades do silo. A
fatia cortada no sentido vertical deve corresponder ao consumo diário do
rebanho a ser arrazoado.
Forragens Boas para Ensilar
Milho: é o melhor material para ensilar; a melhor época para a colheita é
quando está no ponto de pamonha (leitoso); rendimento de 25 a 35
toneladas por hectare; não há necessidade de aditivos para melhorar a
fermentação.
Sorgo: é um ótimo substituto do milho; produz em torno de 30 a 40 toneladas
por hectare.
Capins: elefante, napié e Cameron. Observe o corte: quando o capim estiver
com 1,20 a 1,50 m de altura; necessita de aditivos para uma melhor
fermentação.
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Palma Forrageira: palmas de diversas variedades podem ser utilizadas no
processo de ensilagem.
Aditivos Usados: melaço - diluído na água na proporção de 1: 10, podendo
ser adicionado ao capim em torno de 2 a 4%; cana-de-açúcar - deve ser
adicionada ao capim em torno de 20%.
Obs.: um modo prático para encher o silo é cortar na máquina forrageira quatro
feixes de capim e um de cana-de-açúcar.
b) Fenação: Este processo se baseia no corte, secagem e armazenamento do
pasto ou resto de cultura.
Feno: é o alimento obtido a partir do processo de fenação.
Forrageiras boas para fenar: gramíneas, leguminosas, mata-pasto, restos de
culturas, como: feijão, arroz, ramas de mandioca, capins, etc.
Preparo do feno: corte - deve ser feito antes da floração; secagem - deixar as
forrageiras no local onde foram cortadas, até alcançarem o ponto de feno.
Obs.: ponto de feno é quando a forragem estiver seca e macia, não
esfarelando quando torcida.
Figura 2. Feno
Armazenamento
Medas: quando a forragem é fenada no campo;
Fardos: quando são armazenados em galpões.
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Preparo da Meda
Empencar um mourão no chão, preparar um lastro de pedra ou palha seca ao redor
do mourão; arrumar a forragem em volta do mourão; colocar um chapéu de lata na
ponta do mourão e fazer o "penteado" com um ciscador.
Figura 3. Meda
Preparo dos Fardos
Pode ser com prensas de madeira ou adaptada ao carrinho de mão, chiqueiro de
madeira, buraco no chão, etc. colocar a forragem na prensa, fazer a compactação
até o material atingir a altura da prensa e, em seguida, amarrar com barbante.
Figura 4. Fardo
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7. PALMA FORRAGEIRA
Apesar de ser uma excelente forrageira, a palma precisa ser fornecida aos animais
juntamente com outros alimentos como palhadas de culturas, pastos secos, feno,
silagem, torta de algodão e de soja, para enriquecimento protéico e para evitar a
ocorrência de diarréias. Bem como farelo de algodão, de soja ou concentrados
comerciais para corrigir o valor protéico.
A Palma Forrageira é talvez a única planta que pode ser armazenada viva sem
perder sua produção e qualidade. Na época de escassez de chuvas e secas
prolongadas é uma das alternativas para o pecuarista do semi-árido, às vezes
única.
Porque utilizar a Palma:
É uma planta perfeitamente adaptada ao semi-árido.
Tem grande eficiência no uso d’água para produzir matéria seca;
Permite altas produções de massa verde e reserva d’água;
Tem rebrota após ser cortada;
É resistente aos períodos de estiagem.
Figura 5. Cultivo da Palma Forrageira
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Recomendações Técnicas
Os espaçamentos utilizados variam de acordo com a disponibilidade de “raquetes”
para o plantio, Tipo de solo, necessidade de forragem do produtor, disponibilidade
de investimentos e tamanho da propriedade. Atualmente com a introdução do
plantio adensado (plantio onde se utiliza espaçamento entre fileiras e linhas,
menores que os normalmente utilizados, obtendo-se com isso um maior número de
plantas e uma maior produção de forragem por área) vários são os espaçamentos
utilizados 1,0 m X 0,25 m; 1,20 m X 0,20 m; 1,30 m X 02,0 m, entre outros.
Trabalhos de pesquisa indicam espaçamentos de 1,0m X 0,25 m 1,60 m x 0,10 m e
1,30 m x 0,15 m com excelentes produções para colheita a cada dois anos. O
plantio em fileiras duplas nos espaçamentos de 3,0m X 0,4 X 0,4 e 3,0 X 1,0 X 0,50,
permite a consorciação com outras culturas, o que diminui os custos com tratos
culturais e favorece uma maior produtividade da terra.
No preparo do solo deve ser considerado o local e a disponibilidade do produtor,
podendo ser manual, com tração animal ou trator. É aconselhável fazer a gradagem
na semana do plantio.
No material para plantio deve-se usar sempre as “raquetes” intermediárias (nem o
tronco nem o broto) e procurar cortar nas articulações. Deixar as mesmas por um
período de 8 a 15 dias à sombra, antes de efetuar o plantio. Evitar o plantio com
“raquetes” contaminadas pela cochonilha ou doenças.
Como época de plantio se deve plantar no terço final da estação seca ou nas
primeiras chuvas (trovoadas).
A forma de plantio é sempre com a parte cortada para baixo colocando uma
“raquete” por cova, na posição inclinada ou vertical. A profundidade da cova deve
ser suficiente para cobrir a metade da “raquete”.
A adubação se efetua de acordo com a análise de solo. No caso de disponibilidade
recomenda-se efetuar a adubação orgânica com 20 t/ha de esterco por hectare no
plantio e após cada colheita, evitar colocar o esterco na base (tronco) da planta, e
quando o plantio for em sulcos 2 a 3 Kg de esterco por metro corrido, colocando
sempre uma camada de terra sobre o esterco e 500 a 800 gramas no fundo das
covas. É necessário o controle do mato para que a palma produza de forma
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satisfatória. Não efetuar queimadas na área de plantio e o mato deve ser
incorporado ou deixado como cobertura morta.
Para o controle de praga Cochonilha de Escama recomenda-se a utilização de
inimigos naturais, como joaninhas e as vespinhas que normalmente são
encontradas nos palmais bem manejados. Em caso de ataques mais graves de
cochonilhas, recomenda-se usar óleo mineral a 1 % ou “querobão” (200 gramas de
sabão em barra, 200 gramas de fumo de corda, duas colheres de querosene e 20
litros de água) para pulverização das plantas.
Com a produção obtida em 01 hectare de palma adensada a cada 02 anos, período
normal de colheita, pode-se alimentar, na época da seca, 30 animais durante cerca
de 180 dias, com consumo equivalente a 05 quilos de matéria seca por animal/dia.
8. MANEJO SANITÁRIO
O bom desempenho de um rebanho baseia-se, principalmente, na sua saúde e
prevenção.
Sinais de um Animal Saudável
É importante que o produtor esteja familiarizado com o comportamento dos caprinos
e ovinos, para que possa reconhecer com facilidade qualquer alteração em um ou
mais indivíduos. Os caprinos e ovinos saudáveis apresentam vivacidade e altivez,
apetite normal (come com prazer alimentos de boa qualidade, pêlos lisos e
brilhantes, temperatura corporal que varia de 38,5 a 40,50º C, fezes em forma de
bolotas e urina de coloração amareladas e odor forte, ruminação presente).
Obs.: a temperatura normal dos caprino e ovino é 38,5 a 40°C e é medida
direto pelo reto.
Sinais de uma Enfermidade
O produtor deverá estar sempre alerta para qualquer mudança no comportamento
do animal, pois poderá ser o inicio de alguma doença, veja alguns sinais e sintomas
que podem iniciar enfermidade.
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Tristeza e isolamento do rebanho. Falta e diminuição do apetite ou ainda, apetite
depravado (comer areia, plástico, etc.) pêlos arrepiados, sem brilho ou queda dos
pêlos, febre (Temperatura acima de 40,5°C), fezes pastosas ou diarréias com mal
cheiro, com sangue, escuras, urina de coloração escura, vermelha e com cheiro
diferente.
8.1. Parasitoses
Endoparasitoses (parasitos internos)
a) Verminose: é uma doença causada por parasitos, conhecidos por
helmintos ou vermes.
Contaminação: o animal doente elimina os ovos dos vermes junto com as fezes
e estes, no meio ambiente, dão origem aos vermes jovens (larvas infectantes), que
contaminam a pastagem. Quando o animal vai ao campo se alimentar, ingere as
larvas junto com a pastagem. Após a ingestão, o animal é infectado e as larvas se
transformam em parasitos adultos. Este ciclo dura, em média, três a quatro
semanas.
Figura 6. Ciclo de Contaminação por Endoparasitoses
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Sintomas da verminose: perda de peso e desenvolvimento lento do animal;
queda na produção de carne e leite; mucosa pálida (anemia); edema na região
submandibular; diarréia e desidratação; pêlos arrepiados e sem brilho.
Tratamento estratégico: consiste de quatro tratamentos durante o ano, sendo
três no período seco e um no período chuvoso. Veja o esquema a seguir:
1º - início do período seco: junho/julho.
2º - 60 dias após o 1°: agosto/setembro.
3º - final do período seco ou início do período chuvoso: novembro/dezembro.
4º - meados do período chuvoso: fevereiro/março.
Medidas que Ajudam a Controlar a Verminose: evitar superlotação da
pastagem, assim como o pastejo prolongado numa mesma área; o animal não
deve ser levado muito cedo para o pasto, quando ainda existe orvalho; limpar e
desinfetar comedouros, bebedouros e retirar as fezes do aprisco e chiqueiro; evitar
o pastejo em locais úmidos; vermífugar só animais à tardinha, para que permaneça
preso no chiqueiro ou aprisco durante as 12 horas seguintes; o animal vermifugado
deve ir para uma área onde não havia animal há pelo menos um mês (piquete
"descansado"); mudar o vermífugo usado a cada ano, ou seja, a cada quatro
vermifugações; utilizar a dose correta com preferência via oral, de acordo com a
recomendação do fabricante; é aconselhável que o animal de compra só entre no
rebanho depois de vermifugado e com 48 horas de espera.
b) Coccidiose ou Eimeriose
É uma doença causada por protozoários (micróbios). É mais freqüente na época
chuvosa e em áreas úmidas. O animal novo (cabrito) está mais sujeito a essa
doença.
Contaminação: o animal doente elimina os cistos junto com as fezes que, no meio
ambiente, se esporulam. O animal se contamina ao ingerir o pasto ou água
contaminada.
Sintomas: diarréia, às vezes sanguinolenta; falta de apetite, perda de peso e
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crescimento retardado; o animal adulto não apresenta sintomas, mas atua como
disseminador da doença (portador sã).
Tratamento: à base de sulfas.
Como evitar: fazer limpeza dos apriscos ou chiqueiros e bebedouros; evitar pastos
úmidos; evitar superlotação (muitos animais numa mesma área); separar o animal
novo dos demais.
Ectoparasitoses (parasitos externos)
a) Sarnas: são enfermidades causadas por várias espécies de ácaros
(micróbios). Os ácaros são menores que o carrapato, medem menos de 1
mm e se alimentam de sangue.
Sarnas que mais atacam os caprinos e ovinos:
psoróptíca (sarna auricular) - localiza-se na orelha, com formação de
crostas;
demodécica (também conhecida por bexiga) - localiza-se na região cervical,
peitoral e torácica;
sarcóptíca- atinge a região da cabeça, ao redor dos olhos e narinas.
Sintomas: presença de nódulos e pústulas na pele, que posteriormente
podem se transformar em crostas.
Prejuízos: diminui o valor da pele; emagrecimento.
Contaminação: através do contato do animal doente com o sadio.
Tratamento: o tratamento é feito individualmente com produtos específicos.
Como evitar: limpeza e desinfecção das instalações; evitar que o animal
fique em local úmido.
b) Miiase (Bicheira)
É causada por larvas da mosca, conhecida vulgarmente como varejeira.
Contaminação: a mosca deposita os ovos na ferida ou nos orifícios
naturais. Depois de algumas horas as larvas saem dos ovos e penetram no tecido
vivo do animal, onde se alimentam e crescem durante mais ou menos uma semana.
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Depois caem no chão e se transformam em moscas.
Sintomas: inapetência; inquietação; emagrecimento.
Tratamento: fazer limpeza da ferida, retirando as larvas (bicho) e aplicar
repelente e cicatrizante no local afetado.
c) Pediculose (Piolho)
Existem dois tipos de piolhos:
Malófagos- mastigadores
Anopluros - sugadores
Os piolhos se alimentam de sangue, células de descamação e secreções da pele.
Sintomas: coceira e irritação da pele; ferimentos; a pele fica seca, escamosa e
com crostas semelhante às sarnas.
Localização: linha dorso - lombar, garupa.
Tratamento: tratar todo o rebanho com produtos específicos, que podem ser de
uso tópico (banho), de uso interno (oral), ou uso externo (injetável).
Como evitar: fazer rotineiramente inspeção no rebanho; manter as instalações
limpas e desinfetadas; evitar que o animal fique em local úmido.
8.2. Doenças Infectocontagiosas
a) Linfadienite caseosa (mal do caroço)
Caracteriza-se pelo aparecimento de abcessos (caroços) junto aos gânglios
superficiais, conhecidos vulgarmente como "Iandôlas".
Localização dos caroços: gânglios - pré-escapulares (espádua), parotídeos
(pré-auricular), pré-crurais (flanco); podendo também se localizarem nos gânglios
internos (pulmões, intestinos).
Contaminação: o micróbio penetra através de ferimentos ou mesmo da pele
intacta, podendo ocorrer também por via respiratória, digestiva e coito (cópula).
Tratamento: o melhor tratamento é o cirúrgico.
Técnica: fazer o corte dos pêlos, desinfetar o local do caroço com solução de iodo a
10%; abrir o caroço em toda sua extensão, no sentido vertical; a seguir, espremer
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todo o pus, limpar e desinfetar a "bolsa" com tintura de iodo a 10%, aplicar repelente
e cicatrizante (mata-bicheira). O pus retirado deve ser queimado e os instrumentos
usados devem ser
bem limpos.
Como evitar: isolar o animal doente e evitar que o caroço se rompa; não comprar
animal com caroço; o animal reincidente deve ser eliminado do rebanho.
b) Pododermatite (frieira ou podridão do casco)
É uma enfermidade localizada, principalmente na junção da pele com o casco.
Causas: traumatismo; umidade excessiva; ocorre com maior intensidade nos
meses chuvosos, quando o animal fica exposto em locais sujos e lamacentos.
Sintomas: manqueira; inflamação do espaço interdigital; exsudação fédica no
espaço entre as unhas, ulceração e necrose; pode haver queda dos cascos;
dificuldade de locomoção.
Tratamento: retirar o animal das áreas úmidas; fazer limpeza dos cascos e retirar o
tecido necrosado; em seguida, colocar iodo a 10% ou sulfato de cobre a 15%.
Como evitar: manter o animal em abrigos secos e higiênicos; passagem do animal
em pedilúvio, com solução de sulfato de cobre a 10%, formol a 10% ou cal virgem.
c) Ectima Contagioso (Boqueira)
Acomete com mais intensidade o cabrito, podendo atingir o animal adulto.
Sintomas: no início, aparecem pequenos pontos avermelhados nos lábios que, em
seguida, se transformam em pústulas vesiculosas, que secam e se transformam em
crostas. Além dos lábios, pode haver formação de vesiculas "na gengiva, narinas,
úbere e, às vezes, na língua, vulva, orelha e espaço interdigital.
Tratamento: retirar as crostas e pincelar as lesões diariamente com uma solução
de glicerina iodada a 10%, ou violeta de qenclona a 3%.
d) Mamite ou Mastite
Mamite é a inflamação do úbere, podendo se apresentar nas formas aguda,
subaguda e crônica.
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Causas: alta atividade do úbere; retenção do leite; ferimentos; falta de higiene.
Contaminação: os micróbios penetram no úbere através de feridas ou orifício
das tetas, camas, utensílios, mão do ordenhador. O cabrito, ao mamar, atua como
veículo na transmissão da doença.
Sintomas: febre; o úbere apresenta-se com edema avermelhado e endurecido; o
leite apresenta-se seroso, com coloração avermelhada e com grumos de pus que,
às vezes, pode apresentar mal cheiro; úbere com nódulos endurecidos; diminuição
na produção de leite.
Tratamento: antibiótico de largo espectro, através da aplicação intramamária ou
intramuscular.
Como evitar: tratar os ferimentos do úbere; lavar o úbere e as mãos do
ordenhador com água e desinfetante, antes de tirar o leite; evitar fazer o descarte
do leite (desmame) no piso das instalações; manter as instalações em boas
condições de higiene; isolar o animal doente; ter cuidado ao comprar fêmeas.
e) Tétano
É uma doença infecciosa, causada pela toxina do Clostridium Tetani. Estes
microorganismos estão comumente nas fezes dos animais, especialmente do
eqüino.
Sintomas: rigidez muscular, acompanhado de tremores; cauda estendida;
orelhas eretas; dilatação das narinas.
Tratamento: é pouco eficaz, mas pode ser feito com soro antitetânico,
tranqüilizantes e antibióticos.
Como evitar: vacinar todo o rebanho (vacina polivalente); esterilizar os
instrumentos cirúrgicos; desinfetar o local onde se vai fazer a intervenção cirúrgica
(castração, descorna, assinalação, etc.); tratar os ferimentos; limpar as instalações.
f) Pneumonia
É uma doença que acomete o caprino e ovino em qualquer idade e se caracteriza
por uma inflamação dos pulmões. Pode ser causada por vírus, bactérias, vermes,
agentes químicos e físicos.
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Sintomas: febre alta (mais de 40,50C); falta de apetite; depressão, tosse,
corrimento nasal; dificuldade respiratória.
Tratamento: vermífugo de largo espectro; anti-inflamatório e antibióticos.
g) Febre Aftosa
Sintomas: febre alta; feridas na boca, na língua, no úbere e nos espaços entre as
unhas; dificuldade de engolir.
Tratamento: evitar bicheira nos cascos; limpeza dos cascos com solução de
cobre a 10%; limpeza das instalações com formol a 2%.
Como evitar: vacinar todos os animais sujeitos a febre aftosa (a vacina tem
imunidade de 6 meses).
h) CAEV (Artrite Encefalite Viral Caprina)
É uma doença que ocorre com maior frequência no caprino de leite. Sintomas:
ataca o sistema nervoso; inflamação das articulações e das glândulas mamárias.
Contaminação: o animal se contamina por meio de secreções das vias
respiratórias, urogenital, glândulas mamárias, fezes e saliva. O leite é a principal
fonte de contágio. Tratamento: não existe tratamento eficaz. Como evitar:
teste sorológico a cada 6 meses; separar o animal doente e eliminá-lo na medida do
possível.
i) Ceratoconjuntivite
É uma doença que ataca com frequência o caprino e o ovino, afetando a conjuntiva,
córnea e, às vezes, o globo ocular.
Sintomas: irritação da conjuntiva; fotofobia (medo da luz); inflamação e
engrossamento das pálpebras; opacidade da córnea; secreção de aspecto
purulento.
Tratamento: pomadas oftálmicas à base de clorotetraciclina, clorofenicol,
neornicina, penicilina.
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8.3. Doenças de Origem Alimentar
a) Timpanismo
É a distensão do rúmen e do reticulo, ocasionada por gases de fermentação/ em
forma de espuma misturada ao conteúdo do rúmen ou em forma de gás livre.
Sintomas: distensão do rúmen; inquietação do animal; dispnéia acentuada;
salivação; ausência dos movimentos do rúmen; som de tambor.
Tratamento: passagem de sonda esofágica; administração de agentes
anti-espumantes e purgante salino; fazer punção do rúmen, quando houver perigo
de asfixia; nos casos mais moderados/ forçar o animal a caminhar para provocar
eructação.
Como evitar: oferecer ao animal feno ou palha antes da forragem aquosa;
incorporar, no mínimo, 10% de forragem à ração concentrada; evitar alimentar
excessivamente o animal após um período de fome; fornecer água à vontade para o
animal.
8.4. Plantas Tóxicas
As plantas tóxicas são responsáveis por alta taxa de mortalidade no caprino e
ovino.
Principais Plantas Tóxicas
Tingui ou timbó; salsa; canudo (mata-cabra, capa-bode); erva de rato (café-bravo);
cafezinho; mamona (carrapateira); maIva de relógio; tamboril; papaconha.
Sintomas: sonolência; venta seca; perda de peso; dificuldade respiratória;
timpanismo; o rúmen deixa de funcionar; aborto; mucosa ocular apresenta-se
avermelhada; pode ocorrer morte súbita.
Tratamento: pouco eficaz. No início, deve-se administrar laxativos, antitóxicos e
hidratantes.
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9. MANEJO REPRODUTIVO
Seleção do reprodutor: quando vamos escolher um reprodutor, devemos
observar as seguintes características: padrão racial característico que se deseja
adquirir; não ser portador de doenças; apresentar aspecto masculino; os
testículos devem ser normais, de tamanho iguais e presente na bolsa escrotal;
presença de libido (interesse sexual); animal com mais de 12 meses deve ter a
fertilidade comprovada; bons aprumos.
Figura 7. Avaliação Testicular do Reprodutor
Idade Ideal para Escolher o Reprodutor
Animal descendente do próprio rebanho - 6 meses de idade.
Animal adquirido de outro rebanho - 12 a 24 meses de idade.
Vida Útil do Reprodutor
Sistema extensivo: 2 a 3 anos;
Sistema com monta controlada: 8 anos.
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Seleção de Matrizes
Aspecto feminino característico; ausência de doenças ou defeitos físicos; bom
padrão racial; boa conformação do úbere com presença de apenas duas tetas; bom
potencial leiteiro; boa aptidão para criar.
Puberdade
Puberdade é quando o animal está com os seus órgãos sexuais desenvolvidos, isto
é, aptos para a reprodução.
a idade e o peso em que o caprinovino atinge a puberdade depende da raça,
do sexo e de fatores ambientais;
na fêmea: em torno de 7 a 12 meses, com peso corporal entre 14 a 20 kg;
no macho: é mais precoce, em torno de 4 a 5 meses, com 10 a 15 kg de
peso.
Figura 8. Matriz Ovina da Raça Santa Inêz
Idade Ideal para Cobertura:
fêmea: com 12 meses e com peso equivalente a 60 a 75% do peso de uma
fêmea adulta de sua raça ou tipo;
macho: com idade em torno de 6 a 8 meses.
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Ciclo Estral e Estro (Cio)
Ciclo Estral é o período compreendido entre dois cios, a duração média é de 21 dias
nas cabras e 18 dias nas ovelhas, podendo variar de 17 a 24 dias nas cabras e 14 a
19 dias nas ovelhas.
Estro ou Cio é o período em que a fêmea aceita o macho e está apta a ser
fecundada; em média, o cio tem duração de 36 a 42 horas nas cabras e 30 a 32
horas nas ovelhas.
Sinais do cio: as fêmeas ficam inquietas; monta na companheira e aceita ser
montada pelo macho e por outras fêmeas; a cauda apresenta movimentos laterais
rápidos; diminui o apetite, chegando a perder peso; berra com frequência; procura o
macho com grande interesse; apresenta a vulva inchada, avermelhada e uma
secreção com aspecto de clara de ovo, tornando-se esbranquiçada (aspecto de
pus) no final do cio.
Estação de monta: é uma prática de manejo em que se pode planejar épocas
adequadas para coberturas, partos, desmame e comercialização.
Vantagens: baixo custo; diminui o índice de mortalidade dos cabritos; facilita
manejo alimentar; pode-se planejar a época para comercialização.
Obs.: existem dois sistemas de monta controlada (estações de monta).
Uma estação com um parto por ano e outra com três partos em dois
anos.
Um parto por ano
Características: intervalo entre partos é de 12 meses; período de monta com 45
dias de duração; o período de monta deve ser iniciado na época das chuvas,
peculiar de cada região; o desmame é feito em torno de 120 a 130 dias de vida.
Quadro 2. Estação de Monta I
Estação de Monta com um Parto/Ano
Monta Setembro/Outubro
Parto Fevereiro/Março
Desmame Maio
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Cobertura Maio/Junho
Três partos em dois anos
Características: Intervalo entre partos é de 8 a 9 meses; estação de monta com
duração de 45 dias; desmame aos 90 dias de idade; este sistema de reprodução
exige que a propriedade possua uma boa infra-estrutura; a estação de monta vai
depender das condições de cada região.
Quadro 3. Estação de Monta II
Estação de Monta: Três Partos em Dois Anos
ANO I
Monta Setembro/Outubro
Parto Fevereiro/Março
Desmame Maio
Cobertura Maio/Junho
ANO II
Monta Janeiro/Fevereiro
Parto Outubro/Novembro
Desmame Janeiro
Monta Setembro/Outubro
Parto Junho/Julho
Desmame Setembro
Sistemas de Acasalamento
Existem três sistemas de acasalamento no manejo reprodutivo do caprino, que
são: monta natural não-controlada; monta natural controlada; inseminação artificial.
Monta Natural Não Controlada
A fêmea é deixada constantemente com o reprodutor; ocorrem coberturas em todos
os meses do ano; este acasalamento é usado de uma maneira geral no sistema de
criação extensivo; utiliza-se 1 (um) reprodutor para 25 cabras/ovelhas.
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Monta Natural Controlada
O reprodutor só fica com a fêmea durante a estação de monta; neste sistema
pode-se usar o rufião para detectar a fêmea no cio; pode-se avaliar o desempenho
do reprodutor e a fêmea que repete o cio; pode- se usar um reprodutor para 40
fêmeas.
Inseminação Artificial
Reduz ou elimina a presença do reprodutor na propriedade, diminuindo o custo de
manutenção e facilitando o manejo; permite o uso de maior número de fêmeas por
reprodutor; acelera o processo de melhoramento genético no rebanho.
Prenhez e Parto
A fêmea, quando fecundada (prenha), apresenta sinais característicos, tais como:
falta de interesse pelo macho; ausência do cio; desenvolvimento do ventre,
principalmente no terço final da gestação; movimentos do feto, através do ventre,
principalmente nos últimos 45 dias; a duração média da gestação é de 150 dias,
podendo variar de 142 a 162 dias.
Manejo da Gestante
Manter a fêmea prenha em lote de animais do rebanho, evitando a introdução de
animais estranhos; evitar pancadas pelo tratador e passagens rápidas em porteiras;
retirar animal agressivo do lote de fêmeas prenhas; evitar mudanças bruscas de
alimentos; evitar longas caminhadas e transporte rodoviário; manter a gestante em
boas condições de saúde, livre de vermes e bom estado nutricional, principalmente
nos últimos 45 dias de gestação; na época de umidade elevada (período chuvoso),
evitar pastejo nas primeiras horas da manhã; próximo ao parto, colocar a fêmea no
piquete maternidade.
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Sinais de Aproximação do Parto:
Modificação da garupa com grande depressão em cada lado da cauda; depressão
dos flancos; a fêmea fica inquieta, deitando e levantando frequentemente; começo
de contrações regulares; aparece um corrimento opaco, ligeiramente amarelo; a
duração normal do parto é de aproximadamente 30 minutos. Logo que a bolsa se
rompe, aparecem os primeiros sinais da expulsão do feto, saindo primeiro as patas
anteriores, com a cabeça descansando entre as mesmas.
Figura 9. Nascimento e Cuidados Maternos Pós-Parto
10. MANEJO DA CRIA
Primeiras providências após o parto: limpeza dos restos placentários e a retirada
das secreções das narinas do recém-nascido; estimular as funções respiratórias e
circulatórias, segurando o cabrito pelos membros posteriores e colocando de
cabeça para baixo, fazendo massagem no tórax.
Mamada do Colostro (primeiro leite)
Logo após o nascimento o cabrito/borrego procura mamar, caso isso não
aconteça, deve-se ajudar a cria a mamar o colostro ou primeiro leite; o colostro é
de grande importância, pois é através dele que a cria adquire imunidade às
doenças comuns a ele; na falta do colostro, pode se fornecer a seguinte mistura,
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durante 4 a 5 dias: 600 ml de água; 300 ml de leite; 1 ovo; 1 (uma) colher (de sopa)
de óleo vegetal.
Tratamento do Umbigo
Fazer o corte e imergir o "toco" em tintura iodada a 10%.
Descorna
É a eliminação dos chifres do animal; deve ser realizada na primeira semana de
vida para evitar stress e obter cicatrização rápida.
Vantagens da Descorna
Melhorar o manejo do animal e facilitar o transporte; o animal fica mais dócil,
evitando possíveis acidentes; confere maior uniformidade ao rebanho.
Métodos de Descorna
Produtos químicos; ferro quente; e método cirúrgico.
Figura 10. Descorna
Permanência do Cabrito no Aprisco
Durante os primeiros 20 dias de vida, manter o cabrito preso em instalações
limpas e arejadas; uma maneira prática é colocar um obstáculo de
aproximadamente 50 a 60 cm de altura na porteira do aprisco. Quando o animal
conseguir pular este obstáculo, estará apto a acompanhar a mãe ao pasto.
Desmame e Separação por Sexo
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O cabrito/borrego deve ser desmamado e separado por sexo com aproximadamente
110 dias de vida. Esta prática favorece a eficiência do rebanho, evita cobertura
precoce, diminuindo assim, o risco de consanguinidade.
Castração
Vantagens: o animal torna-se mais manso; facilita o manejo, podendo ficar no
mesmo piquete com a fêmea; a carne fica mais tenra e com melhor sabor; o animal
tem um melhor aproveitamento alimentar.
Idade: a castração deve ser realizada do segundo ao quarto mês de idade,
tornando, assim, a operação menos perigosa e menos dolorosa, apresentando
pouco risco de hemorragia e cicatrização mais rápida.
Métodos de castração: burdizzo; cirúrgico; e com fita elástica.
Figura 11. Métodos Cirúrgico e com Burdizzo
Figura 12. Método com Fita Elástica
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11. PRINCIPAIS RAÇAS DE CAPRINOS E OVINOS
a) Principais Raças Nacionais ou Nativas (caprinos)
Figura 13. Raça Moxotó
Figura 14. Raça Marota
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Figura 15. Raça Canindé
Figura 16. Raça Repartida
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Figura 17. Raça Gurguéia
b) Principais Raças Estrangeiras Caprinas (exóticas)
Ângulo - Nubiana - (aptidão: boa produtora de carne e leite);
Bôer - (aptidão: produção de carne);
Parda Alpina - (aptidão: boa produtora de leite, chegando a produzir 8 litros por dia);
Toggenburg - (aptidão: produção de leite);
Saanen - (aptidão: produção de leite).
c) Principais Raças de Ovinos
Figura 18. Raça Morada Nova
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Figura 19. Raça Santa Inês
Figura 20. Raça Somalis
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Figura 21. Raça Dopper
12. IDADE PELA DENTIÇÃO
Na falta de registro, a idade pode ser determinada através da dentição. O número
de dentes do caprino e ovino é, no total, 32, assim distribuídos:
Maxilar Superior: Incisivos – 0, pré-molares – 6, pós-molares - 6
Maxilar Inferior: Incisivos – 8, pré-molares – 6, pós-molares - 6
Total: 32 dentes
É através da mudança dos dentes incisivos de leite para incisivos definitivos que
avaliamos a idade do caprino e ovino. Os dentes incisivos do caprino estão assim
distribuídos: 2 pinças; 2 primeiros médios; 2 segundos médios; 2 cantos.
Quando todos os dentes incisivos estão nascidos e nivelados, o animal tem em
torno de 12 meses.
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Figura 22. Avaliação da Idade pelos Dentes
Mudas: 1ª muda: 2 dentes; 2a muda: 4 dentes; 3a muda: 6 dentes; 4a muda: 8
dentes.
13. DESCARTE
A exploração caprina e ovina deve ser tratada como uma atividade lucrativa, por
isso há necessidade de se fazer o descarte do animal improdutivo ou pouco
produtivo. O descarte deve obedecer a critérios técnicos e econômicos, tais como:
Animal que apresenta problema no sistema apreensor, dentes incisivos e lábios;
defeito nos aprumos; animal inter-sexo (dois sexos); animal reincidente de
linfadenite caceosa; animal portador de Pododermatite crônica (frieira); matriz que
produz pouco leite; fêmea com tetas excessivamente grandes e/ou dilatadas; fêmea
com pouco desenvolvimento corporal; cabra que não desmamar uma cria por ciclo
de produção; fêmea que tenha tetas com duplo esfíncter e/ou bipartidas; reprodutor
com saco escrotal excessivamente grande; reprodutor com orquite crônica
(inflamação dos testículos); reprodutor com assimetria testicular (testículos
desiguais); reprodutor com testículo muito pequeno e endurecido.
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14. ESCRITURAÇÃO ZOOTÉCNICA
Uma das principais ferramentas que torna possível e eficiente um processo de
seleção é a escrituração zootécnica. Esta se refere, em um sentido mais amplo, ao
conjunto de práticas relacionado às anotações de uma propriedade rural que possui
atividade de exploração animal.
A utilização dessas informações disponibilizadas pela escrituração zootécnica
permite que o produtor gerencie seu rebanho e sua propriedade de forma mais
eficiente, uma vez que ele passa a conhecer melhor cada um dos animais; a
identificar os mais produtivos; a identificar com maior rapidez possíveis problemas
que estejam ocorrendo no rebanho; a reduzir custos com alimentação, separando
os animais por categorias de produção; a determinar melhores épocas para práticas
sanitárias e reprodutivas; a identificar animais e famílias mais sensíveis e
propensos a enfermidades; e a observar o histórico reprodutivo dos animais. Em um
sentido mais restrito, a escrituração zootécnica compreende as anotações de
controle do rebanho, com fichas individuais para cada animal, contendo sua
genealogia, ocorrências e desempenho. Estas anotações devem englobar o
máximo de informações possíveis, datas, condição e extensão do nascimento,
coberturas, partos, enfermidades, mortes, descartes, registros de desempenho
produtivo, como pesagens e controles, medidas morfométricas, como altura,
comprimento e circunferência escrotal, condição corporal e medidas de tipo e
conformação. Quanto mais detalhadas forem estas anotações, maiores serão os
benefícios que delas poderão ser extraídos.
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15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Santa Rosa, Janete. Enfermidade Em Caprinos: diagnóstico, patogenia,
terapêutica e controle. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro
Nacional de Pesquisa de Caprinos. - Brasília: Embrapa - SPI/ Sobral: Embrapa -
CNPC, 1996. 220p.: ll.
Brito, Alex Tavares de. Caprinocultura para o Nordeste do Brasil. 2ª Ed. - Recife:
ed. Universitária da UFPE, 2002. 162p.
Eloy, Ângela Maria Xavier, et al. Orientação Técnicas para Produção de
Caprinos e Ovinos em Regiões Tropicais. Embrapa Caprinos e Ovinos, Sobral –
CE 2001, CDD. 636. 39089.
Jaedim, Walter Ramos, Criação de Caprinos. São Paulo, Nobel 240p. ilust.
(bibliografia rural) - Caprino - Título. lI.
Revista Brasileira de Caprinos e ovinos. O berro. Edição nº 77 - Maio - 2005.
www.Revistaberro.com.br.
Luis Pinto Medeiros, et. al. Caprinos: Princípios Básicos para sua Exploração.
Embrapa: Brasileira de Pesquisa Agropecuária do Meio Norte – Teresina/PI. 1994.
177p. ISBN 85 - 85007 - 29 - X. CDD 636. 39.
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