RGCO - Regime Geral Das Contraordenações
RGCO - Regime Geral Das Contraordenações
I PARTE
Da contra-ordenação e da coima em geral
CAPÍTULO I
Âmbito de vigência
Artigo 1.º
Definição
Constitui contra-ordenação todo o facto ilícito e censurável que preencha um
tipo legal no qual se comine uma coima.
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diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
Artigo 2.º
(Princípio da legalidade)
Só será punido como contra-ordenação o facto descrito e declarado passível
de coima por lei anterior ao momento da sua prática.
Artigo 3.º
Aplicação no tempo
1 - A punição da contra-ordenação é determinada pela lei vigente no
momento da prática do facto ou do preenchimento dos pressupostos de que
depende.
2 - Se a lei vigente ao tempo da prática do facto for posteriormente
modificada, aplicar-se-á a lei mais favorável ao arguido, salvo se este já tiver
sido condenado por decisão definitiva ou transitada em julgado e já
executada.
3 - Quando a lei vale para um determinado período de tempo, continua a ser
punida a contra-ordenação praticada durante esse período.
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- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
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Artigo 4.º
Aplicação no espaço
Salvo tratado ou convenção internacional em contrário, são puníveis as
contra-ordenações:
a) Praticadas em território português, seja qual for a nacionalidade do agente;
b) Praticadas a bordo de aeronaves ou navios portugueses.
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Artigo 5.º
(Momento da prática do tacto)
O facto considera-se praticado no momento em que o agente actuou ou, no
caso de omissão, deveria ter actuado, independentemente do momento em
que o resultado típico se tenha produzido.
Artigo 6.º
(Lugar da prática do facto)
O facto considera-se praticado no lugar em que, total ou parcialmente e sob
qualquer forma de comparticipação, o agente actuou ou, no caso de omissão,
devia ter actuado, bem como naquele em que o resultado típico se tenha
produzido.
CAPÍTULO II
Da contra-ordenação
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Artigo 7.º
(Da responsabilidade das pessoas colectivas ou equiparada)
1 - As coimas podem aplicar-se tanto às pessoas singulares como às pessoas
colectivas, bem como às associações sem personalidade jurídica.
2 - As pessoas colectivas ou equiparadas serão responsáveis pelas contra-
ordenações praticadas pelos seus órgãos no exercício das suas funções.
Artigo 8.º
(Dolo e negligência)
1 - Só é punível o facto praticado com dolo ou, nos casos especialmente
previstos na lei, com negligência.
2 - O erro sobre elementos do tipo, sobre a proibição, ou sobre um estado de
coisas que, a existir, afastaria a ilicitude do facto ou a culpa do agente, exclui
o dolo.
3 - Fica ressalvada a punibilidade da negligência nos termos gerais.
Artigo 9.º
Erro sobre a ilicitude
1 - Age sem culpa quem actua sem consciência da ilicitude do facto, se o erro
lhe não for censurável.
2 - Se o erro lhe for censurável, a coima pode ser especialmente atenuada.
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Artigo 10.º
(Inimputabilidade em razão da idade)
Para os efeitos desta lei, consideram-se inimputáveis os menores de 16 anos.
Artigo 11.º
(Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica)
1 - É inimputável quem, por força de uma anomalia psíquica, é incapaz, no
momento da prática do facto, de avaliar a ilicitude deste ou de se determinar
de acordo com essa avaliação.
2 - Pode ser declarado inimputável quem, por força de uma anomalia psíquica
grave não acidental e cujos efeitos não domina, sem que por isso possa ser
censurado, tem no momento da prática do facto a capacidade para avaliar a
ilicitude deste ou para se determinar de acordo com essa avaliação
sensivelmente diminuída.
3 - A imputabilidade não é excluída quando a anomalia psíquica tiver sido
provocada pelo próprio agente com intenção de cometer o facto.
Artigo 12.º
(Tentativa)
1 - Há tentativa quando o agente pratica actos de execução de uma contra-
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Artigo 13.º
Punibilidade da tentativa
1 - A tentativa só pode ser punida quando a lei expressamente o determinar.
2 - A tentativa é punível com a coima aplicável à contra-ordenação
consumada, especialmente atenuada.
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- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
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Artigo 14.º
(Desistência)
1 - A tentativa não é punível quando o agente voluntariamente desiste de
prosseguir na execução da contra-ordenação, ou impede a consumação, ou,
não obstante a consumação, impede a verificação do resultado não
compreendido no tipo da contra-ordenação.
2 - Quando a consumação ou a verificação do resultado são impedidas por
facto independente da conduta do desistente, a tentativa não é punível se
este se esforça por evitar uma ou outra.
Artigo 15.º
(Desistência em caso de comparticipação)
Em caso de comparticipação, não é punível a tentativa daquele que
voluntariamente impede a consumação ou a verificação do resultado, nem
daquele que se esforça seriamente por impedir uma ou outra, ainda que os
comparticipantes prossigam na execução da contra-ordenação ou a
consumem.
Artigo 16.º
Comparticipação
1 - Se vários agentes comparticipam no facto, qualquer deles incorre em
responsabilidade por contra-ordenação mesmo que a ilicitude ou o grau de
ilicitude do facto dependam de certas qualidades ou relações especiais do
agente e estas só existam num dos comparticipantes.
2 - Cada comparticipante é punido segundo a sua culpa, independentemente
da punição ou do grau de culpa dos outros comparticipantes.
3 - É aplicável ao cúmplice a coima fixada para o autor, especialmente
atenuada.
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CAPÍTULO III
Da coima e das sanções acessórias
Artigo 17.º
Montante da coima
1 - Se o contrário não resultar de lei, o montante mínimo da coima aplicável
às pessoas singulares é de (euro) 3,74 e o máximo de (euro) 3740,98.
2 - Se o contrário não resultar de lei, o montante máximo da coima aplicável
às pessoas colectivas é de (euro) 44891,81.
3 - Em caso de negligência, se o contrário não resultar de lei, os montantes
máximos previstos nos números anteriores são, respectivamente, de (euro)
1870,49 e de (euro) 22445,91.
4 - Em qualquer caso, se a lei, relativamente ao montante máximo, não
distinguir o comportamento doloso do negligente, este só pode ser
sancionado até metade daquele montante.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 356/89, de 17/10 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
- DL n.º 244/95, de 14/09 27/10
- DL n.º 323/2001, de 17/12 -2ª versão: DL n.º 356/89, de
17/10
-3ª versão: DL n.º 244/95, de
14/09
Artigo 18.º
Determinação da medida da coima
1 - A determinação da medida da coima faz-se em função da gravidade da
contra-ordenação, da culpa, da situação económica do agente e do benefício
económico que este retirou da prática da contra-ordenação.
2 - Se o agente retirou da infracção um benefício económico calculável
superior ao limite máximo da coima, e não existirem outros meios de o
eliminar, pode este elevar-se até ao montante do benefício, não devendo
todavia a elevação exceder um terço do limite máximo legalmente
estabelecido.
3 - Quando houver lugar à atenuação especial da punição por contra-
ordenação, os limites máximo e mínimo da coima são reduzidos para metade.
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diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
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Artigo 19.º
Concurso de contra-ordenações
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Artigo 20.º
(Concurso de infracções)
Se o mesmo facto constituir simultaneamente crime e contra-ordenação, será
o agente sempre punido a título de crime, sem prejuízo da aplicação das
sanções acessórias previstas para a contra-ordenação.
Artigo 21.º
Sanções acessórias
1 - A lei pode, simultaneamente com a coima, determinar as seguintes
sanções acessórias, em função da gravidade da infracção e da culpa do
agente:
a) Perda de objectos pertencentes ao agente;
b) Interdição do exercício de profissões ou actividades cujo exercício dependa
de título público ou de autorização ou homologação de autoridade pública;
c) Privação do direito a subsídio ou benefício outorgado por entidades ou
serviços públicos;
d) Privação do direito de participar em feiras ou mercados;
e) Privação do direito de participar em arrematações ou concursos públicos
que tenham por objecto a empreitada ou a concessão de obras públicas, o
fornecimento de bens e serviços, a concessão de serviços públicos e a
atribuição de licenças ou alvarás;
f) Encerramento de estabelecimento cujo funcionamento esteja sujeito a
autorização ou licença de autoridade administrativa;
g) Suspensão de autorizações, licenças e alvarás.
2 - As sanções referidas nas alíneas b) a g) do número anterior têm a duração
máxima de dois anos, contados a partir da decisão condenatória definitiva.
3 - A lei pode ainda determinar os casos em que deva dar-se publicidade à
punição por contra-ordenação.
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Artigo 21.º-A
Pressupostos da aplicação das sanções acessórias
1 - A sanção referida na alínea a) do n.º 1 do artigo anterior só pode ser
decretada quando os objectos serviram ou estavam destinados a servir para a
prática de uma contra-ordenação, ou por esta foram produzidos.
2 - A sanção referida na alínea b) do n.º 1 do artigo anterior só pode ser
decretada se o agente praticou a contra-ordenação com flagrante e grave
abuso da função que exerce ou com manifesta e grave violação dos deveres
que lhe são inerentes.
3 - A sanção referida na alínea c) do n.º 1 do artigo anterior só pode ser
decretada quando a contra-ordenação tiver sido praticada no exercício ou por
causa da actividade a favor da qual é atribuído o subsídio.
4 - A sanção referida na alínea d) do n.º 1 do artigo anterior só pode ser
decretada quando a contra-ordenação tiver sido praticada durante ou por
causa da participação em feira ou mercado.
5 - A sanção referida na alínea e) do n.º 1 do artigo anterior só pode ser
decretada quando a contra-ordenação tiver sido praticada durante ou por
causa dos actos públicos ou no exercício ou por causa das actividades
mencionadas nessa alínea.
6 - As sanções referidas nas alíneas f) e g) do n.º 1 do artigo anterior só
podem ser decretadas quando a contra-ordenação tenha sido praticada no
exercício ou por causa da actividade a que se referem as autorizações,
licenças e alvarás ou por causa do funcionamento do estabelecimento.
Artigo 22.º
Perda de objectos perigosos
1 - Podem ser declarados perdidos os objectos que serviram ou estavam
destinados a servir para a prática de uma contra-ordenação, ou que por esta
foram produzidos, quando tais objectos representem, pela sua natureza ou
pelas circunstâncias do caso, grave perigo para a comunidade ou exista sério
risco da sua utilização para a prática de um crime ou de outra contra-
ordenação.
2 - Salvo se o contrário resultar do presente diploma, são aplicáveis à perda
de objectos perigosos as regras relativas à sanção acessória de perda de
objectos.
Contém as alterações dos Consultar versões anteriores deste
seguintes diplomas: artigo:
- DL n.º 356/89, de 17/10 -1ª versão: DL n.º 433/82, de 27/10
- Declaração de 31/10 1989 -2ª versão: DL n.º 356/89, de 17/10
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Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
Artigo 23.º
Perda do valor
Quando, devido a actuação dolosa do agente, se tiver tornado total ou
parcialmente inexequível a perda de objectos que, no momento da prática do
facto, lhe pertenciam, pode ser declarada perdida uma quantia em dinheiro
correspondente ao valor daqueles.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 24.º
Efeitos da perda
O carácter definitivo ou o trânsito em julgado da decisão de perda determina a
transferência da propriedade para o Estado ou outra entidade pública,
instituição particular de solidariedade social ou pessoa colectiva de utilidade
pública que a lei preveja.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 25.º
Perda independente de coima
A perda de objectos perigosos ou do respectivo valor pode ter lugar ainda que
não possa haver procedimento contra o agente ou a este não seja aplicada
uma coima.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 26.º
Objectos pertencentes a terceiro
A perda de objectos perigosos pertencentes a terceiro só pode ter lugar:
a) Quando os seus titulares tiverem concorrido, com culpa, para a sua
utilização ou produção, ou do facto tiverem tirado vantagens; ou
b) Quando os objectos forem, por qualquer título, adquiridos após a prática do
facto, conhecendo os adquirentes a proveniência.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 356/89, de 17/10 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
- DL n.º 244/95, de 14/09 27/10
-2ª versão: DL n.º 356/89, de
17/10
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Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
CAPÍTULO IV
Prescrição
Artigo 27.º
Prescrição do procedimento
O procedimento por contra-ordenação extingue-se por efeito da prescrição
logo que sobre a prática da contra-ordenação hajam decorrido os seguintes
prazos:
a) Cinco anos, quando se trate de contra-ordenação a que seja aplicável uma
coima de montante máximo igual ou superior a (euro) 49879,79;
b) Três anos, quando se trate de contra-ordenação a que seja aplicável uma
coima de montante igual ou superior a (euro) 2493,99 e inferior a (euro)
49879,79;
c) Um ano, nos restantes casos.
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diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
- Lei n.º 109/2001, de 24/12 27/10
-2ª versão: DL n.º 244/95, de
14/09
Jurisprudência
1. Acórdão da Relação de Coimbra de 01-06-2011
PRESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO CONTRA-ORDENACIONAL. INÍCIO
DO PRAZO. (Crime permanente. Regulamento Municipal de Publicidade)
O Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro, é omisso quanto à
determinação do início da contagem do prazo de prescrição do
procedimento contra-ordenacional.
Por isso, nos termos do art.º 32º, daquele Diploma Legal, aplica-se, no que a
tal respeita, o disposto no art.º 119º, do C. Penal, nomeadamente, o que
este estabelece no caso dos ilícitos permanentes.
Proc. 894/09.4TBCBR.C1
Relator: ELISA SALES
Ver no SIMP - Ver na DGSI
Jurisprudência obrigatória
1. Ac. STJ de Fixação de Jurisprudência nº 11/2005 de 3-11-2005, in DR I
Série A de 19-12-2005:
«Sucedendo-se no tempo leis sobre o prazo de prescrição do procedimento
contra-ordenacional, não poderão combinar-se, na escolha do regime
concretamente mais favorável, os dispositivos mais favoráveis de cada uma
das leis concorrentes.»
Artigo 27.º-A
Suspensão da prescrição
1 - A prescrição do procedimento por contra-ordenação suspende-se, para
além dos casos especialmente previstos na lei, durante o tempo em que o
procedimento:
a) Não puder legalmente iniciar-se ou continuar por falta de autorização legal;
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Artigo 28.º
(Interrupção da prescrição)
1 - A prescrição do procedimento por contra-ordenação interrompe-se:
a) Com a comunicação ao arguido dos despachos, decisões ou medidas
contra ele tomados ou com qualquer notificação;
b) Com a realização de quaisquer diligências de prova, designadamente
exames e buscas, ou com o pedido de auxílio às autoridades policiais ou a
qualquer autoridade administrativa;
c) Com a notificação ao arguido para exercício do direito de audição ou com
as declarações por ele prestadas no exercício desse direito;
d) Com a decisão da autoridade administrativa que procede à aplicação da
coima.
2 - Nos casos de concurso de infracções, a interrupção da prescrição do
procedimento criminal determina a interrupção da prescrição do procedimento
por contra-ordenação.
3 - A prescrição do procedimento tem sempre lugar quando, desde o seu
início e ressalvado o tempo de suspensão, tiver decorrido o prazo da
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Artigo 29.º
Prescrição da coima
1 - As coimas prescrevem nos prazos seguintes:
a) Três anos, no caso de uma coima superior ao montante máximo previsto
no n.º 1 do artigo 17.º;
b) Um ano, nos restantes casos.
2 - O prazo conta-se a partir do carácter definitivo ou do trânsito em julgado
da decisão condenatória.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 30.º
(Suspensão da prescrição da coima)
A prescrição da coima suspende-se durante o tempo em que:
a) Por força da lei a execução não pode começar ou não pode continuar a ter
lugar;
b) A execução foi interrompida;
c) Foram concedidas facilidades de pagamento.
Artigo 30.º-A
Interrupção da prescrição da coima
1 - A prescrição da coima interrompe-se com a sua execução.
2 - A prescrição da coima ocorre quando, desde o seu início e ressalvado o
tempo de suspensão, tiver decorrido o prazo normal da prescrição acrescido
de metade.
Aditado pelo seguinte diploma: Decreto-Lei n.º 244/95, de 14 de Setembro
Artigo 31.º
(Prescrição das sanções acessórias)
Aplica-se às sanções acessórias o regime previsto nos artigos anteriores para
a prescrição da coima.
CAPÍTULO V
Do direito subsidiário
Artigo 32.º
(Do direito subsidiário)
Em tudo o que não for contrário à presente lei aplicar-se-ão subsidiariamente,
no que respeita à fixação do regime substantivo das contra-ordenações, as
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II PARTE
Do processo de contra-ordenação
CAPÍTULO I
Da competência
Artigo 33.º
Regra da competência das autoridades administrativas
O processamento das contra-ordenações e a aplicação das coimas e das
sanções acessórias competem às autoridades administrativas, ressalvadas as
especialidades previstas no presente diploma.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 34.º
(Competência em razão da matéria)
1 - A competência em razão da matéria pertencerá às autoridades
determinadas pela lei que prevê e sanciona as contra-ordenações.
2 - No silêncio da lei serão competentes os serviços designados pelo membro
do Governo responsável pela tutela dos interesses que a contra-ordenação
visa defender ou promover.
3 - Os dirigentes dos serviços aos quais tenha sido atribuída a competência a
que se refere o número anterior podem delegá-la, nos termos gerais, nos
dirigentes de grau hierarquicamente inferior.
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Artigo 35.º
Competência territorial
1 - É territorialmente competente a autoridade administrativa concelhia em
cuja circunscrição:
a) Se tiver consumado a infracção ou, caso a infracção não tenha chegado a
consumar-se, se tiver praticado o último acto de execução ou, em caso de
punibilidade dos actos preparatórios, se tiver praticado o último acto de
preparação;
b) O arguido tem o seu domicílio ao tempo do início ou durante qualquer fase
do processo.
2 - Se a infracção for cometida a bordo de aeronave ou navio português, fora
do território nacional, será competente a autoridade em cuja circunscrição se
situe o aeroporto ou porto português que primeiro for escalado depois do
cometimento da infracção.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 356/89, de 17/10 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
- DL n.º 244/95, de 14/09 27/10
-2ª versão: DL n.º 356/89, de
17/10
Artigo 36.º
(Competência por conexão)
1 - Em caso de concurso de contra-ordenações será competente a autoridade
a quem, segundo os preceitos anteriores, incumba processar qualquer das
contra-ordenações.
2 - O disposto no número anterior aplica-se também aos casos em que um
mesmo facto torna várias pessoas passíveis de sofrerem uma coima.
Artigo 37.º
(Conflitos de competência)
1 - Se das disposições anteriores resultar a competência cumulativa de várias
autoridades, o conflito será resolvido a favor da autoridade que, por ordem de
prioridades:
a) Tiver primeiro ouvido o arguido pela prática da contra-ordenação;
b) Tiver primeiro requerido a sua audição pelas autoridades policiais;
c) Tiver primeiro recebido das autoridades policiais os autos de que conste a
audição do arguido.
2 - As autoridades competentes poderão, todavia, por razões de economia,
celeridade ou eficácia processuais, acordar em atribuir a competência a
autoridade diversa da que resultaria da aplicação do n.º 1.
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Artigo 38.º
Autoridades competentes em processo criminal
1 - Quando se verifique concurso de crime e contra-ordenação, ou quando,
pelo mesmo facto, uma pessoa deva responder a título de crime e outra a
título de contra-ordenação, o processamento da contra-ordenação cabe às
autoridades competentes para o processo criminal.
2 - Se estiver pendente um processo na autoridade administrativa, devem os
autos ser remetidos à autoridade competente nos termos do número anterior.
3 - Quando, nos casos previstos nos n.os 1 e 2, o Ministério Público arquivar
o processo criminal mas entender que subsiste a responsabilidade pela
contra-ordenação, remeterá o processo à autoridade administrativa
competente.
4 - A decisão do Ministério Público sobre se um facto deve ou não ser
processado como crime vincula as autoridades administrativas.
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diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 39.º
Competência do tribunal
No caso referido no n.º 1 do artigo anterior, a aplicação da coima e das
sanções acessórias cabe ao juiz competente para o julgamento do crime.
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diplomas: artigo:
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Artigo 40.º
(Envio do processo ao Ministério Público)
1 - A autoridade administrativa competente remeterá o processo ao Ministério
Público sempre que considere que a infracção constitui um crime.
2 - Se o agente do Ministério Público considerar que não há lugar para a
responsabilidade criminal, devolverá o processo à mesma autoridade.
CAPÍTULO II
Princípios e disposições gerais
Artigo 41.º
Direito subsidiário
1 - Sempre que o contrário não resulte deste diploma, são aplicáveis,
devidamente adaptados, os preceitos reguladores do processo criminal.
2 - No processo de aplicação da coima e das sanções acessórias, as
autoridades administrativas gozam dos mesmos direitos e estão submetidas
aos mesmos deveres das entidades competentes para o processo criminal,
sempre que o contrário não resulte do presente diploma.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
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Artigo 42.º
(Meios de coacção)
1 - Não é permitida a prisão preventiva, a intromissão na correspondência ou
nos meios de telecomunicação nem a utilização de provas que impliquem a
violação do segredo profissional.
2 - As provas que colidam com a reserva da vida privada, bem como os
exames corporais e a prova de sangue, só serão admissíveis mediante o
consentimento de quem de direito.
Artigo 43.º
(Princípio da legalidade)
O processo das contra-ordenações obedecerá ao princípio da legalidade.
Artigo 44.º
(Testemunhas)
As testemunhas não serão ajuramentadas.
Artigo 45.º
Consulta dos autos
1 - Se o processo couber às autoridades competentes para o processo
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Artigo 46.º
(Comunicação de decisões)
1 - Todas as decisões, despachos e demais medidas tomadas pelas
autoridades administrativas serão comunicadas às pessoas a quem se
dirigem.
2 - Tratando-se de medida que admita impugnação sujeita a prazo, a
comunicação revestirá a forma de notificação, que deverá conter os
esclarecimentos necessários sobre admissibilidade, prazo e forma de
impugnação.
Artigo 47.º
(Da notificação)
1 - A notificação será dirigida ao arguido e comunicada ao seu representante
legal, quando este exista.
2 - A notificação será dirigida ao defensor escolhido cuja procuração conste
do processo ou ao defensor nomeado.
3 - No caso referido no número anterior, o arguido será informado através de
uma cópia da decisão ou despacho.
4 - Se a notificação tiver de ser feita a várias pessoas, o prazo da impugnação
só começa a correr depois de notificada a última pessoa.
CAPÍTULO III
Da aplicação da coima pelas autoridades administrativas
Artigo 48.º
(Da polícia e dos agentes de fiscalização)
1 - As autoridades policiais e fiscalizadoras deverão tomar conta de todos os
eventos ou circunstâncias susceptíveis de implicar responsabilidade por
contra-ordenação e tomar as medidas necessárias para impedir o
desaparecimento de provas.
2 - Na medida em que o contrário não resulte desta lei, as autoridades
policiais têm direitos e deveres equivalentes aos que têm em matéria
criminal.
3 - As autoridades policiais e agentes de fiscalização remeterão
imediatamente às autoridades administrativas a participação e as provas
recolhidas.
Artigo 48.º-A
Apreensão de objectos
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
Artigo 49.º
Identificação pelas autoridades administrativas e policiais
As autoridades administrativas competentes e as autoridades policiais podem
exigir ao agente de uma contra-ordenação a respectiva identificação.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 50.º
Direito de audição e defesa do arguido
Não é permitida a aplicação de uma coima ou de uma sanção acessória sem
antes se ter assegurado ao arguido a possibilidade de, num prazo razoável,
se pronunciar sobre a contra-ordenação que lhe é imputada e sobre a sanção
ou sanções em que incorre.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Jurisprudência
1. Acordão do Tribunal Constitucional n.º 537/2011
Aplicação de coima pela CMVM.
O Tribunal Constitucional tem vindo a salientar que, no domínio do processo
contra-ordenacional, não se verifica uma estreita equiparação entre esse
ilícito e o ilícito criminal, face à menor ressonância ética do primeiro, o que o
subtrai às mais rigorosas exigências de determinação válidas para o ilícito
penal.[...] Qualquer conteúdo normativo no sentido de estipular a
obrigatoriedade de, aquando da notificação ao arguido nos termos do artigo
50.º do RGCO, a autoridade administrativa dever proceder à
enunciação/identificação dos concretos elementos de prova nos quais se
alicerça o juízo de indiciação dos factos, não resulta dos parâmetros
constitucionais aplicáveis, designadamente dos convocados artigos 32.°
n.°10 e 267.° n.°5 da Constituição da República Portuguesa.
Jurisprudência obrigatória
1. Ac. STJ de Fixação de Jurisprudência nº 1/2003 de 16-10-2002, in DR I
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
Série A de 27-02-2003:
«Quando, em cumprimento do disposto no artigo 50.º do regime geral das
contra-ordenações, o órgão instrutor optar, no termo da instrução contra-
ordenacional, pela audiência escrita do arguido, mas, na correspondente
notificação, não lhe fornecer todos os elementos necessários para que este
fique a conhecer a totalidade dos aspectos relevantes para a decisão, nas
matérias de facto e de direito, o processo ficará doravante afectado de
nulidade, dependente de arguição, pelo interessado/notificado, no prazo de
10 dias após a notificação, perante a própria administração, ou,
judicialmente, no acto de impugnação da subsequente decisão/acusação
administrativa.»
Artigo 50.º-A
Pagamento voluntário
1 - Nos casos de contra-ordenação sancionável com coima de valor não
superior a metade dos montantes máximos previstos nos n.os 1 e 2 do artigo
17.º, é admissível em qualquer altura do processo, mas sempre antes da
decisão, o pagamento voluntário da coima, a qual, se o contrário não resultar
da lei, será liquidada pelo mínimo, sem prejuízo das custas que forem
devidas.
2 - O pagamento voluntário da coima não exclui a possibilidade de aplicação
de sanções acessórias.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 356/89, de
17/10
Artigo 51.º
Admoestação
1 - Quando a reduzida gravidade da infracção e da culpa do agente o
justifique, pode a entidade competente limitar-se a proferir uma
admoestação.
2 - A admoestação é proferida por escrito, não podendo o facto voltar a ser
apreciado como contra-ordenação.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Orientações do MP
1. Na reunião de Procuradores-Gerais Adjuntos na Relação de Lisboa,
realizada em 06 de Outubro de 2011, resultou a seguinte posição de
consenso:
Artigo 52.º
(Deveres das testemunhas e peritos)
1 - As testemunhas e os peritos são obrigados a obedecer às autoridades
administrativas quando forem solicitados a comparecer e a pronunciar-se
sobre a matéria do processo.
2 - Em caso de recusa injustificada, poderão as autoridades administrativas
aplicar sanções pecuniárias até (euro) 49,88 e exigir a reparação dos danos
causados com a sua recusa.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 323/2001, de 17/12 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 53.º
Do defensor
1 - O arguido da prática de uma contra-ordenação tem o direito de se fazer
acompanhar de advogado, escolhido em qualquer fase do processo.
2 - A autoridade administrativa nomeia defensor ao arguido, oficiosamente ou
a requerimento deste, nos termos previstos na legislação sobre apoio
judiciário, sempre que as circunstâncias do caso revelarem a necessidade ou
a conveniência de o arguido ser assistido.
3 - Da decisão da autoridade administrativa que indefira o requerimento de
nomeação de defensor cabe recurso para o tribunal.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 54.º
(Da iniciativa e da instrução)
1 - O processo iniciar-se-á oficiosamente, mediante participação das
autoridades policiais ou fiscalizadoras ou ainda mediante denúncia particular.
2 - A autoridade administrativa procederá à sua investigação e instrução, finda
a qual arquivará o processo ou aplicará uma coima.
3 - As autoridades administrativas poderão confiar a investigação e instrução,
no todo ou em parte, às autoridades policiais, bem como solicitar o auxílio de
outras autoridades ou serviços públicos.
Artigo 55.º
(Recurso das medidas das autoridades administrativas)
1 - As decisões, despachos e demais medidas tomadas pelas autoridades
administrativas no decurso do processo são susceptíveis de impugnação
judicial por parte do arguido ou da pessoa contra as quais se dirigem.
2 - O disposto no número anterior não se aplica às medidas que se destinem
apenas a preparar a decisão final de arquivamento ou aplicação da coima,
não colidindo com os direitos ou interesses das pessoas.
3 - É competente para decidir do recurso o tribunal previsto no artigo 61.º que
decidirá em última instância.
Jurisprudência
1. Acórdão da Relação de Guimarães de 03-05-2011
CONTRA-ORDENAÇÃO. ASSISTENTE. (Associação
Movimento SOS Racismo. Constituição de turma de
alunos de etnia cigana)
I- No âmbito do regime geral do processo contra-
ordenacional, aprovado pelo Dec.-Lei n.º 433/82, não é
admissível a constituição de assistente.
II- Ao contrário do que sucede no domínio relativo ? s
contra-ordenações laborais, onde se admite a
constituição de assistente por parte das associações
sindicais, o que igualmente revela que o legislador não o
admite no respectivo regime geral, inexiste norma
especial que contemple tal faculdade no que respeita a
contra-ordenações atentatórias do princípio da igualdade
de tratamento entre as pessoas, sem distinção de
origem racial ou ética.
Proc. 3056/10.4TBBCL.G1
Relator: PAULO FERNANDES DA SILVA
Ver no SIMP - Ver na DGSI
Artigo 56.º
Processo realizado pelas autoridades competentes para o processo
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
criminal
1 - Quando o processo é realizado pelas autoridades competentes para o
processo criminal, as autoridades administrativas são obrigadas a dar-lhes
toda a colaboração.
2 - Sempre que a acusação diga respeito à contra-ordenação, esta deve ser
comunicada às autoridades administrativas.
3 - As mesmas autoridades serão ouvidas pelo Ministério Público se este
arquivar o processo.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 57.º
(Extensão da acusação à contra-ordenação)
Quando, nos casos previstos no artigo 38.º o Ministério Público acusar pelo
crime, a acusação abrangerá também a contra-ordenação.
Artigo 58.º
Decisão condenatória
1 - A decisão que aplica a coima ou as sanções acessórias deve conter:
a) A identificação dos arguidos;
b) A descrição dos factos imputados, com indicação das provas obtidas;
c) A indicação das normas segundo as quais se pune e a fundamentação da
decisão;
d) A coima e as sanções acessórias.
2 - Da decisão deve ainda constar a informação de que:
a) A condenação se torna definitiva e exequível se não for judicialmente
impugnada nos termos do artigo 59.º;
b) Em caso de impugnação judicial, o tribunal pode decidir mediante
audiência ou, caso o arguido e o Ministério Público não se oponham,
mediante simples despacho.
3 - A decisão conterá ainda:
a) A ordem de pagamento da coima no prazo máximo de 10 dias após o
carácter definitivo ou o trânsito em julgado da decisão;
b) A indicação de que em caso de impossibilidade de pagamento tempestivo
deve comunicar o facto por escrito à autoridade que aplicou a coima.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
CAPÍTULO IV
Recurso e processo judiciais
Artigo 59.º
Forma e prazo
1 - A decisão da autoridade administrativa que aplica uma coima é susceptível
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
de impugnação judicial.
2 - O recurso de impugnação poderá ser interposto pelo arguido ou pelo seu
defensor.
3 - O recurso é feito por escrito e apresentado à autoridade administrativa que
aplicou a coima, no prazo de 20 dias após o seu conhecimento pelo arguido,
devendo constar de alegações e conclusões.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 356/89, de 17/10 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
- DL n.º 244/95, de 14/09 27/10
-2ª versão: DL n.º 356/89, de
17/10
Orientações do MP
1. Na reunião de Procuradores-Gerais Adjuntos na Relação de Lisboa,
realizada em 06 de Outubro de 2011, resultou a seguinte posição de
consenso:
Admissibilidade (ou não) de impugnação judicial da decisão administrativa
que aplica pena de admoestação.
Em relação a esta problemática - que, resumidamente, consiste em
esclarecer se da interpretação conjugada dos arts.º 59º e 55º do RGCO,
resulta a susceptibilidade de impugnação judicial da sanção administrativa
que aplica a sanção de admoestação-, entendeu-se ser de sufragar a
orientação firmada no acórdão deste Tribunal da Relação de Lisboa, de 18-
01-2007 (proc. nº9803/2006-3, relatado por Rodrigues Simão, disponível em
www.dgsi.pt), no sentido de que:
1. Por força da ?unidade do sistema jurídico? tem de interpretar-se a norma
do artº59º, nº1 da LQCO no sentido de que quando se refere ??uma
coima..? se pretende significar qualquer ?condenação?, que deve pois
incluir também e necessariamente a mera admoestação.
2. Se no processo contra-ordenacional o arguido tem direito a recorrer para
uma instância judicial de despachos meramente interlocutórios, nos termos
do artº55º, nº1 da LQCO por maioria de razão deve poder recorrer da
decisão final que o condene em mera admoestação.
Em idêntico sentido se pronunciaram:
- Ac. TRL de 15-09-2011 (proc. nº398/11.5TFLSB.L1, relatado por João
Carrola, disponível em www.pgdlisboa.pt): Caso não ocorra nenhuma das
circunstâncias previstas no artº 63º do RGCO (DL nº433/82, de 27-10), a
impugnação judicial (recurso) da decisão da autoridade administrativa que
aplicou pena de admoestação não pode deixar de ser recebida.
- Ac. TRE de 11-11-2010 (proc. nº1955/09.5TASTB.E1, relatado por Carlos
Berguete Coelho, disponível em www.dgsi.pt): A decisão administrativa que
aplicou a sanção de admoestação é susceptível de impugnação judicial.
Jurisprudência
1. Acórdão da Relação de Guimarães de 03-05-2011
OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO. COIMA. DECISÃO ADMINISTRATIVA.
FUNDAMENTOS DE OPOSIÇÃO.
I - No âmbito do processo de contra-ordenação, a decisão administrativa que
não foi impugnada no prazo legal assume carácter definitivo, formando-se
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
Artigo 60.º
Contagem do prazo para impugnação
1 - O prazo para a impugnação da decisão da autoridade administrativa
suspende-se aos sábados, domingos e feriados.
2 - O termo do prazo que caia em dia durante o qual não for possível, durante
o período normal, a apresentação do recurso, transfere-se para o primeiro dia
útil seguinte.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 61.º
Tribunal competente
1 - É competente para conhecer do recurso o tribunal em cuja área territorial
se tiver consumado a infracção.
2 - Se a infracção não tiver chegado a consumar-se, é competente o tribunal
em cuja área se tiver praticado o último acto de execução ou, em caso de
punibilidade dos actos preparatórios, o último acto de preparação.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 356/89, de 17/10 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
- DL n.º 244/95, de 14/09 27/10
-2ª versão: DL n.º 356/89, de
17/10
Artigo 62.º
Envio dos autos ao Ministério Público
1 - Recebido o recurso, e no prazo de cinco dias, deve a autoridade
administrativa enviar os autos ao Ministério Público, que os tornará presentes
ao juiz, valendo este acto como acusação.
2 - Até ao envio dos autos, pode a autoridade administrativa revogar a
decisão de aplicação da coima.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
Jurisprudência
1. Acórdão da Relação de Lisboa de 12-04-2011
RECURSO DE CONTRA-ORDENAÇÃO REJEIÇÃO DE RECURSO.
Iº Impugnada judicialmente a decisão administrativa, cabe ao Ministério
Público fazer um controle formal dos requisitos e condições da respectiva
remessa a juízo, sob pena de o seu papel e competências ficarem vazios de
conteúdo;
IIº Não faz sentido apresentar em juízo um processo que valerá como
acusação se nem sequer a decisão impugnada estiver claramente
certificada e identificada no processo;
IIIº Face a tal omissão, determinando o Mmo Juiz a devolução dos autos ao
Ministério Público, deve este providenciar pela obtenção da decisão
administrativa, apresentando de seguida os autos ao Mmo. Juiz, nos termos
e para os efeitos do art.62, nº1, do Dec. Lei nº433/82, de 27Out.;
IVº Não é admissível recurso do despacho que, em processo de recurso de
contra-ordenação, determina a devolução dos autos ao Ministério Público
para que os mesmos sejam completados com a decisão da autoridade
administrativa; Decisão Texto Parcial:
Proc. 195/11.8TBCLC.L1-5
Relator: AGOSTINHO TORRES
Ver no SIMP - Ver na DGSI
Artigo 63.º
(Não aceitação do recurso)
1 - O juiz rejeitará, por meio de despacho, o recurso feito fora do prazo ou
sem respeito pelas exigências de forma.
2 - Deste despacho há recurso, que sobe imediatamente.
Artigo 64.º
Decisão por despacho judicial
1 - O juiz decidirá do caso mediante audiência de julgamento ou através de
simples despacho.
2 - O juiz decide por despacho quando não considere necessária a audiência
de julgamento e o arguido ou o Ministério Público não se oponham.
3 - O despacho pode ordenar o arquivamento do processo, absolver o arguido
ou manter ou alterar a condenação.
4 - Em caso de manutenção ou alteração da condenação deve o juiz
fundamentar a sua decisão, tanto no que concerne aos factos como ao direito
aplicado e às circunstâncias que determinaram a medida da sanção.
5 - Em caso de absolvição deverá o juiz indicar porque não considera
provados os factos ou porque não constituem uma contra-ordenação.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 65.º
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
Marcação da audiência
Ao aceitar o recurso o juiz marca a audiência, salvo o caso referido no n.º 2
do artigo anterior.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 65.º-A
Retirada da acusação
1 - A todo o tempo, e até à sentença em 1.ª instância ou até ser proferido o
despacho previsto no n.º 2 do artigo 64.º, pode o Ministério Público, com o
acordo do arguido, retirar a acusação.
2 - Antes de retirar a acusação, deve o Ministério Público ouvir as autoridades
administrativas competentes, salvo se entender que tal não é indispensável
para uma adequada decisão.
Artigo 66.º
(Direito aplicável)
Salvo disposição em contrário, a audiência em 1.ª instância obedece às
normas relativas ao processamento das transgressões e contravenções, não
havendo lugar à redução da prova a escrito.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 356/89, de 17/10 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Jurisprudência
1. Ac. TRP de 05.04.2017 I - No recurso de impugnação da decisão contra-
ordenacional não há lugar ? documentação (gravação) da prova em
audiência de julgamento (artº 66º RGCO).II ? A ausência de documentação
da audiência de julgamento não viola os artºs 20º e 32º CRP.
2. Ac. TRC de 21.06.2017 Contra-ordenação. Julgamento. Registo da
prova. I ? No âmbito do processo de contra-ordenação, está legalmente
afastada a documentação da prova produzida em audiência de julgamento.
II ? Os arts. 66.º e 75.º, n.º 1, do RGCO, de cuja previsão, conjugada,
decorre a inadmissibilidade legal do registo da prova produzida em
audiência, não afrontam os princípios constitucionais do processo equitativo
e do direito de defesa do arguido, não violando, por conseguinte, os
preceitos contidos nos arts. 20.º, n.º 4 e 32.º, n.º 10, da CRP.
Artigo 67.º
(Participação do arguido na audiência)
1 - O arguido não é obrigado a comparecer à audiência, salvo se o juiz
considerar a sua presença como necessária ao esclarecimento dos factos.
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
2 - Nos casos em que o juiz não ordenou a presença do arguido este poderá
fazer-se representar por advogado com procuração escrita.
3 - O tribunal pode solicitar a audição do arguido por outro tribunal, devendo a
realização desta diligência ser comunicada ao Ministério Público e ao
defensor e sendo o respectivo auto lido na audiência.
Artigo 68.º
Ausência do arguido
1 - Nos casos em que o arguido não comparece nem se faz representar por
advogado, tomar-se-ão em conta as declarações que lhe tenham sido
colhidas no processo ou registar-se-á que ele nunca se pronunciou sobre a
matéria dos autos, não obstante lhe ter sido concedida a oportunidade para o
fazer, e julgar-se-á.
2 - Se, porém, o tribunal o considerar necessário, pode marcar uma nova
audiência.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 69.º
Participação do Ministério Público
O Ministério Público deve estar presente na audiência de julgamento.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 70.º
Participação das autoridades administrativas
1 - O tribunal concederá às autoridades administrativas a oportunidade de
trazerem à audiência os elementos que reputem convenientes para uma
correcta decisão do caso, podendo um representante daquelas autoridades
participar na audiência.
2 - O mesmo regime se aplicará, com as necessárias adaptações, aos casos
em que, nos termos do n.º 3 do artigo 64.º, o juiz decidir arquivar o processo.
3 - Em conformidade com o disposto no n.º 1, o juiz comunicará às
autoridades administrativas a data da audiência.
4 - O tribunal comunicará às mesmas autoridades a sentença, bem como as
demais decisões finais.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 71.º
Retirada do recurso
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
1 - O recurso pode ser retirado até à sentença em 1.ª instância ou até ser
proferido o despacho previsto no n.º 2 do artigo 64.º
2 - Depois do início da audiência de julgamento, o recurso só pode ser
retirado mediante o acordo do Ministério Público.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 72.º
Prova
1 - Compete ao Ministério Público promover a prova de todos os factos que
considere relevantes para a decisão.
2 - Compete ao juiz determinar o âmbito da prova a produzir.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 72.º-A
Proibição da reformatio in pejus
1 - Impugnada a decisão da autoridade administrativa ou interposto recurso
da decisão judicial somente pelo arguido, ou no seu exclusivo interesse, não
pode a sanção aplicada ser modificada em prejuízo de qualquer dos arguidos,
ainda que não recorrentes.
2 - O disposto no número anterior não prejudica a possibilidade de
agravamento do montante da coima, se a situação económica e financeira do
arguido tiver entretanto melhorado de forma sensível.
Artigo 73.º
Decisões judiciais que admitem recurso
1 - Pode recorrer-se para a Relação da sentença ou do despacho judicial
proferidos nos termos do artigo 64.º quando:
a) For aplicada ao arguido uma coima superior a (euro) 249,40;
b) A condenação do arguido abranger sanções acessórias;
c) O arguido for absolvido ou o processo for arquivado em casos em que a
autoridade administrativa tenha aplicado uma coima superior a (euro) 249,40
ou em que tal coima tenha sido reclamada pelo Ministério Público;
d) A impugnação judicial for rejeitada;
e) O tribunal decidir através de despacho não obstante o recorrente se ter
oposto a tal.
2 - Para além dos casos enunciados no número anterior, poderá a relação, a
requerimento do arguido ou do Ministério Público, aceitar o recurso da
sentença quando tal se afigure manifestamente necessário à melhoria da
aplicação do direito ou à promoção da uniformidade da jurisprudência.
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
Artigo 74.º
Regime do recurso
1 - O recurso deve ser interposto no prazo de 10 dias a partir da sentença ou
do despacho, ou da sua notificação ao arguido, caso a decisão tenha sido
proferida sem a presença deste.
2 - Nos casos previstos no n.º 2 do artigo 73.º, o requerimento deve seguir
junto ao recurso, antecedendo-o.
3 - Neste casos, a decisão sobre o requerimento constitui questão prévia, que
será resolvida por despacho fundamentado do tribunal, equivalendo o seu
indeferimento à retirada do recurso.
4 - O recurso seguirá a tramitação do recurso em processo penal, tendo em
conta as especialidades que resultam deste diploma.
Contém as alterações dos seguintes Consultar versões anteriores deste
diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
27/10
Jurisprudência
1. Acórdão da Relação de Lisboa de 21-09-2011
CONTRA-ORDENAÇÃO. PRESENÇA DO ARGUIDO. CONTAGEM DOS
PRAZOS.
Iº Em processo de contra-ordenação, diversamente do que ocorre em
processo penal, o arguido pode litigar por si, desacompanhado de advogado
ou defensor, e se o juiz não considerar como necessária a sua presença na
audiência de julgamento, pode não comparecer, nem se fazer representar
na mesma por advogado;
IIº O art.74, nº1, do RGCO, não se refere à presença física, mas antes à
presença processual, considerando-se o arguido notificado da sentença,
depois de esta ter sido lida perante o defensor nomeado ou constituído,
contando-se o prazo de recurso a partir dessa data, mesmo que o arguido
não tenha comparecido a esse acto; Decisão Texto Parcial:
Proc. 2486/10.6TBOER.L1-5
Relator: JORGE GONÇALVES
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Jurisprudência obrigatória
1. Cfr. Acórdão n.º 27/2006, do Tribunal Constitucional, in D.R. n.º 45, Série
I-A de 2006-03-03 que declara a inconstitucionalidade, com força obrigatória
geral, da norma constante do n.º 1 do artigo 74.º do Decreto-Lei n.º 433/82
de 27 de Outubro, na redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 244/95
de 14 de Setembro, conjugada com o artigo 411.º do Código de Processo
Penal, quando dela decorre que, em processo contra-ordenacional, o prazo
para o recorrente motivar o recurso é mais curto do que o prazo da
correspondente resposta.
2. Ac. STJ de Fixação de Jurisprudência nº 1/2009 , in DR, I Série de 16-
01-2009:
Em processo de contra-ordenação, é de 10 dias quer o prazo de
interposição de recurso para a Relação quer o de apresentação da
respectiva resposta, nos termos dos artigos 74.º, n.os 1 e 4, e 41.º do
Regime Geral de Contra-Ordenações (RGCO).
Artigo 75.º
Âmbito e efeitos do recurso
1 - Se o contrário não resultar deste diploma, a 2.ª instância apenas
conhecerá da matéria de direito, não cabendo recurso das suas decisões.
2 - A decisão do recurso poderá:
a) Alterar a decisão do tribunal recorrido sem qualquer vinculação aos termos
e ao sentido da decisão recorrida, salvo o disposto no artigo 72.º-A;
b) Anulá-la e devolver o processo ao tribunal recorrido.
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diplomas: artigo:
- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Jurisprudência
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
CAPÍTULO V
Processo de contra-ordenação e processo criminal
Artigo 76.º
Conversão em processo criminal
1 - O tribunal não está vinculado à apreciação do facto como contra-
ordenação, podendo, oficiosamente ou a requerimento do Ministério Público,
converter o processo em processo criminal.
2 - A conversão do processo determina a interrupção da instância e a
instauração de inquérito, aproveitando-se, na medida do possível, as provas
já produzidas.
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- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 77.º
(Conhecimento da contra-ordenação no processo criminal)
1 - O tribunal poderá apreciar como contra-ordenação uma infracção que foi
acusada como crime.
2 - Se o tribunal só aceitar a acusação a título de contra-ordenação, o
processo passará a obedecer aos preceitos desta lei.
Artigo 78.º
Processo relativo a crimes e contra-ordenações
1 - Se o mesmo processo versar sobre crimes e contra-ordenações, havendo
infracções que devam apenas considerar-se como contra-ordenações,
aplicam-se, quanto a elas, os artigos 42.º, 43.º, 45.º, 58.º, n.os 1 e 3, 70.º e
83.º
2 - Quando, nos casos previstos no número anterior, se interpuser
simultaneamente recurso em relação a contra-ordenação e a crime, os
recursos subirão juntos.
3 - O recurso subirá nos termos do Código de Processo Penal, não se
aplicando o disposto no artigo 66.º nem dependendo o recurso relativo à
contra-ordenação dos pressupostos do artigo 73.º
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- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
CAPÍTULO VI
Decisão definitiva, caso julgado e revisão
Artigo 79.º
Alcance da decisão definitiva e do caso julgado
1 - O carácter definitivo da decisão da autoridade administrativa ou o trânsito
em julgado da decisão judicial que aprecie o facto como contra-ordenação ou
como crime precludem a possibilidade de reapreciação de tal facto como
contra-ordenação.
2 - O trânsito em julgado da sentença ou despacho judicial que aprecie o facto
como contra-ordenação preclude igualmente o seu novo conhecimento como
crime.
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Artigo 80.º
Admissibilidade da revisão
1 - A revisão de decisões definitivas ou transitadas em julgado em matéria
contra-ordenacional obedece ao disposto nos artigos 449.º e seguintes do
Código de Processo Penal, sempre que o contrário não resulte do presente
diploma.
2 - A revisão do processo a favor do arguido, com base em novos factos ou
em novos meios de prova, não será admissível quando:
a) O arguido apenas foi condenado em coima inferior a (euro) 37,41;
b) Já decorreram cinco anos após o trânsito em julgado ou carácter definitivo
da decisão a rever.
3 - A revisão contra o arguido só será admissível quando vise a sua
condenação pela prática de um crime.
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- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
- DL n.º 323/2001, de 17/12 27/10
-2ª versão: DL n.º 244/95, de
14/09
Artigo 81.º
Regime do processo de revisão
1 - A revisão de decisão da autoridade administrativa cabe ao tribunal
competente para a impugnação judicial.
2 - Tem legitimidade para requerer a revisão o arguido, a autoridade
administrativa e o Ministério Público.
3 - A autoridade administrativa deve remeter os autos ao representante do
Ministério Público junto do tribunal competente.
4 - A revisão de decisão judicial será da competência do tribunal da relação,
aplicando-se o disposto no artigo 451.º do Código de Processo Penal.
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RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
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- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 82.º
Caducidade da aplicação da coima por efeito de decisão no processo
criminal
1 - A decisão da autoridade administrativa que aplicou uma coima ou uma
sanção acessória caduca quando o arguido venha a ser condenado em
processo criminal pelo mesmo facto.
2 - O mesmo efeito tem a decisão final do processo criminal que, não
consistindo numa condenação, seja incompatível com a aplicação da coima
ou da sanção acessória.
3 - As importâncias pecuniárias que tiverem sido pagas a título de coima
serão, por ordem de prioridade, levadas à conta da multa e das custas
processuais ou, sendo caso disso, restituídas.
4 - Da sentença ou das demais decisões do processo criminal referidas nos
n.os 1 e 2 deverá constar a referência aos efeitos previstos nos n.os 1, 2 e 3.
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- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
CAPÍTULO VII
Processos especiais
Artigo 83.º
Processo de apreensão
Quando, no decurso do processo, a autoridade administrativa decidir
apreender qualquer objecto, nos termos do artigo 48.º-A, deve notificar a
decisão às pessoas que sejam titulares de direitos afectados pela apreensão.
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- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 84.º
(Processo autónomo de apreensão)
Revogado pelo DL n.º 244/95, 14 de Setembro
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- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
27/10
Artigo 85.º
Impugnação judicial da apreensão
A decisão de apreensão pode ser impugnada judicialmente, sendo aplicáveis
as regras relativas à impugnação da decisão de perda de objectos.
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
Artigo 86.º
(Processo extraordinário de impugnação)
Revogado pelo DL n.º 244/95, 14 de Setembro
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- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
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Artigo 87.º
Processo relativo a pessoas colectivas ou equiparadas
1 - As pessoas colectivas e as associações sem personalidade jurídica são
representadas no processo por quem legal ou estatutariamente as deva
representar.
2 - Nos processos relativos a pessoas colectivas ou a associações sem
personalidade jurídica é também competente para a aplicação da coima e das
sanções acessórias a autoridade administrativa em cuja área a pessoa
colectiva ou a associação tenha a sua sede.
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CAPÍTULO VIII
Da execução
Artigo 88.º
Pagamento da coima
1 - A coima é paga no prazo de 10 dias a partir da data em que a decisão se
tornar definitiva ou transitar em julgado, não podendo ser acrescida de
quaisquer adicionais.
2 - O pagamento deve ser feito contra recibo, cujo duplicado será entregue à
autoridade administrativa ou tribunal que tiver proferido a decisão.
3 - Em caso de pagamento parcial, e salvo indicação em contrário do arguido,
o pagamento será, por ordem de prioridades, levado à conta da coima e das
custas.
4 - Sempre que a situação económica o justifique, poderá a autoridade
administrativa ou o tribunal autorizar o pagamento da coima dentro de prazo
que não exceda um ano.
5 - Pode ainda a autoridade administrativa ou o tribunal autorizar o
pagamento em prestações, não podendo a última delas ir além dos dois anos
subsequentes ao carácter definitivo ou ao trânsito em julgado da decisão e
implicando a falta de pagamento de uma prestação o vencimento de todas as
outras.
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
Artigo 89.º
Da execução
1 - O não pagamento em conformidade com o disposto no artigo anterior dará
lugar à execução, que será promovida, perante o tribunal competente,
segundo o artigo 61.º, salvo quando a decisão que dá lugar à execução tiver
sido proferida pela relação, caso em que a execução poderá também
promover-se perante o tribunal da comarca do domicílio do executado.
2 - A execução é promovida pelo representante do Ministério Público junto do
tribunal competente, aplicando-se, com as necessárias adaptações, o
disposto no Código de Processo Penal sobre a execução da multa.
3 - Quando a execução tiver por base uma decisão da autoridade
administrativa, esta remeterá os autos ao representante do Ministério Público
competente para promover a execução.
4 - O disposto neste artigo aplica-se, com as necessárias adaptações, às
sanções acessórias, salvo quanto aos termos da execução, aos quais é
aplicável o disposto sobre a execução de penas acessórias em processo
criminal.
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- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
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Artigo 89.º-A
Prestação de trabalho a favor da comunidade
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
Artigo 90.º
Extinção e suspensão da execução
1 - A execução da coima e das sanções acessórias extingue-se com a morte
do arguido.
2 - Deve suspender-se a execução da decisão da autoridade administrativa
quando tenha sido proferida acusação em processo criminal pelo mesmo
facto.
3 - Quando, nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 82.º, exista decisão em
processo criminal incompatível com a aplicação administrativa de coima ou de
sanção acessória, deve o tribunal da execução declarar a caducidade desta,
oficiosamente ou a requerimento do Ministério Público ou do arguido.
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Artigo 91.º
Tramitação
1 - O tribunal perante o qual se promove a execução será competente para
decidir sobre todos os incidentes e questões suscitados na execução,
nomeadamente:
a) A admissibilidade da execução;
b) As decisões tomadas pelas autoridades administrativas em matéria de
facilidades de pagamento;
c) A suspensão da execução segundo o artigo 90.º
2 - As decisões referidas no n.º 1 são tomadas sem necessidade de audiência
oral, assegurando-se ao arguido ou ao Ministério Público a possibilidade de
justificarem, por requerimento escrito, as suas pretensões.
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CAPÍTULO IX
Das custas
RGCO – Regime Geral das Contraordenações
Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro
Artigo 92.º
Princípios gerais
1 - Se o contrário não resultar desta lei, as custas em processo de contra-
ordenação regular-se-ão pelos preceitos reguladores das custas em processo
criminal.
2 - As decisões das autoridades administrativas que decidam sobre a matéria
do processo deverão fixar o montante das custas e determinar quem as deve
suportar.
3 - As custas abrangem, nos termos gerais, a taxa de justiça, os honorários
dos defensores oficiosos, os emolumentos a pagar aos peritos e os demais
encargos resultantes do processo.
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- DL n.º 244/95, de 14/09 -1ª versão: DL n.º 433/82, de
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