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História 9 Ano

A Proclamação da República no Brasil em 1889 é debatida entre historiadores como um golpe ou um movimento legítimo, com opiniões divergentes sobre a participação popular e o papel das elites. Enquanto alguns argumentam que foi uma ação elitista e militar, outros destacam o apoio civil e o contexto de insatisfação com a monarquia. O documento também apresenta atividades práticas para análise de fontes históricas sobre a legitimidade da República.

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História 9 Ano

A Proclamação da República no Brasil em 1889 é debatida entre historiadores como um golpe ou um movimento legítimo, com opiniões divergentes sobre a participação popular e o papel das elites. Enquanto alguns argumentam que foi uma ação elitista e militar, outros destacam o apoio civil e o contexto de insatisfação com a monarquia. O documento também apresenta atividades práticas para análise de fontes históricas sobre a legitimidade da República.

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1

AULA O FIM DA MONARQUIA E


O INÍCIO DA REPÚBLICA
NO BRASIL

Resumo

A Proclamação da República no Brasil, ocorrida em 1989, é tema de intenso debate


entre historiadores, que envolve afirmar ela ser ou não golpe. É importante ressaltar que a
historiografia brasileira tem debatido a pertinência dessa caracterização. Alguns historia-
dores preferem utilizar termos como “movimento”, “processo” ou “transição”.
Aqueles que defendem a visão de que foi um golpe destacam a ausência de parti-
cipação popular e o papel fundamental da elite militar, liderada pelo ma­rechal Deodoro
da Fonseca, na execução do evento, argumentando que foi uma ação im­posta à socie-
dade, sem qualquer processo democrático. Historiadores como José Murilo de Carvalho e
Hélio Silva reforçam essa perspectiva, descrevendo a Proclamação como um movimento
elitista e militar, sem envolvimento significativo da população, conforme ilustrado pela cé-
lebre frase de Aristides Lobo: “o povo assistiu bestializado à Proclamação da República”.
Em contrapartida, outros historiadores, como Lira Neto e Boris Fausto, argumentam que
a transição contou com apoio civil importante, destacando o papel dos cafeicultores
paulistas e dos intelectuais positivistas, bem como o crescimento das ideias republica-
nas, que já vinham moldando o cenário político brasileiro há décadas. Esses diferentes
pontos de vista geram questionamentos sobre a natureza da instituição da República,
incluindo o grau de participação popular e a influência de setores civis na legitimação do
novo regime.

10
AULA 1
Na prática

Atividade 1

Atividade prática – Análise de fontes históricas


1 Formação dos grupos:
Dividam-se em grupos de quatro a cinco pessoas.
˚
Cada grupo receberá uma fonte histórica.
˚
2 Objetivo da análise:
Analisem a fonte para identificar argumentos que sustentam ou contestam a
˚
legitimidade da instituição da República em 1889.
Preparem-se para debater se a República foi instituída de forma legítima ou se
˚
foi um golpe.
Roteiro de análise
1 Contextualização:
Qual é o contexto histórico da fonte?
˚
Quem é o autor e qual pode ser seu interesse ou viés?
˚
2 Identificação de argumentos:
Quais são os principais argumentos apresentados pela fonte?
˚
A fonte considera o processo que instituiu a República como legítimo ou ilegíti-
˚
mo? Justifique com trechos.
3 Comparação com outras fontes:
Como esta fonte se compara com outras analisadas pelo grupo?
˚
Identifiquem pontos de convergência e divergência.
˚
4 Impacto e consequências:
Quais foram as consequências apontadas pela fonte sobre a instituição
˚
da República?
Essas consequências sustentam a tese de golpe ou de proclamação legítima?
˚

11
Fonte I

Visconde de Ouro Preto

Deste porto, onde fui obrigado a deter-me, e do qual posso comunicar com os meus
compatriotas, é meu primeiro cuidado referir-lhes o que presenciei e a parte que tive nos
memoráveis acontecimentos de 15 de novembro, os quais privaram o Brasil das livres e
nobres instituições, que lhe deram tantos anos de paz e prosperidade e me arrojaram a
paragens tão distantes.
É esse um dever e ao mesmo tempo um direito de que não prescindo. Alvo principal
de todos os ataques, centro e direção da resistência que aqueles sucessos poderiam
encontrar, o alto cargo que ocupava na situação política, tão violentamente deposta, me
pôs a par de circunstâncias, que poucos conhecem, e são da maior importância para
bem se aquilatar como, em poucas horas, se mudou a forma de governo do meu sau-
doso país, quando geralmente a supunham fortemente consolidada.
OURO PRETO, V. Advento da ditadura militar no Brasil. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2017. p. 33.

Fonte II

Aristides Lobo

O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava.
Muitos acreditavam estar vendo uma parada militar, uma manifestação de rotina das for-
ças armadas. A República, que chegou de repente, imposta por um pequeno grupo de mi-
litares e civis, foi uma revolução sem a participação popular, um movimento de cima para
baixo que não contou com o envolvimento das massas. O país despertou sob um novo
regime, mas o povo, alheio ao processo, não compreendeu o alcance do que se passava. A
República foi, assim, uma transformação política imposta, que refletia as ambições de uma
elite, mas que não foi capaz de mobilizar ou conquistar o apoio popular imediato.
LOBO, A. Imprensa e o Império. Revista O Paiz, 18 nov. 1889.

Fonte III

Hélio Silva

A Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, foi um ato de força exe-


cutado por um pequeno grupo de militares, mas que encontrou respaldo na crescente
insatisfação popular e em setores da elite política. Embora tenha sido conduzida sem

12
AULA 1
a participação direta do povo, ela refletiu a crise do sistema monárquico, desgastado
e incapaz de responder às demandas de um Brasil em transformação.
SILVA, H. 1889: A República não esperou o amanhecer. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.

Fonte IV

Boris Fausto

A Proclamação da República não pode ser reduzida a um mero golpe militar, pois ela
foi o culminar de um processo político e social que se desenvolveu ao longo de décadas.
A insatisfação com o regime monárquico, as críticas à centralização do poder, e o desejo
de modernização do país foram fatores que alimentaram o crescimento das ideias repu-
blicanas entre intelectuais, militares, e setores urbanos. O movimento republicano, ainda
que liderado por militares, encontrou apoio em diferentes segmentos da sociedade, o
que mostra que a proclamação foi mais do que uma simples intervenção militar. Ela
representou uma ruptura significativa com o passado monárquico e o início de um novo
projeto político para o Brasil.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1995.

Fonte V

José Murilo de Carvalho

A Proclamação da República em 1889 deve ser interpretada no contexto de um com-


plexo processo de mudanças sociais, econômicas e políticas que marcaram o Brasil na
segunda metade do século XIX. Não se tratou simplesmente de um golpe militar, mas de
um movimento que refletia as aspirações de diversos grupos que se opunham à mo-
narquia, incluindo republicanos civis, setores da elite agrária descontentes com o fim da
escravidão, e membros do Exército que se sentiam marginalizados pelo regime imperial.
A proclamação representou uma resposta às transformações da sociedade brasileira,
como a urbanização e a crescente demanda por participação política, e pode ser vista
como um ato que buscou responder às necessidades de modernização e integração do
Brasil ao cenário internacional. Portanto, a República foi mais do que um movimento mi-
litar, ela foi um movimento social e político que expressou o desejo de mudança de uma
parte significativa da sociedade brasileira.
CARVALHO, J. M. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das
Letras, 1990.

13
Aprofundando

1 (UNESP – Adaptada) A Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889,


marcou o fim da Monarquia no Brasil e o início de um novo regime republicano. O
processo que levou à queda do Império envolveu diferentes grupos sociais e po-
líticos, como militares, intelectuais e proprietários de terras, descontentes com o
regime monárquico. Quais fatores contribuíram para a Proclamação da República
em 1889 e como o governo provisório enfrentou os desafios imediatos da transição
do Brasil monárquico para o regime republicano?
a) A insatisfação popular generalizada devido ao elevado número de impostos cobra-
dos pela Coroa e o forte apoio dos setores industriais ao regime republicano.
b) A aliança estratégica entre os militares e os grandes proprietários de terras, insa-
tisfeitos com a centralização do poder na figura do imperador, e a adoção imediata
de um regime democrático pleno.
c) O descontentamento dos setores militares com a falta de reconhecimento e
a abolição da escravatura, que enfraqueceu as bases de apoio da Monarquia,
além da implantação de um governo provisório que teve que lidar com revoltas e
disputas internas.
d) A crescente pressão internacional pela democratização do Brasil, principalmente
por parte de países europeus, e a transição pacífica para um sistema republicano
sem resistências internas significativas.
e) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento
de aglomerados urbanos marcados por péssimas condições de moradia, saúde
e higiene.

A Proclamação da República, em 1889, resultou de uma série de fatores que enfraqueceram a


Monarquia, sobretudo o descontentamento dos setores militares, que se sentiam desvalorizados
pelo imperador, e dos grandes proprietários de terras, que viram suas bases econômicas abaladas
pela abolição da escravatura em 1888. Essa aliança entre militares e proprietários foi fundamen-
tal para o movimento republicano. Após o golpe que instituiu a República, o governo provisório
enfrentou desafios imediatos, como revoltas internas e disputas políticas, refletindo as tensões de
transição entre o regime monárquico e o novo modelo republicano.

14
AULA 1
2 (FUVEST – Adaptada) Durante a segunda metade do século XIX, o Brasil experi-
mentou uma série de mudanças sociais, econômicas e políticas que gradualmente
enfraqueceram a Monarquia e pavimentaram o caminho para a Proclamação da
República. Como a atuação de diferentes grupos sociais contribuiu para o enfra-
quecimento da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil em 1889?
a) Os militares, com forte apoio dos trabalhadores rurais, lideraram uma revolta
que exigiu a imediata destituição do imperador e a formação de um governo
popular republicano.
b) A classe média urbana, apoiada pelos intelectuais republicanos, pressionou o go-
verno imperial a abdicar e liderou o processo de transição para a República, sem a
participação dos militares.
c) O movimento abolicionista e os intelectuais republicanos desempenharam papéis
centrais no enfraquecimento da Monarquia, ao passo que os militares, insatisfeitos
com sua posição no Império, lideraram a Proclamação da República.
d) Os grandes proprietários de terras, insatisfeitos com as políticas centralizadoras do
imperador, aliaram-se aos militares para derrubar a Monarquia e estabelecer uma
oligarquia rural republicana.
e) O movimento operário, influenciado por ideais socialistas, foi o principal responsá-
vel pela derrubada da Monarquia, organizando greves e manifestações que culmi-
naram na Proclamação da República.

Durante a segunda metade do século XIX, o Brasil passou por transformações que minaram
o apoio à Monarquia. Entre os principais agentes dessas mudanças estavam os movimentos
abolicionista e republicano, cujos intelectuais criticavam a lentidão das reformas sociais e a
centralização do poder. Além disso, os militares, insatisfeitos com sua falta de prestígio e com o
governo monárquico, desempenharam um papel preponderante na Proclamação da República.
Esse descontentamento, aliado ao impacto da abolição da escravatura, enfraqueceu o apoio ao
Império, culminando em um golpe militar que instituiu a República em 1889.

15
2
AULA ESTRUTURA POLÍTICA E
SOCIAL NO BRASIL NA
PRIMEIRA REPÚBLICA

Resumo

. Durante a Primeira República no Brasil (1889-1930), o po-


der político foi dominado pelas oligarquias rurais, espe-
cialmente por meio da "política do Café com Leite", que
garantiu a alternância de poder entre as elites de São
Paulo e Minas Gerais. Esse período foi caracterizado pelo
coronelismo, uma prática na qual os grandes proprietá-
rios de terras, conhecidos como coronéis, controlavam o
processo eleitoral por meio do "voto de cabresto". A cen-
tralização do poder nas mãos dessas elites resultou na
exclusão da maioria da população do processo político e
na manipulação das eleições para manter o domínio das
oligarquias. Assim, a Primeira República consolidou um
sistema de poder restrito, beneficiando poucos em detri-
mento da participação democrática ampla.

16
AULA 2
Na prática

Atividade 1

Observe a imagem abaixo e responda:

Charge da Revista
Careta que satiriza a
política Café com Leite
ao colocar os esta-
dos tentando subir a
montanha, enquanto
permanecem Minas
ALMANAQUE LUSOFONISTA/WIKIMEDIA COMMONS

Gerais e São Paulo


em cima, com a frase
"Tenham paciência,
mas aqui não sobe
mais ninguém". Os
dois estados estão
ao lado da cadeira da
presidência

17
1 O que a imagem satírica da revista Careta, de 1925, representa sobre a política
brasileira da época, especificamente em relação à alternância de poder entre São
Paulo e Minas Gerais?

A imagem é uma sátira da política do Café com Leite. Nela, vemos dois personagens representando

os estados de São Paulo e Minas Gerais, ambos segurando a cadeira da presidência da República.

Esse cenário representa a alternância de poder entre as elites cafeeiras de São Paulo e as elites

leiteiras de Minas Gerais, sugerindo que apenas esses dois estados tinham acesso ao poder político,

enquanto outros estados eram excluídos.

2 Como a imagem representa a exclusão de outros estados brasileiros no cenário


político da Primeira República, e o que a frase "Tenham paciência, mas aqui não
sobe mais ninguém!" sugere sobre essa dinâmica?

Na parte inferior da imagem, outros estados (representados por personagens que tentam subir a

colina) são mostrados em uma posição inferior, simbolizando a dificuldade e a exclusão de outras

regiões do Brasil na ascensão ao poder político. Isso reflete a concentração de poder nas mãos das

oligarquias paulistas e mineiras, deixando os demais estados marginalizados no cenário político da

Primeira República. A legenda da imagem reforça essa ideia de exclusão com a frase "Tenham paci-

ência, mas aqui não sobe mais ninguém!", indicando a resistência dessas oligarquias em permitir a

entrada de outros grupos no poder.

18
AULA 2
Atividade 2

Observe a imagem e responda:

Charge da época satiriza as


eleições fraudulentas ao co-
locar o eleitor como um burro
sendo carregado pelo candi-
dato por meio de uma corda.
Em cima está escrito: "As pró-
REPRODUÇÃO/INFOESCOLA

ximas eleições: de cabresto"


Ella- É o Zé Besta?
Elle- Não é o Zé burro!

1 Como a imagem satírica representa o conceito de "voto de cabresto”, e o que ela


sugere sobre a liberdade do eleitor no processo eleitoral da época?

A imagem retrata o “voto de cabresto”, representando o eleitor pela figura do burro, simbolizando a

falta de liberdade e consciência política. O eleitor é conduzido por uma figura política, o que sugere

que ele era manipulado e controlado pelas elites locais, sem autonomia para decidir o seu voto, evi-

denciando a coerção e a manipulação que caracterizavam as eleições durante a Primeira República.

19
2 Qual é o papel do "político" na imagem, e como isso reflete a relação entre as elites
e os eleitores durante as eleições na Primeira República?

O "político" na imagem é mostrado como a figura que controla o eleitor, simbolizando as elites que

usavam seu poder para garantir votos por meio do controle direto sobre os eleitores. Isso reflete

a prática do coronelismo, em que os coronéis (grandes proprietários de terra) exerciam influência

sobre as eleições, assegurando que seus candidatos fossem eleitos, perpetuando o domínio das

oligarquias sobre o cenário político da época.

Aprofundando

1 (ENEM 2016)
O coronelismo era fruto da alteração na relação de forças entre os proprietários ru-
rais e o governo, e significava o fortalecimento do poder do Estado antes que o predomí-
nio do coronel. Nessa concepção, o coronelismo é, então, um sistema político nacional,
com base em barganhas entre o governo e os coronéis. O coronel tem o controle dos
cargos públicos, desde o delegado de Polícia até a professora primária. O coronel hipo-
teca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de voto.
CARVALHO, J. M. Pontos e bordados: escritos de história política. Belo Horizonte: Editora UFMG,
1998. (adaptado)

No contexto da Primeira República no Brasil, as relações políticas descritas


baseavam-se na:
1. O coronelismo foi um fenômeno caracte-
a) coação das milícias locais. rístico da Primeira República no Brasil (1889-
1930), que representava a aliança entre os
b) estagnação da dinâmica urbana. grandes proprietários de terras (os "coronéis")
e o governo. Esse sistema político se baseava
c) valorização do proselitismo partidário. em uma relação de troca de favores, na qual os
d) disseminação de práticas clientelistas. coronéis exerciam controle sobre o voto e, em
troca, recebiam do governo a gestão de cargos
e) centralização de decisões administrativas. públicos e a influência sobre políticas locais.

20
AULA 2
2 (UNESP – Adaptada)
Para os amigos pão, para os inimigos pau; aos amigos se faz justiça, aos inimigos
aplica-se a lei.
LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa Ômega.

Esse discurso, típico do contexto histórico da República Velha e usado por chefes
políticos, expressa uma realidade caracterizada:
a) pela força política dos burocratas do nascente Estado republicano, que utilizavam
de suas prerrogativas para controlar e dominar o poder nos municípios.
b) pelo controle político dos proprietários no interior do país, que buscavam, por meio
dos seus currais eleitorais, enfraquecer a nascente burguesia brasileira.
c) pelo mandonismo das oligarquias no interior do Brasil, que utilizavam diferen-
tes mecanismos assistencialistas e de favorecimento para garantir o controle
dos votos.
d) pelo domínio político de grupos ligados às velhas instituições monárquicas e que
não encontraram espaço de ascensão política na nascente República.
e) pela aliança política armada entre as oligarquias do Norte e Nordeste do Brasil,
que garantiria uma alternância no poder federal de presidentes originários
dessas regiões.

2. A frase “Para os amigos pão, para os inimigos pau; aos amigos se faz justiça, aos inimigos aplica-se a
lei” reflete uma visão clara sobre o funcionamento do poder político durante a Primeira República (1889-
1930), marcada pelo mandonismo e pela dominação das oligarquias regionais. Esse período foi caracteri-
zado pelo domínio político das elites agrárias, especialmente nas áreas rurais do interior, onde os chefes
políticos locais – os "coronéis" – exerciam um controle rígido sobre a população e o sistema político.

21
3
AULA
ARTE E CULTURA NA
PRIMEIRA REPÚBLICA

Resumo

A arte e a cultura tiveram um papel fundamental durante a Primeira República no


Brasil, refletindo as intensas transformações sociais e políticas do período. As manifesta-
ções artísticas, como a música, o teatro e a literatura, acompanharam essas mudanças e
serviram como forma de crítica social, evidenciando as desigualdades da época. Nesse
contexto, a Semana de Arte Moderna de 1922 emergiu como um marco histórico, conso-
lidando o modernismo no país. Influenciado pelas vanguardas europeias e pelo cenário
nacional, o movimento modernista, liderado pelo "Grupo dos Cinco", buscou romper com
as tradições estéticas vigentes e criar uma linguagem artística que expressasse a diversi-
dade e as particularidades do Brasil, impactando profundamente as gerações futuras de
artistas e intelectuais.

Na prática

Atividade 1

Formem duplas e escolham uma personalidade que fez parte do Grupo dos Cinco.
Realizem uma pesquisa aprofundada sobre a vida e obra de cada um, buscando identi-
ficar semelhanças e diferenças entre suas trajetórias e contribuições para a Semana de
Arte Moderna.

22
AULA 3
1 O que esse artista estava tentando mudar ou criticar?
Resposta aberta, produzida de acordo com a pesquisa dos estudantes.

2 Como a sociedade da época reagiu a essas novas ideias?


Resposta aberta, produzida de acordo com a pesquisa dos estudantes.

3 Houve resistência? O que, foi motivo de polêmica em sua obra? Por quê?
Resposta aberta, produzida de acordo com a pesquisa dos estudantes.

1. A Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, foi um marco cultural no Brasil, promovendo uma
renovação artística que buscava conciliar o nacionalismo e o internacionalismo. As alternativas A e D
são corretas, pois refletem essa combinação de influências nacionais e internacionais, com o desejo de
romper com o academicismo do século XIX, sem deixar de se inspirar nas vanguardas europeias. A B
também está correta ao destacar o anseio de modernização e a insatisfação com o estado das artes na
época, propondo um olhar voltado ao social e à inovação artística. A C está de acordo com a proposta
do movimento, que olhava para o futuro ao mesmo tempo em que resgatava as raízes culturais brasilei­
ras. No entanto, a E está incorreta; embora o movimento tivesse um
forte caráter nacionalista, ele não negava as influências externas.
Aprofundando Pelo contrário, os artistas da Semana se inspiravam nas vanguardas
euro­peias, mas queriam adaptá-las a um contexto brasileiro, criando
uma arte moderna e genuína ao mesmo tempo. Portanto, essa alter-
nativa não condiz com o espírito do evento.

1 (MACKENZIE 2013) Em 2012 completam-se 90 anos da Semana de Arte Moderna,


marco de renovações artístico-culturais do Brasil. A respeito desse acontecimento,
assinale a alternativa INCORRETA.
a) Internacionalismo e nacionalismo foram, simultaneamente, suas característi-
cas básicas. O nacionalismo, em especial, viria como decorrência de afirmação,
presente desde a implantação da República, em 1889, de uma arte e cultura
genuinamente brasileiras.
b) Tal Semana exprimia o anseio de uma nova mentalidade intelectual, insatisfeita
com o status quo das artes de então. Por isso, tinha como um dos objetivos cen-
trais a modernização, por meio de um olhar para o social e para o que havia de
mais avançado na criação artística.
23
c) Existia naquele movimento um olhar para o futuro, que trazia um desejo de ruptura,
de inovação e de experimentação. Mas, ao mesmo tempo, marcava presença um
sentimento de nostalgia, um retomar das raízes culturais que marcaram a formação
histórica do país.
d) Internacionalismo e nacionalismo foram, simultaneamente, seus aspectos bá-
sicos. As letras e as artes do período desejavam o rompimento com o século
XIX, e seu academicismo, sendo o exterior – em especial, a Europa – símbolo
desse rompimento.
e) Por partirem de concepções nacionalistas, esses artistas negavam as influên-
cias externas na cultura brasileira. Para eles, uma arte genuinamente brasileira
somente aconteceria por meio do total afastamento em relação às principais
vanguardas europeias.

2 (MACKENZIE 2013) A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um marco cultural e


a expressão da busca de um novo Brasil que conseguisse superar suas caracte-
rísticas arcaicas, refletindo mudanças em todas as áreas de nosso país. Em 1928,
Oswald de Andrade publicou o Manifesto Antropofágico, que procurou "traduzir o
espírito da cultura nacional. A respeito do contexto histórico e cultural da época, é
correto afirmar que:
a) como proposta de mudança para a Arte do século XX, ao se aceitarem as influ-
ências estrangeiras, sem se menosprezar a identidade nacional, e sim reforçan-
do-a, retoma-se a proposta da antropofagia como "ferramenta" na elaboração da
cultura nacional.
b) todas as novas correntes artísticas advindas da Europa, no início do século XX, são
fundamentais para a elaboração de uma cultura verdadeiramente nacional, pois
estavam engajadas na preocupação de favorecer as classes trabalhadoras dentro
da nova sociedade moderna mundial.
c) o Modernismo brasileiro surgiu com a intenção de promover uma atualização da
arte brasileira, capaz de ajudar na consolidação da identidade nacional de tal forma
que tiveram de se desligar da influência cultural externa para a dedicação única da
arte, considerada nacional e genuína.
d) reflete um novo posicionamento em relação à Arte no Brasil, reproduzindo as
ideias que, no plano político, eram defendidas pelo movimento Verde-Amarelismo
de Plínio Salgado que defendia a presença de estrangeirismos em nossa cultura.
e) mostra o rompimento de vários artistas nacionais, como Tarsila do Amaral e Di
Cavalcanti, com as influências externas, principalmente com o movimento futurista
italiano, profundamente aliado aos ideais fascistas e autoritários.
2. A Semana de Arte Moderna de 1922 e o Manifesto Antropofágico buscaram uma identidade cultural
24 brasileira que incorporava influências externas de forma criativa. A antropofagia era uma forma de absorver
influências estrangeiras sem perder a identidade nacional.
4
AULA
CONFLITOS E REVOLTAS
NA PRIMEIRA REPÚBLICA

Resumo

Durante a Primeira República no Brasil (1889-1930), diversos conflitos e revoltas


marcaram a história, revelando as profundas desigualdades sociais e a busca por justiça
e melhores condições de vida. Movimentos como a Guerra de Canudos, o Contestado,
o Cangaço e o Tenentismo refletiram as tensões entre as populações marginalizadas e
o governo central, cada um surgindo em contextos sociais e econômicos específicos.
Esses movimentos de resistência foram respostas, no início do século XX, à opressão e
ao abandono das populações rurais e urbanas. Por sua vez, as respostas governamentais
a essas revoltas, muitas vezes violentas, evidenciaram as prioridades políticas da época,
bem como deixaram marcas duradouras que ainda ressoam no Brasil contemporâneo.

Na prática

Atividade 1

Para estudar sobre o Cangaço, a critério de seu professor, dividam-se em duplas e leiam
este texto.

O cangaço teve como área de abrangência a região semiárida do nordeste brasileiro.


O sertão nordestino, compreendido pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, dominado pela caatinga (“mata
branca” na língua indígena), único sistema ambiental exclusivamente brasileiro, onde as
temperaturas e a evapotranspiração são muito elevadas.

25
Os coronéis, para garantirem sua segurança e a de seus familiares, bem como de
seu patrimônio, passaram a se utilizar de homens armados em suas propriedades, ten-
do-se em vista que as disputas pelas terras se prolongavam por gerações e gerações.
A abolição da escravatura em 1888 e a Proclamação da República em 1889, colocaram
um contingente de homens livres, sem terras e sem trabalho, em disponibilidade, aba-
lando a estrutura econômica do país, baseada no latifúndio.
Estes homens encontraram no banditismo uma forma de sobrevivência, seja como ca-
pangas (homens assalariados a serviço de um fazendeiro que formava seu exército privado),
ou como cangaceiros (homens independentes que se organizavam em bandos sob a dire-
ção de um chefe prestigioso). Os coronéis, como eram conhecidos, eram autoridade máxima,
tinham poder inclusive sobre as autoridades locais, que não ousavam enfrentá-los.
Em outras palavras, o cangaço se caracterizou como um movimento social, dentro do
contexto histórico pelo qual se passava o país. Esse movimento sofreu influência da abolição
da escravatura, e da Proclamação da República, mas não podemos deixar de considerar, que
muitos dos nordestinos que viviam nas regiões mais isoladas do semiárido se revoltavam
contra as exigências da classe dominante (coronéis), que queriam fazer valer seus interesses
em detrimento de valores humanos. Porém, não podemos deixar de relatar que muitos dos
cangaceiros agiam com extrema violência, o que os qualificava como bandidos, servindo,
desta forma, de pretexto para um discurso da oligarquia agrária desse período em convencer
autoridades e a própria população desinformada de que os cangaceiros eram apenas bandi-
dos, que deveriam ser caçados e eliminados, o que realmente ocorreu.

O fotógrafo Benjamin
Abrahão cumprimenta
Lampião, em foto tirada
pelo cangaceiro Juriti. Da
esquerda para a direita: Vila
Nova, não identificado, Luís
Pedro, Benjamin Abrahão
REPRODUÇÃO/BRASIL ESCOLA

(à frente), Amoroso,
Lampião, Cacheado (ao
fundo), Maria Bonita, não
identificado, Quinta-Feira

SANTOS, W. A. Cangaço: um movimento social. Revista Caribeña de Ciencias Sociales, fev. 2018. Disponível
em: https://www.eumed.net/rev/caribe/2018/02/cangaco-movimento-social.html. Acesso em: 11 nov. 2024.

Na sequência, discutam a seguinte pergunta:


• De acordo com o texto que vocês acabaram de ler, quais foram as principais causas do
surgimento do Cangaço e como esse movimento impactou a sociedade nordestina?

26
AULA 4
De acordo com o texto, as principais causas do surgimento do cangaço estão ligadas à opressão social

e às condições adversas enfrentadas pelos habitantes do semiárido nordestino no final do século XIX e

início do século XX. Em uma região alheia ao poder político e sujeita aos coronéis, muitos homens acaba-

ram migrando para o cangaço como uma forma de defesa ou mesmo de resistência.

O impacto do cangaço na sociedade nordestina foi significativo. De um lado, os cangaceiros aterroriza-

vam vilarejos e comunidades locais com suas práticas de roubo, sequestro e assassinato, o que gerava

medo e insegurança entre a população. De outro lado, a resistência à ação dos cangaceiros se conso-

lidou, com a formação de forças policiais e milícias locais, e até a criação de memoriais e museus em

várias cidades nordestinas para preservar a memória da luta contra essas invasões.

Além do impacto imediato na vida das pessoas, o cangaço também deixou marcas culturais profundas,

sendo representado na literatura de cordel, no cinema e nas artes plásticas, perpetuando a figura de per-

sonagens como Lampião e Maria Bonita como ícones históricos. O movimento refletiu as tensões sociais

e políticas da época, e suas histórias continuam a ser lembradas e discutidas na cultura popular nordes-

tina e brasileira.

Aprofundando

1 (ESPCEX 2024) O conflito ocorrido durante a República Velha, na área fronteiriça


entre os estados do Paraná e Santa Catarina, que apresentava características de
movimento messiânico e envolvia sertanejos, ficou conhecido como:
a) Guerra de Canudos.
Esse conflito ficou conhecido como Guerra do Contestado.
b) Guerra do Contestado. Aconteceu entre 1912 e 1916 e envolveu disputas de terra na
região fronteiriça entre Paraná e Santa Catarina. O conflito
c) Revolução Federalista.
teve características messiânicas, com a participação de
d) Guerra dos Farrapos. sertanejos que seguiam líderes religiosos locais.

e) Questão Christie.

27
2 (FGV 2006)
7 de julho [1922] – Com um saldo de 17 mortos, todos entre os rebeldes, tropas leais ao
presidente Epitácio Pessoa sufocaram hoje uma revolta de oficiais que há dois dias haviam
tomado o Forte de Copacabana. Eles protestavam contra o fechamento do Clube Militar e
a prisão de seu presidente (e também ex-presidente da República) Hermes da Fonseca.
Jayme Brener, Jornal do século XX

Sobre o tenentismo, é correto afirmar que:


a) apesar das divergências ideológicas em relação às correntes revolucionárias – como
o anarquismo –, o movimento dos oficiais fez uma série de alianças com o movimento
operário, como na greve geral de 1917.
b) esse movimento não tinha uma clara proposta de reformulação política e defendia um
poder centralizado e a purificação das instituições republicanas, além da diminuição
do poder das oligarquias regionais.
c) foi um movimento inspirado no nazifascismo, que defendia o fortalecimento das insti-
tuições liberais-democráticas, como as eleições gerais e diretas, ao mesmo tempo que
apoiava o federalismo.
d) teve como principal liderança em São Paulo o capitão Luiz Carlos Prestes, mais tarde
organizador da Ação Integralista Brasileira (AIB), defensor de uma ordem centralizada
e de uma economia internacionalizada.
e) a ação de julho de 1922 foi contida com facilidade pelas tropas leais ao governo federal
e se constituiu na única ação importante relacionada aos militares rebeldes, que pas-
saram a apoiar uma saída negociada para a crise.

O Tenentismo, apesar de não ter uma proposta política completamente definida, defendia a centralização
do poder, a moralização das instituições republicanas e a redução do poder das oligarquias regionais.
Esses ideais refletiam o descontentamento com a corrupção e o domínio oligárquico, e buscavam refor-
mas para fortalecer o controle federal sobre os estados.

28
URBANIZAÇÃO E

5
AULA
MODERNIZAÇÃO NA
PRIMEIRA REPÚBLICA E
SUAS CONTRADIÇÕES

Resumo

No início do século XX, o Brasil passou por intensos processos de urbanização e


modernização, especialmente em grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo.
Esses processos foram marcados por reformas urbanas inspiradas em modelos europeus,
visando modernizar a infraestrutura e transformar as cidades em metrópoles alinhadas
com o padrão internacional. No entanto, essas transformações também trouxeram à tona
profundas contradições, uma vez que a modernização urbana, enquanto beneficiava as
elites, marginalizava as populações mais pobres. As reformas no Rio de Janeiro, lidera-
das pelo prefeito Pereira Passos, e em São Paulo, voltadas para o desenvolvimento eco-
nômico, resultaram no deslocamento de moradores de cortiços para áreas periféricas,
contribuindo para o surgimento das favelas e ampliando as desigualdades sociais. Assim,
enquanto as cidades se modernizavam, as contradições sociais se acentuavam, revelando
o lado excludente do progresso urbano.

29
Aprofundando

1 (UFF 2017) A questão da qualidade de vida já aparecia, no início do século XX, na


reforma urbana realizada pelo prefeito Pereira Passos na cidade do Rio de Janeiro.
Identifique a opção que revela características dessa reforma.
a) Possibilitou que os grupos monarquistas fizessem da capital uma cidade-corte,
privilegiando o embelezamento em detrimento da utilidade econômica e política da
cidade do Rio de Janeiro.
b) Imitou as reformas de Paris realizadas pelo Barão Haussmann em 1850, trazendo
para o Rio de Janeiro um modo de vida europeu. Entretanto, os vestígios da ar-
quitetura colonial permaneceram no centro da cidade devido à força política dos
proprietários dos cortiços.
c) Associou beleza e saneamento ao considerar que, em uma cidade moderna, além
de se construírem avenidas e jardins, devia-se cuidar, também, das instalações de
água e esgoto, eliminando-se os odores fétidos e combatendo-se a falta de higiene
de seus habitantes.
d) Associou beleza e saneamento ao considerar que, em uma cidade moderna, po-
dia se construir avenidas e jardins, independentemente das instalações de água e
esgoto, uma vez que os maus odores fétidos e a falta de higiene de seus habitantes
não fariam nenhuma diferença.
e) Atendeu às reivindicações de engenheiros e médicos que queriam uma cidade
limpa, saneada, com características exclusivamente brasileiras e sem nenhuma
semelhança com Paris.
A reforma urbana conduzida pelo prefeito Pereira Passos no Rio de Janeiro, no início do século
XX, foi marcada pela busca de modernização e embelezamento da cidade, inspirada nas transfor-
mações urbanas que ocorreram em grandes capitais europeias, como Paris.

30
6
AULA
URBANIZAÇÃO E A QUESTÃO
DA "HIGIENIZAÇÃO" NA
PRIMEIRA REPÚBLICA

Resumo

A política de "higienização" da Primeira República buscava modernizar o Rio de


Janeiro e combater epidemias. As reformas urbanas incluíram a demolição de áreas
consideradas insalubres pelas autoridades sanitárias, e a implementação de medidas de
saúde pública, como a vacinação obrigatória, liderada pelo médico sanitarista Oswaldo
Cruz. No entanto, a maneira como essas medidas foram aplicadas gerou resistência po-
pular, culminando no evento que ficou conhecido como a Revolta da Vacina. Esse fato,
além de expor o conflito entre as políticas de modernização e as condições de vida da
população, elucida como a falta de informação e a disseminação de boatos podem minar
políticas públicas de saúde, como a vacinação. A falta de informação adequada gerou
medo e resistência entre os moradores. Assim, protestos eclodiram nas ruas, resultando
em confrontos violentos, depredação de patrimônio público, saques e interrupção de
serviços essenciais. Os distúrbios duraram cerca de uma semana, levando o governo a
decretar estado de sítio para retomar o controle da cidade.
A desinformação que gerou a Revolta da Vacina evidencia permanências na atuali-
dade, já que boatos e fake news continuam a prejudicar as políticas de vacinação. Hoje,
notícias falsas nas redes sociais alimentam movimentos antivacina, mostrando que a
desconfiança em relação à ciência e às autoridades de saúde podem gerar consequên-
cias graves para a saúde pública, tais como o medo em levar as crianças para serem va-
cinadas contra sarampo e poliomielite, o que pode ocasionar o reaparecimento de casos
dessas doenças até o momento consideradas erradicadas no Brasil.

31
Na prática

Atividade 1

Leia atentamente a charge abaixo:

REPRODUÇÃO/SINDMETAL

A partir de sua leitura, estabeleça qual a relação de permanência trazida pela


charge em relação a Revolta da Vacina, notícias falsas e movimentos antivacina no
contexto contemporâneo.
A análise da charge revela que a Revolta da Vacina, ocorrida em 1904, e os atuais movimentos antivacina

têm em comum a desinformação como fator central. Naquela época, rumores e a falta de informação ge-

raram medo e resistência à vacinação. Hoje, notícias falsas nas redes sociais alimentam esses movimen-

tos, demonstrando que a desconfiança em relação à ciência e às autoridades de saúde pode ter sérias

consequências para a saúde pública.

32
AULA 6
A Revolta da Vacina, ocorrida em 1904 no Rio de Janeiro, foi uma reação popular à

Aprofundando vacinação obrigatória contra a varíola, conduzida por Oswaldo Cruz. Esse episódio
mostra que a imposição de políticas de saúde pública deve considerar o engaja-
mento e a comunicação com a população.

1 (FUVEST 2014) Em 1904, a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, foi
palco de um dos episódios mais marcantes da história da saúde pública no país:
a Revolta da Vacina. Esse movimento de resistência popular surgiu em resposta à
campanha de vacinação obrigatória contra a varíola, implementada pelo governo
sob a liderança de Oswaldo Cruz. A Revolta da Vacina nos evidencia que a imple-
mentação de políticas de saúde pública deve levar em consideração:
a) o uso da força militar para garantir a aplicação das medidas sanitárias.
b) a realização de campanhas de vacinação apenas quando a população já estiver
completamente informada.
c) a necessidade de comunicação eficaz e do engajamento da população para o su-
cesso das medidas de saúde pública.
d) a suspensão de todas as campanhas de vacinação em caso de resistência popular.
e) a imposição de medidas sanitárias sem considerar o contexto social e as necessi-
dades da população.

2 (ENEM) O movimento antivacina não é um fenômeno exclusivo dos tempos atuais.


No início do século XX, a imposição da vacinação obrigatória contra a varíola no
Rio de Janeiro provocou uma revolta popular, marcada por desinformação, medo
e resistência às intervenções do governo. Hoje, o movimento antivacina ressurge
com força em diversas partes do mundo, impulsionado por notícias falsas e te-
orias da conspiração disseminadas nas redes sociais. Comparando o contexto
da Revolta da Vacina com os movimentos antivacina contemporâneos, podemos
concluir que:
a) a resistência à vacinação é um fenômeno recente, causado exclusivamente pelas
redes sociais.
b) o sucesso das campanhas de vacinação depende unicamente da obrigatoriedade
imposta pelo governo.
c) a desinformação e o medo têm sido fatores comuns na resistência à vacinação ao
longo da história.
d) a Revolta da Vacina e os movimentos antivacina atuais não têm nenhuma relação,
pois ocorrem em contextos totalmente diferentes.
e) a solução para a resistência à vacinação é a suspensão de todas as campanhas de
imunização em áreas com resistência.
A resistência à vacinação, como demonstrado pela Revolta da Vacina em 1904 e pelos movimentos antivacina atuais, é 33
um fenômeno que atravessa o tempo, sendo fortemente influenciado pela desinformação e pelo medo.
7
AULA A INSERÇÃO ECONÔMICA
E SOCIAL DOS NEGROS NO
CONTEXTO PÓS-ABOLIÇÃO

Resumo

Após a abolição da escravidão no Brasil em 1888, os afrodescendentes continuaram


enfrentando enormes desafios para se integrar à sociedade, tanto econômica quanto
socialmente. Embora a escravidão tenha sido oficialmente extinta, a realidade dos negros
não melhorou de forma imediata ou significativa. Sem acesso a terras, educação ou em-
prego, a população negra permaneceu marginalizada, perpetuando um ciclo de pobreza,
exclusão social e preconceito que ainda afeta seus descendentes. Além disso, teorias
racistas que na época eram apoiadas por supostos fundamentos científicos influenciaram
o pensamento social e as políticas públicas no final do século XIX e início do século XX.
Nesse contexto, o Estado falhou em implementar políticas de reparação para os recém-li-
bertos e incentivou a imigração europeia, com o objetivo de promover o "branqueamento
da população". Essa situação agravou ainda mais a exclusão dos afrodescendentes, resul-
tando em efeitos permanentes na sociedade brasileira, como o racismo, que gera estatís-
ticas que evidenciam a desigualdade de oportunidades entre negros e brancos.

Na prática

Atividade 1

O quadro A Redenção de Cam, de Modesto Brocos, é uma obra que retrata uma família
negra, ao longo de gerações, passando por um processo de clareamento da pele de
seus descendentes. Essa imagem representava a ciência, predominante no final do sé-
culo XIX, de que a “redenção” da população negra se daria através do branqueamento
racial, uma ideia que se alinhava com as teorias racistas da época. Com base nessa

34
AULA 7
análise, qual dos desafios enfrentados pela população negra após a abolição é mais
diretamente representado pelo conceito retratado no quadro?

REPRODUÇÃO/WIKIPEDIA

Quadro do espanhol Modesto Brocos, destaque em exposição


no Museu Nacional de Belas Artes, mostra o branqueamento da
população ao longo de três gerações

a) A dificuldade dos negros em acessar educação e trabalho remunerado.


b) A crença de que os negros eram uma raça superior, e, portanto, deveria haver um
“escurecimento” da população.
c) A persistência de linchamentos e outras formas de violência física contra a
população negra.
d) A crença de que existiam “raças superiores” e “inferiores”, ligando a condição social
e econômica a características naturais.
O quadro mostra uma gradação, da mulher negra, possivelmente avó da criança, à mãe negra
de pele clara, e o pai branco. A criança sendo branca, filha de pai branco, mostra a redenção
de “Cam” ao ser mais clara que seus ascendentes. Ou seja, a ideia que existiam raças inferiores
e superiores. 35
Atividade 2

A imagem abaixo configura uma representação da Lei Áurea, um marco jurídico im-
portante para o fim da escravidão no Brasil. No entanto, a assinatura da Lei Áurea é
frequentemente analisada criticamente por não ter sido acompanhada de políticas
efetivas para a inserção social e econômica dos negros na sociedade pós-abolição.
Com base nessa análise, qual dos desafios abaixo é o mais diretamente relacionado às
limitações da Lei Áurea?

REPRODUÇÃO/WIKIPEDIA

Lei Áurea

a) Discriminação racial institucionalizada.


b) Falta de políticas de reparação. Embora a Lei Áurea tenha libertado os escraviza-
dos, ela não previu políticas públicas de inserção
c) Marginalização cultural.
social ou mesmo de reparação pelos anos de es-
d) Urbanização descontrolada. cravidão. A consequência foi a marginalização da
população negra.

36
AULA 7
Aprofundando

1 (UFPR 2020 – Adaptada) Em 1888, a princesa Isabel, filha do imperador do Brasil,


Pedro II, assinou a Lei Áurea, decretando a abolição.

A decisão veio após mais de três séculos de escravidão, que resultaram em 4,9
milhões de africanos traficados para o Brasil, sendo que mais de 600 mil morreram
no caminho.
ROSSI A.; COSTA C. BBC Brasil: São Paulo. Disponível em:
https://www.bbc.com/ portuguese/brasil-44091469. Acesso em: 25 jun. 2019.

De acordo com o trecho, considere as seguintes afirmativas:


I a chamada “Lei Áurea”, assinada pela princesa Isabel, não pode ser vista como
uma concessão da monarquia, sendo resultado de um longo processo de luta e
resistência que contou com a presença ativa de escravizados e escravizadas para
sua libertação do cativeiro.
II no período imediato que sucedeu à abolição, os libertos puderam contar com me-
didas de apoio na forma de distribuição de pequenos lotes de terra, tal como acon-
teceu nos Estados Unidos após a Guerra Civil, com a chamada “Reconstrução”.
III escravizados e escravizadas receberam apoio de muitos setores da sociedade da
época ligados ao movimento abolicionista, sendo Luís Gama, filho de escravizada e
advogado autodidata, um dos personagens mais célebres e atuantes, empenhan-
do-se na libertação de centenas de cativos e cativas.
IV os segmentos da sociedade adeptos ao regime escravista defendiam a “emancipa-
ção gradual” e nutriam o profundo receio de que a abolição imediata da escravidão
trouxesse desorganização econômica e provocasse o caos social.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa III é verdadeira.
b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
d) somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
Essa questão revela a complexidade da luta pela abolição da escravidão no Brasil e a influência de diferentes grupos e
personagens nesse processo histórico. É fundamental compreender que a abolição resultou de uma resistência ativa,
e não apenas de decisões impostas de cima para baixo. Além disso, é importante reconhecer o papel central de figuras
como Luís Gama e os desafios sociais e econômicos enfrentados pela população afrodescendente na transição para uma
sociedade sem escravidão. Assim, com base na análise das afirmativas, as únicas verdadeiras são as afirmativas I, III e IV.

37
8
AULA
RESISTÊNCIA NEGRA
APÓS A ABOLIÇÃO

Resumo

. Após a abolição a vida dos negros no Brasil foi marcada pela exclusão econô-
mica e social dos afrodescendentes, que enfrentaram dificuldades para se inte-
grar à sociedade no período pós-escravidão. Entre esses, alguns passaram a se
organizar nos campos das artes, da imprensa e também da política.

. A Revolta da Chibata, em 1910, é um exemplo significativo da resistência negra,


liderada por marinheiros afrodescendentes que se rebelaram contra os castigos
corporais na Marinha, uma prática que remetia à escravidão. Sob a liderança de João
Cândido Felisberto, a revolta expôs as contradições de uma República que, apesar
de abolir formalmente a escravidão, continuava a oprimir os negros. A revolta con-
tribuiu para o fim da aplicação de castigos físicos da Marinha e destacou a necessi-
dade de enfrentar as práticas discriminatórias ainda presentes na sociedade. Esses
eventos são fundamentais para entender a luta contínua dos afrodescendentes por
inclusão e justiça no Brasil.

Na prática

Atividade 1

Uma vez que a Primeira República explicitou as contradições de uma sociedade que
permanecia com uma mentalidade escravista, além de João Cândido, outras lideranças

38
AULA 8
lutaram em prol da busca por liberdade de forma plena. Assim, a missão de vocês será
ampliar o conhecimento pesquisando sobre pessoas negras que, assim como Cândido,
não aceitaram as imposições do sistema e lutaram, a seu modo, a fim de terem sua digni-
dade humana respeitada. Para cumprir esse desafio:
• a critério de seu professor, dividam-se em grupos e pesquisem casos específicos
de participação de lideranças negras na sociedade pós-abolição;
• cada grupo ficará responsável por pesquisar um personagem histórico;
• destaquem os desafios enfrentados por esses indivíduos e as
conquistas alcançadas.
Concluída a pesquisa, vocês deverão registrar como as experiências individuais dos
personagens pesquisados se relacionam com os processos de resistência negra no
Brasil pós-abolição.

Grupo 1: Juliano Moreira Grupo 2: Luciana Lealdina de Araújo

ARAÚJO E MARIA HELENA VARGAS DA SILVEIRA: HISTÓRIA DE MULHERES


MEMORIAL JULIANO MOREIRA/JULIANO MOREIRA: O MÉDICO NEGRO NA

ACERVO DIGITAL DO INSTITUTO SÃO BENEDITO/LUCIANA LEALDINA DE

NEGRAS NO PÓS-ABOLIÇÃO DO SUL DO BRASIL


FUNDAÇÃO DA PSIQUIATRIA BRASILEIRA

Grupo 3: Maria de Lourdes Vale Nascimento Grupo 4: Maria Helena Vargas da Silveira
REPRODUÇÃO/MARIA DE LOURDES VALE NASCIMENTO: UMA INTELECTUAL

HELENA VARGAS DA SILVEIRA: HISTÓRIA DE MULHERES NEGRAS NO PÓS-


ACERVO DA FAMÍLIA SILVEIRA/LUCIANA LEALDINA DE ARAÚJO E MARIA

-ABOLIÇÃO DO SUL DO BRASIL


NEGRA DO PÓS-ABOLIÇÃO

39
Grupo 5: Paulo Silva

ACERVO DA SOCIEDADE AMIGOS DO PROF. PAULO SILVA/PAULO SILVA: UM


CONTRAPONTO NAS RELAÇÕES RACIAIS NO BRASIL
Resposta produzida pelos estudantes. A fim de mediar a atividade e, portanto, a aprendizagem, é salutar

que o docente realize uma curadoria prévia das fontes para direcionar a pesquisa junto dos estudantes e,

assim, otimizar o tempo de execução da atividade.

40
AULA 8
Aprofundando

1 (ENEM PPL 2010 – Adaptada)


Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam nas costas dos negros pelas pontas das chibatas...
BLANC, A.; BOSCO, J. O mestre-sala dos mares. Disponível em: www.usinadeletras.com.br. Acesso em: 19 jan. 2009.

Na história brasileira, a chamada Revolta da Chibata, liderada por João Cândido e des-
crita na música acima, foi:
a) a rebelião de escravizados contra os castigos físicos, ocorrida na Bahia, em 1848, e
repetida no Rio de Janeiro.
b) a revolta, no porto de Salvador, em 1860, de marinheiros dos navios que faziam o
tráfico negreiro.
c) o protesto, ocorrido no Exército, em 1865, contra o castigo de chibatadas em soldados
desertores da Guerra do Paraguai.
d) a rebelião dos marinheiros negros, em 1910, contra os castigos e as condições de tra-
balho na Marinha de Guerra.

A música “O mestre-sala dos mares”, cuja letra e interpretação é de João Bosco, presta homenagem
a João Cândido e destaca sua luta por justiça e dignidade na rebelião conhecida como A Revolta da
Chibata. Sob sua liderança, marinheiros se rebelaram contra as condições desumanas de trabalho e a
prática de punições corporais, como a chibatada – uma forma de chicoteamento que remetia à escra-
vidão –, fato histórico que elucida que, mesmo após a abolição, permanecia na sociedade uma menta-
lidade escravista. Assim, contra essa mentalidade e as atitudes por ela geradas, em 1910, marinheiros
negros se rebelaram contra os castigos e as condições de trabalho na Marinha de Guerra.

41
9
AULA A INFLUÊNCIA DA CULTURA
AFRO-BRASILEIRA PARA A
IDENTIDADE NACIONAL

Resumo

. A cultura afro-brasileira foi fundamental na formação da identidade


nacional brasileira, influenciando profundamente diversos aspectos
da sociedade, como a música, a culinária, a religião, a linguagem e as
expressões artísticas. Desde a chegada dos africanos escravizados ao
Brasil, suas tradições e seus conhecimentos foram integrados e reinter-
pretados no contexto local, criando um mosaico cultural singularmente
brasileiro. Nesse sentido, o samba, a capoeira, a feijoada e as diversas
expressões religiosas de matriz africana são apenas alguns exemplos
de como essa herança africana enriqueceu o tecido social e cultural do
país. Além disso, a resistência e a resiliência das comunidades afro-
-brasileiras frente à opressão e ao racismo contribuíram para a luta
por direitos e igualdade, moldando o debate sobre cidadania e justiça
social. Assim, a influência da cultura afro-brasileira é uma força vital na
definição da identidade nacional, refletindo a diversidade e a complexi-
dade do Brasil.

Na prática

Atividade 1

Leia o trecho do decreto que regulamenta o procedimento para a identificação e o reco-


nhecimento das terras ocupadas por remanescentes das comunidades quilombolas:
42
AULA 9
Dispõe sobre a identificação, re- dotados de relações territoriais específicas,
conhecimento, delimitação, demarca- com presunção de ancestralidade negra
ção e titulação das terras ocupadas relacionada com a resistência à opressão
por remanescentes das comunidades histórica sofrida.
dos quilombos.
BRASIL. Decreto no 4.887, de 20 de novembro de
[...] Art. 2o – Consideram-se rema- 2003. Regulamenta o procedimento para identificação,
reconhecimento, delimitação, demarcação e
nescentes das comunidades dos quilom-
titulação das terras ocupadas por remanescentes das
bos, para fins deste Decreto, os grupos comunidades dos quilombos de que trata o art. 68
étnico-raciais, segundo critérios de auto do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2003.
atribuição, com trajetória histórica própria, Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/2003/d4887.htm. Acesso em: 18 set. 2024.

Após ter lido atentamente o trecho do Decreto no 4.887, de 20 de novembro de


2003, assinale V para afirmativas verdadeiras e F para afirmativas falsas.
( F ) O decreto dispõe sobre identificação, reconhecimento, delimitação, demarca-
ção e titulação das terras ocupadas por povos indígenas.
( V ) O decreto dispõe sobre identificação, reconhecimento, delimitação, de-
marcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das
comunidades quilombolas.
( V ) O decreto representa uma conquista histórica frente ao passado escravocrata
do Brasil.
( F ) A existência de decretos como esse inferioriza a população afrodescendente,
colocando-a em posição de submissão ao Estado para obter suas conquistas.
( V ) O decreto reconhece que as comunidades quilombolas são remanescentes dos
quilombos com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resis-
tência à opressão histórica sofrida.

A sequência de afirmativas que expressa corretamente as informações fornecidas é:


a) V, V, V, V, V.
1º é falso porque o decreto trata de terras quilombolas e não indígenas.
b) F, F, F, F, F.
2º O decreto trata de terras Quilombolas, por isso é verdadeiro.
c) F, V, V, F, V. 3º O decreto pode ser visto como uma conquista histórica, já que reconhece terras
que tinham como origem os Quilombos.
d) V, F, V, F, V.
4º Esses decretos não inferiorizam a população afrodescendente, mas garan-
tem direitos de ocuparem terras historicamente pertencentes aos descentes
de escravizados.
5º O decreto presume que os descendentes de escravizados têm o direito de ocu-
par as terras que seus antepassados ocuparam.

43
Aprofundando

1 (ENEM 2012)
Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antes dos europeus,
foram os próprios africanos trazidos como escravizados. E esta descoberta não se res-
tringia apenas ao reino linguístico, estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive
à da religião. Há razões para pensar que os africanos, quando misturados e transpor-
tados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência entre si de elos culturais
mais profundos.
SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP, n. 12, dez./jan./fev.
1991-92. (adaptado)

Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes partes da


África, a instituição da escravidão no Brasil tornou possível a:
a) formação de uma identidade cultural afro-brasileira.
b) superação de aspectos culturais africanos por antigas tradições europeias.
c) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.
d) resistência à incorporação de elementos culturais indígenas.

O texto menciona que os africanos, ao serem misturados e transportados para o Brasil como escravos,
perceberam elos culturais profundos entre si. Nesse sentido, a instituição da escravidão forçou o encon-
tro entre africanos de diversas etnias, e o contato contínuo entre eles favoreceu a troca e a ressignifica-
ção de elementos culturais, emergindo, dessa forma, uma identidade cultural afro-brasileira.

44
10
AULA
A IMPRENSA NEGRA
NO BRASIL

Resumo

A imprensa negra no Brasil completa 191 anos em 14 de setembro, comemorando


uma trajetória de resistência e reivindicações iniciada em 1833 com o jornal O Homem de
Cor, no Rio de Janeiro. Esse foi o primeiro periódico protagonizado e direcionado para a
população negra, marcando o início de uma luta pela visibilidade e pelos direitos civis e
sociais. Desde então, a imprensa negra se consolidou como uma importante plataforma
política de questionamento do Estado e exigência de direitos, multiplicando-se em veícu-
los e abrangendo várias regiões do país. Em São Paulo, jornais como O Menelick (1915),
Clarim d’Alvorada (1924) e A Voz da Raça (1933) ganharam destaque, o último sendo o
órgão oficial da Frente Negra Brasileira (1931-1937), a principal organização negra do perí-
odo. No Rio Grande do Sul, surgiram A Alvorada (1907-1965) e A Revolta (1925); em Minas
Gerais, circularam A Verdade (1904) e Raça (1935).

45
REPRODUÇÃO/FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL

Página do jornal O Homem de Cor, fundado por Francisco de Paula Brito, pioneiro
da imprensa negra, de 14 de setembro de 1833

46
AULA 10
Na prática

Atividade 1

Em duplas, vamos desenvolver habilidades de interpretação de fontes primárias,


análise de textos jornalísticos e construção de narrativas históricas por meio da análise
de jornais da imprensa negra. Ao explorarmos esses documentos, compreenderemos
o papel fundamental da imprensa negra na luta contra o racismo e na valorização da
identidade afro-brasileira.

Fonte I Fonte II Fonte III


O Menelik 1915 O Clarim da Alvorada 1924 A Voz da Raça 1933

Fonte I
O Menelik 1915

REPRODUÇÃO/FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL

Edição do dia 17 de outubro de 1915 do jornal O Menelik.


Em sua descrição, abaixo do título, lê-se: “Orgam mensal, noticioso,
literário e crítico dedicado aos homens de cor”

47
Qual é o título completo do periódico? Qual é a data de publicação desse exemplar
(informe o dia, mês e ano)? Quem era o redator-chefe e o secretário do jornal?
O título completo do periódico é O Menelick. Esse exemplar foi publicado em 1º de janeiro de 1916. O

redator-chefe era Deocleciano Nascimento e o secretário era Geralcino de Souza.

Qual é o propósito de O Menelick ao se autodenominar como "órgão mensal, noticioso,


literário e crítico dedicado aos homens de cor"?

Ao se autodenominar como "órgão mensal, noticioso, literário e crítico dedicado aos homens de cor", O

Menelick demonstrava seu propósito de ser uma publicação periódica (mensal) que abordaria notícias,

literatura e crítica, com o objetivo de atender e representar os interesses da comunidade negra.

Você sabe que Menelik II era um imperador africano que venceu uma grande batalha
contra os colonizadores europeus. Por quais motivos você acredita que os criadores
do jornal escolheram esse nome para o periódico?

Os criadores do jornal O Menelik escolheram esse nome para simbolizar a resistência e a luta

por liberdade.

Quais eram os temas e gêneros textuais abordados pelo jornal, como sugerido
pelo conteúdo visível na fonte? Qual a importância da diversidade de conteúdo
para o público leitor?

Com base no conteúdo visível, podemos inferir que o jornal O Menelick abordava temas relacionados à

cultura, literatura e política da comunidade negra. Os gêneros textuais provavelmente incluíam notícias,

artigos de opinião, poemas e contos. A diversidade de conteúdo era importante para atender aos diferen-

tes interesses dos leitores e fortalecer o senso de comunidade. Ao oferecer uma variedade de textos, o

jornal contribuía para a formação cultural e política da comunidade negra, além de promover o debate e a

reflexão sobre questões relevantes para a época.

48
AULA 10
Fonte II
O Clarim da Alvorada, 1924

REPRODUÇÃO/FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL

O Clarim da Alvorada foi um dos mais importantes jornais da história imprensa negra
brasileira. Inicialmente intitulava-se apenas O Clarim. Em maio do mesmo ano já apare-
cia com o nome O Clarim d'Alvorada, e em 1925 a grafia surge em sua forma moderna

49
O jornal O Clarim d'Alvorada foi um importante veículo de comunicação da comuni-
dade negra no Brasil. Analisando a imagem da primeira página, responda:
Quais os dois principais títulos de artigos que você identifica?

"Maldade ou mal entendido" e "A cor e a guarda civil".

Qual desses títulos mais chama sua atenção e por quê? O que você imagina que o
artigo aborda?
Resposta pessoal, mas deve demonstrar a relação entre a polícia e a população negra, demonstrando a

discriminação sofria por eles.

Na primeira página do jornal O Clarim d'Alvorada encontramos a seguinte frase: "Este


jornal que é uma vergontea (renovo) de esperança da raça, continua a alimentar a
nossa fé robusta, em torno da realização do primeiro congresso da mocidade negra
brasileira". A partir dessa frase, responda:
Qual a importância do jornal para a comunidade negra da época?

O jornal era uma ferramenta essencial para a mobilização e conscientização da comunidade negra, ser-

vindo como voz para suas demandas e aspirações.

Que sentimentos e expectativas essa frase evoca nos leitores?

A frase evoca sentimentos de esperança e determinação apesar das dificuldades. Sugere que a comuni-

dade negra, mesmo diante dos desafios, mantém a fé na luta por seus direitos.

50
AULA 10
O que o termo "vergontea (renovo) de esperança" revela sobre a situação da popula-
ção negra no Brasil naquela época?
O termo revela a complexidade da experiência negra, marcada por momentos de esperança e desilusão.

A "vergontea (renovo) de esperança" indica a existência de obstáculos e desafios significativos, mas tam-

bém a persistência da luta por um futuro melhor.

Como a ideia do "primeiro congresso da mocidade negra brasileira" se relaciona com a


luta por direitos civis?

O congresso representava um marco importante na luta por direitos civis, demonstrando a união e a

organização da juventude negra. Era um espaço para discutir estratégias e fortalecer a luta por igualdade

e justiça.

Fonte III
A Voz da Raça, 1933

51
Analisando a capa do jornal A Voz da Raça, identifique:
O título do jornal e seu significado:
A Voz da Raça indica que o jornal era um veículo de comunicação que representava e dava voz à

comunidade negra.

A periodicidade do jornal (mensal, semanal etc.):


O jornal era "Mensário Independente", ou seja, era publicado mensalmente e não estava vinculado a

nenhum partido político ou grupo específico.

A cidade de publicação:
São Paulo.

O ano e o número da edição:


Julho de 1937, número 87.

Quais os principais temas abordados pelo jornal A Voz da Raça, com base nas
informações disponíveis?
Direitos da população negra e notícias cujo foco pricipal era a população negra.

Qual a relação entre o jornal A Voz da Raça e outros movimentos sociais da época?
O jornal A Voz da Raça foi um importante veículo de comunicação da comunidade negra no Brasil, fun-

dado em 18 de março de 1933 pela Frente Negra Brasileira (FNB).

Atividade 2

Crie um jornal atual sobre as questões da população negra, inspirando-se em jornais


históricos como os analisados.

• Elabore manchetes e chamadas que chamem a atenção para as principais ques-


tões raciais do momento.
• Produza artigos, entrevistas, reportagens e outros materiais que informem, edu-
quem e sensibilizem a população sobre a importância da luta antirracista.
• Utilize o modelo presente aqui para pensar neste jornal.

52
AULA 10
Capa de jornal – Imprensa Negra

Título do jornal

Digite a data de publicação aqui

Digite o título aqui

Insira uma imagem aqui

Digite o texto ou Digite o texto ou


insira a imagem aqui insira a imagem aqui

Digite o texto ou Digite o texto ou Digite o texto ou Digite o texto ou


insira a insira a insira a insira a
imagem aqui imagem aqui imagem aqui imagem aqui

Modelo de capa de jornal para releitura dos jornais analisados

Atividade em equipe. Espera-se que os estudantes utilizem a criatividade


e o senso crítico nas suas produções.

53
1. A imprensa negra influenciou a mobilização política e a conscientização da
população afro-brasileira, por publicar em suas páginas casos recorrentes de dis-
criminação racial contra a comunidade negra, além dos abusos de poder e prisões
Aprofundando arbitrárias realizadas pelos representantes do Estado republicano.
A imprensa negra também fortaleceu a identidade negra ao oferecer páginas nos
jornais para que a cultura negra tivesse espaço de expressão.

1 Leia o texto a seguir e responda: 2 Leia o texto a seguir e responda:


A imprensa negra no Brasil foi rele- Durante o século XX, a imprensa negra
vante na luta por direitos e na promoção da no Brasil, através de periódicos como
identidade afro-brasileira durante o século O Clarim d’Alvorada e A Voz da Raça, teve
XX. Publicações como O Menelik e A Voz da um impacto significativo na sociedade.
Raça denunciavam a discriminação racial e Além de informarem, eles também educa-
também promoviam a cultura e a educação vam a população afro-brasileira sobre seus
da população negra. Elas surgiram em um direitos e a importância da resistência con-
contexto histórico marcado por intensas tra o racismo. A imprensa negra também
lutas sociais, no qual o racismo e a exclu- serviu como plataforma para promoção da
são ainda eram práticas comuns. Em um cultura afro-brasileira e articulação de mo-
período em que os meios de comunicação vimentos sociais que buscavam a inclusão
tradicionais muitas vezes ignoravam ou e a igualdade racial. Com as suas publica-
estereotipavam a comunidade negra, a im- ções, esses jornais se tornaram verdadeiros
prensa negra se tornou uma ferramenta de instrumentos de luta, unindo a comunidade
resistência e mobilização. negra em torno de causas comuns e forta-
lecendo sua participação política.
De que maneira a imprensa negra
influenciou a conscientização e a mo- Qual foi o principal impacto da im-
bilização política da população afro- prensa negra na sociedade brasileira
-brasileira durante o século XX? durante o século XX?
a) Ao promover apenas even- a) Estabelecer um diálogo permanente
tos culturais e artísticos sem com as elites políticas brasileiras.
engajamento político. b) Promover a exclusão da população
b) Ao denunciar as injustiças raciais e negra do cenário cultural e político.
incentivar a organização e a luta por c) Fortalecer a identidade negra e
direitos. mobilizar a luta por direitos civis
c) Ao atuar só como veículo de entrete- e sociais.
nimento para a comunidade negra. d) Restringir a publicação de notícias
d) Ao publicar matérias focadas na elite exclusivamente ao entretenimento.
branca e suas atividades políticas. e) Consolidar a segregação racial ao
e) Ao realizar eventos de lazer e diver- focar apenas temas controversos.
são para as pessoas esquecerem do 2. A existência de periódicos que divulgavam as ativida-
des e os eventos da comunidade negra, denunciavam
racismo estrutural. casos de racismo e publicavam autoras e autores negros
foi fundamental para fortalecer a identidade cultural
54 da população afro-brasileira e mobilizar a comunidade
negra para a luta por direitos civis e sociais.
11
AULA MOBILIZAÇÕES SOCIAIS
NEGRAS NO BRASIL
REPUBLICANO

Resumo

As mobilizações sociais negras no Brasil republicano foram importantes na


construção da identidade nacional e na luta por direitos e reconhecimento, em
um contexto de exclusão racial. Após a abolição da escravidão, esses movimentos
passaram a desafiar as estruturas de poder e promover uma sociedade mais justa
e igualitária. Figuras históricas, como André Rebouças, e grupos culturais, como os
Oito Batutas, exemplificam a resistência e a contribuição significativa da comuni-
dade negra para a cultura e os direitos civis no Brasil. A resistência cultural, espe-
cialmente no cenário artístico, contribuiu para a afirmação da identidade negra e
para a transformação social, ajudando a moldar o Brasil contemporâneo.

Na prática

Atividade 1

Vamos nos organizar em pares, conforme orientação do professor.

O tema da discussão é a importância de André Rebouças no movimento aboli-


cionista e sua luta por justiça social. Cada dupla irá discutir esse tema durante os
próximos minutos.

55
André Rebouças foi um dos líderes do movimento abo-
licionista, tendo participado da criação de diversas organi-
zações, como a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão,
a Confederação Abolicionista e a Sociedade Central
de Imigração.
Suas ideias eram avançadas para o período. Ele de-
fendia que simplesmente libertar a população escravizada,
sem que houvesse nenhum tipo de reparação, não surtiria
grande efeito. Para ele, a "escravidão não está no nome
e sim no fato de usufruir do trabalho de miseráveis sem
pagar salário ou pagando apenas o estrito necessário para
não morrer de fome […] Aviltar e minimizar o salário é
reescravizar" […].
André defendia que o Brasil pós-abolição implantasse
o que ele chamava de democracia rural – que as terras
improdutivas dos grandes proprietários fossem reparti-
das e doadas às populações de ex-escravizados. As ideias
progressistas de André Rebouças encontraram resistência
entre os grandes proprietários de terra que jamais aceita-
riam perder, além da mão de obra, as terras.

CAMARA DOS DEPUTADOS. André Rebouças, um abolicionista à frente


de seu tempo, 11 maio 2021. Plenarinho. Disponível em: https://plenarinho.
leg.br/index.php/2021/05/andre-reboucas-um-abolicionista-frente-de-seu-
tempo/. Acesso em: 17 set. 2024.

Cada aluno deve compartilhar suas ideias com seu parceiro, garantindo que ambos
tenham a oportunidade de falar, ouvir e fazer perguntas um ao outro.

Para essa discussão em dupla, siga o seguinte roteiro:


• Qual foi o papel de André Rebouças no movimento abolicionista e como sua traje-
tória pessoal influenciou sua atuação?
• Quais foram os principais desafios enfrentados por Rebouças durante e após o
movimento abolicionista, e como ele buscou contribuir para a inclusão dos ex-es-
cravizados na sociedade?
• De que forma o trabalho de André Rebouças é relevante para as questões de inclu-
são social e racial nos dias de hoje?

56
AULA 11
André Rebouças foi um abolicionista que lutou pelo fim da escravidão e pela inclusão social dos ex-es-

cravizados. Apresentou a importância do acesso à terra para o desenvolvimento da população negra no

Brasil pós-abolição.

Os levantamentos de Rebouças no final do século XIX são reflexões importantes para o debate de inclu-

são social e racial até os dias atuais, já que a luta por justiça social e a inserção do negro na sociedade

ainda não acabou.

Nesse longo processo, o movimento negro lutou pela inclusão


Aprofundando dos negros no mercado de trabalho formal desde o início da
República e, ao longo das décadas seguintes, reivindicou a
criação de políticas de ações afirmativas.

1 No final do século XIX, o Brasil passou por profundas transformações políticas


e sociais. A abolição da escravidão, em 1888, foi um marco importante, mas dei-
xou muitas questões sociais sem resolução. Qual das alternativas abaixo melhor
representa uma das principais contribuições das mobilizações sociais negras no
Brasil republicano?
a) Promoveram o retorno dos negros ao continente africano como forma de
resistência cultural.
b) Lutaram pela inclusão dos negros no mercado de trabalho formal e pela criação de
políticas de ações afirmativas.
c) Contribuíram para a criação de um sistema de ensino público exclusivo para a
população negra.
d) Estabeleceram alianças com partidos conservadores para manter a ordem
social estabelecida.
e) Definiram a segregação racial como forma de preservar as tradições
culturais afro-brasileiras.

57
2 A resistência cultural sempre foi uma importante forma de luta para a popu-
lação negra no Brasil, especialmente após a abolição da escravidão. Figuras
como Grande Otelo e grupos como os Oito Batutas contribuíram para a pre-
servação e promoção da cultura afro-brasileira. Grande Otelo, com seu talento
no cinema, no teatro e na televisão, desafiou estereótipos raciais e contribuiu
para a valorização da representatividade negra nas artes. De que maneira a
atuação de Grande Otelo e de outros artistas negros no cenário cultural brasi-
leiro contribuiu para a transformação social no país?
a) Ao restringirem suas atuações a produções de comédia, tais artistas mantive-
ram o status quo racial.
b) Ao promoverem o isolamento cultural das comunidades negras, esses artistas
evitaram a mistura de influências culturais.
c) Ao recusarem-se a participar de produções artísticas de grande escala, os
artistas negros reforçaram a segregação cultural.
d) Ao se destacarem em áreas tradicionalmente dominadas por brancos,
esses artistas quebraram barreiras raciais e abriram espaço para maior
representatividade negra.
e) Ao focarem exclusivamente a arte erudita, os artistas negros brasileiros afasta-
ram-se das raízes culturais afro-brasileiras.
As manifestações culturais de resistência da população negra desde o início da escravização
no Brasil Colônia ganharam uma nova dimensão no período republicano pós-abolição.
Figuras como Grande Otelo nas artes cênicas e grupos musicais como os Oito Batutas
quebraram barreiras raciais e fortaleceram a representatividade negra.

58
12
AULA LEGADO AFRO-BRASILEIRO
NA ECONOMIA, POLÍTICA
E SOCIEDADE

Resumo

Práticas, políticas e normas sociais Exclusão de grupos raciais de


que perpetuam desigualdades raciais. espaços de poder e decisão.
Impacto
Estigmatização de determinados social Acesso desigual a
Não se limita a atos isolados de empregos e salários.
grupos na sociedade.
discriminação – é um sistema
integrado.
Ciclos de pobreza
perpetuados por
DEFINIÇÃO EFEITOS discriminação
sistêmica.

Impacto
RACISMO econômico
Desproporcionalidade nas ESTRUTURAL
prisões e condenações. Sistema
Disparidades na judicial
aplicação da lei.
COMBATE
EXEMPLOS
Políticas
Discriminção racial em públicas
processos de recrutamento. Ativismo
Mercado Educação e Necessidade de
Diferenças de salários de trabalho Papel de organizações conscientização políticas inclusivas
e oportunidades. não governamentais e e afirmativas.
movimentos sociais. Importância da
educação sobre grupos Implementação de
Advocacia por raciais e racismo. programas
Desigualdade no acesso a
mudanças nas leis e voltados para a
recursos educacionais. Campanhas de
Educação práticas institucionais. equidade racial.
Diferenças nas taxas de conclusão conscientização para
escolar entre grupos raciais. promover a inclusão.

59
O legado afro-brasileiro permitiu reconhecer as significativas contribuições dos afro-
-brasileiros na construção de nosso país. Além disso, o conceito de racismo estrutural
é imprescindível para entender como a ideia de "democracia racial", que foi promovida
como uma suposta harmonia entre raças, mas contribuiu para invisibilizar as desigual-
dades raciais e as dificuldades enfrentadas pela população negra em vários setores da
sociedade. A fim de corrigir esses entraves, os negros se mobilizaram e lutaram ao longo
do tempo para que o governo promovesse políticas afirmativas como forma de corrigir
desigualdades, fruto de nosso passado escravocrata. No entanto, mesmo diante dessas
conquistas, a população afrodescendente ainda enfrenta desafios para que mudanças
efetivas ocorram e o racismo seja algo definitivamente superado.

Na prática

Atividade 1

Kabengele Munanga e o racismo no Brasil


A partir da leitura do texto do prof. Kabengele Munanga, reflita e responda:

[...] Nada foi feito, pois o negro liberto foi abandonado à sua própria sorte e as
desigualdades herdadas da escravidão se aprofundaram diante de um racismo sui
generis encoberto pela ideologia de democracia racial. Trata-se de um quadro de
desigualdades raciais acumuladas nos últimos mais de trezentos anos que nenhuma
política seria capaz de aniquilar em apenas duas ou três décadas de experiência de
políticas afirmativas. Por isso, a invisibilidade do negro, ou melhor, sua sub-representa-
ção em diversos setores da vida nacional [...]
MUNANGA, K. O 20 de novembro e o negro no Brasil de hoje. Jornal da USP, 14 nov. 2018.

1 Como a ideia de “democracia racial” contribuiu para a manutenção das desigual-


dades raciais e para a invisibilidade do negro na sociedade brasileira?

Os alunos devem reconhecer que a ideia de “democracia racial” no Brasil foi utilizada para promo-

ver a imagem de uma sociedade igualitária, em que o racismo não existiria de forma significativa.

Essa ideologia, no entanto, encobriu as profundas desigualdades raciais, ao negar ou minimizar o

racismo sistêmico e estrutural. Espera-se que os alunos identifiquem como essa falsa noção contri-

60
AULA 12
buiu para a sub-representação e a invisibilidade dos negros na política, na educação e no mercado

de trabalho.

2 De que maneira as políticas afirmativas têm buscado enfrentar as desigualdades


raciais acumuladas ao longo dos séculos, e por que elas não conseguem sanar
completamente o problema em curto prazo?

Os alunos devem compreender que as políticas afirmativas, assim como as cotas raciais em univer-
sidades e os programas de inclusão social, têm o objetivo de corrigir as desigualdades históricas e
oferecer oportunidades mais equitativas para a população negra. No entanto, espera-se que eles
reconheçam que essas políticas apresentam limitações, devido ao longo período de acúmulo de
desigualdades, que não podem ser revertidas em poucas décadas. Eles podem apontar que a trans-
formação de estruturas sociais e econômicas exige tempo e esforço contínuo para que mudanças
significativas sejam alcançadas, o que explica a persistência das desigualdades.

Atividade 2

Analise o gráfico a seguir e responda:

ADAPTAÇÃO/IPEA

Gráfico com dados levantados pelo projeto “Retratos das desigualdades de gênero
e raça”, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea)

61
1 Considerando o gráfico que mostra o rendimento mensal domiciliar per capita no
Brasil, entre 1995 e 2015, segundo cor/raça, é possível dizer que existe uma dife-
rença entre negros e brancos nesse sentido?

Existem diferenças consideráveis entre os rendimentos mensais domiciliares per capita, considerando

os grupos de cor/raça, ao longo do período de 1995 a 2015. A média para a população branca é supe-

rior à da população negra em todos os anos analisados. Essa disparidade sugere uma desigualdade

persistente nos padrões de renda entre brancos e negros no Brasil durante essas duas décadas.

2 Depois da sua análise, é possível dizer que essa diferença de rendimento está atre-
lada ao racismo?

Os dados apresentados indicam uma discrepância no rendimento mensal domiciliar per capita entre

brancos e negros no Brasil, de 1995 a 2015. A média de rendimento para a população branca é mais

alta do que para a população negra ao longo do período. Essa diferença de rendimento está relacio-

nada a fatores como discriminação racial, falta de oportunidades igualitárias no mercado de trabalho

e acesso desigual à educação. O racismo estrutural é uma das explicações para essa disparidade.

Aprofundando

1 O conceito de racismo estrutural, desenvolvido por pensadores como Silvio


Almeida, descreve um fenômeno em que as práticas e estruturas sociais perpe-
tuam desigualdades raciais de maneira sistêmica e profunda. No Brasil, a ideologia
da democracia racial foi amplamente difundida ao longo do século XX, promo-
vendo a ideia de que não haveria racismo no país devido à miscigenação e à
convivência pacífica entre diferentes grupos étnicos. Como o conceito de racismo
estrutural pode ser observado na formação e nas condições socioeconômicas
das favelas no Brasil?
A abolição sem políticas públicas compensatórias para a população negra, vítima por séculos
de escravidão, gerou intensa desigualdade social e racial no Brasil. As favelas, de modo geral,
representam esse espaço de exclusão, com ausência de infraestrutura, instituições educacionais
adequadas e pensadas para a população.
62
AULA 12
a) A formação das favelas reflete a livre escolha da população negra por estilos de
vida mais simples e autônomos.
b) As condições socioeconômicas das favelas resultam exclusivamente da falta de
políticas de controle de natalidade e imigração.
c) A presença de negros nas favelas é uma evidência de que não existe racismo no
Brasil, já que eles podem morar onde quiserem.
d) As favelas representam a miscigenação bem-sucedida entre brancos e negros no
Brasil, demonstrando a igualdade racial.
e) O racismo estrutural se manifesta nas favelas por meio da falta de acesso a servi-
ços básicos e oportunidades econômicas, perpetuando as desigualdades herdadas
da escravidão.

2 Desde a abolição da escravidão em 1888, a população negra no Brasil enfrenta


desafios relacionados à exclusão social e econômica, agravados pela falta de
políticas públicas eficazes para integrar os ex-escravizados na sociedade. O mito
da democracia racial, construído ao longo do século XX, contribuiu para ocultar
essas desigualdades, promovendo a falsa ideia de que o Brasil era uma sociedade
livre de preconceitos raciais. Qual das alternativas a seguir explica melhor a rela-
ção entre a ideologia da democracia racial e a perpetuação do racismo estrutural
no Brasil?
a) A ideologia da democracia racial promoveu a igualdade racial ao garantir oportuni-
dades iguais para todos os cidadãos, independentemente de sua cor.
b) A ideologia da democracia racial ajudou a perpetuar o racismo estrutural ao mas-
carar as desigualdades e negar a necessidade de políticas específicas para a
população negra.
c) A democracia racial evitou que o racismo se institucionalizasse no Brasil, resul-
tando em uma sociedade verdadeiramente igualitária.
d) A democracia racial foi responsável pela abolição da escravidão, eliminando todas
as formas de racismo no Brasil.
e) A ideologia da democracia racial reduziu as desigualdades raciais ao promover
políticas afirmativas em prol da população negra.
O longo processo de luta pelo fim da escravidão culminou com a abolição no dia 13 de maio de
1888; contudo, as condições sociais e econômicas que excluíam os afrodescendentes permanece-
ram, impedindo o acesso ao mínimo necessário para uma existência digna aos ex-escravizados.
Isso dificultou o desenvolvimento social e econômico dos afrodescendentes. A ideologia da “demo-
cracia racial” serviu para manter a questão negra como invisível, perpetuando o racismo estrutural
até os dias atuais.

63
13
AULA
A QUESTÃO INDÍGENA NA
PRIMEIRA REPÚBLICA

Resumo

Durante a Primeira República, a questão indígena no Brasil foi marcada por impor-
tantes mudanças nas políticas governamentais, com destaque para a criação do Serviço
de Proteção aos Índios (SPI) em 1910. Esse órgão foi instituído com o objetivo de prestar
assistência aos povos indígenas, enfrentando desafios relacionados à ocupação de áreas
rurais e à proteção dos direitos territoriais indígenas, em um contexto de crescente inte-
gração e exploração dos seus territórios. O SPI também foi alvo de críticas, especialmente
por adotar práticas de tutoria na pacificação das comunidades indígenas. A atuação de
Marechal Rondon se destacou durante esse período, sendo lembrado por sua abordagem
humanitária na defesa dos direitos indígenas, em contraste com as práticas violentas
comuns na época.
A importância do SPI reside no impacto duradouro sobre as comunidades indíge-
nas e na contínua luta pelo reconhecimento e pela preservação de suas culturas e seus
direitos no Brasil. A Fundação Nacional do Índio (Funai), criada em 1967, é uma autarquia
ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, que é responsável por proteger e
promover os direitos dos povos indígenas, demarcar e proteger terras indígenas e mediar
conflitos envolvendo essas populações. A Funai também trabalha para preservar a cultura
indígena, garantir o acesso à saúde e à educação, apoiando o desenvolvimento susten-
tável nas comunidades. Além disso, representa os povos indígenas junto ao governo e à
sociedade, assegurando seus direitos conforme a Constituição e a Declaração da ONU.

64
AULA 13
Na prática

Atividade 1

Leia o texto abaixo e responda às questões sobre Marechal Rondon.

Rondon e a política indigenista no século XX

Está escrito com letras a ouro no livro Da missão original, foram construídos
de visitantes da Sociedade de Geografia seis mil quilômetros de linhas telegráficas,
de Nova York: “Rondon – O homem que responsáveis por integrar a Amazônia às
mais se adentrou em terras tropicais onde demais regiões do Brasil. Tão importante
foi também descobridor.” A homenagem quanto a integração nacional foi o contato
é um reconhecimento, segundo a institui- com os indígenas da região, a compreen-
ção, a um dos cinco maiores exploradores são das culturas e o estabelecimento da
do mundo. convivência entre os povos.
Ao aceitar a tarefa que o governo Por intermédio de Rondon foi criado,
havia lhe confiado, em 1900, de construir em 1910, o Serviço Nacional de Proteção ao
a infra-estrutura de telégrafo que cobriria Índio, do qual viria a ser diretor. Em 1952,
de Mato Grosso e Amazonas, o mare- Rondon apresentou a Getúlio Vargas o
chal Cândido Mariano da Silva Rondon projeto de criação do Parque Nacional do
(1865-1958) acabou por realizar diversas Xingu, que viria a ser implementado no go-
ações e com elas ser reconhecido como verno do então presidente Jânio Quadros,
importante expedicionário. sob a direção dos irmãos Villas Boas. O
Museu do Índio foi também uma inspiração
de Rondon.
Assessoria de Comunicação do CEDEM. Rondon e a política indigenista no século XX. CEDEM, 17 jun. 2019.
Disponível em: https://www.cedem.unesp.br/#!/ noticia/367/rondon-e-a-politica-indigenista-no-seculo-xx/.
Acesso em: 11 nov. 2024. Adaptado.

1 Como ocorreu o encontro de Rondon com os povos indígenas?


O encontro de Rondon com os povos indígenas ocorreu devido à missão de construir seis mil quilô-

metros de linhas telegráficas, responsáveis pela integração da Amazônia às demais regiões. Devido

a isso, a integração nacional foi o contato com os indígenas da região, estabelecendo convivência e

compreensão com os povos autóctones.

65
2 Crie um título diferente para o texto e justifique a escolha.

É importante que o título demonstre o papel de Rondon e como ele tornou-se uma figura simbólica

nos primeiros tempos de república.

3 Crie uma frase que resuma o texto.


Resposta pessoal, mas é importante que demonstre como Rondon se relacionava com os indíge-

nas de forma pacífica e o fato dele transpor vários locais, permitindo que tivesse contando com

várias tribos.

4 Cite pelo menos três criações de Rondon em relação à política de valorização


dos indígenas.
1ª Criação do Serviço Nacional de Proteção ao índio;

2a Projeto de criação do Parque Nacional do Xingu;

3a Museu do Índio, inspirado nas ideias de Rondon.

5 Faça uma reflexão crítica sobre a relação de Rondon com os indígenas, demonstrando os
avanços e limites dessa relação.

Embora a ação de Rondon possa ser considerada positiva no relacionamento com os indígenas, é

importante destacar que essa visão tende a ver os indígenas como povos que precisam de tutoria e

que não são protagonistas de suas próprias vidas. No entanto, mesmo com essas limitações, a rela-

ção que Rondon teve com os povos foi positiva em diversos aspectos, principalmente por respeitar a

cultura e diversidade encontradas.

66
AULA 13
O surgimento de organizações indígenas que se manifestam em
Aprofundando defesa de seus interesses, juntamente com uma política de auto-
afirmação, tem contribuído para o crescimento e fortalecimento
dessas comunidades na atualidade. Essas organizações contribuem
com a luta pelos direitos territoriais, culturais e sociais dos povos
indígenas, ajudando a preservar suas tradições e identidades em
1 (UEFS 2010) um contexto de constante pressão e desafios.

Ao reconhecer a terra indígena Raposa Serra do Sol, situada em Roraima, [...], o


Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu 19 condições que podem criar um cenário
preocupante para os índios da região e para futuros casos de demarcação e homologa-
ção de terras indígenas. Uma delas prevê que os índios não precisariam ser consultados
pela União caso haja interesse do usufruto das riquezas naturais. Essa determinação é
conflitante com as normas da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), que o Brasil ratificou. Quando o país aceita as proposições de acordos e trata-
dos internacionais, consequentemente incorpora na sua legislação as recomendações
desses documentos. Entre as normas da OIT, está estabelecido que os índios devem ser
consultados antes que seja feita a exploração das riquezas de onde vivem. [...]
Para Ana Valéria Araújo, advogada e coordenadora-executiva do Fundo Brasil de
Direitos Humanos, o Supremo Tribunal Federal extrapolou o seu poder e criou leis que
deveriam ter sido discutidas no âmbito do poder legislativo. “Neste caso, o Supremo
atropelou a competência do Congresso Nacional”, considera. A advogada ressalta que é
no Congresso que os diversos setores da sociedade podem debater e defender os seus
interesses e a lei representa o resultado dessa discussão. “O STF não foi eleito e ele não
foi delegado pela sociedade para legislar. O que aconteceu é grave”, avalia.
Disponível em: https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=105036.

A questão indígena, como relatada no texto, tem adquirido maior atenção da so-
ciedade internacional, especificamente a questão indígena brasileira, a partir da
ampliação do modelo de desenvolvimento sustentável. Em relação às questões
indígenas, ao longo da história do país, pode-se afirmar:
a) a unidade étnica, linguística e cultural dos povos indígenas brasileiros contribuiu
para a sua rápida dizimação pelo colonizador.
b) a não adaptabilidade dos índios aos trabalhos escravo e compulsório, sua in-
dolência e aversão ao trabalho contribuíram para a sua substituição pelo
africano escravizado.
c) o surgimento de organizações indígenas que têm se manifestado em defesa de
seus interesses, associadas a uma política de autoafirmação, tem contribuído para
o crescimento vegetativo desses povos na atualidade.

67
d) as reformas estabelecidas pelo Marquês de Pombal, no período colonial, contrá-
rias à urbanização e ao povoamento do Brasil, contribuíram para a destruição das
comunidades indígenas.
e) a Constituição de 1988 inviabilizou a defesa das terras indígenas ao estender aos
quilombolas o direito de usufruírem das propriedades que originalmente eram pri-
vativas das famílias dos chefes indígenas.

2 (UFGD 2018)
[...] A partir da expulsão dos jesuítas por Pombal, em 1759, e sobretudo a partir da
chegada de d. João VI ao Brasil, em 1808, a política indigenista viu sua arena reduzida e
sua natureza modificada: não havia mais vozes dissonantes quando se tratava de es-
cravizar índios e de ocupar suas terras. A partir de meados do século XIX, com efeito a
cobiça se desloca do trabalho para as terras indígenas. Um século mais tarde, deslocar-
-se-á novamente: do solo, passará para o subsolo indígena.
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Introdução a uma História Indígena. In: __ (org.). História dos índios no Brasil.
São Paulo: Cia das Letras, 1992. p. 16.

Ao analisar a relação do Estado com os povos indígenas no Brasil, a antropóloga


Manuela Carneiro da Cunha afirma a respeito da política indigenista brasileira,
abrangendo desde o período colonial até a atualidade, é correto afirmar que:
a) no Brasil, indígenas nunca foram escravizados.
b) as terras dos povos indígenas não foram objeto de esbulho por parte
dos colonizadores.
c) a Constituição Federal de 1988 abandonou as metas do indigenismo assi-
milacionista e reconheceu o direito originário sobre as terras de ocupação
tradicional indígena.
d) a mineração e a exploração de hidroeletricidade em terras indígenas amazônicas
proporcionam muitos benefícios aos povos indígenas afetados, inclusive no que diz
respeito à preservação da biodiversidade.
e) as terras indígenas passaram a ser protegidas pelo direito constitucional brasileiro
a partir de 1988.
Antes da Constituição de 1988, as políticas indigenistas eram amplamente baseadas no indigenismo
assimilacionista, que visava integrar os povos indígenas à sociedade nacional, muitas vezes à custa de
suas culturas e seus modos de vida tradicionais. No entanto, a Constituição de 1988 marcou um ponto
de virada ao reconhecer o direito originário dos povos indígenas às suas terras de ocupação tradicional,
estabelecendo que esses direitos são anteriores ao próprio Estado brasileiro.

68
14
AULA MOBILIZAÇÕES SOCIAIS
INDÍGENAS NO BRASIL
REPUBLICANO

Resumo

Na virada do século XIX para o XX, a expansão agropecuária e mineral no Brasil gerou
conflitos entre indígenas, fazendeiros, mineradores e empresas. Esses grupos buscavam
tomar territórios tradicionais indígenas, o que causou conflitos, mortes e perdas para
essas comunidades. Com isso, a expansão econômica no início da República ocorreu às
custas de terras e vidas indígenas.
Em 1910, o Serviço de Proteção aos Índios – SPI foi criado com o argumento de pro-
teger os indígenas, mas suas políticas criaram reservas que isolaram comunidades, limita-
ram suas tradições e tutelavam os povos originários. Essas ações do SPI foram criticadas
pela perda de autonomia dos povos indígenas e pelos processos de discriminação e assi-
milação cultural que ocasionaram. O SPI dizia querer integrar os indígenas à sociedade e
garantir sua sobrevivência econômica. No entanto, na prática, seguiu um modelo assimi-
lacionista, buscando que os indígenas adotassem hábitos considerados “civilizados”.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas – Funai foi criada para substituir o SPI,
que enfrentava diversas críticas por problemas de corrupção e ineficiência. A Funai é o
órgão do governo brasileiro responsável pela proteção e promoção dos direitos dos povos
indígenas no Brasil.
Foi através do movimento indígena, liderado pelos próprios povos originários e com
o apoio de não indígenas, que as reivindicações começaram a ser atendidas. Direitos his-
toricamente negados, como a posse das terras, os direitos à educação e à saúde passam
a ser paulatinamente conquistados.

69
Na prática

Atividade 1

Vamos analisar dois artigos da nossa Constituição e, a partir dos conhecimentos adquiri-
dos e dos questionamentos propostos, realizar uma discussão com os colegas de classe:

CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS
Art. 231 - São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocu-
pam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. [...]
Art. 232 - Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para in-
gressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público
em todos os atos do processo.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 6 set. 2024.

1 Pode-se dizer que o entendimento do Estado em relação aos indígenas mudou ao


longo do tempo? Como?

Sim, o entendimento do Estado brasileiro em relação aos povos indígenas mudou significativamente
ao longo do tempo. Historicamente, as políticas estatais, como o regime de tutela e o modelo inte-
gracionista, viam os indígenas como incapazes de gerir seus próprios destinos, o que justificava a
interferência direta do Estado em suas vidas e territórios. Essa visão tratava os indígenas como um
"problema" a ser resolvido, muitas vezes buscando sua assimilação à sociedade nacional, desrespei-
tando suas culturas e identidades.
Com a promulgação da Constituição de 1988, houve uma mudança significativa nessa perspectiva.
A Constituição reconheceu explicitamente os direitos originários dos povos indígenas sobre as terras
que tradicionalmente ocupam e garantiu sua organização social, seus costumes, línguas, crenças
e tradições. Além disso, os indígenas passaram a ser reconhecidos como sujeitos de direitos, com
autonomia para defender seus interesses. Essa mudança reflete um avanço na compreensão dos di-
reitos humanos e no reconhecimento da importância de preservar as culturas indígenas como parte
fundamental do patrimônio cultural brasileiro.

70
AULA 14
2 De que forma a Constituição de 1988 posiciona os indígenas na sociedade
brasileira contemporânea?
A Constituição de 1988 posiciona os povos indígenas como cidadãos plenos, reconhecendo e pro-

tegendo seus direitos e sua autonomia. Ela estabelece que é responsabilidade do Estado demarcar,

proteger e fazer respeitar as terras indígenas, garantindo que esses territórios sejam preservados e

que os indígenas possam manter seu modo de vida tradicional.

Além disso, a Constituição assegura que os povos indígenas têm o direito de defender seus próprios

interesses, tanto judicialmente quanto por meio de suas organizações, sem a necessidade de inter-

mediários. Isso representa um marco na luta pelos direitos indígenas, uma vez que lhes confere um

papel ativo na defesa de suas terras e culturas, além de reconhecer a importância de sua participa-

ção nas decisões que afetam suas vidas.

Aprofundando

1 (UERJ 2022 – Adaptada)


A 14ª Vara Federal de Minas Gerais condenou a União, a Fundação Nacional do
Índio (Funai) e o governo do estado por violações dos direitos humanos e civis do povo
indígena Krenak, que vive na região do Vale do Rio Doce.
Em 1972, durante a ditadura militar, homens, mulheres e crianças foram expulsos
de suas terras pelo governo e obrigados a viver confinados na Fazenda Guarani, per-
tencente à Polícia Militar, em Carmésia, a mais de 300 quilômetros de distância de suas
terras. A medida teve o objetivo de facilitar a ação de posseiros vizinhos, que tomaram
os mais de 4 mil hectares dos indígenas.
Adaptado de g1.globo.com, 15 de set. de 2021.

71
Diante do fragmento da reportagem do G1 como texto de apoio, podemos perceber que o intuito das
políticas na década de 1970 era a retirada dos povos originários de seu território, com o objetivo de apro-

A ação do governo brasileiro à época revela a seguinte postura diante de


conflitos rurais: priar suas terras. O acontecimento
relatado envolve o povo Krenak na
a) contenção violenta da reforma agrária. região do Rio Doce e a ocupação
por posseiros na década de 1970.
b) expropriação arbitrária da comunidade tradicional.
c) redistribuição autoritária da propriedade fundiária.
d) modernização conservadora da estrutura produtiva.

2 (UFRGS 2018 – Adaptada) Leia o segmento abaixo, do escritor indígena


Ailton Krenak.

Os fatos e a história recente dos últimos 500 anos têm indicado que o tempo desse
encontro entre as nossas culturas é um tempo que acontece e se repete todo dia. Não
houve um encontro entre as culturas dos povos do Ocidente e a cultura do continente
americano numa data e num tempo demarcado que pudéssemos chamar de 1500 ou de
1800. Estamos convivendo com esse contato desde sempre.
KRENAK, A. O eterno retorno do encontro. In: NOVAES, A. (org.). A outra margem do Ocidente. São Paulo:
Funarte, Companhia das Letras, 1999. p. 25.

Considerando a história indígena no Brasil, a principal ideia contida no segmento é:


a) negação da conquista europeia na América, em 1500.
b) continuidade histórica do contato cultural entre ocidentais e indígenas.
c) ausência de transformação social nas sociedades ameríndias.
d) estagnação social do continente sul-americano após a chegada dos europeus.

A partir do fragmento de Ailton Krenak, percebe-se que ao longo da história do país o contato entre os
ocidentais e os indígenas vem ocorrendo permanentemente. Isso pode ser observado na exploração
colonial do litoral, que envolveu a extração de pau-brasil e a economia açucareira; nas missões jesuíti-
cas no Sul e na região amazônica ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII; e, posteriormente, no período
do Império, com a expansão da economia cafeeira para o Oeste. Essa relação continua nos dias atu-
ais na Amazônia e em tantas outras regiões onde os povos originários buscam o reconhecimento de
seus direitos.

72
15
AULA
PROTAGONISMO FEMININO
NA PRIMEIRA REPÚBLICA

Resumo

O protagonismo feminino na Primeira República no Brasil foi marcado pela luta das
mulheres pelo direito ao voto e por sua participação na política. No final do século XIX e
início do século XX, as mulheres eram excluídas das eleições pela Constituição de 1891.
Isso levou às primeiras manifestações femininas a favor do direito de votar.
Nísia Floresta foi uma das primeiras a defender os direitos das mulheres no Brasil
e inspirou outras a lutar por seus direitos políticos. Esse movimento levou à criação de
grupos feministas, como a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), liderada
por Bertha Lutz.
Nas décadas de 1910 e 1920, o movimento feminista cresceu, com Bertha Lutz
organizando campanhas e debates sobre o voto feminino. Em 1932, durante o governo
de Getúlio Vargas, as mulheres finalmente conquistaram o direito de votar, embora com
algumas restrições no começo. Essa conquista foi um marco importante na história da
participação política das mulheres no Brasil.
Além disso, mulheres como Antonieta de Barros, Carlota Pereira de Queirós e Luzia
Alzira Teixeira Soriano foram pioneiras na política brasileira. Elas abriram caminho para
futuras gerações de mulheres na política, fortalecendo a luta pela igualdade de gênero
no país.

73
Na prática

Atividade 1

Divididos em grupos, escolham uma das mulheres citadas: Antonieta de Barros,


Bertha Lutz, Carlota Pereira de Queirós ou Luzia Alzira Teixeira Soriano. Construam
uma linha do tempo, marcando pelo menos três datas importantes e suas respectivas
conquistas. Utilize o texto de apoio para auxiliar na pesquisa.

Antonieta de Barros

• Foi uma jornalista, professora e política brasileira, sendo a primeira mulher negra a ser
eleita no Brasil e a assumir um mandato político.
• Fundou e dirigiu o jornal A Semana e a revista Vida Ilhoa, e escreveu o livro Farrapos
de ideias, em 1937.
• Em 1934, foi eleita deputada estadual, a primeira mulher e negra a assumir tal cargo.
• Autora do Projeto de Lei nº 145, de 12 de outubro de 1948, que determinou a data de
15 de outubro como o Dia do Professor, em Santa Catarina. Vinte anos depois, a data
seria oficializada no país inteiro.
• Seu nome foi inscrito no Livro de heróis da Pátria, em 2023.

Bertha Lutz

• Tornou-se secretária e pesquisadora do Museu Nacional do Rio de Janeiro, em 1919, e


chefiou o Departamento de Botânica até sua aposentadoria, em 1964.
• Ficou conhecida pelo seu ativismo pelo sufrágio feminino, que foi alcançado em 1932.
Foi eleita para a Câmara dos Deputados em 1934, mas teve o mandato interrompido
no Estado Novo.
• Representou o Brasil na Conferência das Nações Unidas, em 1945, participando
da elaboração da Carta da ONU; fundou a Liga para a Emancipação Intelectual da
Mulher, em 1919; e presidiu a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF)
até 1942.

74
AULA 15
Carlota Pereira de Queirós

• Participou ativamente na Revolução Constitucionalista de 1932, liderando um grupo


de 700 mulheres para garantir assistência aos feridos, e atuou de maneira significativa
na conquista do direito de voto feminino no Brasil.
• Representou o estado de São Paulo na Constituinte de 1933, destacando-se como a
voz feminina no Congresso Nacional, focando a defesa dos direitos da mulher e das
crianças, buscando melhorias educacionais.
• A Câmara dos Deputados instituiu em 2003 o prêmio "Diploma Mulher-Cidadã
Carlota Pereira de Queirós" em sua homenagem, dedicado a mulheres que contri-
buem para o exercício pleno da cidadania no Brasil.

Luzia Alzira Teixeira Soriano

• Foi a primeira mulher a ser eleita prefeita na América Latina e, mesmo enfrentando
ofensas misóginas durante a campanha, venceu a disputa em 1929, com mais de 60%
dos votos.
• Em 1928, durante uma reunião política, chamou a atenção de Bertha Lutz e Juvenal
Lamartine de Faria, que a convenceram a se candidatar à Prefeitura de Lajes.
• Recebeu o Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós em 2018, concedido
pela Câmara dos Deputados.
• O Jardim de Angicos adotou como feriado municipal o dia do nascimento de Alzira
Soriano. Hoje há também um museu em sua homenagem, assim como uma repre-
sentação no brasão e na bandeira municipais.

Trata-se de uma resposta pessoal, baseada numa linha do tempo feita pelo estudante, usando
a criatividade.
Espera-se que ele consiga seguir os comandos e criar uma linha do tempo com três acontecimen-
tos históricos da personagem escolhida constando: data, fato histórico e imagem/ilustração.

75
O processo eleitoral no Brasil Império foi marcado por um sistema
de exclusão e patrimonialismo, não abrangendo uma parcela signi-
ficativa da população pobre, mulheres, escravizados e analfabetos.
Aprofundando No período da República Velha, o autoritarismo oligárquico se fez
presente com o "voto de cabresto" e a exclusão das mulheres e
analfabetos do direito ao voto. Porém, devido ao movimento social
feminista pelo sufrágio universal, as mulheres conquistam o direito
ao voto em 1932.
1 (UFPR 2019 – Adaptada) Atualmente, no Brasil, as eleições para os representantes
do povo nos Poderes Legislativo e Executivo são decididas pelo voto obrigatório,
direto, secreto e universal. Sobre as eleições e os direitos políticos em nosso terri-
tório, desde o período colonial até o século XX, considere as seguintes afirmativas:
I No período do Império (1822-1889), com a Constituição de 1824, para escolha
de representantes políticos legislativos, os homens de todos os grupos sociais
podiam votar.
II No início da República (1891), foi instituído o voto a descoberto, que podia ser co-
nhecido ou declarado, e logo foi apelidado de "voto de cabresto".
III Após mobilização do movimento sufragista feminino no início do século XX, as
mulheres receberam o direito de votar a partir de 1932.

a) Somente a afirmativa I é verdadeira.


b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Nenhuma afirmativa é verdadeira.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

2 (UFRGS 2017 – Adaptada) Considere as seguintes afirmações sobre a luta pela


emancipação feminina no Brasil da Primeira República e depois assinale a
alternativa correta.
I As demandas apresentadas pelas militantes feministas incluíam direito ao voto, à
participação política, defesa do controle de natalidade e melhores condições nas
relações de trabalho.
II A criação de associações nacionais, como a Federação Brasileira para o Progresso
Feminino, e o contato com associações internacionais, como a National American
Woman’s Suffrage Association, foram importantes fatores de organização do femi-
nismo no Brasil.
III O feminismo foi um movimento restrito às camadas menos favorecidas e escolari-
zadas da sociedade, uma vez que estava diretamente vinculado às classes traba-
lhadoras com tendências anarquistas e comunistas.

76
AULA 15
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas I e III estão corretas.
c) Apenas II e III estão corretas.
d) I, II e III estão corretas.
e) Nenhuma está correta.

A Primeira República foi marcada por um sistema político oligárquico e violento que controlava o pro-
cesso eleitoral e excluía, entre outros, as mulheres do direito ao voto. Contudo, as mulheres organizadas e
mobilizadas reivindicavam mais autonomia e participação política, melhores condições de trabalho e re-
muneração salarial, bem como a defesa do controle de natalidade. Essas reivindicações só foram alcan-
çadas porque as sufragistas criaram associações de alcance nacional, como a Federação Brasileira para
o Progresso Feminino, que estabeleceram contato com diversas associações feministas internacionais.

77
16
AULA LUTAS E CONQUISTAS
DAS MULHERES NO
BRASIL REPUBLICANO

Resumo

Lutas e conquistas das mulheres no Brasil republicano


1 Atuação das mulheres no mercado de trabalho no início da República
Participação majoritária de mulheres e crianças imigrantes nas fábricas.
˚
Condições de trabalho extenuantes e precárias.
˚
2 Movimentos e conquistas feministas na Primeira República
Organização das mulheres para reivindicar direitos.
˚
Papel de figuras históricas como Leolinda Figueiredo Daltro e Eugênia
˚
Álvaro Moreyra.
Criação do Partido Republicano Feminino em 1910.
˚
Luta pelo direito ao voto (1910-1932) culminando na conquista em 1932.
˚
3 Participação política e representatividade (1932 - presente)
Primeira deputada federal eleita: Carlota Pereira de Queirós (1934).
˚
Avanços na representatividade feminina na política brasileira.
˚
Impacto da luta feminina na transformação da sociedade e na conquista
˚
de direitos.
4 Reflexão e discussão
Questões sobre igualdade de direitos entre homens e mulheres.
˚
Importância da luta social para a conquista de direitos trabalhistas, sociais
˚
e políticos.
Discussão sobre a continuidade das lutas e desafios femininos no
˚
Brasil contemporâneo.
78
AULA 16
5 Análise de texto historiográfico – Margareth Rago
Condições enfrentadas pelas operárias nas fábricas.
˚
Tentativas de organização e união entre as operárias.
˚
Obstáculos enfrentados pelas mulheres tanto no ambiente de trabalho quanto
˚
na sociedade.

Na prática

Atividade 1

Análise de texto historiográfico – Margareth Rago

[...] Da variação salarial à intimidação física, da desqualificação


intelectual ao assédio sexual, elas tiveram sempre de lutar contra
inúmeros obstáculos para ingressar em um campo definido – pelos
homens – como "naturalmente masculino". Esses obstáculos não
se limitavam ao processo de produção; começavam pela própria
hostilidade com que o trabalho feminino fora do lar era tratado no
interior da família.
[...] A rotina de trabalho nas fábricas era muito pesada, variando
de 10 a 14 horas diárias, e estava sob a supervisão dos contrames-
tres e outros patrões. Em geral, na divisão do trabalho, as mulheres
ficavam com as tarefas menos especializadas e mal remuneradas;
os cargos de direção e de concepção, como os de mestre, contra-
mestre e assistente, cabiam aos homens.
[...] As anarquistas e socialistas procuraram organizar as tra-
balhadoras, nas primeiras décadas do século, convocando-as para
as assembleias sindicais ou para discutir os problemas femininos
dentro dos sindicatos e comitês a que pertenciam.

RAGO, M. Trabalho feminino e sexualidade. In: PRIORE, M. del.


História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004. p. 484-507.

79
1 Como as operárias eram vistas pela sociedade na época?
As operárias eram vistas pela sociedade como uma força de trabalho abundante e barata, composta

majoritariamente por mulheres e crianças imigrantes. Elas enfrentavam uma série de obstáculos,

tanto dentro quanto fora do ambiente de trabalho, sendo frequentemente subestimadas e relegadas

a tarefas menos especializadas e mal remuneradas.

2 Quais as principais dificuldades enfrentadas pelas operárias em seu cotidiano?


As principais dificuldades enfrentadas pelas operárias incluíam a desigualdade salarial, intimi-

dação física, desqualificação intelectual, assédio sexual e a hostilidade dentro do ambiente de

trabalho. Elas também lidavam com jornadas de trabalho exaustivas, variando de 10 a 14 horas

diárias, e eram relegadas a funções menos especializadas, com pouca ou nenhuma perspectiva

de ascensão profissional.

3 Segundo a autora, as operárias eram unidas ou não?


A autora menciona que as anarquistas e socialistas procuraram organizar as trabalhadoras para

que pudessem se unir e lutar contra as condições adversas. Embora enfrentassem diversas difi-

culdades, houve um esforço significativo para promover a união entre as operárias, incentivando

sua participação em assembleias sindicais e discussões sobre os problemas específicos das

mulheres no trabalho.

80
AULA 16
Apesar do comprometimento em várias questões sobre os direitos das
Aprofundando mulheres, como leis de regulamentação do mercado de trabalho, a reivin-
dicação central das sufragistas era acerca dos direitos políticos, especial-
mente o direito de votar e ser votada.

1 (UFMG 2006) A recente ascensão de algumas mulheres à chefia de governos


importantes – a exemplo de Michelle Bachelet, no Chile, e de Angela Merkel, na
Alemanha – confirma a tendência ao aumento da participação das mulheres no es-
paço público. Pode-se dizer que elas são herdeiras de campanhas e reivindicações
femininas que já têm mais de um século de história. Considerando-se os movimen-
tos femininos e feministas, bem como sua repercussão, é INCORRETO afirmar que:
a) o clima de rebeldia dos anos 1960 fortaleceu os movimentos feministas que reivin-
dicavam reformas igualitárias e liberdade sexual.
b) o movimento socialista europeu trazia, em sua pauta original, reivindicações femi-
ninas que enfatizavam as questões sociais.
c) as sufragistas foram líderes feministas que lutaram pela aprovação de reformas
legais que permitissem o divórcio e o aborto.
d) os fundamentalismos religiosos, apesar de suas diferenças, convergem na defesa
de papéis sociais tradicionais para as mulheres.

2 (UDESC 2018 — Adaptada) No ano de 1922 foi fundada a Federação Brasileira pelo
Progresso Feminino, a qual tinha como principais objetivos a batalha pelo voto e o
acesso das mulheres ao mercado de trabalho.
Analise as afirmações a respeito da participação das mulheres na vida pública e na
política nacional e assinale a alternativa correta.
I Em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas, foi garantido o direito ao voto femi-
nino e à candidatura de mulheres.
II O acesso a métodos contraceptivos, saúde preventiva, proteção contra a violência
doméstica e equiparação salarial foram algumas das questões incorporadas pelo
movimento feminista, desde a década de 1960.
III A aprovação da lei Maria da Penha é considerada uma vitória do movimento fe-
minista na medida que visa punir, de forma efetiva, agressões sofridas no âmbito
social, familiar e doméstico.

a) Somente I e II estão corretas. c) Somente I e III estão corretas.


b) Somente II e III estão corretas. d) I, II e III estão corretas.
A mobilização das mulheres, como na Federação Brasileira pelo Progresso Feminino,
fundada em 1922, foi importante para a história do Brasil. Todas as afirmativas apre-
sentam pelo menos uma conquista que as mulheres obtiveram por meio de mobiliza-
ções sociais que garantem direitos individuais, sociais ou políticos. 81
17
AULA
ANARQUISMO NO BRASIL
NO INÍCIO DO SÉCULO XX

Resumo

O anarquismo no Brasil
Os anarquistas desenvolveram diversas atividades, como a fundação de escolas, cen-
tros de estudos, sindicatos e a realização de congressos operários.

As três principais fases:


1 1850-1888
• A imigração europeia passou a crescer com a proibição do tráfico de escravizados
em 1850. Nesse momento a classe trabalhadora enfrentou perseguições, devido às
crises políticas.
• A sociedade brasileira começou a ser influenciada por ideias anarquistas e so-
cialistas com a chegada desses imigrantes, especialmente portugueses, italianos
e espanhóis.

2 1889-1906
• Fim da escravidão e a Proclamação da República.
• Governo manteve os investimentos na imigração de europeus, que começaram a
manifestar seus posicionamentos políticos e a se rebelarem.
• Insurgência da imprensa anarquista, que contribuiu com a disseminação
desses ideais.

82
AULA 17
3 1907-1922
• Emergência da industrialização.
• Esforços para a disseminação do ideário anarquista, por meio de periódicos, esco-
las e centros de estudos populares.
• Fase de efervescência e lutas no movimento operário brasileiro (adoção
do anarcossindicalismo).
• Declínio devido à forte ação policial (prisões, torturas, deportações e expulsões
de líderes sindicais), além da fundação do Partido Comunista em 1922, que atraiu
mais atenção da classe operária.

Origem do termo
Do grego antigo anarkhia,
que significa sem Posicionamento político
governante. Historicamente ligado à
Ideal esquerda, também descrito
Abolição do Estado e como uma ramificação
criação de associações libertária das
comunais voluntárias. ideias socialistas.

Imprensa
Papel crucial de fomentar
e ampliar ideias,
Origens históricas ANARQUISMO mobilizando a opinião
Desenvolveu-se na primeira pública contra
metade do século XIX, a partir autoridades.
das ideias do anarquismo
individualista, de Max Stirner, e
do mutualismo, de Pierre-Joseph
Proudhon.
Auge do movimento

ADAPTAÇÃO/GETTY IMAGES
No século XIX até o início do
Correntes diferentes século XX, tendo mobilizado
Debate entre os estudiosos diretamente os movimentos
sobre as diversas correntes do sindicais de trabalhadores.
anarquismo, como o
individualista,
o mutualista, e até
mesmo o
anarcossindicalismo.

83
Na prática
O anarquismo buscava a abolição de qualquer forma de
intervenção estatal, em favor de uma sociedade descen-
tralizada e autônoma, baseada em associações voluntá-
Atividade 1 rias e princípios de autogestão.

(UFC 2002) A respeito do anarquismo, é correto afirmar que:


a) como doutrina, defendia a necessidade de eliminar qualquer forma de
intervenção estatal.
b) seus teóricos defendiam a intervenção do Estado na economia com o apoio
do operariado.
c) condenava a violência como meio de ação, angariando, assim, o apoio da
Igreja Católica.
d) sua difusão representou a primeira ruptura surgida no Partido Comunista da Rússia.
e) o movimento restringiu-se aos países da América do Sul.

Atividade 2

(UFF 2010 – Adaptada) Tomando como referência o fragmento de texto a seguir:

Os libertários – anarquistas e anarcossindicalistas – concentram sua atuação na vida


educativa, feita através da propaganda escrita e oral – jornais, livros, folhetos, revistas,
conferências, comícios, além de festas, piqueniques, peças teatrais –, no sentido de dis-
seminar o ideal libertário de emancipação social [...].
SFERRA, G. Anarquismo e anarcossindicalismo. São Paulo: Ática, 1987. p. 21.

1 Indique duas ideias ligadas ao movimento anarquista do século XIX e XX.


Duas ideias ligadas ao movimento anarquista que podem ser retiradas do texto acima são:

1. Participação da imprensa, com papel na divulgação do pensamento anarquista ao veicular ideias,

debates e manifestações de líderes e grupos anarquistas, ampliando sua influência na opinião pública.

2. Emancipação social, como ideal da criação de uma sociedade sem hierarquias e opressões, na

qual todos os indivíduos têm igual acesso aos recursos e à tomada de decisão, libertando os indiví-

duos das relações de exploração e dominação.


84
AULA 17
2 Analise a concepção de Estado defendida pelos anarquistas.
Os anarquistas veem o Estado como uma entidade opressiva que perpetua desigualdade e explora-

ção. Como apresentado no texto, é defendida a sua abolição em favor de uma sociedade descentrali-

zada e autônoma, baseada em associações voluntárias e autogestão.

O anarquismo é um sistema político e filosófico que não


Aprofundando prevê a presença do Estado, nem a divisão de classes
sociais ou instituições. O objetivo principal diz respeito
ao comunismo, entendido como a conquista de direitos
iguais para todos.

1 (ESPM 2011) Em conjunto com as grandes transformações econômicas, políticas e


sociais do século XIX, surgiram doutrinas e correntes ideológicas. Uma delas foi o
anarquismo, que pregava:
a) o respeito à propriedade privada, o controle demográfico e a observância da lei
natural da oferta e da procura.
b) a revolução socialista, o controle do Estado pela ditadura do proletariado,
o comunismo.
c) a erradicação do Estado, das classes, das instituições e tradições visando à ime-
diata instalação do comunismo.
d) a necessidade de um contrato entre os governados e o Estado, o imperativo da
moral e do bem comum como fundamentos do poder político.

2 (UERJ 2004 – Adaptada) No texto a seguir, está apresentado o seguinte princípio


do anarquismo:

Os anarquistas, senhores, são cidadãos que, em um século em que se prega por


toda a parte a liberdade das opiniões, acreditam ser seu dever recomendar a liberdade
ilimitada. [...] Os anarquistas propõem-se, pois, a ensinar ao povo a viver sem governo,
da mesma forma como ele começa a aprender a viver sem Deus.
Declaração dos Anarquistas, 1883.
VOILLIARD, O. et al. Documents d’Histoire Contemporaine (1851-1971). Paris: Armand Colin, 1964.

a) rejeição do poder instituído, negando a necessidade do Estado.


b) recusa das eleições, substituindo-as pelo sindicalismo revolucionário.
c) fim do Estado e da Igreja, favorecendo um partido cooperativista.
d) superioridade da ação profissional, buscando a independência da política.
A rejeição do poder instituído, negando a necessidade do Estado, é um dos princípios fun- 85
damentais do anarquismo.
18
AULA

A GREVE GERAL DE 1917

Resumo

Contexto geral
A greve fez parte de um contexto internacional de revoltas, de motins e de mobili-
zações grevistas, que ocorreu na segunda metade de 1917, e foi agravado pela Primeira
Guerra Mundial.
No cenário brasileiro, especialmente em São Paulo, a greve foi um movimento extre-
mamente complexo de reação dos trabalhadores às condições precárias de trabalho, ao
aumento dos preços dos produtos e à estagnação salarial. Associado ao anarcossindi-
calismo, o movimento coincidiu com a reorganização sindical e com a fundação de ligas
operárias. Entre suas demandas, estavam:
• o fim do trabalho noturno para mulheres;
• o fim do trabalho infantil;
• o estabelecimento de uma jornada de 8 horas de trabalho;
• o aumento salarial;
• o congelamento dos preços dos alimentos;
• a diminuição dos preços dos aluguéis.
De acordo com os jornais da época, a cidade de São Paulo ficou quase ingoverná-
vel, com manifestações, saques e confrontos de rua. Iniciada em São Paulo, a greve se
irradiou para várias partes do país, incluindo Porto Alegre e Curitiba. Ao todo, foram 109
greves em São Paulo, 32 no interior do estado, 63 no Rio de Janeiro, entre outras.

86
AULA 18
A Greve de 1917 foi bastante repri-
mida pelo governo, pelos empregadores
e pelas forças de segurança, levando a
prisões, torturas e mortes de líderes do
movimento. Contudo, suas revoltas sur-
tiram efeito, com conquistas e conse-

REPRODUÇÃO/COSTA NETO
quências exemplificadas pela ampliação
do debate trabalhista, pelo progresso na
legislação referente ao setor, pela per-
manência dos sindicatos e pela partici- Foto da Greve Geral de 1917
pação política dos trabalhadores.

Na prática

A divisão dos grupos


Vocês deverão se dividir nos três seguintes grupos temáticos:
• contexto socioeconômico no Brasil em 1917;
• a Greve Geral de 1917;
• as consequências da Greve Geral de 1917.
Cada um desses grupos trabalhará com momentos e, por consequência, com dados e
fontes diferentes.
Para ajudar na sua divisão interna, pensem nas três funções que seu grupo
deverá desenvolver:
• análise das fontes;
• interpretação das perguntas/roteiro (e outras perguntas pensadas por vocês!);
• confecção da resposta, seja ela em formato de resumo, de cartaz, de cena
teatral etc.
Vocês podem distribuir as tarefas dentro do grupo!

Grupo 1: Contexto socioeconômico no Brasil em 1917


Perguntas norteadoras que servirão como roteiro para a pesquisa:
1 Qual era a situação econômica do Brasil em 1917? Pensem na inflação, no cresci-
mento econômico, nos principais setores da economia etc.

87
2 Quais foram os principais problemas sociais e econômicos enfrentados pelos traba-
lhadores no Brasil nesse período? Observem os salários, as condições de trabalho,
as jornadas de trabalho etc.
3 Como a industrialização estava afetando as cidades brasileiras em 1917? Explorem a
urbanização, o crescimento das indústrias e a migração para as cidades.
4 Qual era o papel dos sindicatos e das associações trabalhistas em 1917? Procurem, nas
fontes, indícios das organizações, das suas demandas e dos seus posicionamentos.
5 Como o contexto político influenciou a situação socioeconômica do Brasil em 1917?
Pesquise brevemente sobre o governo da época e sobre suas políticas em relação
ao trabalho e à economia.

1º Congresso 1ª Guerra
Operário Mundial

REPRODUÇÃO/ATLAS HISTÓRICO DO BRASIL

Gráfico da quantidade de greves e de jornais operários em São Paulo, entre 1888 e 1923

88
AULA 18
[...] E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção
[...]
MORAES, V. O operário em construção. Letras. Disponível em: https://www.
letras.mus.br/vinicius-de-moraes/87332/. Acesso em: 19 set. 2024.

1 Qual era a situação econômica do Brasil em 1917? Pensem na inflação, no cresci-


mento econômico, nos principais setores da economia etc.
O Brasil, na década de 1910, estava enfrentando mudanças importantes em sua economia. O café

era o principal produto de exportação, e tinha um papel importante na nossa economia. A 1ª Guerra

Mundial teve efeitos ambíguos sobre a economia, pois, embora tenha estimulado a exportação de

café para os Aliados, também interrompeu o comércio com a Alemanha, além de acelerar a indus-

trialização para substituir produtos antes importados.

2 Quais foram os principais problemas sociais e econômicos enfrentados pelos tra-


balhadores no Brasil, nesse período? Observem os salários, as condições de traba-
lho, as jornadas de trabalho etc.
Os principais problemas enfrentados pelos trabalhadores das fábricas eram as condições de traba-

lho precárias, as jornadas exaustivas e a exploração das mulheres e das crianças. A população não

tinha acesso à educação nem à seguridade social mínima. A inflação era um problema que achatava

ainda mais os baixos salários dos trabalhadores.

89
3 Como a industrialização estava afetando as cidades brasileiras em 1917? Explorem a
urbanização, o crescimento das indústrias e a migração para as cidades.
A indústria de substituição, no início do século XX, no Brasil, gerou mudanças intensas nas cidades

brasileiras, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, que passaram por uma rápida indus-

trialização. Essas cidades cresceram de maneira desordenada e passaram a acolher, em suas perife-

rias, os milhares de imigrantes europeus, além dos ex-escravizados, que mudaram para a cidade em

busca de melhores oportunidades.

4 Qual era o papel dos sindicatos e das associações trabalhistas em 1917?


Procurem, nas fontes, indícios das organizações, das suas demandas e dos
seus posicionamentos.
Os sindicatos e as associações de trabalhadores tinham um papel fundamental na organização e

na mobilização dos trabalhadores em busca de melhores condições de trabalho. Especialmente na

década de 1910, em que o movimento sindical estava passando por uma mobilização maior, devido à

industrialização acelerada e às condições precárias de vida, por causa da inflação dos produtos no

período de guerra. A presença dos sindicatos de tendências anarquistas propiciava ações sociais,

como escolas, atividades culturais e publicação de jornais.

5 Como o contexto político influenciou a situação socioeconômica do Brasil em 1917?


Pesquisem brevemente sobre o governo da época e sobre suas políticas em relação
ao trabalho e à economia.
O presidente do Brasil, entre 1914 e 1918, foi Wenceslau Brás. Ele foi eleito pelo acordo das oligar-

quias paulistas e mineiras, por meio da política do Café com Leite, que caracterizou a República

Velha. Ele enfrentou, no seu governo, uma série de revoltas populares, como a Guerra do Contestado

e a Greve Geral, todas reprimidas de forma violenta pelo Estado.

90
AULA 18
Grupo 2: A extensão da Greve Geral de 1917
Perguntas norteadoras que servirão como roteiro para a pesquisa:
1 Quais foram as principais cidades afetadas pela Greve Geral de 1917? Pensem nos
impactos específicos em cada uma delas.
2 Quais setores da economia foram mais impactados pela greve (ex.: indústrias,
transporte, comércio ou outros setores importantes)? Como?
3 Como a greve foi organizada e coordenada entre diferentes localidades e setores?
Explorem a logística da greve, desde a comunicação à coordenação.
4 Quais foram os principais protestos e ações durante a greve? Investiguem manifes-
tações, piquetes e outras formas de protesto.
5 Quais foram as reações das autoridades e dos empregadores frente à extensão da
greve? Pensem nas respostas do governo, dos empresários e das forças policiais,
em especial.

A Polícia entrou em ação. Começaram os choques com as multidões. Dos en-


contros resultaram vítimas de ambos os lados. Os operários não se podiam reunir
para tomar resoluções. Cada corporação lançava os seus memoriais de reivindi-
cações, quase todas coincidentes, na maioria delas. Mas uma ação de conjunto,
coordenada para a determinação do objetivo comum, não se tornava exequível
no momento, devido à impossibilidade de realização de assembleias sindicais. Foi
então que se constituiu o Comitê de Defesa Proletária, resultante de uma reunião
clandestina de militantes de várias categorias sindicais. Sua função não seria de
órgão diretor para expedir palavras de ordem. Sua missão seria de um núcleo de
relações e coordenador das reivindicações dos trabalhadores em agitação e priva-
dos de seus sindicatos e de seu organismo federativo.
CENTRO DE CULTURA SOCIAL (CCS). Traços biográficos de um homem extraordinário. Dealbar, ano 2, n. 17,
1968. Disponível em: https://ccssp.com.br/arquivos/Jornais/Dealbar/dealbar%2017.pdf. Acesso em: 19 set. 2024.
REPRODUÇÃO/WIKIPÉDIA

Operários e anarquistas marcham, portando bandeiras ne-


gras pela cidade de São Paulo, na Greve de 1917

91
REPRODUÇÃO/WIKIPÉDIA
Fábrica guardada por milícia do governo, durante a Greve de 1917,
em Porto Alegre

1 Quais foram as principais cidades afetadas pela Greve Geral de 1917? Pensem nos
impactos específicos em cada uma delas.
A Greve Geral de 1917 foi deflagrada no município de São Paulo, após uma série de mobiliza-

ções sindicais de associações de trabalhadores, em diversos bairros da cidade, especialmente no

Belenzinho, na Mooca, no Brás e no Cambuci. A greve se estendeu para outras cidades brasileiras,

como o Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre.

2 Quais setores da economia foram mais impactados pela greve (ex.: indústrias,
transporte, comércio ou outros setores importantes)? Como?
A Greve Geral do mês de julho de 1917 impactou fortemente a economia do país, afinal foram 50 mil

operários (10% da população de São Paulo) que paralisaram suas ações. Ela afetou intensamente o

setor de comércio, mas foi o setor industrial que mais sentiu o impacto, especialmente as fábricas

paulistas de tecidos, de chapéus, de sapatos, de móveis, de fósforos, de parafusos, de cerveja e

de farinha.

92
AULA 18
3 Como a greve foi organizada e coordenada entre diferentes localidades e setores?
Explorem a logística da greve, desde a comunicação à coordenação.
A Greve Geral de 1917 foi uma revolta contra a chamada “carestia da vida”, isto é, contra a alta de

preços. Contudo, ela ganhou a dimensão que teve devido à ação de uma série de militantes socialis-

tas e de anarquistas, e especialmente de uma imprensa operária e libertária. Entre as organizações

sindicais e associações de trabalhadores, destacaram-se: o Comitê Popular de Agitação, o Centro

Socialista Internacional, o Sindicato dos Canteiros de Ribeirão Pires, entre outros.

4 Quais foram os principais protestos e ações durante a greve? Investiguem manifes-


tações, piquetes e outras formas de protesto.
Os encaminhamentos da greve eram decididos por meio de assembleias populares, que ocorriam

periodicamente. Aconteciam também protestos e comícios nos bairros operários de São Paulo.

Contudo, a greve foi desencadeada pela paralisação dos funcionários (principalmente operárias) do

Cotonifício Crespi, que ganhou escala após a morte de alguns operários devido à repressão policial.

Muitas associações entraram em paralisação, optando por uma greve de “reivindicação” ou uma

greve de “solidariedade”.

5 Quais foram as reações das autoridades e dos empregadores frente à extensão da


greve? Pensem nas respostas do governo, dos empresários e das forças policiais,
em especial.
A reação da Força de Segurança Pública foi repressiva e violenta, com a perseguição das lideranças

grevistas (predominantemente anarquistas e socialistas). Os empregadores, por sua vez, aceita-

ram as reivindicações dos operários, mas muitos deles não as implantaram após a desmobiliza-

ção dos grevistas. Quanto às autoridades do Executivo, aumentaram o controle e a repressão das

lideranças sindicais.

93
Grupo 3: As consequências da Greve Geral de 1917
Perguntas norteadoras que servirão como roteiro para a pesquisa:
1 Quais foram as principais conquistas para os trabalhadores após a Greve Geral de
1917? Pesquisem as mudanças nas leis trabalhistas e na realidade dos operários.
2 Como a greve afetou o panorama político do Brasil? Ocorreram mudanças na le-
gislação ou na opinião pública?
3 Qual foi o impacto da greve nas relações entre trabalhadores e empregadores?
Pensem na burocracia da dinâmica entre as partes.
4 Como a Greve Geral de 1917 influenciou o movimento sindical no Brasil? Como
ficou a organização dos trabalhadores após a greve?
5 Quais foram as consequências sociais da Greve Geral para a população brasileira
em geral?

No enterro dessa vítima da reação foi uma das mais im-


pressionantes demonstrações populares até então verificadas
em São Paulo. Partindo o féretro da rua Caetano Pinto, no
Brás, estendeu-se o cortejo, como um oceano humano, por
toda a avenida Rangel Pestana até a então Ladeira do Carmo
em caminho da Cidade, sob um silencio impressionante, que
assumiu o aspecto de uma advertência. Foram percorridas
as principais ruas do centro. Debalde a Policia cercava os
encontros de ruas. A multidão ia rompendo todos os cordões,
prosseguindo sua impetuosa marcha até o cemitério. À beira
da sepultura revezaram os oradores, em indignadas mani-
festações de repulsa à reação [...] No regresso do cemitério,
uma parte da multidão reuniu-se em comício na Praça da Sé;
a outra parte desceu para o Brás, até à rua Caetano Pinto,
onde, em frente à casa da família do operário assassinado, foi
realizado outro comício.
CENTRO DE CULTURA SOCIAL (CCS). Traços biográficos de um homem
extraordinário. Dealbar, ano 2, n. 17, 1968. Disponível em: https://ccssp.com.br/
arquivos/Jornais/Dealbar/dealbar%2017.pdf. Acesso em: 19 set. 2024.

94
AULA 18
REPRODUÇÃO/WIKIPÉDIA
Funeral de José Martinez em direção ao cemitério do Araçá, no dia
11 de julho de 1917

Ao contrário do que prega a historiografia mais difundida, a proteção do trabalhador


não foi uma invenção de Getúlio Vargas, que assumiu o poder em 1930.
As primeiras leis trabalhistas do Brasil surgiram nas décadas de 1910 e 1920, na
Primeira República, depois que operários de diferentes categorias fizeram greves para
pressionar o empresariado e o poder público por direitos hoje corriqueiros, como o des-
canso no fim de semana. A mais célebre delas foi a grande greve de 1917, que paralisou a
cidade de São Paulo.
O que a CLT de Vargas fez foi compilar esses primeiros direitos trabalhistas e tam-
bém criar outras garantias que havia tempo eram pedidas.
O juiz Luiz Antonio Colussi, da Anamatra, entende que essa história, iniciada muito
antes de Getúlio Vargas e da CLT, deve servir de inspiração para os trabalhadores
de hoje:
— As garantias dadas ao trabalhador vieram à custa de muita luta e de sangue
derramado. Elas não caíram do céu. Os brasileiros têm que entender que, se desejam
conseguir novos direitos ou pelo menos não perder os atuais, precisam se informar, se
mobilizar, protestar e fazer pressão política. Os trabalhadores são, sim, agentes históricos
capazes de mudar a realidade.
WESTIN, R. CLT chega aos 80 anos com direitos do trabalhador sob disputa. Agência Senado, 28 abr. 2023.
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2023/04/clt-chega-aos-80-anos-com-
direitos-do-trabalhador-sob-disputa. Acesso em: 19 set. 2024.

95
1 Quais foram as principais conquistas para os trabalhadores após a Greve Geral de
1917? Pesquisem as mudanças nas leis trabalhistas e na realidade dos operários.
A Greve Geral de 1917 conquistou uma série de direitos, que estavam sendo reivindicados pelos

proletários. Contudo, os acordos eram firmados por setores e pelas relações diretas entre patrões e

funcionários. Com isso, os acordos foram diferentes para cada área. No entanto, definitivamente, os

trabalhadores conquistaram, a partir dessa mobilização, um protagonismo maior e uma estrutura de

mobilização social, que possibilitariam novas conquistas políticas nas próximas duas décadas, até a

Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943.

2 Como a greve afetou o panorama político do Brasil? Ocorreram mudanças na legis-


lação ou na opinião pública?
O panorama político do Brasil mudou após 1917, porque um novo ator social se apresentou ao país,

o proletariado urbano. E as pautas reivindicadas pelo movimento dos trabalhadores passaram a

ser referências nos anos que se seguiram, desde a jornada de oito horas, até as acusações sobre o

trabalho infantil e a necessidade de uma seguridade social mínima. Essa mobilização foi decorrência

também dos jornais mantidos pelas associações de trabalhadores ou grupos anarcossindicalistas,

que passaram a expressar as pautas do movimento dos trabalhadores.

3 Qual foi o impacto da greve nas relações entre trabalhadores e empregadores?


Pensem na burocracia da dinâmica entre as partes.
O fim da greve foi acordado com empresários, que prometeram atender a algumas pautas dos grevistas,

como: elevar os salários em 20%, não demitir os grevistas, respeitar o direito de associação dos empre-

gados e “melhorar as condições morais, materiais e econômicas do operariado”. O poder público, por sua

vez, anunciou que libertaria os grevistas presos. Porém, a elite industrial paulista recuou de muitas reivin-

dicações após a desmobilização da greve. De qualquer forma, a greve de 1917 representou uma conquista

histórica: foi a primeira vez que o poder público brasileiro negociou com os trabalhadores.

96
AULA 18
4 Como a Greve Geral de 1917 influenciou o movimento sindical no Brasil? Como
ficou a organização dos trabalhadores após a greve?
A Greve Geral de 1917 deixou marcas entre os trabalhadores urbanos brasileiros. A principal delas foi

o desenvolvimento do movimento operário no Brasil, que já existia desde o início da industrialização,

mas ganhou outra escala após as ações de 1917. A greve impulsionou a formação de sindicatos e de

organizações que lutavam pela melhoria das condições de trabalho.

5 Quais foram as consequências sociais da Greve Geral para a população brasileira


em geral?
Os eventos de 1917 foram relevantes para consolidar os trabalhadores como sujeitos políticos e para

a formação de uma cultura de direitos, que incluiu tanto o direito civil de organização e associação

quanto o direito político de participar de uma democracia em que as organizações trabalhistas fos-

sem reconhecidas como entidades legítimas na sociedade.

97
Aprofundando

1 (UFPR 2018 – Adaptada)

REPRODUÇÃO/UFPR
Fotografia P&B. Domingo de julho de 1917. Operários em frente
à Sociedade Protetora dos Operários. Acervo Casa da Memória,
Curitiba

Sobre a questão operária e a Greve Geral de 1917, mostrada na imagem, assinale a


alternativa correta:
a) o operariado era composto principalmente por homens maiores de idade, já que o
trabalho infantil e o feminino haviam sido abolidos.
b) as greves tiveram pouca aderência popular, uma vez que o povo brasileiro queria
manter a ordem e evitar "excessos".
c) a frase "a questão social é um caso de polícia" se tornou bordão do governo, tendo
em vista a preocupação com os trabalhadores.
d) não há um consenso na História, mas é comum defini-la como uma
greve anarcossindical.
e) a participação do Partido Comunista Brasileiro foi fundamental na articulação dos
trabalhadores em 1917.
A passagem do século XIX para o XX foi marcada pelo fim da escravização no Brasil e pelo incipiente
processo de industrialização, que ganhou escala com a Grande Guerra na Europa, entre 1914 e 1918.
As condições dos trabalhadores eram terríveis, com baixos salários, jornadas de trabalho exaustivas,
sem direito a férias, à aposentadoria nem à assistência médica. Nesse contexto, os trabalhadores in-
tensificaram a mobilização social, utilizando jornais operários, sindicatos e associações de correntes
políticas diversas, mas que podem ser classificadas, de modo geral, como anarcossindicalistas.
98
AULA 18
2 (UNESP 2011 – Adaptada)
[...] 2.º Que seja respeitado do modo mais absoluto o direito de associação para
os trabalhadores;
3.º Que nenhum operário seja dispensado por haver participado ativa e ostensiva-
mente no movimento grevista;
4.º Que seja abolida de fato a exploração do trabalho dos menores de 14 anos
nas fábricas;
[...] 6.º Que seja abolido o trabalho noturno das mulheres;
7.º Aumento de 35% nos salários inferiores a 5$000 e de 25% para os mais elevados;
[...] 10.º Jornada de oito horas [...]
PINHEIRO, P. S.; HALL, M. O que reclamam os operários. A Plebe. A classe operária no
Brasil, 1889-1930. 21 set. 1917.

As reivindicações dos participantes da Greve Geral de 1917, em São Paulo,


indicam que:
a) os governos aceitavam os movimentos sociais, com convívio harmonioso.
b) o Brasil não tinha legislação trabalhista e, no geral, as condições de trabalho
eram ruins.
c) os trabalhadores já haviam conquistado os direitos plenos de associação e
de greve.
d) o Estado assumia o papel de intermediário, mantendo neutralidade nos conflitos.

Essa edição do jornal A Plebe é de 1917, ano da Greve Geral, em que o movimento operário tinha uma
série de reivindicações. Contudo, era considerado ilegal e duramente reprimido pelas forças policiais. As
reivindicações apresentadas pelo jornal comprovam que não havia proteção por leis trabalhistas mínimas
naquele ano.

99
19
AULA
A ERA VARGAS:
TRABALHISMO E O
ESTADO NOVO

Resumo

A chamada “Revolução de 1930”


Naquele ano, as eleições presidenciais haviam rompido com a chamada política
do Café com Leite, ou seja, com hegemonia das oligarquias cafeeiras no poder. Perante
a crise entre as oligarquias, a formação da Aliança Liberal lançou o candidato Getúlio
Vargas à presidência em oposição aos candidatos de São Paulo.
No final de julho, João Pessoa, que seria vice de Vargas, foi assassinado, levando ao
movimento político-militar que ficou conhecido como “Revolução de 1930”. Liderado por
Getúlio Vargas e com apoio dos tenentes, o movimento depôs Washington Luís em outu-
bro de 1930 e o poder foi transferido a Vargas.
A partir disso, Vargas ficaria no poder por 15 anos, divididos como: governo provisório,
governo constitucional e Estado Novo.
Ao longo de sua presidência, Vargas teve alguns feitos, como:
• suspenção da Constituição e dissolução do Congresso;
• aprofundamento da política trabalhista (com a criação do Ministério do Trabalho,
políticas favoráveis aos trabalhadores e concessão de direitos);
• constituição com direito ao voto feminino.
É importante destacar que o Estado Novo foi um momento da Era Vargas que con-
sistiu em um regime autoritário que centralizou o poder, suprimiu a oposição e censu-
rou a mídia.

100
AULA 19
FREDMODULARS/WIKIMEDIA COMMONS
Getúlio Vargas com outros líderes de 1930, em Itararé,
São Paulo, após a derrubada de Washington Luís

Na prática

Atividade 1

Observe a imagem abaixo e, na sequência, responda:

REPRODUÇÃO/BIBLIOTECA NACIONAL

Getúlio Vargas em uma corda bamba na qual está escrita a palavra “Constituição” é anunciado
pelo palhaço: “Respeitável público! O artista famoso, já conhecido em números arriscados
sobre o solo vai agora se exibir no arame”. “Um número novo”; charge da revista Careta de 1934

101
1 O que podemos afirmar sobre o início da Era Vargas?
O início da Era Vargas foi marcado pela Revolução de 1930, que teve origem na quebra da política do

Café com Leite e na crise entre as oligarquias paulistas e mineiras. Getúlio Vargas liderou o movi-

mento político-militar que resultou na deposição do presidente Washington Luís, inaugurando uma

fase de transformações políticas e sociais no Brasil.

2 Na charge “Um número novo”, publicada na revista Careta em 1934, você diria que
há crítica à Constituição? Por quê?

Na charge “Um número novo”, de 1934, Getúlio Vargas é representado equilibrando-se em uma

corda que simboliza a Constituição. A crítica na charge reflete as ações de Vargas ao suspender a

Constituição e dissolver o Congresso após assumir a presidência. A representação faz referência à ins-

tabilidade política e à incerteza quanto às mudanças no novo modelo de Estado proposto por Vargas.

Atividade 2

Com base no trecho a seguir, responda:

A sistematização e ampliação da legislação trabalhista se deu com a Consolidação


das Leis do Trabalho (CLT), em junho de 1943. [...]
Desde a Constituição de 1934, previa-se que a lei estabeleceria um salário-mínimo,
capaz de satisfazer às necessidades do trabalhador, conforme as condições de cada
região. Mas somente em maio de 1940 surgiu um decreto-lei nesse sentido. [...] Em um
primeiro momento, de fato, quando da fixação inicial, o salário-mínimo correspondia a
seus objetivos expressos. Foi com o correr dos anos que se deteriorou, até converter-se
em uma importância irrisória.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2024.

102
AULA 19
1 Durante a chamada Era Vargas foi criada uma série de reformas trabalhistas. Cite
algumas de suas consequências para a classe trabalhadora.

Durante a Era Vargas, várias reformas trabalhistas foram implementadas, trazendo benefícios para a

classe trabalhadora. Algumas consequências incluem a garantia da jornada de trabalho de oito ho-

ras, a regulamentação do trabalho da mulher e do menor, o direito às férias, a instituição da carteira

de trabalho e o estabelecimento do direito a pensões e aposentadoria.

2 Qual era o interesse de Getúlio Vargas em atender aos interesses da classe


trabalhadora? Explique.
O interesse de Getúlio Vargas em atender aos interesses da classe trabalhadora estava ligado à

necessidade de estabilizar a situação social e política do país. As mobilizações das organizações

sindicais e políticas da classe operária foram consideradas os principais fatores de tensão social que

contribuíram para a queda da Primeira República. Vargas buscou construir uma imagem de protetor

dos trabalhadores, utilizando medidas trabalhistas como forma de apaziguar as tensões e fortalecer

sua base de apoio político.

Aprofundando

1 (ENEM 2011 – Adaptada)


É difícil encontrar um texto sobre a Proclamação da República no Brasil que não cite
a afirmação de Aristides Lobo, no Diário Popular de São Paulo, de que “o povo assistiu
àquilo bestializado”. Essa versão foi relida pelos enaltecedores da Revolução de 1930,
que não descuidaram da forma republicana, mas realçaram a exclusão social, o milita-
rismo e o estrangeirismo da fórmula implantada.
MELLO, M. T. C. A república consentida: cultura democrática e científica no final do Império. Rio de Janeiro: FGV,
2007. (adaptado)

Os defensores da Revolução de 1930 procuraram construir uma visão negativa de 1889,


porque era uma maneira de:

103
a) valorizar as propostas políticas democráticas e liberais vitoriosas.
b) resgatar simbolicamente as figuras políticas ligadas à Monarquia.
c) criticar a política educacional adotada durante a República Velha.
d) legitimar a ordem política inaugurada com a chegada desse grupo ao poder.
e) destacar a ampla participação popular obtida no processo da Proclamação.
1. A Revolução de 1930 representa a insatisfação de grupos oligárquicos dissidentes da política do Café
com Leite. Ao obter o poder, o grupo político de Vargas pretende angariar o apoio de classes sociais que

2 (IMEPAC 2023 – Adaptada) estavam cada vez mais presentes em uma sociedade em processo de urbanização (proletários e uma
classe média em formação). Sendo assim, esse novo período, que será chamado de Era Vargas, busca
criticar e desqualificar todo o período da República
Velha para legitimar a nova ordem política e buscar a
adesão desses novos segmentos da sociedade.

2. A Revolução
REPRODUÇÃO/WIKIPÉDIA

Constitucionalista de 1932
foi um movimento liderado
pelas oligarquias paulistas em
prol da convocação de uma
Assembleia Constituinte que
resultasse na promulgação de
Cartaz paulista com a figura de um uma nova constituição para o
Brasil e, consequentemente,
bandeirante gigante, símbolo de na saída de Vargas do poder
São Paulo, segurando um minús- “provisório”. Essa mobilização
ocorreu devido à insatisfação
culo Getúlio Vargas em suas mãos da elite paulista por ter perdido
com a frase “Abaixo à Ditadura” a hegemonia e o protagonismo
político com a “Revolução
de 1930”.
O cartaz apresentado foi produzido pelo movimento paulista conhecido como
Revolução Constitucionalista de São Paulo, de 1932. Essa revolta foi motivada pela:
a) insatisfação da elite paulista com o golpe, que retirou a sua hegemonia política.
b) indignação com uma constituição que desagradava os interesses paulistas.
c) condução do Estado Novo, que adotava medidas de traços fascistas.
d) exclusão dos paulistas na elaboração da nova constituição, considerada autoritária.
104
A ERA VARGAS: MUDANÇAS

20
AULA
ECONÔMICAS, POLÍTICAS
E SOCIAIS E O FIM DO
ESTADO NOVO

Resumo

A Era Vargas: transformações


e desenvolvimento
Ocorrida entre os anos de 1930 e
1945, a Era Vargas trouxe novas bases
sociais e econômicas ao país, promo-
vendo a modernização, mas, ao mesmo
tempo, empregando estratégias de con-
trole. Algumas das principais medidas de
Getúlio Vargas foram:

REPRODUÇÃO/ WIKIPEDIA
. Política trabalhista
Transformações significativas
nas relações trabalhistas, com
leis trabalhistas inovadoras, esta- Propaganda de 1938 mostrando
belecendo jornadas de trabalho, Getúlio Vargas ao lado de crianças.
direito a férias remuneradas e a Transcrição do texto:
criação da Consolidação das Leis "Crianças! Aprendendo, no lar e nas es-
do Trabalho (CLT) em 1943. Essas colas, o culto da Pátria, trareis para a vida
prática todas as possibilidades de êxito.
medidas visavam melhorar as
Só o amor constrói e, amando o Brasil,
condições de trabalho e fortale- forçosamente o conduzireis aos mais al-
cer a imagem do governo perante tos destinos entre as Nações, realizando
os trabalhadores. os desejos de engrandecimento aninha-
dos em cada coração brasileiro."

105
. Modernizações
Durante a Era Vargas, o Brasil passou por significativas mudanças econômicas
e sociais. Vargas impulsionou setores industriais (criando algumas estatais) e
reduziu a dependência da economia agrária. Isso incluiu investimentos em infra-
estrutura, como estradas e energia, promovendo o desenvolvimento industrial e
tecnológico. Essa infraestrutura também impactou a vida social, contando com
políticas sanitárias, de bem-estar, habitação e reformas no ensino.

. Propaganda política e o DIP


. Vargas utilizou-se de maneira hábil dos recursos da propaganda política.
Controlando os meios de comunicação da época, como rádio e imprensa, ele cons-
truiu uma imagem de líder que se preocupava com as necessidades do povo.

A Crise de 1929 teve um efeito negativo na economia brasileira, de-


Na prática vido à redução da exportação de café (principal ativo econômico do
país no período). Essa quebra impactou diretamente na economia
brasileira, limitando a entrada de dividendos e reduzindo a capaci-
dade de importações que o Brasil poderia fazer. Assim, acentuou a
necessidade de produzir aqui o que não mais poderia ser comprado
Atividade 1 do exterior. Além disso, a industrialização fazia parte da política eco-
nômica varguista, defensor da intervenção estatal na economia.

(ENEM 2019) Perante o cenário econômico descrito, o Estado brasileiro assume, a par-
tir de 1930, uma política de incentivo à:

a) industrialização interna para


A depressão que afetou a economia substituir as importações.
mundial entre 1929 e 1934 se anunciou,
ainda em 1928, por uma queda gene- b) nacionalização de empresas
ralizada nos preços agrícolas interna- estrangeiras atingidas pela crise.
cionais. Mas o fator mais marcante foi c) venda de terras a preços acessíveis
a crise financeira detonada pela quebra para os pequenos produtores.
da Bolsa de Nova Iorque.
d) entrada de imigrantes para
CAPELATO, M. H. Propaganda política e controle trabalhar nas indústrias de
dos meios de comunicação. In: PANDOLFI,
D. (org.). Repensando o Estado Novo. Rio base recém-criadas.
de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999.
Disponível em: https://repositorio.fgv.br/server/ e) abertura de linhas de financia-
api/core/bitstreams/9adafbd5-2e39-4da7-bfa8- mento especial para empresas do
d75558ba3344/content. Acesso em: 20 set. 2024.
setor terciário.

106
AULA 20
Atividade 2

Leia o trecho ao lado e, na sequência, responda:

A imprensa foi […] controlada e manipulada no varguismo. […] As empresas jornalísti-


cas só podiam se estabelecer se obtivessem registros concedidos […]. O chefe do Estado
Novo propôs estabelecer relação direta com as massas e levar em conta suas aspirações
para ganhar-lhes o apoio. […] Consulta dos anseios populares. Durante o regime autoritá-
rio, os meios de comunicação cumpriram esse papel; além disso, divulgaram as atividades
e qualidades do chefe e seus auxiliares, a fim de que fossem tomados como modelo de
virtudes pelos cidadãos. […] Havia íntima relação entre censura e propaganda […].
CAPELATO, M. H. Propaganda política e controle dos meios de comunicação. In: PANDOLFI, D. (org.).
Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999.

1 Qual era a estratégia do governo de Getúlio Vargas ao utilizar a imprensa como


meio de consulta dos anseios populares?

A estratégia do governo de Vargas ao utilizar a imprensa visava ganhar o apoio da população, então

ele usou a imprensa para se comunicar diretamente com as pessoas, buscando atender às suas

aspirações. Ao estabelecer a imprensa como um órgão de consulta, o governo procurava criar uma

imagem positiva de si mesmo, divulgando suas atividades e qualidades. Essa estratégia era parte do

esforço para consolidar o apoio popular ao regime autoritário.

2 Algumas das atribuições do Departamento de Imprensa e Propaganda eram promo-


ver, organizar e patrocinar atividades do governo. Pesquise imagens que revelem o
caráter de exaltação de Getúlio Vargas como chefe de Estado associado ao traba-
lhismo e, com base nas imagens, explique sua interpretação em um texto curto.
Apesar dessa resposta ser livre, ela deve conter elementos como:

• reforço de sua autoridade e patriotismo;

• identificação e apoio à classe trabalhadora;

• simbolismos de progresso e modernização.

107
Aprofundando

1 (ENEM 2017 – Adaptada) O controle sobre os meios de comunicação foi uma me-
dida do Estado Novo que visava:

Durante o Estado Novo, os encarregados da pro-


paganda procuraram aperfeiçoar-se na arte da em-
polgação e envolvimento das "multidões" através das
mensagens políticas. Nesse tipo de discurso, o signifi-
cado das palavras importa pouco, pois, como declarou
Goebbels, "não falamos para dizer alguma coisa, mas
para obter determinado efeito".
CAPELATO, M. H. Propaganda política e controle dos meios de
comunicação. In: PANDOLFI, D. (org.). Repensando o Estado
Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999.

a) estender a participação democrática dos meios de comunicação no Brasil.


b) alargar o entendimento da população sobre as intenções do novo governo.
c) conquistar o apoio popular na legitimação do novo governo.
d) ampliar o envolvimento das multidões nas decisões políticas.
e) aumentar a oferta de informações públicas para a sociedade civil.

O Estado Novo estabeleceu um Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Esse órgão


tinha como função realizar a propaganda oficial com o intuito de exaltar os feitos do governo
varguista. Era também o órgão responsável pela censura e pelo silenciamento dos opositores.
A propaganda política oficial mais a censura dos opositores buscavam garantir o apoio popular
ao governo e enfraquecer os grupos sociais contrários ao modo autoritário de governar.

108
21
AULA A ERA VARGAS:
NACIONALISMO, OPOSIÇÃO
E CRISE POLÍTICA

Resumo

Entre os principais motivos para o fim do Estado Novo, temos:


• Contexto internacional: pressões externas e a Segunda Guerra Mundial.
• Crise interna: descontentamento popular e militar com o regime autoritário, inte-
ressado no retorno à democracia.
• Queda de Vargas: pressão militar e sua renúncia em 1945.

As oposições políticas a Getúlio Vargas se concentravam em dois


principais grupos:
1 Ação Integralista Brasileira (AIB)
Liderada por Plínio Salgado, defendia a ideologia fascista, inspirada em regimes tota-
litários europeus, com valores nacionalistas, autoritarismo e anticomunismo. Colaborou
com o novo governo, alinhando-se aos interesses do Estado Novo e contribuindo para a
formação de um Estado mais centralizado.
Durante o Estado Novo (1937-1945), a AIB foi incorporada ao governo, perdendo a au-
tonomia. Com o fortalecimento do autoritarismo, as atividades da AIB foram suprimidas, e
o grupo perdeu relevância política.
2 Aliança Nacional Libertadora (ANL)
Liderada por Luís Carlos Prestes e pelo Partido Comunista, tinha orientação comu-
nista, buscando a defesa dos interesses populares, a justiça social e o combate à opres-
são. Com forte engajamento na luta contra as desigualdades e injustiças, era inspirada
nas ideias marxistas.

109
Inicialmente, a ANL apoiou o movimento contra a oligarquia, mas logo se colocou
contra o modo autoritário de Vargas. Tornou-se opositora do governo após a repressão à
Intentona Comunista de 1935, que era liderada por membros da ANL. Foi declarada ilegal
e perseguida pelo governo, o que marcou a repressão contra movimentos de esquerda
no Brasil.

O movimento internacional impactou muito a vivência


política brasileira:
No período da Guerra Fria, o Brasil passou a apoiar os EUA, com abertura ao capital
estrangeiro, mas houve aumento da inflação e congelamento de salários, sem melhoria
na condição de vida da população. Em 1950, Getúlio Vargas foi eleito presidente nas
eleições diretas, já que em sua campanha relembrou as realizações trabalhistas feitas
em seu governo. Ele iniciou seu novo mandato em 1951, mas havia uma ampla campanha
contra Getúlio. Acusado e pressionado, Vargas tirou a própria vida em 24 de agosto de
1954, deixando uma carta-testamento que explicitava suas razões.

Com acusações de fraudes Sob nova Vargas Vargas tira


eleitorais, o movimento Constituição, Vargas é É aprovada a retorna ao a própria
revolucionário coloca Getúlio eleito, indiretamente, Consolidação poder, por vida no
Vargas como chefe do presidente da das Leis do eleição Palácio
Governo Provisório. República. Trabalho. direta. do Catete.

1930 1934 1943 1950 1954

1932 1937 1945 1953


Revolução Vargas dissolve o Vargas é Criação da
Constitucionalista Congresso e deposto. Petrobras.
se contrapõe inicia o Estado
a Vargas, mas Novo.
movimento é
logo abafado.

Linha do tempo da Era Vargas na política

110
AULA 21
Na prática

Atividade 1

(UFPI 2008)

Os acontecimentos históricos ocorrem, sempre, em conexão com outros aconte-


cimentos, de modo que, quando falamos de uma época, estamos nos referindo a um
ambiente dentro do qual os acontecimentos expressam, limitam as ações dos sujei-
tos. Pode-se dar o seguinte exemplo para essa afirmação: em 1932, sob a liderança do
literato Plínio Salgado, foi organizado, no Brasil, um movimento político cuja inspiração
vinha da Europa, sendo profundamente influenciado por um movimento político europeu
em ascensão na época, o qual apresentava como uma de suas metas prioritárias comba-
ter um outro movimento político em expansão na Europa.

Os três movimentos referidos são, respectivamente:


Os acontecimentos históricos se
a) o liberalismo, o socialismo e o comunismo. conectam com a criação da Ação
b) o integralismo, o nazifascismo e o comunismo. Integralista Brasileira, sob comando do
jornalista Plínio Salgado, que possuía
c) o anarquismo, o comunismo e o integralismo. grande influência dos movimentos
nazifascistas da Europa, e tinha como
d) o integralismo, o fascismo e o nazismo. objetivo combater o comunismo
no Brasil.
Atividade 2

Após ler o trecho a seguir, responda:

Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente


se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e
não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação,
para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os
humildes. Sigo o destino que me é imposto. [...]
À campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se a dos grupos nacionais
revoltados contra o regime de garantia do trabalho. [...] Contra a justiça da revisão do salá-
rio-mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização
das nossas riquezas através da Petrobras e, mal começa esta a funcionar [...]. Tenho lutado
mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante [...]. Nada mais vos
posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém,

111
querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. [...].
Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente
dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.
Getúlio Vargas. Rio de Janeiro, 24 ago. 1954.
Carta-Testamento de Getúlio Vargas. Portal da Câmara dos Deputados. Disponível em: https://www2.camara.
leg.br/atividade-legislativa/plenario/discursos/escrevendohistoria/getulio-vargas/carta-testamento-de-getulio-
vargas. Acesso em: 25 set. 2024.

1 Por que a política econômica nacionalista de Vargas enfrentou oposição? Quem


seriam os opositores à sua política, que ele menciona na carta-testamento?

A política nacionalista de Vargas enfrentou oposição porque buscava controlar o capital nacional e

os recursos naturais pelo Estado, desagradando setores da elite empresarial e grupos insatisfeitos

com as medidas intervencionistas. Os opositores mencionados na carta-testamento incluíam grupos

nacionais que se opunham, por exemplo, à revisão do salário mínimo; e grupos internacionais que,

de fora do país, o pressionavam contra suas políticas nacionalistas.

2 Explique a relação entre o texto da carta e o trabalhismo. Qual era a avaliação de


Vargas de seu próprio governo?

A carta-testamento de Vargas reflete sua defesa do trabalhismo, evidenciando seu compromisso

com as classes populares e a potencialização das riquezas nacionais por meio da Petrobras.

Segundo a ótica de Vargas, ele enfrentou o ódio por tentar criar a liberdade nacional e resistiu a

pressões constantes em prol do povo brasileiro. Sua avaliação do próprio governo, expressa na carta,

indica uma narrativa de luta e resistência em favor do povo.

112
AULA 21
A Intentona Comunista de 1935 serviu de justificativa para o re-
Aprofundando gime varguista enaltecer a necessidade de defesa da Segurança
Nacional, para transformar o Estado Democrático em Estado po-
licialesco e autoritário. A concretização desse movimento político
ocorreu em 1937, com a criação do Estado Novo.
1 (UNESP) Decretada a extinção da Aliança Nacional Libertadora em 1935, seus
membros, os não moderados, organizaram a insurreição comunista que foi abafada
pelo Governo Vargas. Assinale a alternativa que apresenta a ação política subse-
quente e relacionada com a referida insurreição:
a) a proposta anti-imperialista e antilatifundiária, contida no programa da ANL, foi
completamente abandonada.
b) Vargas, em proveito de seus planos ditatoriais, explorou o temor que havia
ao comunismo.
c) dois meses após a Intentona, todos os presos políticos que aguardavam julga-
mento foram colocados em liberdade.
d) a campanha anticomunista das classes dominantes contribuiu para que Vargas
abandonasse seus planos continuístas.
e) os revoltosos só se renderam depois de proclamada a suspensão definitiva do
pagamento da dívida externa.

2 (ENEM 2021)
Quando Getúlio Vargas se suicidou, em agosto de 1954, o país parecia à beira do
caos. Acuado por uma grave crise política, o velho líder preferiu uma bala no peito à
humilhação de aceitar uma nova deposição, como a que sofrera em outubro de 1945.
Entretanto, ao contrário do que imaginavam os inimigos, ao ruído do estampido não se
seguiu o silêncio que cerca a derrota.
REIS FILHO, D. A. O Estado à sombra de Vargas. Nossa História. n. 7, maio 2004.

O evento analisado no texto teve como repercussão imediata na política nacional a


a) reação popular.
b) intervenção militar.
c) abertura democrática.
d) campanha anticomunista.
e) radicalização oposicionista. O suicídio de Vargas acirrou as tensões sociais e foi acom-
panhado de forte repercussão popular, sobretudo entre
os trabalhadores.

113

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