Primeiro Exercício Prático, Página 1
Solução de um problema de condução de calor bidimensional utilizando o software
OpemFOAM
Augusto Broering Theisges
18103846
1. INTRODUÇÃO
Neste trabalho buscamos resolver um problema simplificado de condução de calor bidimensional
por meio de métodos numéricos, inicialmente apresentaremos uma breve descrição do problema e
demostraremos como é feita a discretização do problema obtendo as equações discretizadas e identificando
a forma como são inseridas as condições de contorno no problema.
Posteriormente um resumo da solução numérica será apresentado e comparado com a solução
analítica do problema, em cima destes resultados uma discussão sobre o comportamento da solução em
relação ao refino de malha será apresentada.
O problema a ser resolvido, como dito anteriormente, é a condução de calor em uma placa plana
de dimensões W = 50 cm e L = 50 cm que tem uma de suas arestas mantida a temperatura T1 = 100 °C e o
restante mantido a T2 = 0 °C. Para a solução do problema assumimos que a placa é construída com alumínio,
que possui difusividade térmica 𝛼 = 97,1 × 106 m2/s, obtido de Incropera (2008). A seguir uma ilustração
do problema:
Figura 1: Problema a ser resolvido.
2. METODOLOGIA
O método de solução utilizado é o método dos volumes finitos, para tanto devemos inicialmente
realizar a discretização da equação governante que neste caso é dada por:
𝜕2𝑇 𝜕2𝑇
+ =0 (1)
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2
O primeiro passo para a discretização do problema é gerarmos uma malha que represente o
domínio no qual queremos obter a solução, uma boa representação pode ser encontrada em Versteeg e
Malalasekera (200x):
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Figura 2: Representação de uma malha Bidimensional
Aplicando a equação governante ao volume de controle em torno do ponto P, podemos integra-la
conforme segue:
𝜕2𝑇 𝜕2𝑇
∫ 2
𝑑𝑥 𝑑𝑦 + ∫ 2
𝑑𝑥 𝑑𝑦 = 0
𝑑𝑣 𝜕𝑥 𝑑𝑣 𝜕𝑦
Efetuando a integração e após algumas manipulações chegamos à equação:
𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑇
( | − | ) 𝛥𝑦 + ( | − | ) Δ𝑥 = 0 (2)
𝜕𝑥 𝑒 𝜕𝑥 𝑤 𝜕𝑦 𝑛 𝜕𝑦 𝑠
Assumindo a distribuição de temperatura entre dois pontos como sendo linear, podemos realizar a
seguinte simplificação:
𝜕𝑇 𝑇𝑒 − 𝑇𝑝
| =
𝜕𝑥 𝑒 Δ𝑥
𝜕𝑇 𝑇𝑝 − 𝑇𝑤
| =
𝜕𝑥 𝑤 Δ𝑥
𝜕𝑇 𝑇𝑠 − 𝑇𝑝
| =
𝜕𝑥 𝑠 Δ𝑦
𝜕𝑇 𝑇𝑝 − 𝑇𝑛
| =
𝜕𝑥 𝑛 Δ𝑦
Resultando então na equação:
𝑇𝑒 − 𝑇𝑝 𝑇𝑝 − 𝑇𝑤 𝑇𝑝 − 𝑇𝑛 𝑇𝑠 − 𝑇𝑝
( − ) 𝛥𝑦 + ( − ) Δ𝑥 = 0 (3)
Δ𝑥 Δ𝑥 Δ𝑦 Δ𝑦
Que pode ser reorganizada como:
2Δ𝑦 2Δ𝑦 Δ𝑦 Δ𝑦
( + )𝑇 = (𝑇 + 𝑇𝑠 ) + (𝑇 + 𝑇𝑒 ) (4)
Δ𝑥 Δ𝑥 𝑝 Δ𝑥 𝑛 Δ𝑥 𝑤
Note que para uma malha igualmente espaçada Δ𝑦 = Δ𝑥 e, portanto, a equação (4) se reduz a:
4𝑇𝑝 = 𝑇𝑛 + 𝑇𝑠 + 𝑇𝑤 + 𝑇𝑒 (5)
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A dedução apresentada acima vale para volumes contidos no interior da malha, para volumes nas
extremidades seguimos o mesmo raciocínio. Entretanto, por tratar-se de um volume na borda do domínio,
Δ𝑥
surge um termo onde a distância entre os pontos anterior e posterior será . Deste modo chegamos as
2
equações:
Elementos a esquerda do domínio:
5𝑇𝑝 = 𝑇𝑛 + 𝑇𝑠 + 2𝑇𝑤 + 𝑇𝑒 (6)
Elementos a direita do domínio:
5𝑇𝑝 = 𝑇𝑛 + 𝑇𝑠 + 𝑇𝑤 + 2𝑇𝑒 (7)
Elementos na parte superior do domínio:
5𝑇𝑝 = 2𝑇𝑛 + 𝑇𝑠 + 𝑇𝑤 + 𝑇𝑒 (8)
Elementos na parte inferior do domínio:
5𝑇𝑝 = 𝑇𝑛 + 2𝑇𝑠 + 𝑇𝑤 + 𝑇𝑒 (9)
Podemos perceber que a inserção das condições de contorno se dá fazendo 𝑇𝑤 = 0°𝐶 em (6), 𝑇𝑒 =
0°𝐶 em (7), 𝑇𝑛 = 100°𝐶 em (8) e por fim 𝑇𝑠 = 0°𝐶 em (9).
Para as soluções numéricas, usamos como já comentado, o software openFOAM. Neste software
temos já implementado o solver chamado de laplaciamFoam, que resolve a equação governante descrita
anteriormente. Os passos essencialmente são os mesmos. Primeiro geramos a malha que utilizaremos na
solução do problema:
Figura 3: Dominio discretizado em uma malha 100x100
Precisamos ainda fornecer as condições de contorno e iniciais para o que o programa possa
resolver o problema. Fazemos isso por meio do preenchimento de um arquivo chamado “T” que deve estar
localizado em uma pasta na raiz do caso chamada de “0”. Onde o zero indica que este é o estado inicial do
problema. A seguir temos o Arquivo com as condições iniciais:
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Figura 4: Arquivo contendo as informações sobre as condições iniciais
Note que as regiões onde temos as temperaturas definidas pelo problema a região é definida como
tendo um valor fixo. Note que temos ainda a região interna do domínio, onde assumimos como aproximação
inicial para o valor da temperatura a média entre as temperaturas 𝑇1 e 𝑇2 além da região chamada de
“frontandback” que representa as faces superior e inferior da placa que foi assumida como sendo uma região
isolada, ou seja, com gradiente de temperatura igual a zero.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir apresentam-se os resultados obtidos via simulação bem como sua comparação com o
resultado analítico do problema. A seguir temos um mapa mostrando a distribuição de temperatura em toda
a extensão da placa:
Figura 5: Resultado global da simulaçao
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É possível notar que a distribuição de temperatura apresentou resultado bastante similar ao
analítico, podemos evidenciar ainda mais este fato quando olhamos para as isolinhas de Temperatura
mostradas na sequencia.
Figura 6: isolinhas de Temperatura.
Uma rápida análise do refino de malha foi realizada comparando-se a distribuição de Temperatura
para a região da placa para a coordenada x = 0,25mm.
Figura 7: Análise de refino de malha.
Por meio desta análise é possível notar que com uma malha de tamanho 100 x 100 temos um erro
considerável no valor de temperatura para a região mais interior da placa, este erro é de 2,78% em seu valor
máximo. Para a malha de 200 elementos o erro mantem níveis praticamente iguais, indicando que
possivelmente a malha de 100 elementos já esteja com níveis aceitáveis de refino.
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REFERÊNCIAS
Incropera, F. P., & DeWitt, D. P.. (2008). Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa, 6ª edição.
Rio de Janeiro: LTC;
Versteeg, H. K., & Malalasekera W (2007). An Introduction to Computational Fluid Dynamics, 2ª edição.
Pearson;
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