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Sotero-Garcia,+2 1+VIEIRA +MARTINES +P +109-123

Este artigo apresenta uma pesquisa sobre a história do Cálculo Infinitesimal, inicialmente proposto por Leibniz em 1684 e 1686, e seu desenvolvimento posterior. Através da análise documental, o estudo contextualiza a importância do Cálculo como um novo método para resolver problemas matemáticos, destacando as contribuições de Leibniz e outros cientistas, como os irmãos Bernoulli. O trabalho também aborda as definições de diferencial e integral segundo Leibniz, além das aplicações do Cálculo na resolução de problemas geométricos.

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Este artigo apresenta uma pesquisa sobre a história do Cálculo Infinitesimal, inicialmente proposto por Leibniz em 1684 e 1686, e seu desenvolvimento posterior. Através da análise documental, o estudo contextualiza a importância do Cálculo como um novo método para resolver problemas matemáticos, destacando as contribuições de Leibniz e outros cientistas, como os irmãos Bernoulli. O trabalho também aborda as definições de diferencial e integral segundo Leibniz, além das aplicações do Cálculo na resolução de problemas geométricos.

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Iniciação Científica

Uma versão da história do Cálculo Infinitesimal

A version of the history of the Infinitesimal Calculus

Gabriel Faria Vieira Mônica de Cássia Siqueira Martines


Universidade Federal do Triângulo Mineiro Universidade Federal do Triângulo Mineiro
(UFTM) (UFTM)

RESUMO
Este artigo visa divulgar alguns resultados de uma pesquisa de iniciação científica em História e Epistemologia
da Matemática, a qual objetivou conhecer uma parte da história do Cálculo Infinitesimal, apresentado primeiro
por Leibniz, em seus artigos de 1684 de 1686 e, como foi desenvolvido posteriormente. A metodologia
utilizada foi a análise documental, primeiramente em fontes terciárias, tais como a coleção de livros de História
do Cálculo de Baron e Bos e, em seguida, buscou-se aprofundar o que nos foi mostrado no livro, buscando
as fontes primárias (re)interpretando os cálculos apresentados. Trazemos uma breve contextualização sobre
a situação do Cálculo no final do século XVII, mostramos alguns conceitos do Cálculo Infinitesimal de Leibniz,
além de algumas de suas aplicações. Ao concluir este trabalho, pudemos perceber a importância do Cálculo
como um novo método para traçar retas tangentes a uma curva num ponto dado e de calcular áreas abaixo
das curvas, já que até então os cientistas da época utilizam vários métodos geométricos para solucioná-los,
sem apresentar uma forma geral. Apesar do novo método atender a essa premissa, ainda apresentava
problemas de rigor em relação aos conceitos matemáticos, o que levou, inicialmente, à certa desconfiança
em relação a seu uso. Percebemos também que, além de Leibniz, diversos cientistas envolveram-se no
desenvolvimento do Cálculo Infinitesimal, ajudando a moldá-lo para o Cálculo Diferencial e Integral que
conhecemos atualmente.
Palavras-chave: História da matemática. História do cálculo. Cálculo Infinitesimal.

ABSTRACT
This article aims to divulge some results of a scientific initiation research in the history and epistemology of
Mathematics, which aimed to know a part of the history of the Infinitesimal Calculus presented first by Leibniz
in his articles from 1684 and 1686 and, as it was developed later. The methodology used was the documentary
analysis, firstly in tertiary sources, such as the collection of books on the History of the Calculation of Baron
and Bos, and then one sought to deepen what was shown in the book, looking for the primary sources, (re)
interpreting the calculations presented. The article brings a brief contextualization about the situation of
Calculus at the end of the 17th century, show some concepts of Leibniz's Infinitesimal Calculus, in addition to
presenting some of its applications. At the end of this work, it was possible to see the importance of Calculus
as a new method to solve problems of drawing tangent lines to a curve at a given point and of calculating
areas below the curves, since until then scientists at the time used several geometric methods to solve them,
without presenting a general way to solve such problems. Despite the new method being general, it still
presented problems of rigor in relation to mathematical concepts, which led, initially, to a certain distrust in
relation to its use. We also realized that, in addition to Leibniz, several scientists were involved in the
development of the Infinitesimal Calculus, helping to shape it for the Differential and Integral Calculus that we
know today.
Keywords: History of mathematics. History of calculus. Infinitesimal Calculus.
110 v.6, n.1, p. 109-123, jun. 2021

1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é mostrar alguns dos resultados da pesquisa de iniciação científica
desenvolvida na área de História e Epistemologia da Matemática (MENDES, 2012), que propôs
conhecer uma parte do Cálculo Infinitesimal apresentado por Leibniz, em artigos publicados em
1684 e 1686, na revista científica Acta Eruditorum1, e como ele foi desenvolvido posteriormente,
principalmente, pelos irmãos Jackob e Johann Bernoulli.
Apresentamos primeiramente os conceitos que, de acordo com Baron e Bos (1974a, p. 41-
42), foram desenvolvidos por Leibniz utilizando os infinitesimais. Ainda segundo esses autores,
alguns matemáticos, tais como os irmãos Jakob Bernoulli (1655 – 1705) e Johann Bernoulli (1667
– 1748), foram capazes de entender as publicações de Leibniz e utilizaram as técnicas do Cálculo
Infinitesimal para resolver problemas. Johann, por sua vez, foi contratado pelo Marques de
L’Hôpital2 (1661 – 1704) para lhe dar aulas sobre o Cálculo, e, uma vez que havia aprendido,
L’Hôpital publicou um livro sobre diferenciais do Cálculo Infinitesimal, utilizando as aulas e
publicando as descobertas de Johann em seu nome.
As definições do Cálculo Infinitesimal constam nos referidos artigos de Leibniz, assim como
as regras de diferenciação. Já suas aplicações pertencem ao livro de L’Hôpital, a um artigo feito por
Johann Bernoulli e às lições dadas por este a L’Hôpital. Todas essas fontes encontram-se nos livros
de História do Cálculo, de Baron e Bos, as quais utilizamos, e que foram traduzidas para nossa língua,
constituindo-se, por esse motivo, em fontes terciárias. Também localizamos as fontes primárias e as
usamos para compreendermos alguns dos cálculos apresentados na terciária.
A metodologia utilizada durante o desenvolvimento deste trabalho foi a análise documental
de fontes históricas, a qual, de acordo com Lüdke e André (1986, p.38), pode ser utilizada como um
recurso para tratar de dados qualitativos. Guba e Lincoln (apud LÜDKE; 1986, p.39) citam as
vantagens em se trabalhar com esse tipo de método: os documentos são fontes estáveis, por isso
não sofrem alterações e podem ser consultados sempre que necessário. Para a histórica da
Matemática, é válido também destacar que:
Outra vantagem dos documentos é que eles são uma fonte não reativa, permitindo
a obtenção de dados quando o acesso ao sujeito é impraticável (pela sua morte,
por exemplo) ou quando a interação com os sujeitos pode alterar seu
comportamento ou seus pontos de vista. (LÜDKE, ANDRÉ, 1986, p. 39)

Trazemos primeiramente as definições dadas por Leibniz sobre diferenciais, de ordens


superiores e integrais, seguidas das regras para multiplicação e divisão deles. Em seguida
apresentamos algumas aplicações do Cálculo, como encontrar pontos extremos de uma curva e
pontos de inflexão, ou ainda a curvatura em determinado ponto da curva e o método da integração
por substituição.

2 DESENVOLVIMENTO
O Cálculo que estudamos teve grandes contribuições de Leibniz para seu desenvolvimento e foi
publicado por esse autor em 1684, no entanto os problemas que o originaram são muito mais
antigos. Por isso julgamos válido discorrer sobre sua história. Comentamos também sobre os anos
iniciais que se seguiram a essa publicação, bem como seus divulgadores e o primeiro livro sobre
cálculo publicado. Citamos também como Leibniz definiu alguns conceitos e algumas definições

1
Revista Alemã fundada em 1682.
2
Utilizaremos a grafia L’Hôpital, assim como adotada nos livros sobre história do cálculo de Baron e Bos.
VIEIRA; SIQUEIRA MARTINÊS, 2021 111

dadas por L'Hôpital. Em seguida, apresentamos algumas de suas aplicações, das quais algumas
trazem as respectivas demonstrações.

2.1 Uma história sobre o cálculo diferencial e integral


Os questionamentos que deram origem ao que hoje chamamos de “Cálculo Diferencial e Integral”
têm início na Grécia antiga. Eram problemas relacionados, principalmente, à quadratura do círculo.
Na busca por uma solução, a qual consistia em construir, com régua e compasso, um quadrado
cuja área era igual à área de um círculo dado, é que surgem ideias de traçar retas tangentes às
curvas e de calcular áreas abaixo das mesmas (BARON, BOS, 1974a).
Os séculos foram passando e vários estudiosos se debruçaram na busca de métodos gerais
para se traçar retas tangentes e se calcular áreas abaixo de curvas. Somente por volta do final do
século XVII e início do século XVIII, vemos o problema resolvido e uma luta épica sobre a prioridade
da descoberta dos métodos gerais, entre dois cientistas: Newton e Leibniz. Entretanto, não
entraremos em detalhes sobre esse desentendimento, pois não é o objetivo deste artigo (BARON,
BOS, 1974b, 1974c).
O cálculo proposto por Leibniz teve como seus principais divulgadores os irmãos Bernoulli,
os quais estavam entre os primeiros a conseguir entendê-lo e aplicá-lo. Estes, em conjunto com
Leibniz, publicaram vários artigos na Acta Eruditorum, o que colaborou para a difusão do cálculo
desse estudioso. Tais artigos não eram de fácil compreensão, pois mostravam sua aplicação e não
os conceitos. Isso mudou com a publicação do livro Analyse des Infiniments Petits, escrito por
L'Hôpital com base nas aulas que teve com Johann Bernoulli (BARON, BOS, 1974b, p.4).
Conforme Baron e Bos (1974b, p.5-6), tal livro causou grande controvérsia, pois L'Hôpital
apenas mencionou Johann em seu início, não tendo declarado sua contribuição, e este, por sua
vez, também não a exigiu quando o livro fora publicado. Somente o fez após a morte de L'Hôpital,
mas não haviam provas de seu feito. Somente em 1921, quando foi achado um documento na
biblioteca de Basiléia (Suíça), é que foi provada a contribuição de Johann para os conceitos
presentes no livro de L'Hôpital. É também importante considerar que, à época, a credibilidade de
Johann estava abalada devido às desavenças públicas com seu irmão Jakob, e isso colaborou para
que o livro não lhe fosse creditado (BARON, BOS, 1974b).

2.2 Definições de diferencial e integral, por Leibniz


Segundo Baron e Bos (1974a, p.58), Leibniz definiu "diferencial como sendo a diferença
infinitamente pequena entre dois valores consecutivos de 𝑦. Para uma curva traçada com relação
a um eixo-𝑥 e um eixo-𝑦, Leibniz considera a sequência das ordenadas 𝑦 e a sequência
correspondente das abscissas 𝑥". Portanto, 𝑑𝑦 é a diferença infinitamente pequena entre duas
ordenadas 𝑦, e 𝑑𝑥 a diferença infinitamente pequena entre duas abscissas 𝑥.
Para Leibniz, segundo Baron e Bos (1974a, p.58), as diferenciais eram “infinitamente
!"
pequenas”, portanto, podiam ser comparadas entre si (a razão !#
é finita), mas podiam ser
desprezadas em relação às quantidades finitas ordinárias (por exemplo, 𝑥 + 𝑑𝑥 = 𝑥)3.
De acordo com Baron e Bos (1974a, p. 60), Leibniz definiu a integral como sendo a soma
da área de retângulos infinitamente pequenos 𝑦 ∙ 𝑑𝑥 sob uma curva, representando-a pelo símbolo
∫ . Portanto, ∫ 𝑦𝑑𝑥 descreve a área abaixo da curva. Como não era indicado um intervalo de
integração, também não eram explicitadas constantes de integração. Geralmente, a fronteira

3
Números comuns, números naturais.
112 v.6, n.1, p. 109-123, jun. 2021

esquerda era a origem e ∫ 𝑦𝑑𝑥 indicava a área entre 0 e 𝑥. Também não existiam regras gerais
pelas quais as integrais pudessem ser calculadas em todos os casos ou reduzidas a integrais
conhecidas, porém havia uma série de métodos que poderiam ser utilizados em certos casos.
Figura 1: Representação das diferenciais 𝒅𝒙 e 𝒅𝒚.

Fonte: Baron e Bos (1974a, p.58)


Figura 2: Representação da integral como a soma de infinitos retângulos 𝒚𝒅𝒙.

Fonte: Baron e Bos (1974a, p.60)


Se os 𝑑𝑦's consecutivos são diferentes, sua diferença é chamada por Leibniz de “diferencial
de segunda ordem”. Estas são infinitamente pequenas em relação às diferenciais de primeira ordem
e denotadas por 𝑑𝑑𝑦. De maneira semelhante são formados 𝑑𝑑𝑥's,𝑑𝑑𝑠's etc. e diferenciais de
ordens superiores. Porém, se os 𝑑𝑥's ou 𝑑𝑦's são iguais, então 𝑑𝑑𝑥 = 0 e 𝑑𝑑𝑦 = 0 (BARON, BOS,
1974a, p.60).
Figura 3: Representação de uma diferencial de 2ª ordem, por Leibniz.

Fonte: Baron e Bos (1974a, p.60)


2.3 Operações envolvendo diferenciais e métodos do cálculo
Segundo Baron e Bos (1974a, p. 61-63), Leibniz publicou seu primeiro artigo sobre Cálculo
Infinitesimal em 1684, no qual discursava sobre as diferenciais e dava algumas aplicações. O artigo
trazia a definição de “diferencial”, que havia sido modificada por Leibniz devido à sua insegurança
VIEIRA; SIQUEIRA MARTINÊS, 2021 113

sobre os infinitamente pequenos e algumas regras, tais como a do produto e a do quociente. Leibniz
modificou a definição para que 𝑑𝑥 fosse um segmento de reta, e 𝑑𝑦 outro segmento de reta, tal que
!" "
!#
= $ , onde 𝜏 ∈ ℝ; posteriormente, ele assumiu novamente as diferenciais como “diferenças”.
Embora no artigo tenham sido apresentadas as regras do quociente e do produto de diferenciais,
estas não eram (e ainda não são) de fácil compreensão. Portanto, trouxemos essas regras como
definidas no livro Analyse, escrito por L’Hôpital.
Figura 4: Cópia do artigo de Leibniz, publicado em 1684.

Fonte: https://archive.org/details/s1id13206500/page/466/mode/2up

2.3.1 Regras de diferenciação para produtos e quocientes


Conforme Baron e Bos (1974a, p.59), os Infinitesimais foram assumidos no livro de L'Hôpital como
um postulado, ou seja, uma verdade matemática que não necessitava de demonstração. Estas
podiam ser desprezadas em relação a quantidades finitas ordinárias, o que implicava em: 𝑥 = 𝑥 +
𝑑𝑥, 𝑦 = 𝑦 + 𝑑𝑦, etc. Portanto, para a diferencial de um produto, temos:
𝑑(𝑥𝑦) = (𝑥 + 𝑑𝑥)(𝑦 + 𝑑𝑦) − 𝑥𝑦 = 𝑥𝑦 + 𝑥𝑑𝑦 + 𝑦𝑑𝑥 + 𝑑𝑥𝑑𝑦 − 𝑥𝑦
= 𝑥𝑑𝑦 + 𝑑𝑥(𝑦 + 𝑑𝑦) = 𝑥𝑑𝑦 + 𝑦𝑑𝑥.
Podemos ver que L’Hôpital subtrai 𝑥𝑦 porque esta é a função nos produtos 𝑥, 𝑦 originais,
que está sendo subtraída do produto dos 𝑥 e 𝑦 com seus respectivos incrementos (é a definição de
diferencial como a diferença da função produto nesses pontos (𝑥, 𝑦) e (𝑥 + 𝑑𝑥, 𝑦 + 𝑑𝑦). Daí, como
definido anteriormente no livro, é utilizada a definição 𝑦 + 𝑑𝑦 = 𝑦, chegando-se à regra do produto
para diferenciais. Pode-se também interpretar o produto de forma geométrica, o que acabou
contribuindo para a aceitação das diferenciais ou nele como um acréscimo na área de um retângulo,
no qual estaríamos interessados apenas na área do acréscimo, portanto eliminando 𝑥𝑦. Como 𝑑𝑥𝑑𝑦
é o produto de duas diferenciais, isto é, o produto de dois infinitamente pequenos, é tão próximo de
0 que se pode considerá-lo como tal. Portanto, como 𝑑𝑥𝑑𝑦 = 0, temos que 𝑑(𝑥𝑦) = 𝑦𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦.
L'Hôpital (apud BARON, BOS, 1974b, p.9-10) traz também a regra da diferencial do
quociente:
𝑦 𝑦 + 𝑑𝑦 𝑦 𝑥𝑦 + 𝑥𝑑𝑦 − 𝑥𝑦 − 𝑦𝑑𝑥 𝑥𝑑𝑦 − 𝑦𝑑𝑥 𝑥𝑑𝑦 − 𝑦𝑑𝑥
𝑑6 7 = − = = =
𝑥 𝑥 + 𝑑𝑥 𝑥 𝑥 % + 𝑥𝑑𝑥 𝑥(𝑥 + 𝑑𝑥 ) 𝑥%
114 v.6, n.1, p. 109-123, jun. 2021

Aqui, o autor novamente subtrai a quantidade ordinária envolvida na operação, e utiliza


novamente sua definição de “infinitamente pequenos”, pela qual 𝑥 + 𝑑𝑥 = 𝑥, chegando assim à
regra do quociente. Novamente, há uma explicação geométrica para a diferencial do quociente.
Temos dois segmentos finitos, 𝑥 e 𝑦, os quais sofrem acréscimos infinitamente pequenos,
respectivamente 𝑑𝑥 e 𝑑𝑦. Estamos interessados em saber apenas quantas vezes o segmento 𝑑𝑥
"
cabe no segmento 𝑑𝑦, e não em quantas vezes o segmento 𝑥 cabe em 𝑦; portanto, eliminamos # .
Assim, como 𝑥𝑑𝑥 é infinitamente pequeno em relação à 𝑥 % , podemos considerá-lo 0. Portanto, como
" #!"&"!#
𝑥𝑑𝑥 = 0, 𝑑 6# 7 = #!
.

Figura 5: A regra do produto interpretada de forma geométrica.

Fonte: autores
Enquanto estudávamos tais regras, tivemos algumas dúvidas sobre como trabalhar com os
infinitamente pequenos, pois nos pareceu estranho que uma quantidade pudesse simplesmente
desaparecer no resultado. Para isso, consultamos Analyse... e confirmamos que, como estes eram
considerados infinitamente pequenos, poderiam desaparecer ao final da operação pois são muito
próximos à 0.

2.3.2 Valores extremos de uma curva


De acordo com Baron e Bos (1974c, p.3), os meios para determinar valores extremos sempre
estiveram ligados aos métodos de tangentes, as quais, por sua vez, estavam ligadas com teorias
de diferenciação. Durante o início da difusão do cálculo diferencial, a determinação de valores
extremos foi reconhecida como uma aplicação útil e importante. L'Hôpital descreveu em Analyse...
como encontrar os valores máximos e mínimos de uma curva, cujo método nos propusemos a
estudar. O autor considera as curvas 𝑀𝐷𝑀 ilustradas como na Figura 7.
De acordo com L’Hôpital (apud BARON; BOS, 1974c, p. 4-5), conforme a abscissa 𝐴𝑃
aumenta, se a ordenada 𝑃𝑀 aumenta a diferencial 𝑅𝑚 será positiva. Caso 𝑃𝑀 diminua, 𝑅𝑚 será
negativo, sendo 𝐷𝐸 o extremo de tais curvas. L’Hôpital utiliza a lei da continuidade (muito frequente
na época, sem mais rigores), segundo a qual as quantidades variáveis não saltam, podendo apenas
variar gradualmente. Dessa forma, para que tais quantidades mudem de positivo para negativo, é
necessário que passem por 0 ou ∞, bastando igualar a diferencial da curva a um destes.
O primeiro caso é parecido com o que utilizamos atualmente, que consiste em igualar a
primeira derivada à 0. Para o segundo caso, L'Hôpital (apud BARON; BOS, 1974c, p.7) cita como
" !
exemplo para a aplicação do critério 𝑑𝑦 = ∞ a equação da curva 𝑦 − 𝑎 = 𝑎# (𝑎 − 𝑥)# .
Nessa mesma perspectiva, tomamos a primeira diferencial:
'
' −2 &' −2𝑎( −2𝑑𝑥 #√𝑎
𝑑𝑦 = 𝑎( A (𝑎 − 𝑥) ( D 𝑑𝑥 ⇒ 𝑑𝑦 = ' 𝑑𝑥 ⇒ 𝑑𝑦 = #
3 3 √𝑎 − 𝑥
3(𝑎 − 𝑥)(
VIEIRA; SIQUEIRA MARTINÊS, 2021 115
#
Ainda segundo L’Hôpital (1974c, p.7), igualando-a a 0, teremos −2𝑑𝑥 √𝑎 = 0, o que não é
interessante, pois não seria fácil encontrar os valores extremos da curva baseado nesse raciocínio.
Seguindo as orientações de L’Hôpital, devemos igualar a equação a ∞, o que consiste em fazer o
mesmo com o denominador da equação, levando-o a 0. Note-se que já havia a ideia de que
números reais divididos pelos cada vez mais próximos de 0 tenderiam para o infinito, embora não
houvesse o conceito de limite. Portanto:
# #
3 √𝑎 − 𝑥 = 0 ⇒ √𝑎 − 𝑥 = 0 ⇒ 𝑎 − 𝑥 = 0 ⇒ 𝑥 = 𝑎.
Enfim, segundo L’Hôpital (apud BARON; BOS, 1974c, p.7), o extremo dessa curva
(ordenada 𝐷𝐸) está em 𝑥 = 𝑎.
Figura 6: Trecho do livro original de Analyse, de L'Hôpital, que explica a regra do
produto.

Fonte: Analyse des Infiniment Petits, 1696, p. 4


Figura 7: Exemplo mencionado por L'Hôpital: extremos de uma curva.

Fonte: Baron e Bos (1974c, p.4)

2.3.3 Pontos de inflexão


Segundo Baron e Bos (1974c, p.8), L'Hôpital definiu e obteve um método para calcular tais pontos,
utilizando diferenciais de segunda ordem. Ele nos dá uma curva AFK, assim representada como na
Figura 9.
116 v.6, n.1, p. 109-123, jun. 2021

De acordo com L’Hôpital (apud BARON; BOS, 1974, p. 8), temos a linha reta AB como seu
diâmetro (ou eixo) e as ordenadas PM, EF etc. paralelas entre si. Considerando F como o ponto de
inflexão, traçamos a ordenada EF e a MP, sendo que M é um ponto qualquer da curva. Traçamos
também as tangentes à curva, passando por F e por M. Em seguida, aumentamos a ordenada AP,
isto é, avançamos no sentido positivo do eixo AB. Se a curva possuir um ponto de inflexão, até
então AT, a distância entre o momento em que se começou a avançar e o ponto onde a tangente à
M corta a reta AB, aumenta continuamente até que passe pela ordenada EF. A partir disso, a
distância AT diminui.
Figura 8: Ilustração para 𝐚 = 𝟏, onde o extremo seria 𝐀 = (𝟏, 𝟏).

Fonte: autores
Figura 9: O exemplo dado por L'Hôpital sobre como encontrar pontos de inflexão.

Fonte: Baron e Bos, 1974c, p.8


Em seguida, o pesquisador afirma, em relação à Figura 9, que se chamarmos AE de x e EF
)*
de y, teremos AL = y ⋅ )+ − x. Isso porque EL corresponde à subtangente, a qual, por seu turno,
corresponde ao segmento pertencente a um eixo, com início no ponto onde a tangente o toca e
terminando no ponto do eixo ortogonal ao de tangência; em termos modernos, seria equivalente a
)*
uma decomposição de forças de um vetor. A subtangente é dada por EL = y ⋅ )+ (BARON; BOS,
1974b, p.10); subtrai-se AE (correspondente à x) e temos AL. Ele afirma também que as sucessivas
distâncias dx’s são constantes, concluindo que o ponto de inflexão corresponde ao extremo de AL,
devendo, assim, encontrar esse extremo utilizando o método proposto por ele mesmo.
VIEIRA; SIQUEIRA MARTINÊS, 2021 117

Figura 10: Representação do momento em que a distância 𝐀𝐓 chega em seu


extremo em 𝐀𝐋, ou seja, na tangente do ponto de inflexão.

Fonte: autores
Por fim, usando a regra da diferencial, do produto e da soma, temos:
)* )* &)*))+ +)*))+ &+)*))+
d(AL) = d 6y )+ − x7 = Ydy ⋅ )+ + y 6 )+!
7Z − dx = dx − )+!
− dx = )+!
.
&+))+
Como dx foi considerada constante, não pode ser 0, o que nos leva à )+!
= 0 ⟹ −yddy =
0 ⟹ yddy = 0. L’Hôpital considera y diferente de 0, o que implica em ddy = 0. Assim, descreve-o
118 v.6, n.1, p. 109-123, jun. 2021

como método para encontrar pontos de inflexão e igualar a segunda derivada à 0. Entretanto, deve-
se atentar ao fato de que extremos locais podem alterar o comportamento da curva, fazendo com
que T ultrapasse L (Figura 11). Quando M se aproxima de F, um ponto de inflexão, o T, aproxima-
se de L, atinge-o e começa a se afastar; entretanto, quando M aproxima-se de K, um extremo da
curva, T ultrapassa L, contrariando o argumento de L’Hôpital, ao afirmar que L seria o ponto mais à
esquerda da tangente. Assim, embora o argumento esteja correto algebricamente,
geometricamente existem equívocos.
Figura 11: Quando o ponto 𝐌 se aproxima do ponto 𝐊, um extremo da curva, 𝐓
ultrapassa 𝐋

Fonte: autores

2.3.3 Raio de Curvatura


De acordo com Baron e Bos (1974c, p.10), a questão de curvatura foi estudada por Huygens (por
volta de 1600) quando estava trabalhando com relógio pendular, embora ele não tenha apresentado
uma regra geral para calcular o raio de curvatura. Tal fórmula foi publicada por Jakob Bernoulli, em
1694, com símbolos e notações leibnizianos, o qual a derivou quando buscava resolver um
problema relacionado à forma de barras elásticas, conforme representação presente na Figura 12.
Em relação à Figura 12, é importante destacar que Bernoulli considerou como um ponto na
Evoluta (centro de curvatura) da curva f como a posição limite de encontro das retas normais à
curva em a e b, que, por sua vez, consistem no raio do círculo tangencial (círculo onde o raio é o de
curvatura e o centro, o de curvatura).
Supõe-se, segundo Bernoulli (apud BARON; BOS, 1974c, p. 11), que tanto ab como ac sejam
infinitamente pequenos. Além disso, o ângulo af^b é congruente ao ângulo gb ^c e, bh ≡ bc. A partir
disso são construídas as linhas al, bn e co, são paralelas entre si e correspondentes às abscissas;
portanto, como correspondem a elas e são infinitamente pequenas (pois ab e bc são), constituem
diferenciais de x (dx’s). Ao mesmo tempo são construídos também os segmentos bl, hom e gcn,
paralelos entre si e correspondentes às ordenadas e, pelo mesmo motivo das abscissas, são
diferenciais de y (dy’s). Considera-se, enfim, que os dx’s são iguais entre si.
VIEIRA; SIQUEIRA MARTINÊS, 2021 119

,- ,- /-
Bernoulli (apud BARON; BOS, 1974c, p. 11) apresenta a seguinte relação: = ⋅ , que
.- /- .-
é possível porque o triângulo bng é semelhante ao triângulo chg (os ângulos reto e hc^g são
congruentes), assim como o triângulo hcb é semelhante ao triângulo abf (como são isósceles,
possuem dois lados proporcionais e af^b ≡ hb
^c). Assim, utilizando novamente a semelhança de
,- /- ., 1. 1. 1.
triângulos, Bernoulli faz a seguinte manipulação: ⋅ .- = .0 ⋅ .2 = ⋅ .2 . Novamente é utilizada a
/- 13
semelhança de triângulos, em que se deduz que o triângulo bng é semelhante ao triângulo alb (ba
^l ≡
^
gbn), pois ab é infinitamente pequeno, e os ângulos retos são equivalentes.
Figura 12: Ilustração sobre como derivar a fórmula do cálculo da curvatura.

Fonte: Baron e Bos (1974c, p. 11)


Ainda nessa perspectiva, como tratam-se de diferenciais, e como os dx’s são constantes,
,- ,- /- ., 1. 1. 1. )4 )4 )4!
ocorre a seguinte substituição: .-
= /- ⋅ .- = .0 ⋅ .2 = 13
⋅ .2 = )* ⋅ 5
= 5)*, em que ds consiste na
diferencial do comprimento de arco e z no raio do círculo tangencial. Observe-se que: gc = gn −
nc = bl − nc; dessa forma, como gc pode ser escrita como a diferença de duas diferenciais, temos
que gc é uma diferencial de 2ª ordem e: gc = gn − nc = bl − nc = ddy. Como bc também é
,-
infinitamente pequeno, corresponde à diferencial do comprimento de arco. Portanto: = ddy⁄ds.
.-
)4! ))+ )4#
Comparando as igualdades, temos que: 5)*
= )4
⟹ z = )*))+, correspondente ao raio do círculo
tangencial, o qual fornece a curvatura.
Baron e Bos (1974c, p. 13-14) trazem um exemplo sobre como utilizar a fórmula dada por
Bernoulli para encontrar a curvatura. No exemplo, consideram a curva ay = x % e o ponto (a, a).
Desse modo, temos que: ay = x % ⟹ ady = 2xdx e addy = 2dxdx + 2xddx. Mas como dx é
considerado constante, ddx = 0 e: addy = 2dxdx. Assim, com ds como a diferencial do comprimento
%* % %* %
de arco, temos que ds = mdx % + dy % = ndx % + 6 1 dx7 = dxn1 + 6 1 7 . Utilizando a fórmula da
curvatura, temos:
( (
2x % 2x %
dx ( pqY1 + 6 a 7 Zr dx ( pqY1 + 6 a 7 Zr (
ds( a 2x %
z= = = = pqY1 + A D Zr
dxddy 2 % 2 ( 2 a
dx ⋅ a dx a dx
Segundo Baron e Bos (1974c, p.14), substituímos x = a, obtendo:
120 v.6, n.1, p. 109-123, jun. 2021
(
%
a 2a a ( a ( 5
z = pqY1 + A D Zr = 6m1 + 2% 7 = u√5w = a√5.
2 a 2 2 2

Na Figura 13, z corresponde ao raio de curvatura, isto é, ao do círculo dela. Por sua vez, o
círculo de curvatura corresponde, de acordo com Thomas (2012, p. 194), ao que tangencia uma
curva em um determinado ponto P (ambos possuem a mesma reta tangente no ponto P). Sua
curvatura é a mesma que a da curva em P e situa-se no lado côncavo desta. O método utilizado
para ilustrar a Figura 13 foi o seguinte: primeiramente, utilizamos a fórmula encontrada por Baron e
Bos que resulta em 5√5 ≈ 11,18. Em seguida, optamos pela ferramenta Círculo Osculador, do
GeoGebra, seguida pela ferramenta Raio, que fornece o raio de um determinado círculo; em nosso
caso, do círculo osculador, que resultou em 11,18.
Figura 13: Ilustração do exemplo anterior, para 𝐚 = 𝟐

Fonte: autores

2.3.4 O Método da Substituição para Integrações


Baron e Bos (1974c, p.14) apontam que, na época aqui considerada, embora houvesse regras que
permitissem diferenciar qualquer quantidade variável proposta (considerando que a curva fosse
diferenciável), não se possuía uma maneira fixa de calcular integrais. Essa falta de regras constituía
um dos maiores empecilhos no estudo do Cálculo Infinitesimal. Então, Newton e Leibniz estudaram
diversas curvas com o intuito de construir tabelas indicando integrais destas e verificar quais tipos
poderiam ser integradas. Embora não existissem regras para a integração, havia uma série de
métodos e técnicas que poderiam ser usados para integrar curvas, destacando-se o método da
substituição.
Segundo Johann Bernoulli (apud BARON; BOS, 1974c, p. 15), pode ser que houvesse
muitas quantidades diferentes envolvidas na expressão que se desejava integrar, o que dificultava
sua resolução. Nesse caso, Bernoulli explicou ao marquês de L’Hôpital que poderíamos tomar um
termo dessa expressão e a igualar a outra variável qualquer, de modo a simplificar a integração.
Em seguida, explicou que todos os outros termos envolvidos na expressão deveriam ser mudados
em função da nova variável, incluindo as diferenciais. Somente após a integração era possível
desfazer a substituição, chegando-se na integral desejada inicialmente.
VIEIRA; SIQUEIRA MARTINÊS, 2021 121

Bernoulli (apud BARON; BOS, 1974, p. 15) cita como exemplo o cálculo da integral de
(ax + xx)dx√a + x. Substituindo-se o termo √a + x por y, temos que: √a + x = y ⟹ a + x = yy ⟹
x = yy − a, resultando na diferencial: dx = 2ydy. O autor explica que, fazendo as substituições
necessárias, chegamos a: (ax + xx)dx√a + x = [a(yy − a) + (yy − a)(yy − a)]2ydy ⋅ y = (ayy − a% +
y 6 − 2ayy + a% )2yydy = 2y 7 dy − 2ay 6 dy. Calculando-se a integral, obtemos: ∫ 2y 7 dy − 2ay 6 dy =
% 8 % % 8 % % 8
y − 9 ay 9 . Dessa forma é possível desfazer a substituição: y − 9 ay 9 = 8 u√x + aw −
8 8
% 9 % % %
9
au√x + aw = 8 (x + a)( √x + a − 9 a(x + a)% √x + a, resultando em: ∫ (ax + xx)dx√a + x = 8 (x +
%
a)( √x + a − 9 a(x + a)% √x + a.
Baron e Bos (1974, p. 16-17) explicam as diferenças do método de substituição utilizado por
Bernoulli e o utilizado atualmente, valendo-se da notação atual para isso. Primeiramente, é descrito
o método moderno, exemplo do qual se vale para resolvê-lo. Consideremos as funções f(x), g(x) e
k(x), nas quais f(x) = g[k(x)]k′(x). Se G(x) for a primitiva de g(x), pela Regra da Cadeia, temos que:
)
)*
€G[k(x)]• = G: [k(x)]k : (x) = g[k(x)]k′(x). Logo, se F(x) for a primitiva de f(x), então F(x) = G[k(x)].
. ;(.)
Porém, se k(x) = y, temos que k : (x) = dy, resultando em: ∫1 g[k(x)]k : (x)dx = ∫;(1) g(y)dy =
>(@)
G(y)|>(?) .
De acordo com Baron e Bos (1974, p. 16-17), resolvendo o exemplo dado por Bernoulli com
essa simbologia, temos que: f(x) = (ax + x % )√a + x; se tomarmos y = k(x) = √a + x, veremos que
$"
'
[k(x)]% = a + x ⟹ x = [k(x)]% − a. Podemos concluir também que k : (x) = (a + x) ! , obtendo-se:
%

f(x) = g[k(x)]k : (x) = (a + x)√a + x ⋅ 2√a + x = 2x(a + x)(a + x)


= 2[[k(x)]% − a][[k(x)]% ]% = 2[k(x)]7 − 2a[k(x)]6 .
Logo,
% %
g(y) = 2y 7 − 2ay 6 e ∫ g(y)dy = ∫ (2y 7 − 2ay 6 )dy = 8 y 8 − 9 ay 9 = G(y).
% &
% %
Por fim, temos que F(x) = G[k(x)] = 8 (a + x)! − 9 a(a + x)! .
Ainda nessa linha de raciocínio, nota-se o uso da substituição de uma maneira diferente, na
. /(.)
qual ∫1 g(x)dx = ∫/(1) g[k(x)]k : (x)dx, se h[k(x)] = x. Assim, utilizando essa simbologia, temos que
g(x) = (ax + x % )√a + x. Se tomarmos h(x) = √a + x, obtemos h[k(x)] = x ⟺ m[a + k(x)] = x ⟺ a +
k(x) = x % ⟺ k(x) = x % − a, e, portanto k : (x) = 2x. Substituindo na integração, confirmamos que:
"
# (?A#)!
„ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 = „ †𝑎(𝑥 % − 𝑎) + (𝑥 % − 𝑎)% m𝑎 + (𝑥 % − 𝑎)‡ 2𝑥𝑑𝑥
&? B
"
(?A#)!
=„ [(𝑎𝑥 % − 𝑎% + 𝑥 6 − 2𝑎𝑥 % + 𝑎% )𝑥]2𝑥𝑑𝑥
B
"
(?A#)!
=„ 2𝑥 % (𝑥 6 − 𝑎𝑥 % )𝑑𝑥
B
"
(?A#)!
7
2 8 2 9 (?A#)"!
6
=„ 2𝑥 − 2𝑎𝑥 𝑑𝑥 = 𝑥 − 𝑎𝑥 |B
B 7 5
8 9
2 ' 2 '
= ‰(𝑎 + 𝑥)% Š − 𝑎 ‰(𝑎 + 𝑥)% Š =
7 5
2 8 2 9
= (𝑎 + 𝑥)% − 𝑎(𝑥 + 𝑎)% .
7 5
122 v.6, n.1, p. 109-123, jun. 2021

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este trabalho, pudemos perceber a potência do Cálculo Infinitesimal desenvolvido por Leibniz,
o que, em grande parte, deve-se à sua notação, a qual facilitou as operações envolvidas. No
entanto, embora a perspectiva leibniziana tenha representado um avanço para a Matemática, só foi
parcialmente aceita, pois a partir dela o Cálculo poderia ser explicado utilizando-se a Geometria
Euclidiana, embora apresentasse maior relação com a Álgebra do que os métodos geométricos
utilizados até então, que derivavam parte dos geômetras gregos e parte da Geometria Analítica, de
Descartes.
É interessante também observar como o Cálculo Infinitesimal deu origem ao atual Cálculo
Diferencial e Integral, o qual originou-se e desenvolveu-se sem os conceitos de “função” e “limite”,
que surgiriam depois, embora a busca por definir aquela tenha sido assídua nesse período, como
podemos constatar em Zuffi (2016). Tal ausência era suprida, parcialmente, utilizando-se os
Infinitesimais, o que causou grande desconfiança por parte dos cientistas da época. Um dos maiores
problemas, por exemplo, eram as diferenciais de ordens superiores, pois consistiam em
quantidades menores do que as que já eram infinitamente pequenas. Leibniz adotou a seguinte
postura em relação aos Infinitesimais: acreditava que serviam como símbolos para exemplificar o
que poderia ser explicado pelo método da exaustão.
Devido a tais problemas, o Cálculo Infinitesimal sofreu diversas críticas ao longo dos séculos,
até que os conceitos de “limite” e “derivada” pudessem ser relacionados. As principais estavam
relacionadas ao uso dos Infinitesimais, pois não havia como garantir a existência destes, embora
seu uso levasse a resultados corretos.
Podemos concluir que o Cálculo Infinitesimal apresentado por Leibniz, apesar das críticas,
consistiu numa importante ferramenta matemática, que pôde ser utilizada na resolução de diversos
problemas ao longo dos séculos, mesmo que alguns de seus conceitos não sejam tão precisos sob
o ponto de vista da Matemática atual.
VIEIRA; SIQUEIRA MARTINÊS, 2021 123

REFERÊNCIAS
BARON, Margaret E., Bos, H.J.M. Unidade 3: L'HÔPITAL, Guillaume-François-Antoine
Newton e Leibniz. In: Curso de História da de. Analyse des infiniment petits, pour
Matemática: origens e desenvolvimento do l'intelligence des lignes courbes. Paris: A
cálculo. Tradução de José Raimundo Braga Paris, de L'Imprimerie Royale, 1696.
Coelho, Rudolf Maier e Maria José M.M. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Métodos de
Mendes. Brasília: Universidade de Brasília, coleta de dados: observação, entrevista e
1985, c1974a. análise documental. In: LÜDKE, Menga;
BARON, Margaret E., Bos, H.J.M. Unidade 4: O ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em
cálculo no século XVIII - Fundamentos. In: Educação: Abordagens Qualitativas. São
Curso de História da Matemática: origens Paulo: Epu, 1986. Cap. 3. p. 25-44.
e desenvolvimento do cálculo. Tradução de MENDES, Iran Abreu. Pesquisas em história da
José Raimundo Braga Coelho, Rudolf Maier
Educação Matemática no Brasil em três dimensões.
e Maria José M.M. Mendes. Brasília:
Quipu, 2012. Vol. 14, núm. 1, pp. 69-92.
Universidade de Brasília, 1985, c1974b.
THOMAS, George B. et al. Cálculo. Vol. 2. 12. ed.
BARON, Margaret E., Bos, H.J.M. Unidade 5: O
São Paulo: Pearson, 2012.
cálculo no século XVIII - Técnicas e
aplicações. In: Curso de História da ZUFFI, Edna Maura. Alguns aspectos do
Matemática: origens e desenvolvimento do desenvolvimento histórico do conceito de
cálculo. Tradução de José Raimundo Braga função. Hipátia, 2016. Vol. 1, núm.1, pp. 1-
Coelho, Rudolf Maier e Maria José M.M. 10.
Mendes. Brasília: Universidade de Brasília,
1985, c1974c.

Submetido em agosto de 2020.


Aprovado em novembro de 2020.

Gabriel Faria Vieira


Licenciado em Matemática pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM),
Uberaba, Minas Gerais, Brasil. ID Lattes: 8316885136414563.
Contato: [email protected]

Mônica de Cássia Siqueira Martines


Doutora em Educação Matemática pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Professora Adjunta da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba,
Minas Gerais, Brasil. ID Lattes: 6625047361725116 Orcid ID: 0000-0002-3143-9206
Contato: [email protected]

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