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Giacomo RG DR Ilha

A pesquisa de Rômulo Guimarães Giácomo investiga a eficácia de um composto orgânico produzido a partir de resíduos da extração de celulose na recuperação de solo degradado, utilizando as espécies arbóreas Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis. O experimento, realizado em 2010, revelou melhorias na infiltração de água e resistência do solo, com a dose de 10 Mg ha-1 do composto mostrando o melhor desenvolvimento das plantas. Os resultados indicam que a adubação com composto pode ser uma alternativa sustentável para a recuperação de solos degradados.

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A pesquisa de Rômulo Guimarães Giácomo investiga a eficácia de um composto orgânico produzido a partir de resíduos da extração de celulose na recuperação de solo degradado, utilizando as espécies arbóreas Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis. O experimento, realizado em 2010, revelou melhorias na infiltração de água e resistência do solo, com a dose de 10 Mg ha-1 do composto mostrando o melhor desenvolvimento das plantas. Os resultados indicam que a adubação com composto pode ser uma alternativa sustentável para a recuperação de solos degradados.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP

FACULDADE DE ENGENHARIA - CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA


DEPARTAMENTO DE FITOSSANIDADE, ENGENHARIA RURAL E SOLOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

"Recuperação do solo usando composto produzido com resíduo


da extração de celulose"

RÔMULO GUIMARÃES GIÁCOMO

Orientadora: Profa Dra Marlene Cristina Alves - UNESP


Co-Orientador: Prof. Dr. Marcos Gervasio Pereira - UFRRJ

Tese apresentada à Faculdade de


Engenharia - UNESP - Campus de Ilha
Solteira, para obtenção do título de Doutor
em Agronomia.
Especialidade: Sistemas de Produção

Ilha Solteira
2013
OFEREÇO

A Deus, por me permitir chegar até aqui


DEDICO

À minha família, principalmente meu pai (Sérgio),


às minhas duas mães (Helena e Makie), minhas avós
(Zilda e Beatriz) e (in memoriam) meus avôs (José
Elias e Carlos). À minha irmã Simone, minha
sobrinha Letícia e ao meu grande amigo e irmão
Samoel.
AGRADECIMENTOS

A toda minha família, em especial meus pais e meus avós, pelo apoio, confiança e
carinho fornecidos em todos os momentos da minha vida.

Agradeço à grande amiga Dra. Luciana Duque, pelo convite para estudar e morar em
Ilha Solteira.

Às pessoas que me apoiaram e acreditaram, principalmente no momento em que pensei


em desistir de tudo.

Agradeço em especial, Makie Oda, Rita Brauna, Samoel Serra, aos professores Drs.
Mário Moraes, Enes Furlani e Alexandre Sebben pelos conselhos e orientações.

À minha orientadora professora Dra. Marlene Cristina Alves, por ter acreditado e
estendido as mãos no momento em que mais precisei e por ser essa pessoa fantástica.

Ao grande amigo e co-orientador, professor Dr. Marcos Gervasio Pereira, por estar
sempre ali como um anjo me orientando em minhas decisões.

À Makie, por toda ajuda, pelas pizzas aos domingos, pelos saborosos almoços, pelos
momentos alegres, tornando minha estada em Ilha Solteira mais divertida.

Aos grandes amigos Otton Arruda e Sebastião Souto, por todo companheirismo e ajuda
fornecida durante o desenvolvimento do experimento.

A todos os estagiários e estagiárias da Unesp e da UFRRJ que em algum momento me


ajudaram de alguma forma no desenvolvimento do experimento, em especial, Sr. Valdivino,
Luana e Gisele que foram fundamentais para a conclusão desta pesquisa.

Aos órgãos de fomento Fapesp (processo número: 2009/10159-1) e Capes (PROPG e


processo Bex 1830/10-4) pelo fornecimento de bolsas de estudo no Brasil e no Exterior, que
foram fundamentais para minha manutenção.
Ao grupo Ambitec pela doação do composto orgânico e à Fibria e à Cesp pela doação
das mudas.

À Unesp Ilha Solteira e ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, em especial à


Onilda e à Márcia pela dedicação, seriedade e eficiência.

A todos os funcionários do “cerrado” e da “bovino” em especial, Manoel, Cunhado e


Cícero pelo auxílio na implantação e manutenção do experimento.

Ao professor Dr. Antonio Paz Gonzalez e à Universidade de La Coruña, pela orientação


do estágio no exterior e a todos os funcionários e técnicos envolvidos na análise dos dados,
em especial, Juan, Alba, Manoel e Ana.

A todos os amigos e pessoas que fizeram parte da minha vida nos momentos de festas e
de seriedade durante minha estada em Ilha Solteira.
RECUPERAÇÃO DO SOLO USANDO COMPOSTO PRODUZIDO COM RESÍDUO
DA EXTRAÇÃO DE CELULOSE

Autor: Rômulo Guimarães Giácomo


Orientadora: Profª. Drª. Marlene Cristina Alves
Co-Orientador: Prof. Dr. Marcos Gervasio Pereira

RESUMO

No intuito de retornar com subprodutos advindos da extração da celulose, de forma


sustentável à natureza, o objetivo desse trabalho foi testar a eficácia de um composto orgânico
formado com estes resíduos, na recuperação de um solo degradado, a partir do plantio das
espécies arbóreas Mabea fistulifera Mart. e Eucalyptus urograndis. O experimento foi
implantado em fevereiro de 2010 na Fazenda de Ensino e Pesquisa, Campus de Ilha Solteira
(UNESP), localizada no município de Selvíria-MS. O delineamento experimental utilizado foi
o de parcelas subdivididas em blocos ao acaso, com esquema em faixa, com 6 tratamentos e 4
repetições. Os 2 tratamentos nas parcelas principais foram representados pelos plantios do
híbrido Eucalyptus urograndis (eucalipto - espécie exótica) e Mabea fistulifera (canudo-de-
pito - espécie nativa). Nas subparcelas foram testadas doses do composto e também a
comparação com adução mineral, sendo 6 tratamentos (SI – área sem intervenção; D0 – sem
adubação; DAM – adubação mineral de acordo com a necessidade da cultura; D 10 – adubação
com composto de acordo com a necessidade da cultura (10 Mg ha -1 do composto); D15 e D20
(respectivamente 15 e 20 Mg ha -1 do composto). Foram analisados no laboratório os atributos
físicos e químicos do solo, o desenvolvimento das espécies arbóreas, o aporte mensal de
serapilheira e a devolução de nutrientes ao solo. Os resultados foram analisados efetuando-se
a análise de variância, correlação simples, teste de Scott-Knott para comparação de médias e
análise de regressão entre as doses. Foram detectadas melhorias na infiltração de água no
solo e resistência à penetração do solo. Os maiores valores de nutrientes foram observados na
dose de 20 Mg ha-1, porém, foi observada uma elevação acentuada nos valores de pH. O
maior desenvolvimento dos vegetais foi na área onde foi realizada a adubação mineral e a
dose de 10 Mg ha-1 foi a mais promissora no desenvolvimento dos mesmos. O aporte de
serapilheira e nutrientes aumentaram significativamente.

Palavras Chave: Eucalyptus urograndis. Mabea fistulifera. Qualidade do solo.


SOIL RECOVERY USING COMPOSITE PRODUCED WITH THE EXTRACTION
OF WASTE PULP

Author: Rômulo Guimarães Giácomo


Advisor: Prof.. Dr ª. Marlene Cristina Alves
Co-Advisor: Prof.. Dr. Gervasio Marcos Pereira

ABSTRACT

In order to return with byproducts arising from the extraction of cellulose, a sustainable
nature, the objective of this study was to test the effectiveness of an organic compound
formed with these wastes, the recovery of a degraded soil from the planting of tree species
Mabea fistulifera Mart. and Eucalyptus urograndis. The experiment was carried in 2010,
February out at the Teaching and Research Farm, Ilha Solteira Campus (UNESP), located in
Selvíria-MS. The experimental design was used split plots in blocks, with layout on track,
with 6 treatments and 4 replications. The 2 treatments in main plots were represented by
plantations of Eucalyptus urograndis hybrid (Eucalipto - exotic species) and Mabea fistulifera
(Canudo-de-pito - native species). Subplots were tested doses of the compound and also the
comparison with mineral water supply, with 6 treatments (SI - area without intervention; D0 -
without fertilization; D AM - mineral fertilizer according to crop need; D10 - composted manure
according the crop needs (10 Mg ha -1 of compost); D15 and D20 (15 and 20 Mg ha-1 of
compost, respectively). Were analyzed in the laboratory soil physical and chemical attributes,
the development of tree species, the contribution monthly litter and returning nutrients to the
soil. Results were analyzed by performing the analysis of variance single correlation Scott-
Knott test for comparison of means and the regression analysis between the doses. Were
detected improvements in infiltration of ground water and soil penetration resistance. The
highest values of nutrients were observed at a dose of 20 Mg ha -1, however, there was a sharp
increase in pH. The further development of the plant was in the area where the mineral
fertilization was performed and the dose of 10 Mg ha -1 was the most promising in their
development. Inputs of nutrients and litter increased significantly.

Key words: Eucalyptus urograndis. Mabea fistulifera. Soil quality.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Localização da área degradada (A) e camada média de solo decapitado


(B), na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade de
Engenharia, Campus Ilha Solteira.................................................................. 31

Figura 2 Coleta de solo em diferentes camadas........................................................... 32

Figura 3 Coleta de amostras de solo com sua estrutura preservada com o auxílio do
anel de Kopeck............................................................................................... 33

Figura 4 Croqui do experimento implantado na Fazenda de Ensino e Pesquisa, da


Faculdade de Engenharia, Selvíria, MS......................................................... 34

Figura 5 Composto advindo da compostagem de resíduos da fabricação da celulose


utilizado no experimento implantado, Selvíria, MS...................................... 35

Figura 6 Subsolagem cruzada (A) e a área após a gradagem leve (B), Selvíria, MS,
2009................................................................................................................ 36

Figura 7 Composto distribuído manualmente em área total da parcela (A) e


incorporação do mesmo ao solo grade leve (B), Selvíria, MS, 2010............ 36

Figura 8 Subsolador com uma única haste de 0,50 m utilizado na linha de plantio,
Selvíria, MS,
2010................................................................................................................ 36

Figura 9 Plantio de Mabea fistulifera (A); Mabea Fistulifera 18 meses após o


plantio (B), Selvíria, MS................................................................................ 38

Figura 10 Valores médios de temperatura (Temp.) e precipitação (Ppt), na Estação


Meteorológica de Ilha Solteira....................................................................... 39

Figura 11 Mini infiltrômetro de disco............................................................................. 53

Figura 12 Detalhe do penetrômetro eletrônico modelo FALKER PenetroLog.............. 54

Figura 13 Picnómetro AccuPyc II 1340 – Micromeritics............................................... 55

Figura 14 Terra fina seca ao ar e recipiente de análises de sólidos do picnómetro


AccuPyc II 1340 (A); balança analítica com precisão de 4 casas decimais
(B)................................................................................................................... 56

Figura 15 Macroporosidade (Macro), microporosidade (Micro), porosidade total (P.


Total) e densidade do solo (Ds) nas diferentes camadas, nos plantios de
Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis, em 2011.................................... 58

Figura 16 Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de macroporosidade (Macro), microporosidade
(Micro) e densidade do solo (DS), em 2011, Selvíria, MS............................ 59
Figura 17 Macroporosidade (Macro), microporosidade (Micro), porosidade total (P.
Total) e densidade do solo (Ds) nas diferentes camadas, nos plantios de
Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis, em 2012................................... 60

Figura 18 Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de macroporosidade (Macro), porosidade total
(P. Total) e densidade do solo (DS), em 2012, Selvíria, MS......................... 61

Figura 19 Macroporosidade (Macro), microporosidade (Micro), porosidade total (P.


Total) e densidade do solo (DS) nas diferentes camadas no plantio de
Mabea fistulifera, nos anos de 2011 e 2012................................................... 63

Figura 20 Macroporosidade (Macro), microporosidade (Micro), porosidade total (P.


Total) e densidade do solo (DS) nas diferentes camadas no plantio de E.
urograndis, nos anos de 2011 e 2012............................................................. 64

Figura 21 Taxa constante de infiltração de água no solo nos diferentes tratamentos ,


para as espécies Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis em 2011.......... 67

Figura 22 Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de


composto, para a taxa constante de infiltração, nos anos de 2011 e 2012,
Selvíria, MS.................................................................................................... 68

Figura 23 Correlação de Pearson dos valores de infiltração no plantio de Mabea


fistulifera com valores médios até a camada de 0,40 m de densidade do
solo (Ds), macroporos (Macro), microporos (Micro), porosidade total (P.
Total), altura total das plantas (ALT), dimensão das copas (DC) e diâmetro
à altura do solo (DAS) em 2011..................................................................... 68

Figura 24 Correlação de Pearson dos valores de infiltração no plantio de Eucalyptus


urograndis com valores médios até a camada de 0,40 m de densidade do
solo (Ds), macroporos (Macro), microporos (Micro), porosidade total (P.
Total), altura total das plantas (ALT), dimensão das copas (DC) e diâmetro
à altura do solo (DAS) em 2011..................................................................... 70

Figura 25 Taxa constante de infiltração de água no solo nos diferentes para as


espécies Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis em 2012....................... 71

Figura 26 Taxa constante de infiltração de água no solo nos diferentes tratamentos e


anos de avaliação para as espécies Mabea fistulifera e Eucalyptus
urograndis nos anos de 2011 e 2012.............................................................. 71

Figura 27 Correlação de Pearson dos valores de infiltração no plantio de Mabea


fistulifera com valores médios até a camada de 0,40 m de densidade do
solo (Ds), macroporos (Macro), microporos (Micro), porosidade total (P.
Total), altura total das plantas (ALT), dimensão das copas (DC) e diâmetro
à altura do solo (DAS) em 2012..................................................................... 72

Figura 28 Correlação de Pearson dos valores de infiltração no plantio de Eucalyptus


urograndis com valores médios até a camada de 0,40 m de densidade do
solo (Ds), macroporos (Macro), microporos (Micro), porosidade total (P.
Total), altura total das plantas (ALT), dimensão das copas (DC) e diâmetro
à altura do solo (DAS) em 2012..................................................................... 73

Figura 29 Taxa média de infiltração acumulada no plantio de Mabea fistulifera......... 74

Figura 30 Taxa média de infiltração acumulada no plantio de E. urograndis............... 75

Figura 31 Resistência do solo à penetração (Resistência) e umidade do solo (Ug) nas


camadas, tratamentos e plantios de Mabea fistulifera e Eucalyptus
urograndis, em 2011...................................................................................... 76

Figura 32 Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de


composto, para a resistência do solo à penetração, em 2011, Selvíria, MS... 77

Figura 33 Correlação de Pearson dos valores médios até a camada de 0,40 m de


resistência à penetração do solo no plantio de Mabea fistulifera com
valores médios de 0,40 m de densidade do solo (Ds), macroporos (Macro),
microporos (Micro), porosidade total (P. Total), altura total das plantas
(ALT), dimensão das copas (DC) e diâmetro à altura do solo (DAS) em
2011................................................................................................................ 79

Figura 34 Correlação de Pearson dos valores médios até a camada de 0,40 m de


resistência à penetração do solo no plantio de Eucalyptus urograndis com
valores médios de 0,40 m de densidade do solo (Ds), macroporos (Macro),
microporos (Micro), porosidade total (P. Total), altura total das plantas
(ALT), dimensão das copas (DC) e diâmetro à altura do solo (DAS) em
2011................................................................................................................ 79

Figura 35 Resistência do solo à penetração (Resistência) e umidade do solo (Ug) nas


camadas, tratamentos e plantios de Mabea fistulifera e Eucalyptus
urograndis, em 2012...................................................................................... 81

Figura 36 Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de


composto, para a resistência do solo à penetração, em 2012, Selvíria, MS.. 82

Figura 37 Correlação de Pearson dos valores médios até a camada de 0,40 m de


resistência à penetração do solo no plantio de Mabea fistulifera com
valores médios de 0,40 m de densidade do solo (Ds), macroporos (Macro),
microporos (Micro), porosidade total (P. Total), altura total das plantas
(ALT), dimensão das copas (DC) e diâmetro à altura do solo (DAS) em
2012................................................................................................................ 84

Figura 38 Correlação de Pearson dos valores médios até a camada de 0,40 m de


resistência à penetração do solo no plantio de Eucalyptus urograndis com
valores médios de 0,40 m de densidade do solo (Ds), macroporos (Macro),
microporos (Micro), porosidade total (P. Total), altura total das plantas
(ALT), dimensão das copas (DC) e diâmetro à altura do solo (DAS) em
2012................................................................................................................ 85

Figura 39 Resistência do solo à penetração e umidade do solo (Ug) nas camadas,


tratamentos e plantios de Mabea fistulifera, nos anos de 2011 e 2012,
Selvíria – MS.................................................................................................. 86
Figura 40 Resistência do solo à penetração e umidade do solo (Ug) nas camadas,
tratamentos e plantios de Eucalyptus urograndis, nos anos de 2011 e 2012,
Selvíria – MS.................................................................................................. 87

Figura 41 Moinho de bolas Retsch, modelo PM 400 (A); visão interna do moinho de
bolas Retsch, modelo PM 400 (B); recipiente de moagem (C); detalhe do
recipiente com as bolas de moagem (D); solo peneirado à 125 µm (E); solo
peneirado, homogeneizado e identificado (F)................................................ 105

Figura 42 10 g de solo + 2,5 g de cera C de Hoechst (A); Prensa Herzog (B);


Pastilhas de solo e recipientes do espectrômetro de fluorescência (C);
espectrômetro de fluorescência X Bruker S4 Pioneer (D)............................. 106

Figura 43 Extrator + tubos de teflon Ultraclave (A); equipamento para quantificação


de elementos químicos TermoFinnigan – Element 2 (B).............................. 107

Figura 44 Microbalança MX-5 (Metter-Tolledo) com precisão de 1 µg (A);


analisador elemental Flash EA 1112 (ThermoFinnigan) (B)........................ 108

Figura 45 Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses do


composto, para os teores de fósforo (P), em 2011, Selvíria, MS................... 112

Figura 46 Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses do


composto, para os teores de fósforo (P), em 2012, Selvíria, MS................... 114

Figura 47 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses do


composto, para os teores de potássio (K), em 2011, Selvíria, MS................. 119

Figura 48 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses do


composto, para os teores de potássio (K), em 2012, Selvíria, MS................. 120

Figura 49 Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de


composto, para os teores de cálcio do solo (Ca), em 2011, Selvíria, MS...... 124

Figura 50 Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de


composto, para os teores de cálcio do solo (Ca), em 2012, Selvíria, MS...... 125

Figura 51 Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de


composto, para os teores de magnésio no solo (Mg), em 2011, Selvíria,
MS.................................................................................................................. 130

Figura 52 Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de


composto, para os teores de magnésio no solo (Mg), em 2012, Selvíria,
MS.................................................................................................................. 131

Figura 53 Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de


composto, para os teores de matéria orgânica no solo (MO), em 2012,
Selvíria, MS.................................................................................................... 134

Figura 54 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de potencial hidrogeniônico (pH), em 2011,
Selvíria, MS.................................................................................................... 138
Figura 55 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de
composto, para os valores de potencial hidrogeniônico (pH), em 2012,
Selvíria, MS.................................................................................................... 139

Figura 56 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de acidez potencial (H + Al), em 2011, Selvíria,
MS.................................................................................................................. 143

Figura 57 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de acidez potencial (H + Al), em 2012, Selvíria,
MS.................................................................................................................. 144

Figura 58 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de soma de bases (SB), em 2011, Selvíria, MS... 147

Figura 59 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de soma de bases (SB), em 2012, Selvíria, MS... 148

Figura 60 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de capacidade de troca catiônica (CTC), em
2011, Selvíria, MS.......................................................................................... 153

Figura 61 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de capacidade de troca catiônica (CTC), em
2012, Selvíria, MS.......................................................................................... 154

Figura 62 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de saturação por bases (V), em 2011, Selvíria,
MS.................................................................................................................. 157

Figura 63 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de saturação por bases (V), em 2012, Selvíria,
MS.................................................................................................................. 158

Figura 64 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores totais de óxido de magnésio (MgO), óxido de
cálcio (CaO), óxido de potássio (K2O), óxido de cobre II (CuO) e
diferentes doses de composto orgânico, na camada 0,00 – 0,05 m, Selvíria,
MS.................................................................................................................. 163

Figura 65 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de totais de dióxido de silício (SiO 2), óxido de
alumínio (Al2O3), óxido férrico (Fe2O3), dióxido de titânio (TiO2), óxido
de magnésio (MgO), óxido de cálcio (CaO) e óxido de cobre II (CuO) e
diferentes doses de composto orgânico, na camada 0,05 – 0,10 m, Selvíria,
MS.................................................................................................................. 164

Figura 66 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de totais de óxido de cálcio (CaO) e diferentes
doses de composto orgânico, na camada 0,10 – 0,20 m, Selvíria, MS.......... 165
Figura 67 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de
composto, para os valores totais de sódio (Na), magnésio (Mg), alumínio
(Al), fósforo (P), cálcio (Ca), na camada 0,00 – 0,05 m, Selvíria, MS.......... 167

Figura 68 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores totais de sódio (Na), magnésio (Mg), fósforo
(P), cálcio (Ca), na camada 0,05 – 0,10 m, Selvíria, MS.............................. 168

Figura 69 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores totais de cálcio (Ca), na camada 0,10 – 0,20 m,
Selvíria, MS.................................................................................................... 168

Figura 70 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores totais cobalto (Co) e cádmio (Cd), nas diferentes
camadas, Selvíria, MS.................................................................................... 170

Figura 71 Mensuração altura total (A); Mensuração da dimensão média de copa (B);
Mensuração do diâmetro à altura do solo (C), Selvíria – MS........................ 186

Figura 72 Coletores de serapilheira instalados no centro de cada parcela (A); Detalhe


coletor de serapilheira após o desenvolvimento das árvores no plantio de
E. urograndis (B)........................................................................................... 187

Figura 73 Valores de Altura (ALT) nos plantios de Mabea fistulifera e Eucalyptus


urograndis, em 2011 e 2012........................................................................... 188

Figura 74 Valores de dimensão da copa (DC) nos plantios de Mabea fistulifera e


Eucalyptus urograndis, em 2011 e 2012........................................................ 189

Figura 75 Valores de diâmetro à altura do solo (DAS) nos plantios de Mabea


fistulifera e Eucalyptus urograndis, em 2011 e 2012................................... 190

Figura 76 Valores de taxa de sobrevivência (SOB) nos plantios de Mabea fistulifera


e Eucalyptus urograndis, em 2011 e 2012..................................................... 190

Figura 77 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de altura (ALT), densidade da copa (DC),
diâmetro à altura do solo (DAS) e taxa de sobrevivência (SOB), nos
plantios de Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis, em 2011, Selvíria,
MS.................................................................................................................. 191

Figura 78 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de altura (ALT), densidade da copa (DC),
diâmetro à altura do solo (DAS) e taxa de sobrevivência (SOB), nos
plantios de Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis. urograndis, em
2012, Selvíria, MS.......................................................................................... 192

Figura 79 Valores trimestrais de Altura (ALT), densidade da copa (DC), diâmetro à


altura do solo (DAS) e taxa de sobrevivência (SOB) nos tratamentos: D0 –
sem adubação; DAM – adubação mineral de acordo com a necessidade da
cultura; D10 – adubação com composto de acordo com a necessidade da
cultura (10 Mg ha-1); D15 – 15 Mg ha-1 e D20 – 20 Mg ha-1 do composto...... 194
Figura 80 Valores mensais de aporte de serapilheira em Mg ha -1 dos plantios de
Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis.................................................... 198

Figura 81 Valores mensais do aporte das frações folha, flor, galho e outros em
porcentagem dos plantios de Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis..... 201

Figura 82 Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de conteúdos totais de nitrogênio (N), fósforo
(P) e potássio (K) pelas espécies florestais, Selvíria, MS.............................. 204

Figura 83 Conteúdos mensais de aporte nitrogênio, fósforo e potássio dos plantios de


Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis.................................................... 206
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Valores de densidade do solo (Ds), areia total, silte, argila e classe textural
do solo antes da implantação do experimento na, Selvíria, MS, 2009.......... 35

Tabela 2 Teores de fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg),
hidrogênio + alumínio (H+Al), alumínio (Al), matéria orgânica;
capacidade de troca de cátions (CTC), valor V% (V), pH do solo antes da
implantação do experimento, Selvíria, MS, 2009.......................................... 37

Tabela 3 Caracterização química do composto proveniente de resíduos da


fabricação de celulose, utilizado como fonte de nutrientes no experimento
implantado na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão, da Faculdade de
Engenharia, localizada no município de Selvíria, MS................................... 38

Tabela 4 Densidade das partículas do solo (DP) nas camadas e tratamentos no


plantio de Mabea fistulifera........................................................................... 88

Tabela 5 Teores de fósforo, 12 e 24 meses após a implantação do experimento, nas


camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m, Selvíria,
MS. SI – sem intervenção; D0 – sem adubação; DAM – adubação mineral;
D10 – adubação com composto na recomendação da cultura; D15 e D20 –
adubação do composto com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1. (continua).. 110

Tabela 5 Continuação.................................................................................................... 111

Tabela 6 Teores de potássio, 12 e 24 meses após a implantação do experimento, nas


camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40m, Selvíria, MS
(continua)........................................................................................................ 117

Tabela 6 Continuação.................................................................................................... 118

Tabela 7 Teores de cálcio, 12 e 24 meses após a implantação do experimento, nas


camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m, Selvíria,
MS (continua)................................................................................................. 121

Tabela 7 Continuação.................................................................................................... 122

Tabela 8 Teores de magnésio, 12 e 24 meses após a implantação do experimento,


nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m, Selvíria,
MS (continua)................................................................................................. 127

Tabela 8 Continuação.................................................................................................... 128

Tabela 9 Teores de matéria orgânica, 12 e 24 meses após a implantação do


experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 –
0,40 m, Selvíria, MS (continua)..................................................................... 132

Tabela 9 Continuação.................................................................................................... 133


Tabela 10 Valores de potencial hidrogeniônico, 12 e 24 meses após a implantação do
experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 –
0,40 m, Selvíria, MS (continua)..................................................................... 135

Tabela 10 Continuação.................................................................................................... 136

Tabela 11 Valores de acidez potencial, 12 e 24 meses após a implantação do


experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 –
0,40 m, Selvíria, MS (continua)..................................................................... 141

Tabela 11 Continuação.................................................................................................... 142

Tabela 12 Valores de soma de bases, 12 e 24 meses após a implantação do


experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 –
0,40 m, Selvíria, MS (continua)..................................................................... 145

Tabela 12 Continuação.................................................................................................... 146

Tabela 13 Valores de capacidade de troca catiônica, 12 e 24 meses após a


implantação do experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 –
0,20 e 0,20 – 0,40 m, Selvíria, MS (continua)............................................... 150

Tabela 13 Continuação.................................................................................................... 151

Tabela 14 Valores de saturação por bases, 12 e 24 meses após a implantação do


experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 –
0,40 m, Selvíria, MS (continua).................................................................... 155

Tabela 14 Continuação.................................................................................................... 156

Tabela 15 Valores totais de dióxido de silício (SiO2), óxido de alumínio (Al2O3),


óxido férrico (Fe2O3), dióxido de titânio (TiO2), óxido de magnésio
(MgO), óxido de cálcio (CaO), óxido de manganês (MnO), dióxido de
zircónio (ZrO2), óxido de potássio (K2O), óxido de cobre II (CuO), óxido
de Zinco (ZnO), no plantio de Mabea fistulifera. Selvíria – MS, 2010........ 161

Tabela 16 Valores totais de nitrogênio (N), carbono (C), sódio (Na), magnésio (Mg),
alumínio (Al), fósforo (P), cálcio (Ca), manganês (Mn) e ferro (Fe), no
plantio de Mabea fistulifera. Selvíria – MS, 2010........................................ 166

Tabela 17 Valores totais titânio (Ti), vanádio (V), cromo (Cr), níquel (Ni), cobre
(Cu), zinco (Zn), zircônio (Zr), cádmio (Cd) e chumbo (Pb), no plantio de
Mabea fistulifera. Selvíria – MS, 2010......................................................... 169

Tabela 18 Valores totais de aporte de serapilheira nos plantios de Mabea fistulifera e


Eucalyptus urograndis................................................................................... 197

Tabela 19 Correlação do coeficiente de Pearson entre aporte de serapilheira e dados


climáticos de precipitação (Ppt) e temperatura (Temp), nos plantios de
Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis.................................................... 199
Tabela 20 Conteúdos totais de aporte de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K)
pelas espécies florestais.................................................................................. 203
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................... 22

2 CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL.................................................................... 23

3 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 28

4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 29

5 HIPÓTESES DO TRABALHO ......................................................................... 30

6 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL ..................................... 31

6.1 Localização .......................................................................................................... 31

6.2 Delineamento experimental e tratamentos............................................................. 33

6.3 Dados de precipitação e temperatura..................................................................... 39

6.4 Informações Complementares .............................................................................. 39

Referências........................................................................................................... 41

CAPÍTULO 1 ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO ........................................... 47

Resumo ................................................................................................................ 47

Abstract ................................................................................................................ 48

1.1 Introdução ............................................................................................................ 49

1.2 Revisão de Literatura............................................................................................ 50

1.3 Material e Métodos............................................................................................... 53

1.3.1.2 Infiltração de água no solo .................................................................................... 53

1.3.1.3 Resistência do solo à penetração ........................................................................... 54

1.3.2 Análise física do solo realizada na Espanha .......................................................... 55

 Densidade de partículas ........................................................................................ 55

1.3.3 Análise dos resultados .......................................................................................... 56

1.4 Resultados e Discussão ......................................................................................... 57

1.4.1 Porosidade (macroporos, microporos e porosidade total) e densidade do solo ....... 57

1.4.2 Infiltração de água no solo .................................................................................... 67

1.4.3 Resistência do solo à penetração ........................................................................... 75


1.4.4 Densidade das partículas ...................................................................................... 88

1.5 Conclusões ........................................................................................................... 90

Referências........................................................................................................... 91

CAPÍTULO 2 ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO ...................................... 98

Resumo ................................................................................................................ 98

Abstract ................................................................................................................ 99

2.1 Introdução .......................................................................................................... 100

2.2 Revisão de Literatura.......................................................................................... 101

2.3 Material e Métodos............................................................................................. 104

2.3.1 Análises químicas do solo realizadas no Brasil ................................................... 104

2.3.2 Análises químicas do solo realizadas na Espanha................................................ 104

2.3.2.1 Pré-tratamento das amostras ............................................................................... 104

2.3.2.2 Quantificação do conteúdo de elementos no solo por fluorescência. ................... 106

2.3.2.3 Quantificação do conteúdo de elementos no solo por ICP - MS. ......................... 107

2.3.2.4 Carbono e nitrogênio totais ................................................................................. 107

2.4 Análise Estatística .............................................................................................. 108

2.5 Resultados e Discussão ....................................................................................... 109

2.5.1 Atributos químicos do solo ................................................................................. 109

2.5.1.1 Fósforo (P) ......................................................................................................... 109

2.5.1.2 Potássio (K)........................................................................................................ 116

2.5.1.3 Cálcio (Ca) ......................................................................................................... 120

2.5.1.4 Magnésio (Mg) ................................................................................................... 126

2.5.1.5 Matéria orgânica (MO) ....................................................................................... 131

2.5.1.6 Potencial Hidrogeniônico (pH) ........................................................................... 134

2.5.1.7 Acidez Trocável (Al) .......................................................................................... 139

2.5.1.8 Acidez Potencial (H + Al) .................................................................................. 140

2.5.1.9 Soma de Bases (SB) ........................................................................................... 144


2.5.1.10 Capacidade de Troca Catiônica (CTC) ................................................................ 149

2.5.1.11 Saturação por Bases (V%) .................................................................................. 154

2.5.2 Teores de elementos totais determinados por fluorescência ................................. 161

2.5.3 Teor de elementos no solo determinados por ICP – MS e carbono e nitrogênio no


solo ........................................................................................................................... 165

2.6 Conclusões ......................................................................................................... 172

Referências ...................................................................................................................... 173

CAPÍTULO 3 DESENVOLVIMENTO DA VEGETAÇÃO, APORTES DE


SERAPILHEIRA E NUTRIENTES.............................................................................. 179

Resumo .............................................................................................................. 179

Abstract .............................................................................................................. 180

3.1 Introdução .......................................................................................................... 181

3.2 Revisão de Literatura.......................................................................................... 182

3.2.1 Cobertura vegetal ............................................................................................... 182

3.2.2 Ciclagem de nutrientes ....................................................................................... 183

3.3 Material e Métodos............................................................................................. 186

3.3.1 Avaliação do desenvolvimento das espécies ....................................................... 186

3.3.2 Aporte de serapilheira e nutrientes ...................................................................... 186

3.3.3 Análises estatísticas ............................................................................................ 187

3.4 Resultados e Discussão ....................................................................................... 188

3.4.1 Desenvolvimento das espécies ............................................................................ 188

3.4.2 Aporte de serapilheira......................................................................................... 196

3.4.3 Aporte de Nutrientes pelas Plantas...................................................................... 202

3.5 Conclusões ......................................................................................................... 209

7 CONCLUSÕES FINAIS .................................................................................. 210

8 SUGESTÕES PARA PRÓXIMOS TRABALHOS ......................................... 211

Referências......................................................................................................... 212
22

1 INTRODUÇÃO GERAL

Com a finalidade de melhorar a matriz energética do Brasil, a partir da década de 60


grandes hidroelétricas foram construídas. A opção por este tipo de energia estava relacionada
com a grande disponibilidade de recursos hídricos no país e à idéia de uma energia mais
limpa, quando comparada com as outras tecnologias existentes na época. Porém, como
"cicatrizes", no entorno dessas grandes construções restaram grandes áreas de solos expostos
e degradados (áreas de empréstimo).
De forma geral pode-se definir uma área degradada, como sendo uma área onde as
perturbações ocorreram de forma tão intensa que a capacidade dessa área se recuperar
naturalmente foi ultrapassada. Normalmente os solos de uma área degradada apresentam-se
expostos devido à ausência de vegetação, ácidos, desprovidos de nutrientes e matéria
orgânica, desagregados, com elevada compactação, baixa capacidade de infiltração e retenção
de água e com alta resistência mecânica à penetração.
Na busca de alternativas de recuperação destas áreas, muitos trabalhos estão sendo
desenvolvidos em diferentes direções. A adição de compostos orgânicos provenientes de
resíduos da fabricação da celulose, com o plantio de espécies arbóreas poderia ser uma
alternativa à recuperação destas áreas. O composto orgânico atuaria no condicionamento
físico, químico e biológico do solo, já a vegetação contribuiria na proteção favorecendo a
agregação do solo e na ciclagem de nutrientes, criando dessa forma condições favoráveis para
a reativação da fauna e da vegetação nativa no local. Adicionalmente seria dado um destino
mais nobre e sustentável dos resíduos provenientes da fabricação da celulose.
Este trabalho teve como objetivo testar a eficácia da utilização de um composto advindo
da compostagem de resíduos da extração de celulose, na recuperação de um Latossolo
Vermelho degradado, com o plantio de Eucalyptus urograndis e Mabea fistulifera Mart., que
são espécies potenciais para recuperação de áreas degradadas.
23

2 CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL

O solo é um dos recursos naturais mais importantes para a qualidade de vida do homem.
Possui múltiplas funções nos ciclos dos nutrientes, no ciclo da água e também é importante
para a sustentabilidade dos sistemas naturais, como as florestas primárias e campos, sendo um
dos fatores mais relevantes na determinação da tipologia florestal (WADT et al., 2003).
A partir da década de 60, com a crescente demanda de energia elétrica, grandes
investimentos foram direcionados ao setor energético, redundando em um aumento de
construções de usinas hidrelétricas. Apesar de estas produzirem a chamada energia limpa, as
obras para a instalação das usinas causaram grandes impactos nas áreas circunvizinhas, tendo
sido requeridas, para a construção, grandes volumes de solo, principalmente para fundação e
terrapleno da barragem, ocasionando a degradação de extensas áreas (COLODRO, 2005).
Área degradada é aquela que passou por processos de alterações de suas características
originais, em decorrência de causas naturais ou oriundas de ação antrópica. Em algumas
dessas áreas ocorre a eliminação dos meios bióticos, e em função disto apresentam baixa
capacidade de se recuperarem naturalmente (REICHMANN NETO, 1993; KAGEYAMA et
al., 1992; VALCARCEL; SILVA, 2000; CRESTANA et al., 2006), sendo necessário
intervenções humanas para se recuperarem (CORRÊA; MELO, 1998).
A degradação de uma área ocorre quando a vegetação nativa e fauna são destruídas,
removidas ou expulsas; a camada fértil do solo é perdida, removida ou enterrada; e a
qualidade e regime de vazão dos sistemas hídricos são alterados. Após este processo esta área
passa a ser denominada área degradada, pelo fato de não ter mais meios espontâneos de
regeneração natural, ou seja, apresenta baixa capacidade de voltar ao seu estado natural
(KAGEYAMA et al., 1992).
Um grande exemplo de degradação de uma área são as “áreas de empréstimos”,
utilizadas para a construção de usinas hidrelétricas (SUZUKI; ALVES, 2005). Estas áreas
constituem-se em um ecossistema degradado, pois teve eliminado, juntamente com a
vegetação, os seus meios de regeneração bióticos como o banco de sementes, banco de
plântulas, sementes e rebrota. Apresenta, portanto, baixa resiliência e seu retorno ao estado
anterior pode não ocorrer ou ser extremamente lento (CAMPOS, 2006). Como consequência
os solos das áreas de empréstimos apresentam-se em geral muito compactados, com elevados
valores de densidade do solo, com baixas taxas de infiltração e capacidade de armazenamento
de água, deficientes em oxigênio, alta resistência à penetração de raízes e baixo conteúdo de
matéria orgânica (MOREIRA, 2004).
24

A qualidade de um solo é definida por suas funções, que representam uma combinação
de seus atributos físicos, químicos e biológicos, os quais, por sua vez, provêm um meio para o
crescimento de plantas, regulam o fluxo de água no ambiente e servem como tampão na
formação, atenuação e degradação de compostos nocivos ao ambiente, pois sustentam uma
enorme população de microrganismos (DORAN; PARKIN, 1994; SPOSITO, 1998).
Em um planejamento de recuperação de uma área degradada, o grande desafio a ser
alcançado é o estabelecimento de um horizonte A, para que a partir daí, o processo seja
catalisado pela biosfera, podendo surgir outros horizontes, conforme o condicionamento
natural (ALVES, 2001). Uma das estratégias de recuperação dessas áreas é a reposição do
horizonte superficial sobre o subsolo exposto, o que favorece a disponibilidade de nutrientes
para o restabelecimento de plantas e microrganismos, acelerando assim o processo de
recuperação do solo (PFLEGER et al., 1994). Esta reposição poderá ser feita a partir da
adubação orgânica que irá contribuir para a melhoria dos atributos físicos, químicos e
biológicos do solo, influenciando diretamente no desenvolvimento das espécies ali plantadas
(GUERRINI; MORO, 1994; ANDRADE et al., 1997; ANDRADE et al., 2003).
Uma forma alternativa de adicionar matéria orgânica ao solo é a utilização de
compostos provenientes da compostagem de resíduos da extração da celulose. Nos processos
industriais que envolvem a madeira, usualmente, geram-se resíduos com alto percentual de
matéria orgânica. As fábricas de papel e celulose geram em torno de 48 Mg de resíduos para
cada 100 Mg de celulose produzida e se deparam com problemas de ordens ambientais para a
destinação desses resíduos. A opção por aterro industrial para a disposição final destes
resíduos é indesejável, em função dos altos custos para sua implantação e manutenção, além
da exigência de cuidados especiais no manuseio, tendo em vista os riscos de contaminação
ambiental (BELLOTE et al., 1998), além do volume ocupado pelos resíduos no aterro,
diminuindo seu tempo de vida útil.
É nesse contexto que têm surgido diversos trabalhos de investigação no sentido de
buscar soluções alternativas para utilização destes resíduos, que permitam seu aproveitamento
e a diminuição do impacto ambiental (BELLOTE et al., 1998; ANDRADE et al., 2003;
RODRIGUES, 2004). Entre as soluções preconizadas, a compostagem posiciona-se como
uma alternativa interessante, dado seu baixo custo e a sua simplicidade em termos
tecnológicos, permitindo ainda a obtenção de fertilizantes orgânicos naturais (GUERRA,
2007).
Em geral, há dois tipos de resíduos de celulose e papel. O lodo primário que é formado
por fibras de resíduos de madeira, possui alto nível de carbono e baixo nível de nutrientes,
25

agindo como um consumidor de nitrogênio em potencial e o lodo secundário, que é rico em


biomassa microbiana que libera nutrientes para o solo durante a sua decomposição
(HARRISON et al., 2003). Porém, estes resíduos possuem alta relação carbono/nitrogênio
(BELLOTE et al., 1998) necessitando que ocorra sua completa decomposição para serem
utilizados como fertilizante orgânico e / ou condicionador do solo (MORO, 1994; BELLOTE
et al., 1998).
O processo de decomposição dos resíduos pode ser realizado por meio da inoculação de
agentes decompositores e de forma natural. O primeiro é um método que ainda não é muito
difundido, em função principalmente do envolvimento de custos adicionais e necessidades
frequentes de monitoramento. Já o segundo é o método mais utilizado, porém necessita de
área de estocagem e um longo período para sua completa decomposição (2 a 3 anos)
(BELLOTE et al., 1998).
Os compostos advindos da compostagem de resíduos provenientes da extração de
celulose possuem características favoráveis. Estes compostos podem atuar sobre os atributos
físicos e químicos do solo, criando-se condições de favorecimento à produção florestal
(MORO, 1994). Harrison et al. (2003) explicam que os benefícios da aplicação de resíduos
orgânicos em ecossistemas florestais podem ser classificados em três categorias: melhoria do
solo; aumento na produção de madeira; e benefícios secundários devido à resposta do sub-
bosque, que frequentemente é mais vigoroso nos seis meses seguinte à aplicação. Sendo uma
alternativa viável, recomendada por influenciar de forma positiva na ciclagem de nutrientes e
como fator de suprimento de nutrientes aos vegetais (BELLOTE et al., 1994; GUERRINI;
MORO, 1994).
Bellote et al. (1998), estudando os resíduos da indústria de celulose em plantios
florestais observaram os seguintes efeitos benéficos no solo: a) elevação do pH com
consequente aumento na disponibilidade de determinados nutrientes, notadamente fósforo e
micronutrientes; b) aumento da capacidade de troca de cátions dos solos; c) incorporação de
nutrientes minerais necessários às árvores; d) melhoria dos atributos físicos como na
capacidade de retenção de água e a diminuição da densidade do solo. Além disso, a aplicação
de resíduos da celulose e cinza de caldeiras aumenta a atividade biológica do solo acelerando
a decomposição da serapilheira e a ciclagem de nutrientes. Guerrini e Moro (1994)
concluíram que a aplicação de resíduo celulósico é semelhante ou até superior ao fornecido
pela adubação química, especialmente no caso do cálcio. Dependendo da dose, tipo de resíduo
e época de aplicação, é possível a substituição completa dos fertilizantes químicos pelos
resíduos orgânicos.
26

Já a cobertura vegetal protege o solo dos agentes climáticos, mantém ou aumenta o teor
de matéria orgânica no solo, mobilizando e reciclando nutrientes, favorecendo a atividade
biológica do solo (GUERRA; TEIXEIRA, 1997; PERIN, 2001; DUDA et al., 2003). Ela atua
como elemento responsável pela agregação do solo via sistema radicular. Este, por sua vez,
constitui-se em uma malha densa de raízes que confere, à porção superficial do solo, uma
defesa eficiente contra a ação erosiva da água, defesa esta que se manifesta na forma de
resistência a erosão e aumenta proporcionalmente com a densidade das raízes (PRANDINI et
al., 1982). A vegetação é um fator importante de formação de agregados, mediante a ação
mecânica das raízes ou pela excreção de substâncias com ação cimentante, e isto,
indiretamente, fornece nutrientes à fauna do solo (KIEHL, 1979) sendo que o tipo de
vegetação também interfere na agregação dos solos (CARPENEDO; MIELNICZUK, 1990).
Gonçalves (2002) explica que o crescimento radial e longitudinal das raízes afeta o
processo de agregação do solo por meio da compressão de partículas primárias e agregados,
da desidratação, da incorporação de matéria orgânica e da exsudação de polissacarídeos. Com
a absorção de água, ocorre a desidratação do solo que pode gerar um movimento de
contração, podendo ocorrer vários ciclos de umedecimento e secagem e uma mesma estação
climática. Já as adições ao solo por exsudação de matéria orgânica originadas da
decomposição das raízes, ciclagem e descamação de células têm sido calculadas como sendo
da ordem de 20 a 80 % da massa seca de raízes finas.
De acordo com Gonçalves e Mello (2000) o hábito de enraizamento das árvores tem
grande influência sobre o seu crescimento, podendo determinar, inclusive, seu domínio ou
eliminação por espécies concorrentes. Os autores explicam que embora os hábitos de
enraizamento sejam fortemente influenciados pelas condições locais do sítio (textura,
estrutura do solo, barreiras físicas e químicas, etc.), a constituição genética da árvore é o fator
que mais os influencia. Concluem que o hábito de crescimento radicular determina o volume
global de solo ocupado pelas raízes, enquanto a intensidade de raízes determina o grau de
exploração deste volume de solo.
A espécie Mabea fistulifera é uma árvore com altura variando de 4 a 8 metros, decídua,
pioneira, característica de vegetação secundária de terrenos arenosos, principalmente do
cerrado e de sua transição para a floresta semidecídua (LORENZI, 2002). Suas
inflorescências produzem grande quantidade de pólen e néctar, exercendo grande atração
sobre muitas espécies de animais (VIEIRA; CARVALHO-OKANO, 1989). É uma espécie
que possui grande potencial para a produção de biodiesel, como constatado por Pereira
(2007). Este autor, ao estudar a potencialidade de produção de biodiesel a partir de sementes
27

de Mabea fistulifera, concluiu que esta espécie possui um rendimento na geração de biodiesel
equiparado às demais fontes naturais tradicionalmente utilizadas, sendo esta espécie uma
alternativa promissora para o emprego deste combustível.
As características vegetativas da Mabea fistulifera a permitem ocupar locais
extremamente inóspitos, aliados a sua grande produção de néctar e pólen que funcionam
como atrativos de um grande número de animais envolvidos em sua polinização,
aparentemente tornam esta espécie potencialmente apta para ser utilizada na recuperação de
áreas degradadas, tendo o papel de não somente melhorar as condições físicas e químicas do
solo e as condições microclimáticas da área, mas também de permitir a recolonização da área
por várias espécies animais que seriam dispersores potenciais de outras espécies vegetais para
a área em recuperação (LEAL FILHO; BORGES, 1992). Lorenzi (2002) também indica esta
espécie para ser utilizada em programas de recomposição de áreas degradadas por esta planta
ser adaptada à luz direta e pouco exigente em nutrientes no solo.
As inúmeras espécies de eucalipto proporcionam ampla utilização de sua madeira:
lenha, carvão, serraria, postes, escoras, estruturas, dormentes, mourões, caixotaria, laminação,
marcenaria, construção civil, estacaria, celulose, chapas etc. A casca de muitas espécies pode
ser utilizada para a extração de taninos, e as folhas de quase todas as espécies são ricas em
óleos essenciais. Além destas utilizações dos produtos florestais do eucalipto, as plantações
podem também servir a uma variedade de propósitos, tais como a produção de mel,
ornamentação, recuperação de áreas degradadas, proteção de bacias hidrográficas, como
quebra-ventos, e vários outros usos (CAMPOS, 2006).
Estudando a florística e estrutura da vegetação arbustivo-arbórea do sub-bosque de um
povoamento de Eucalyptus grandis em Viçosa, MG, (SOUZA et al., 2007) verificaram que o
povoamento desta espécie favoreceu a regeneração, em seu sub-bosque, de vegetação
arbustivo-arbórea nativa, típica de florestas estacionais semideciduais da região. Os autores
concluíram que o plantio de espécies de rápido crescimento, como o eucalipto, pode ser uma
alternativa de restauração florestal em áreas degradadas, em que a floresta plantada atua como
catalisadora de regeneração de vegetação nativa no sub-bosque.
A recuperação de áreas degradadas é possível, porém trata-se de um processo lento e
difícil, sendo necessária a escolha de plantas com boa capacidade de crescimento e
desenvolvimento nesses ambientes degradados, bem como o uso de práticas de manejo do
solo que favoreçam sua recuperação. Além da adição de várias fontes de matéria orgânica,
com o objetivo de melhorar os atributos do solo (ALVES et al., 2007).
28

3 OBJETIVO GERAL

9 Testar a eficácia da utilização de um composto advindo da compostagem de resíduos


da extração de celulose, na recuperação de um Latossolo Vermelho degradado, com o plantio
de Eucalyptus urograndis e Mabea fistulifera Mart., que são espécies potenciais para
recuperação de áreas degradadas.
29

4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

9 Determinar a porosidade do solo, densidade do solo e das partículas, taxa de infiltração


de água, resistência do solo à penetração e superfície específica (Capítulo I);

9 Analisar os atributos químicos do solo (Capítulo II);

9 Avaliar o desenvolvimento das espécies e os aportes de serapilheira e nutrientes


(Capítulo III);
30

5 HIPÓTESES DO TRABALHO

9 O composto advindo da compostagem de resíduos da extração de celulose é eficaz na


recuperação física e química de um solo de área de empréstimo com, elevado nível de
degradação;

9 A disposição dos resíduos advindo da compostagem de resíduos da extração de


celulose na forma de composto, influencia positivamente o desenvolvimento de
espécies arbóreas nativa e exótica devido sua constituição química.
31

6 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL

6.1 Localização

O experimento foi instalado na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão, da Faculdade


de Engenharia, Campus de Ilha Solteira (UNESP), localizada no município de Selvíria, MS, a
margem direita do rio Paraná. A área encontra-se entre as coordenadas geográficas de 51° 22’
de longitude oeste de Greenwich e 20° 22’ de latitude sul, a 327 m de altitude (Figura 1)
(COLODRO, 2005).
O tipo climático, segundo Köppen (1948), é Aw (clima tropical úmido, com estação
chuvosa no verão e seca no inverno) e apresenta médias anuais de: precipitação pluvial, 1.370
mm; temperatura, 23,5° C; e umidade relativa do ar, entre 70 e 80 %. O período chuvoso se
estende de outubro a março; os meses de dezembro, janeiro e fevereiro constituem-se o
trimestre mais chuvoso e os meses de junho, julho e agosto (média de 27 mm), o trimestre
mais seco.

Figura 1 - Localização da área degradada (A) e camada média de solo decapitado (B), na
Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade de Engenharia, Campus
Ilha Solteira.
A B

8,6 m

Fonte: Produção do próprio autor

O experimento foi implantado em área degradada, de onde foi retirada uma camada
média de solo de 8,60 m de espessura para utilização na terraplanagem e fundação da Usina
Hidrelétrica de Ilha Solteira, SP, a qual teve sua construção iniciada na década de 1960, e o
solo decapitado da área de estudo, está exposto desde 1969. Mesmo após a retirada dessa
espessa camada de solo, este apresenta horizonte B remanescente, sobre o qual o experimento
foi instalado. A vegetação nativa da área de estudo é o Cerrado (Figura 1).
O relevo é suave a plano e o solo original é um Latossolo Vermelho Distrófico
(DEMATTÊ, 1980; EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA-
32

EMBRAPA, 2006), muito profundo textura franco argilo arenosa (200–350 g kg-1 de argila).
Sua fração argila é constituída principalmente por gibbsita e caulinita (DEMATTÊ, 1980).
Para a caracterização geral do solo e recomendações de adubação, em outubro de 2009,
coletaram-se amostras de solo para a realização das análises químicas, densidade do solo e
granulometria.
As amostras para análises químicas do solo foram coletadas em área total onde seria
instalado o experimento, com o auxílio de trado de caneca (em 5 pontos distribuídos de forma
aleatória para formar uma amostra composta). Foram coletadas 4 amostras compostas nas
camadas de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m (Figura 2) . As análises químicas
do solo foram realizadas de acordo com a metodologia descrita por Raij e Quaggio (1983).
Para a analise de granulometria, utilizou-se parte deste mesmo solo e a análise granulométrica
do solo foi realizada pelo método da pipeta (EMBRAPA, 1997).

Figura 2 - Coleta de solo em diferentes camadas.

Fonte: Produção do próprio autor

Para a análise de densidade do solo, as amostras foram coletadas com sua estrutura
preservada, com auxílio de anel volumétrico (nas mesmas trincheiras utilizadas
anteriormente) nas camadas de: 0,00–0,05, 0,05–0,10, 0,10–0,20 e de 0,20–0,40 m (Figura 3).
A densidade do solo foi determinada pelo método do anel volumétrico (EMBRAPA, 1997).
33

Figura 3 - Coleta de amostras de solo com sua estrutura


preservada com o auxílio do anel de Kopeck.

Fonte: Produção do próprio autor.

6.2 Delineamento experimental e tratamentos

O experimento foi realizado seguindo um delineamento experimental em blocos ao


acaso em esquema de parcelas subdivididas, sendo 2 tratamentos nas parcelas principais e 6
tratamentos nas subparcelas. Foram utilizados 4 blocos (Figura 4).
Os 2 tratamentos nas parcelas principais foram representados pelos plantios de
Eucalyptus urograndis (Eucalipto) e Mabea fistulifera Mart. (Canudo-de-Pito). As
subparcelas receberam doses de adubação mineral e de um composto advindo da
compostagem de resíduos da fabricação da celulose (Figura 5).
Os tratamentos estudados foram:
Î nas parcelas principais
2 espécies arbóreas: Eucalyptus urograndis e Mabea fistulifera Mart.
Î nas subparcelas
SI – área não manejada, (área testemunha total, ou seja, o solo não foi manejado e não houve
o plantio de espécies arbóreas)
D0 – sem adubação (área testemunha da adubação, ou seja, o solo foi manejado fisicamente e
houve o plantio das espécies arbóreas);
DAM – adubação mineral de acordo com a necessidade da cultura;
D10 – 10 Mg ha-1 do composto (necessidade da cultura);
D15 – 15 Mg ha-1 do composto;
34

D20 – 20 Mg ha-1 do composto.

Figura 4 - Croqui do experimento implantado na Fazenda de Ensino e Pesquisa,


da Faculdade de Engenharia, Selvíria, MS. Onde: área sem
intervenção (SI); área sem adubação (D 0); área com adubação
mineral de acordo com a necessidade da cultura (DAM); área
adubada com composto de acordo com a necessidade da cultura (10
Mg ha-1 do composto - D10); áreas com 15 e 20 Mg ha-1 do
composto (respectivamente, D15 e D20).

Fonte: Produção do próprio autor

Cada bloco foi constituído por 200 árvores de Eucalyptus urograndis e 200 árvores de
Mabea fistulifera Mart.. O espaçamento utilizado foi 3,0 x 1,5 (entrelinhas x linha), com
divisores de 2 m entre as parcelas principais e 3 m entre os blocos, que totalizou 230 m2
bloco-1. Foram consideradas como úteis as três fileiras centrais (18 plantas), deixando as
extremidades como bordadura. As mudas de Eucalyptus urograndis utilizadas no plantio
foram doadas pela empresa Fíbria, localizada no Município de Três Lagoas – MS e trata-se do
clone “h-17”. As mudas de Mabea fistulifera foram doadas pela Companhia Energética de
São Paulo (CESP) de Três Lagoas e foram produzidas a partir de sementes. O composto
orgânico foi cedido pela Central de Compostagem do Grupo Ambitec, na Unidade da
International Paper em Mogi Guaçu, SP. Constituído por uma mistura de dregs, grits, lama
cal, cinzas e outros resíduos gerados ao longo do processo industrial de extração da celulose e
passou por um processo de compostagem por 30 dias, exposto em leiras ao ar livre e com
revolvimento mecânico periodicamente (Figura 5).
35

Figura 5 - Composto advindo da compostagem de resíduos da fabricação


da celulose utilizado no experimento implantado, Selvíria, MS.

Fonte: Produção do próprio autor

Devido à elevada densidade do solo (Tabela 1), foram necessários manejos físicos do
solo antes do plantio das espécies arbóreas. Para obter uma boa descompactação mecânica do
solo, foram realizadas, em dezembro de 2009, subsolagens cruzadas até a camada de 0,40 m e
grade leve (Figura 6). Em fevereiro de 2010, o composto foi distribuído manualmente ao
longo de cada parcela e incorporado em área total com grade leve (Figura 7). Além da
subsolagem cruzada em área total, antes do plantio, utilizou-se um subsolador com uma única
haste de 0,50 m na linha de plantio (Figura 8).

Tabela 1 - Valores de densidade do solo (Ds), areia total, silte, argila e classe
textural do solo antes da implantação do experimento na, Selvíria,
MS, 2009.
Camada Ds Areia Total Silte Argila
-3 -1
Classe Textural
m Kg dm --------------g kg -------------
0,00 - 0,05 1,67 645 84 271 Franco argilo arenosa
0,05 - 0,10 1,58 635 76 289 Franco argilo arenosa
0,10 - 0,20 1,65 633 89 278 Franco argilo arenosa
0,20 - 0,40 1,70 616 90 294 Franco argilo arenosa
Fonte: Produção do próprio autor
36

Figura 6 - Subsolagem cruzada (A) e a área após a gradagem leve (B), Selvíria, MS,
2009.
B
A

Fonte: Produção do próprio autor

Figura 7 - Composto distribuído manualmente em área total da parcela (A) e


incorporação do mesmo ao solo grade leve (B), Selvíria, MS, 2010.
A B

Fonte: Produção do próprio autor.

Figura 8 - Subsolador com uma única haste de 0,50 m utilizado na


linha de plantio, Selvíria, MS, 2010.

Fonte: Produção do próprio autor


37

Devido as poucas informações técnicas sobre as necessidades nutricionais do canudo-


de-pito, utilizou-se a recomendação de adubação mineral utilizada pelo viveiro de mudas
nativas da CESP, localizado na unidade Jupiá, para o plantio dessa espécie em campo.
Baseado nestas informações, foram utilizados 100 g da fórmula 8-28-16 por planta (166,70 kg
ha-1) e após 60 dias, 48,8 g de uréia (81,45 kg ha-1) e 16,70 g de KCl por planta
(27,80 kg ha-1).
A adubação com o composto orgânico foi calculada mediante as análises químicas do
solo e do composto (Tabelas 2 e 3). Portanto, 10 Mg do resíduo contém 63 kg de nitrogênio
(Tabela 3), 54,96 kg de P2O5 (24 kg de P x 2,29) e 71,41 kg de K2O (59,51 kg de K x 1,2),
desta forma estipulou-se então as doses de 10 (recomendação da cultura), 15 e 20 Mg ha -1 do
composto.

Tabela 2 - Teores de fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), hidrogênio +
alumínio (H+Al), alumínio (Al), matéria orgânica; capacidade de troca de
cátions (CTC), valor V% (V), pH do solo antes da implantação do
experimento, Selvíria, MS, 2009.
Camada pH Ca Mg K Al H + Al CTC P - Resina V MO
-3 -3
m -----------------------mmolc dm ---------------------- mg dm % g dm-3
0,0 – 0,05 5,4 10 10 2,2 0 16 38,2 3 58 14
0,05 – 0,10 5,4 9 8 1,3 0 15 33,3 3 55 12
0,10 – 0,20 5,6 7 5 0,7 0 13 25,7 3 49 8
0,20 – 0,40 6,1 6 5 0,7 0 12 23,7 3 49 5
Fonte: Produção do próprio autor

A incorporação do composto ocorreu nos dias 02, 03, 05 e 08 de fevereiro de 2010 e o


plantio foi realizado no dia 09 do mesmo mês (Figura 9). O adubo mineral foi distribuído em
linha no momento do plantio.
38

Tabela 3 - Caracterização química do composto proveniente de


resíduos da fabricação de celulose, utilizado como fonte
de nutrientes no experimento implantado na Fazenda de
Ensino, Pesquisa e Extensão, da Faculdade de
Engenharia, localizada no município de Selvíria, MS.
Atributo químico Unidade Valor
pH 9,5
---
Relação C / N 29,7
Corgânico 186
N 6,3
P 2,4

g kg-1
K 5,95
Ca 86,9
Mg 3,8
S 1,8
B 30,3
Cu 14,3
mg kg-1

Fe 5458
Mn 845
Zn 27,9
Na 1348
Fonte: Produção do próprio autor

Figura 9 - Plantio de Mabea fistulifera (A); Mabea Fistulifera 18 meses após o plantio
(B), Selvíria, MS.
A B

Fonte: Produção do próprio autor


39

6.3 Dados de precipitação e temperatura

Os dados de precipitação foram obtidos do endereço eletrônico:


http://www.agr.feis.unesp.br/clima.phpn da Estação Meteorológica de Ilha Solteira, situada
na Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, em Ilha Solteira, SP. As normais climáticas
utilizadas nesta pesquisa foram calculadas pela média aritmética dos dados de temperatura
média e precipitação no período de janeiro de 1992 a dezembro de 2011 (Figura 10).

Figura 10 - Valores médios de temperatura (Temp.) e precipitação (Ppt) nos períodos de


01/01/1992 a 31/12/2011; de 01/01/2010 a 31/12/2010; de 01/01/2011 a
31/05/2011 e de 01/01/2012 a 31/03/2012, na Estação Meteorológica de Ilha
Solteira.

Fonte: Produção do próprio autor

6.4 Informações Complementares

Desde a implantação do experimento foram realizadas expedições com finalidade de


controle da formiga cortadeira e controle da matocompetição. As formigas foram controladas
com o uso de iscas granuladas e a matocompetição com operações mecanizadas no entorno do
experimento e operações manuais com a utilização de roçadeiras costais nas entrelinhas do
plantio. A finalidade da operação manual foi preservar a possível regeneração natural.
Na linha de plantio, em um raio de 1,0 m, o controle da matocompetição foi realizada
por meio da aplicação do herbicida de princípio ativo a base de Glifosato (N-(fosfonometil)
glicina, C3H8NO5P) na dosagem de 2,0 L ha-1 . A operação de aplicação foi realizada
manualmente com pulverizador costal e jato dirigido.
40

No dia 04/11/2010, no plantio de eucalipto, foi constatado uma grande infestação do


besouro desfolhador Costalimaita ferruginea vulgata. O controle foi realizado no dia
05/11/2010 com a aplicação do defensivo agrícola com o princípio ativo Deltrametrina na
concentração de 200 mL 100 L-1 ha-1.
Após o controle da infestação foi verificado um grande número de falhas no plantio de
eucalipto, sendo o tratamento D0 do quarto bloco totalmente dizimado. Para este tratamento
trabalhou-se com três repetições.
No plantio de Mabea fistulifera no tratamento D0 do primeiro bloco ocorreu a
inundação da área, acarretando na morte dos vegetais ali presentes. Para este tratamento
também trabalhou-se com três repetições.
41

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CAPÍTULO 1 ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO

Resumo

Em física do solo, a qualidade está associada àquele solo que: permite a infiltração,
retenção e disponibilização de água às plantas, córregos e subsuperfície; responde ao manejo
e resiste à degradação; permite as trocas de calor e de gases com a atmosfera e raízes de
plantas; e permite o crescimento das raízes. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi
quantificar os efeitos da aplicação de um composto orgânico advindo da compostagem de
resíduos da produção de celulose na recuperação de atributos físicos de um solo degradado. O
experimento foi implantado na Fazenda de Ensino e Pesquisa, Campus de Ilha Solteira
(UNESP), localizada no município de Selvíria-MS. O delineamento experimental utilizado foi
o de parcelas subdivididas em blocos ao acaso, com esquema em faixa, com 6 tratamentos e 4
repetições. Os 2 tratamentos nas parcelas principais foram representados pelos plantios do
híbrido Eucalyptus urograndis e Mabea fistulifera Mart.. Nas subparcelas foram testadas
doses do composto e também a comparação com adução mineral, sendo 6 tratamentos
(SI - área sem intervenção; D0 – sem adubação; DAM – adubação mineral de acordo com a
necessidade da cultura; D10 – adubação com composto de acordo com a necessidade da
cultura (10 Mg ha-1); D15 e D20 (15 e 20 Mg ha-1 do composto, respectivamente). Foram
quantificados os atributos físicos do solo (densidade das partículas, densidade do solo,
porosidade do solo, infiltração de água no solo e resistência do solo à penetração) em dois
anos. Os resultados foram analisados efetuando-se a análise de variância, correlação simples e
teste de Scott-Knott para comparação de médias e regressão entre as diferentes doses de
composto. Foram detectadas melhorias na infiltração de água no solo e resistência do solo à
penetração.Por ser recente a implantação do experimento, pode-se concluir que as
modificações nos atributos físicos podem ser atribuídas principalmente ao preparo
diferenciado do solo somados ao desenvolvimento das espécies arbóreas, em relação à área
sem intervenção.

Palavras chave: Porosidade do solo. Resistência do solo à penetração. Infiltração de água do


solo.
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CHAPTER 1 SOIL PHYSICAL ATTRIBUTES

Abstract

In soil physics, soil quality that is associated with that: allows infiltration, retention and
availability of water to plants, streams and subsurface; respond to management and resist
degradation, allows the exchange of heat and gases with the atmosphere and roots plant, and
enables the growth of the roots. Thus, the objective of this study was to quantify the effects of
the application of an organic compound arising from the composting of waste pulp production
in the physical attributes recovery of a degraded soil. The experiment was carried out at the
Teaching and Research Farm, Ilha Solteira Campus (UNESP), located in Selvíria, Mato
Grosso do Sul, Brazil. The experimental design was used subplots in blocks, with layout on
track, with 6 treatments and 4 replications. The two treatments in main plots are represented
by plantations of hybrid Eucalyptus urograndis (Eucalipto - exotic species) and Mabea
fistulifera Mart. (Canudo-de-pito - native species). Subplots are being tested doses of the
compound and also the comparison with mineral fertilization, with 6 treatments (SI - area
without intervention; D0 - without fertilization; DAM - mineral fertilization according to
culture necessity; D10 - composted manure according with the necessity of culture
(10 Mg ha-1); D15 e D20 (15 e 20 Mg ha-1 of compost, respectively). We quantified the soil
physical attributes (particle density, soil bulk density, soil porosity , soil infiltration and the
soil penetration resistance ) in two years. The results were analyzed by performing the
analysis of variance, simple correlation and Scott-Knott test for comparison of means and
regression between the different doses of the compound. Improvements were detected in
water infiltration and soil penetration resistance solo. Por be recent deployment of the
experiment, one can conclude that changes in physical attributes can be attributed mainly to
different soil preparation added to the development of tree species in relation to the area
without intervention.

Key words: Soil porosity. Soil penetration resistance. Soil water infiltration.
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1.1 Introdução

A busca por alternativas que resultem na recuperação de atributos físicos de solos com
elevado grau de degradação é de grande importância. Uma opção é a utilização de compostos
orgânicos provenientes da fabricação da celulose como fontes de material orgânico a ser
adicionado ao solo e o plantio de espécies arbóreas.
O restabelecimento de padrões favoráveis de resistência do solo à penetração,
porosidade, infiltração de água de um solo degradado é um processo lento, porém, desejado.
Um solo pode ser considerado fisicamente ideal quando apresenta baixa resistência à
penetração, boa aeração, elevada condutividade de água e com boa agregação. Dessa forma, o
restabelecimento dessas características são indicativos da recuperação física desse solo.
Um solo com características físicas favoráveis possui condições para o bom
desenvolvimento das espécies ali presentes e fornece condições para o estabelecimento de
novas espécies que ali chegarem. Além disso, possui boa permeabilidade, tendo papel
fundamental no reabastecimento e na manutenção dos lençóis freáticos e mananciais.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi quantificar os efeitos da aplicação de um
composto orgânico advindo da compostagem de resíduos da produção de celulose na
recuperação de atributos físicos de um solo degradado.
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1.2 Revisão de Literatura

O uso sustentável dos recursos naturais, especialmente do solo, consiste em tema de


crescente relevância em razão da intensificação dos impactos negativos das atividades
antrópicas. Consequentemente, cresce a preocupação com o uso sustentável e a qualidade
desse recurso (ARAÚJO et al., 2007). Em física do solo, a qualidade está associada àquele
solo que: permite a infiltração, retenção e disponibilização de água às plantas, córregos e
subsuperfície; responde ao manejo e resiste à degradação; permite as trocas de calor e de
gases com a atmosfera e raízes de plantas; e permite o crescimento das raízes (REICHERT et
al., 2003).
A qualidade física do solo para o crescimento das plantas é determinada não só pela
disponibilidade de água, aeração e temperatura, mas também pela resistência que a matriz do
solo oferece à penetração das raízes (HAMBLIN, 1986; LETEY, 1985). Além disso, em um
solo sob condições normais, o processo de agregação se encontra em estado de equilíbrio,
onde a formação de agregados passa por influencia do processo de expansão e contração e da
atividade biológica, dando origem a um sistema poroso complexo e com ampla variedade de
tamanhos de poros (HORN et al., 1995). Já os solos encontrados em áreas de empréstimo ou
exploradas com mineração, de forma geral, são altamente compactados, com baixas taxas de
infiltração e capacidade de armazenamento de água, deficientes em oxigênio, com alta
resistência à penetração de raízes e densidade do solo, além de baixos conteúdos de matéria
orgânica (MOREIRA, 2004).
Por meio do uso de indicadores de qualidade do solo pode-se acompanhar as respostas
fornecidas pelo solo após o uso de diferentes manejos com finalidade de sua recuperação.
Sendo a qualidade definida como a capacidade do solo funcionar dentro dos limites do
ecossistema de forma a sustentar a produtividade biológica, mantendo a qualidade ambiental e
promovendo a saúde vegetal e animal (DORAN et al., 1996). Porém, essa avaliação por meio
de atributos do solo é bastante complexa devido à grande diversidade de usos, à
multiplicidade de inter-relações entre fatores físicos, químicos e biológicos que controlam os
processos e aos aspectos relacionados a sua variação no tempo e no espaço (MENDES et al.,
2006).
Ingaramo (2003) defende a mensuração da porosidade, distribuição do tamanho de
poros, densidade do solo, resistência mecânica, condutividade hidráulica e a distribuição de
tamanhos de partículas como propriedades adequadas para a avaliação da física de um solo.
Porém, Stenberg (1999) enfatiza que nenhum indicador, individualmente, conseguirá
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descrever e quantificar todos os aspectos de qualidade do solo, pois deve haver relação entre
todos os atributos do solo. Rodrigues (2009), conclui que a definição de um solo ideal
fisicamente é um trabalho difícil, pois variações físicas de diferentes tipos e natureza ocorrem
no solo ao longo do tempo tanto em superfície como em profundidade.
Os fatores que afetam o crescimento das plantas podem ser divididos em fatores diretos
e indiretos. Água, temperatura, resistência mecânica e oxigênio, constituem os fatores que
afetam diretamente o crescimento das plantas, enquanto a densidade do solo, textura,
agregação, estabilidades de agregados e distribuição do tamanho de poros exercem influência
indireta (LETEY, 1985).
A compactação de um solo constitui-se em uma das principais causas da degradação da
qualidade física do solo para o desenvolvimento das plantas (DEBIASI, 2008). Suas
principais consequências estão relacionadas com a diminuição da porosidade total,
macroporosidade, aeração e infiltração de água no solo (SILVA, 2011). Como os macroporos
são os responsáveis pela condução de O2 e água através do perfil, a perda desses poros leva à
diminuição das trocas gasosas (CAMARA; KLEIN, 2005; GENRO JUNIOR et al., 2009). Já
os microporos são os responsáveis pela retenção de água no solo, e com a redução do tamanho
dos poros, a água fica mais fortemente retida, dificultando sua absorção pelas plantas
(IMHOFF et al., 2001; BATEY, 2009).
Em um solo com boa aeração, a troca de CO 2 e O2 entre o solo e a atmosfera é
suficientemente rápida para prevenir a deficiência de O2 ou a toxicidade por excesso de CO2
(RODRIGUES, 2009). Para Kiehl (1979), de forma geral, um solo é considerado ideal quando
tem 50 % de fase sólida dividida em compostos orgânicos (matéria orgânica) e inorgânicos
(mineral) e 50 % de espaço poroso, sendo 1/3 destes poros de macroporos, ou seja,
0,17 m3 m-3 e 2/3 de microporos. Rodrigues (2009) concluiu que a aeração torna-se um
impedimento sério ao crescimento das plantas quando mais de 90% do espaço poroso está
ocupado por água ou quando o solo se encontra compactado, pela redução ou paralisação das
trocas gasosas (BRADY; WEIL, 2002).
O alongamento radicular só é possível quando a pressão de crescimento das raízes for
maior do que a resistência mecânica do solo à penetração (PASSIOURA, 1991). Em solos
severamente compactados, sob condições de elevada umidade, a aeração insuficiente é um
dos fatores que limitam o crescimento radicular (BOONE et al., 1987). Materechera et al.
(1992) explicam que na tentativa de adaptação à resistência mecânica oferecida pelo solo na
camada compactada, ocorrem modificações morfológicas e fisiológicas nas raízes e como
consequência, o aumento do seu diâmetro.
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Silva et al. (2002) relatam que um valor de 2 MPa de resistência à penetração do solo
tem sido associado a condições impeditivas para o crescimento das raízes e da parte aérea das
plantas. Taylor (1971) considera como faixa crítica na redução significativa do crescimento
radicular, valores de resistência do solo variando de 2,0 a 2,5 MPa.
A habilidade das raízes penetrarem no perfil também diminui quando a densidade do
solo aumenta (REINERT et al., 2008). Definida pela relação de massa seca de solo por
unidade de volume, a densidade do solo é capaz de detectar modificações de volume (LIPIEC;
HATANO, 2003; LOGSDON; KARLEN, 2004; REICHERT et al., 2007), fornecendo uma
visão geral do espaço poroso do solo, além de ser capaz de caracterizar os efeitos do manejo
do solo, quanto as propriedades intrínsecas do solo, como a matéria orgânica ou a textura
(SILVA, et al., 1997). Em culturas anuais, a densidade do solo pode ser impeditiva para o
desenvolvimento do vegetal, sendo considerada como crítica os valores variando de 1,30 a
1,40 Mg m-3 para solos argilosos, 1,40 a 1,50 Mg m-3 para os franco argilosos e de 1,70 a
1,80 Mg m-3 para os franco-arenosos (REICHERT et al. 2003).
O sistema poroso do solo não pode ser avaliado somente por seu volume ou distribuição
do tamanho dos poros, mas também por sua capacidade de conduzir fluídos como água e
gases (RODRIGUES, 2009). A infiltração de água no solo é definida como a quantidade de
água que atravessa por unidade de área de superfície do solo por unidade de tempo. Sendo
definido como capacidade de infiltração do solo o valor final e constante de taxa de infiltração
que se estabilizou com o passar do tempo (LIBARDI, 2005).
A infiltração é um processo dinâmico e que não depende apenas das condições iniciais
do solo como porosidade, grau de cobertura, umidade antecedente e umidade dos horizontes
(CASTRO, 2001). De acordo com Rawls et al. (1993) a infiltração de água no solo é um
processo que depende de diversos fatores, em menor ou maior grau, os quais foram divididos
em quatro categorias: fatores relacionados ao solo; ao preparo e manejo do solo; à superfície e
outros. A infiltração também depende de processos dinâmicos que ocorrem durante a chuva
como a formação ou reformação de selamento superficial pelo impacto direto das gotas da
chuva na superfície do solo (BAUMHARDT et al., 1990; LEVIEN et al., 2000). Alves e
Cabeda (1999), concluíram que a infiltração de água é um dos fenômenos que melhor
refletem as condições físicas internas do solo, pois uma boa qualidade estrutural leva a uma
distribuição de tamanho de poros favorável ao crescimento de raízes e à capacidade de
infiltração de água no solo.
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1.3 Material e Métodos

1.3.1 Análises físicas do solo realizadas no Brasil

1.3.1.1 Porosidade e densidade do solo

Para as análises de porosidade e densidade do solo, na área útil do experimento, as


amostras foram coletadas de forma aleatória com sua estrutura preservada, com auxílio de
anel volumétrico (em três pontos por parcela) nas camadas de: 0,00–0,05, 0,05–0,10, 0,10–
0,20 e de 0,20–0,40 m (Figura 3). As coletas ocorreram no mês de fevereiro dos anos de 2011
e 2012.
A porosidade total foi calculada pela saturação do solo (volume de poros totais do solo
ocupado pela água), a microporosidade pelo método da mesa de tensão com coluna de água
de 6,0 kPa e a macroporosidade foi estimada a partir da diferença entre a porosidade total e a
microporosidade. A densidade do solo foi determinada pelo método do anel volumétrico
(EMBRAPA, 1997).

1.3.1.2 Infiltração de água no solo

A taxa de infiltração de água no solo foi realizada no mês de maio dos anos de 2011 e
2012, com o auxílio do mini infiltrômetro de disco (ZANG, 1997) (Figura 11).

Figura 11 - Mini infiltrômetro de disco.

Fonte: Costa (2006)


54

As leituras foram realizadas a cada 30 segundos até ser obtida taxa constante de
infiltração. O mini infiltrômetro foi ajustado para uma sucção de h0 de 0,02 m. Em cada
tratamento, realizaram-se 3 medições da taxa de infiltração, sendo o valor final representado
pela média aritmética destas medições.

1.3.1.3 Resistência do solo à penetração

Para avaliação da resistência do solo à penetração foi utilizado um penetrômetro


eletrônico, modelo FALKER PenetroLOG, com aptidão eletrônica para aquisição de dados
(Figura 12).

Figura 12 - Detalhe do penetrômetro eletrônico modelo FALKER


PenetroLog.

Fonte: Prática (2012)

No mês de fevereiro dos anos de 2011 e 2012 foram avaliados três pontos em cada
parcela, relacionando-se a camada amostrada com a força aplicada para penetração no solo
(MPa). O penetrômetro foi configurado para registrar leituras a cada 0,01 m de incremento de
camada até 0,40 m. Juntamente com os testes de resistência, nas camadas 0,0 – 0,05, 0,05 –
0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m, foram coletadas amostras de solo para a determinação da
sua umidade a base de massa, utilizando-se o método clássico de pesagem (EMBRAPA,
1997).
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1.3.2 Análise física do solo realizada na Espanha

 Densidade de partículas

Parte das análises físicas foram realizadas no Laboratório de Análise Estrutural, da


Facultad de Ciencias, na Universidade de Coruña, em La Coruña, Espanha. Para esta análise
(densidade de partículas), em abril de 2010 foram coletadas na faixa onde está plantada a
espécie Mabea fistulifera, 5 amostras simples de solo na área útil de cada tratamento para
formar 1 amostra composta (Figura 2). As coletas foram realizadas em quatro camadas de
solo (0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m), que totalizaram 96 amostras. As
amostras foram secas ao ar e peneiradas em malha de 2,0 mm (terra fina seca ao ar – TFSA).
A análise da densidade de partículas do solo foi realizada utilizando-se o picnômetro
AccuPyc II 1340 – Micromeritics (Figura 13).

Figura 13 - Picnómetro AccuPyc II 1340 – Micromeritics.

Fonte: Produção do próprio autor

Para a análise transferiu-se quantidade de TFSA suficiente para encher um recipiente


específico para a análise (Figura 14A). Em uma balança analítica com precisão de quatro
casas decimais obteve-se o valor da massa do solo contida no recipiente (Figura 14B). Em
seguida, o recipiente contendo o solo foi reposto no equipamento (Figura 13) para a realização
da leitura de densidade das partículas.
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Figura 14 - Terra fina seca ao ar e recipiente de análises de sólidos do


picnómetro AccuPyc II 1340 (A); balança analítica com precisão
de 4 casas decimais (B).

Fonte: Produção do próprio autor

1.3.3 Análise dos resultados

Os resultados foram analisados efetuando-se análise de variância, homogeneidade da


variância e teste de Skott-Knott para as comparações das médias no nível de 5 % de
probabilidade. Realizou-se análise de regressão entre as doses de composto considerando o
controle como dose zero mais as doses de 10, 15 e 20 Mg ha -1, no nível de 5% de
probabilidade. O programa computacional utilizado para a realização das análises estatísticas
foi o SISVAR (FERREIRA, 2008).
57

1.4 Resultados e Discussão

1.4.1 Porosidade (macroporos, microporos e porosidade total) e densidade do solo

Em 2011, os valores de macroporos, microporos e porosidade total, variaram


respectivamente de 0,13 a 0,05; 0,29 a 0,25 e 0,39 a 0,33 m3 m-3 no plantio de canudo-de-pito
(Figura 15). Não foram verificadas diferenças significativas entre os tratamentos nas 4
camadas estudadas (Figura 15). Quando foram relacionadas as diferentes doses de composto,
também não foram observadas interações significativas entre adição de composto orgânico e
valores de macroporos, microporos e porosidade total (Figura 16).
No plantio de eucalipto, em 2011, os valores de porosidade do solo foram próximos aos
verificados no plantio de canudo-de-pito, porém, observou-se um padrão distinto a este
quando os tratamentos foram confrontados entre si (Figura 15). De forma geral, até a camada
0,20 m, no plantio de eucalipto, os menores valores de macroporos e porosidade total foram
observados nos tratamentos SI e DAM, sendo que, a porosidade total foi significativamente
menor que nos demais tratamentos (Figura 15). A porcentagem de macroporos foi
significativamente maior nos tratamentos D0 e D15, na camada 0,05 – 0,10 m. Na camada de
0,10 – 0,20 m, os maiores valores macroporos foram verificados no tratamento D 0 e os dados
se relacionaram negativamente (Figura 16).
Em relação à variação de microporos no plantio de eucalipto, em 2011, apenas na
camada 0,05 - 0,10 m foi verificada diferença significativa, com menores porcentagens nos
tratamentos SI, D0 e D10 (respectivamente 0,27, 0,24 e 0,26 m3 m-3) (Figura 15). Para esta
variável, verificaram-se relações lineares positivas nas camadas 0,05 - 0,10 e 0,10 - 0,20 m
(Figura 16).
Em 2012, no plantio de canudo-de-pito, os valores de macroporos, microporos e
porosidade total variaram, respectivamente, de 0,05 a 0,14, 0,26 a 0,29 e de 0,34 a 0,41 m 3 m-3
(Figura 17). Diferente ao observado em 2011, no segundo ano de avaliação, verificou-se
diferença significativa entre os tratamentos na camada 0,20 - 0,40 m, com menores valores de
macroporos e porosidade total nos tratamentos D0 e D15. Em relação aos microporos, estes
comportaram-se semelhantes ao ano anterior, ou seja, sem apresentar diferença significativa
entre os diferentes tratamentos estudados (Figura 17).
58

Figura 15 - Macroporosidade (Macro), microporosidade (Micro), porosidade total (P. Total) e


densidade do solo (Ds) nas diferentes camadas, nos plantios de Mabea fistulifera e
Eucalyptus urograndis, em 2011. SI – sem intervenção; D0 – sem adubação; DAM
– adubação mineral; D10 – adubação com composto na recomendação da cultura;
D15 e D20 – adubação do composto com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1.

Médias seguidas de letras distintas (maiúscula entre espécies e mesma variável analisada; minúscula, entre
tratamentos da mesma espécie em cada camada), diferem entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de
probabilidade.
Fonte: Produção do próprio autor
59

Figura 16 - Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de macroporosidade (Macro), microporosidade (Micro) e densidade do
solo (DS), em 2011, Selvíria, MS. *, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P
< 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F.

Fonte: Produção do próprio autor

Neste mesmo plantio, quando se relacionou a adição de diferentes quantidades de


composto orgânico com os valores de macroporos, microporos e porosidade total, verificou-se
correlações significativas quadráticas para os valores de macroporos, porosidade total (na
cama de 0,10 – 0,20 m) (Figura 18).
No plantio de eucalipto, em 2012, foram verificadas diferenças significativas na camada
de 0,20 - 0,40 m para a quantidade de microporos, com menores valores nos tratamentos SI,
D0 e D15 (0,27, 0,27 e 0,26 m3 m-3, respectivamente) e na camada 0,05 - 0,10 m com menores
valores de porosidade total nos tratamento SI, D0 e D15 (0,35, 0,36 e 0,35 m3 m-3,
respectivamente) (Figura 17). Os valores de porosidade do solo estão próximos aos
verificados por Kitamura et al. (2008). Estudando a recuperação de um solo degradado com a
aplicação de adubos verdes e lodo de esgoto, nesta mesma unidade experimental, os autores
verificaram após 1 ano de implantação do experimento valores variando de 0,06 a 0,17 m3 m-3
de macroporos, 0,23 a 0,29 m3 m-3 de microporos e 0,33 a 0,40 m3 m-3. Estão abaixo, porém,
muito próximos aos valores verificados por Bonini (2012) estudando a restauração ecológica
de um solo decapitado sob intervenção antrópica há 17 anos, nesta mesma unidade
experimental. A autora quantificou valores de macroporos variando de 0,06 à 0,17 m3 m-3,
microporos de 0,27 a 0,31 m3 m-3 e porosidade total de 0,34 a 0,45 m3 m-3 nos primeiros 0,40
m de solo. Arruda (2012) estudando o uso deste mesmo composto, nas mesmas proporções,
porém, distribuídos na linha de plantio e em solo não degradado, após 12 meses do plantio de
Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis, verificou valores de macroporos variando de 0,08
à 0,22 m3 m-3, microporos de 0,24 à 0,31 m3 m-3 e porosidade total de 0,35 à 0,47 m3 m-3.
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Figura 17 - Macroporosidade (Macro), microporosidade (Micro), porosidade total (P. Total) e


densidade do solo (Ds) nas diferentes camadas, nos plantios de Mabea fistulifera
e Eucalyptus urograndis, em 2012. SI – sem intervenção; D0 – sem adubação;
DAM – adubação mineral; D10 – adubação com composto na recomendação da
cultura; D15 e D20 – adubação do composto com, respectivamente, 15 e
20 Mg ha-1.

Médias seguidas de letras distintas (maiúscula entre espécies e mesma variável analisada; minúscula, entre
tratamentos da mesma espécie em cada camada), diferem entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de
probabilidade.
Fonte: Produção do próprio autor.
61

Figura 18 - Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de macroporosidade (Macro), porosidade total (P. Total) e densidade
do solo (DS), em 2012, Selvíria, MS. *, **: significativos, respectivamente, a 5 %
(P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F.

Fonte: Produção do próprio autor.

De acordo com Baver et al. (1972) e Greenland, (1981) os valores de macroporosidade


abaixo de 0,10 m3 m-3 são considerados críticos para o bom desenvolvimento radicular das
plantas. Kiehl (1979) explica que para um solo ser considerado ideal deverá apresentar 1/3 de
macroporos e 2/3 de microporos, considerando que o solo possui 50% de espaço poroso, ou
seja, macroporosidade de 0,17 m3 m-3 e microporosidade de 0,33 m3 m-3. Grable e Siemer
(1968) explicam que a macroporosidade é uma medida diretamente relacionada com a difusão
de oxigênio no solo para as raízes e é fator determinante na capacidade de aeração do solo
(THOMASSON, 1978; ERICKSON, 1982). Baseado nestes autores pode-se considerar nas
duas avaliações, em ambos os plantios, os valores de macroporosidade estão próximos ou
abaixo dos considerados críticos para o desenvolvimento do sistema radicular
(Figuras 15 e 17).
Ao serem confrontadas as duas espécies, em cada tratamento, verificou-se um
comportamento semelhante em relação à porosidade do solo em ambos os anos de avaliação
(Figuras 15 e 17). Padrão semelhante também foi observado ao serem confrontados os dois
períodos de avaliação, não sendo verificadas mudanças relevantes nos valores de
macroporosidade, microporosidade e porosidade total (Figuras 19 e 20). Em 2012, em ambos
62

os plantios, os valores de macroporos foram próximos aos encontrados em 2011, porém, com
tendência ao aumento da macroporosidade do solo até a camada de 0,10 m no plantio de
M. fistulifera (Figura 19.) e até a camada de 0,05 m no plantio de E. urograndis (Figura 20).
Este sensível aumento pode ser indicativo de melhorias na qualidade física do solo. Reichert
et al. (2003) explicam que a avaliação da qualidade do solo tem dimensão espacial e temporal.
De acordo com estes autores, o intervalo entre medições para que o indicador avalie
mudanças, depende do tempo necessário para que dado manejo produza alterações
quantificáveis, e sua frequência no espaço deve considerar as variações espaciais provocadas
pelo solo.
Em 2011, a DS no plantio de canudo-de-pito variou de 1,52 a 1,70 Mg m-3 nas
diferentes camadas estudadas. Na camada de 0,0- 0,05 m os valores variaram de 1,55 a
1,67 kg dm-³ e verificou-se que os tratamentos SI e D0 foram significativamente superiores
aos tratamentos DAM, D10, D15 e D20, sendo que estes não diferiram-se entre si (Figura 15). Na
camada de 0,05 - 0,10 m, os valores variaram de 1,52 a 1,62 kg dm-³. O menor valor de
densidade foi observado no tratamento DAM, diferindo-se significativamente dos demais.
Entre os tratamentos SI, D0, D10, D15 e D20, não foram observadas diferenças significativas,
nesta camada (Figura 15).
Na camada 0,10 - 0,20 m não foram observadas diferenças significativas entre os
diferentes tratamentos. Os valores de densidade do solo variaram de 1,59 a 1,65 kg dm -3.
Quando foi analisada a camada de 0,20 - 040 m, verificou-se que a densidade do solo foi
significativamente menor nos tratamentos DAM e D10 (1,54 e 1,57 kg dm-3, respectivamente)
em relação aos demais (Figura 15). Não foram observadas correlações significativas entre a
quantidade de composto adicionada e efeitos na densidade do solo nas diferentes camadas
estudadas do plantio de M. fistulifera (Tabela 5).
Em 2011, no plantio de eucalipto, os valores de densidade do solo foram próximos aos
encontrados no plantio de Mabea fistulifera, e variaram de 1,51 à 1,69 kg dm-3 (Figura 15).
Na camada de 0,00 - 0,05 m os valores de densidade do solo variaram de 1,58 a 1,69 kg dm-3
e não se observou diferença significativa entre os diferentes tratamentos. Na camada de 0,05 -
0,10 m, o menor valor de densidade do solo foi observado no tratamento D 0 (1,51 kg dm-3),
diferindo-se significativamente dos demais (Figura 15). Ainda nesta segunda camada,
verificou-se correlação quadrática com valor de máximo de densidade do solo estimado
quando fossem adicionados 14,58 Mg ha -1 do composto e mínimo quando fosse adicionado
1,51 Mg ha-1 do composto (Figura 16).
63

Figura 19 - Macroporosidade (Macro), microporosidade (Micro), porosidade total (P. Total) e


densidade do solo (DS) nas diferentes camadas no plantio de Mabea fistulifera,
nos anos de 2011 e 2012. SI – sem intervenção; D0 – sem adubação; D AM –
adubação mineral; D10 – adubação com composto na recomendação da cultura;
D15 e D20 – adubação do composto com 15 e 20 Mg ha -1, respectivamente.

Médias seguidas de letras distintas, para a mesma variável em anos diferentes, diferem entre si pelo teste de
Skott-Knott a 5% de probabilidade.
Fonte: Produção do próprio autor.
64

Figura 20 - Macroporosidade (Macro), microporosidade (Micro), porosidade total (P. Total) e


densidade do solo (DS) nas diferentes camadas no plantio de E. urograndis, nos
anos de 2011 e 2012. SI – sem intervenção; D0 – sem adubação; D AM – adubação
mineral; D10 – adubação com composto na recomendação da cultura; D15 e D20 –
adubação do composto com 15 e 20 Mg ha-1, respectivamente.

Médias seguidas de letras distintas, para a mesma variável em anos diferentes, diferem entre si pelo teste de
Skott-Knott a 5% de probabilidade.
Fonte: Produção do próprio autor.
65

Na camada de 0,10 - 0,20 m a maior densidade do solo foi verificada no tratamento D15,
diferindo-se dos tratamentos SI e DAM que ocuparam uma posição intermediária aos
tratamentos D0, D10 e D20, estes últimos com a menor densidade (respectivamente 1,58, 1,55 e
1,53 kg dm3) (Figura 15). Nesta mesma camada, observou-se comportamento quadrático dos
dados de Ds (Figura 16).
Já na camada de 0,20 - 0,40 m, o maior valor de densidade do solo foi encontrada no
tratamento SI (1,70 kg dm-3), seguido dos tratamentos D0, D10, D15, D20 em posição
intermediária e com menor valor de Ds no tratamento DAM (1,51 kg dm-3) (Figura 15).
Em 2012, no plantio de canudo-de-pito, os valores de Ds do solo variaram de 1,48 a
1,77 kg dm-3 e não foram verificados diferenças significativas entre os diferentes tratamentos
nas diferentes camadas estudadas (Figura 17). Porém, observaram-se relações quadráticas
significativas nas camadas 0,10 - 0,20 e 0,20 - 0,40 m quando foram adicionadas diferentes
doses de composto (Figura 18).
No plantio de eucalipto, em 2012, apenas verificou-se diferença significativa na camada
0,20 - 0,40 m com os menores valores de Ds nos tratamentos SI, D 0 e D10 (1,65, 1,64 e
1,60 kg dm-3, respectivamente) (Figura 17). Observaram-se relações quadráticas significativas
nas camada 0,10 - 0,20 e 0,20 – 0,40 m, quando foram adicionadas diferentes doses de
composto (Figura 18). Em relação à distribuição dos valores de Ds entre as espécies,
verificou-se comportamento semelhante entre as duas espécies nos dois períodos de avaliação
(Figuras 15 e 17).
Os resultados de Ds obtidos neste trabalho estão próximos aos verificados por Colodro
(2005), estudando a recuperação de um solo, nesta mesma unidade de pesquisa, com plantio
de eucalipto e lodo de esgoto como fonte de nutrientes. O autor verificou valores variando de
1,23 a 1,85 kg dm-3, após um ano de implantação do experimento. Apesar dos valores de
densidade estarem próximos aos verificados na literatura para áreas com esse nível de
degradação, os diferentes tratamentos encontram-se com densidade muito aquém à
considerada ótima para o bom desenvolvimento das raízes. De acordo com Silva (2000) a
compactação do solo reduz o crescimento de plantas devido seu efeito no desenvolvimento de
raízes e consequente redução na absorção de água e de nutrientes. Além disso, a compactação
pode interferir na movimentação da água e nutrientes no solo, reduzindo sua disponibilidade
para as plantas, temporária ou permanentemente. Reichert et al. (2003) explicam que valores
de densidade de ordem de 1,55 kg dm-3 são considerados críticos para o crescimento do
sistema radicular em solos de textura média. Reinert et al. (2008) estudando os limites críticos
de densidade do solo para o crescimento de raízes de plantas de cobertura em solo Argissolo
66

Vermelho, sugeriram três graus de densidade do solo: baixo, inferior a 1,75 kg dm-3; médio,
entre 1,75 e 1,85 kg dm-3; e alto, superior a 1,85 kg dm-3. No grau baixo, as raízes não tinham
alterações na morfologia. No grau médio, o sistema radicular apresentou engrossamento,
desvios e ramificações de grau moderado, mas o crescimento em profundidade foi pouco
afetado. Já para o grau alto, considerado crítico para o crescimento das plantas de cobertura, o
sistema radicular teve dificuldade de crescer, com modificações na morfologia das raízes,
como grande engrossamento, desvios em ângulos de até 90° e, em casos mais severos, a raiz
pivotante foi impedida de crescer.
Quando foram comparadas as espécies entre si, dentro de cada período de avaliação,
verificou-se uma resposta de Ds semelhante nos dois plantios durante os dois anos de
avaliação (Figuras 15 e 17). Ao serem comparadas as respostas de cada espécie aos diferentes
períodos de avaliação, verificou-se que a Mabea fistulifera se comportou de forma semelhante
ao longo dos dois anos (Figura 19). No plantio de eucalipto, observou-se que a densidade do
solo foi responsiva na camada 0,0 - 0,05 m, sendo significativamente menor nos tratamentos
D10, D15 eD20 no ano de 2012 em relação à 2011. Para as demais camadas, não se verificou
diferença significativa entre os diferentes anos de avaliação (Figura 20). Alves (1992), Anjos
et al. (1994) e Veiga et al. (1994) observaram, em solos degradados, que há relação inversa
entre densidade do solo e porosidade total. Hakoyama et al. (1995) explicam que existe
íntima relação do volume de macroporos com a densidade do solo, porém, este
comportamento não foi verificado no presente trabalho.
A incorporação do composto em área total, provavelmente estaria induzindo à formação
de um sistema radicular mais desenvolvido, influenciando em uma melhor densidade deste
solo. Já o canudo-de-pito por ter um desenvolvimento mais lento e menos agressivo que o do
eucalipto, provavelmente deve estar promovendo modificações nos atributos do solo de forma
mais lenta, porém nota-se indicativo de menores valores em 2012, em relação à 2011 (Figura
19).
Mesmo após o uso de um manejo físico agressivo, com subsolagens cruzadas e
aplicação de matéria orgânica, os valores de porosidade e densidade ainda estão próximos às
áreas sem intervenção. Estes resultados indicam um solo altamente desestruturado, uma vez
que esperava-se resultados mais significativos.
Os resultados obtidos neste estudo parecem estar sendo influenciados principalmente
pelo do manejo físico aplicado, somados ao desenvolvimento das espécies no local, pois não
ainda não se observaram diferenças que fossem explicadas pelas diferentes adições de
nutrientes ao solo. Porém, veremos mais adiante, que a adição de nutrientes irá refletir nos
67

atributos químicos do solo (Capítulo 2) e desenvolvimento da vegetação (Capítulo 3), que


certamente, com o passar do tempo, irão refletir nos atributos físicos do solo.
É provável que grandes mudanças nos atributos de porosidade e densidade do solo irão
ocorrer após um período mais longo, pois a alteração dos atributos físicos do solo é um
processo lento e que demanda um maior período de avaliação.

1.4.2 Infiltração de água no solo

Em 2011, a taxa constante de infiltração no solo, variou de 16,39 a 27,04 cm h -1 no


plantio de M. fistulifera e de 13,08 a 28,93 cm h-1 no plantio de E. urograndis (Figura 21). No
plantio de M. fistulifera, verificou-se no tratamento DAM valor de taxa de infiltração
significativamente superior aos demais tratamentos (Figura 21). Neste plantio, não se
observou relação significativa entre a infiltração e a dose de composto aplicada.

Figura 21 - Taxa constante de infiltração de água no solo nos diferentes tratamentos , para as
espécies Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis em 2011. SI – sem
intervenção; D0 – sem adubação; DAM – adubação mineral; D10 – adubação com
composto na recomendação da cultura; D15 e D20 – adubação do composto com,
respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1. Médias seguidas de letras distintas (maiúscula
entre espécies e mesma variável analisada; minúscula, entre tratamentos da
mesma espécie), diferem entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade .

Fonte: Produção do próprio autor.

No plantio de eucalipto, as maiores taxas de constante de infiltração foram verificadas


nos tratamentos D0 e DAM (respectivamente 31,87 e 28,93 cm h-1) (Figura 21). Verificou-se
que os dados obedeceram a um comportamento quadrático (Figura 22). Quando foram
comparadas as duas espécies, verificou-se que apenas houve diferença significativa entre a
taxa constante de infiltração no tratamento D0, com menor taxa no plantio de M. fistulifera
(Figura 22).
68

Figura 22 - Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de composto, para
a taxa constante de infiltração, nos anos de 2011 e 2012, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F.


Fonte: Produção do próprio autor.

Quando são correlacionados os valores de infiltração de água no solo com os valores


médios de porosidade do solo e desenvolvimento da vegetação (capítulo 3), não são
observadas correlações significativas (Figura 23). Porém, observa-se no plantio de Mabea
fistulifera que, em 2011, a taxa de infiltração de água no solo tendeu a ser inversamente
proporcional à densidade do solo e diretamente proporcional à taxa de desenvolvimento das
plantas (Figura 23). Apesar da correlação não ser significativa, verificou-se a existência de
tendências entre maiores valores de infiltração de água no solo à medida em que se
aumentaram os valores de altura total (ALT) e dimensão da copa (DC) e diâmetro à altura do
solo (DAS) da Mabea fistulifera (Figura 23).
No plantio de Eucalyptus urograndis também não se observaram correlações
significativas entre a taxa de infiltração de água no solo e os valores de porosidade e
desenvolvimento da vegetação. Porém, ao se analisar as respostas, observa-se uma tendência
de comportamento inverso ao observado no plantio de Mabea fistulifera (Figura 24). Neste
plantio, observou-se que a taxa de infiltração de água no solo tende a ser diretamente
proporcional à densidade do solo e inversamente proporcional aos valores de ALT e DC das
plantas (Figura 24). Além disso, observa-se que existe tendência a maiores valores de
infiltração de água no solo à medida em que se aumenta os valores de macroporos no solo
(Figura 24).
Diante desses resultados, pode-se afirmar que em 2011 a infiltração de água no solo no
plantio de Mabea fistulifera está relacionada ao desenvolvimento das plantas. Provavelmente,
as maiores plantas, possuem um sistema radicular mais desenvolvido e que pode estar
contribuindo para o melhor fluxo de água nesse solo (Figura 23). Além disso, a maior
69

dimensão da copa desses vegetais pode estar contribuindo para a maior proteção do solo
contra as intempéries climáticas. Já no plantio de eucalipto, o crescimento da vegetação
parece estar influenciando de forma negativa no fluxo de água no solo e nesse plantio a maior
influência na infiltração de água no solo parece estar relacionada com os macroporos do solo
(Figura 24).

Figura 23 - Correlação de Pearson dos valores de infiltração no plantio de Mabea fistulifera


com valores médios até a camada de 0,40 m de densidade do solo (Ds),
macroporos (Macro), microporos (Micro), porosidade total (P. Total), altura total
das plantas (ALT), dimensão das copas (DC) e diâmetro à altura do solo (DAS)
em 2011.

ns, *, **: respectivamente, valores não significativos, significativos a 5 e 1%, pela correlação de Pearson à 5%
de significância.
Fonte: Produção do próprio autor.

Em 2012, no plantio de canudo-de-pito, os valores de taxa constante de infiltração


variaram de 22,75 a 37,73 cm h-1, sendo estatisticamente superiores nos tratamentos D 0, D15,
D20 e DAM em relação aos tratamentos SI e D10 (Figura 25). Não se verificou relação
significativa entre adição de diferentes doses de composto e taxa constante de infiltração de
água no solo no ano de 2012 (Figura 22). No plantio de eucalipto, em 2012, no tratamento D 0
foram observados os maiores valores de taxa constante de infiltração de água no solo
(39,55 cm h-1), diferindo significativamente dos demais tratamentos (Figura 25). Observou-se
que os dados se adequaram ao comportamento quadrático (Figura 22). Quando foram
comparam as espécies em 2012, a taxa de constante de infiltração no plantio de canudo-de-
70

pito foi significativamente maior em relação ao plantio de eucalipto nos tratamentos que
receberam composto orgânico (Figura 25).

Figura 24 - Correlação de Pearson dos valores de infiltração no plantio de Eucalyptus


urograndis com valores médios até a camada de 0,40 m de densidade do solo
(Ds), macroporos (Macro), microporos (Micro), porosidade total (P. Total),
altura total das plantas (ALT), dimensão das copas (DC) e diâmetro à altura do
solo (DAS) em 2011.

ns, *, **: respectivamente, valores não significativos, significativos a 5 e 1%, pela correlação de Pearson à 5%
de significância.
Fonte: Produção do próprio autor.

Ao serem comparados os dois períodos de avaliação, verificou-se que no plantio de


canudo-de-pito, a taxa de infiltração dos tratamentos D0, D15, D20 e DAM, em 2012, foram
significativamente superiores às observadas no ano de 2011 (Figura 26). No plantio de
eucalipto, os tratamentos D0 e D15 apresentaram taxas de constante de infiltração em 2012
estatisticamente superiores às de 2011 e no tratamento D AM, a constante de infiltração foi
significativamente inferior à observada em 2011 (Figura 26).
Nesta segunda avaliação, quando foram correlacionadas as taxas de constante de
infiltração com os dados de porosidade e desenvolvimento da vegetação, observa-se uma
tendência de comportamento similar ao observado em 2011 (Figura 27). Da mesma forma que
observado em 2011, não foram observadas correlações significativas, porém, tornam-se mais
evidentes as tendências distintas na taxa de infiltração de água no solo em cada plantio
estudado (Figuras 27 e 28).
71

Figura 25 - Taxa constante de infiltração de água no solo nos diferentes para as espécies
Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis em 2012. SI – sem intervenção; D0 –
sem adubação; DAM – adubação mineral; D10 – adubação com composto na
recomendação da cultura; D15 e D20 – adubação do composto com,
respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1.

Médias seguidas de letras distintas (maiúscula entre espécies e mesma variável analisada; minúscula, entre
tratamentos da mesma espécie), diferem entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade.
Fonte: Produção do próprio autor.

Figura 26 - Taxa constante de infiltração de água no solo nos diferentes tratamentos e anos de
avaliação para as espécies Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis nos anos de
2011 e 2012. . SI – sem intervenção; D0 – sem adubação; DAM – adubação
mineral; D10 – adubação com composto na recomendação da cultura; D15 e D20 –
adubação do composto com 15 e 20 Mg ha-1, respectivamente.

Médias seguidas de letras distintas, para a mesma espécie, em anos diferentes, diferem entre si pelo teste de
Skott-Knott a 5% de probabilidade.
Fonte: Produção do próprio autor

No plantio de canudo-de-pito, apesar de não serem significativos, a maior taxa de


infiltração de água no solo parece estar sendo influenciada principalmente pelas maiores
dimensões de copa e os maiores diâmetro à altura do solo (Figura 27). Já no plantio de
72

eucalipto, da mesma forma que observado em 2011, o desenvolvimento dos vegetais parece
estar influenciando de forma negativa na taxa de infiltração de água no solo (Figura 28).

Figura 27 - Correlação de Pearson dos valores de infiltração no plantio de Mabea fistulifera


com valores médios até a camada de 0,40 m de densidade do solo (Ds),
macroporos (Macro), microporos (Micro), porosidade total (P. Total), altura total
das plantas (ALT), dimensão das copas (DC) e diâmetro à altura do solo (DAS)
em 2012.

ns, *, **: respectivamente, valores não significativos, significativos a 5 e 1%, pelo teste F à 5% de significância.
Fonte: Produção do próprio autor.

De forma geral, pode-se inferir que houve uma tendência à melhorias na infiltração de
água no solo em 2012, quando comparados aos valores de 2011, principalmente na área de
plantio de M. fistulifera (Figura 26). Em média, em 2012 no plantio de M. fistulifera a taxa
constante de infiltração aumentou 58 %, já no plantio de E. urograndis, o aumentou médio foi
de 2 %, quando comparados aos dados de 2011. Destaca-se, entretanto, que esta resposta
parece estar mais correlacionada à espécie que à adição de matéria orgânica, pois quando se
comparou os tratamentos dentro da espécie M. fistulifera, não se observou o efeito da adição
de material orgânico na taxa de infiltração de água no solo.
Os valores encontrados são inferiores aos verificados por Bonini (2012). Ao estudar a
restauração ecológica de um solo decapitado sob intervenção antrópica há 17 anos, nesta
mesma unidade de pesquisa, o autor verificou em 2011, que as taxas constantes de infiltração
variaram de 119,73 cm h-1 em área de vegetação nativa de cerrado à 24,70 cm h -1 em área de
73

Calcário+Guandu até 1994, após substituído por Feijão-de-porco e a partir de 1999


substituído por Braquiária. Alves et al. (2007) estudando a utilização de lodo de esgoto em
solos degradados verificaram, 188 dias após o plantio de gonçalo-alves + lodo de esgoto +
braquiária, taxa média de infiltração de 13,68 cm h-1. Souza e Alves (2003), explicam que a
infiltração de água no solo indica diferenças no comportamento hidrodinâmico do mesmo em
função da alteração de sua estrutura. Estes mesmos autores salientam que a infiltração de água
no solo reflete suas condições físicas, como estrutura, porosidade e ausência de camadas
compactadas.

Figura 28 - Correlação de Pearson dos valores de infiltração no plantio de Eucalyptus


urograndis com valores médios até a camada de 0,40 m de densidade do solo
(Ds), macroporos (Macro), microporos (Micro), porosidade total (P. Total),
altura total das plantas (ALT), dimensão das copas (DC) e diâmetro à altura do
solo (DAS) em 2012.

ns, *, **: respectivamente, valores não significativos, significativos a 5 e 1%, pelo teste F à 5% de significância.
Fonte: Produção do próprio autor.

Para Costa (2010), a permeabilidade do solo depende, dentre outros fatores, da


quantidade, da continuidade e do tamanho de poros, sendo a compactação e a descontinuidade
dos poros responsáveis pela redução significativa da permeabilidade do solo à água. Além
disso, a baixa macroporosidade encontrada nos diferentes tratamentos pode estar
comprometendo os fluxos hídricos no solo.
Em relação às taxas de infiltração acumulada, em ambos os plantios o coeficiente de
74

correlação (R2) esteve próximo a 1,0, indicando um bom ajuste da curva aos pontos
experimentais em todos os tratamentos estudados nos dois períodos de avaliação (Figuras 29 e
30). O comportamento observado em relação à taxa constante de infiltração de água no solo
refletiu na taxa constante de infiltração acumulada. Observou-se no plantio de M. fistulifera,
melhorias na constante de infiltração principalmente nos tratamentos D 15 e D20 (Figura 29).
No plantio de eucalipto, em 2012, verificou-se maior taxa constante de infiltração acumulada
no tratamento D15 em relação ao ano de 2011. Nos demais tratamentos as taxas constantes de
infiltração foram semelhantes (Figura 30).

Figura 29 - Taxa média de infiltração acumulada no plantio de Mabea fistulifera. SI – sem


intervenção; D0 – sem adubação; DAM – adubação mineral na recomendação da
cultura; D10 – adubação com composto na recomendação da cultura; D15 e D20 –
adubação do composto com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1.

Fonte: Produção do próprio autor.

Um outro ponto que deve ser observado é que em ambos os plantios, as curvas de
75

infiltração acumulada de 2011 e 2012 dos tratamentos D10 e DAM apresentaram


comportamentos equivalentes (Figuras 29 e 30). Este comportamento pode vir a indicar que
apesar de a mesma quantidade nutrientes, mesmo que de fontes diferentes, podem influenciar
de forma semelhante na capacidade de infiltração de água no solo.

Figura 30 - Taxa média de infiltração acumulada no plantio de E. urograndis. SI – sem


intervenção; D0 – sem adubação; DAM – adubação mineral na recomendação da
cultura; D10 – adubação com composto na recomendação da cultura; D15 e D20 –
adubação do composto com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1.

Fonte: Produção do próprio autor.

1.4.3 Resistência do solo à penetração

Em 2011, no plantio de canudo-de-pito, os valores de resistência do solo à penetração


variaram de 0,33 a 4,52 MPa (Figura 31).
76

Figura 31 - Resistência do solo à penetração (Resistência) e umidade do solo (Ug) nas


camadas, tratamentos e plantios de Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis,
em 2011. SI – sem intervenção; D0 – sem adubação; DAM – adubação mineral;
D10 – adubação com composto na recomendação da cultura; D15 e D20 –
adubação do composto com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1.

Médias seguidas de letras distintas (maiúscula entre espécies e mesma variável analisada; minúscula, entre
tratamentos da mesma espécie em cada camada), diferem entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de
probabilidade.
Fonte: Produção do próprio autor.
77

Na camada de 0,00 - 0,05 m o menor valor encontrado de resistência foi de 0,33 MPa
no tratamento D10 e o maior foi de 1,32 MPa no tratamento D0. Nesta camada, as menores
resistências do solo à penetração foram observadas nos tratamentos D 10, D15 e D20, seguido do
tratamento SI, que ocupou uma posição intermediária e, para os tratamentos D 0 e DAM, sendo
observados os maiores valores de resistência (Figura 31).
Verificou-se existência de interação significativa em relação à aplicação de diferentes
doses de composto, sendo explicado por uma função quadrática com menor resistência do
solo à penetração quando adicionado 14,56 Mg ha-1 de composto orgânico (Figura 32).

Figura 32 - Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de composto, para
a resistência do solo à penetração, em 2011, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F.


Fonte: Produção do próprio autor.
78

Na camada 0,05 - 0,10 m o maior valor de resistência do solo à penetração foi


verificado no tratamento SI (2,58 MPa), diferindo-se dos demais tratamentos que não
diferenciaram-se entre si (Figura 31). Em relação à correlação entre diferentes doses de
composto, verificou-se resposta linear negativa, ou seja, à medida em que houve aumento da
dosagem de composto adicionado, linearmente a resistência do solo à penetração tendeu a
diminuir (Figura 32).
Na camada 0,10 - 0,20 m os valores de resistência do solo à penetração do plantio de
canudo-de-pito variaram de 1,50 MPa no tratamento D20 à 3,18 MPa no tratamento SI
(Figura 31). Foi verificado um comportamento similar à camada anterior, com a maior
resistência sendo constatada no tratamento SI, diferindo significativamente dos demais
(Figura 31). Nesta camada os dados se adequaram ao modelo quadrático, sendo menor valor
de resistência do solo à penetração encontrado quando adicionado 1,73 Mg ha-1 de composto
orgânico (Figura 32). Quando se analisou a camada 0,20 - 0,40 m, verificam-se valores
variando de 2,93 à 4,52 MPa, respectivamente nos tratamentos D 15 e SI (Figura 31).
Verificou-se que os tratamentos SI, D0 e DAM apresentaram valores de resistência do solo à
penetração significativamente maiores que os tratamentos D NC, D15 e D20 (Figura 31).
Neste mesmo ano, no plantio de eucalipto, verificou-se que os valores de resistência do
solo à penetração variaram de 0,41 a 0,99 MPa na camada de 0,0 - 0,05 m, respectivamente
nos tratamentos D10 e DAM (Figura 31). Os tratamentos SI, D0 e DAM apresentaram valores de
resistência do solo à penetração estatisticamente superiores aos tratamentos D 10, D15 e D20
(Figura 31). Verificou-se que nesta camada, o tratamento D0 apresentou menor resistência
quando comparado ao plantio de canudo-de-pito (Figura 31). Na camada de 0,10 - 0,20 m os
maiores valores de resistência do solo à penetração foram observados nos tratamentos SI e
DAM (respectivamente 3,18 e 2,49 MPa), estes, diferindo significativamente dos tratamentos
D0, D10, D15 e D20 (respectivamente 2,11, 1,65, 1,80, 2,15 MPa) (Figura 31). Quando foram
comparadas as espécies, verificou-se que em ambas as áreas, os valores de resistência eram
semelhantes (Figura 27). Os dados obedeceram ao comportamento quadrático em relação à
adição de diferentes quantidades de composto orgânico até a camada de 0,20 m (Figura 28).
Em relação aos valores de conteúdo de água no solo, os valores variaram de 0,10 a
0,13 m3 m-3 no plantio de canudo-de-pito. Em ambas as espécies não se verificou diferenças
significativas entre o conteúdo de água de solo nas diferentes camadas e tratamentos
estudados (Figura 31). Não foram observados interações entre a umidade e as diferentes doses
de composto orgânico.
79

Quando são correlacionados os valores de resistência a penetração com o


desenvolvimento da vegetação e a porosidade do solo não se observam valores significativos.
Apesar de não ter sido significativa a correlação, observa-se neste primeiro ano de avaliação,
que nos plantio de canudo-de-pito e eucalipto à medida em que se aumenta a resistência
média do solo, paralelamente o porte do vegetal aumenta e a porosidade do solo diminui
(Figuras 33 e 34). É provável que estas respostas iniciais estejam principalmente relacionadas
as respostas observadas podem ser atribuídas principalmente ao tipo de manejo físico
utilizado no solo pois em ambos os plantios observaram-se tendência a menores valores de
resistência média à penetração do solo nos tratamentos em que o solo foi manejado
(Figuras 33 e 34). Em relação ao desenvolvimento da vegetação, a resposta observada está
relacionada principalmente à forma de adubação utilizada e que será minuciosamente
discutido nos capítulos 2 e 3.

Figura 33 - Correlação de Pearson dos valores médios até a camada de 0,40 m de resistência à
penetração do solo no plantio de Mabea fistulifera com valores médios de 0,40 m
de densidade do solo (Ds), macroporos (Macro), microporos (Micro), porosidade
total (P. Total), altura total das plantas (ALT), dimensão das copas (DC) e
diâmetro à altura do solo (DAS) em 2011.

ns, *, **: respectivamente, valores não significativos, significativos a 5 e 1%, pelo teste F à 5% de significância.
Fonte: Produção do próprio autor.

Cavenage et al. (1999) explicam que a resistência do solo à penetração é diretamente


influenciada pela densidade do solo. Tal resistência está estreitamente associada à densidade
80

do solo e, para o mesmo teor de água, é tanto maior quanto maior a densidade, mostrando ser
um bom indicador da compactação (REICHERT et al., 2003). Com o aumento da umidade em
profundidade ocorre, simultaneamente, a redução da resistência do solo à penetração
(TORMENA et al., 2002). Aumento no teor de água reduz a aeração e a resistência do solo à
penetração (REICHERT et al., 2003).

Figura 34 - Correlação de Pearson dos valores médios até a camada de 0,40 m de resistência à
penetração do solo no plantio de Eucalyptus urograndis com valores médios de
0,40 m de densidade do solo (Ds), macroporos (Macro), microporos (Micro),
porosidade total (P. Total), altura total das plantas (ALT), dimensão das copas
(DC) e diâmetro à altura do solo (DAS) em 2011.

ns, *, **: respectivamente, valores não significativos, significativos a 5 e 1%, pelo teste F à 5% de significância.
Fonte: Produção do próprio autor.

Em 2012, os valores de resistência do solo à penetração, no plantio de M. fistulifera,


variaram de 0,50 MPa (no tratamento D0, na camada 0,0 - 0,05 m) a 7,74 MPa (no tratamento
SI, na camada 0,10 - 0,20 m) (Figura 35). Na camada 0,0 - 0,05 m os tratamentos SI e D20
apresentaram-se com valores de resistência do solo à penetração estatisticamente superiores
aos dos tratamentos D0, DAM, D10 e D15 (Figura 35). Verificou-se interação quadrática entre as
diferentes doses de composto e a resistência do solo à penetração (Figura 36).
81

Figura 35 - Resistência do solo à penetração (Resistência) e umidade do solo (Ug) nas


camadas, tratamentos e plantios de Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis,
em 2012. SI – sem intervenção; D0 – sem adubação; DAM – adubação mineral;
D10 – adubação com composto na recomendação da cultura; D15 e D20 –
adubação do composto com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1.

Médias seguidas de letras distintas (maiúscula entre espécies e mesma variável analisada; minúscula, entre
tratamentos da mesma espécie em cada camada), diferem entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de
probabilidade.
Fonte: Produção do próprio autor.
82

Na camada 0,05 - 0,10 m, apenas no tratamento SI foram observados os maiores valores


de resistência, diferindo significativamente dos demais (Figura 35). Já nas camadas 0,10 -
0,20 e 0,20 - 0,40 m, não foi observado diferença significativa nos valores de resistência do
solo à penetração entre os diferentes tratamentos estudados (Figura 35). Em nenhuma destas
camadas observou-se relação entre quantidade de composto adicionado e resistência.
Em relação aos valores de teor de água no solo, verificou-se diferença significativa
apenas na camada 0,20 - 0,40 m, com maior teor de água no solo no tratamento
D10 (0,11 m3 m-3) e o menor valor no tratamento D20 com teor de 0,08 m3 m-3 (Tabela 11). Na
camada 0,20 – 0,40 m verificou-se também interação significativa quadrática entre doses de
composto e teor de água no solo (Figura 36).

Figura 36 - Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de composto, para
a resistência do solo à penetração, em 2012, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F.


Fonte: Produção do próprio autor.

No plantio de eucalipto, em 2012, os valores de resistência do solo à penetração


variaram de 0,55 a 7,74 MPa (Figura 35). Na camada 0,00 - 0,05 m, os menores valores de
resistência do solo à penetração foram verificados nos tratamentos D 0, D10, D15 e D20, estes,
diferindo-se significativamente dos tratamentos SI e DAM (Figura 35). Foi observada interação
quadrática entre as diferentes doses e a resistência do solo à penetração, sendo a mínima
resistência quando adicionado 10,01 Mg ha-1 de composto orgânico (Figura 36).
83

Na camada 0,05 - 0,10 m, a maior resistência do solo à penetração foi observada no


tratamento SI, diferindo-se dos demais (Figura 35). Na camada 0,10 - 0,20 m, os maiores
valores de resistência foram verificados nos tratamentos SI e D 0 (7,74, 7,26 MPa,
respectivamente), diferindo-se dos demais tratamentos (Figura 35). Já na camada 0,20-0,40 m,
não foram verificadas diferenças significativas nos valores de resistência do solo à penetração
entre os diferentes tratamentos estudados (Figura 35). Para estas 3 camadas, não foram
observadas correlações significativas entre a adição de composto orgânico e resistência do
solo à penetração. Quando foram comparados os dois plantios, observou-se um
comportamento similar quanto à resistência dos solo à penetração, nos dois períodos de
avaliação (Figuras 31 e 35).
Os valores encontrados no presente trabalho são superiores aos obtidos por Arruda
(2012). Estudando o uso deste mesmo composto, nas mesmas proporções, porém, distribuídos
na linha de plantio e em solo não degradado, após 12 meses, o autor observou no plantio de
eucalipto com umidade média do solo de 0,16 m3 m-3, valores variando de 0,02 MPa no
tratamento com 10 Mg ha -1 de composto e na camada de 0,0 - 0,05 m à 3,41 MPa na camada
0,20 - 0,40 m com o tratamento de adubação mineral. Este mesmo autor verificou no plantio
de canudo-de-pito com a mesma umidade média do solo, que os valores de resistência à
penetração variavam de 0,01 MPa na camada 0,0 - 0,05 m à 3,12 MPa, na
camada 0,20-0,40 m. Os valores estão próximos aos verificados por Bonini (2012), a autora
observou valores variando de 0,34 à 9,67 MPa. No segundo ano de avaliação, os tratamentos
onde o solo foi manejado e houve o plantio de espécies arbóreas (D 0, D10, D15 e D20), de
forma geral apresentaram menores valores de resistência do solo à penetração até a camada de
0,10 m em relação à área sem intervenção. Porém, a partir desta camada, observou-se uma
elevada resistência do solo à penetração, o que pode estar indicando uma zona de
compactação e influenciar negativamente o desenvolvimento do sistema radicular dos
vegetais. Sands et al. (1979) e Greacen e Sands (1980) explicam que a penetração de raízes de
espécies florestais é geralmente dificultada em resistências do solo a partir da faixa entre 2,5 e
3,0 MPa. Segundo Sands et al. (1979) em solos com resistência ao penetrômetro acima de
3 MPa ocorre severa restrição ao crescimento das raízes. Misra e Gibbons (1996) reportaram a
redução no comprimento das raízes primárias e laterais de eucalipto em, respectivamente, 71 e
31 %, com um aumento na resistência do solo à penetração de 0,4 a 4,2 MPa.
Quando correlacionados os valores médios de resistência do solo à penetração com os
valores de porosidade e desenvolvimento das espécies arbóreas, não se observaram
correlações significativas (Figuras 37 e 38). Observou-se em ambos os plantios tendências, ou
84

seja, verificou-se que a resistência à penetração tendia a ser inversamente proporcional à


porosidade do solo e diretamente proporcional à densidade do solo. Em média, verificou o
mesmo comportamento observado em 2011, com tendência de menores valores de resistência
à penetração nas áreas aonde houve o manejo físico do solo (Figuras 37 e 38).

Figura 37 - Correlação de Pearson dos valores médios até a camada de 0,40 m de resistência à
penetração do solo no plantio de Mabea fistulifera com valores médios de 0,40 m
de densidade do solo (Ds), macroporos (Macro), microporos (Micro), porosidade
total (P. Total), altura total das plantas (ALT), dimensão das copas (DC) e
diâmetro à altura do solo (DAS) em 2012.

ns, *, **: respectivamente, valores não significativos, significativos a 5 e 1%, pelo teste F à 5% de significância.
Fonte: Produção do próprio autor.

Quando foram comparados cada plantio dentro dos diferentes períodos de avaliação,
observaram-se diferenças significativas em ambos os plantios, nas diferentes camadas
estudadas (Figuras 39 e 40). De forma geral, em 2012 houve um aumento significativo da
resistência do solo à penetração em relação à avaliação de 2011 (Figuras 31 e 32).
Provavelmente esse fato pode ser explicado pela menor quantidade de água no solo em 2012 ,
além disso, a falta de estruturação e o elevado grau de degradação deste solo pode estar
contribuindo para o assentamento do solo e a formação de camadas compactadas. Um outro
ponto que deve ser destacado é que o composto possui alto teor de Na (Tabela 3) e como será
discutido no Capítulo 2, foi detectado aumento significativo do teor nesse elemento no solo. O
85

sódio atua como dispersor de argila no solo e pode contribuir para a formação de camadas
compactadas.

Figura 38 - Correlação de Pearson dos valores médios até a camada de 0,40 m de resistência à
penetração do solo no plantio de Eucalyptus urograndis com valores médios de
0,40 m de densidade do solo (Ds), macroporos (Macro), microporos (Micro),
porosidade total (P. Total), altura total das plantas (ALT), dimensão das copas
(DC) e diâmetro à altura do solo (DAS) em 2012.

ns, *, **: respectivamente, valores não significativos, significativos a 5 e 1%, pelo teste F à 5% de significância.
Fonte: Produção do próprio autor.
86

Figura 39 - Resistência do solo à penetração e umidade do solo (Ug) nas camadas,


tratamentos e plantios de Mabea fistulifera, nos anos de 2011 e 2012, Selvíria –
MS. SI – sem intervenção; D0 – sem adubação; DAM – adubação mineral; D10 –
adubação com composto na recomendação da cultura; D15 e D20 – adubação do
composto com 15 e 20 Mg ha-1, respectivamente.

Médias seguidas de letras distintas, para a mesma variável em anos diferentes, diferem entre si pelo teste de
Skott-Knott a 5% de probabilidade.
Fonte: Produção do próprio autor.
87

Figura 40 - Resistência do solo à penetração e umidade do solo (Ug) nas camadas,


tratamentos e plantios de Eucalyptus urograndis, nos anos de 2011 e 2012,
Selvíria – MS. SI – sem intervenção; D0 – sem adubação; D AM – adubação
mineral; D10 – adubação com composto na recomendação da cultura; D 15 e D20
– adubação do composto com 15 e 20 Mg ha -1, respectivamente.

Médias seguidas de letras distintas, para a mesma variável em anos diferentes, diferem entre si pelo teste de
Skott-Knott a 5% de probabilidade.
Fonte: Produção do próprio autor.
88

1.4.4 Densidade das partículas


Na camada 0,00 - 0,05 m, os valores de densidade das partículas variaram de 2,65 a
2,68 kg dm-3. De 0,0 5 - 0,10 m, verificaram-se valores variando de 2.67 a 2,70 kg dm-3. Na
terceira camada, 0,10 - 0,20 m, observaram-se valores de 2,68 a 2,71 kg dm-3 e na camada de
0,20 – a 0,40 m, os valores variaram de 2,67 a 2,70 kg dm-3. Nas diferentes camadas
estudadas, não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos. Também não
foram observadas correlações significativas entre adição de diferentes doses de composto e
densidade das partículas (Tabela 4).

Tabela 4 - Densidade das partículas do solo (DP) nas camadas e


tratamentos no plantio de Mabea fistulifera. SI – sem
intervenção; D0 – sem adubação; DAM – adubação mineral na
recomendação da cultura; D10 – adubação com composto na
recomendação da cultura (10 Mg ha-1 do composto); D15 e
D20 – adubação do composto com 15 e 20 Mg ha -1,
respectivamente.
Camada Dp F Regressão
Tratamento
m Mg m-3 Linear Quadrática
SI 2,65 a
DAM 2,69 a
0,0 – 0,05

D0 2,66 a
1,223ns 0,031ns
D10 2,67 a
D15 2,68 a
D20 2,68 a
%

CV 1,05 0,94
SI 2,69 a
0,05 – 0,10

DAM 2,69 a
D0 2,67 a
3,887ns 1,665ns
D10 2,68 a
D15 2,67 a
D20 2,70 a
%

CV 0,62 0,54
SI 2,71 a
0,10 – 0,20

DAM 2,71 a
D0 2,68 a
0,222ns 0,008ns
D10 2,68 a
D15 2,69 a
D20 2,69 a
%

CV 1,00 1,17
SI 2,70 a
0,20 – 0,40

DAM 2,67 a
D0 2,66 a
3,113ns 0,498ns
D10 2,70 a
D15 2,70 a
D20 2,70 a
CV % 1,13 1,27
Médias seguidas de mesma letra, na linha, não diferem
entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade. ns:
valores não-significativos. CV(%) Coeficiente de variação
dos dados em cada camada.
Fonte: Produção do próprio autor.
89

Esperava-se a adição de diferentes quantidades de material orgânico fosse influenciar de


forma significativa nos valores de densidade das partículas, porém, observa-se que a
quantidade adicionada não foi suficiente para alterar estes valores.
Os valores encontrados correspondem à massa específica do quartzo e caulinita, que
possuem massa específica de, aproximadamente, 2,62, e 2,60 kg dm-3, respectivamente
(FLEET, 2003). Mendes et al. (2006) explicam que a densidade das partículas é uma
característica intrínseca do solo, dependente apenas dos constituintes da fração sólida do solo
e determinada pela proporção relativa de material mineral e orgânico e suas respectivas
densidades. Santos et al. (2009) estudando os atributos físicos de um Latossolo sob diferentes
coberturas vegetais em Alegre no Espírito Santo, também não observaram diferenças
estatísticas entre as diferentes coberturas. Os autores explicaram que o fato se devia à
densidade de partículas ser um atributo físico estável e concluíram que semelhanças
estatísticas já eram esperadas para este atributo do solo.
90

1.5 Conclusões

Após 24 meses, em ambos os plantios, foram observados indicativos de melhorias de


alguns comportamentos físicos do solo, como diminuição da sua resistência à penetração e
aumento da infiltração de água, e na diminuição da densidade do solo. Sendo, que ambas as
espécies estão atuando de forma semelhante nos atributos físicos estudados.
As diferentes doses de composto estão atuando de forma semelhante nos atributos
físicos do solo e conclui-se que as modificações observadas podem ser atribuídas
principalmente ao preparo diferenciado do solo somados ao desenvolvimento das espécies
arbóreas, em relação à área sem intervenção.
91

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98

CAPÍTULO 2 ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO

Resumo

Uma forma de recuperar os atributos químicos de um solo degradado seria a adição de


compostos com elevados teores de matéria orgânica e nutrientes ao solo. A matéria orgânica é
a principal responsável pela capacidade de troca catiônica dos solos e atua como reservatório
de nutrientes para as plantas, como o cálcio, magnésio e potássio. O objetivo deste estudo foi
quantificar os efeitos da aplicação de um composto orgânico advindo da compostagem de
resíduos da produção de celulose na recuperação de atributos químicos de um solo degradado.
O experimento foi implantado na Fazenda de Ensino e Pesquisa, Campus de Ilha Solteira
(UNESP), localizada no município de Selvíria-MS. O delineamento experimental utilizado foi
o de parcelas subdivididas em blocos ao acaso, com esquema em faixa, com 6 tratamentos e 4
repetições. Os 2 tratamentos nas parcelas principais foram representados pelos plantios do
híbrido Eucalyptus urograndis (eucalipto - espécie exótica) e Mabea fistulifera Mart.
(canudo-de-pito - espécie nativa). Nas subparcelas foram testadas doses do composto e
também a comparação com adução mineral, sendo 6 tratamentos (SI – área sem intervenção;
D0 – sem adubação; DAM – adubação mineral de acordo com a necessidade da cultura; D10 –
adubação com composto de acordo com a necessidade da cultura (10 Mg ha -1); D15 e D20 (15 e
20 Mg ha-1 do composto, respectivamente). Foram quantificados os atributos químicos do
solo em dois anos. No ano de implantação, foram determinados os elementos totais do solo
por fluorescência e ICP – MS e conteúdos de nitrogênio e carbono. Os resultados foram
analisados efetuando-se a análise de variância, correlação simples e teste de Scott-Knott para
comparação de médias e regressão entre as diferentes doses de composto. Conclui-se
composto orgânico advindo de resíduos da extração da celulose promove melhorias nos
atributos químicos da área estudada, com destaque para os teores de P, K, Ca e os valores de
SB, CTC e V%, porém ocorre a elevação do pH em paralelo ao aumento da dose. Até a dose
de 20 Mg ha-1 e em condições semelhantes de solo é seguro utilizar o composto orgânico, pois
não detectados aumentos significativos nos teores de metais pesados no solo após a adição do
composto orgânico, porém deve-se atentar à elevação dos teores de Na no solo.

Palavras chave: Fertilidade do solo. Matéria orgânica. Solo degradado.


99

CHAPTER 2 CHEMICAL ATTRIBUTES OF SOIL

Abstract

One way to recover the chemical attributes of a degraded soil, would be the addition of
compounds with high content of organic matter and nutrients to the soil. Organic matter is
primarily responsible for the cation exchange capacity of the soil and acts as a reservoir of
plant nutrients, such as calcium, magnesium and potassium. The aim of this study was to
quantify the effects of the application of an organic compound arising from the composting of
waste pulp production in the chemical recovery of a degraded soil. The experiment was
carried out at the Teaching and Research Farm, Ilha Solteira Campus (UNESP), located in
Selvíria-MS. The experimental design was a split-plot randomized blocks, with layout on
track, with 6 treatments and 4 replications. The two treatments in main plots were represented
by plantations of Eucalyptus urograndis hybrid (Eucalipto - exotic species) and Mabea
fistulifera Mart. (Canudo-de-pito - native species). Subplots were tested doses of the
compound and also the comparison with mineral water supply, with 6 treatments (SI - area
without intervention; D0 - without fertilization; DAM - mineral fertilizer according to crop
need; D10 - composted manure according the necessity of culture (10 Mg ha -1), D15 and D20
(15 and 20 Mg ha-1 of compost, respectively). Were quantified chemical soil in two years.
year of implementation, the elements were determined total ground fluorescence and ICP -
MS and content of nitrogen and carbon. Results were analyzed by performing the analysis of
variance, correlation and simple test of Scott-Knott to compare means and regression between
the different doses of the compound. We conclude that the organic compound residues arising
from the extraction of cellulose promotes improvements in chemical properties of the studied
area, with emphasis on the contents of P, K, Ca and the values of SB, CTC and V%, but
occurs at elevation pH in parallel with the increase in dose. Even a dose of 20 Mg ha -1 and
similar conditions of soil is safe to use the organic compound, undetected because significant
increases in the levels of heavy metals in soil after addition of organic compost, but must pay
attention to rising levels in the soil.

Key words: Soil fertility. Organic matter. Degraded soil.


100

2.1 Introdução

Uma das etapas na recuperação de um solo degradado é a recuperação dos seus atributos
químicos. Uma das opções para o restabelecimento destes atributos seria a adição de
compostos orgânicos ao solo como fonte de matéria orgânica (MO) e nutrientes.
Na extração da celulose, são gerados grandes quantidades de resíduos com alto teor de
matéria orgânica e nutrientes. Estes resíduos devem ser destinados a um local adequado de
descarte, sendo a compostagem desse material e utilização dos mesmos como fertilizante
orgânico uma opção de destino.
Os resíduos gerados das indústrias de papel e celulose de forma geral apresentam
elevados teores de nutrientes e bases trocáveis. Muitos estudos em áreas de plantios florestais
os têm testados como adubos orgânicos e corretores de pH do solo, sendo observados
resultados promissores desse material na manutenção da fertilidade e correção do pH desses
solos.
Em solos degradados, o restabelecimento do conteúdo de matéria orgânica se torna um
dos maiores desafios, pois os mesmos normalmente possuem valores reduzidos de MO. A
matéria orgânica do solo é responsável por inúmeros benefícios ao solo como substrato para
os microorganismos, manutenção da sua umidade e fertilidade, atua na agregação de suas
partículas, dentre outras características inerentes desse material.
Baseado nos argumentos citados anteriormente, o objetivo deste trabalho foi quantificar
os efeitos da aplicação de um composto orgânico advindo da compostagem de resíduos da
produção de celulose na recuperação de atributos químicos de um solo degradado.
101

2.2 Revisão de Literatura

O reflorestamento de solos degradados, bem como a sustentabilidade das associações


das espécies florestais depende da restauração do nível de fertilidade do solo, sendo, por
conseguinte, imprescindível para a recomposição do ecossistema (NOGUEIRA JUNIOR,
2000). Em solos florestais, a matéria orgânica age como substrato para os microorganismos
do solo e influencia a umidade, a agregação, a resistência e os processos pedogenéticos. Além
disso, ela é uma importante controladora da ciclagem de nutrientes na floresta
(WORREL; HAMPSON, 1997) e constitui-se numa das principais fontes de nitrogênio,
fósforo e enxofre (BRADY, 1999). Porém, em solos altamente degradados, como os de áreas
de empréstimo, os teores de matéria orgânica do solo e nutrientes são muito baixos.
Uma forma de recuperar os atributos químicos de um solo degradado seria a adição de
compostos com elevados teores de matéria orgânica e nutrientes ao solo. A matéria orgânica é
a principal responsável pela capacidade de troca catiônica dos solos (CTC) e atua como
reservatório de nutrientes para as plantas, como o cálcio, magnésio e potássio (SEKI, 1995).
Porém, altos teores de matéria orgânica em compostos não significa, necessariamente, boa
qualidade agronômica do produto ou capacidade de alterar a fertilidade de solos (BARREIRA
et al., 2006). A composição, estabilidade da matéria orgânica e concentração de nutrientes na
matéria seca determinam a capacidade de produtos orgânicos alterarem a fertilidade de solos e
substratos ao serem incorporados a eles (CORRÊA et al., 2006; BERTONCINI et al., 2008).
A matéria orgânica pode ser obtida através do uso de compostos orgânicos. Estes podem
ser produzidos a partir da compostagem de resíduos orgânicos (KIEHL, 2004). A presença de
nutrientes na composição dos resíduos orgânicos permite o uso como fertilizantes, além de
serem reaproveitados como corretivos de acidez do solo além de minimizar os impactos
econômicos e ambientais da disposição final de seus componentes (TRIGUEIRO, 2006).
A indústria de celulose e papel descarta toneladas de resíduos com composição química
variada, recuperando apenas parte dos reagentes envolvidos nos processos de transformação
da madeira em celulose, gerando, assim, diversos resíduos (ALBUQUERQUE et al. 2002).
Nesses processos que envolvem o uso da madeira como fonte de matéria-prima, usualmente
são gerados materiais com alto percentual de matéria orgânica, como a casca, serragem, a
lama de cal, o lodo ativado, dregs, grits e a cinza de caldeira da queima de biomassa, sendo,
portanto, as sobras que ocorrem no processamento mecânico, físico ou químico e que não são
incorporadas ao produto final. O processo químico mais empregado para a produção de
102

celulose de eucalipto é o Kraft, que utiliza sulfeto de hidróxido de sódio como agente químico
ativo (BELLOTE et al., 1998; BARRETTO, 2008).
O lodo ativado é um resíduo orgânico com teores elevados de alguns nutrientes, tendo
potencial para uso como fertilizante e condicionador de solos. Apresenta alto teor de matéria
orgânica e baixos teores de alumínio e sódio. Entretanto, os teores de potássio são muito
baixos e as relações Ca + Mg/K são muito elevadas, havendo a necessidade de
complementação com fertilizante potássico (FABRES et al., 1994).
O dregs e o grits são resíduos sólidos que são coletados separadamente na indústria, mas
acabam sendo misturados e dispostos em aterros industriais (NOLASCO et al., 2000). O
dregs e grits apresentam altas concentrações de cálcio, nas formas de carbonatos e óxidos de
cálcio, sódio e teores baixos de magnésio, fósforo, potássio e metais como Pb, Zn, Cu, Ni e
Cd (PAJARA et al., 2003). O grits, por apresentarem um poder de neutralização equivalente
ao CaCO3 (cerca de 100%) são mais eficientes na correção da acidez do solo do que o dregs,
pois este apresenta um poder de neutralização de aproximadamente 72% (GUERRINI et al.,
2000).
A aplicação de resíduo e cinza aumenta a fertilidade do solo, reduz a concentração de
alumínio e aumenta o conteúdo de matéria orgânica, o que favorece o desenvolvimento da
microbiologia do solo. Estes fatores afetam diretamente a ciclagem de nutrientes e a
disponibilidade dos nutrientes às plantas (BELLOTE et al., 1998). Almeida et al. (2008) ao
estudarem a influência da adição de um resíduo alcalino da indústria de papel e celulose na
lixiviação de cátions em um solo ácido, não observaram lixiviação dos nutrientes K, Ca e Mg.
Os autores concluíram que esse tipo de resíduo poderia ser utilizado como corretivo de acidez
em solos ácidos sem ocasionar efeitos negativos nos atributos químicos e físicos do solo.
Além do mais, com o surgimento de novos sistemas de tratamentos, que reduzem
sensivelmente o potencial poluidor dos resíduos para o uso agrícola, seja como fonte de
nutrientes para as plantas ou como corretivo da acidez do solo, o uso de compostos orgânicos
têm se tornado uma alternativa barata e tecnicamente viável na preservação da qualidade
ambiental (ALMEIDA et al., 2008).
No entanto, ao se recomendar tal utilização, é necessário estudar possíveis alterações
que possam ocorrer nos atributos físicos e químicos do solo, bem como a resposta das plantas
a tais produtos (ALMEIDA et al., 2008), pois existe a preocupação com a contaminação do
solo por metais pesados, sendo Ar, Cd, Co, Cr, Pb, Hg, Mo, Ni, Se e Zn, metais pesados
comumente associados com toxidez ou poluição do solo (NELLESSEN; FLETCHER, 1993).
Por outro lado, Guerra (2007) explica que o setor de celulose e papel não é fonte geradora de
103

metais pesados, pois esta tipologia industrial transforma a madeira em polpa celulósica,
estando presentes, os metais, na estrutura da madeira.
104

2.3 Material e Métodos

2.3.1 Análises químicas do solo realizadas no Brasil

As amostras para análises químicas do solo foram coletadas aleatoriamente, na área útil
de cada tratamento, em ambas as espécies arbóreas estudadas, no mês de fevereiro dos anos
de 2011 e 2012, com o auxílio de trado de caneca (em 5 pontos por parcela para constituir
uma amostra composta). Foram coletadas nas camadas de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e
0,20-0,40 m (Figura 2).
As análises químicas do solo foram realizadas no Laboratório de Fertilidade do Solo, na
Faculdade de Engenharia (UNESP), Campus de Ilha Solteira, de acordo com a metodologia
descrita por Raij e Quaggio (1983) e foram quantificados os teores de fósforo, potássio,
magnésio e cálcio pelo método de extração com resina trocadora de íons. O teor de matéria
orgânica foi determinado pelo método colorimétrico e o pH, em cloreto de cálcio, acidez
potencial (hidrogênio + alumínio) a pH 7,0. Foram calculadas as somas de bases (SB),
capacidade de troca catiônica (CTC) e saturação por bases (V%).

2.3.2 Análises químicas do solo realizadas na Espanha

Uma parte das análises químicas foram realizadas no Laboratório de Análise Estrutural,
da Facultad de Ciencias, na Universidade de Coruña, em La Coruña, Espanha. Para estas
análises (Fluorescência, ICP – MS e Carbono e Nitrogênio totais), em abril de 2010, foram
coletadas aleatoriamente, em área útil, na faixa onde está instalada a espécie Mabea fistulifera
5 amostras simples de solo em cada tratamento para formar 1 amostra composta (Figura 2).
As coletas foram realizadas em quatro camadas de solo (0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e
0,20-0,40 m), que totalizaram 96 amostras. Após a coleta, as amostras foram secas ao ar e
peneiradas em malha de 2,0 mm (terra fina seca ao ar – TFSA).

2.3.2.1 Pré-tratamento das amostras

Antes do início das análises químicas foi necessário realizar preparo inicial das amostras
para se adequarem às exigências técnicas dos equipamentos de análises. Foi necessário que as
amostras de solo fossem padronizadas a uma granulometria ≤ 125 μm. Utilizou-se o moinho
105

de bolas Retsch modelo PM 400 (Figuras 41A e 41B) e peneiras com abertura da malha de
125 µm para a adequação da granulometria das amostras.

Figura 41 - Moinho de bolas Retsch, modelo PM 400 (A); visão


interna do moinho de bolas Retsch, modelo PM 400
(B); recipiente de moagem (C); detalhe do recipiente
com as bolas de moagem (D); solo peneirado à 125
µm (E); solo peneirado, homogeneizado e identificado
(F).

Fonte: Produção do próprio autor.

Para a padronização, pesou-se aproximadamente 45 gramas de TFSA em balança


analítica com precisão de duas casas decimais. O solo foi transferido para os recipientes do
equipamento (Figuras 41C e 41D) e colocado no moinho por 10 minutos à 300 rpm,
transferindo-se o solo moído para a peneira. Repetiu-se o processo de moenda e peneiragem
até que todo o solo passasse pela peneira com abertura da malha de 125 µm (Figura 41E). O
solo foi homogeneizado, identificado e armazenado em sacolas para serem realizadas as
análises (Figura 41F).
106

2.3.2.2 Quantificação do conteúdo de elementos no solo por fluorescência.

A difração de raios x (DRX) é uma das técnicas mais poderosas para análises
qualitativas e quantitativas de fases sólidas cristalinas, tanto orgânicas como inorgânicas, em
amostras em pó, camadas finas ou cristais de uma ampla variedade de materiais (minerais,
rochas, sedimentos, solos, partículas atmosféricas, etc) (UH, 2011).
A espectrometria de fluorescência de raios x é um método rápido e preciso para análises
químicas de elementos majoritários e traços de amostras sólidas e líquidas. Para a
determinação desta análise, utilizou-se o espectrômetro de fluorescência de raios X Bruker S4
Pioneer, que é um equipamento robotizado e automatizado (Figura 42D). Este equipamento
oferece a determinação de forma rápida e fácil das concentrações dos elementos investigados.

Figura 42 - 10 g de solo + 2,5 g de cera C de Hoechst (A); Prensa Herzog (B); Pastilhas de
solo e recipientes do espectrômetro de fluorescência (C); espectrômetro de
fluorescência X Bruker S4 Pioneer (D).

Fonte: Produção do próprio autor.

Nesta análise buscou-se quantificar os elementos: SiO2, Al2O3, Fe2O3, TiO2, MgO, CaO,
P2O5, MnO, ZrO2, K2O, CuO. Para a execução da análise, o solo previamente preparado com
granulometria ≤ 125 μm foi compactado em forma de pastilha (Figura 42C). Para a confecção
das pastilhas, foram pesados 10 g de solo e 2,5 g de cera de C de Hoechst (Figura 42A). Esse
material foi homogeneizado e transferido para uma prensa de confecção específica (Figura
42B) durante 20 segundos à força de 75 kN.
Após prontas, as pastilhas foram transferidas para o espectrômetro de fluorescência
(Figura 42D), onde foram realizadas as medições dos compostos químicos de forma
automatizada. Já a concentração de CO2 foi determinada por perda de massa, para isso, uma
quantidade determinada de solo foi colocado em uma mufla a 975°C, sendo determinada a
concentração de CO2 por diferença de massa.
107

2.3.2.3 Quantificação do conteúdo de elementos no solo por ICP - MS.

Nesta análise foram quantificados por extração os elementos Na, Mg, Al, P, Ca, Mn,
Fe, Ti, V, Cr, Co, Ni, Cu, Zn, Zr, Cd, Hg, Pb. Pesou-se aproximadamente 0,2 g do solo
padronizado à granulometria ≤ 125 μm, colocando-o em tubos especiais de teflon. Adicionou-
se 5 mL de HNO3 destilado e os tubos contendo solo + ácido foram colocados em um extrator
Ultraclave (Figura 43A) para que fossem extraídos os elementos do solo. Em seguida, o
líquido contendo os elementos químicos foi filtrado e colocado no equipamento
TermoFinnigan – Element 2 (Figura 43B) para a quantificação de forma automatizada de cada
elemento investigado.

Figura 43 - Extrator + tubos de teflon Ultraclave (A); equipamento para quantificação de


elementos químicos TermoFinnigan – Element 2 (B).

Fonte: Produção do próprio autor.

2.3.2.4 Carbono e nitrogênio totais

Para as análises de carbono orgânico e nitrogênio, pesou-se aproximadamente 10 – 15


mg da amostra padronizada à granulometria ≤ 125 μm utilizando a microbalança MX-5
(Metter-Tolledo) com precisão de 1 µg (Figura 44A), introduzindo este solo em uma cápsula
de estanho de 9 x 5 mm. As análises do conteúdo de carbono orgânico e nitrogênio foram
realizadas no analisador elemental Flash EA 1112 (ThermoFinnigan) (Figura 44B). Este
equipamento realiza a análise mediante a combustão instantânea em um tubo de quartzo com
temperatura de 1000° C. Os gases resultantes dessa combustão são arrastados por uma
corrente de hélio pra um segundo tubo cheio de cobre e com temperatura de 680° C. Neste
108

local, os óxidos de nitrogênio são reduzidos à N2. Os gases gerados (CO2 e N2) são filtrados,
separados cromatograficamente e detectados por um detector de condutividade térmica.

Figura 44 - Microbalança MX-5 (Metter-Tolledo) com precisão de 1 µg (A); analisador


elemental Flash EA 1112 (ThermoFinnigan) (B).

Fonte: Produção do próprio autor.

2.4 Análise Estatística

Os resultados foram analisados efetuando-se análise de variância, homogeneidade da


variância e teste de Skott-Knott para as comparações das médias no nível de 5 % de
probabilidade. Quando necessário, devido à heterogeneidade das variâncias, os dados
originais foram transformados em , onde x é o valor original obtido. Realizou-se análise de
regressão entre as doses de composto considerando o controle como dose zero mais as doses
de 10, 15 e 20 Mg ha-1, no nível de 5% de probabilidade. O programa computacional utilizado
para a realização das análises estatísticas foi o SISVAR (FERREIRA, 2008).
109

2.5 Resultados e Discussão

2.5.1 Atributos químicos do solo

2.5.1.1 Fósforo (P)

Em 2011, no plantio de Mabea fistulifera os teores de P variaram de 3,3 a 32,8 mg dm-3


nas camadas estudadas, sendo estes valores verificados nas camadas de 0,20-0,40 e 0,0-0,05
m para os tratamentos D10 e D20, respectivamente (Tabela 5).Nas camadas de 0,0-0,05, 0,05-
0,10 e 0,10-0,20 m ocorreram diferenças significativas entre os tratamentos. Nas camadas 0,0-
0,05 e 0,05-0,10 m, os menores valores foram observados nos tratamentos SI, D0 e DAM e
valores intermediários nos tratamentos D10 e D15 e maiores valores no tratamento D20. Na
camada 0,10 - 0,20 m, na dose D20 foram quantificados os maiores teores de P (14,3 mg dm-
3
), diferindo-se significativamente dos demais tratamentos. Para a camada de 0,20-0,40 m não
foi observada diferença significativa entre os tratamentos (Tabela 5).
Neste mesmo ano, no plantio de Eucalyptus urograndis, os valores de P no solo
variaram de 4,0 a 27,5 mg dm-3 e foram observadas diferenças significativas entre os
tratamentos nas camadas 0,0 – 0,05 e 0,05 – 0,10 m (Tabela 5). Na camada de 0,0 – 0,05 m os
menores teores de P foram verificados nos tratamentos SI, D AM e D0 (respectivamente 7,4, 5,3
e 4,7 mg dm-3) diferindo do tratamento D10 que encontrou-se em uma posição intermediária e
diferiu significativamente dos tratamentos D15 e D20 (Tabela 5). Já na camada de 0,05-0,10 m,
constatou-se que os tratamentos SI, DAM e D0 apresentavam teores de P no solo menores que
o grupo de tratamentos D10, D15 e D20, diferindo significativamente do grupo anterior. Nas
camadas 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m, não foram constatadas diferenças significativas entre os
tratamentos (Tabela 5).
Quando foram comparados os teores de P no solo dos plantios de Mabea fistulifera e
Eucalyptus grandis, no primeiro ano de avaliação, foram constatadas diferenças significativas
até a camada de 0,20 m (Tabela 5). De modo geral, o solo com o plantio de eucalipto tendeu a
apresentar menores teores de fósforo no tratamento D 20, quando comparado ao solo do plantio
de canudo-de-pito que pode indicar um consumo maior de fósforo pelo eucalipto (Tabela 5).
Em 2011, no plantio de Mabea fistulifera o modelo que melhor se adequou ao
comportamento dos dados foi o quadrático nas camadas 0,0 – 0,05, 0,05 – 0,10 m e
0,10-0,20 m (Figura 45). No plantio de Eucalyptus urograndis foi observado comportamento
quadrático na camada 0,0 – 0,05 m e linear na camada 0,0 – 0,05 m. Na camada de 0,20 –
110

0,40 m, não foram observados correlações significativas entre a quantidade de composto


adicionado e o teor de P no solo em ambos os plantios. Baseado na análise de regressão, pode-
se observar que o teor de fósforo no solo apresenta um comportamento distinto quando são
comparadas as espécies, este comportamento pode estar relacionado à dinâmica de cada
espécie na utilização deste nutriente, uma vez que as concentrações fósforo no solo
adicionadas através do composto orgânico, teoricamente seriam equivalentes (Figura 45).

Tabela 5 - Teores de fósforo, 12 e 24 meses após a implantação do experimento,


nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m,
Selvíria, MS. SI – sem intervenção; D0 – sem adubação; DAM –
adubação mineral; D10 – adubação com composto na recomendação
da cultura; D15 e D20 – adubação do composto com, respectivamente,
15 e 20 Mg ha-1. (continua).
Fósforo (mg dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 7,4 Ac 7,4 Ac 3,8 Ac* 3,8 Ac
DAM 4,5 Ac 5,3 Ac 4,3 Ac 3,8 Ac
0,0 -0,05

D0 5,5 Ac 4,7 Ac 3,8 Ac 3,0 Ac


D10 10,7 Bb 20,3 Ab 11,0 Ab 6,8 Ac*
D15 13,5 Bb 26,5 Aa 21,8 Aa* 23,8 Ab
D20 32,8 Aa 27,5 Aa 30,5 Aa 37,0 Aa
1
CV 13,76 6,91
2
CV 10,75 20,59
%

3
CV 14,52 17,26 14,52 17,26
SI 4,8 Ac 4,8 Ab 2,8 Ac* 2,8 Ad
DAM 4,5 Ac 5,5 Ab 3,0 Ac 3,8 Ad
0,05 – 0,10

D0 5,0 Ac 4,7 Ab 3,0 Ac 2,7 Ad*


D10 12,3 Ab 13,3 Aa 7,0 Ab* 7,0 Ac*
D15 13,0 Ab 12,7 Aa 6,0 Bb* 13,7 Ab
D20 28,3 Aa 16,0 Ba 14,7 Aa* 18,3 Aa
1
CV 6,97 11,34
2
CV 12,99 13,26
%

3
CV 13,84 12,49 13,84 12,49
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott-
Knott no nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
111

Tabela 5 - Continuação.
Fósforo (mg dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 4,4 Ab 4,4 Aa 2,1 Ab* 2,1 Ac*
DAM 4,7 Ab 4,8 Aa 2,8 Aa 3,8 Ab

0,10 - 0,20
D0 4,0 Ab 4,3 Aa 1,7 Ab* 2,3 Ac*
D10 5,8 Ab 6,3 Aa 3,3 Aa 2,3 Ac*
D15 6,8 Ab 6,3 Aa 3,3 Aa* 3,7 Ab*
D20 14,3 Aa 6,8 Ba 4,0 Ba* 5,5 Aa
1
CV 16,85 8,76
2
CV 16,59 13,78
%

3
CV 20,04 10,05 20,04 10,05
SI 4,1 Aa 4,1 Aa 1,8 Ab* 1,8 Aa*
DAM 5,0 Aa 4,0 Aa 2,0 Ab* 2,8 Aa
0,20 – 0,40

D0 4,3 Aa 4,0 Aa 1,3 Ab* 1,7 Aa*


D10 3,3 Aa 4,0 Aa 1,7 Ab* 2,5 Aa*
D15 4,0 Aa 4,5 Aa 3,0 Aa 2,0 Aa*
D20 5,0 Aa 4,3 Aa 2,3 Aa* 2,3 Aa*
1
CV 10,59 5,48
2
CV 12,41 14,86
%

3
CV 15,22 11,50 15,22 11,50
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott-
Knott no nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Em 2012, no plantio de Mabea fistulifera, os teores de P no solo variaram de 1,3 a


30,5 mg dm-3, sendo verificado interação significativa em todas as camadas estudadas
(Tabela 5). Na camada de 0,0 – 0,05 m os teores de P variaram de 3,8 mg dm-3 nos
tratamentos SI e D0 à 30,5 mg dm-3 no tratamento D20 (Tabela 5). Nesta camada, os menores
teores de P foram constatados nos tratamentos SI, D AM e D0, diferindo-se significativamente
dos demais (Tabela 15). O teor de P no tratamento D 10 comportou-se em uma posição
intermediária, sendo significativamente menor que os tratamentos D 15 e D20 (Tabela 5).
Na camada de 0,05 – 0,10 m os teores de P no solo variaram de 2,8 a 14,7 mg dm-3
respectivamente nos tratamentos SI e D 20 (Tabela 5). Da mesma forma que verificado na
112

camada anterior, os menores teores de P foram constatados nos tratamentos SI, DAM e D0
diferindo significativamente dos demais. Os tratamentos D10 e D15 comportaram-se de forma
intermediária e o maior teor de P foi constatado no tratamento D 20, diferindo-se
significativamente dos demais (Tabela 5).

Figura 45 - Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses do composto,


para os teores de fósforo (P), em 2011, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Na camada de 0,10 – 0,20 m os teores de P no solo variaram de 1,7 a 4,0 mg dm-3 nos
tratamentos D0 e D20, respectivamente (Tabela 5). Os tratamentos SI, D0 e D20 apresentaram
teores de P significativamente menores que os tratamentos D AM, D10 e D15 (Tabela 5). Já na
camada de 0,20 – 0,40 m, os teores de P variaram de 1,3 m dm-3 no tratamento D0
3,0 mg dm-3 no tratamento D15 (Tabela 5). Verificou-se que os tratamentos D15 e D20
113

apresentaram teores de P no solo significativamente superiores aos tratamentos SI, D AM, D0 e


D10 (Tabela 5).
No plantio de Eucalyptus urograndis, neste segundo ano de avaliação, os valores de P
no solo variaram de 37,0 a 1,7 mg dm3. Foram constatadas diferenças significativas entre os
tratamentos até a camada de 0,20 m (Tabela 5). Na camada 0,0 – 0,05 m, os teores de P no
solo variaram de 3,8 a 37 mg dm3 nos tratamentos SI e D20, respectivamente (Tabela 5). Nesta
camada, os menores teores de P no solo foram verificados no grupo de tratamentos SI, DAM,
D0 e D10, diferindo-se significativamente dos demais tratamentos. O tratamento D 15 ocupou
uma posição intermediária e o maior valor de P no solo foi observado no
tratamento D20 (Tabela 5).
Na camada 0,05 – 0,10 m, os teores de P variaram de 2,7 mg dm-3 no tratamento D0 a
18,3 mg dm-3 no tratamento D20 (Tabela 5). Nesta camada observou-se que o grupo SI, DAM e
D0 possuía menor teor de P quando comparado ao tratamento D10, este por sua vez,
apresentou valores de P significativamente menores que o tratamento D 15, que foi
significativamente menor que o tratamento D20 (Tabela 5).
Na camada 0,10 – 0,20 m, da mesma forma que observado para as camadas anteriores, o
tratamento com maior teor de P no solo foi o que recebeu 20 Mg ha-1 do composto orgânico,
diferindo-se significativamente dos demais. Nos tratamentos SI, D 0 e D10, foram constatados
menores valores de P e valores intermediários foram observados nos
tratamentos DAM e D15 (Tabela 5).
Neste segundo ano de avaliação, no plantio de Mabea fistulifera, verificou-se correlação
linear entre as diferentes doses de composto adicionado ao solo e o teor de P até a camada de
0,10 m e quadrática nas demais camadas (Figura 46). Já nas áreas de plantio de Eucalyptus
urograndis, também foram observadas correlação linear na camada 0,05 – 0,10 m e
quadráticas nas camadas 0,00 – 0,05 e 0,10 – 0,20 m (Figura 46). Na camada de 0,20-0,40 m,
não foram constatados interações significativas entre a adição de diferentes doses de
composto e o teor de P no solo no plantio de Eucalyptus urograndis em 2012 (Figura 46). Da
mesma forma que observado no ano anterior, foi verificado a existência de comportamentos
diferenciados do teor de fósforo no solo à medida em que se aumentaram a adição de
composto orgânico, quando são comparadas as duas espécies (Figura 46).
Quando foram comparados os dois períodos de avaliação na área de plantio de Mabea
fistulifera, houve interação significativa nas quatro camadas estudadas (Tabela 5). De forma
geral, os teores de P no solo em 2012 foram menores que os observados em 2011 (Tabela 5).
Na camada de 0,0 – 0,05 m, os teores de P nos tratamentos SI e D 15, diferiram-se
114

significativamente em relação aos teores de 2011, sendo constatado que os teores de P eram
menores no tratamento SI e maiores no tratamento D 15 (Tabela 5).

Figura 46 - Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses do composto,


para os teores de fósforo (P), em 2012, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram

transformados em para análise estatística.


Fonte: Produção do próprio autor.
115

Na camada 0,05 – 0,10 m, em 2012, os teores de P eram significativamente menores nos


tratamentos SI, D10, D15 e D20 em relação aos valores observados em 2011 (Tabela 5). Nos
demais tratamentos (DAM e D0), apesar de não terem sido constatadas diferenças
significativas, observou-se uma tendência a menores teores de P no solo quando comparados
aos teores verificados em 2011 (Tabela 5). Na camada 0,10 – 0,20 m, em 2012, os teores de P
dos tratamentos SI, D0, D15 e D20 foram significativamente menores que os observados em
2011. Já na camada 0,20 – 0,40 m, apenas não se verificou diferença significativa no
tratamento D15, nos demais tratamentos, em 2012 os teores de P no solo foram menores que
os constatados em 2011 (Tabela 5).
Um comportamento semelhante foi observado quando foram comparados os teores de
fósforo no solo do plantio de Eucalyptus urograndis entre os dois períodos de avaliação
(Tabela 5). De forma geral, os teores desse nutriente no solo tenderam a ser menores no ano
de 2012, sendo observada diferença significativa em todas as camadas estudadas (Tabela 5).
Na camada de 0,0 – 0,05 m, os teores de P foram significativamente menores em 2012 no
tratamento D10. Na camada de 0,05 – 0,10 m foram constatados menores teores de P nos
tratamentos D0 e D10 (Tabela 5). Quando se avaliou a camada de 0,10 – 0,20 m, constatou-se
que os teores de P nos tratamentos SI, D0, D10 e D15 foram significativamente menores em
2012 quando comparados com os valores de 2011. Já na camada 0,20 – 0,40 m, o teor de P foi
significativamente menor em 2012 nos tratamentos SI, D0, D10, D15 e D20 (Tabela 5). A
diminuição do teor desse nutriente no solo provavelmente é resultado desenvolvimento da
vegetação no local, ou seja, ao crescerem, as plantas absorvem e incorporam esse nutriente em
suas estruturas. Além disso, devem ser levadas em consideração as possíveis perdas de
fósforo no solo pela adsorção e decomposição do material orgânico adicionado.
Os teores de P no solo de forma geral variaram de muito baixo (0 a 5 mg dm-3) a
normais (15 a 20 mg dm-3) (SOUSA; LOBATO, 2004). Em uma análise geral, pode-se
observar que a adição do composto orgânico teve maior eficácia na elevação dos teores de P
no solo até a camada de 0,10 m (Tabela 5).
Ao estudar o efeito de resíduos de indústria de celulose e papel na fertilidade do solo e
desenvolvimento de eucalipto em casa de vegetação em um solo Neossolo Quartzarênico
Barreto (2008) observou um comportamento semelhante ao deste trabalho. Após 120 dias, o
autor verificou aumento de teor de P significativo de 5 para 16 mg dm-3 com a adição do
composto, sendo este aumento linear em função das diferentes doses utilizadas. De acordo
com o autor, o aumento na disponibilidade de P no solo deve-se à presença do nutriente no
composto e devido ao aumento do valor de pH (Tabela 11).
116

O aumento do pH do solo até próximo a 7,0 propicia maior disponibilidade de P, uma


vez que, em condições ácidas, ocorre reação do H 2PO4- com as formas iônicas de Fe e Al,
formando compostos de baixa solubilidade, além de maior adsorção do ânion por óxidos de
Fe e Al presentes na fase sólida (NOVAIS; SMYTH, 1999). Ao utilizar resíduos industriais
de fábrica de celulose e papel em plantios de eucalipto, Guerrini (2003), constatou que a
aplicação de compostos orgânicos de resíduos de celulose foram responsáveis pela elevação
dos teores de P do solo aos 3 e 6 meses após o plantio.

2.5.1.2 Potássio (K)

Em 2011, no plantio de Mabea fistulifera, os teores de potássio no solo variaram de 0,3


a 1,9 mmolc dm-3 nas camadas de 0,20-0,40 e 0,0-0,05 m para área SI e o tratamento D10,
respectivamente. Na camada 0,0-0,05 m não foram observadas diferenças significativas entre
os tratamentos. Nas camadas 0,05-0,10 e 0,10-0,20 m, os tratamentos que receberam
adubação de composto apresentaram teores de K superiores aos demais. Na camada
0,20-0,40 m, o menor teor potássio foi observado no tratamento SI, já os demais tratamentos
não diferiram entre si (Tabela 6).
No plantio de Eucalyptus urograndis, os teores de K no solo variaram de 1,8 a
0,3 mmolc dm-3. Constataram-se diferenças significativas entre os diferentes tratamentos nas
0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m. Nas camadas 0,05 – 0,10 e 0,10 – 0,20 m, maiores
valores foram observados nos tratamentos D10, D15 e D20, diferindo-se significativamente dos
tratamentos SI, DAM e D0. Na camada de 0,20 – 0,40 m, o teor de K variou de 0,3 a
0,9 mmolc dm-3, sendo menores teores desse nutriente nos tratamentos SI e D 10, diferindo-se
significativamente dos tratamentos DAM, D10, D15 e D20 (Tabela 6).
Ao serem observadas as respostas deste nutriente no solo à adição de diferentes
quantidades de composto, verificou-se que em 2011, no plantio de Mabea fistulifera, houve
efeito significativo até a camada de 0,20 m (Figura 47).
Até a camada de 0,10 m os teores de potássio ajustaram-se ao modelo quadrático e na
camada 0,10-0,20 m, foi verificado um modelo linear (Figura 47). No plantio de Eucalyptus
urograndis, verificaram-se correlações quadrática na camada de 0,05 - 0,10 m e linear nas
camadas 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m (Figura 47).
Em 2012, os teores de K no solo variaram de 2,1 a 0,2 mmolc dm-3 no plantio de Mabea
fistulifera. Constataram-se diferenças significativas entre os tratamentos nas camadas 0,0-0,05
e 0,20 – 0,40 m. Na primeira, os maiores valores de K foram observados nos tratamentos D0,
117

D10, D15 e D20, diferindo-se significativamente dos tratamentos SI e DAM. Já na camada de


0,20 – 0,40 m, os menores valores foram verificados nos tratamentos SI e D 0, diferindo-se
significativamente dos demais tratamentos (Tabela 6).

Tabela 6 - Teores de potássio, 12 e 24 meses após a implantação do


experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e
0,20 – 0,40m, Selvíria, MS. SI – sem intervenção; D0 – sem
adubação; DAM – adubação mineral; D10 – adubação com composto
na recomendação da cultura; D15 e D20 – adubação do composto
com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha -1 (continua).
Potássio (mmolc dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 1,5 Aa 1,5 Aa 1,2 Ab 1,2 Ab
DAM 1,5 Aa 1,4 Aa 1,3 Ab 1,5 Ab
0,0 -0,05

D0 1,3 Aa 1,2 Aa 1,6 Aa 1,3 Ab


D10 1,9 Aa 1,7 Aa 1,7 Aa 2,1 Aa
D15 1,8 Aa 1,8 Aa 2,1 Aa 1,5 Ab
D20 1,5 Aa 1,5 Aa 1,9 Aa 2,1 Aa
1
CV 13,00 13,42
2
CV 13,56 12,29
%

3
CV 13,43 12,39 13,43 12,39
SI 0,8 Ab 0,8 Ab 0,7 Aa 0,7 Ab
DAM 0,8 Ab 1,0 Ab 0,9 Ba 1,7 Aa*
0,05 – 0,10

D0 0,9 Ab 0,8 Ab 1,0 Aa 0,9 Ab


D10 1,5 Aa 1,4 Aa 1,1 Aa 1,4 Aa
D15 1,3 Aa 1,6 Aa 1,4 Aa 0,9 Bb*
D20 1,2 Aa 1,4 Aa 1,4 Aa 1,3 Aa
1
CV 14,87 15,46
2
CV 12,20 14,96
%

3
CV 13,23 14,03 13,23 14,03
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

No plantio de Eucalyptus urograndis, em 2012, foram constatadas diferenças


significativas entre os tratamentos nas quatro camadas estudadas. Os teores de K variaram de
118

2,1 a 0,2 mmolc dm-3. Na camada de 0,0 – 0,05 m, os maiores teores de K foram observados
nos tratamentos D10 e D20. Nas camadas de 0,05 – 0,10 e 0,10 – 0,20 m, maiores valores de K
foram constatados nos tratamentos DAM, D10 e D20. Na camada de 0,20 – 0,40 m, o menor teor
de K foi observado no tratamento SI, valores intermediários nos tratamentos D 0 e D20 e
maiores valores nos tratamentos DAM, D10 e D15 (Tabela 6).

Tabela 6 - Continuação.
Potássio (mmolc dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 0,5 Ab 0,5 Ab 0,4 Aa 0,4 Ab
DAM 0,8 Ab 0,7 Ab 0,7 Aa 1,0 Aa
0,10 - 0,20

D0 0,8 Ab 0,5 Ab 0,5 Aa 0,5 Ab


D10 1,0 Aa 1,0 Aa 0,5 Ba 1,0 Aa
D15 1,0 Aa 1,1 Aa 0,8 Aa 0,7 Ab
D20 1,2 Aa 1,1 Aa 1,0 Aa 0,9 Aa
1
CV 24,72 17,91
2
CV 15,44 22,35
%

3
CV 16,78 20,69 16,78 20,69
SI 0,3 Ab 0,3 Ab 0,2 Ab 0,2 Ac
DAM 0,7 Aa 0,5 Aa 0,7 Aa 1,0 Aa*
0,20 – 0,40

D0 0,8 Aa 0,4 Bb 0,3 Ab* 0,5 Ab


D10 1,1 Aa 0,7 Ba 0,6 Aa* 0,8 Aa
D15 0,8 Aa 0,6 Aa 0,6 Aa 0,6 Aa
D20 1,0 Aa 0,9 Aa 0,8 Aa 0,5 Ab*
CV1 16,96 18,66
2
CV 17,25 22,28
%

3
CV 18,78 20,63 18,78 20,63
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Em 2012, no plantio de Mabea fistulifera, só houve correlação significativa linear na


camada 0,20 – 0,40 m. Já no plantio de Eucalyptus urograndis, verificaram-se correlações
lineares na camada de 0,0 – 0,05 m e quadrática na camada de 0,20 – 0,40 m (Figura 48).
119

Barreto (2008) também observou comportamento linear no teor de K no solo à medida em que
se aumentavam as doses de composto orgânico adicionado.
Quando analisado os teores de K no solo para os tratamentos com as duas espécies,
arbóreas estudadas, verificou-se comportamento similar nos dois períodos de avaliação. Ao
serem comparados os períodos de avaliação, dentro de cada espécie, também se observou
comportamento similar do teor desse nutriente no solo (Tabela 6). Os teores de K no solo
estão variando de baixo (inferiores a 15 mmol c dm-3 ) a médio (16 a 30 mmolc dm-3)
(SOUSA; LOBATO, 2004).

Figura 47 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses do composto, para
os teores de potássio (K), em 2011, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram

transformados em para análise estatística.


Fonte: Produção do próprio autor.
120

Observa-se que de forma geral os valores de K no solo nos tratamentos SI, D 0 e DAM
estão diminuindo em profundidade, já os tratamentos que receberam composto orgânico
tendem a manter o valor constante até a camada de 0,20 m. Este comportamento
provavelmente está relacionado à forma de aplicação do composto ao solo, pois o mesmo foi
incorporado ao solo em área total até a camada de 0,40 m.

Figura 48 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses do composto, para
os teores de potássio (K), em 2012, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram

transformados em para análise estatística.


Fonte: Produção do próprio autor.

2.5.1.3 Cálcio (Ca)

Em 2011, no plantio de Mabea fistulifera, o teor de cálcio no solo variou de 100 a


6,4 mmolc dm-3, sendo constatadas diferenças significativas entre os tratamentos nas quatro
camadas estudadas (Tabela 7). Nas camadas 0,0 – 0,05 e 0,05 – 0,10 m, os maiores teores de
cálcio foram quantificados no tratamento D20 diferindo-se significativamente dos demais. Os
tratamentos que receberam 10 e 15 Mg ha -1 de composto orgânico, ocuparam uma posição
intermediária e os menores teores de cálcio no solo foram constatados nos tratamentos SI,
DAM e D0 (Tabela 7).
121

Tabela 7 - Teores de cálcio, 12 e 24 meses após a implantação do experimento,


nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m,
Selvíria, MS. SI – sem intervenção; D0 – sem adubação; D AM –
adubação mineral; D10 – adubação com composto na recomendação
da cultura; D15 e D20 – adubação do composto com, respectivamente,
15 e 20 Mg ha-1 (continua).
Cálcio (mmolc dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 11,5 Ac 11,5 Ab 8,8 Ac 8,8 Ad
DAM 9,8 Ac 8,0 Ab 11,5 Ac 10,5 Ad
0,0 -0,05

D0 8,0 Ac 7,7 Ab 11,0 Ac 10,7 Ad


D10 35,0 Ab 42,0 Aa 29,3 Ab 27,0 Ac
D15 34,0 Bb 56,3 Aa 39,5 Ab 56,7 Ab
D20 100,0 Aa 53,7 Ba 91,8 Aa 93,5 Aa*
1
CV 22,07 10,15
2
CV 17,81 22,13
%

3
CV 21,21 18,99 21,21 18,99
SI 8,1 Ac 8,1 Ac 9,0 Ac 9,0 Ad
DAM 11,0 Ac 8,3 Ac 10,8 Ac 11,0 Ad
0,05 – 0,10

D0 8,8 Ac 7,7 Ac 9,3 Ac 10,3 Ad


D10 42,5 Ab 44,8 Ab 25,8 Ab 19,0 Ac*
D15 31,0 Ab 38,7 Ab 29,5 Bb 42,5 Ab
D20 64,3 Aa 61,3 Aa 36,0 Ba 58,3 Aa
1
CV 3,87 12,53
2
CV 19,40 11,14
%

CV3 13,22 18,43 13,22 18,43


Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott-
Knott no nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Na camada 0,10 – 0,20 m, os teores de cálcio no solo variaram de 6,4 mmolc dm3 no
tratamento SI a 23,7 mmolc dm-3 no tratamento que recebeu 20 Mg ha -1 do composto.
Verificou-se nesta camada de solo que o grupo de tratamentos que receberam composto
orgânico como forma de adubação (D10, D15 e D20) apresentavam teores de cálcio no solo
significativamente maiores que os tratamentos SI, D AM e D10 (Tabela 7). Na camada de 0,20 –
0,40 m, os teores de cálcio oscilaram de 6,4 a 11,8 mmolc dm-3 nos tratamentos SI e
122

D20, respectivamente. Verificou-se que o teor de cálcio nos tratamentos D AM, D10, D15 e D20
era estatisticamente maior que os tratamentos SI e D0 (Tabela 7).

Tabela 7 - Continuação.
Cálcio (mmolc dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 6,4 Ab 6,4 Ab 6,5 Ab 6,5 Ac
DAM 8,8 Ab 7,5 Ab 10,8 Ab 7,3 Ac
0,10 - 0,20

D0 7,8 Ab 7,3 Ab 8,0 Ab 5,7 Ac


D10 19,8 Aa 14,8 Aa 18,0 Aa 16,0 Ab
D15 20,8 Aa 19,3 Aa 20,0 Aa 17,7 Ab
D20 23,7 Aa 18,3 Aa 18,0 Ba 29,0 Aa*
1
CV 8,89 10,85
2
CV 13,71 16,83
%

3
CV 13,39 17,26 13,39 17,26
SI 6,4 Ab 6,4 Aa 5,1 Ac 5,1 Aa
DAM 8,7 Aa 5,8 Ba 8,0 Ab 6,0 Aa
0,20 – 0,40

D0 6,5 Ab 6,3 Aa 7,3 Ab 6,0 Aa


D10 9,5 Aa 6,3 Ba 11,0 Aa 6,3 Ba
D15 9,3 Aa 6,8 Ba 12,3 Aa 6,7 Ba
D20 11,8 Aa 8,8 Ba 9,0 Ab 9,0 Aa
1
CV 6,42 8,27
2
CV 11,43 11,93
%

3
CV 11,29 12,12 11,29 12,12
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Em 2011, no plantio de Eucalyptus urograndis, os teores de cálcio no solo variaram de


5,8 a 61,3 mmolc dm-3, sendo constatada diferença significativa entre os tratamentos até a
camada de 0,20 m (Tabela 7). Nas camadas de 0,0 – 0,05 e 0,10 - 0,20 m, os teores de cálcio
no solo apresentaram comportamento semelhantes, com maiores teores observados nos
tratamentos D10, D15 e D20, diferindo-se significativamente dos tratamentos SI, D AM e
D0 (Tabela 7). Na camada 0,05 – 0,10 m, os menores teores de cálcio foram encontrados nos
123

tratamentos SI, DAM e D0, diferindo-se dos tratamentos D10 e D15, com valores intermediários
e os maiores teores de cálcio, sendo no tratamento D20 (Tabela 7).
Em 2011, no plantio de Mabea fistulifera, houve interação significativa quadrática na
camada 0,00 – 0,05 m e linear nas camadas 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m. No
plantio de eucalipto, os dados se enquadravam ao modelo quadrático na camada 0,00 – 0,05 m
e linear nas camadas 0,05 – 0,10 e 0,10 - 0,20 m (Figura 49).
No segundo ano de avaliação do solo, no plantio de Mabea fistulifera, os teores de
cálcio no solo variaram de 5,1 a 91,8 mmolc dm3 (Tabela 7). Da mesma forma que observado
no ano anterior, foram constatadas diferenças significativas entre os tratamentos nas
diferentes camadas de solo estudadas (Tabela 7). Nas camadas 0,0 – 0,05 e 0,05 – 0,10 m, o
comportamento dos tratamentos foram semelhantes ao de 2011, com maiores teores de cálcio
no tratamento D20, valores intermediários nos tratamentos D10 e D15 e menores teores nos
tratamentos SI, DAM e D0 (Tabela 7).
Na camada de 0,10 – 0,20 m, os teores de cálcio no solo variaram de 6,5 mmolc dm-3 na
área sem intervenção a 20 mmolc dm-3 na área onde foram adicionados 15 Mg ha -1 do
composto orgânico. Nesta camada, o comportamento do cálcio no solo também foi
semelhante ao observado em 2011, com maiores valores nos tratamentos que receberam
composto orgânico, diferindo-se significativamente dos demais (Tabela 7). Verificaram-se
valores variando de 5,1 a 12,3 mmolc dm-3 na camada de 0,20 – 0,40 m (Tabela 7). Nesta
camada, os maiores teores de cálcio no solo foram constatados nos tratamentos D 10 e D15,
valores intermediários nos tratamentos DAM, D10 e D20 e menores valores no tratamento SI
(Tabela 7).
Quando foram comparadas as espécies dentro de cada ano, verificou-se que no ano de
2011, na camada 0,20 – 0,40 m, o teor de cálcio no solo foi significativamente menor no
plantio de Eucalyptus urograndis nos tratamentos DAM, D10, D15 e D20. Nas demais camadas,
o comportamento desse nutriente no solo foi semelhante nos dois plantios (Tabela 7).
No ano de 2012, o teor de cálcio no solo também apresentou um comportamento
semelhante, quando foram comparadas as duas espécies (Tabela 7). Por ser uma espécie de
rápido desenvolvimento, é possível que o sistema radicular do eucalipto tenha se
desenvolvido em uma profundidade superior à do canudo-de-pito, absorvendo também o
cálcio disponível na camada 0,20 – 0,40 m. Já nas demais camadas, houve a absorção de
cálcio de forma similar entre as espécies, dessa forma explicando uma concentração
semelhante de cálcio no solo entre as duas espécies.
124

Figura 49 - Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de composto, para
os teores de cálcio do solo (Ca), em 2011, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Quando foram comparados os dois períodos de avaliação (2011 e 2012), em ambos os


plantios, os teores de cálcio no solo tenderam a permanecer inalterados. Em 2012, no plantio
de Mabea fistulifera foram constatadas interações lineares entre o teor de cálcio no solo e as
diferentes doses de composto adicionadas até a camada de 0,20 m e na camada de
125

0,20-0,40 m, observou-se comportamento quadrático, com máximo teor de cálcio no solo


quando se adicionou 11,57 Mg ha-1 do composto orgânico (Figura 50). No plantio de
Eucalyptus urograndis, as interações foram significativas e lineares até a camada de 0,20 m
(Figura 50).

Figura 50 - Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de composto, para
os teores de cálcio do solo (Ca), em 2012, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram

transformados em para análise estatística.


Fonte: Produção do próprio autor.
126

Os teores de Ca no solo variaram de baixo (menores que 15 mmolc dm-3) a alto (maiores
que 70 mmolc dm-3), sendo que de forma geral, até a camada de 0,20 m, os tratamentos que
receberam composto orgânico apresentaram-se com teores de Ca na faixa adequada (15 a 70
mmolc dm-3) (SOUSA; LOBATO, 2004). Ao estudar o efeito da calagem superficial com
resíduo alcalino da indústria de papel e celulose em um Cambissolo Húmico Alumínico
altamente tamponado, Medeiros et al. (2009) encontraram resultado semelhante ao deste
estudo. Os autores observaram aumento linear dos teores de Ca em função do resíduo alcalino
adicionado (2,62, 5,25 e 10,5 Mg ha -1). Os autores concluíram que este resultado se devia ao
elevado teor de Ca que normalmente predomina nos resíduos provenientes do processo de
extração da celulose.Barreto (2008) também verificou aumento no teor de Ca no solo em
função do aumento das doses de composto adicionadas. O autor concluiu que o aumento desse
nutriente no solo estava relacionado à alta concentração desse elemento nos resíduos
utilizados.

2.5.1.4 Magnésio (Mg)

No plantio de Mabea fistulifera, no primeiro ano de avaliação, o teor de Mg variou de


4,5 a 12,5 mmolc dm-3 nas camadas 0,10-0,20 e 0,0-0,05 m no tratamento SI e no tratamento
D20, respectivamente (Tabela 8). Na camada 0,0-0,05 m os maiores teores de Mg foram
constatados nos tratamentos D10 e D20, diferindo significativamente dos tratamentos SI, D 0,
DAM e D15 (Tabela 8). Na camada 0,05 - 0,10 m, os teores Mg no solo variaram de 5,9 a
11,0 cmolc dm-3 nos tratamentos SI e D20, respectivamente. Nesta camada, os maiores valores
de Mg foram verificados nos tratamentos que receberam o composto orgânico, diferindo-se
significativamente dos demais. Já na camada 0,10- 0,20 m, os maiores teores de Mg foram
verificados nos tratamentos D10 e D20, diferindo-se significativamente dos tratamentos SI, D 0,
DAM e D15. Não foi observada diferença significativa entre os tratamentos na camada e 0,20-
0,40 m (Tabela 8).
No plantio de Eucalyptus urograndis, em 2011, os teores de Mg no solo variaram de
12,3 a 4,3 cmolc dm-3 (Tabela 8). Da mesma forma que observado no plantio de Mabea
fistulifera, só foram verificados efeitos significativos até a camada de 0,20 m (Tabela 8). Nas
camadas de 0,0 – 0,05 e 0,05 – 0,10 m os tratamentos que receberam composto orgânico
como fonte de nutrientes, apresentaram teores superiores de magnésio no solo, diferindo
significativamente dos demais (Tabela 8). Na camada de 0,10 – 0,20 m, os teores desse
nutriente variaram de 4,5 mmolc dm-3 na área sem intervenção a 10,3 mmolc dm-3 na área que
127

recebeu 20 Mg ha-1 de composto orgânico como fonte de nutrientes. Nesta camada, que os
teores de magnésio nos tratamentos D10 e D20 eram significativamente superiores aos
tratamentos SI, DAM, D0 e D15 (Tabela 8).

Tabela 8 - Teores de magnésio, 12 e 24 meses após a implantação do


experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e
0,20 – 0,40 m, Selvíria, MS. SI – sem intervenção; D0 – sem
adubação; DAM – adubação mineral; D10 – adubação com composto
na recomendação da cultura; D15 e D20 – adubação do composto
com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha -1 (continua).
Magnésio (mmolc dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 7,7 Ab 7,7 Ab 8,6 Aa 8,6 Ab
DAM 7,8 Ab 7,5 Ab 9,8 Aa 9,3 Ab
0,0 -0,05

D0 7,3 Ab 7,0 Ab 9,3 Aa 10,3 Ab*


D10 10,5 Aa 10,3 Aa 10,8 Aa 13,0 Ab
D15 9,0 Ab 11,3 Aa 11,5 Aa 11,7 Ab
D20 12,5 Aa 12,3 Aa 10,5 Ba 23,3 Aa*
1
CV 13,30 11,72
2
CV 11,33 12,99
%

3
CV 12,76 11,83 12,76 11,83
SI 5,9 Ab 5,9 Ab 7,9 Aa 7,9 Aa
DAM 7,5 Ab 7,5 Ab 12,5 Aa 10,0 Aa
0,05 – 0,10

D0 7,3 Ab 6,3 Ab 8,3 Aa 10,0 Aa*


D10 9,8 Aa 11,8 Aa 10,3 Aa 10,8 Aa
D15 9,0 Aa 11,3 Aa 12,0 Aa 10,0 Aa
D20 11,0 Aa 11,0 Aa 10,3 Aa 13,0 Aa
1
CV 13,01 16,13
2
CV 12,27 16,00
%

3
CV 14,95 13,89 14,95 13,89
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Em 2012, no plantio de Mabea fistulifera, os teores de magnésio no solo variaram de


11,5 mmolc dm-3 no tratamento D15 da camada de 0,0 – 0,05 m a 4,5 mmolc dm-3 na área sem
128

intervenção da camada de 0,20 – 0,40 m (Tabela 8). Nesta segunda avaliação, apenas foram
verificadas diferenças significativas entre os tratamentos nas camadas mais subsuperficiais
(0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m). Na camada de 0,10 – 0,20 m, os maiores teores de magnésio
foram observados nos tratamentos DAM e D15 (10,3 e 11,5 mmolc dm-3), diferindo-se
significativamente dos tratamentos SI, D0, D10 e D20 (Tabela 8). Na camada de 0,20 – 0,40 m,
foram observados teores de magnésio com valores de 4,5 mmol c dm-3 na área sem intervenção
a 9,0 mmolc dm-3 na área que recebeu 15 Mg ha -1 do composto. Nesta camada, os maiores
teores de Mg foram verificados nos tratamentos D AM, D10 e D15, diferindo-se
significativamente dos tratamentos SI, D0 e D20 (Tabela 8).

Tabela 8 - Continuação.
Magnésio (mmolc dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 4,5 Ab 4,5 Ab 6,1 Ab 6,1 Ab
DAM 7,3 Ab 7,0 Aa 10,3 Aa 9,0 Aa
0,10 - 0,20

D0 6,8 Ab 5,7 Ab 7,7 Ab 6,7 Ab


D10 11,3 Aa 7,8 Aa 7,8 Ab 9,3 Aa
D15 8,0 Ab 9,0 Aa 11,5 Aa 9,3 Aa
D20 10,3 Aa 8,3 Aa 8,0 Ab 9,5 Aa
1
CV 7,65 10,11
2
CV 15,18 12,21
%

3
CV 14,26 13,04 14,26 13,04
SI 4,5 Aa 4,5 Aa 4,5 Ab 4,5 Aa
DAM 5,3 Aa 4,8 Aa 7,0 Aa 6,0 Aa
0,20 – 0,40

D0 5,5 Aa 4,3 Aa 6,3 Ab 7,0 Aa*


D10 6,5 Aa 4,5 Aa 7,7 Aa 6,8 Aa
D15 6,3 Aa 5,0 Aa 9,0 Aa 6,0 Ba
D20 5,8 Aa 5,5 Aa 5,8 Ab 6,0 Aa
1
CV 8,21 9,02
2
CV 15,49 13,32
%

3
CV 12,16 16,51 12,16 16,51
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
129

No plantio de Eucalyptus urograndis, em 2012, os valores de magnésio no solo


variaram de 23,3 a 4,5 mmolc dm-3 (Tabela 8). Foram constatadas diferenças significativas
entre os diferentes tratamentos nas camadas 0,0 – 0,05, 0,10 – 0,20 m. Nas camadas 0,05 –
0,10 e 0,20 – 0,40 m, não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos
estudados (Tabela 8). Na camada de 0,0 – 0,05 m, os teores de magnésio oscilaram de
23,3 mmolc dm-3 no tratamento D20 a 8,6 mmolc dm-3 no tratamento SI. Nesta camada, os
maiores teores de magnésio foram constatados no tratamento D 20, diferindo-se
significativamente dos demais tratamentos (Tabela 8). Na camada 0,10 – 0,20 m, os teores de
magnésio oscilaram de 6,1 a 9,5 mmolc dm-3 (SI e D20, respectivamente), sendo constatado
que os tratamentos SI e D0 apresentavam teores de magnésio significativamente menores que
os tratamentos DAM, D10, D15 e D20 (Tabela 8). Os teores de Mg encontram-se na faixa
adequada (5 a 20 mmolc dm-3 e acima de 5 mmolc dm-3 para camadas abaixo de
0,20 m) (SOUSA; LOBATO, 2004).
Em 2011, com a adição de diferentes doses, verificou-se no plantio de Mabea
fistulifera, resposta linear nas camadas 0,00-0,05 e 0,05-0,10 m (Figura 51) e em 2012,
apenas foi verificado interação quadrática na camada 0,20 – 0,40 m, com máximo teor de Mg
no solo quando fosse adicionado 10,03 Mg ha -1 do composto orgânico (Figura 52). No plantio
de Eucalyptus urograndis, no primeiro ano de avaliação, verificaram-se relações lineares nas
camadas 0,0 – 0,05 e 0,10 – 0,20 e quadrática na camada 0,10 – 0,20 m (Figura 21). Em
2012, foram observadas interação quadrática na camada 0,0 – 0,05 m e linear na camada 0,05
– 0,10 m (Figura 52).
Quando comparados os teores de magnésio na área de plantio das duas espécies, dentro
de cada ano de avaliação, verificou-se que de forma geral, o teor desse nutriente encontrava-
se semelhante em ambos os plantios (Tabela 8). Quando comparados os teores de magnésio
no solo entre os dois períodos de avaliação, verificou-se que de forma geral houve a
manutenção dos teores desse nutriente no solo (Figura 8).
130

Figura 51 - Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de composto, para
os teores de magnésio no solo (Mg), em 2011, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram

transformados em para análise estatística.


Fonte: Produção do próprio autor.
131

Figura 52 - Respostas significativas para a Regressão entre diferentes doses de composto, para
os teores de magnésio no solo (Mg), em 2012, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram

transformados em para análise estatística.


Fonte: Produção do próprio autor.

2.5.1.5 Matéria orgânica (MO)

Em ambos os plantios e períodos de avaliação, não foram observadas diferenças


significativas entre tratamentos e espécies nas diferentes camadas estudadas para o teor de
matéria orgânica no solo (Tabela 9). Em 2011, de forma geral, os valores de matéria orgânica
no solo variaram de 17,3 g dm-3 nas áreas sem intervenção dos plantios de M. Fistulifera e E.
urograndis a 7,3 g dm-3 nos tratamentos DAM e D20, na camada de 0,20 – 0,40 m (Tabela 9).
Em 2012, no plantio de Mabea fistulifera os teores de matéria orgânica do solo variaram de
17,6 a 7,8 g dm-3 e no plantio de Eucalyptus urograndis, variaram de 18,5 a 8,3 g dm-3
(Tabela 9).
Em ambos os plantios e os anos de estudo, o tratamento SI tendeu a apresentar maior
teor de matéria orgânica em relação aos demais. Este fato provavelmente se deve à presença
de braquiária e ao não revolvimento do solo nessa área, que contribuem para a manutenção do
teor de matéria orgânica no solo, pois o manejo físico aplicado ao solo pode ter acelerado a
degradação da matéria orgânica presente no mesmo. Pode-se notar entretanto, que nas áreas
132

onde houve revolvimento e adição de composto orgânico (D10, D15, D20), nas camadas
0,0-0,05 e 0,05-0,10 m, são mais promissores por apresentar valores superiores às áreas sem
adição do composto (D0 e DAM).

Tabela 9 - Teores de matéria orgânica, 12 e 24 meses após a implantação do


experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e
0,20 – 0,40 m, Selvíria, MS. SI – sem intervenção; D0 – sem
adubação; DAM – adubação mineral; D10 – adubação com composto
na recomendação da cultura; D15 e D20 – adubação do composto com,
respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1 (continua).
Matéria orgânica (g dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 17,3 Aa 17,3 Aa 17,6 Aa 17,6 Aa
DAM 14,5 Aa 13,5 Aa 13,5 Aa 15,5 Aa
0,0 -0,05

D0 13,8 Aa 12,7 Aa 14,7 Aa 14,0 Aa


D10 15,3 Aa 16,3 Aa 15,8 Aa 15,5 Aa
D15 15,5 Aa 16,3 Aa 16,3 Aa 17,3 Aa
D20 15,8 Aa 13,8 Aa 16,3 Aa 18,5 Aa*
1
CV 12,24 6,38
2
CV 10,77 10,05
%

3
CV 11,49 9,21 11,49 9,21
SI 13,0 Aa 13,0 Aa 13,0 Aa 13,0 Aa
DAM 12,3 Aa 13,8 Aa 12,8 Aa 14,0 Aa
0,05 – 0,10

D0 12,3 Aa 11,7 Aa 13,7 Aa 12,7 Aa


D10 14,0 Aa 14,0 Aa 15,0 Aa 14,3 Aa
D15 14,8 Aa 13,5 Aa 15,0 Aa 14,7 Aa
D20 14,3 Aa 12,3 Aa 14,3 Aa 14,5 Aa
1
CV 13,10 7,21
2
CV 10,25 10,09
%

3
CV 11,32 8,62 11,32 8,62
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
133

Tabela 9 - Continuação.
Matéria orgânica (g dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 10,5 Aa 10,5 Aa 10,3 Aa 10,3 Aa
DAM 11,0 Aa 10,3 Aa 11,0 Aa 15,7 Aa*

0,10 - 0,20
D0 11,3 Aa 9,3 Aa 11,7 Aa 12,3 Aa
D10 11,5 Aa 10,8 Aa 12,3 Aa 12,5 Aa
D15 11,8 Aa 12,0 Aa 14,0 Aa 11,7 Aa
D20 10,5 Aa 10,5 Aa 10,8 Aa 12,3 Aa
1
CV 13,03 5,60
2
CV 9,17 10,42
%

3
CV 10,36 9,32 10,36 9,32
SI 11,3 Aa 11,3 Aa 8,6 Aa 8,6 Aa
DAM 12,3 Aa 7,3 Aa 10,0 Aa 10,5 Aa*
0,20 – 0,40

D0 7,7 Aa 10,0 Aa 8,7 Aa 10,0 Aa


D10 9,8 Aa 10,0 Aa 11,7 Aa 8,8 Aa
D15 10,3 Aa 8,7 Aa 10,3 Aa 8,7 Aa
D20 10,3 Aa 7,3 Aa 7,8 Aa 8,3 Aa
1
CV 16,88 7,51
2
CV 11,79 9,77
%

3
CV 9,81 11,85 9,81 11,85
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Os valores de matéria orgânica são próximos aos verificados por Arruda (2012). O autor
estudando o uso deste mesmo composto, nas mesmas proporções, porém, distribuídos na linha
de plantio e em solo não degradado, após 12 meses, verificou teores de matéria orgânica do
solo variando de 9 a 17 g dm-3 no plantio de Mabea fistulifera e de 9 a 16 g dm-3.
Quando foram comparados os períodos de avaliação dentro da mesma espécie,
observou-se que em 2012, os teores de matéria orgânica no solo tenderam a ser mais elevados
que os teores observados em 2011 em todas as camadas (Tabela 9). No plantio de Eucalyptus
urograndis, verificou-se que os teores de matéria orgânica do solo nos tratamentos D 20 na
camada 0,0 – 0,05 e os tratamentos DAM nas camadas 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m, foram
134

significativamente maiores em 2012 quando comparados aos valores de 2011 (Tabela 9). Este
resultado é desejado e indica que o composto orgânico em paralelo ao desenvolvimento das
espécies arbóreas estão contribuindo para a reestruturação da matéria orgânica do solo.
O teste de regressão reafirma a hipótese levantada no parágrafo anterior, pois em 2012
já foi possível verificar efeito significativo linear entre adição de diferentes doses de
composto e os teores de matéria orgânica no plantio de Eucalyptus urograndis, na camada de
0,0 – 0,05 m (Figura 53).

Figura 53 - Respostas significativas para a Regressão entre


diferentes doses de composto, para os teores de
matéria orgânica no solo (MO), em 2012, Selvíria,
MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e


1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram transformados
em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

2.5.1.6 Potencial Hidrogeniônico (pH)

Em 2011 nas áreas de plantio de Mabea fistulifera, o pH do solo variou de 5,3 a 7,5
(Tabela 10). Na camada 0,0 - 0,05 m, os valores de pH foram significativamente menores aos
observados nos tratamentos SI, D AM e D0, valores intermediários nos tratamentos D10 e D15 e
maiores valores no tratamento D20. Nas camadas (0,05-0,10 e 0,10-0,20 m) os maiores valores
de pH foram verificados nos tratamentos que receberam composto orgânico (D 10, D15 e D20),
diferindo-se significativamente dos demais tratamentos. Não foi observada diferença
significativa entre tratamentos na camada 0,20-0,40 m (Tabela 10).
Neste mesmo ano, na área de plantio de Eucalyptus urograndis, os valores de pH do
solo variaram de 5,3 a 7,5, na camada de 0,0 – 0,05 m, de 5,4 a 7,0 na camada de 0,05 – 0,10
135

m, de 5,4 a 6,8 na camada de 0,10 – 0,20 m e de 5,5 a 6,5 na camada de 0,20 – 0,40 m
(Tabela 10). Nas três primeiras camadas (0,0 – 0,05, 0,05 – 0,10 e 0,10 – 0,20 m) o pH dos
tratamentos que receberam composto orgânico como fonte de nutrientes (D 10, D15 e D20)
apresentaram valores estatisticamente maiores que os demais (SI, D AM e D0) (Tabela 10). Na
camada de 0,20 – 0,40 m não observou-se diferença significativa entre os tratamentos
estudados (Tabela 10).

Tabela 10 - Valores de potencial hidrogeniônico, 12 e 24 meses após a


implantação do experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10,
0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m, Selvíria, MS. SI – sem intervenção; D0
– sem adubação; DAM – adubação mineral; D10 – adubação com
composto na recomendação da cultura; D15 e D20 – adubação do
composto com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1 (continua).
pH (CaCl2)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 5,3 Ac 5,3 Ab 5,3 Ac 5,3 Ac
DAM 5,5 Ac 5,3 Ab 5,6 Ac 5,5 Ac
0,0 -0,05

D0 5,3 Ac 5,3 Ab 5,6 Ac 5,5 Ac


D10 6,7 Ab 6,8 Aa 6,5 Ab 6,3 Ab*
D15 6,7 Ab 7,3 Aa 6,6 Bb 7,2 Aa
D20 7,4 Aa 7,5 Aa 7,2 Aa 7,2 Aa
1
CV 0,64 1,32
2
CV 3,31 2,81
%

3
CV 3,39 3,39
SI 5,3 Ab 5,3 Ab 5,4 Ab 5,4 Ac
DAM 5,7 Ab 5,3 Ab 5,7 Ab 5,4 Ac
0,05 – 0,10

D0 5,4 Ab 5,3 Ab 5,4 Ab 5,6 Ac


D10 7,1 Aa 6,9 Aa 6,5 Aa 6,3 Ab*
D15 7,0 Aa 7,2 Aa 7,0 Aa 7,0 Aa
D20 7,5 Aa 7,5 Aa 7,0 Aa 7,2 Aa
1
CV 2,42 2,94
2
CV 3,39 3,37
%

3
CV 3,49 3,49
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
136

Tabela 10 - Continuação.
pH (CaCl2)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 5,4 Ab 5,4 Ab 5,5 Ab 5,5 Ab
DAM 5,7 Ab 5,6 Ab 5,9 Ab 5,9 Ab

0,10 - 0,20
D0 5,8 Ab 5,7 Ab 5,7 Ab 5,4 Ab
D10 6,5 Aa 6,3 Aa 6,0 Ab 6,3 Aa
D15 6,6 Aa 6,8 Aa 6,8 Aa 6,5 Aa
D20 7,0 Aa 6,8 Aa 6,7 Aa 6,9 Aa
1
CV 4,33 4,09
2
CV 4,19 4,61
%

3
CV 4,63 4,63
SI 5,5 Aa 5,5 Aa 5,6 Aa 5,6 Aa
DAM 5,5 Aa 5,7 Aa 5,8 Aa 6,2 Aa
0,20 – 0,40

D0 6,1 Aa 5,7 Aa 6,0 Aa 5,6 Aa


D10 6,3 Aa 5,9 Aa 5,9 Aa 5,9 Aa
D15 6,3 Aa 6,2 Aa 6,5 Aa 6,0 Aa
D20 6,7 Aa 6,5 Aa 6,4 Aa 6,4 Aa
1
CV 4,30 2,44
2
CV 5,16 4,62
%

3
CV 4,94 4,94
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Em 2012, na área de plantio de Mabea fistulifera, os valores de pH do solo variaram de


5,3 a 7.2. De forma geral, foi verificado o mesmo comportamento verificado no ano anterior
em relação às diferenças verificadas entre os tratamentos. Da mesma forma que observado em
2011, não foram constatados diferenças significativas entre os diferentes tratamentos na
camada de 0,20 – 0,40 m (Tabela 10).
Quando são analisados os valores de pH do plantio de Eucalyptus urograndis,
observam-se em 2012 valores variando de 5,3 a 7,2 (Tabela 10). Nas camadas de 0,0 – 0,05 e
0,05 – 0,10 m os valores de pH foram significativamente superiores nos tratamentos D 15 e
D20, valores intermediários no tratamento D 10 e menores valores nos tratamentos SI, DAM e D0
137

(Tabela 10). Na camada de 0,10 – 0,20 m, foi observado o mesmo comportamento verificado
em 2011, com maiores valores nos tratamentos que receberam composto orgânico e na
camada de 0,20 – 0,40 m, não foram constatadas diferenças significativas de valores de pH
entre os diferentes tratamentos estudados (Tabela 10).
De acordo com Souza e Lobato (2004), o pH dos solos de cerrado pode ser classificado
como adequado na faixa de 4,9 a 5,5, alto de 5,6 a 5,8 e muito alto para valores maiores 5,9.
O valor de pH no solo observado nos tratamentos que receberam composto orgânico é
resultado da alcalinidade de parte dos resíduos que compõem o composto aplicado ao solo
(Tabela 2). A lama cal possui coloração clara e é constituída basicamente por carbonatos de
cálcio (CaCO3), enquanto o dregs possui cor acinzentada e é constituído por carbonatos,
hidróxidos e sulfetos, sobretudo de Na e Ca (ALMEIDA et al., 2008).
Ao serem confrontados os valores de pH do solo de cada uma das áreas, em cada
período de avaliação, observou-se que as áreas onde estão plantadas as duas espécies
tenderam a apresentar comportamentos semelhantes em relação a esta variável (Tabela 10).
Quando são confrontados os períodos de avaliação, dentro da área de plantio de uma mesma
espécie, não foram observadas mudanças relevantes no pH do solo. Porém, pode-se observar
que existe uma tendência à diminuição do pH nos tratamentos que receberam composto
orgânico, sendo verificado diferença significativa no tratamento D10 nas camadas 0,0 – 0,05 e
0,05 – 0,10 m do plantio de E. urograndis, com menores valores em 2012 (Tabela 10). Este é
um indicativo de que o pH provavelmente chegou ao pico máximo em 2011 e com a
decomposição do material orgânico adicionado ao solo e o desenvolvimento das espécies
arbóreas existe uma tendência à diminuição destes valores.
Kiehl (1985) explica que a adição de materiais orgânicos pode, inicialmente, aumentar o
pH na superfície do solo, principalmente porque os resíduos são ricos em bases trocáveis.
Porém, com a absorção dos nutrientes pelas plantas e também devido à lixiviação das bases
para as camadas subsuperficiais, as camadas superficiais do solo tornam-se mais ácidas.
Oliveira et al. (1996) relatam a acidez do solo e as condições fisiológicas que o acompanham
resultam da falta de cátions metálicos permutáveis, que na sua ausência deixam livres, ânions
como HCO3, CO32-, SO4 2-
e NO3 - e outros formadores de ácidos, resultando em diminuição
do pH.
Em 2011, em ambos os plantios, nas camadas 0,0-0,05 e 0,10-0,20 m, os dados
ajustaram-se ao modelo linear e na camada 0,05-0,10 m, o modelo que melhor explicou a
variação dos dados foi o quadrático (Figura 54). Em 2012, verificou-se nos dois plantios, que
até a camada de 0,20 m o comportamento do pH no solo em relação às diferentes doses de
138

composto orgânico adicionado foi linear (Figura 55). Em ambos os períodos avaliados, não se
observaram correlações significativas na camada 0,20 – 0,40 m.

Figura 54 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de potencial hidrogeniônico (pH), em 2011, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Medeiros et al. (2009) verificaram comportamento linear no aumento do pH, em função


do aumento da quantidade de corretivo celulósico aplicada, nas camadas 0,05-0,10 e 0,10-
0,15 m. Os autores concluíram que o resíduo foi mais eficiente em relação ao calcário em
função de possuir maior quantidade de NaOH e CaOH em sua composição. Estudando o
efeito da aplicação de resíduos da indústria de papel e celulose nos atributos químicos, físicos
e biológicos do solo com o plantio de Pinnus taeda, Rodrigues (2004) também observou
aumento do pH no solo em função da quantidade de resíduo celulósico aplicado.
139

De maneira semelhante, ao estudar a utilização de resíduos sólidos alcalinos de


indústrias de celulose na correção de acidez do solo, em casa de vegetação e com o plantio de
milho Teixeira (2003) observou aumento dos valores de pH. Após 180 dias de estudo, o autor
verificou que em todas as faixas granulométricas estudadas, houve a neutralização da acidez
do solo, com a elevação do pH a valores acima de 6,0, em todos os tratamentos, exceto a
testemunha.

Figura 55 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de potencial hidrogeniônico (pH), em 2012, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

2.5.1.7 Acidez Trocável (Al)

Em relação ao Al (acidez trocável), não foi observada a presença deste elemento no solo
em nenhuma das camadas e tratamentos estudados. Volkweiss (1989) explicam que em pH
140

com valor maior que 5,5 o valor de Al+3 é insignificante. Este comportamento ocorre devido
ao Al estar precipitado na forma de oxi-hidróxidos de alumínio, que são formas dominantes
nesta condição de pH.

2.5.1.8 Acidez Potencial (H + Al)

Em 2011, os valores de H+Al variaram de 16,5 mmolc dm-3, no tratamento SI, na


camada de 0,0-0,05 a 8,0 mmolc dm-3 no tratamento D20, na camada 0,05-0,10 m, no plantio
de Mabea fistulifera e de 16,5 mmolc dm-3 no tratamento SI a 8,0 mmolc dm-3 na camada
0,0-0,05 m Em ambos os plantios, as respostas do solo à acidez potencial foram semelhantes
(Tabela 11).
Nas camadas 0,0-0,05, 0,05- 0,10 e 0,10-0,20 m, verificou-se existência de diferença
significativa entre os tratamentos. Foi observado que nestas três camadas a acidez potencial
do solo (H+Al) apresentou padrão semelhante com maior valor nos tratamentos que não
receberam composto orgânico (SI, D0 e DAM) diferindo-se significativamente daqueles que
receberam o composto orgânico (D10, D15 e D20) (Tabela 11). Na camada de 0,20-0,40 m, não
foram observados diferenças significativas entre os diferentes tratamentos (Tabela 11).
Em 2012, o comportamento do H + Al no solo foi semelhante ao verificado em 2011,
com maiores valores nos tratamentos (SI, D0 e DAM), diferindo-se significativamente dos
tratamentos D10, D15, D20. Da mesma forma que observado em 2011, não foram observados
efeitos entre os diferentes tratamentos nos valores de H + Al na camada de 0,20 – 0,40 m
(Tabela 11).
Quando foram comparados os solos dos dois plantios, dentro de um mesmo período de
avaliação, observou-se comportamento similar dos valores de H + Al, não sendo verificadas
diferenças significativas (Tabela 11). O mesmo comportamento foi observado quando foram
comparados os dois períodos de avaliação, pois de forma geral não houve alteração dos teores
de H + Al no solo em 2012, quando comparado com os resultados observados em 2011
(Tabela 11).
Ao serem correlacionados a adição de composto orgânico com os valores de H + Al,
verificaram-se em ambos os plantios e ambos os períodos de avaliação que o decréscimo
desses valores ajustou-se ao modelo linear (Figuras 56 e 57). O decréscimo do teor de H + Al
pode estar relacionado ao aumento do pH no solo, que disponibilizou maior quantidade de
OH- à solução do solo, neutralizando para do H+ disponível ao solo.
141

Tabela 11 - Valores de acidez potencial, 12 e 24 meses após a implantação do


experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e
0,20 – 0,40 m, Selvíria, MS. SI – sem intervenção; D0 – sem
adubação; DAM – adubação mineral; D10 – adubação com composto
na recomendação da cultura; D15 e D20 – adubação do composto
com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha -1 (continua).
Acidez Potencial (mmolc dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 16,5 Aa 16,5 Aa 15,5 Aa 15,5 Aa
DAM 15,0 Aa 15,8 Aa 15,5 Aa 16,8 Aa
0,0 -0,05

D0 15,5 Aa 15,0 Aa 14,3 Aa 13,3 Aa


D10 11,0 Ab 10,3 Ab 11,5 Ab 11,8 Ab
D15 10,5 Ab 9,3 Ab 10,3 Ab 8,7 Ab
D20 8,8 Ab 8,0 Ab 8,5 Ab 8,8 Ab
1
CV 1,14 2,79
2
CV 8,25 9,37
%

3
CV 9,99 7,44 9,99 7,44
SI 15,4 Aa 15,4 Aa 15,3 Aa 15,3 Aa
DAM 13,3 Aa 15,8 Aa 14,5 Aa 16,0 Aa
0,05 – 0,10

D0 14,5 Aa 14,7 Aa 15,0 Aa 13,3 Aa


D10 9,5 Ab 9,8 Ab 11,5 Ab* 11,8 Ab
D15 9,5 Ab 9,0 Ab 9,0 Ab 9,3 Ab
D20 8,0 Ab 8,3 Ab 9,0 Ab* 8,5 Ab
1
CV 5,54 6,34
2
CV 9,00 9,24
%

CV3 9,82 8,38 9,82 8,38


Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
142

Tabela 11 - Continuação.
Acidez Potencial (mmolc dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 14,6 Aa 14,6 Aa 14,5 Aa 14,5 Aa
DAM 13,0 Aa 14,3 Aa 13,5 Aa 14,3 Aa

0,10 - 0,20
D0 13,0 Aa 12,7 Aa 13,0 Aa 13,7 Aa
D10 11,0 Ab 11,8 Ab 12,8 Aa 11,5 Aa
D15 10,0 Ab 10,3 Ab 9,8 Ab 10,7 Aa
D20 9,3 Ab 10,5 Ab 10,0 Ab 10,3 Aa
1
CV 7,73 10,19
2
CV 8,39 10,62
%

3
CV 9,91 9,24 9,91 9,24
SI 13,6 Aa 13,6 Aa 13,5 Aa 13,5 Aa
DAM 13,3 Aa 12,8 Aa 12,3 Aa 12,3 Aa
0,20 – 0,40

D0 11,5 Ba 15,0 Aa 12,0 Aa 12,7 Aa


D10 11,5 Aa 11,8 Aa 13,7 Aa 13,0 Aa
D15 11,3 Aa 11,0 Aa 10,5 Aa 11,7 Aa
D20 10,3 Aa 11,0 Aa 10,3 Aa 11,5 Aa
1
CV 5,24 9,77
2
CV 9,28 9,44
%

3
CV 8,93 9,76 8,93 9,76
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
143

Figura 56 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de acidez potencial (H + Al), em 2011, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
144

Figura 57 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de acidez potencial (H + Al), em 2012, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

2.5.1.9 Soma de Bases (SB)

A soma de bases variou de 11,2 a 114 mmolc dm-3 na área de plantio de Mabea
fistulifera no ano de 2011 (Tabela 12). Nas camadas de 0,0 – 0,05 e 0,05 – 0,10 m, os maiores
valores de SB foram registrados no tratamento D 20, diferindo-se significativamente dos
tratamentos D10 e D15, e estes diferindo-se dos tratamentos SI, DAM e D0 (Tabela 12). Já nas
camadas 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m, a SB foi significativamente maior nos tratamentos que
receberam composto orgânico (D10, D15 e D20), quando comparados aos demais tratamentos
(SI, DAM, D0) (Tabela 12).
Ainda em 2011, no plantio de Eucalyptus urograndis, verificaram-se SB variando de
73,7 mmolc dm-3 no tratamento D20 da camada 0,05 – 0,10 m a 11,0 mmolc dm-3 no tratamento
145

D0 da camada de 0,20 – 0,40 m (Tabela 12). Nas camadas 0,0 – 0,05, 0,05 – 0,10 e 0,10 –
0,20 m, as maiores SB foram verificadas nos tratamentos D10, D15 e D20, diferindo
significativamente dos tratamentos SI, DAM e D0 (Tabela 12). Na camada de 0,20 – 0,40 m,
não foram observados diferenças significativas entre os diferentes tratamentos testados
(Tabela 12).

Tabela 12 - Valores de soma de bases, 12 e 24 meses após a implantação do


experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e
0,20 – 0,40 m, Selvíria, MS. SI – sem intervenção; D0 – sem
adubação; DAM – adubação mineral; D10 – adubação com composto
na recomendação da cultura; D15 e D20 – adubação do composto com,
respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1 (continua).
Soma de Bases (mmolc dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 20,7 Ac 20,7 Ab 20,0 Ac 20,0 Ad
DAM 19,0 Ac 16,9 Ab 22,6 Ac 21,2 Ad
0,0 -0,05

D0 16,5 Ac 15,9 Ab 21,9 Ac 22,3 Ad


D10 47,4 Ab 53,9 Aa 41,7 Ab 41,8 Ac
D15 44,8 Bb 69,3 Aa 38,8 Bb 69,8 Ab
D20 114,0 Aa 67,4 Ba 104,2 Aa 116,3 Aa*
1
CV 18,79 10,54
2
CV 14,72 16,18
%

3
CV 15,00 15,95 15,00 15,95
SI 14,8 Ac 14,8 Ab 18,2 Ac 18,2 Ad
DAM 19,3 Ac 16,8 Ab 28,0 Ab 22,4 Ad
0,05 – 0,10

D0 16,9 Ac 14,8 Ab 18,7 Ac 21,2 Ad


D10 53,7 Ab 57,9 Aa 37,1 Aa 29,6 Ac*
D15 41,3 Ab 51,5 Aa 42,9 Aa 53,4 Ab
D20 76,5 Aa 73,7 Aa 47,6 Ba* 72,6 Aa
CV1 5,20 13,04
2
CV 16,25 10,29
%

3
CV 11,14 15,70 11,14 15,70
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente
de variação entre os anos. Os dados foram transformados em para
análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
146

Tabela 12 - Continuação.
Soma de Bases (mmolc dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 11,4 Ab 11,4 Ab 13,0 Ab 13,0 Ab
DAM 16,8 Ab 15,2 Ab 21,7 Ab 17,3 Ab

0,10 - 0,20
D0 15,3 Ab 13,5 Ab 16,2 Ab 12,8 Ab
D10 32,0 Aa 23,5 Aa 23,3 Ab 26,3 Aa
D15 29,8 Aa 29,4 Aa 42,5 Aa 27,7 Aa
D20 35,1 Aa 27,6 Aa 32,0 Aa 39,4 Aa*
1
CV 8,19 11,14
2
CV 12,92 17,64
%

3
CV 16,99 13,77 16,99 13,77
SI 11,2 Ab 11,2 Aa 9,8 Ac 9,8 Aa
DAM 14,6 Ab 11,0 Aa 15,7 Ab 12,8 Aa
0,20 – 0,40

D0 12,8 Ab 11,1 Aa 14,0 Ab 13,4 Aa


D10 17,1 Aa 11,4 Ba 19,1 Aa 13,6 Ba
D15 16,3 Aa 12,4 Aa 21,8 Aa 13,2 Ba
D20 18,5 Aa 15,1 Aa 15,6 Ab 15,9 Aa
1
CV 3,70 8,59
2
CV 10,92 10,57
%

3
CV 9,91 11,65 9,91 11,65
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Em 2011, no plantio de Mabea fistulifera, foram observadas correlações lineares entre a


quantidade de composto orgânico adicionado ao solo e a soma de bases nas diferentes
camadas de solo estudadas (Figura 58). Já no plantio de eucalipto, não se observou efeito
significativo na camada de 0,20 – 0,40 m. Verificou-se a presença de efeito quadrático na
camada 0,00 – 0,05 m e linear nas camadas 0,05 – 0,10 e 0,10 – 0,20 m (Figura 58).
Em 2012, na área de plantio de Mabea fistulifera, a SB no solo variou de 104,2 a 9,8
mmolc dm-3 (Tabela 12). Na camada de 0,0 – 0,05 m, foram observados valores variando de
20,0 mmolc dm-3 na área sem intervenção a 104,2 mmolc dm-3 na área que recebeu 20 Mg ha-1
de composto orgânico (Tabela 12). Nesta camada, as menores somas de bases foram
147

constatadas nos tratamentos SI, DAM e D0, diferindo-se dos tratamentos D10 e D15, com
valores intermediários e maiores valores no tratamento D20 (Tabela 12).

Figura 58 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de soma de bases (SB), em 2011, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
148

Na camada 0,05 – 0,10 m, a SB variou de 18,2 mmolc dm-3 no tratamento SI à


47,6 mmolc dm-3 no tratamento D20 (Tabela 12). Nesta camada, os maiores valores foram
observados nos tratamentos D10 D15 e D20, valores intermediários no tratamento DAM e
menores valores nos tratamentos SI e D 0 (Tabela 12).
Na camada de 0,10 – 0,20 m, os valores de SB variaram de 13,0 a 42,5 mmolc dm-3 (SI e
D15, respectivamente). As maiores SB foram observadas nos tratamentos D10, D15 e D20,
diferindo-se significativamente dos tratamentos SI, D AM e D0 (Tabela 12). Já na camada de
0,20 – 0,40 m, os valores de SB variaram de 9,8 a 21,8 mmolc dm-3, sendo constatado valores
significativamente maiores nos tratamentos D10 e D15, valores intermediários nos tratamentos
DAM, D0 e D20 e menores valores no tratamento SI (Tabela 12).Em 2012, também foram
verificadas correlações significativas na área de plantio de Mabea fistulifera até a camada de
0,40 m e até a camada de 0,20 m na área de plantio de Eucalyptus urograndis (Figura 59).
Quando foram comparados as SB na área de cada espécie, em cada período de
avaliação, verificou-se um comportamento semelhante entre as áreas (Tabela 12). Ao serem
comparados os períodos de avaliação, dentro de cada área, também não foram observados
grandes modificações dos valores de somas de bases em 2012 quando comparados aos valores
de 2011 (Tabela 12). Os valores de saturação por bases variaram de adequados (36 a 60%),
alto (61 a 70%) e muito alto (maior ou igual a 71%) (SOUZA; LOBATO, 2004).
149

Figura 59 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de soma de bases (SB), em 2012, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

2.5.1.10 Capacidade de Troca Catiônica (CTC)

A capacidade de troca catiônica no solo em 2011 variou de 122,8 a 24,3 mmolc dm-3 na
150

área de plantio de Mabea fistulifera (Tabela 13). Foram observadas diferenças significativas
entre os tratamentos nas diferentes camadas estudadas (Tabela 13). Na camada de 0,0 – 0,05
m, a CTC variou de 32,0 mmolc dm-3 no tratamento D0 a 122,8 mmolc dm-3 no tratamento D20
(Tabela 13). Os tratamentos SI, DAM e D0 foram os que apresentaram os menores valores de
CTC, diferindo-se significativamente do tratamento D10, onde foram encontrados valores
intermediários, este, diferindo-se de D15 e D20, com maiores valores de CTC (Tabela 13).

Tabela 13 - Valores de capacidade de troca catiônica, 12 e 24 meses após a


implantação do experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10,
0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m, Selvíria, MS. SI – sem intervenção; D0
– sem adubação; DAM – adubação mineral; D10 – adubação com
composto na recomendação da cultura; D15 e D20 – adubação do
composto com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1 (continua).
Capacidade de Troca Catiônica (mmol c dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 37,2 Ac 37,2 Ab 35,5 Ab 35,5 Ac
DAM 34,0 Ac 32,6 Ab 38,1 Ab 38,0 Ac
0,0 -0,05

D0 32,0 Ac 30,9 Ab 36,2 Ab 35,6 Ac


D10 58,4 Ab 64,2 Aa 53,2 Ab 53,6 Ac
D15 55,b Ba 78,6 Aa 49,8 Bb 78,5 Ab
D20 122,8 Aa 75,4 Ba 112,7 Aa 125,1 Aa*
1
CV 14,89 8,92
2
CV 11,18 12,49
%

3
CV 11,68 12,04 11,68 12,04
SI 30,2 Ac 30,2 Ab 32,0 Ab 32,0 Ac
DAM 32,5 Ac 32,5 Ab 38,7 Ab 38,4 Ac
0,05 – 0,10

D0 31,4 Ac 29,4 Ab 33,7 Ab 34,6 Ac


D10 63,2 Ab 67,6 Aa 48,6 Aa 49,7 Ab
D15 50,8 Ab 60,5 Aa 51,9 Aa 62,7 Aa
D20 84,5 Aa 81,9 Aa 56,6 Ba 73,9 Aa
1
CV 4,18 6,19
2
CV 11,96 8,30
%

3
CV 8,79 11,60 8,79 11,60
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
151

Tabela 13 - Continuação.
Capacidade de Troca Catiônica (mmol c dm-3)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 26,0 Ab 26,0 Ab 27,5 Ab 27,5 Ab
DAM 29,8 Ab 29,5 Ab 35,2 Ab 31,5 Ab

0,10 - 0,20
D0 28,3 Ab 26,2 Ab 29,2 Ab 26,5 Ab
D10 43,0 Aa 35,3 Ba 36,0 Ab 37,8 Aa
D15 39,8 Aa 39,7 Aa 52,3 Aa 38,3 Ba
D20 44,4 Aa 38,1 Aa 42,0 Aa 49,7 Aa*
1
CV 5,67 11,37
2
CV 7,18 10,49
%

3
CV 10,30 7,47 10,30 7,47
SI 24,8 Ab 24,8 Aa 23,3 Ab 23,3 Aa
DAM 27,8 Aa 23,8 Ba 27,9 Ab 25,1 Aa
0,20 – 0,40

D0 24,3 Ab 26,1 Aa 26,0 Ab 26,0 Aa


D10 28,6 Aa 23,2 Ba 32,8 Aa 26,6 Ba
D15 27,6 Aa 23,4 Ba 32,3 Aa 24,9 Ba
D20 28,8 Aa 26,1 Aa 25,8 Ab 27,4 Aa
1
CV 3,31 7,50
2
CV 5,06 5,47
%

3
CV 5,31 5,23 5,31 5,23
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Na camada 0,05 – 0,10 m, os valores de CTC oscilaram de 84,5 mmolc dm-3 no


tratamento D20 a 30,2 mmolc dm-3 na área sem intervenção (Tabela 13). Maiores valores
foram observados no tratamento com 20 Mg ha -1 do composto, diferindo-se
significativamente dos tratamentos D10 e D15, com valores intermediários. Da mesma forma
que observado para a camada 0,0 – 0,05 m os menores valores de CTC do solo foram
observadas nos tratamentos SI, DAM e D0, diferindo-se significativamente das demais
(Tabela 13).
Na camada de 0,10 – 0,20 m, os maiores valores de CTC do solo foram verificados no
grupo de tratamentos que receberam composto orgânico como fonte de nutrientes (D10, D15 e
152

D20), diferindo-se significativamente dos tratamentos (SI, D AM e D20) (Tabela 13). Já na


camada de 0,20 – 0,40 m, os valores de CTC no solo variaram de 24,8 a 28,8 mmolc dm-3 (SI
e D20, respectivamente), sendo constatado maiores valores nos tratamentos DAM, D10, D15 e
D20, diferindo-se significativamente dos tratamentos SI e D0 (Tabela 13).
Ainda em 2011, na área de plantio de Eucalyptus urograndis, os valores de capacidade de
troca catiônica do solo variaram de 81,9 a 23,2 mmolc dm-3 (Tabela 13). Nas camadas 0,0 –
0,05, 0,05 – 0,10 e 0,10 – 0,20 m, os maiores valores de CTC foram verificados nos
tratamentos que receberam composto orgânico (D10, D15 e D20), diferindo-se
significativamente dos tratamentos SI, DAM e D0 (Tabela 13). Não foram observadas
diferenças significativas entre os tratamentos para a CTC do solo na camada de 0,20 – 0,40 m
(Tabela 13).
Quando foram confrontadas as áreas de plantio das duas espécies em cada período de
estudo, não foram observadas diferenças relevantes na CTC do solo entre os plantios de
Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis, nos dois períodos de avaliação. Da mesma forma
que observado, quando comparadas as espécies, também não se verificou grandes alterações
da CTC do solo em 2012, quando comparados com os valores encontrados em 2011 (Tabela
13).
Quando relacionadas as diferentes doses de composto com a CTC do solo, em 2011,
constatou-se que os dados no plantio de Mabea fistulifera apresentavam um comportamento
quadrático na camada de 0,00 – 0,05 m e linear nas demais camadas. No Eucalyptus
urograndis verificou-se a presença de interação significativa linear até a camada de 0,20 m
(Figura 60). Em 2012, no plantio de Mabea fistulifera os dados se enquadraram no
comportamento quadrático nas camadas 0,0 – 0,05 e 0,20 – 0,40 m. Nas demais camadas os
dados apresentaram comportamento linear (Figura 61). Já no plantio de Eucalyptus
urograndis, o comportamento observado foi semelhante ao verificado em 2011 com os dados
de forma geral sendo explicados linearmente (Tabela 13).
Bezerra et al. (2006) explicam que a matéria orgânica costuma alterar o complexo
coloidal, criar cargas superficiais e, consequentemente, aumentar a CTC do solo, porém, no
presente estudo, o conteúdo de matéria orgânica permaneceu praticamente constante nos
diferentes tratamentos (Tabela 9). A possível explicação para o aumento do CTC do solo
provavelmente está relacionado principalmente ao aumento da soma de bases do solo com a
adição do composto orgânico (Tabela 12), pois a CTC do solo é resultado da soma dos
valores de SB + Al e este, não foi detectado nos diferentes tratamentos estudados. O aumento
da CTC do solo é um resultado que se espera em uma recuperação de áreas degradadas pois, o
153

aumento da CTC permite uma maior adsorção de cátions, sendo este um importante atributo
químico na avaliação de um solo degradado (COLODRO, 2005).

Figura 60 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de capacidade de troca catiônica (CTC), em 2011, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
154

Figura 61 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de capacidade de troca catiônica (CTC), em 2012, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

2.5.1.11 Saturação por Bases (V%)


Em 2011, na área de plantio de Mabea fistulifera, os valores de saturação por bases
variaram de 92,4 a 42,9 % (Tabela 14). Na camada de 0,0 – 0,05 m, os menores valores foram
155

constatados nos tratamentos SI, DAM e D0, valores intermediários nos tratamentos D10 e D15 e
maiores valores no tratamento D20, diferindo-se significativamente entre si (Tabela 14). Nas
camadas 0,05 – 0,10 m os valores de V% nos tratamentos D10, D15 e D20 foram
significativamente superiores aos dos tratamentos SI, D AM e D0. Na camada 0,20 – 0,40 m não
se observaram diferenças significativas nos valores de saturação por bases no solo entre os
diferentes tratamentos estudados (Tabela 14).

Tabela 14 - Valores de saturação por bases, 12 e 24 meses após a implantação do


experimento, nas camadas 0,00 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e
0,20 – 0,40 m, Selvíria, MS. SI – sem intervenção; D0 – sem
adubação; DAM – adubação mineral; D10 – adubação com composto
na recomendação da cultura; D15 e D20 – adubação do composto
com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha -1 (continua).
Saturação por Bases (%)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 55,3 Ac 55,3 Ab 55,9 Ac 55,9 Ac
DAM 56,0 Ac 52,1 Ab 59,0 Ac 55,9 Ac
0,0 -0,05

D0 51,1 Ac 51,3 Ab 58,8 Ac 60,9 Ac*


D10 79,6 Ab 81,2 Aa 77,9 Ab 77,2 Ab
D15 81,0 Ab 87,4 Aa 80,8 Ab 88,5 Aa
D20 92,4 Aa 89,4 Aa 92,1 Aa 92,1 Aa
1
CV 3,03 2,42
2
CV 4,02 5,59
%

3
CV 5,32 4,41 5,32 4,41
SI 47,5 Ac 47,5 Ab 50,2 Ab 50,2 Ab
DAM 59,3 Ab 51,8 Ab 60,9 Ab 57,5 Ab
0,05 – 0,10

D0 53,4 Ab 50,1 Ab 55,1 Ab 59,7 Ab


D10 84,4 Aa 82,4 Aa 76,3 Aa 74,5 Aa
D15 80,7 Aa 84,1 Aa 82,5 Aa 85,1 Aa
D20 89,7 Aa 89,4 Aa 84,0 Aa 88,9 Aa
1
CV 3,48 3,71
2
CV 4,60 6,23
%

3
CV 5,17 5,78 5,17 5,78
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
156

Tabela 14 - Continuação.
Saturação por Bases (%)
Camada
Trat. --------Fevereiro 2011-------- ---------Fevereiro 2012--------
(m)
M. fistulifera E. urograndis M. fistulifera E. urograndis
SI 42,9 Ac 42,9 Ab 46,6 Ab 46,6 Ab
DAM 55,8 Ab 50,4 Ab 60,6 Ab 55,4 Ab

0,10 - 0,20
D0 53,7 Ab 51,7 Ab 55,2 Ab 48,5 Ab
D10 72,9 Aa 65,8 Aa 63,5 Ab 68,7 Aa
D15 74,8 Aa 73,7 Aa 78,3 Aa 71,5 Aa
D20 78,8 Aa 72,2 Aa 75,0 Aa 78,1 Aa
1
CV 4,83 1,54
2
CV 7,17 8,25
%

3
CV 7,60 7,88 7,60 7,88
SI 44,2 Aa 44,2 Aa 41,0 Ab 41,0 Aa
DAM 52,3 Aa 46,4 Aa 55,8 Aa 52,0 Aa
0,20 – 0,40

D0 52,7 Aa 43,3 Aa 53,9 Aa 50,8 Aa


D10 59,8 Aa 49,3 Aa 58,7 Aa 50,3 Aa
D15 59,1 Aa 52,6 Aa 67,2 Aa 52,8 Ba
D20 64,4 Aa 57,4 Aa 59,7 Aa 58,1 Aa
1
CV 1,60 4,72
2
CV 8,43 8,27
%

3
CV 7,09 9,56 7,09 9,56
Letras minúsculas na coluna e maiúsculas nas linhas seguidas de mesma letra
não diferem significativamente entre si. *: indica que houve diferença
significativa entre anos para a mesma espécie. Foi utilizado o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de significância. CV1. Coeficiente de variação entre
tratamentos; CV2. Coeficiente de variação entre espécies; CV3. Coeficiente de
variação entre os anos. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

No plantio de eucalipto, em 2011, os valores de V% no solo variaram de 89,4 a 44,2%.


Até a camada de 0,20 m, todos os tratamentos que receberam composto orgânico como fonte
de nutrientes apresentaram valores de V% significativamente maiores que os tratamentos SI,
DAM e D0. Na camada de 0,20 – 0,40 m, não se verificaram diferenças significativas entre os
tratamentos quando se avaliou os valores de saturação por bases (Tabela 14).
Quando são comparados os valores de V% nos solos de cada plantio, não foram
observadas diferenças relevantes na saturação por bases no solo. Comportamento semelhante
foi observado ao serem comparados os dois períodos de avaliação, não sendo verificadas
grandes mudanças no V% em 2012, quando comparados com os valores de 2011 (Tabela 14).
157

Quando relacionados as diferentes doses de composto, com as respostas do valor de V% no


solo, em 2011, verificaram-se interações lineares e quadráticas em ambas as espécies
estudadas (Figura 62).

Figura 62 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de saturação por bases (V), em 2011, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram

transformados em para análise estatística.


Fonte: Produção do próprio autor.
158

Em 2012, os dados ajustaram-se ao comportamento linear até a camada de 0,20 m. Na


camada de 0,20 a 0,40 m, não foram observadas interações entre a quantidade de composto
adicionada e a saturação por bases do solo (Figura 63).

Figura 63 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de saturação por bases (V), em 2012, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

De forma geral, para todas as variáveis estudadas, nos dois períodos de estudo e nos
dois plantios estudados, observou-se a divisão clara de dois grupos bem definidos: SI, D 0 e
DAM com valores semelhantes da variável estudada e o grupo D10, D15 e D20 com valores
crescentes ou decrescentes (de acordo com a variável estudada) à medida em que foram
aumentadas as doses de composto orgânico. No primeiro grupo, deve ser destacado o
159

tratamento DAM, quimicamente equivalente ao tratamento D10 e que apresentam


características químicas distintas. Conforme será discutido no capítulo 3, os vegetais presentes
no tratamento DAM, de forma geral, irão apresentar os maiores valores de desenvolvimento. A
explicação para este fato é resultado da forma de aplicação diferenciada dos nutrientes ao solo
no tratamento DAM. Neste tratamento, a aplicação adubo mineral ocorreu na linha de plantio,
já o composto orgânico foi aplicado em área total e incorporado ao solo. É possível ter
ocorrido uma subestimação dos teores de nutrientes no solo no tratamento D AM, uma vez que
a amostragem do solo foi realizada de forma aleatória na área útil de cada tratamento.
Destaca-se que esse mesmo comportamento será observado quando forem analisados os
teores de elementos por fluorescência e ICP.
Observou-se em um contexto geral, que a adição de composto orgânico foi responsável
pela melhoria dos atributos químicos do solo nas camadas 0,0-0,05, 0,05-0,10 e 0,10- 0,20 m,
sendo mais responsiva nas duas primeiras camadas. De forma geral, os teores de nutrientes
aumentaram em função da quantidade de composto adicionado ao solo e a quantidade de
nutrientes absorvidos pelas duas espécies foram semelhantes ao longo do estudo. Bellote et al.
(1998) explicam que a quantidade de resíduos celulósicos adicionados está relacionada à
oferta de P, K, Ca e Mg no solo. Os mesmos autores afirmam que a maior oferta destes
nutrientes pode ser atribuída ao aumento dos teores de matéria orgânica e alterações positivas
na microbiologia do solo, fatores que diretamente afetam a ciclagem de nutrientes e,
consequentemente, a disponibilidade dos mesmos às plantas.
Bellote et al. (1994), em experimento com aplicação de cinzas e resíduo celulósico
(lodo) em Eucalyptus grandis, observaram diminuição da acidez do solo e aumentos nos
teores das bases trocáveis potássio, cálcio e magnésio, redução dos teores de alumínio
trocável, influenciando no aumento do valor da saturação por bases do solo (V%), quando
foram aplicadas maiores quantidades de cinza e resíduo celulósico (50 Mg de cada). Ao
estudar o efeito de diferentes resíduos de indústria de celulose e papel na fertilidade do solo e
desenvolvimento de eucalipto em casa de vegetação em um Latossolo Vermelho Distrófico
típico Barreto (2008) verificou um comportamento similar ao observado no presente estudo.
Após 12 meses, o autor observou que a aplicação de diferentes resíduos (lodo ativado e dregs
+ grits) proporcionou a elevação dos teores de P, Ca, Mg e nos valores de pH, SB e V%, além
da diminuição do teor de Al+3. Concluiu que os efeitos observados se deviam aos elevados
teores de nutrientes, presentes principalmente na composição do dregs + grits. Guerrini e
Moro (1994), com a aplicação de resíduo celulósico e cinza em plantios de Eucalyptus
160

grandis, constataram que houve aumentos significativos nos teores de P, cálcio, magnésio,
CTC e saturação por bases (V%) no solo.
Rodrigues (2004) verificou que a aplicação do resíduo celulósico teve efeitos positivos
sobre os atributos químicos do solo, com destaque para o aumento das bases trocáveis,
saturação por bases, capacidade de troca catiônica e matéria orgânica do solo. Além disso, a
aplicação dos resíduos foi responsável pela redução dos níveis de alumínio no solo.
Estudando o efeito de resíduos da indústria de papel e celulose na fertilidade do solo e
desenvolvimento de eucalipto, Barreto (2008), também observou que após 12 meses, o solo
que recebeu dregs+grits+metade da dose recomendada de adubo mineral para a cultura
apresentou maior teor de Ca, valor de pH e diminuição do teor de Al trocável em relação às
testemunhas (sem adubação e com apenas metade da dose recomendada de adubo mineral).
Diferindo dos resultados observados nesse estudo Arruda (2012) avaliando o uso deste
mesmo composto, nas mesmas proporções, porém, distribuídos na linha de plantio e em solo
não degradado, verificou que após 12 meses do plantio de Mabea fistulifera, não ocorreram
modificações relevantes nos atributos químicos do solo entre os tratamentos D0, D10, D15 e
D20, nas camadas 0,0-0,05, 0,05-0,10, 0,10-0,20 e 0,20- 0,40 m. Essa resposta pode ser
provavelmente atribuída ao fato do composto ter sido aplicado no sulco de plantio.
Bellote et al. (1995) explicam que o efeito dos resíduos no solo é mais pronunciado nos
primeiros 0,10 m de profundidade. Alterações são observadas principalmente na acidez e nas
bases trocáveis, K, Ca da solução do solo, com consequência direta na saturação por bases
(V%). O uso de doses mais altas de resíduo e cinza aumenta o teor de matéria orgânica, reduz
a concentração de Al e aumenta a fertilidade do solo.
Apesar da maior quantidade de nutrientes nos tratamentos que receberam diferentes
doses do composto orgânico, observa-se que paralelo ao aumento da dose de composto
aplicada ocorreu a elevação dos valores de pH (Tabela 3). Em função deste aumento de pH no
tratamento D20 (valores de pH variando entre 6,7 a 7,5) supõe-se que alguns nutrientes,
especialmente os micro, podem estar indisponíveis para a absorção pelas plantas (Raij, 1991).
A maior disponibilidade de nutrientes para as plantas se situa entre pH = 6,0-6,5
(BRADY; WEIL, 2002). Solos com pH acima de 7,0, como no substrato exposto deste
trabalho (Tabela 2), podem apresentar deficiência de P devido à formação de compostos
insolúveis com cálcio, deficiência de micronutrientes (exceto cloro e molibdênio) e perdas de
nitrogênio amoniacal por volatilização (TOMÉ JUNIOR, 1997).
161

2.5.2 Teores de elementos totais determinados por fluorescência

Os valores dos óxidos e dióxidos totais do solo no plantio de Mabea fistulifera em abril
de 2010 variaram de 699,00 g kg-1 de dióxido de silício no tratamento D10 da camada 0,05 –
0,10 m a 0,10 g kg-1 de óxido de zinco no tratamento SI da camada 0,20 – 0,40 m (Tabela 15).
Não foram observadas diferenças significativas entre os diferentes tratamentos e camadas de
solos para os valores de SiO2, Al2O3, Fe2O3, TiO2, MnO, ZrO2, K2O, CuO, ZnO (Tabela 15).

Tabela 15 - Valores totais de dióxido de silício (SiO2), óxido de alumínio (Al2O3), óxido
férrico (Fe2O3), dióxido de titânio (TiO2), óxido de magnésio (MgO), óxido de
cálcio (CaO), óxido de manganês (MnO), dióxido de zircónio (ZrO 2), óxido de
potássio (K2O), óxido de cobre II (CuO), óxido de Zinco (ZnO), no plantio de
Mabea fistulifera. Selvíria – MS, 2010.
Cam. SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 MgO CaO MnO ZrO2 K2O CuO ZnO
Trat.
(m) -------------------------------------------------------------g kg----------------------------------------------------------
SI 683,2 a 145,8 a 86,5 a 17,9 a 0,9 b 1,1 c 0,6 a 0,6 a 0,7 a 0,2 a 0,1 a
DAM 688,8 a 144,0 a 89,8 a 18,7 a 0,8 b 0,8 c 0,6 a 0,6 a 0,8 a 0,2 a 0,1 a
D0 674,0 a 147,5 a 92,9 a 18,8 a 0,8 b 0,6 c 0,6 a 0,6 a 0,6 a 0,2 a 0,1 a
0,0 – 0,05

D10 685,5 a 141,0 a 86,6 a 17,8 a 1,0 a 3,1 b 0,7 a 0,6 a 0,8 a 0,2 a 0,1 a
D15 661,3 a 155,5 a 93,2 a 18,6 a 1,2 a 3,4 b 0,7 a 0,6 a 0,8 a 0,2 a 0,1 a
D20 678,8 a 140,0 a 90,5 a 18,2 a 1,2 a 6,4 a 0,7 a 0,6 a 0,9 a 0,2 a 0,1 a
CV1
3,05 7,68 6,32 5,02 8,48 18,38 9,35 4,50 12,43 3,57 4,16 a
%
SI 670,0 a 152,5 a 91,4 a 18,2 a 0,9 a 0,8 b 0,6 a 0,5 a 0,8 a 0,2 a 0,1 a
DAM 684,3 a 146,8 a 89,9 a 18,7 a 0,8 a 0,7 b 0,6 a 0,6 a 0,8 a 0,2 a 0,1 a
D0 656,5 a 162,5 a 95,4 a 19,2 a 0,8 a 0,6 b 0,6 a 0,6 a 0,6 a 0,2 a 0,1 a
0,05 – 0,10

D10 699,0 a 133,5 a 85,7 a 17,1 a 1,0 a 3,2 a 0,6 a 0,5 a 0,8 a 0,2 a 0,1 a
D15 667,0 a 156,0 a 90,6 a 18,7 a 1,1 a 3,1 a 0,6 a 0,6 a 0,8 a 0,2 a 0,1 a
D20 663,5 a 152,0 a 95,8 a 18,7 a 1,1 a 2,7 a 0,8 a 0,6 a 0,9 a 0,2 a 0,1 a
CV1
2,46 5,54 4,4 4,55 9,84 23,47 11,44 4,11 15,04 2,64 3,01
%
SI 685,0 a 148,5 a 91,4 a 17,8 a 0,8 a 0,5 b 0,6 a 0,6 a 0,7 a 0,2 a 0,1 a
DAM 676,0 a 153,5 a 93,4 a 18,9 a 0,8 a 0,6 b 0,6 a 0,6 a 0,7 a 0,2 a 0,1 a
0,10 – 0,20

D0 656,0 a 163,2 a 97,8 a 19,5 a 0,8 a 0,5 b 0,6 a 0,6 a 0,5 a 0,2 a 0,1 a
D10 684,5 a 147,2 a 91,4 a 17,6 a 0,8 a 1,1 a 0,7 a 0,6 a 0,6 a 0,2 a 0,1 a
D15 673,5 a 157,0 a 91,1 a 18,5 a 0,8 a 0,9 a 0,6 a 0,6 a 0,4 a 0,2 a 0,1 a
D20 668,2 a 153,0 a 99,5 a 18,4 a 0,8 a 1,2 a 0,9 a 0,6 a 0,6 a 0,2 a 0,1 a
CV1
2,27 6,15 4,90 5,43 6,34 23,04 13,49 4,29 25,97 2,54 3,17
%
SI 698,5 a 139,7 a 90,7 a 17,2 a 0,7 a 0,4 a 0,5 a 0,5 a 0,6 a 0,2 a 0,1 a
DAM 671,7 a 152,5 a 97,3 a 19,3 a 0,7 a 0,5 a 0,6 a 0,6 a 0,4 a 0,2 a 0,1 a
0,20 – 0,40

D0 677,5 a 151,2 a 95,4 a 18,2 a 0,7 a 0,4 a 0,6 a 0,6 a 0,5 a 0,2 a 0,1 a
D10 673,2 a 152,0 a 99,0 a 18,1 a 0,8 a 0,6 a 0,6 a 0,6 a 0,5 a 0,2 a 0,1 a
D15 682,2 a 147,2 a 96,4 a 17,5 a 0,7 a 0,7 a 0,7 a 0,5 a 0,4 a 0,2 a 0,1 a
D20 677,2 a 142,7 a 103,8 a 18,1 a 0,7 a 0,7 a 0,9 a 0,6 a 0,5 a 0,2 a 0,1 a
CV1
2,61 7,94 6,73 8,07 4,11 22,14 20,73 6,50 24,45 3,62 3,04
%
Médias na coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de Scott Knott ao
nível de 5 % de significância. CV%. Coeficiente de variação entre tratamentos. Os dados foram transformados em
para análise estatística. SI: área sem intervenção, DAM: adubação mineral, D0: sem adubação, D10: adubação
com composto na recomendação da cultura, D15 e D20, 15 e 20 Mg ha-1 composto orgânico, respectivamente.
Fonte: Produção do próprio autor.
162

As quantidades de óxidos de ferro e alumínio do solo constituem um atributo


fundamental no estabelecimento da quantidade máxima de metais possível de ser adicionada,
considerando solos com teor menor que 3 % desses óxidos não adequados para o descarte de
resíduos contendo metais (MATTIAZZO-PREZOTTO; GLÓRIA, 2000).
Em relação ao MgO, constataram-se diferenças significativas entre os tratamentos na
camada de 0,0 – 0,05 m. Os tratamentos que receberam composto orgânico (D 10, D15 e D20)
apresentaram valores estatisticamente superiores aos tratamentos que não receberam adubação
orgânica (SI, DAM, D0). Nas demais camadas estudadas, não foram observadas diferenças
significativas entre os tratamentos (Tabela 15).
Os valores de óxido de cálcio variaram de 6,40 a 0,42 g kg, sendo constatado efeito
significativo até a camada de 0,20 m (Tabela 15). Na camada 0,0 – 0,05 m, o valor de CaO foi
significativamente maior no tratamento D 20, seguido dos tratamentos D10 e D15 com valores
intermediários e menores valores nos tratamentos SI, D AM e D0 (Tabela 15). Já nas camadas
de 0,05 – 0,10 e 0,10 – 0,20 m, os maiores valores de CaO foram observados nos tratamentos
que receberam composto orgânico (D10, D15 e D20), diferindo-se significativamente dos
demais tratamentos (SI, DAM e D0) (Tabela 15).
A elevação dos teores de MgO e CaO são reflexos das concentrações destes elementos
no composto orgânico e apresentam-se em intensidades proporcionais às concentrações
observadas no composto. De acordo com a análise química do composto, foram quantificados
3,8 g kg-1 de Mg e 86,9 g kg-1 de cálcio (Tabela 3). É importante salientar que análise química
do composto orgânico constatou-se a presença de metais como Fe, Cu, Mn, Zn (Tabela 3),
porém não foram detectadas alterações significativa nos teores destes elementos no solo,
mesmo na maior dosagem do composto adicionado (D 20), quando foram analisados os teores
totais por fluorescência.
Já, ao serem relacionados os valores de óxidos e dióxidos encontrados no solo com as
diferentes doses de composto orgânico adicionados, verificaram-se interações significativas
até a camada de 0,20 m. Na camada de 0,0 – 0,05 m, verificou-se que os valores dos óxidos
de Mg, Ca, K e Cu se enquadravam no modelo linear, ou seja, à medida em que se
aumentavam as doses de composto adicionadas (Figura 64).
Na camada de 0,05 – 0,10 m os valores de SiO2, Al2O3, Fe2O3, TiO2, CaO e CuO
ajustaram-se ao comportamento quadrático (Figura 65). Na camada de 0,10 – 0,20 m,
verificou-se interação significativa apenas para os valores de CaO, com estes dados
enquadrando-se no comportamento linear (Figura 66).
Mesmo com algumas interações significativas, com exceção do óxido de cálcio,
163

observa-se que os valores variam em uma escala muito pequena, não apresenta indícios de
riscos referentes à contaminação do solo. Baseado nestes resultados, sugere-se que até a
dosagem de 20 Mg ha-1 desse composto orgânico e nestas condições de solo a adubação do
solo com este produto não indica risco de toxidez das plantas e contaminação do solo por
esses elementos. Apesar de terem sido quantificados os teores totais no solo dos elementos,
faz se necessário um acompanhamento a longo prazo pois esta análise foi realizada poucos
meses após a aplicação do composto ao solo.

Figura 64 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores totais de óxido de magnésio (MgO), óxido de cálcio (CaO), óxido de
potássio (K2O), óxido de cobre II (CuO) e diferentes doses de composto orgânico,
na camada 0,00 – 0,05 m, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
164

Figura 65 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de totais de dióxido de silício (SiO2), óxido de alumínio (Al2O3), óxido
férrico (Fe2O3), dióxido de titânio (TiO2), óxido de magnésio (MgO), óxido de
cálcio (CaO) e óxido de cobre II (CuO) e diferentes doses de composto orgânico,
na camada 0,05 – 0,10 m, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
165

Figura 66 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses


de composto, para os valores de totais de óxido de cálcio (CaO)
e diferentes doses de composto orgânico, na camada 0,10 – 0,20
m, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P <


0,01), pelo teste F. Os dados foram transformados em para análise
estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

2.5.3 Teor de elementos no solo determinados por ICP – MS e carbono e nitrogênio no


solo

Os teores de nitrogênio e ferro no solo variaram, respectivamente, de 0,70 g kg-1 a


16722,46 mg kg-1 (Tabela 16). Não foram observadas diferenças significativas entre os
tratamentos, nas diferentes camadas estudadas para os teores de N, C, P, Mn e Fe totais no
solo (Tabela 16). O teor de Na variou de 13,45 a 5,86 mg kg -1, sendo constatado diferença
significativa até a camada de 0,20 m, com maiores valores nos tratamentos que receberam
composto orgânico (D10, D15 e D20) como fonte de nutrientes (Tabela 16).
Na camada 0,0 – 0,05 m, os teores de magnésio foram significativamente maiores nos
tratamentos D10, D15 e D20 diferindo-se dos tratamentos SI, DAM e D0. Nas demais camadas
estudadas, não foram constatadas diferenças significativas entre os tratamentos (Tabela 16).
O teor de cálcio no solo variou de 974,79 a 83,85 mg kg -1, sendo observado efeito
significativo entre os tratamentos nas três primeiras camadas (Tabela 16). Na camada de
0,0-0,05 m, os menores teores de Ca foram constatados nos tratamentos SI, D AM e D0,
diferindo-se dos tratamentos D10 e D15 com valores intermediários e o tratamento D20 com
maiores teores de Ca (Tabela 16). Nas camadas 0,05 – 0,10 e 0,10 – 0,20 m, os maiores teores
de Ca foram constatados nos tratamentos D 10, D15 e D20, diferindo significativamente dos
166

demais (Tabela 16).

Tabela 16 - Valores totais de nitrogênio (N), carbono (C), sódio (Na), magnésio (Mg),
alumínio (Al), fósforo (P), cálcio (Ca), manganês (Mn) e ferro (Fe), no plantio
de Mabea fistulifera. Selvíria – MS, 2010.
Trat. (m) N C Na Mg Al P Ca Mn Fe
------g kg-1----- -------------------------------------------mg kg-1-----------------------------------------
SI 0,70 a 9,18 a 5,17 b 125,89 b 15469,68 b 55,88 a 135,91 c 108,83 a 16722,46 b
DAM 0,43 a 5,78 a 6,67 b 148,75 b 20395,25 a 57,74 a 120,12 c 117,71 a 21376,84 a
0,0 – 0,05

D0 0,53 a 6,68 a 6,20 b 145,37 b 22638,89 a 59,35 a 96,72 c 142,99 a 23097,53 a


D10 0,60 a 8,35 a 8,75 a 175,08 a 19537,68 a 71,61 a 471,80 b 157,17 a 21025,01 a
D15 0,65 a 9,28 a 10,59 a 202,08 a 20811,44 a 76,75 a 513,16 b 142,78 a 21748,55 a
D20 0,48 a 8,03 a 13,45 a 211,58 a 22071,45 a 77,33 a 974,79 a 152,46 a 22382,49 a
CV% 19,07 18,52 15,93 8,74 6,47 11,34 17,60 16,32 6,38
SI 0,60 a 7,78 a 6,46 b 162,28 a 22609,24 a 61,87 a 127,20 b 131,38 a 22513,12 a
DAM 0,43 a 5,58 a 7,51 b 151,75 a 20727,81 a 56,79 a 118,53 b 129,45 a 21610,18 a
0,05 – 0,10

D0 0,48 a 6,03 a 5,69 b 145,54 a 22545,40 a 56,28 a 98,45 b 128,87 a 22524,42 a


D10 0,55 a 7,73 a 11,54 a 176,09 a 19816,93 a 69,60 a 544,01 a 145,31 a 20957,96 a
D15 0,58 a 7,98 a 10,47 a 186,02 a 21090,15 a 71,29 a 477,34 a 131,97 a 21599,67 a
D20 0,43 a 7,38 a 12,66 a 207,12 a 21651,02 a 72,72 a 795,67 a 182,51 a 22903,15 a
CV% 19,69 21,89 15,03 7,66 5,87 11,20 24,15 13,25 4,15
SI 0,30 a 4,08 a 5,68 b 140,61 a 22310,21 a 50,74 a 86,52 b 127,36 a 22542,47 a
DAM 0,35 a 4,35 a 7,21 b 150,44 a 22189,11 a 51,76 a 100,97 b 123,24 a 21855,10 a
0,10 – 0,20

D0 0,28 a 3,53 a 7,73 b 144,42 a 24240,79 a 45,73 a 83,85 b 125,18 a 23502,73 a


D10 0,38 a 4,70 a 10,07 a 157,20 a 21133,62 a 51,89 a 175,20 a 151,31 a 22751,84 a
D15 0,40 a 4,85 a 8,82 a 149,39 a 21906,65 a 54,79 a 150,70 a 128,32 a 21926,71 a
D20 0,25 a 3,55 a 11,11 a 165,16 a 23142,94 a 49,46 a 206,29 a 206,10 a 24759,54 a
CV% 25,18 23,12 12,20 5,11 6,14 8,64 20,48 17,54 5,59
SI 0,18 a 2,43 a 5,86 a 132,53 a 22603,56 a 43,50 a 72,11 a 118,46 a 22484,53 a
DAM 0,25 a 3,05 a 6,27 a 144,56 a 23212,92 a 45,65 a 86,87 a 133,68 a 23569,40 a
0,20 – 0,40

D0 0,15 a 2,28 a 9,18 a 139,31 a 23340,42 a 38,06 a 72,03 a 128,41 a 23111,40 a


D10 0,23 a 2,95 a 8,33 a 147,00 a 22827,04 a 44,99 a 111,58 a 139,75 a 24789,63 a
D15 0,28 a 3,45 a 6,88 a 133,46 a 21161,19 a 47,77 a 111,41 a 158,59 a 23947,90 a
D20 0,15 a 2,50 a 8,53 a 147,98 a 23144,89 a 42,37 a 125,43 a 227,97 a 26227,78 a
CV% 30,70 32,35 19,57 7,56 7,82 8,84 20,05 24,83 7,66
Médias na coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de Scott Knott ao
nível de 5 % de significância. CV%. Coeficiente de variação entre tratamentos. Os dados foram transformados em
para análise estatística. SI: área sem intervenção, DAM: adubação mineral, D0: sem adubação, D10: adubação
com composto na recomendação da cultura, D15 e D20, 15 e 20 Mg ha-1 composto orgânico, respectivamente.
Fonte: Produção do próprio autor.

Quando relacionados os teores de N, C, Na, Mg, Al, P, Ca, Mn e Fe com adição de


diferentes doses de composto orgânico, verificaram-se algumas interações significativas até a
camada de 0,20 m. Na camada 0,0 – 0,05 m, foram observadas correlações lineares positivas
nos teores de Na, Mg, P e Ca (Figura 67). Na camada 0,05 – 0,10 m, interações lineares nos
teores de Na, Mg e P e quadrática no teor de Ca (Figura 68). Já na camada de 0,10 – 0,20 m,
verificaram-se apenas interação linear no teor de cálcio no solo (Figura 69).
Da mesma forma que observado para a análise de fluorescência, as respostas observadas
para os elementos investigados pela análise de ICP (Tabela 16) são reflexos da composição
química do composto orgânico aplicado ao solo (Tabela 3). Da mesma forma que observado
167

nas análises anteriores, o elemento que se destaca é o cálcio e provavelmente está relacionado
à alta concentração desse elemento no composto aplicado.

Figura 67 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto,


para os valores totais de sódio (Na), magnésio (Mg), alumínio (Al), fósforo (P),
cálcio (Ca), na camada 0,00 – 0,05 m, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Um outro ponto que deve ser destacado nos resultados observados é a elevação nos
teores de sódio tanto na comparação entre tratamentos (Tabela 16), quanto na regressão
(Figuras 67 e 68). A elevação desse elemento também é resultado do teor de Na presente no
composto orgânico (Tabela 3), porém a presença desse elemento deve ser analisado com
cautela para que não ocorra a dispersão de argila do solo.
O excesso de sais solúveis e/ou sódio trocável, que caracterizam os solos afetados por
sais como salino, salino-sódico ou sódico, dificulta a absorção de água do solo pelas plantas,
induz à toxicidade de íons específicos (sódio e cloreto, principalmente), causa desequilíbrio
nutricional e impede a infiltração de água no solo, provocando redução do crescimento e
diminuição do rendimento das culturas (AYERS; WESTCOT, 1994; HOLANDA; AMORIM,
1997; AMORIM et al., 2002; AMORIM et al., 2008; HOLANDA et al., 2010). Além disso, o
íon sódio, por ser monovalente, aumenta a espessura da dupla camada difusa na superfície das
argilas, reduzindo as forças de atração entre elas, com consequente aumento da dispersão das
168

partículas (SPOSITO, 1989). De acordo com Frenkel et al. (1978), a dispersão de argila
promove o adensamento do solo como consequência do bloqueio dos poros por argila
dispersa.

Figura 68 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto,


para os valores totais de sódio (Na), magnésio (Mg), fósforo (P), cálcio (Ca),
na camada 0,05 – 0,10 m, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Figura 69 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses


de composto, para os valores totais de cálcio (Ca), na camada
0,10 – 0,20 m, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.
169

Em relação aos teores de Ti, V, Cr, Co, Ni, Cu, Zn, Zr, Cd e Pb, verificaram-se teores
desses elementos no solo variando de 161,59 a 3,21 µg g-1 de Ti e Pb, respectivamente
(Tabela 17).

Tabela 17 - Valores totais titânio (Ti), vanádio (V), cromo (Cr), níquel (Ni), cobre (Cu), zinco
(Zn), zircônio (Zr), cádmio (Cd) e chumbo (Pb), no plantio de Mabea fistulifera.
Selvíria – MS, 2010.
Trat. m Ti V Cr Co Ni Cu Zn Zr Cd Pb
-1
--------------------------------------------------µg g --------------------------------------------------
SI 125,88 a 49,32 a 26,35 a 1,64 a 4,50 b 13,11 b 8,37 a 10,54 b 0,02 a 3,21 a
DAM 151,43 a 63,08 a 27,50 a 2,08 a 6,06 a 17,42 a 9,49 a 13,42 a 0,02 a 3,65 a
D0 137,91 a 61,90 a 30,26 a 1,97 a 6,35 a 16,79 a 9,41 a 14,36 a 0,02 a 7,62 a
0,0 – 0,05

D10 149,12 a 61,57 a 29,28 a 2,08 a 5,98 a 16,60 a 9,43 a 12,85 a 0,02 a 4,82 a
D15 154,13 a 62,80 a 28,58 a 2,07 a 6,12 a 17,27 a 9,59 a 13,62 a 0,02 a 3,85 a
D20 151,98 a 62,24 a 29,98 a 1,95 a 6,00 a 17,07 a 10,11 a 14,03 a 0,02 a 4,64 a
CV% 8,56 7,06 11,59 10,03 5,24 7,40 8,73 6,19 9,89 23,0
SI 140,50 a 61,85 a 33,76 a 1,92 a 6,30 a 17,11 a 10,66 a 14,78 a 0,02 a 4,48 a
DAM 157,76 a 64,80 a 26,14 a 2,14 a 6,32 a 17,78 a 9,83 a 13,75 a 0,03 a 3,88 a
D0 152,27 a 61,44 a 30,49 a 1,89 a 6,31 a 17,02 a 9,41 a 14,80 a 0,02 a 4,93 a
0,05 – 0,10

D10 154,08 a 61,01 a 29,48 a 2,04 a 6,14 a 16,54 a 9,22 a 13,07 a 0,02 a 4,59 a
D15 157,79 a 62,41 a 28,24 a 2,01 a 6,18 a 17,18 a 9,71 a 13,79 a 0,02 a 3,94 a
D20 157,61 a 64,61 a 34,24 a 2,23 a 6,31 a 17,31 a 9,54 a 14,62 a 0,04 a 5,13 a
CV% 4,86 4,32 9,09 4,81 5,02 4,74 5,46 5,06 22,25 12,67
SI 150,17 a 61,13 a 33,04 a 1,97 a 6,24 a 16,76 a 9,16 a 14,61 a 0,02 a 4,44 a
DAM 157,38 a 65,95 a 26,95 a 2,14 a 6,60 a 18,57 a 9,39 a 14,39 a 0,02 a 3,84 a
D0 150,42 a 64,34 a 30,99 a 1,90 a 6,51 a 17,40 a 9,53 a 15,60 a 0,02 a 4,83 a
0,10 – 0,20

D10 158,39 a 64,47 a 31,87 a 2,20 a 6,51 a 17,96 a 9,27 a 14,04 a 0,02 a 4,62 a
D15 156,98 a 62,62 a 29,12 a 2,08 a 6,42 a 17,54 a 9,92 a 14,03 a 0,02 a 3,88 a
D20 159,92 a 66,26 a 33,54 a 2,36 a 6,81 a 17,80 a 9,38 a 15,13 a 0,02 a 5,76 a
CV% 4,16 5,31 10,16 7,39 5,59 6,04 6,18 5,63 5,41 14,10
SI 142,05 a 62,17 a 37,93 a 1,84 a 6,20 a 17,18 a 9,58 a 15,00 a 0,02 a 5,13 a
DAM 156,60 a 68,50 a 28,20 a 2,13 a 6,85 a 19,07 a 9,76 a 15,09 a 0,02 a 4,47 a
D0 151,41 a 62,90 a 33,93 a 2,06 a 6,34 a 17,09 a 9,41 a 15,26 a 0,02 a 4,77 a
0,20 – 0,40

D10 161,56 a 66,44 a 40,63 a 2,33 a 6,68 a 18,70 a 9,44 a 14,75 a 0,02 a 4,81 a
D15 157,81 a 61,90 a 35,55 a 2,41 a 6,35 a 16,99 a 9,35 a 13,82 a 0,02 a 4,19 a
D20 157,05 a 65,84 a 36,03 a 2,63 a 6,55 a 17,81 a 9,57 a 15,14 a 0,02 a 6,79 a
CV% 4,68 5,60 19,71 12,29 5,67 6,82 8,00 6,49 5,66 18,19
Médias na coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de Scott Knott ao
nível de 5 % de significância. CV%. Coeficiente de variação entre tratamentos. Os dados foram transformados em
para análise estatística. SI: área sem intervenção, DAM: adubação mineral, D0: sem adubação, D10: adubação
com composto na recomendação da cultura, D15 e D20, 15 e 20 Mg ha-1 composto orgânico, respectivamente.
Fonte: Produção do próprio autor.
170

Foram constatados interações significativas apenas na camada de 0,0 – 0,05 m nos


teores de Ni, Cu e Zr, com valores significativamente menores no tratamento SI (Tabela 17),
que provavelmente está relacionado ao manejo físico do solo. Para os demais elementos
estudados e nas diferentes camadas, não foram observadas diferença significativa entre os
tratamentos (Tabela 17).
Quando relacionados os teores de Ti, V, Cr, Co, Ni, Cu, Zn, Zr, Cd e Pb com as
diferentes doses de composto verificaram-se interação linear nos teores de Co no solo na
camada de 0,05 – 0,10 m quadráticas no teor de Cd nas camadas 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m.
Para os demais elementos e demais camadas, não foram observadas interações significativas
(Figura 70). Observa-se porém, apesar de significativos os valores são de baixa magnitude.

Figura 70 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores totais cobalto (Co) e cádmio (Cd), nas diferentes camadas, Selvíria,
MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados foram
transformados em para análise estatística.
Fonte: Produção do próprio autor.

Estudando a utilização de resíduos sólidos alcalinos de indústrias de celulose na


correção da acidez do solo, Teixeira (2003) verificou um comportamento semelhante a este.
De forma geral o autor não observou aumento significativo no teor de metais pesados nos
solos que receberam os resíduos celulósicos. Anderson (1989), explica que todos os solos
171

contêm níveis traços de metais e sua presença no solo não é um indicativo de contaminação.
A concentração de metais em solos não contaminados, sem interferência antropogênica, é
função primeiramente do material geológico de origem do solo e do grau de intemperização
deste material.
172

2.6 Conclusões

O composto orgânico advindo de resíduos da extração da celulose promoveu melhorias


nos atributos químicos da área estudada, com destaque para os teores de P, K, Ca e os valores
de SB, CTC e V%. Porém foi observada uma elevação acentuada nos valores de pH no
tratamento que recebeu 20 Mg ha-1 composto orgânico (D20) nas camadas 0,0-0,05, 0,05-0,10
m, o que pode influenciar negativamente o desenvolvimento das espécies arbóreas.
Até a dose de 20 Mg ha-1 e em condições semelhantes de solo é seguro utilizar o
composto orgânico, pois não foram detectados aumentos significativos nos teores de metais
pesados no solo após a adição do composto orgânico, porém deve-se atentar à elevação dos
teores de Na no solo.
173

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CAPÍTULO 3 DESENVOLVIMENTO DA VEGETAÇÃO, APORTES DE


SERAPILHEIRA E NUTRIENTES

Resumo

O estabelecimento da cobertura vegetal atua como proteção mecânica contra os agentes


erosivos, como fonte potencial de matéria orgânica e como mecanismo regulador da liberação
e da ciclagem de nutrientes contidos na serapilheira. Neste trabalho desenvolveu-se um estudo
com o objetivo de avaliar o desenvolvimento das espécies Eucalyptus urograndis e Mabea
fistulifera Mart., bem como o aporte de serapilheira e nutrientes das mesmas, após aplicação
de um composto orgânico advindo da compostagem de resíduos da produção de celulose em
um solo degradado. O acompanhamento do desenvolvimento das espécies foi realizado
trimestralmente a partir da data inicial do plantio (Fevereiro de 2010) até o mês de fevereiro
de 2012. Foram mensurados a altura total, a dimensão média da copa e o diâmetro do caule à
altura do solo de todas as plantas presentes na área útil de cada tratamento. Para a avaliação
do aporte de serapilheira e nutrientes, na região central de cada tratamento, foram instalados
dois coletores de 0,72 m2 de superfície fixados à aproximadamente 0,20 m acima da
superfície do terreno. O material decíduo aportado foi coletado mensalmente com data inicial
de fevereiro de 2011 até janeiro de 2012, sendo estratificado nas frações folhas, galhos,
sementes, flores, frutos e material não identificável (outros) e quantificado. Após essa etapa, o
material decíduo foi homogeneizado e triturado sendo determinados os conteúdos de
nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). Os resultados foram analisados efetuando-se
análise de variância, homogeneidade da variância e teste de Skott-Knott e análise de regressão
entre as doses de composto. Os dados de aporte foram correlacionados por meio do
coeficiente de Pearson com a precipitação e temperatura, utilizando-se nível de significância
de 5 %. Concluiu-se que o maior desenvolvimento dos vegetais foi na área onde foi realizada
a adubação mineral e está relacionado à imediata disponibilidade dos nutrientes. A massa de
serapilheira aumentou significativamente, sendo atribuído este fato ao desenvolvimento dos
vegetais. O plantio de Mabea fistulifera aportou uma menor quantidade de nutrientes em
comparação ao plantio de Eucalyptus urograndis.

Palavras chave: Ciclagem de nutrientes. Material decíduo. Devolução de nutrientes.


180

CHAPTER 3 DEVELOPMENT OF VEGETATION, LITTER AND


NUTRIENTS CONTRIBUTIONS

Abstract

The establishment of vegetation acts as mechanical protection against erosive agents, as


a potential source of organic matter and as a regulatory mechanism of release and cycling of
nutrients in the litter. In this work we developed a study aiming to evaluate the development
of the species Eucalyptus urograndis and Mabea fistulifera Mart., as well as litter production
and nutrient of them, after application of an organic compound arising from the composting of
waste pulp production in a degraded soil. Tracking the development of the species was
conducted quarterly from the date of initial planting (February 2010) through the month of
February 2012. The total height were measured, the average size of the crown and the stem
diameter to ground height of all the plants present in the working area of each treatment. To
evaluate the contribution of litter and nutrients in the central region of each treatment were
installed two collectors of 0,72 m2 surface fixed at approximately 0,20 m above the ground
surface. The material was collected monthly deciduous contributed initially dated February
2011 until January 2012, being stratified into leaves, twigs, seeds, flowers, fruits and
unidentifiable stuff (others) and quantified. After this step, the material was homogenized and
deciduous being crushed determined the contents of nitrogen (N), phosphorus (P) and
potassium (K). The results were analyzed by performing one-way analysis of variance, and
homogeneity of variance test Skott-Knott and regression analysis between doses of the
compound. The input data were correlated with rainfall or temperature through the Pearson
coefficient. We used a significance level of 5%. It was concluded that further development of
the plant was in the area where the mineral fertilization was performed and is related to the
immediate availability of nutrients. The mass of litter increased significantly, this fact being
attributed to the development of plants. Planting Mabea fistulifera landed a smaller amount of
nutrients compared to Eucalyptus urograndis.

Key words: Nutrient cycling. Material deciduous. Returning nutrients.


181

3.1 Introdução

A recuperação de atributos físicos, químicos e biológicos de um solo com altos níveis de


degradação, como os solos de áreas de empréstimo, é uma tarefa complexa e que demanda
uma série de medidas que possam interferir física, química e biologicamente nos
mesmos. Devido à elevada compactação desses solos e a falta de estruturação, estes
encontram se de forma geral com baixa capacidade de infiltração e acúmulo de água, alta
resistência do solo à penetração, densidade do solo elevada, deficientes em trocas gasosas e
com baixos teores de nutrientes e matéria orgânica. Além disso, na maioria das vezes
encontram-se expostos e erodidos.
Uma das tentativas de se recuperar estes solos seria o agrupamento de uma série de
medidas físicas (Capítulo 1), químicas (Capítulo 2) e o plantio de espécies arbóreas
(Capitulo 3). Estas últimas, atuariam como proteção mecânica contra os agentes erosivos, na
reestruturação do solo e o constante aporte de material decíduo, na atração da fauna edáfica e
adição de nutrientes e material orgânico ao solo pelo processo de ciclagem de nutrientes.
O estudo do processo de ciclagem de nutrientes ajuda a conhecer o funcionamento de
um determinado ecossistema. A partir da quantificação dos aportes de serapilheira e a
devolução de nutrientes ao solo, pode-se ter idéia da quantidade de material vegetal que está
sendo devolvido ao piso florestal, bem como a qualidade química desse material, que varia de
espécie para espécie.
Baseado nesses argumentos, este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento
das espécies Eucalyptus urograndis e Mabea fistulifera Mart., bem como o aporte de
serapilheira e nutrientes das mesmas, após aplicação de um composto orgânico advindo da
compostagem de resíduos da produção de celulose em um solo degradado.
182

3.2 Revisão de Literatura

3.2.1 Cobertura vegetal

Em áreas de empréstimo a retirada dos horizontes superficiais deixam o subsolo exposto


e destituído de matéria orgânica, reduzindo do sistema a possibilidade de estabelecer
regeneração espontânea. Estas modificações alteram os ecossistemas, gerando perda de
resistência e resiliência ambiental (VALENTE et al., 2005). Uma das formas de contornar
estes quadros de degradação é por meio do uso de medidas biológicas que consistem no
plantio de espécies capazes de conduzir os processos de regeneração espontânea
(VALCARCEL; SILVA, 2000), restituindo a forma e função do ecossistema, onde o papel da
vegetação é crucial para retomada dos processos ecológicos. As medidas biológicas atuam na
melhoria das condições edáficas em função da contribuição do aporte de material decíduo e
sua posterior decomposição (PARROTA, 1995).
O estabelecimento da cobertura vegetal atua como proteção mecânica contra os agentes
erosivos, como fonte potencial de matéria orgânica e como mecanismo regulador da liberação
e da ciclagem de nutrientes contidos na serapilheira (HEANEY; PROCTOR, 1989). O
reflorestamento é uma das maneiras de intervenção que, segundo Parrota et al. (1997), produz
um efeito catalítico, pois promove mudanças das condições microclimáticas com aumento da
complexidade estrutural da vegetação e o desenvolvimento das camadas de serapilheira e
húmus durante os primeiros anos do plantio. Denardin (1984) cita que a cobertura vegetal
reduz as perdas de água pela evaporação, eleva a retenção de água e aumenta o teor de
matéria orgânica melhorando assim a resistência do solo à erosão, pela maior estabilidade dos
agregados, menor densidade do solo e redução da massa das partículas componentes do solo.
Segundo Bennie (1996), o sistema radicular provoca a desorganização do solo ao
penetrar camadas com alta resistência mecânica e ser decomposta , deixa canais ("bioporos")
que contribuem para a infiltração da água e difusão de gases, melhorando a qualidade física
do solo para as culturas subsequentes. Além disso, o crescimento radicular pode incrementar a
matéria orgânica ao longo do perfil do solo, a qual promove a estabilização dos agregados,
reduzindo a susceptibilidade do solo à compactação (ROTH et al., 1991), aumentando a
atividade biológica e criando condições propícias para o estabelecimento de outras espécies
mais exigentes (FRANCO et al., 1992).
Na recuperação de solos degradados, os métodos empregados devem basear-se em
tecnologias que promovam não apenas a utilização de espécies vegetais de rápido
183

crescimento, mas também que sejam capazes de melhorar o solo por meio do aporte de
matéria orgânica (GONÇALVES et al., 2008). Esta, será uma precursora na criação de
condições necessárias para o desenvolvimento da fauna do solo e retenção de água no mesmo.
Além disso, a decomposição da matéria orgânica resultante da cobertura vegetal formará o
húmus, que mediante o processo de mineralização, irá liberar alguns nutrientes que podem ser
reaproveitados pelas plantas no processo de ciclagem de nutrientes (ALMEIDA, 2002).

3.2.2 Ciclagem de nutrientes

O estudo do processo de ciclagem de nutrientes é realizado com o objetivo de conhecer


o funcionamento de um ecossistema sob o ponto de vista de sua manutenção e estádio
sucessional em que este se encontra. Pode ser realizado por meio da quantificação de
nutrientes que entram no ecossistema (importação), dos que saem (exportação), daqueles que
permanecem estocados nos diversos compartimentos do ecossistema e dos fluxos de
transferência entre esses compartimentos (LOPES et al., 2002). Além disso, estas informações
podem servir como base para o estabelecimento de práticas de manejo florestal para
recuperação de áreas degradadas e manutenção da produtividade de sítios degradados em
recuperação (SOUZA; DAVIDE, 2001).
Poggiani e Schumacher (2000) enfatizam que é muito importante o aprofundamento em
pesquisas sobre a ciclagem de nutrientes em plantações florestais compostas por espécies
nativas, em maciços puros ou mistos, com finalidade de recuperação de áreas degradadas ou
para fins comerciais. Pritchett (1979) explica que em um ecossistema florestal a ciclagem de
nutrientes pode ser dividida em dois grandes grupos: o ciclo externo e o ciclo interno. O ciclo
externo, também chamado de ciclo geoquímico é aquele que envolve a entrada e a saída dos
elementos em relação ao meio externo à floresta, como a chuva, poeira, aplicação de
fertilizantes, intemperismo das rochas, erosão, lixiviação entre outros. O ciclo interno, que
ocorre dentro do sistema pode ser dividido em dois ciclos: o biogeoquímico e o bioquímico,
sendo que no primeiro ocorrem as trocas químicas entre o solo e as plantas, com a absorção
pelas raízes, a deposição e decomposição da serapilheira, o escorrimento das plantas,
herbivoria, entre outros. O ciclo bioquímico é aquele que ocorre no interior das plantas, com a
translocação de nutrientes dos tecidos velhos para os tecidos mais novos.
A produção de serapilheira representa o primeiro estágio de transferência de nutrientes e
energia da vegetação para o solo, pois a maior parte dos nutrientes absorvidos pelas plantas
retorna ao piso florestal por meio da queda de serapilheira ou lavagem foliar
184

(CALDEIRA et al., 2008). Juntamente com os demais compartimentos florestais, a


serapilheira contribui para a interceptação da água da chuva, por meio do amortecimento e da
consequente dispersão da energia cinética das gotas, minimizando, assim, os efeitos erosivos.
Por meio de gradiente vertical de decomposição, a camada de serapilheira contribui para o
armazenamento de água no solo, bem com o aumento das taxas de infiltração e
condicionamento dos fluxos superficiais (OLIVEIRA FILHO, 1987).
A serapilheira é constituída por materiais vegetais depositados na superfície do solo, tais
como folhas, cascas, ramos, troncos, gravetos, flores, inflorescências, frutos, sementes e
fragmentos vegetais não identificáveis (OLSON, 1963; FACELLI; PICKETT, 1991;
DIAS; OLIVEIRA FILHO, 1997; CIANCIARUSO et al., 2006). Ela representa a reserva
central de elementos minerais em ecossistemas de florestas tropicais, onde os solos são
quimicamente pobres e sua decomposição possibilita que os elementos liberados da biomassa
vegetal retornem ao solo (VITOUSEK; SANFORD JUNIOR, 1986; MARTIUS et al., 2004).
Além desses atributos, a serapilheira abriga micro e macro invertebrados que atuam nos
processos de decomposição e de fertilização natural dos solos, bem como armazena grande
quantidade de sementes que possibilita a renovação das populações (SILVA et al., 2006;
SILVA, 2009).
Sua deposição é heterogênea no tempo e no espaço, podendo afetar a estrutura e a
dinâmica da comunidade vegetal (FACELLI; PICKETT 1991;
MOLOFSKY; AUSGSPURGER, 1992). Sendo que a quantidade de serapilheira e o conteúdo
de nutrientes aportados ao solo irão refletir na sua capacidade produtiva e no seu potencial de
recuperação ambiental, tendo em vista as modificações que irão ocorrer nas características
químicas do solo e, consequentemente, na cadeia alimentar resultante do material orgânico
adicionado ao solo (SCHUMACHER et al., 2004).
A quantidade de serapilheira depositada também pode variar dentro de um mesmo tipo
de vegetação, dependendo do grau de perturbação das áreas
(MARTINS; RODRIGUES, 1999). Sua deposição sofre influência do tipo de vegetação,
estádios sucessionais, latitude, altitude, temperatura, ventos, precipitação, herbivoria,
disponibilidade hídrica e estoque de nutrientes do solo (PORTES et al., 1996;
CAMPOS et al., 1999; FIGUEIREDO FILHO et al., 2003). Sendo classificada como um
bioindicador de reação, uma vez que responde com alterações em seus processos de deposição
em função de alterações no meio (KLUMPP, 2001; MARTINS; RODRIGUES, 1999).
185

Delitti (1984) mencionou dois padrões básicos para a deposição anual de serapilheira. O
primeiro se refere a uma maior deposição na época seca, como ocorre em ecossistemas
amazônicos, nas florestas mesófilas e cerrados e está diretamente ligado à quantidade e
disponibilidade de água no solo que, nessa época, tende a ser reduzida em tais ambientes,
causando um estresse hídrico e, consequentemente, a senescência do vegetal, aumentando
assim a quantidade de material aportado. O segundo caso é o contrário e consiste em um
aumento na intensidade de deposição de serapilheira na época úmida, típico das florestas
atlânticas e restingas, estando ligado ao impacto mecânico provocado pelas chuvas e os
ventos, provocando um aumento na taxa de deposição.
A avaliação do aporte de nutrientes via serapilheira faz parte do estudo de ciclagem de
nutrientes, e esta resulta de vários processos interligados nos quais os recursos nutricionais
são utilizados em sucessivos períodos de fixação de energia (DELITTI, 1995). A
decomposição da serapilheira permite a liberação de nutrientes, compostos e a produção de
substâncias orgânicas que irão constituir o húmus que irá se acumular sob a serapilheira e
compor a matéria orgânica do solo (COELHO, 2011). Sendo que uma parte do carbono
retorna para a atmosfera como CO2 (STEVENSON, 1982). Esse ciclo é constantemente
renovado por um conjunto de processos interconectados de forma que os mesmos recursos
nutricionais são utilizados sucessivamente na fixação de energia (DELITTI, 1995).
Segundo Vital (1999) cada parte da árvore apresenta diferentes concentrações de
elementos químicos em seus tecidos, o que irá refletir na quantidade de nutrientes transferidos
para o solo, conforme a produção de cada compartimento na serapilheira e sua taxa de
deposição. O teor dos nutrientes depositados com a serapilheira varia com a espécie,
variedade, procedência, fatores edáficos, tipo e forma de adubação, com as condições
climáticas e com o elemento em si (FERRAZ, 2009) sendo a serapilheira a principal via de
transferência de carbono, nitrogênio, fósforo e cálcio (COLE; RAPP, 1980).
Segundo Schlesinger (1997) as folhas e as raízes finas recebem grandes quantidades de
nutrientes, apesar da pouca biomassa, se comparada à biomassa das raízes grossas, ramos e
troncos. Em folhas novas, as concentrações de nutrientes como N, P e K são maiores e
conforme a folha amadurece, diminui a concentração destes nutrientes e aumenta a
concentração dos nutrientes como Ca, Mg e Fe. Montagnini et al. (1995) observaram maior
concentração de nitrogênio, magnésio e potássio nas folhas que em outras partes vegetais,
sugerindo que há um bom potencial para recirculação destes elementos.
186

3.3 Material e Métodos

3.3.1 Avaliação do desenvolvimento das espécies

O acompanhamento do desenvolvimento das espécies foi realizado trimestralmente a


partir da data inicial do plantio (Fevereiro de 2010) até o mês de fevereiro de 2012. Foram
mensurados a altura total (ALT) com o auxílio de uma régua graduada (Figura 71A), a
dimensão média das copas (DC) com o auxílio de uma trena (Figura 71B), o diâmetro do
caule à altura do solo (DAS) com o auxílio de um paquímetro digital (Figura 71C) e taxa de
sobrevivência (SOB). Foram mensuradas todas as plantas presentes na área útil de cada
parcela.

Figura 71 - Mensuração altura total (A); Mensuração da dimensão média de copa (B);
Mensuração do diâmetro à altura do solo (C), Selvíria – MS.

A B C

Fonte: Produção do próprio autor.

3.3.2 Aporte de serapilheira e nutrientes

Para a avaliação do aporte de serapilheira, na linha de plantio central de cada tratamento,


foram instalados dois coletores com dimensões de 0,80 x 0,80 m (0,72 m2 de superfície),
altura de 0,10 m de bordadura, com fundo de tela de nylon com malha de 1,0 mm, fixados à
aproximadamente 0,20 m acima da superfície do terreno (Figura 72A).
A serapilheira aportada (Figura 72B) foi coletada mensalmente com data inicial de
fevereiro de 2011 até janeiro de 2012. O material coletado foi transportado para o laboratório
e estratificado nas frações folhas, galhos, sementes, flores, frutos e material não identificável
(outros). Após ser estratificado, as frações foram colocadas em estufa de ventilação forçada a
187

65º C, até atingir massa constante e pesadas. A produção de serapilheira foi estimada a partir
da seguinte equação: PS = (ΣPMS x 10.000) / Ac; Onde: PS = Produção anual de serapilheira
(kg ha-1 ano-1); PMS = Produção mensal de serapilheira (kg ha -1 mês-1); Ac = Área do coletor
(m2) (LOPES et al., 2002).

Figura 72 - Coletores de serapilheira instalados no centro de cada parcela (A); Detalhe


coletor de serapilheira após o desenvolvimento das árvores no plantio de
E. urograndis (B).
A B

Fonte: Produção do próprio autor.

Após essa etapa, o material decíduo foi homogeneizado, obtendo-se uma amostra que
foi triturada em moinho tipo Willey e submetida à digestão sulfúrica (TEDESCO et al., 1995).
No extrato, foram determinados os conteúdos de nitrogênio (N) por destilação por arraste a
vapor, fósforo (P) por colorimetria e potássio (K) por fotometria de chama. Partindo-se dos
teores e da quantidade de material depositado, foram quantificados os conteúdos de N, P e K
adicionados mensalmente.

3.3.3 Análises estatísticas

Os resultados foram analisados efetuando-se análise de variância, homogeneidade da


variância e teste de Skott-Knott para as comparações das médias no nível de 5 % de
probabilidade. Realizou-se análise de regressão entre as doses de composto considerando o
controle como dose zero mais as doses de 10, 15 e 20 Mg ha -1, no nível de 5% de
probabilidade. Os dados de aporte de serapilheira foram correlacionados com os dados de
precipitação e temperatura por meio do coeficiente de Pearson. As figuras geradas a partir dos
dados de aporte de serapilheira e nutrientes foram analisadas de forma empírica. Os
programas computacionais utilizados para a realização das análises estatísticas foram o
SISVAR (FERREIRA, 2008) e Excel.
188

3.4 Resultados e Discussão

3.4.1 Desenvolvimento das espécies

Em fevereiro de 2011, no plantio de Mabea fistulifera, os valores de altura (ALT) das


plantas, diâmetro de copa (DC) e o diâmetro do fuste à altura do solo (DAS) variaram,
respectivamente, de 1,15 a 1,68 m, 0,95 a 1,60 m, 16,96 a 29,71 mm. Para todas as variáveis
analisadas, a área com adubação mineral (D AM) apresentou valores significativamente
superiores às demais áreas (Figuras 73, 74 e 75). Os valores de sobrevivência variaram de
84,72 % no tratamento DAM a 97,22 % no tratamento D20, porém não se verificou diferença
significativa entre os tratamentos (Figura 76). Das variáveis estudadas não foram observadas
relações significativas entre as diferentes doses de composto adicionado e as respostas
fornecidas pelo vegetal (Figura 77). Ao serem comparadas as duas espécies, verificou-se
comportamento semelhante em relação às diferentes variáveis estudadas (Figuras 73, 74, 75 e
76).

Figura 73 - Valores de Altura (ALT) nos plantios de Mabea fistulifera e Eucalyptus


urograndis, em 2011 e 2012. SI – sem intervenção; D0 – sem adubação; D AM –
adubação mineral; D10 – adubação com composto na recomendação da cultura;
D15 e D20 – adubação do composto com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1.

Médias seguidas de letras distintas (maiúscula entre anos e mesmo tratamento; minúscula, entre tratamentos da
mesma espécie no mesmo ano), diferem entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade. * indica que
houve diferença significativa entre espécies dentro do mesmo ano de estudo.
Fonte: Produção do próprio autor.

Os valores de ALT, DC e DAS são inferiores aos verificados por Arruda (2012),
estudando o uso deste mesmo composto, nas mesmas proporções, porém, distribuídos na linha
de plantio e em solo não degradado, após 12 meses do plantio de Mabea fistulifera. O autor
189

quantificou valores de altura variando 1,66 a 2,10 m, dimensão média da copa de


1,81 a 2,24 m e 27,60 a 39,47 mm para os tratamentos D 0 e D20. Diferindo ao observado nesse
estudo, Arruda (2012) verificou que a resposta ao desenvolvimento de Mabea fistulifera
apresentou resposta linear em função do aumento da dose de composto empregada.

Figura 74 - Valores de dimensão da copa (DC) nos plantios de Mabea fistulifera e Eucalyptus
urograndis, em 2011 e 2012. SI – sem intervenção; D0 – sem adubação; D AM –
adubação mineral; D10 – adubação com composto na recomendação da cultura;
D15 e D20 – adubação do composto com, respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1.

Médias seguidas de letras distintas (maiúscula entre anos e mesmo tratamento; minúscula, entre tratamentos da
mesma espécie no mesmo ano), diferem entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade. * indica que
houve diferença significativa entre espécies dentro do mesmo ano de estudo.
Fonte: Produção do próprio autor.

Neste mesmo ano, no plantio de Eucalyptus urograndis, os valores de ALT variaram de


0,89 a 2,01 m, DC de 0,77 a 1,43 m, DAS de 13,24 a 34,69 mm e SOB de 73,61 a 100 %
(Figuras 73, 74, 75 e 76). Os valores de altura e diâmetro à altura do solo apresentaram um
comportamento semelhante para o eucalipto. Verificou-se em relação à estas variáveis,
menores valores no tratamento D 0, valores intermediários observados nos tratamentos D 10,
D15 e D20 e maior valor de ALT e DAS no tratamento D AM (Figuras 73 e 75). O diâmetro
médio de copa foi significativamente menor nos tratamento D0, D15 e D20, em relação ao
tratamento D10 e este foi significativamente inferior ao tratamento D AM (Figura 74). Já em
relação à taxa de sobrevivência, os maiores valores de sobrevivência foram significativamente
superiores nos tratamentos D10 e DAM que os tratamentos D0, D15 e D20 (Figura 76).
Neste plantio e neste mesmo ano de avaliação, observou-se relação significativa, com
padrão quadrático, entre a quantidade de composto adicionado e as respostas de
desenvolvimento para as variáveis ALT, DC e DAS (Figura 77).
190

Figura 75 - Valores de diâmetro à altura do solo (DAS) nos plantios de Mabea fistulifera e
Eucalyptus urograndis, em 2011 e 2012. SI – sem intervenção; D0 – sem
adubação; DAM – adubação mineral; D10 – adubação com composto na
recomendação da cultura; D15 e D20 – adubação do composto com,
respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1.

Médias seguidas de letras distintas (maiúscula entre anos e mesmo tratamento; minúscula, entre tratamentos da
mesma espécie no mesmo ano), diferem entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade. * indica que
houve diferença significativa entre espécies dentro do mesmo ano de estudo.
Fonte: Produção do próprio autor.

Figura 76 - Valores de taxa de sobrevivência (SOB) nos plantios de Mabea fistulifera e


Eucalyptus urograndis, em 2011 e 2012. SI – sem intervenção; D0 – sem
adubação; DAM – adubação mineral; D10 – adubação com composto na
recomendação da cultura; D15 e D20 – adubação do composto com,
respectivamente, 15 e 20 Mg ha-1.

Médias seguidas de letras distintas (maiúscula entre anos e mesmo tratamento; minúscula, entre tratamentos da
mesma espécie no mesmo ano), diferem entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade. * indica que
houve diferença significativa entre espécies dentro do mesmo ano de estudo.
Fonte: Produção do próprio autor.

Os valores de ALT, DC e DAS verificados por Arruda (2012) no plantio de Eucalyptus


urograndis aos 12 meses de desenvolvimento também são superiores aos valores observados
no plantio do presente trabalho. O autor quantificou valores de altura variando 2,24 a 4,78 m,
191

dimensão média da copa de 1,84 a 2,68 m e 32,12 a 61,32 mm para os tratamentos D0 e D20.
Da mesma forma ao observado nesse estudo, Arruda (2012) verificou que a resposta ao
desenvolvimento de Mabea fistulifera apresentou resposta quadrática em função do aumento
da dose de composto empregada.

Figura 77 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de altura (ALT), densidade da copa (DC), diâmetro à altura do solo
(DAS) e taxa de sobrevivência (SOB), nos plantios de Mabea fistulifera e
Eucalyptus urograndis, em 2011, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F.


Fonte: Produção do próprio autor.

Em 2012, no plantio de Mabea fistulifera os valores de altura variaram de 1,97 m à 2,39,


o DC de 1,81 à 2,53 m, o DAS de 32,58 a 48,58 mm e a taxa de sobrevivência de 74,30 a
93,05 %. Nesta avaliação, não foram verificadas diferenças significativas para as variáveis
ALT, DAS e SOB, entre tratamentos estudados (Figuras 73, 75 e 76). Houve diferença
significativa em relação ao diâmetro médio de copa com os menores valores nos tratamentos
D10 e D20, diferindo-se significativamente dos tratamentos D0, D15 e DAM (Figura 74). Do
mesmo modo que na avaliação de 2011, não foram observadas relações significativas entre a
adição de diferentes doses de composto e as variáveis ALT, DC, DAS e SOB (Figura 78).
No plantio de eucalipto, os valores de altura variaram de 1,79 a 3,11 m, o diâmetro
médio de copa de 1,58 a 2,34 m, o diâmetro à altura do solo de 34,92 à 57,48 mm e a taxa de
192

sobrevivência variou de 56,25 à 96,53 % (Figuras 73, 74, 75 e 76). Verificou-se que os
valores de DC, DAS e SOB foram significativamente superiores no tratamento D AM em
relação aos tratamentos D0, D10, D15 e D20, sendo que estes últimos não diferiram entre si
(Figuras 74, 75 e 76). A altura foi significativamente maior nos tratamentos D 10 e DAM,
quando comparados aos tratamentos D0, D15 e D20 (Figura 73). Observou-se correlação
significativa, entre a adição de diferentes doses de composto e o desenvolvimento dos
vegetais, apenas na variável diâmetro à altura do solo, com valor máximo de DAS quando se
adiciona 11,23 Mg ha-1 de composto (Figura 78).

Figura 78 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de


composto, para os valores de altura (ALT), densidade da copa
(DC), diâmetro à altura do solo (DAS) e taxa de sobrevivência
(SOB), nos plantios de Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis.
urograndis, em 2012, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 %


(P < 0,01), pelo teste F.
Fonte: Produção do próprio autor.

Ao serem comparadas as duas espécies, observou-se um comportamento semelhante ao


verificado em 2011, ou seja, de forma geral as duas espécies possuem médias estatisticamente
iguais para a maioria das variáveis analisadas (Figuras 73, 74 e 75). Este comportamento pode
estar indicando que o canudo-de-pito provavelmente está melhor adaptado às condições
extremas em que está se desenvolvendo, pois conforme estudado e discutido (Capítulos 1 e 2),
cada tratamento apresenta características químicas e físicas semelhantes. Um outro fato que
deve ser levado em consideração é a vulnerabilidade da espécie de eucalipto utilizada ao
ataque do besouro desfolhador C. ferruginea vulgata. Provavelmente o ataque destes insetos
às plantas foram os responsáveis à menor taxa de sobrevivência dos vegetais nos tratamentos
193

D0, D10, D15 e D20 (Figura 76), pois estes insetos quando adultos alimentam-se das folhas,
deixando-as perfuradas ou rendilhadas (IPNI, 2001).
Esperava-se que estas espécies se desenvolvessem de forma distinta em relação à altura,
ao diâmetro da copa, ao diâmetro à altura do solo e à sobrevivência, pois possuem
características diferentes. O canudo-de-pito é uma planta heliófita que mede de 6 a 15 m,
seletiva xerófita, pioneira característica de vegetação secundária de terrenos arenosos,
adaptada à luz direta e pouco exigente na fertilidade do solo (LOZENZI, 1992). Já a maioria
das espécies de eucalipto são conhecidas como árvores típicas de florestas abertas , com 30 a
50 m de altura (MOURA; GARCIA, 2000).
Ao serem comparadas cada espécie entre os dois períodos de avaliação, observou-se que
os valores de ALT, DC e DAS em 2012 de todos os tratamentos eram significativamente
superiores aos valores observados em 2011, tanto no plantio de eucalipto como no de canudo.
Verificou-se que em relação à taxa de sobrevivência, em ambos os plantios, os valores eram
significativamente iguais entre os dois anos de avaliação nos diferentes tratamentos
estudados. Este resultado é satisfatório e indica que houve um desenvolvimento significativo
dos vegetais com a manutenção dos indivíduos no local (Figuras 73, 74, 75 e 76).
Quando se avalia graficamente o desenvolvimento das espécies trimestralmente
(Figura 79), observa-se que ambos os plantios possuem curvas distintas de desenvolvimento.
Ao ser analisada a variável altura, verificou-se no plantio de Mabea fistulifera que o
tratamento DAM tende a se destacar em relação aos demais tratamentos até novembro de 2011
e após esse mês tende a se igualar com os tratamentos D 0, D10 e D15 (Figura 79). Porém,
verificou-se que a altura dos vegetais presentes no tratamento D 20 tendem a valores inferiores
aos demais tratamentos.
Quando são analisadas as curvas de DC e DAS no plantio de canudo-de-pito observou-
se que para estas variáveis, em todo o período de estudo, o tratamento D AM se destacou
tendendo a maiores valores e os demais tratamentos tenderam a se agrupar (Figura 79).
Quanto à taxa de sobrevivência, verificou-se um comportamento de constância ao longo do
período estudado, sendo que o tratamento D20 tende a apresentar as maiores taxas de
sobrevivência (Figura 79).
Já no plantio de eucalipto, as curvas de altura, diâmetro médio de copa e diâmetro à
altura do solo, tenderam a seguir um padrão. Neste plantio o tratamento D AM se destacou e o
tratamento D0 tendeu a apresentar menores valores (Figura 79).
194

Figura 79 - Valores trimestrais de Altura (ALT), densidade da copa (DC), diâmetro à altura do
solo (DAS) e taxa de sobrevivência (SOB) nos tratamentos: D 0 – sem adubação;
DAM – adubação mineral de acordo com a necessidade da cultura; D10 – adubação
com composto de acordo com a necessidade da cultura (10 Mg ha -1); D15 – 15 Mg
ha-1 e D20 – 20 Mg ha-1 do composto.
Mabea fistulifera Eucalyptus urograndis

Fonte: Produção do próprio autor.

Quando é observado o comportamento do desenvolvimento dos vegetais sob diferentes


quantidades de composto orgânico, verificou-se que a partir de novembro de 2010 o
195

tratamento D20 apresentou menores valores em relação a D10 e D15, sendo que o tratamento
D10 foi o que mais se aproximou aos valores do tratamento D AM (Figura 79). Já em relação à
taxa de sobrevivência, verifica-se que o plantio mais afetado pelo ataque do besouro
desfolhador foi o tratamento D20 (Figura 79).
O desenvolvimento mais expressivo das espécies que receberam adubação mineral
como fonte de nutrientes pode estar relacionado à disponibilidade imediata dos nutrientes para
o vegetal. Além disso, a adubação foi realizada na linha de plantio, o que pode ter favorecido
à absorção mais eficiente dos nutrientes pelos vegetais. Já o composto orgânico necessita
passar pelo processo de decomposição, para que os nutrientes sejam liberados ao solo, sendo
este um processo mais lento e que necessita da atividade da biomassa microbiana do solo.
Estudando a produção de madeira em plantios de Eucalyptus grandis, após a aplicação de
lodo de esgoto, Silva (2006) verificou resposta similar a observada nesse estudo. O autor
constatou que o tratamento com fertilização mineral apresentou na mensuração inicial valores
superiores aos demais tratamentos, concluindo que esse fato se devia provavelmente à
imediata liberação de nutrientes fornecida pela fertilização mineral.
Entre os tratamentos que receberam o composto orgânico como fonte de nutrientes, em
ambas as espécies, observou-se que o tratamento D20 foi menos promissor com relação as
características de ALT, DC e DAS, quando comparado com os tratamentos D 10 e D15. Já a
taxa de sobrevivência foi mais promissora apenas no plantio e Mabea fistulifera (Figura 79).
Este fato é contraditório quando se avalia os níveis de fertilidade do solo (Capítulo 2), pois se
verificou que a área onde foi aplicada a maior dose do composto (D20), foi onde observaram-
se os melhores níveis de fertilidade. Esse padrão pode provavelmente ser decorrente ao
elevado valor de pH encontrado neste tratamento, os nutrientes encontraram-se com menor
disponibilidade à absorção pelos vegetais. Outra hipótese que pode ser levantada é que as
espécies utilizadas estejam melhor adaptadas a se desenvolverem em solos mais ácidos.
Apesar da maior quantidade de nutrientes nos tratamentos que receberam diferentes
doses do composto orgânico, observa-se que paralelo ao aumento da dose de composto
aplicada ocorreu a elevação dos valores de pH (Capítulo 2). Em função deste aumento de pH
no tratamento D20 (valores de pH variando entre 6,7 a 7,5) supõe-se que alguns nutrientes,
especialmente os micro, podem estar indisponíveis para a absorção pelas plantas (RAIJ,
1991). Além disso, o menor desenvolvimento observado da vegetação em relação ao
encontrado em literatura provavelmente pode ser resultado do nível de degradação das
condições físicas do solo (Capítulo 1).
196

3.4.2 Aporte de serapilheira

Ao longo do estudo, no plantio de Mabea fistulifera verificou-se que o aporte de


material decíduo variou de 2,6 Mg ha-1 ano-1 no tratamento DAM à 1,1 Mg ha-1 ano-1, no
tratamento D20 (Tabela 18). No plantio de Eucalyptus urograndis observou-se que os valores
de aporte de serapilheira variaram de 0,9 Mg ha -1 ano-1 no tratamento D0 à 2,6 Mg ha-1 ano-1
no tratamento DAM (Tabela 18). Em ambos os plantios e tratamentos não foram constatadas
diferenças significativas para os valores de aporte de serapilheira (Tabela 18). Provavelmente
este fato se deve ao elevado coeficiente de variação dos dados (Tabela 18). Também não
foram observadas correlações significativas entre as diferentes doses de composto adicionadas
e aporte de serapilheira (Tabela 18).
Estudando o aporte de serapilheira em floresta com diferentes estádios sucessionais em
Pinheiral – RJ, Menezes et al. (2010) quantificaram aporte de serapilheira variando de 6,6
Mg ha-1 ano-1 para floresta em estádio inicial, 7,4 Mg ha-1 ano-1 para floresta em estádio
médio a 11 Mg ha-1 ano-1 para floresta em estádio avançado. Pimenta et al. (2011) estudando a
produção de serapilheira em um reflorestamento com 6 espécies nativas no Parque Estadual
dos Godoy, no sul do Brasil, constataram valores de aporte de serapilheira de 5,34 Mg ha -1
ano-1, 18 meses após o plantio.
Ao estudar a ciclagem e o balanço de nutrientes em povoamentos de eucalipto com 6
anos de idade na região norte fluminense, Zaia e Gama-Rodrigues (2004) verificaram valores
de aporte de serapilheira de 4,78, 4,53 e 4,99 Mg ha-1 ano-1 nos plantios de E. grandis, E.
camaldulensis e E. pellita. Ferraz (2009) quantificou valores em média de 6,5 Mg ha -1 ano-1
de serapilheira nas áreas de eucaliptos que receberam lodo de esgoto ou fertilizante mineral. O
mesmo autor constatou que o aporte no tratamento sem adubação foi em média 2,75 Mg ha -1
ano-1 menor em comparação aos demais.
De forma geral, no plantio de eucalipto o aporte de serapilheira obedeceu à seguinte
tendência: DAM > D10 > D0 > D15 > D20 (Tabela 18). Na área de plantio de eucalipto, de forma
geral, os tratamentos tenderam a: D AM > D10 > D20 > D15 > D0 (Tabela 18). Em ambos os
plantios verifica-se uma tendência a maiores valores no tratamento D AM, este fato
provavelmente está relacionado à maior dimensão da copa dos vegetais localizados nestes
tratamento (Figura 74). Já o tratamento D 10, equivalente nutricionalmente, apresentou em
ambos os plantios maior aporte que os tratamentos D0, D15 e D20. Este fato pode indicar
tendência de comportamento no aporte de serapilheira devido à equivalência nutricional do
solo. Segundo Werneck et al. (2001), a produção de serapilheira pode estar relacionada à
197

proporção ocupada pelas copas, de modo que, quanto maiores forem às árvores, maiores serão
as proporções ocupadas pelas copas e, consequentemente, maior será a produção de
serapilheira. Songwe et al. (1988) concluem que a abundância das espécies pioneiras pode ser
menos importante que o tamanho e o porte do dossel na determinação da produção da
serapilheira.

Tabela 18 - Valores totais de aporte de serapilheira nos tratamentos: D0 – sem


adubação; DAM – adubação mineral de acordo com a necessidade
da cultura; D10 – adubação com composto de acordo com a
necessidade da cultura (10 Mg ha -1); D15 – 15 Mg ha-1 e D20 – 20
Mg ha-1 do composto, nos plantios de Mabea fistulifera e
Eucalyptus urograndis.
Mabea fistulifera Eucalyptus urograndis
Tratamento
Mg ha-1 ano-1
DAM 2,6 Aa 2,6 Aa
D0 1,3 Aa 0,9 Aa
D10 1,5 Aa 1,9 Aa
D15 1,2 Aa 1,2 Aa
D20 1,1 Aa 1,5 Aa
CV1 (%) 18,25
CV2(%) 27,82
Regressão F
Linear 0,145ns 0,736ns
Quadrática 0,126ns 0,532ns
CV3(%) 17,96
Médias seguidas de mesma letra, na linha (maiúscula – entre espécies e
mesma variável analisada, no mesmo ano) e na coluna (minúscula entre
tratamentos por camada, no mesmo ano), não diferem entre si pelo teste
de Skott-Knott a 5% de probabilidade. ns, *, **: não significativos,
significativos a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), respectivamente. CV1:
Coeficiente de variação entre tratamentos; CV2: Coeficiente de variação
entre espécies. CV3: Coeficiente de variação dos dados em cada
camada. Os dados originais foram transformados em .
Fonte: Produção do próprio autor.

No plantio de Mabea fistulifera, em fevereiro de 2011 (12 meses após o plantio), em


198

média os tratamentos aportavam em torno de 0,02 Mg ha-1 de serapilheira. Verificou-se ao


longo do período estudado, valores variando de 0,009 Mg ha -1 mês-1 no tratamento D0 à 0,036
Mg ha-1 mês-1 no tratamento DAM (Figura 80).

Figura 80 - Valores mensais de aporte de serapilheira em Mg ha -1 dos plantios de Mabea


fistulifera e Eucalyptus urograndis, onde: D0 – sem adubação; DAM – adubação
mineral de acordo com a necessidade da cultura; D 10 – adubação com composto
de acordo com a necessidade da cultura (10 Mg ha-1); D15 – 15 Mg ha-1 e D20 –
20 Mg ha-1.

Fonte: Produção do próprio autor.

Em janeiro de 2012, em média, os diferentes tratamentos estavam contribuindo com


0,09 Mg ha-1 mês-1 de aporte de serapilheira. Neste ano, o menor aporte foi observado no
tratamento D20 (0,05 Mg ha-1 ano -1 mês-1) e maior no tratamento D0 (0,17 Mg ha-1 ano-1 mês-1 )
(Figura 80). Em média, houve um aumento de 340 % no aporte de serapilheira em 2012
quando comparado com os dados observados no ano anterior. Este resultado provavelmente é
reflexo do desenvolvimento dos vegetais (Figuras 73, 74 e 75). De acordo Carpanezzi (1997)
a produção de serapilheira em talhões de regeneração natural dominados por uma espécie
aumenta com a idade, até atingir um limite. O autor conclui, que a velocidade de incremento
da deposição, a idade e o valor máximo de deposição são inerentes a cada caso. Há uma
relação entre a deposição anual de serapilheira e o estádio de desenvolvimento de uma
floresta. É comum o incremento da deposição de serapilheira até a idade de fechamento das
copas com posterior declínio ou estabilização (BRAY; GORHAN, 1964).
Ainda no plantio de canudo-de-pito, observaram-se maiores aportes nos meses de julho
a setembro, sendo o pico no mês de agosto com 0,32 Mg ha-1 no tratamento D0 e
-1 -1
0,79 Mg ha ano no tratamento DAM (Figura 80). Não foram verificadas correlações
significativas entre o aporte de serapilheira e variáveis climáticas precipitação e temperatura
(Tabela 19). Provavelmente este resultado está relacionado à maior contribuição das frações
flores e frutos nesse período e às características deciduais da espécie Mabea fistulifera
199

(LORENZI, 2002) (Figura 81). Fato este explicado por Vogt et al. (1986), que afirmam que a
produção de serapilheira pode estar relacionada com o comportamento perene ou decíduo das
árvores e nem sempre com fatores climáticos.

Tabela 19 - Correlação do coeficiente de Pearson entre aporte de


serapilheira e dados climáticos de precipitação (Ppt) e
temperatura (Temp) nos tratamentos D0 – sem adubação;
DAM – adubação mineral de acordo com a necessidade da
cultura; D10 – adubação com composto de acordo com a
necessidade da cultura (10 Mg ha -1); D15 – 15 Mg ha-1 e D20 –
20 Mg ha-1 do composto, nos plantios de Mabea fistulifera e
Eucalyptus urograndis.
Mabea fistulifera Eucalyptus urograndis
Tratamento
Ppt Temp Ppt Temp
DAM -0,66ns -0,30ns 0,19ns 0,43ns
ns ns ns
D0 -0,25 -0,03 0,03 0,43ns
D10 -0,60ns -0,29ns 0,03ns 0,38ns
ns ns ns
D15 -0,43 -0,18 0,08 0,47ns
D20 -0,46ns -0,15ns 0,36ns 0,59ns
ns: Correlação não significativa pelo coeficiente de Pearson .
Fonte: Produção do próprio autor.

Na área de plantio de Mabea fistulifera, verificou-se que 100 % do material aportado


era constituído por folhas nos meses de fevereiro e março de 2011 em todos os tratamentos
(Figura 81). Entre os meses de abril a junho, em todos os tratamentos, observaram-se aporte
da fração flor, sendo constatado que o maior valor de deposição dessa fração ocorreu no mês
de junho (em média, 70,32 % do total de material decíduo aportado) (Figura 81). De julho a
setembro observaram-se aporte da fração frutos, sendo que as maiores produções de frutos
ocorreram nos meses de agosto (em média 51 % do material total aportado) e setembro (em
média 60 % do material total aportado) (Figura 81). A partir do mês de novembro, o aporte de
serapilheira voltou a ser representado basicamente por folhas (Figura 81). Este
comportamento está de acordo com Lorenzi (2002). Segundo este autor, a floração desta
espécie ocorre de janeiro a abril e a maturação dos frutos a partir de setembro, prolongando-se
até outubro. Leitão Filho et al. (1993) citando vários autores, destacam o papel das espécies
pioneiras na produção de serapilheira por terem rápido crescimento e ciclo de vida curto,
investindo principalmente na produção de biomassa em curto espaço de tempo, sendo precoce
nas fenofases reprodutivas com grandes produções de flores e frutos.
No plantio de eucalipto, em fevereiro de 2011, em média foram aportados 0,05 Mg ha-1
200

de serapilheira. Neste mês os valores de aporte variaram de 0,0 Mg ha-1 ano-1 no tratamento
D0 à 0,09 Mg ha-1 no tratamento D20 (Figura 80). Em janeiro de 2012, o valor médio de aporte
de serapilheira foi de 0,13 Mg ha -1 com valores de aporte de serapilheira variado de 0,05 a
0,27 Mg ha-1 nos tratamentos D0 e DAM, respectivamente (Figura 80). Em média, houve um
aumento de 165 % do quantitativo de material aportado em janeiro de 2012, quando
comparado com os aportes de fevereiro de 2011.
Durante o período de estudo, os maiores valores de serapilheira aportados ocorreram
nos meses de abril e dezembro (Figura 80). De forma geral os tratamentos DAM e D10
tenderam a apresentar maiores valores de aporte em comparação aos demais tratamentos. Não
foram observadas correlações significativas entre a quantidade de material aportado e as
variáveis climáticas analisadas (Tabela 19). Ferreira et al. (2001) estudando a deposição de
material orgânico e nutrientes em plantios de Eucalyptus grandis em diferentes regimes de
adubação, verificaram maiores deposições de serapilheira a partir do terceiro ano de plantio,
porém, no estudo não foi possível estabelecer um padrão de aporte em função das diferentes
épocas do ano. De acordo com estes mesmos autores, a quantidade de serapilheira depositada
é diretamente proporcional ao estado nutricional do plantio.
Poggiani et al. (1984), estudando a ciclagem de nutrientes em florestas para fins
energéticos observaram que a maior produção de folhas em plantios de Eucalyptus grandis e
Eucalyptus saligna, com três anos de idade e adubados com fertilizante mineral, ocorreu nos
meses mais quentes e chuvosos (de novembro a abril). Guedes (2005) explica que diferente
das florestas subtropicais nativas do Brasil, a deposição de folhas pelos eucaliptos não estaria
ligada à redução de água no solo (período de inverno seco) e à necessidade de diminuir a
perda de água pela transpiração, mas sim devido à maior translocação de compostos orgânicos
e nutrientes de tecidos mais velhos para os tecidos mais novos, que ocorre com maior
intensidade no período de primavera-verão.
Quando foi analisado o aporte das diferentes frações de serapilheira no plantio de
eucalipto ao longo do estudo, observou-se heterogeneidade entre os diferentes tratamentos
estudados, constatando-se a existência de dois grupos distintos (DAM, D10 e D15) e (D0, D20) no
aporte do material fracionado (Figura 81). No primeiro grupo (D AM, D10, D15) foi observado
um considerável aumento na queda de galhos no mês de setembro. Já no segundo grupo (D0,
D20), foi observado um aumento considerável de queda de galhos nos meses de julho e
setembro no tratamento D0 e nos meses de junho e agosto, no tratamento D20. Neste plantio,
não foram constatados a produção de flores e frutos (Figura 81).
201

Figura 81 - Valores mensais do aporte das frações folha, flor, galho e outros em
porcentagem dos plantios de Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis,
onde: D0 – sem adubação; DAM – adubação mineral de acordo com a
necessidade da cultura; D10 – adubação com composto de acordo com a
necessidade da cultura (10 Mg ha -1); D15 – 15 Mg ha-1 e D20 – 20 Mg ha-1
Mabea fistulifera Eucalyptus urograndis

Fonte: Produção do próprio autor.


202

No grupo DAM, D10 e D15 até o mês de julho, a fração folha era representada em média
por 99, 94 e 96 %, respectivamente. Já nos meses de agosto a outubro houve uma
predominância de aporte de galhos, com maiores valores de deposição no mês de setembro,
correspondendo à 60 % do total aportado no tratamento D AM, 28 % no tratamento D10 e 44 %
no tratamento D15 (Figura 81). A partir do mês de novembro, verificou-se que a fração folha
voltou a representar praticamente a totalidade de todo material decíduo aportado (Figura 81).
No grupo D0 e D20 da mesma forma que observado para os tratamentos (DAM, D10, D15),
houve predominância da fração folhas ao longo do estudo (Figura 81). Porém, no tratamento
D0 houve maior aporte da fração galhos nos meses de julho (26 %) e setembro (23%) e no
tratamento D20 nos meses de junho (39 %), agosto e setembro (37 e 27 %, respectivamente)
(Figura 81). Levando em consideração que os vegetais encontram-se sob uma mesma
condição climática, uma possível explicação para aportes diferenciados de frações entre os
tratamentos poderia estar relacionado com o estádio de desenvolvimento das plantas e aos
aspectos nutricionais das mesmas. Conforme discutido anteriormente, os vegetais presentes
nas áreas D0 e D20 tenderam a apresentar menor desenvolvimento quando comparados aos
vegetais presentes nos tratamentos DAM, D10 e D15 (Figuras 73, 74 e 75).

3.4.3 Aporte de Nutrientes pelas Plantas

Ao longo do estudo no plantio de Mabea fistulifera os valores de aporte de nutrientes


variaram de 9,25 a 20,30, 0,69 a 1,40 e 5,35 a 14,69 kg ha -1 ano- respectivamente 1 para N, P e
K (Tabela 20). O conteúdo de nitrogênio aportado foi significativamente maior no tratamento
DAM, diferindo do tratamento D10, sendo este distinto dos tratamentos D0, D15 e D20
(Tabela 20). Foi verificado correlação quadrática entre o conteúdo desse nutriente aportado e
as diferentes doses de composto com valor de máximo de aporte quando foram adicionados
7,79 Mg ha-1 do composto (Figura 82).
Neste mesmo plantio, os maiores conteúdos de P foram verificados nos tratamentos
DAM e D20 (respectivamente 1,40 e 1,28 kg ha-1 ano -1) diferindo significativamente dos
tratamentos D0, D10 e D15 (respectivamente 0,69, 0,86 e 0,78 kg ha -1 ano-1) (Tabela 20). Para
este nutriente, verificou se resposta linear positiva no conteúdo de nutriente aportado ao solo
em relação às diferentes doses de composto orgânico adicionados ao solo (Figura 82).
O maior conteúdo de potássio aportado foi verificado no tratamento DAM
(14,69 kg ha-1 ano-1), diferindo-se significativamente dos tratamentos D 0, D10, D15 e D20, estes
últimos não apresentaram diferenças significativas entre si (Tabela 20). Não se verificaram
203

correlações significativas entre o conteúdo de potássio aportado e as diferentes doses de


composto orgânico utilizadas (Figura 82).

Tabela 20 - Conteúdos totais de aporte de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio


(K) pelas espécies florestais nos tratamentos: D 0 – sem adubação;
DAM – adubação mineral de acordo com a necessidade da cultura;
D10 – adubação com composto de acordo com a necessidade da
cultura (10 Mg ha-1); D15 – 15 Mg ha-1 e D20 – 20 Mg ha-1 do
composto.
Mabea fistulifera Eucalyptus urograndis
Tratamento N P K N P K
-1 -1
kg ha ano
DAM 20,30 Ba 1,40 Aa 14,69 Aa 17,09 Aa 1,40 Aa 16,60 Aa
D0 10,55 Ac 0,69 Ab 6,80 Ab 10,21 Ab 0,62 Ab 6,01 Ac
D10 12,96 Ab 0,86 Bb 7,08 Bb 15,13 Aa 1,58 Aa 13,50 Aa
D15 9,57 Bc 0,78 Ab 5,57 Bb 12,65 Ab 0,81 Ab 9,06 Ab
D20 9,25 Bc 1,28 Aa 5,35 Bb 14,82 Aa 1,04 Ab 9,95 Ab
1
CV (%) 5,99 17,43 14,22 5,99 17,43 14,22
CV2 (%) 7,95 16,36 10,43 7,95 16,36 10,43
Médias seguidas de mesma letra, na linha (maiúscula – entre espécies e mesma
variável analisada, no mesmo ano) e na coluna (minúscula entre tratamentos por
camada, no mesmo ano), não diferem entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de
probabilidade. CV1: Coeficiente de variação entre tratamentos; CV2: Coeficiente de
variação entre espécies. Os dados originais foram transformados em .
Fonte: Produção do próprio autor.

Na área de plantio de Eucalyptus urograndis, os valores totais de aporte de N variaram


de 10,21 kg ha-1 ano-1 no tratamento D0 à 17,09 kg ha-1 ano-1 no tratamento DAM (Tabela 20).
Verificou-se que os conteúdos de N aportados nos tratamentos D AM, D10 e D20 foram
significativamente superiores aos tratamentos D 0 e D15 (Tabela 20). Quando foram
relacionados os valores de aporte com diferentes doses de composto adicionado, observou-se
comportamento quadrático com máximo conteúdo de nitrogênio aportado quando se adiciona
16,12 Mg ha-1 de composto orgânico (Figura 82). Silva (2006) estudou a ciclagem de
nutrientes e a fertilidade do solo em plantios de Eucalyptus grandis, após a adubação de 10
Mg ha-1 de lodo de esgoto úmido e seco. O autor verificou que os tratamentos adubados com
lodo ou fertilizante mineral devolveram ao solo, aos 3 anos de idade, aproximadamente 49 kg
ha-1 ano-1 de N.
204

Os conteúdos de P aportados variaram de 0,62 à 1,58 kg ha -1 ano-1 nos respectivos


tratamentos D0 e D10 (Tabela 20). O aporte de P foi significativamente maior nos tratamentos
DAM e D10 quando comparado aos tratamentos D0, D15 e D20 (Tabela 20). Verificou-se que o
aporte de P apresentou comportamento quadrático, com máximo conteúdo de P aportado
quando são adicionados 11,10 Mg ha-1 de composto orgânico (Figura 82).

Figura 82 - Respostas significativas para a regressão entre diferentes doses de composto, para
os valores de conteúdos totais de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) pelas
espécies florestais, Selvíria, MS.

*, **: significativos, respectivamente, a 5 % (P < 0,05) e 1 % (P < 0,01), pelo teste F. Os dados originais foram
transformados em .
Fonte: Produção do próprio autor.

Em relação aos conteúdos de potássio aportados ao longo do estudo, verificou-se que os


valores variaram de 6,01 kg ha -1 ano-1 no tratamento D0 à 16,60 kg ha-1 ano-1 no tratamento
DAM (Tabela 20). O maior conteúdo de potássio aportado foi observado nos tratamentos D AM
e D10, diferindo-se significativamente dos tratamentos D15 e D20, que diferiram do D0
(Tabela 20). Da mesma forma que constatado para os demais nutrientes, o conteúdo de
potássio aportado apresentou comportamento em relação às diferentes doses de composto
205

adicionadas, sendo encontrado valor de máximo quando são adicionados 11,70 Mg ha-1 ano-1
(Figura 82).
Quando as duas espécies foram comparadas entre-si, verificou-se que, de forma geral, os
aportes de N, P e K foram menores no plantio de Mabea fistulifera em comparação ao plantio
de Eucalyptus urograndis, sendo constatado diferenças significativas entre as espécies em
alguns tratamentos (Tabela 20). Em ambos os plantios a devolução anual de nutrientes ao solo
seguiu a ordem N > K > P. Este comportamento corrobora com os resultados obtidos por Zaia
e Gama-Rodrigues (2004). Os autores também verificaram que a ordem de transferência era N
> K > P nas três espécies de eucalipto estudadas. Os valores de devolução de nutrientes
observados no tratamento DAM estão próximos aos verificados por Zaia e Rodrigues (2004).
Os autores constataram que os valores de aporte anual médio de nutrientes nos plantios de
eucalipto foram de 27,47, 1,02 e 11,93 kg-1 ha-1 ano-1 para os respectivos nutrientes N, P e K,.
Quando são avaliados o aporte de nutrientes mensalmente, observa-se que as duas
espécies apresentam padrões distintos entre si na dinâmica de devolução de nutrientes ao solo
(Figura 26). Verifica-se que no plantio de Mabea fistulifera a ordem de conteúdo de nutrientes
aportado é N > K > P, já no plantio de Eucalyptus urograndis observou-se até setembro a
seguinte sequência: K > N > P e de outubro a janeiro de 2012 N > K > P (Figura 83). Além de
diferenças na ordem dos nutrientes aportados, observou-se também que as curvas
representativas de aporte de nutrientes apresentaram-se distintas quando são confrontadas as
duas espécies (Figura 83).
Quando são analisados os aportes de nutrientes nos diferentes tratamentos em cada
plantio, verificou-se que na área de Mabea fistulifera, o tratamento DAM apresentou um
comportamento distinto aos tratamentos (D0, D10, D15 e D20) no tocante ao aporte nos
diferentes tratamentos ao logo do período estudado (Figura 83). Os tratamentos D0, D10, D15 e
D20, apresentaram comportamentos semelhantes entre si para o aporte de nutrientes ao longo
dos meses de estudo (Figura 83).
No tratamento com adubação mineral do plantio de canudo-de-pito, os valores de aporte
de nutrientes variaram de 0,32 a 2,11, de 0,01 a 0,28 e de 0,07 a 3,27 kg ha -1 mês-1 para os
conteúdos de N, P e K, respectivamente (Figura 83). Neste tratamento a sequência observada
de aporte foi N > K > P, sendo os maiores aportes de nutrientes verificados nos meses de
julho a setembro de 2011. Nos demais tratamentos (D0, D10, D15 e D20) os conteúdos de
nutrientes aportados tenderam a apresentar redução contínua, sendo observado aumento na
devolução de nutrientes a partir do mês de março de 2011 (Figura 83). Nestes tratamentos
observou-se a mesma ordem, com maiores valores de N, seguidos de K e P (Figura 83).
206

Figura 83 - Conteúdos mensais de aporte nitrogênio, fósforo e potássio dos plantios de


Mabea fistulifera e Eucalyptus urograndis, onde: D0 – sem adubação; DAM
– adubação mineral de acordo com a necessidade da cultura; D 10 – adubação
com composto de acordo com a necessidade da cultura (10 Mg ha -1); D15 –
15 Mg ha-1 e D20 – 20 Mg ha-1.

Mabea fistulifera Eucalyptus urograndis

Fonte: Produção do próprio autor.


207

No plantio de eucalipto, verifica-se que de forma geral houve a mesma tendência de


aporte de serapilheira nos diferentes tratamentos estudados (Figura 83). Conforme discutido
anteriormente, a devolução de nutrientes nesse plantio apresentou dois padrões: K > N > P até
setembro de 2011 e a partir desse mês, N > K > P (Figura 83). De acordo com Mills e Jones
Junior (1996), a elevada mobilidade do potássio dentro da planta, atribuída à sua presença na
forma iônica e à alta permeabilidade das membranas celulares a este elemento, faz com que o
K seja facilmente distribuído nos diferentes compartimentos das árvores (folhas, galhos,
casca, etc).
Com o desenvolvimento das árvores, principalmente quando cultivadas em solos de
baixa fertilidade, a importância da ciclagem de nutrientes e mais especificamente da ciclagem
bioquímica do K tende a se tornar mais efetiva do que a própria absorção deste elemento do
solo (PRITCHETT, 1979). Estudando a ciclagem de nutrientes e metais pesados em plantios
de Eucalyptus grandis adubados com lodo de esgoto, Ferraz (2009) também observou
redução da concentração de K à medida que os vegetais se desenvolviam. O autor explica que
a menor concentração de K nas folhas ocorre devido à diluição deste elemento na biomassa
das árvores.
Verificou-se que nos diferentes tratamentos, a tendência a maiores valores de devolução
de K foram registradas nos meses de abril de junho, sendo que as curvas se destacaram em
relação aos demais nutrientes nos tratamentos DAM, D10 e D20 (Figura 83). Já a devolução de
N teve seu maior valor de deposição no mês de dezembro de 2011, nos diferentes tratamentos
estudados (Figura 83).
Em relação à devolução de P, verificou-se que na média dos 5 tratamentos estudados
foram aportados 0,69 e 1,02 kg ha-1 mês-1, nos plantios de Mabea fistulifera e Eucalyptus
grandis, respectivamente (Figura 83). De forma geral a devolução desse nutriente ao solo foi
estável ao longo do ano e similar nas duas espécies, nos diferentes tratamentos estudados
(Figura 83).
De acordo com Zaia e Gama-Rodrigues (2004) o P é um nutriente praticamente imóvel
no solo e muito móvel no interior das plantas. Desse modo, a elevada intensidade de ciclagem
bioquímica de P correspondeu a uma baixa intensidade de ciclagem biogeoquímica. Piatek et
al. (2009) complementam que a menor devolução do nutriente P indica alta eficiência das
plantas na utilização desse elemento, que pode ser facilitada pela sua alta mobilidade
(SCHUMACHER et al. 2004).
De forma geral, quando são avaliados o desenvolvimento das espécies, bem como os
aportes de serapilheira e nutrientes ao longo do período estudado, observa-se que o tratamento
208

D10 seria o mais promissor em ambas as espécies quando se compara ao tratamento D AM.
Apesar de serem observados respostas mais lentas no tratamento D10, observa-se que as
respostas apresentam características semelhantes. Conforme discutido ao longo do trabalho,
as respostas mais lentas provavelmente estão relacionadas às formas de aplicação
diferenciadas e à necessidade de decomposição do composto orgânico pela biomassa
microbiana do solo para que os nutrientes estejam disponíveis às plantas.
Um outro ponto que deve ser destacado é que estas espécies apresentam
comportamentos de aporte de serapilheira e nutrientes distintos e que parecem ser
complementares. Estes comportamentos sugestionam que o plantio consorciado entre estas
duas espécies proporcionariam um efeito mais promissor na manutenção de um aporte
constante de serapilheira e nutrientes ao longo do ano.
209

3.5 Conclusões

A espécie Mabea fistulifera está melhor adaptada a se desenvolver em solos com


degradação física e química, quando comparada ao Eucalyptus urograndis.
Ao longo do período de estudo o aporte de serapilheira aumenta significativamente e as
diferentes espécies e tratamentos influenciam de forma significativa no padrão e na
quantidade de serapilheira e nutrientes aportados ao solo.
O plantio de Mabea fistulifera aporta um volume menor de nutrientes que o plantio de
Eucalyptus urograndis.
Dentre as áreas que receberam o composto orgânico, a que recebeu 10 Mg ha de
composto é a mais promissora no desenvolvimento, aporte de serapilheira e nutrientes em
ambos os plantios estudados.
210

7 CONCLUSÕES FINAIS

A Mabea fistulifera Mart. não deve ser plantada em terrenos com inundações periódicas
e o controle do besouro desfolhador do eucalipto deve ser preventivo e periódico.
Após 24 meses da implantação do experimento, foram detectadas melhorias promissoras
nos atributos físicos e químicos do solo nas áreas que receberam composto orgânico como
fonte de nutrientes.
Em todos os tratamentos com o composto houve o desenvolvimento dos vegetais,
porém, o desenvolvimento que mais se assemelhou à área com adubação mineral foi o
tratamento onde foram adicionados 10 Mg ha-1 do composto orgânico.
Em relação à contaminação do solo, é seguro utilizar o composto orgânico nestas
mesmas condições de solo até a dosagem de 20 Mg ha -1, porém, deve-se levar em
consideração a elevação dos valores de pH e sódio no solo.
Baseado em todos os resultados analisados, conclui-se que a dose com melhor benefício
x custo é a de 10 Mg ha-1 do composto, porém, recomenda-se um maior período de avaliação.
Estes resultados preliminares indicam que o composto orgânico advindo da fabricação da
celulose é promissor como fonte de nutrientes e matéria orgânica na recuperação de solos
degradados.
211

8 SUGESTÕES PARA PRÓXIMOS TRABALHOS

9 Existe a necessidade de readequação nas coletas de solo para as análises de fertilidade no


tratamento DAM com o objetivo de se investigar a real disponibilidade de nutrientes para
as plantas;

9 Sugere-se a realização de investigações sobre o comportamento do sistema radicular das


espécies e análises da atividade biológica do solo;

9 As maiores dificuldades em utilizar este composto estão relacionadas ao elevado teor de


água no mesmo, tornando o custo de transporte muito elevado e às dificuldades de
aplicação, pois devido à sua heterogeneidade, foi aplicado manualmente.
212

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