Aula de Língua Portuguesa IV – dia 26 de novembro de 2019
FIGURAS DE SINTAXE OU FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
As figuras de sintaxe são utilizadas para modificar um período, isto
é, interfe- rem na estrutura gramatical da frase, com o intuito de oferecer
maior expressividade ao texto. Assim, as figuras de sintaxe operam de
diversas maneiras na frase, seja na inversão, repetição ou na omissão dos
termos. Abaixo explicaremos as funções de cada figura de sintaxe.
Elipse
A elipse é a omissão de um ou mais termos, os quais não foram
expressos anteriormente no discurso, entretanto, que são facilmente
identificáveis pelo interlo- cutor (receptor). Exemplo: No segundo
quadrinho o pronome é elidido.
Zeugma
A zeugma é um tipo de elipse, uma vez que há omissão de um ou
mais ter- mos na oração, sendo um recurso utilizado para evitar a
repetição de verbo ou subs- tantivo. Exemplo: “Eu gosto de morango e de
melancia também”. Nesta frase, a repetição do verbo “gosto” está
implícita, mas conseguimos entender a frase tão bem quanto se
estivesse escrito: “Eu gosto de morango e gosto de melancia tam-
bém”.
Silepse
Na silepse há concordância da ideia e não do termo utilizado. São
classificadas em: Silepse de Gênero, quando ocorre discordância entre os
gêneros (feminino e masculino); Silepse de Número, quando ocorre
discordância entre o singular e o plu- ral; Silepse de Pessoa, quando ocorre
discordância entre o sujeito, que aparece na terceira pessoa, e o verbo,
que surge na primeira pessoa do plural. Exemplos: “Vi- vemos na bonita e
agitada São Paulo”. (Silepse de gênero: Vivemos na bonita e
agitada cidade de São Paulo); “A maioria dos clientes ficaram insatisfeitas
com o produto”. (Silepse de número: A maioria dos clientes ficou insatisfeita
com o produ- to.); “Todos terminamos os exercícios”. (Silepse de pessoa:
neste caso concordân- cia com nós, em vez de eles: Todos terminaram os
exercícios.).
Assíndeto
Assíndeto corresponde a uma conjunção coordenativa utilizada para
unir ter- mos nas orações coordenadas. Caracteriza-se pela ausência de
conjunções. Exem- plo: primeira e quarta estrofes de “Epigrama 7”, de
Cecília Meireles.
A tua raça de
aventura quis ter a terra,
o céu, o mar.
Na minha, há uma delícia
obscura em não querer, em
não ganhar…
A tua raça quer partir,
guerrear, sofrer, vencer,
voltar.
A minha, não quer ir nem
vir. A minha raça quer
passar.
Polissíndeto
Ao contrário do assíndeto, o polissíndeto é caracterizado pela
repetição da conjunção coordenativa (conectivo). Exemplo:
Pleonasmo
Repetição enfática ou redundância de um termo que soa
“desnecessário” no discurso, o qual pode ser utilizado intencionalmente
(pleonasmo literário) como figu- ra de linguagem, ou por desconhecimento
das normas gramaticais (pleonasmo vici- oso), nesse caso um vício de
linguagem. Exemplo: “Saia para fora”; “Entre para
dentro”; “Vou subir para cima”; “Vou descer para baixo”; “Entrou dentro
do meu olho”.
Hipérbato
O hipérbato é caracterizado pela inversão da ordem direta dos
termos da ora- ção, segundo a construção sintática usual da língua (sujeito
+ predicado + comple- mento). Exemplo: “Triste estava Larissa”. (Neste
caso, o estado do sujeito surge antes do nome “Larissa”, que na
construção sintática usual seria: Larissa estava tris- te).
Anacoluto
O anacoluto altera a sequência lógica da estrutura da frase por meio
de uma pausa no discurso. Exemplo: A terceira estrofe do poema “A
aranha”, de Manuel Bandeira.
Eu, que era branca e linda, eis-me medonha e
escura Inspiro horror... Ó tu, que espias a
urdidura
Da minha teia, atenta ao que o meu palpo fia
[...]
Anáfora
A anáfora é a repetição de termos no começo das frases, muito
utilizada pelos escritores na construção dos versos a fim de dar maior
ênfase à ideia. Exemplo: “José”, de Carlos Drummond de Andrade.
E agora,
José? A festa
acabou, a luz
apagou,
o povo
sumiu, a
noite esfriou,
e agora,
José? e
agora, você?
você que é sem
nome, que zomba
dos outros, você
que faz versos, que
ama, protesta?
e agora,
José? [...]
### Introdução
Figuras de linguagem e sintaxe são elementos essenciais da comunicação
escrita e falada. As figuras de linguagem são recursos estilísticos que
visam enriquecer o texto, tornando-o mais expressivo e criativo. Elas
incluem metáforas, metonímias, hipérboles, eufemismos, entre outras. A
sintaxe, por sua vez, é o estudo da estrutura das frases, estabelecendo as
regras que regem a combinação de palavras para formar sentenças
corretas e compreensíveis. Juntas, essas ferramentas linguísticas
permitem que os escritores e oradores transmitam suas ideias de
maneira mais impactante e eficaz.
### Conclusão
Compreender e aplicar corretamente as figuras de linguagem e a sintaxe é
fundamental para qualquer forma de comunicação. Enquanto as figuras de
linguagem adicionam profundidade e emoção ao discurso, a sintaxe
garante clareza e coesão. O domínio desses elementos permite não
apenas uma comunicação mais rica e persuasiva, mas também a
capacidade de apreciar a complexidade e a beleza da língua. Assim,
figuras de linguagem e sintaxe não são apenas ferramentas técnicas, mas
também artísticas, essenciais para a expressão humana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIANA, Daniela. Figuras de sintaxe. Toda Matéria. Disponível
em: https://www.todamateria.com.br/figuras-de-sintaxe/ Acesso
em: 26 de nov. de 2019.
FERNANDES, Márcia. Figuras de linguagem. Toda Matéria. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/figuras-de-linguagem/ Acesso em: 26 de
nov. de 2019.