X Jornada de Iniciação Científica do PIBIC/INPA • 04 a 06 de Julho de 2001 • Manaus - AM
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LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DAS ESPÉCIES BOTÂNICAS
ARBÓREAS E ARBUSTIV AS DO CAMPUS DO BOSQUE DA CIÊNCIA.
Nory Daniel de Carvalho Erazo'!'; Carlos Alberto Cid Ferreira(2)
Bolsista CNPqIPIBIC(I); Pesquisador INP AlCPBO(2)
Fragmentos florestais urbanos ou próximos às cidades são cada vez mais comuns, mas
as diretrizes para sua conservação ou mesmo a importância de sua manutenção como reservas
naturais são dúvidas freqüentes. Florestas tropicais nativas extensas e pouco perturbadas são
cada vez mais raras e há premência de sua preservação, pois abrigam uma alta diversidade de
espécies que estão em seu estado natural. Entretanto, é importante compreender que proteger
a biodiversidade, em termos práticos, não significa somente proteger florestas primárias e
pouco perturbadas (Morellato, P. C. & Filho, H. F. L. 1995). A cidade de Manaus possui
poucos locais de áreas verdes que podem oferecer informações sobre a flora da região, neste
cenário destacam-se a Reserva Ducke, o Campus do Instituto Nacional de Pesquisa da
Amazônia (INPA), o Campus da Universidade do Amazonas (FUA) e o Parque do Mindú. De
acordo com Cavalcante (1982), fragmentos de vegetação nas grandes cidades são um
repositório de plantas vivas da maior importância para estudos fenológicos de muitas
essências de valor, além de funcionarem como verdadeiros laboratórios naturais,
freqüentemente visitados por professores e alunos de nossas escolas para aulas práticas de
botânica. Portanto, o presente trabalho tem como principal objetivo conhecer por meio do
levantamento florístico as espécies arbóreas e arbustivas que ocorrem nas proximidades das
alamedas, visando não só a elaboração do Guia Florístico do Bosque da Ciência, mas também
o conhecimento das espécies botânicas que ocorrem na área estudada. As espécies
localizadas a uma distância de 5 metros das margens das alamedas e que apresentaram
informações direcionadas com o objetivo do trabalho, receberam uma numeração provisória
em ordem crescente de acordo com a metodologia de Ferreira (1997). Para facilitar o trabalho
de campo, foi elaborado uma planilha de campo contendo as seguintes informações: número
do indivíduo, nome vulgar, família, nome científico, parte reprodutiva presente (flor/fruto),
coletor e data de coleta. As coletas foram feitas com o auxílio de um podão e uma tesoura de
poda. Quando férteis (flores e/ou frutos), foram coletados cinco amostras e quando estéreis,
três. O material botânico fértil coletado foi identificado por comparação através dos
exemplares existentes no Herbário do INPA, e pelo sistema de agrupamento de
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morfoespécies. Após a identificação dos espécimens, os férteis serão destinados ao Herbário
do INP A, enquanto os estéreis serão guardados à parte por um período de pelo menos 5 anos.
Foram identificados entre arbóreas e arbustivas 424 indivíduos abrangendo 47
famílias, 113 espécies e 21 gêneros. A família mais diversificada foi Lecythidaceae com 11
espécies: Eschweilera amazonica R. Kruth, Eschweilera cf longipes (Poit.)Miers,
Eschweilera cf odora (Popp.) Miers, Eschweilera coriacea (A. P. de c.) Mart. ex. Berg.,
Eschweilera earinata Mori, Eschweilera pedicellata (Rich.) Mori, Holopysidium latifolium
(A. C. Smith.) R. Knuth, Lecythis lurida (Miers) Mori, Lecythis poiteaui Berg., Lecythis
prancei Mori e Lecythis zabucaja Aublet. (Figura 1). As seis famílias com maiores densidade
absoluta foram: Moraceae com 47 indivíduos (11,08% de densidade absoluta) seguido de
Arecaceae com 36 indivíduos (8,49%), Euphorbiaceae com 35 indivíduos (8,25%), Rubiaceae
com 25 indivíduos (5,90%), Fabaceae com 23 (5,42%) e Lecythidaceae com 20 (4,72%)
(Figura 2). O esforço de coleta demostrou que a espécie Croton lanjouwensis foi a mais
freqüente com 24 indivíduo, ou seja, com uma densidade absoluta de 5,66% na coleta seguida
pelo gênero Alibertia sp. com 19 (4,48%), Helicostylis tomentosa com 18 indivíduos e uma
densidade de 4,24% e Theobroma grandiflorum com 12 (2,83%) (Figura 3).
jli!lNO de Espécie I
Mimosaceae l~-----;;:;:D5
A n a c a rd ia c e a e 5
Sapotaceae 5
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,- Annonaceae 6
E
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Arecaceae liiii&;;;;;;;i 8
Le c yt h id a c e a e 1;;;;;;:=:;::;;---:;:;--;::;;;;;::. 11
o 2 4 6 8 10 12
Número de Espécies
Figura 1. As sete famílias com maior diversidade de espécies amostradas no Campus do Bosque da
Ciência/INP AlManaus.
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Lecythidaceae liiiiiiili.i'iii 4,72%
Fabaceae
10
,- Rubiaceae 5,9%
E
10
LI. Euphorbiaceae 8,25%
Arecaceael~~;;;;;;;;;;;;;;ii;;;;;;;;;;~;;1 8,490/0
Moraceae ltiiiii 11,08%
o 2 4 6 8 10 12
Densidade Absoluta
Figura 2. Densidade Absoluta expressa em percentagem apresentada por família no Campus do Bosque da
CiênciaJINP A/Manaus.
INO de Indivíduo
IDensidade Absoluta (%)
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Espécies
Figura 3. As quatro espécies que apresentaram o NI mais alto seguidas de suas respectivas Densidade Absoluta
(DA) dentro da área de estudo. Bosque da Ciência/INP A/Manaus.
Prance (1975), estudando as Lecythidaceae de uma área de capoeira jovem do Campus
do INPA, encontrou 97 indivíduos de cinco espécies de Lecythidaceae, sendo 63 deles
pertencem espécie Eschweeilera odora, 12 a Eschweilera longipes, 11 a Eschweilera fracta,
9 a Chytroma foetida e 2 a Holopycidium jarana, concluiu que uma parte da área sofreu ação
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do fogo, em razão de ocorrer poucos indivíduos de Lecythidaceae e muitas espécies de
capoeira como Cecropia . A parte que não sofreu a ação do fogo, teve muitos representantes
característicos de floresta primária como Lecythidaceae.. Bignoniaceae, Rubiaceae,
Sapotaceae entre outras. Gentry (1978), depois de inventariar a mesma vegetação secundária,
e baseado nas espécies das famílias como Bignoniaceae e Lecythidaceae típicas de vegetação
primária, sugere que esta formação representa um estágio de vegetação que foi cortada mas
nunca queimada, já que famílias arbóreas como Sapotaceae, Lauraceae e Chrysobalanaceae, e
as de lianas como Apocynaceae, Mapighiaceae e Dilleniaceae se regeneram a partir de tocos,
ou seja, derrubada da floresta. Ferreira & Ramos (1993), em uma abor~agem florística no
Campus I do INPA, identificaram 69 famílias, 213 gêneros e 337 espécies, sendo a maioria
introduzidas da região. Baseado nesses resultados, conclui-se que a o fragmento florestal
estudado apresenta uma composição florística em estágio de sucessão natural, na qual a
mesma está próximo a atingir seu "clímax" em razão de apresentar a mesma diversidade
apresentada em algumas famílias como Rubiaceae, Lecythidaceae e Moraceae, mesma
diversidade e composição florística observado em florestas primárias.
Cavalcante, P. B. ; 1982. Guia Botânico do Museu Goeldi. Belém, Museu Paraense Emílio
Goeldi, 51 p. ilust. (Série Guias, 4). 2.a ed.
Ferreira, C. A. C. ; Ramos, J. F. 1993. Espécies Botânica do Campus do INPA tarbustivas e
arbóreas). Publicação avulsa. 18 p.
Ferreira, C. A. C. ; 1997. Variação Florística e Fisionômica da Vegetação de Transição
Campina, Campinarana e Floresta de Terra firme na Amazônia Central, Manaus (AM).
Dissertação de Mestrado UFRP 112 p.
Gentry, A. H. 1978. Diversidade e regeneração da capoeira do INPA, com referência especial
a Bignoniaceae. Acta Amazonica 8 (1): 67 - 70.
Morellato, P. C. & Filho, H. F. L. (Orgs.). 1995. Ecologia e Preservação de uma Floresta
Tropical Urbana - Reserva de Santa Genebra. Campinas. Editora da Unicamp. 136 p.
Prance, G. T. The history of the INPA capoeira based on ecological studies of Lecythidaceae.
Acta Amazonica. 5: 261 - 263. Manaus.
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