ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 2
I. 1. OBJECTIVOS .......................................................................................................................... 3
I.2 METODOLOGIAS..................................................................................................................... 3
II. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................................... 4
1. ARTE RUPESTRE ........................................................................................................................ 4
2. ARTE MACONDE/XIKELEKEDANE....................................................................................... 9
3. ARTE COLONIAL-NÚCLEO DE ARTE................................................................................. 12
4. ARTE POS-COLONIAL, NÚCLEO DE ARTE ....................................................................... 14
5. ARTE FELIZ................................................................................................................................ 18
6. MUVART ...................................................................................................................................... 19
ARQUITECTURA ........................................................................................................................... 21
III. CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 29
IV. BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................... 30
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I. INTRODUÇÃO
A arte é entendida como o espelho da cultura de um povo. Deste modo, no trabalho apresenta-se o
estudo da Arte Moçambicana que de certa forma espelha a sua cultura explorando os vestígios que se
encontram em diferentes pontos do país.
A dissertação aqui presente respeita especialmente ao aspecto cronológico, visto que o tempo
influencia naquilo que é a vivência de um povo e nas manifestações artísticas observadas dentro do
mesmo território, partindo dos tempos remotos à actualidade.
Em linhas gerais, apresenta-se como primeira manifestação artística a Pintura Rupestre, que foi a
marca deixada pelos homens pré históricos em algumas regiões do país com afluência no centro e
norte.
Na sequência, tem-se a Arte Maconde, uma das importantes manifestações artísticas com
características próprias.
Como o país esteve submetido a diferentes situações que de certa forma influenciaram nas tendências
artísticas, como é o caso da colonização, encontram-se também, aqui referenciados aspectos da arte
colonial e pós-colonial como momentos ímpares da reflexão artística.
Os movimentos artísticos, são por sua vez, aqui abordados como forma de mostrar ao leitor a
importância da arte e a animosidade com que os artistas o fazem. Estes movimentos de certa forma
trazem uma nova visão de como fazer a arte, abrindo um extenso painel de manifestação artística e
conquistando espaços para sua divulgação.
Em suma, este é um trabalho que apresenta o que se faz de belo na cultura artística moçambicana em
pintura, escultura, arquitectura, entre outras realizações artísticas.
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I. 1. OBJECTIVOS
Constituem objectivos do presente trabalho:
Geral:
• Conhecer a Arte Moçambicana;
• Estudar as Artes Plásticas Moçambicanas.
Específicos:
• Criar uma cronologia da produção artística moçambicana;
• Identificar as diferentes manifestações artísticas moçambicanas;
• Reflectir sobre a cultura artística moçambicana.
I.2 METODOLOGIAS
Para a realização desta pesquisa o grupo autor serviu-se de:
• Orientações de base fornecidas pelo Docente da Cadeira;
• Visita ao Museu Nacional de Arte;
• Consultas bibliográficas;
• Análise de dados;
• Compilação e digitação;
• Apresentação e defesa do tema ao colectivo da turma e ao docente;
• Registo e ponderação das observações dos colegas e do docente;
• Análise, arranjos finais e impressão.
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II. DESENVOLVIMENTO
Importância das artes
São parte constituinte do sol de um povo; segundo Samora Machel, a cultura é o sol de um povo.
Tem um papel importante na documentação da vida dos povos: no que diz respeito aos hábitos e
costumes, forma de estar e de agir em relação ao que lhes coloca;
Tem a função de confortar a alma;
Cronologia Artística Moçambicana
1. Arte Rupestre
2. Arte Maconde/Xikelekedane
3. Arte Colonial-Núcleo de Arte
4. Arte Pós-Colonial, Núcleo de Arte
5. Arte Feliz
6. Muvart.
1. ARTE RUPESTRE
As pinturas rupestres eram entendidas pelo Homem que a realizava como um ritual mágico e
premonitório, eficaz para o controle de uma realidade, como por exemplo a das caçadas.
Era uma forma do homem dominar a natureza.
A arte era algo possível a um ser dotado de experiência metafísica e religiosa, porquanto na sua
essência a manifestação artística é sempre conceptual.
A arte rupestre constitui testemunho documental de uma das mais expressivas manifestações
espirituais do homem. São páginas de História que permitem avaliar a longínqua distância que separa
o homem primitivo do actual. Alguns estudos mostram que ela compreende os períodos Paleolítico,
Mesolítico e Neolítico. O homem pré-histórico deixou marcado na pedra, cenas de sua vida com
vigorosos e belos traços, conforme afirma PEREIRA (1966).
“A sua sensibilidade está, portanto, em todos os temas de inspiração. A
técnica de representação dos objectos, animais e pessoas, em traços
sóbrios, vigorosos e belos, de vida palpitante, como sucede nas danças,
cenas de caça, actos de culto, etc., dá imagem real do seu mundo ancestral,
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trazido à nossa presença como o mais actual e elucidativo documentário
para estudo e meditação.” (s/p)
Alguns autores acreditam que a arte rupestre era entendida pelo homem que a realizava (quase sempre
um feiticeiro) como um ritual mágico e premonitório, eficaz para o controle de uma realidade, como
por exemplo, o das caçadas. Era uma forma de o homem dominar a natureza.
Predominam nas pinturas rupestres as cores vermelha, laranja e castanho, que, segundo Rosa de
Oliveira, a cor vermelha deve derivar da hematite (óxido de ferro anídrico); as cores de alaranjado,
da limonite (sesquióxido de ferro hidratado); e as de chocolate, de um pseudo derivado da magnetite
(óxido de ferro magnético).
A riqueza do património pictural rupestre de Moçambique está na quantidade de pinturas que se
encontram no seu território, e na variedade e qualidade das mesmas. Nenhuma se repete nas suas
expressões representativas, nem nos temas que serviram à sua inspiração. Os exemplos desta arte
encontram-se predominantemente nas regiões do Centro e Norte.
Pinturas rupestres da região de Samo, na Província de Tete
A região está integrada num maciço rochoso. As pinturas encontram-se num bloco de pedra que tem
cerca de oito metros de altura. Numa superfície de quatro metros de largura por dois e meio de altura
descobre-se o primeiro conjunto das pinturas, representado por desenhos de forma geométrica
irregular, ressaltando entre eles, as linhas sinusoidais, as espirais, os semicírculos e círculos, a par de
segmentos de recta paralelos, cruzados, etc. Não se encontram representações de animais. Nada, pelo
menos, o leva a crer. Nenhum animal, com efeito, se pode identificar, a menos que se interpretem
aquelas espirais ou os círculos com suas radiais, como espécimes marinhos. As pinturas são da cor
de ocre.
Pinturas rupestres de Zangaia, na região do Posto de Chiúta na Província de Tete
As pinturas estão localizadas em duas regiões dum rochedo, que se encontra nas proximidades do
Monte Kaláire, "ilha" de rocha, cuja base, por ter a forma cilíndrica, é circular, com um diâmetro
superior a cem metros.
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As pinturas do lado Oeste encontram-se bastante sumidas, sendo difícil o seu exame para uma
elucidativa interpretação. Mas as do lado Leste, distando dos anteriores pouco mais de quinze metros,
apresentam-se nítidas e suscitam maior interesse. Estão pintadas a cor de ocre, situando-se as
primeiras num painel quadrado, com cerca de um metro e trinta de lado. As pinturas nesta região
representam, segundo PEREIRA (1966, s/p), figuras humanas, um animal pré-histórico, linhas
paralelas que preenchem espaços vazios e outras figuras desproporcionadas. Trata-se de um rico
conjunto com notoriedade artística que de certa forma nos traz aspectos cronológicos por um lado e
seu estilo de vida por outro.
Pinturas rupestres, situadas no sopé do Monte Malembué na área do posto de Muembe, na
Província do Niassa
Malembué é um enorme bloco de rocha, dirigido segundo a direcção Este-oeste, com cerca de
quinhentos metros de comprimento e cem de altura. A base é elíptica e o corpo em forma de tronco
de cone. Na parte voltada para o Norte, abre-se um cavado de algumas dezenas de metros de
comprimento e outros tantos de altura, na superfície do qual se situam as pinturas rupestres. Do lado
Sul, todo o maciço rochoso olha para um extenso e profundo vale.
O acesso superior à esta zona rochosa pode fazer-se pelo lado Leste. Muito acima do vasto painel das
pinturas, existem grutas, que, vistas do solo, se assemelham a grandes janelas, nas quais, segundo
afirmam, os Ajauas se recolheram para, dali, fazerem rolar calhaus enormes com que feriam e
matavam os seus inimigos, os Angonis.
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A palavra Malembué, etimologicamente deriva do prefixo MA que significa muitos, e de LEMBUÉ
que quer dizer escritos. O painel em referência tem cerca de vinte metros de comprimento por três de
altura. Situa-se na cavidade natural da "Ilha" e é naturalmente protegido dos raios de Sol e da chuva.
A cavidade oferece uma inclinação para dentro, em direcção à base, que torna mais eficaz a protecção.
No rol das imagens encontradas nesta região temos, figuras de homens e animais, representações
simbólicas e traçado geométrico de linhas verticais e oblíquas.
Pintura de Chinhamapere, na Província de Manica
Tanto como acontece noutras províncias não deixa de ser nesta, a pintura é vista duma forma diferente
doutras artes sem fugir a regra de representação daquilo que cada artista lhe convier. Daquilo que se
pode observar é que eles procuram representar o que está ligado ao sofrimento da população dum
lado as belas paisagens do planalto, a certas coisas abstractas, a vida das populações que está ligada
aos ritos de iniciação, a fidelidade da mulher, e a invocação feita aos espíritos, ao sucesso nas suas
futuras caças.
Não existem tantos exemplos que caracterizam a pintura dessas províncias, mas, podemos ter como
referência as imagens que as pinturas de Chinhamapere nos ilustram.
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Estas pinturas, localizam-se num abrigo sobre rocha, no monte Chinhamapere pertencente ao
contraforte da vertente do planalto, formado por cera vumba na província de Manica, antiga
Macequece.
As figuras que primeiro foram pintadas na rocha, a vermelhão e alaranjado, constituídas por uma
figura masculina segurando o que se presume seja atado de capim, pois é provável que se tratasse de
povos pastores; um grupo de vários outros romanos com arcos e com flechas, uns enquanto outros
seguram as costas mortas e feridas, talvez após o combate. Todo este conjunto artístico está sumido
e, devido a fustigação erosiva está borrado, com riscos a escorrerem pela rocha.
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2. ARTE MACONDE/XIKELEKEDANE
Breve historial do povo Maconde
• Os macondes são de origem do planalto de Mueda (Cabo Delgado).
• Os Macondes são um povo da África oriental, que habita 3 planaltos do Norte de Moçambique e
sul da Tanzânia.
Localização dos povos Maconde
Designa-se Maconde, os habitantes dos planaltos ao norte e a sul do rio Rovuma. Para aqueles que
habitam os vales são chamados Vandonde, (ku) ndonde, o que significa terras baixas.
Escultura Maconde
A escultura Maconde tem como principal motivo o corpo humano, retratando aspectos da vida
quotidiana e da sua cultura no geral.
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Etapas da Escultura Maconde
1ª Etapa: Arte Maconde antiga
• Elaboração de máscaras Mapico, de pequenos objectivos e de uso, e num período mais recente,
Execução das primeiras esculturas em corpo inteiro em madeira leve poli cromada;
• Elevado nível de simplificação por acentuação;
• E execução para fins Rítmicas.
2ª Etapa: período colonial (princípios dos anos 30 e finais dos anos 40)
Elaboração de bustos e figuras em corpo o inteiro, retratando personagens da vida quotidiana,
esculturas animalistas, início da utilização do pau preto. Acentuado carácter Realista, funções de
crítica social, início da comercialização.
3ª Etapa: Arte Maconde moderna (anos 60)
A Arte Maconde moderna desenvolveu-se a partir dos anos 60, chamou atenção aos Apreciadores de
arte por todo o mundo, assenta-se na criação de novos dois estilos: Ujama e Shetani.
Tipos de Esculturas Maconde
1. Escultura tipo Shetani
Designa uma variedade complexa de figuras mitológicas, sendo umas consideradas perigosas para os
seres humanos, outras não.
SEM TITULO: Kilosa
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2- Escultura Ujamaa
O ujamaa é uma composição de figuras umas em cima das outras em equilíbrio harmonioso e
dinâmico.
A FAMÍLIA: Cornelius
3- Escultura tipo Ujamaa não compacta
As figuras são trabalhadas em redor de um espaço oco e não de um núcleo maciço.
Esta forma de trabalhar exige maior mestria e um treino intensivo.
AS CHEIAS: Miguel Valingue
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3. ARTE COLONIAL-NÚCLEO DE ARTE
O Núcleo de Arte, foi fundado durante a colonização, o qual desenvolvia actividades regulares, era a
alavanca cultural da cidade (Lourenço Marques, actual Maputo).
O Núcleo de Arte era um clube de elite fechado ao outro mundo mais vasto colónia, mas varias
mudanças aconteceram com a integração nos anos seguintes de Malangatana, Shikhani, Chissano e
alguns poucos jovens negros passaram a frequentar, no meio de muitas dificuldades, os cursos
oferecidos pelo Núcleo de Arte.
Durante os anos 60, estes funcionavam ateliers diversos e organizavam-se exposições individuais e
colectivas na sua sede e outros locais da cidade.
A primeira individual de Malangatana, realizada em 1961 com o apoio do arquitecto Pancho Miranda
Guedes abriu a porta para os artistas colonizados e lançou o debate sobre a apropriação de técnicas e
de meios expressivos africanos.
A fotografia
A fotografia em Moçambique teve um papel importante na sociedade moçambicana, na critica, na
gravação de imagens, na sensibilização, as cheias, injustiças, entre outros momentos vividos neste
país. Testemunham as obras dos seguintes artistas
SEM TíTULO: Ricardo Rangel
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SANITÁRIOS: Onde o negro podia ser servente e só o branco era homem.
Sem titulo: Kok Nam Sem título: Kok Nam
Com o início da Luta Armada de Libertação Nacional, a cultura assume um papel importante no
combate ao tradicionalismo e aos valores da burguesia colonial.
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4. ARTE POS-COLONIAL, NÚCLEO DE ARTE
A arte passa a ter um papel importante na sociedade, e o artista, a partir das raízes culturais do seu
passado histórico, desenvolve novas formas para melhor traduzir os valores da nova sociedade. A
busca de identidade cultural foi sempre uma preocupação dos artistas moçambicanos nesta época.
Os artistas que mais se destacaram nesta época foram o Malangatata, Chissano, Mankew, Chicane,
Noel Langa, Naftal Langa, Jacob Macambako, entre outros.
Escultura
A escultura moçambicana reflecte aquilo que são as vivências do seu meio, apresentando uma
dinâmica visual, com movimentos e ritmos aparentes, com relação figura/ forma, através de
repetições de elementos.
Olhando para as esculturas do Malangatana, tão monumental, apresenta uma ruptura daquilo que é
tradicional quando apresenta uma composição de diferentes materiais, tornando-a dinâmica, com
sensação de movimento presente, onde os elementos interagem entre si, tornando-a belíssima.
A CASA DOS MABJAIAS: Malangatana
A sua escultura também é testemunho desta evolução que acompanha, ou reflecte a sua realidade
envolvente.
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As formas desta expressão, variam do abstracto ao figurativo, naturalista, realista e estilizado
HI TWELE VU SIWANA: SIMÕES
ESPERANÇA DE MULHER: SEGÁ GOTAS VERMELHAS: SEGA
Inspiração e Temática da Arte Moçambicana
As manifestações artísticas de Moçambique apresentam temáticas directamente ligadas a sociedade
onde o artista se insere. O que lhe incomoda, ou lhe agrada, usando sua obra para fazer sua critica.
Generalizando a temática das artes moçambicanas: família, concelhos, política, doenças, seca, cheias,
nascimento, prisão, festas tradicionais, caminhos da vida, praga, jogo democracia, mercados,
harmonias, amor, hierarquias, sinfonias, religião, opressão, história, guerras, paz, entre outros.
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Pintura
A Pintura Moçambicana apresenta muita vivacidade, reflectindo a forma de ser do moçambicano.
Podemos observar diferentes cores e gama de tonalidade, mas em muitos casos predominam os
vermelhos, laranjas, amarelos, azuis e verdes.
HOBJANA
Segundo o título da obra e a psicologia da cor podemos fazer uma leitura daquilo que está por detrás
do pensamento do artista. Muitas vezes o que está além daquilo que o artista queria exprimir. Mas
que a sua composição nos sugere.
Meninas do jardim: Victor Sousa Dança nocturna chingombela: Victor Sousa Matwassane: Victor Sousa
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Influências
Encontramos nas artes moçambicanas influências de diferentes correntes tais como: modernismo,
cubismo, surrealismo, impressionismo, contemporâneo.
EMERGÊNCIA: GEMUCE
SEDUÇÃO: Noel Langa FRUTA DA VIDA: Noel Langa
Características
Figurativo, abstracto, naturalista e realista. Encontramos na pintura moçambicana muitos elementos
da linguagem visual tais como: linha, o volume, a forma, o ritmo, texturas, o movimento que
conjugado e organizado dão forma visual agradável de ver, no nosso modo de ver e de sentir.
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5. ARTE FELIZ
Arte feliz foi uma associação de artistas moçambicanos que nos anos 90 juntaram-se com objectivo
de revolucionar as artes plásticas moçambicanas.
O horizonte arte difusão (serviço criado no âmbito da empresa artesanal), promoveu, local e
internacionalmente, diferentes gerações artísticas e novas propostas, em que os primeiros Workshops
internacionais de arte realizados em Moçambique expuseram os artistas participantes a novos
materiais e técnicas, permitindo assim a exploração de diferentes e semelhantes bases de reflexão e
inovação.
O relacionamento entre as práticas artísticas africanas e a arte ocidental começou há muito tempo,
começou por ser imposto porque estava associado a colonização, mas não foi apenas num sentido, foi
desde o início um relacionamento de dois sentidos.
Um grupo de jovens artistas, a volta de núcleo de arte lutava por se afirmar e procurava uma
identidade artística nova. Destacam se os seguintes artistas: Bento Carlos Mukwesuane, Kweto,
Gemusse, Titos Mabota.
SEM TíTULO: Titos Mabote
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KACONOMIA: Kheto Lualuai STOP SIDA: MAHAZUL
6. MUVART (Movimento de Arte Contemporânea de Moçambique)
O MUVART traz consigo uma nova era da Arte em Moçambique, a vontade e a concretização de
uma nova forma de estar na arte.
Filosofia do MUVART
O MUVART reivindica a capacidade dos artistas moçambicanos de participarem na arena
internacional, como testemunho do mundo de hoje. A partir de riquezas humanas únicas, mesmo que
em Moçambique a criação contemporânea possa assumir uma identidade própria, resultado de
influências de um meio social, cultural ou de outros intervenientes.
O MUVART pretende abrir um campo de possibilidades de criação e de domínio de arte que ate hoje
não estão presentes na produção dos novos artistas.
Ao acompanhar a complexidade e as novas tendências da arte, este movimento associa-se e
acompanha o movimento internacional da arte contemporânea.
No dizer da Alda Costa, a arte contemporânea em Moçambique, começa a aparecer ao público no
ano 2003, com a exposição que marcou o aparecimento ao publico do MUVART, constituído por
onze jovens artistas, tendo considerado como um sinal de mudança e de crescimento, mas também
de reflexão da multiplicidade de prática artística em Moçambique.
Esta exposição suscitou interesse e curiosidade por parte do público que a visitou, mas passou
praticamente despercebida nos jornais.
Com a primeira edição da Expo Contemporânea Moçambique-2004, organizada pelo MUVART em
parceria com o Museu de Arte, na qual participaram 37 artistas de diferentes gerações e
nacionalidades, priorizando os novos criadores, permitiu que em Moçambique a criação
contemporânea possa assumir uma identidade própria, visto como resultado de influência de um meio
social, cultural e de domínio de arte que ate hoje não estão presentes na produção dos novos artistas.
O MUVART, vem contribuir de forma activa para que outros valores estéticos sejam compreendidos,
mudando e rompendo com as estéticas pré-estabelecidas e aceites no circuito da arte Moçambicana.
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Fundadores
Anesia Manjate, Marcos Muthewuye, Carmen Muianga, Celestino Mondlane (Mudaulane), Gemusse,
Ivan Serra, Jorge Dias, Vania Lemos, Quotan Lamberte, e outros.
Algumas Obras e Seus Autores
PARABÓLICA: MARCOS MUTHEWUYE CASULOS: JORGE DIAS
Mudaulane, s/t Carmen, s/t
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Conselho de Anciãos: Anésia Manjate Circulo de amor
A forma circular para o povo moçambicano tem muitos significados como amor, união, consenso,
firmeza, encontro, flexibilidade, tranquilidade, frontalidade, paz, entre outros. Esta forma tem-se
reflectido na forma de ser e de estar dos moçambicanos. Queremos com isto fazer uma ponte com a
Arquitectura Rural do nosso país.
ARQUITECTURA
Em Moçambique o urbano e o rural são dois “países” com evoluções próprias, paralelas ou
confluentes, mas ainda muito distantes (ou mesmo em distanciamento progressivo...) em termos da
expressão de formas diversas de habitar. O camponês, herdeiro das tradições técnicas ancestrais que
lhe permitem viver em equilíbrio com o meio ambiente, vai, paulatinamente, integrando nos seus
saberes e necessidades outras exigências e outras possibilidades. Mas está ainda longe das mutações
culturais que, um dia, o farão urbanizado.
A cidade, como fenómeno generalizado, como sede da administração pública, é um fenómeno recente
na nossa parte de África. Segundo Forjaz, “podemos mesmo arriscar em dizer que é um fenómeno de
importação e, no nosso caso, de importação colonial”.
A cidade exige uma arquitectura diversa da aldeia e das zonas rurais. Diversa na sua tecnologia,
diversa nas formas de viver e de habitar, diversa nas regras de associação e de infraestruturação,
diversa até na longevidade e valores que representa.
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A arquitectura moçambicana tem observado diferentes mudanças e pode se estudar dividindo-a em
arquitectura urbana e rural.
Arquitectura rural
Começaremos pela rural por ser a que se apresenta como tipicamente moçambicana pelas suas
construções, e materiais.
Na arquitectura rural, as pessoas não se usam a planta sobre o papel para conceber uma casa. Decidem
qual o lugar onde a casa vai ficar, e a sua posição.
Estas casas eram na sua maioria circulares e com cobertura cônica sustentada por uma estrutura de
paus que divergem do centro no ponto mais alto, hoje em dia, podemos constatar formas com bases
poligonais (rectângulo) e coberturas de duas a quatro águas sustentadas por uma estrutura de paus ou
madeira.
Alguns Exemplos
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Arquitectura Urbana/importada
Olhando para a arquitectura urbana pode-se observar influências árabes e europeias, ligados a época
gótica e do renascimento.
Por outro lado, observam-se também as arquitecturas da época do renascimento, moderna,
contemporânea, arquitectura islâmica e militar.
É de referir que se trata de obras projectadas e construídas em Moçambique por arquitectos não
moçambicanos, razão pela qual se considere arquitectura importada.
Arquitectos
Moçambique, sobretudo no período colonial, produziu excelentes obras de arquitectura,
acompanhando o que melhor se fazia no mundo.
Edifício 33 Andar, Cidade de Maputo
Entre esses arquitectos, destacam-se Amâncio de Alpoim Guedes, Guerizo do Carmo, Quirino da
Fonseca, Miranda Guedes, João José Tinoco, José Forjaz.
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Sé Catedral, Cidade de Maputo
ISRI: José Forjaz
Edifício Residencial, Baía de Maputo
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Edifício Conselho Municipal, Cidade de Maputo
Maputo Shopping Centre, Cidade de Maputo
Arquitectura Militar
A arquitectura militar pode ser considerada com um ramo da arquitectura destinada a edificações de
estruturas defensivas. Dada a especificidade desta subárea, agrupam-se assim semelhanças
características neste tipo de construções, como nos castelos e fortalezas, moldados segundo as
técnicas de determinadas épocas e regiões.
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Fortaleza na Ilha de Moçambique
Fortaleza de Maputo
Arquitectura Islâmica
Olhando para a arquitectura urbana observamos influências, árabe e colonial nos edifícios
ligados a época gótica, a do renascimento, arquitectura militar.
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Na Cidade da Beira Mesquita Central da Cidade de Maputo
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Ficha de Apoio Ev. 12ª ARTE MOÇAMBICANA
III. CONCLUSÃO
Moçambique é um país rico em cultura artística e olhando para as artes plásticas observamos
diferentes manifestações artísticas, desde a pintura rupestre à escultura maconde em paralelo
chikelekedane até a arte desenvolvida hoje como instalação, performance, vídeo, escultura, pintura
entre outras.
Observamos também uma ruptura das artes tradicionais popular à contemporânea, mostrando
desenvolvimento ou evolução nas linguagens, onde nestas a arte é essencialmente conceptual.
Há um vazio nos registos artísticos, no período que segue a arte rupestre até ao colonialismo, devido
a invasão europeia nosso continente.
Depois da independência, a busca da identidade cultural foi preocupação de muitos artistas que
imergiam naquele momento, como forma de se auto afirmar culturalmente.
A maioria dos artistas moçambicanos, são autodidactas, mas com trabalhos que tem autenticidade
nacional.
O Núcleo de Arte, a Escola Nacional de Artes Visuais e agora o MUVART, são os responsáveis pela
formação e divulgação dos artistas, dentro e fora do país.
Predominam nas Artes Moçambicanas, temáticas desde família, políticas, cheias, amor, união,
consenso, firmeza, encontro, flexibilidade, tranquilidade, frontalidade, paz, entre outros.
As formas desta expressão, variam do abstracto ao figurativo, naturalista, realista e estilizado.
Esta forma tem se reflectido na forma de ser e de estar dos moçambicanos. Queremos com isto fazer
uma ponte com a arquitectura rural do nosso país.
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Ficha de Apoio Ev. 12ª ARTE MOÇAMBICANA
IV. BIBLIOGRAFIA
• COSTA, Alda; Percursos e Olhares, Um Introdução à Arte em Moçambique; 1ª Edição; Editora
EPM – CELP; Maputo- Moçambique; 2008
• CRISPOLTI, Enrico; Como Estudar a Arte Contemporânea; 1ª Edição; Editorial Estampa Lda;
Lisboa- Portugal; 2004
• MUVART; Expo Arte Contemporânea Moçambique; 1ª Edição MUVART; Editora Brithol
Michcoma; 2004
• PEREIRA, Alberto Feliciano Marques; A Arte em Moçambique, Lourenço Marques, 1966.
• RIBEIRO, António Pinto; Réplica e Rebeldia; 1ª Edição; Instituto Camões; Lisboa, Portugal, 2006