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de 14 de dezembro de 2004.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

ChatGPT e outras inteligências artificiais: práticas educativas na Cibercultura /

Organização: Cristiane Porto, Edméa Santos, João Batista Bottentuit Jr.. -
São Luís: EDUFMA, 2024.

v. 2; 133 p.
Modo de acesso: World Wide Web

ISBN 978-65-5363-367-4

1. Cibercultura - Inteligência Artificial. I. Porto, Cristiane. II. Santos,

Edméa. III. Bottentuit Junior, João. IV. Título.
CDD 37:004.8
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Suênia O. Mendes CRB 13/492

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 SUMÁRIO

13
PREFÁCIO
Ana Amélia A. Carvalho

16 A IA GENERATIVA:
DILEMAS E DESAFIOS DA EDUCAÇÃO
Lucia Santaella

36 DIFERENTES USOS DA COMPUTAÇÃO NA

EDUCAÇÃO EM TEMPO DE CHATGPT
Mariano Pimentel, Felipe Carvalho

50 DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
E INTELIGÊNCIA ARTIFICAL:
DIÁLOGOS E LIMITAÇÕES
Cristiane Porto, Kaio Oliveira

59
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
NA EDUCAÇÃO:
PROPOSTAS PEDAGÓGICAS
COM O CHATGPT
João Batista Bottentuit Junior

73
INTERAÇÕES ENTRE ROBÔS
SAPIENS E HUMANOS:
LIMITES E POSSIBILIDADES
Lynn Alves, William Santos
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA EDUCAÇÃO: PROPOSTAS PEDAGÓGICAS COM O CHATGPT

INTERAÇÕES COM INTELIGÊNCIAS

ARTIFICIAIS CONTEMPORÂNEAS:
LIMITES E POSSIBILIDADES
NA ÁREA DE EDUCAÇÃO

Lynn Alves
William Santos

Introdução
Desde o início de 2023 a mídia, especialmente os canais dis-
poníveis na Internet, vem divulgando notícias positivas e negativas
em torno dos avanços das Inteligências artificiais (IAs) no mundo
contemporâneo, destacando-se tecnologias como ChatGPT e Cha-
tGPT 4,0, bem como aquelas voltadas para produção de imagens,
a exemplo de Dall-E, Midjourney, Blue Yellow, entre outras.
Tais notícias mobilizaram diferentes públicos, a exemplo
da comunidade científica que realizou palestras presenciais e
remotas, chamadas para publicações com o intuito de abrir o
debate para questões importantes, como ética, privacidade, vigi-
lância, desigualdades sociais, entre outras.
O presente capítulo tem como objetivo socializar essas no-
tícias no que se refere ao campo da educação, identificando os
aspectos evidenciados, discutindo as tensões que as IAs vêm
provocando nos cenários educacionais. Para tanto, está dividido
em três seções, além desta introdução.
A seção denominada “IAs e educação: a emergência do
ChatGPT” situa o leitor quanto ao surgimento das IAs chama-
das generativas e as ações promovidas no cenário acadêmico,
objetivando construir práticas críticas para além das posições

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 CHATGPT E OUTRAS INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS:
PRÁTICAS EDUCATIVAS NA CIBERCULTURA

maniqueístas. “As notícias sobre o ChatGPT e a educação”,

constitui-se na terceira seção e analisa 16 reportagens veicula-
das em mídias digitais produzidas no mês de maio de 2023, que
destacam o ChatGPT e a educação. E finalmente, na última se-
ção, denominada “Considerações finais”, apontamos perspecti-
vas de interação com as IAs generativas no âmbito educacional.

IA’s e educação: a emergência do ChatGPT

A discussão em torno da IA não é algo recente, já que há
mais de 50 anos vêm sendo realizadas pesquisas em torno dessa
tecnologia (Bartoletti, 2020; Crawford, 2021) e suas possibilidades
para os cenários de aprendizagem, especialmente aqueles que são
mediados por ambientes virtuais de aprendizagem. Por exemplo, a
personalização do ensino, indicando para os alunos materiais de
aprendizagem e exercícios adaptados ao nível de estilo de aprendi-
zagem de cada estudante; tutoria inteligente que fornece feedback
em tempo real, ajudando os estudantes para superar as dificulda-
des específicas em seus estudos; detecção de plágio em trabalhos;
reconhecimento de voz e de imagens, a exemplo dos aplicativos
dos cursos de inglês (Alves, 2023, no prelo).
Embora tais agenciamentos sociotécnicos já viessem cole-
tando os dados dos usuários, essas ações não estavam na agen-
da de discussão e crítica à falta de transparência dos algoritmos
(O’Neil, 2020). Tal situação muda com o surgimento do ChatGPT
3.5, em novembro de 2022, desenvolvido pela OpenAI. Esta tec-
nologia de processamento de linguagem natural consiste em uma
IA generativa treinada em um banco de dados com informações
até setembro de 2021, que possui a capacidade de gerar dife-
rentes textos em poucos minutos a partir da interação com um
humano, em uma interface amigável, semelhante a uma tela de
chat, onde basta ao usuário digitar um prompt de comando bem
elaborado e terá acesso a uma resposta para a sua pergunta.
Contudo, é importante destacar que o ChatGPT erra com
muita frequência, seja porque a pergunta foi mal elaborada, seja

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 INTERAÇÕES COM INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS CONTEMPORÂNEAS:
LIMITES E POSSIBILIDADES NA ÁREA DE EDUCAÇÃO

porque a tecnologia não tem dados suficientes e cria informações

e referências falsas, caracterizando o que vem sendo chamado
pela área de computação de “alucinação” (Beiguelman, 2023).
Este cenário, que nos aproxima de filmes de ficção cientí-
fica nos quais os robôs assumem capacidades que se asseme-
lham às humanas e dominam os homens, provocou uma mo-
vimentação em todo o mundo. Assim, desde manifestos como
a carta proposta pela Future of Life, artigos, reportagens, posi-
cionamentos de instituições de ensino banindo o ChatGPT, até
posturas mais otimistas frente ao avanço da IA no mundo.
A Rede de Pesquisa Comunidades Virtuais – UFBA, com o
objetivo de ampliar o debate e esclarecer questões importantes
como ética, coleta de dados, vigilância, autoria, racismo algorítmi-
co, regulação, entre outros (Bartoletti, 2020; O’Neil, 2020; Alves,
2023)2, realizou nos meses de abril e maio um Ciclo de debates
denominado “Bate-papo sobre o ChatGPT 3.5 e o ChatGPT 4.0,
acoplado ao Bing (browser da Microsoft)”, com a participação de
pesquisadores, professores e estudantes das áreas de educação,
ciências sociais e humanas e da computação, envolvendo a co-
munidade interna e externa da universidade no centro do debate,
indo além de perspectivas apocalípticas e integradas (Eco, 1993).
A discussão também se fez presente nas aulas da Pós-
-graduação e Graduação, onde os estudantes interagiram com
o ChatGPT fazendo perguntas e questionamentos no intuito de
construir um olhar e um percurso crítico, não apenas como es-
pectadores, mas também como interatores (Murray, 2003).
No que refere às IAs que produzem imagem – já indicadas
anteriormente –, foram criados espaços para produzir imagens,
compartilhar com os colegas e discutir os aspectos positivos e
reveses destes agenciamentos sociotécnicos. As imagens foram
produzidas também para os projetos de jogos analógicos e digi-
tais, propostos para as disciplinas.
2 As informações sobre essas ações estão disponíveis no Instagram da
Rede Comunidades Virtuais.

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 CHATGPT E OUTRAS INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS:
PRÁTICAS EDUCATIVAS NA CIBERCULTURA

Todas essas ações possibilitaram identificar possíveis

equívocos e alucinações destas IAs e culminaram com a cons-
trução de pequenos textos por parte dos estudantes e artigos
produzidos por pesquisadores vinculados à Rede Pesquisa Co-
munidades Virtuais (UFBA) e pesquisadores de universidades
brasileiras e portuguesas (Alves, 2023).

As reportagens sobre o ChatGPT e a educação

No mês de maio de 2023, foi realizado através do buscador
google um levantamento de reportagens veiculadas na Web de
acordo com os algoritmos de recomendação vinculados aos nos-
sos perfis e foram identificadas notícias nas áreas de tecnologia,
política, educação, negócio e regulação. Deste grupo de notícias,
foram selecionadas 16 reportagens que relacionavam educação
e ChatGPT. Através dos textos dessas reportagens, foi gerada
uma rede semântica representada nas Figuras 1 e 2, utilizando o
software VOSviewer, que tem o intuito de identificar os termos e
conceitos mais abordados e suas relações descritas nos textos.

Figura 1 – Rede Semântica

Fonte: Autores

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 INTERAÇÕES COM INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS CONTEMPORÂNEAS:
LIMITES E POSSIBILIDADES NA ÁREA DE EDUCAÇÃO

Analisando a Figura 1, podemos observar a existência de dois

clusters (aglomerados) que apontam duas perspectivas principais
nas reportagens analisadas. O primeiro aglomerado (verde) aborda
aspectos mais funcionais da ferramenta como, por exemplo, o for-
necimento de respostas em forma de texto para as perguntas dos
usuários, sendo que estas respostas são escritas a partir de regras
gramaticais corretas, com boa sintaxe e um modo de redação bas-
tante cristalino. Mas, como ressalta Pimentel e Carvalho (2023),
tais inteligências artificiais generativas processam as informações
de maneira puramente racional-estatística, sem consciência, sem
corpo ou experiência de vida e por este motivo demandam de uma
análise crítica e reflexiva sobre os textos que são gerados por elas.
Outro ponto evidenciado é o fato de que chatbots como o
ChatGPT são alimentados por dados oriundos de informações
disponíveis na internet e, por este motivo, podem apresentar er-
ros. Além disso, segundo Colbrook, Antun & Hansen (2022), os
modelos de linguagem de grande porte (Large Language Models
– LLMs) como esta inteligência artificial apresentam dificuldades
na resolução de problemas que envolvem matemática.
Nessa perspectiva, surge a preocupação das universidades
em relação aos erros, plágios e fraudes, o que levou a cidade de
Nova York a proibir o seu uso em todas as escolas públicas, bem
como em universidades na França, além do bloqueio governa-
mental na Itália, ocorrido em março de 2023, para adequações à
lei de proteção de dados do país.
Neste cluster também se vê os termos habilidade e prática
que se referem à mudança de postura dos professores para uma
prática pedagógica que contemple o uso das ferramentas de IAs,
a fim de desenvolver o letramento do dado e habilidades de pes-
quisa e aprendizagem autônoma. Como citam Emenike e Eme-
nike (2023), os alunos precisam perceber que as respostas do
ChatGPT podem estar erradas e por este motivo precisam aplicar
o pensamento crítico e as habilidades de alfabetização de dados
e informações ao usar este modelo de inteligência artificial.

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 CHATGPT E OUTRAS INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS:
PRÁTICAS EDUCATIVAS NA CIBERCULTURA

O letramento do dado é aqui compreendido como

a capacidade de fazer e responder a perguntas do

mundo real a partir de grandes e pequenos con-
juntos de dados por meio de um processo de in-
vestigação, considerando o uso ético dos dados.
Baseia-se nas principais habilidades práticas e
criativas, com a capacidade de ampliar o conheci-
mento de habilidades especializadas de manipu-
lação de dados de acordo com os objetivos. Isso
inclui as habilidades para selecionar, limpar, ana-
lisar, visualizar, criticar e interpretar dados, bem
como comunicar histórias a partir de dados e usá-
-los como parte de um processo de design (Wolf;
Gooch, Montaner; Raschid; Kortuem, 2016, p. 23) 3.

Já o segundo aglomerado, representado pela cor vermelha,

traz reportagens que evidenciam as ideias de que o ChatGPT
pode contribuir para a melhoria do ensino e da aprendizagem,
fomentando o pensamento crítico dos discentes. Como citam
Sabzalieva e Valentini (2023), a IA generativa pode ser aliada
no processo de ensino e aprendizagem, realizando tarefas tanto
simples quanto técnicas (investigação básica, cálculos, testes).
Outro ponto de destaque é como as IAs estão revolucionando
o ramo da tecnologia e podem impactar a área da educação. Na
perspectiva do uso dessa ferramenta por parte dos professores, ob-
serva-se a sugestão de utilização do ChatGPT como um apoio na
preparação de aulas e na estimulação e enriquecimento das discus-
sões em sala de aula, já que é quase que impossível proibir dos
3 Data literacy is the ability to ask and answer real-world questions from large
and small data sets through an inquiry process, with consideration of ethical use
of data. It is based on core practical and creative skills, with the ability to extend
knowledge of specialist data handling skills according to goals. These include the
abilities to select, clean, analyse, visualise, critique and interpret data, as well as to
communicate stories from data and to use data as part of a design process.

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 INTERAÇÕES COM INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS CONTEMPORÂNEAS:
LIMITES E POSSIBILIDADES NA ÁREA DE EDUCAÇÃO

alunos do seu uso considerando a facilidade de acesso à ferramenta.

O apoio às aulas é discutido por Santos e Souza (2023)
que apontam como o ChatGPT pode ajudar o professor de ma-
temática na preparação de sequências didáticas, na elaboração
de situações-problema contextualizadas e avaliações.
As questões relacionadas ao desaparecimento e o surgimento
de novas profissões também foram evidenciadas no material ana-
lisado, indicando a preocupação dos docentes em como qualificar
os estudantes para o uso destas tecnologias e como inserir o Cha-
tGPT nas escolas diante das deficiências que muitas apresentam,
sobre a reestruturação nos formatos de atividades e processos de
avaliação, já que os discentes podem utilizar essas ferramentas de
IA para construção de textos, entre outras possibilidades.
Portanto, os processos de formação para o letramento do
dado, tornam-se uma demanda fundamental nos distintos pro-
cessos de aprendizagem, desenvolvendo habilidades como au-
tonomia, autoria, criatividade, entre outras.
A Figura 2 evidencia os termos que mais aparecem nas
reportagens analisadas considerando a densidade (cor mais evi-
dente e destacada). Observa-se que os termos sala-tecnologia-
-escola aparecem próximos com a cor amarela em destaque, o
mesmo acontecendo com os termos crítico-tarefa-aula-palavra,
além dos termos mais isolados como resposta e ChatGPT.

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 CHATGPT E OUTRAS INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS:
PRÁTICAS EDUCATIVAS NA CIBERCULTURA

Figura 2 – Densidade nos termos da rede semântica

Fonte: Autores

Por meio da análise desta rede semântica, foi possível ob-

servar os elementos que vêm sendo mais discutidos quando se
aborda o uso do ChatGPT na educação, por exemplo, questões
éticas, de autoria, dentre outros. Além dos aspectos de usabi-
lidade, foram discutidas também, as controvérsias no que diz
respeito aos erros, plágios e proteção dos dados, como também,
potencialidades do ChatGPT para contribuir no processo de en-
sino e aprendizagem de forma crítica e autônoma por parte dos
alunos e na melhoria das práticas pedagógicas dos docentes.

Considerações finais
No cenário internacional e nacional, nos últimos seis me-
ses de 2023, a mídia divulgou amplamente informações sobre
o ChatGPT, IA desenvolvida pela empresa OpenAI, provocando
diferentes manifestações nas mais diversas áreas cujos usos da
ferramenta podem causar impactos. A área de educação ainda
se posiciona com reservas para mediação desta tecnologia nos
espaços de aprendizagem, sem se dar conta de que o processo

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 INTERAÇÕES COM INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS CONTEMPORÂNEAS:
LIMITES E POSSIBILIDADES NA ÁREA DE EDUCAÇÃO

de dataficação da educação já vem sendo marcado pela pre-

sença da inteligência artificial de diferentes formas nos últimos
cinquenta anos.
Neste contexto, surge a necessidade emergente dos ato-
res educacionais (docentes, discentes e gestores) interagirem
com o ChatGPT e construírem sentidos para além de práticas
“apocalípticas e integradas”.
Como apresentado neste trabalho, a presença das IAs, no
cenário educacional, apresenta limites e possibilidades, neces-
sitando de uma mediação para que os potenciais do uso das
inteligências artificiais possam de fato contribuir nos processos
de ensino e aprendizagem, favorecendo que alunos assumam
uma postura crítica e investigadora e os professores subsidiem
suas práticas pedagógicas inserindo tais ferramentas em seu
cotidiano profissional.
Enfim, a discussão sobre o ChatGPT e a educação vem
delineando um mosaico de significantes que se repete e com
o qual concordamos, por exemplo, o ChatGPT atua como um
assistente, que comete alucinações, que acessa uma base de
textos e referências fortemente em inglês. Cabe aos distintos
usuários atuar como curadores e agentes críticos e criativos nos
processos produzidos por esta tecnologia.

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