Literatura: Realismo, Naturalismo e Parnasianismo
Contexto histórico
Características
Referências
Prof.ª Daniela Florão – Linguagens – 06.07.2023
Realismo
No mundo: Europa, século XIX
● A realidade e a objetividade em reação ao
Romantismo.
● “Pai do Realismo”: Gustave Flaubert
(12.12.1821 - 08.05.1880)
● Análise psicológica dos personagens e dos
fracassos humanos, ironia, crítica sociopolítica;
● Narração em 3ª pessoa;
● Temáticas relacionadas aos problemas sociais,
no sentido de divulgar os acontecimentos e
provocar a reflexão crítica;
● Contexto histórico-social: ascensão da
burguesia e do sistema capitalista; Segunda
Revolução Industrial; exploração de trabalhadores em prol do crescimento
tecnológico e científico;
“Em 1838, aos 16 anos, o escritor lançou a sua primeira obra autobiográfica,
Memórias de um louco. Entretanto, a fama e o reconhecimento vieram com o livro Madame
Bovary, publicado em 1856.
A obra é considerada pioneira dentre os romances realistas e se tornou famosa por
sua originalidade e ousadia ao tratar temas polêmicos para a época, como o adultério
feminino e o suicídio, além das críticas ao clero e à burguesia. Devido ao teor do romance,
considerado polêmico, Flaubert foi acusado de ofensa à moral e à religião e levado aos
tribunais franceses em 1857. Mas o escritor foi absolvido, e Madame Bovary se tornou um
grande sucesso. O francês ainda é autor de diversos outros romances, como Salambô e A
educação sentimental. O escritor morreu em 1880, aos 58 anos, deixando inacabada a obra
Bouvard e Pécuchet, que foi publicada postumamente.”
(Texto integral disponível no site da UFMG:
https://ufmg.br/comunicacao/noticias/bicentenario-de-gustave-flaubert-o-legado-do-pai-do-realismo#:~:text=Conhecido%20pelo%20es
tilo%20objetivo%2C%20marcado,que%20surgiu%20no%20s%C3%A9culo%2019 .)
(Créditos da imagem: Félix Nadar | Domínio Público)
No Brasil: Segundo Reinado, Dom Pedro II
● Contexto: Abolição da escravatura com a assinatura da Lei Áurea; chegada de
imigrantes de todo o mundo (mão de obra);
● Processo: Lei Eusébio de Queirós, de 1850; Lei do Ventre Livre, de 1871; Lei dos
Sexagenários, de 1885; Abolição da Escravatura, em 1888; Proclamação da
República, em 1889;
● Denúncia dos abusos da monarquia, da igreja e da burguesia;
● Questionamento e crítica social;
● O primeiro romance realista brasileiro foi Memórias Póstumas de Brás Cubas
(1881).
FOCO: Joaquim Maria Machado de Assis
OBRAS: Memórias póstumas de Brás Cubas (1881); Papéis avulsos (1882); Histórias sem
data (1884); Quincas Borba (1891); Várias histórias (1896); Dom Casmurro (1899); Páginas
recolhidas (1899); Esaú e Jacó (1904); Memorial de Aires (1908).
(Créditos da imagem: https://mundonegro.inf.br/o-machado-de-assis-que-a-historia-nao-conta/)
Características do Realismo no Brasil
Reação ao Romantismo;
Ocorre em paralelo ao Naturalismo e ao Parnasianismo;
Objetividade na linguagem;
Ironia;
Crítica à sociedade e à burguesia;
Abordagem de pautas sociopolíticas;
Análise psicológica dos personagens e das ações humanas;
Valorização da razão;
Análise do presente.
QUESTÃO 01. ENEM 2010
Capítulo III
Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia
disfarçadamente mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais
que amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era
matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que está aqui na sala: um
Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja – primor de
argentaria, execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério. Era espanhol; e não
foi sem resistência que Rubião o aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe
dissesse que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e não queria línguas
estrangeiras em casa, o amigo Palha insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter
criados brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que ele queria pôr na sala,
como um pedaço da província, nem pôde deixar na cozinha, onde reinava um francês,
Jean; foi degradado a outros serviços.
ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. V.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (fragmento).
Quincas Borba situa-se entre as obras-primas do autor e da literatura brasileira. No
fragmento apresentado, a peculiaridade do texto que garante a universalização de sua
abordagem reside
(a) no conflito entre o passado pobre e o presente rico, que simboliza o triunfo da
aparência sobre a essência.
(b) no sentimento de nostalgia do passado devido à substituição da mão de obra
escrava pela dos imigrantes.
(c) na referência a Fausto e Mefistófeles, que representam o desejo de eternização de
Rubião.
(d) na admiração dos metais por parte de Rubião, que metaforicamente representam a
durabilidade dos bens produzidos pelo trabalho.
(e) na resistência de Rubião aos criados estrangeiros, que reproduz o sentimento de
xenofobia.
QUESTÃO 02. ENEM 2021
TEXTO I
Correu à sala dos retratos, abriu o piano, sentou-se e espalmou as mãos no teclado.
Começou a tocar alguma coisa própria, uma inspiração real e pronta, uma polca, uma
polca buliçosa, como dizem os anúncios. Nenhuma repulsa da parte do compositor; os
dedos iam arrancando as notas, ligando-as, meneando-as; dir-se-ia que a musa compunha
e bailava a um tempo. […….] Compunha só, teclando ou escrevendo, sem os vãos esforços
da véspera, sem exasperação, sem nada pedir ao céu, sem interrogar os olhos de Mozart.
Nenhum tédio. Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da alma como de uma fonte perene.
ASSIS, M. Um homem célebre. Disponível em: www.biblio.com.br.
Acesso em: 2 jun. 2019.
TEXTO II
Um homem célebre expõe o suplício do músico popular que busca atingir a
sublimidade da obra-prima clássica, e com ela a galeria dos imortais, mas que é traído por
uma disposição interior incontrolável que o empurra implacavelmente na direção oposta.
Pestana, célebre nos saraus, salões, bailes e ruas do Rio de Janeiro por suas
composições irresistivelmente dançantes, esconde-se dos rumores à sua volta num
quarto povoado de ícones da grande música europeia, mergulha nas sonatas do
classicismo vienense, prepara-se para o supremo salto criativo e, quando dá por si, é o
autor de mais uma inelutável e saltitante polca.
WISNIK, J. M. Machado maxixe: o caso Pestana. Teresa: revista de literatura brasileira,
2004 (adaptado).
O conto de Machado de Assis faz uma referência velada a maxixe, gênero musical
inicialmente associado à escravidão e à mestiçagem. No Texto II, o conflito do
personagem em compor obras do gênero é representativo da
(a) pouca complexidade musical das composições ajustadas ao gosto do grande
público.
(b) prevalência de referências musicais africanas no imaginário da população
brasileira.
(c) incipiente atribuição de prestígio social a músicas instrumentais feitas para a
dança.
(d) tensa relação entre o erudito e o popular na constituição da música brasileira.
(e) importância atribuída à música clássica a sociedade brasileira do século XIX.
QUESTÃO 03. ENEM 2010
Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta,
novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de
junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de
Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior
escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta,
Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública,
única que frequentou o autodidata Machado de Assis.
(Disponível em: http://www.passeiweb.com. Acesso em: 1 maio 2009).
Considerando os seus conhecimentos sobre os gêneros textuais, o texto citado
constitui-se de
(a) fatos ficcionais, relacionados a outros de caráter realista, relativos à vida de um
renomado escritor.
(b) representações generalizadas acerca da vida de membros da sociedade por seus
trabalhos e vida cotidiana.
(c) explicações da vida de um renomado escritor, com estrutura argumentativa,
destacando como tema seus principais feitos.
(d) questões controversas e fatos diversos da vida de personalidade histórica,
ressaltando sua intimidade familiar em detrimento de seus feitos públicos.
(e) apresentação da vida de uma personalidade, organizada sobretudo pela ordem
tipológica da narração, com um estilo marcado por linguagem objetiva.
QUESTÃO 04. ENEM 2014
Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele possuía
um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se
seguiram ao inventário de meu pai. Reconheço que era um modelo. Arguíam-no de
avareza, e cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a exageração de uma virtude,
e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o déficit. Como era
muito seco de maneiras, tinha inimigos que chegavam a acusá-lo de bárbaro. O único fato
alegado neste particular era o de mandar com frequência escravos ao calabouço, donde
eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele só mandava os perversos e os
fujões, ocorre que, tendo longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de certo
modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se pode
honestamente atribuir à índole original de um homem o que é puro efeito de relações
sociais. A prova de que o Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos
filhos, e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável,
acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de várias irmandades, e até
irmão remido de uma destas, o que não se coaduna muito com a reputação da avareza;
verdade é que o benefício não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora juiz)
mandara-lhe tirar o retrato a óleo.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.
Obra que inaugura o Realismo na literatura brasileira, Memórias póstumas de Brás Cubas
condensa numa expressividade que caracterizaria o estilo machadiano: a ironia.
Descrevendo a moral de seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina a
percepção irônica ao
(a) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injustiçado na divisão da
herança paterna.
(b) atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade com que Cotrim prendia e
torturava os escravos.
(c) considerar os “sentimentos pios” demonstrados pelo personagem quando da perda
da filha Sara.
(d) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e membro remido de
várias irmandades.
(e) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico, contemplado com
um retrato a óleo.
QUESTÃO 05. ENEM PPL 2011
O nascimento da crônica
Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor!
Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro,
ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos
atmosféricos, fazem-se algumas conjecturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre
amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e La glace est rompue; está começada a
crônica.
Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que as crônicas, que apenas
datam de Esdras. Antes de Esdras, antes de Moisés, antes de Abraão, Isaque e Jacó,
antes mesmo de Noé, houve calor e crônicas. No paraíso é provável, é certo que o calor
era mediano, e não é prova do contrário o fato de Adão andar nu. Adão andava nu por
duas razões, uma capital e outra provincial. A primeira é que não havia alfaiates, não havia
sequer casimiras; a segunda é que, ainda havendo-os, Adão andava baldo ao naipe. Digo
que esta razão é provincial, porque as nossas províncias estão nas circunstâncias do
primeiro homem.
(ASSIS, M. In: SANTOS, J .F. As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007)
Um dos traços fundamentais da vasta obra literária de Machado de Assis reside na
preocupação com a expressão e com a técnica de composição. Em O nascimento da
crônica, Machado permite ao leitor entrever um escritor ciente das características da
crônica, como:
(a) Texto breve, diálogo com o leitor e registro pessoal de fatos do cotidiano.
(b) Texto ficcional curto, linguagem subjetiva e criação de tensões.
(c) Priorização da informação, linguagem impessoal e resumo de um fato.
(d) Linguagem literária, narrativa curta e conflitos internos.
(e) Síntese de um assunto, linguagem denotativa, exposição sucinta.
QUESTÃO 06. (Enem 2013)
Capítulo LIV - A pêndula
Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o
mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o
bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tic-tac soturno, vagaroso e seco, parecia dizer a
cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo,
sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, a tirar as moedas da vida para dá-las à
morte, e a contá-las assim:
– Outra de menos...
– Outra de menos...
– Outra de menos...
– Outra de menos...
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não
deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos.
Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio
é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter
um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre. Naquela noite não padeci
essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavam-me cá
dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam para ver o
anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).
O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado
com Virgília, casada com Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói
certos paradigmas românticos, porque
(a) O narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros.
(b) Como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o
fluxo do tempo.
(c) Na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular
riquezas.
(d) O relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento
idealista de Brás Cubas.
(e) O narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio.
GABARITO: Q1A; Q2E; Q3E; Q4B; Q5A; Q6D.
REALISMO BRASILEIRO: RAUL POMPÉIA (1863-1895)
O Ateneu (1888)
● Linguagem, expressiva, requintada;
● Sofisticação vocabular;
● Análise da degradação do mundo e da corrupção;
● Trechos descritivos;
● Perfil psicológico dos personagens;
● Originalidade;
● Objetividade e subjetividade.
NATURALISMO
● Temas e personagens fortes (miséria, criminalidade, violência, sexualidade,
pobreza, política, adultério);
● Linguagem mais simples;
● Movimento vinculado às novas teorias científicas;
● Demonstração do instinto animalesco do homem;
● Cientificismo;
● Análise social e denúncia - discriminação racial e social;
● Equilíbrio entre narração e descrição.
Aluísio de Azevedo (1857-1913)
O mulato (1881)
● Mistura de Romantismo e Naturalismo;
● Assassinato;
● Denúncias sociais;
● Passagens que abordam o racismo.
O cortiço (1890)
● Personagens populares como protagonistas;
● O personagem principal é o próprio cortiço;
● Instinto e erotismo como forma de existir do brasileiro;
● Predominância do coletivo sobre o particular;
● Algumas passagens abordam o racismo;
● O fatalismo do meio;
● A animalização do humano.
Casa de pensão (1884);
● Registro da realidade;
● Dramaticidade;
● Sexualidade.
PARNASIANISMO
● Objetivismo e impessoalidade;
● Arte pela arte;
● Culto à forma: metrificação rigorosa, rimas ricas, preferência pelo soneto;
● Descritivismo dos objetos;
● Temática greco-romana.
PARNASIANISMO NO BRASIL
● Adoção de valores europeus;
● Estética rígida;
● Domina intelectualmente o Brasil por muitos anos;
● Ponto de partida para a organização da Semana de Arte Moderna;
● Criação literária resultante do esforço, e não da inspiração: “A poesia é um
processo artesanal de luta com as palavras, de busca do rigor, de suor e
dedicação.”
Olavo Bilac (1865-1918)
● Antiguidade greco-romana;
● Temática da perfeição;
● Lirismo amoroso;
● Reflexão existencial;
● Nacionalismo ufanista.
Língua portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amote assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
(Créditos da imagem: https://www.academia.org.br/academicos/olavo-bilac/biografia)
Alberto de Oliveira (1857-1937)
● Poesia inanimada;
● Rigidez no padrão parnasiano;
● Autor de Vaso grego.
Vaso grego
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta, ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
(Créditos da imagem: https://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos)
Raimundo Correia (1859-1911)
● “Artesão do verso”: domínio e perfeição das
técnicas de construção do poema;
● Pessimismo, melancolia e filosofia;
● Temática relacionada à natureza.
As pombas
Vai-se a primeira pomba despertada …
Vai-se outra mais … mais outra … enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada …
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada…
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais…
(Créditos da imagem: https://www.academia.org.br/academicos/raimundo-correia/biografia)
Materiais de apoio
1. REALISMO NA LITERATURA BRASILEIRA1 - Periódicos UFOP
https://periodicos.ufop.br/raf/article/download/1866/1470/
2. Realismo: características, obras e autores
https://www.culturagenial.com/realismo/
3. O Machado de Assis que a história não conta
https://mundonegro.inf.br/o-machado-de-assis-que-a-historia-nao-conta/
4. Raimundo Correia - biografia
https://www.academia.org.br/academicos/raimundo-correia/biografia
5. Alberto de Oliveira - biografia
https://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/biografia
6. Olavo Bilac - biografia
https://www.academia.org.br/academicos/olavo-bilac/biografia
7. Aluísio de Azevedo - biografia
https://www.academia.org.br/academicos/aluisio-azevedo/biografia
8. Raul Pompéia - biografia
https://www.academia.org.br/academicos/raul-pompeia/biografia
9. Machado de Assis e a Academia Brasileira de Letras
https://www.academia.org.br/a-historia-da-abl/a-lideranca-de-machado-de-assis