Aula 03 - Desigualdades e Vida Social
Aula 03 - Desigualdades e Vida Social
Exasiu
EXTENSIVO
Exasiu
Aula 03
Desigualdades e vida social
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AULA 00: ANTIGUIDADE
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Sumário
Introdução .......................................................................................................................... 3
1. Conceitos Essenciais ................................................................................................... 4
1.1- As sociedades organizadas em Castas .......................................................................... 8
1.2 - As sociedades organizadas em Estamentos ............................................................... 12
1.3 - As sociedades organizadas em Classes Sociais .......................................................... 14
1.3.1 - “Classe social” em Karl Marx .......................................................................................... 16
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INTRODUÇÃO
Queridos e queridas, o assunto da nossa aula de hoje está focado em “desigualdades nas
sociedades”.
Um passeio pelas ruas de nossas cidades logo sinaliza que existem desigualdades, de
diferentes naturezas. Uma pesquisa rápida na rede mundial de computadores, também assim
evidencia.
Nesse sentido, seja em uma percepção imediata, seja na busca por dados, os contrastes
sociais podem aparecer em:
Moradias, pavimentação e iluminação de ruas;
Trânsito e meios de locomoção disponíveis;
Tipos de supermercado nos bairros, roupas das pessoas;
Acesso à educação e à cultura;
Rendas;
Inclusão digital;
Dentre N outros.
De uma forma geral, podemos resumir que a pobreza é a expressão mais aparente das
desigualdades1. Mas, cuidado, desigualdade não é sinônimo de pobreza. As desigualdades estão
em todo os países do mundo atual.
Outra coisa importante, para começar, é saber que desigualdades não são exclusivas do
atual sistema político-econômico capitalista. Além disso, não se trata de um debate sobre moral,
sobre “gente do bem e gente do mal”. Estudar desigualdades é buscar compreender sistemas
complexos de distribuição desigual de oportunidades e rendas que se diferenciam de país para
país, apesar da globalização, e que foram estruturadas ao longo de tempo.
Nesses termos, estudaremos as desigualdades sociais, suas formas de manifestação, como
elas se desenvolvem e como podem ser explicadas, tanto no mundo, quanto no Brasil. Primeiro,
iremos partir de uma abordagem mais ampla e conceitual, em seguida, passaremos ao debate das
desigualdades no mundo e na sociedade brasileira. Veremos muitos dados e uma área importante
das Ciências Sociais, a demografia. Por fim, finalizaremos com a sociologia brasileira.
1
TOMAZI, Nelson Dacio Sociologia para ensino médio. São Paulo: Saraiva. 2014, p. 95-97.
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1. CONCEITOS ESSENCIAIS
Conforme o professor Anthony Giddens, o estudo das desigualdades na sociedade é uma
das áreas mais importantes na sociologia2. Para nos aprofundarmos nesta discussão e nas análises
que podem surgir a partir dela, faz-se importante estabelecer alguns conceitos iniciais. São eles:
• Estratificação social
• Mobilidade social
• Castas, Estamentos e Classes Sociais
O conceito de estratificação social é utilizado para descrever desigualdades que existem
entre indivíduos e grupos dentro das diferentes formas de organização da vida humana.
Considerando que indivíduos e grupos têm acesso desigual a recursos, bens materiais, postos
sociais, espaços sociais, gratificações e retribuições, dentre outros, podemos estabelecer a
seguinte definição:
2
GIDDENS, Anthony. Sociologia. São Paulo: Ed. Penso. 6ª ed. 2012. p. 311.
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Sexo.
São variáveis, ou elementos, que influenciam na divisão social do trabalho e na
hierarquização social.
Na sociedade medieval, por exemplo, praticamente não havia mobilidade social, ou seja,
era uma sociedade estratificada de baixíssima mobilidade social. Isso porque, em regra, quem
nascesse servo morreria nesta condição; quem nascesse na nobreza, em regra, permaneceria
neste estamento.
Com isso, vamos ver outro conceito importante:
Outro exemplo de sociedade estratificada, até mais rígida do que a medieval, são as
sociedades organizadas em castas. Já a sociedade de classes favorece a mobilidade social.
Três principais tipos de sociedades estratificadas:
3
BOMENY, Helena et. al. Tempos Modernos – Tempos de Sociologia. São Paulo: Ed. Do Brasil/FGV. 2016.
p. 373.
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Além desses três principais, o professor Giddens inclui a “escravidão” como um sistema de
estratificação social, já que há uma presença substancial de desigualdades em sociedades
escravocratas. Contudo, ele alerta para o convívio das diferentes estruturas na mesma sociedade,
como na Grécia Antiga, momento em que havia classes, castas e escravos. Mesmo na
contemporaneidade, há novas formas de escravização, como em fábricas de tijolos, produção
têxtil e escravização sexual.
De acordo com Anthony Giddens4, as sociedades estratificadas mudam ao longo da
história, sendo que, nas menos complexas – baseadas na caça, coleta e pesca, por exemplo – havia
pouca estratificação social, pois eram poucas formas de apropriação da riqueza, dos recursos em
geral e a divisão social do trabalho era simples.
Por sua vez, o desenvolvimento da agricultura (sociedades hidráulicas estudadas em
História) levou à produção do excedente, aumentando a riqueza e, consequentemente a
estratificação social.
Por meio dessas considerações em torno da estratificação social, dá para notar que existe
uma relação com a estrutura da sociedade, ou, com a forma de organização da sociedade. Isso
porque, essa forma de organização – seja em estamentos, em castas ou em classes – condiciona
4
GIDDENS, op. cit., p. 311.
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a maneira e o modo de vida das pessoas. Nesse sentido, podemos afirmar que a estratificação
social é uma característica fundamental da estrutura das sociedades.
(ENEM – digital - 2020)
Certos músicos agradavam tanto ao público da Corte por seu talento especial como virtuose
ou como compositor, que sua fama se espraiava para além da Corte local onde estavam
empregados, chegando aos mais altos níveis. Eram chamados para tocar nas Cortes dos
poderosos, como aconteceu com Mozart; imperadores e reis exprimiam abertamente prazer
com sua arte e admiração por suas realizações. Tinham permissão para jantar à mesma mesa
– normalmente em troca de uma execução ao piano; muitas vezes se hospedavam em seus
palácios quando viajavam e assim conheciam intimamente seu estilo de vida e seu gosto.
ELIAS, N. Mozart, sociologia de um gênio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995 (adaptado).
Com base no caso descrito, qual elemento histórico do Antigo Regime contrasta com o
trânsito de intelectuais e artistas pelas Cortes?
a) Rigidez das estruturas sociais.
b) Fragmentação do poder estatal.
c) Autonomia de profissionais liberais.
d) Harmonia das relações interindividuais.
e) Racionalização da administração pública.
Comentários
Vejam, aqui era necessário lembrar da estrutura social que marca o Antigo Regime: o
estamento. As sociedades estamentais são bastante rígidas, ou seja, cada estamento é
formado pelo nascimento e, por isso, monopólios de privilégios. Contudo, sabemos que,
diferentemente da estrutura social baseada em castas, nas sociedades estamentais, as
relações sociais se davam em função da interação. Assim, nobres podem conceder
momentos de interação positiva, como é o caso descrito no texto. Os artistas e músicos,
como Mozart, não eram nobres, mas em algumas situações, a depender da sua relação com
a o estamento dos nobres, poderiam gozar de alguns benefícios.
Assim, respondendo ao comando da questão o contraste está nessa permissão de benefícios
por parte de não nobres em uma estrutura rígida. Só não esqueça que isso não é !anormal”,
mas sim, parte de uma complexa sociedade de estamentos.
Tendo isso em mente, vamos analisar cada alternativa:
a) Gabarito, conforme nosso comentário.
b) Errado. No Antigo Regime temos o absolutismo. Poder concentrado nas mãos do
Monarca.
c) Errado. Não há autonomia porque os direitos individuais não são reconhecidos.
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d) Errado. Existem relações interindividuais sim nas sociedades estamentais, mas não,
necessariamente, são harmônicas.
e) Errado. A racionalização da administração pública é parte dos Estados racionais legais
da sociedade de classes e não da sociedade estamental do Antigo Regime, baseada em usos
patrimonialista dos bens públicos.
Gabarito: A
Uma das referências de maior destaque no estudo sobre castas é Max Weber (1864-1920).
Para o sociólogo alemão, o entendimento da sociedade organizada em castas depende da
compreensão dos elementos sagrados e religiosos: “O regime de castas converte cada atividade
parcial do trabalho, considerada como nota diferencial das castas, numa “vocação” ou “ofício” de
caráter religioso e, por conseguinte, sagrada”5.
Na análise do pesquisador Sedi Hirano sobre o pensamento de weberiano,
A cada casta corresponde, portanto, uma atividade vocacional específica, uma atitude religiosa,
uma ética que valoriza o sagrado, derivando-se daí um conjunto de normas e valores, padrões
culturais e etiquetas, usos e costumes, símbolos e signos sociais que compõem as regras
ritualísticas que definem os sentidos subjetivos das ações e relações sociais 6.
5
WEBER, Max. Apud HIRANO, Sedi. Castas, Estamentos e Classes Sociais. São Paulo: Ed. Unicamp.
2002. p. 31.
6
HIRANO, Sedi. op. cit. p. 31.
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brâmanes(casta sacerdotal,
superior as outras castas)
Essa imobilidade seria porque, conforme Weber, considerando que a ação social dos
indivíduos é ditada pela “vontade divina” (ou elementos mágico-religiosos) não haveria
muitas possibilidades alternativas e racionais de conduta, pois há uma sobrederterminação
prescrita por “uma vocação atribuída por deuses específicos”. Em decorrência, segundo
Hirano, os sujeitos ficam privados de qualquer tipo de liberdade de escolha.
7
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Editora Saraiva. 2014, pp 91-98.
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Boa!
Podemos mencionar a endogamia, isto é, o casamento somente entre membros da mesma
casta social e a proibição de contado físico entre membros de castas diferentes. Essa proibição
de contato íntimo entre castas diferentes passa a compor os costumes e as leis.
Apesar da força da tradição, a estrutura de castas tem sido abalada pela modernidade, seja
por conta do processo de industrialização, seja por conta da penetração dos padrões ocidentais
de modos de vida.
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1a. Ordem:
Clero
2a. Ordem:
Nobreza feudal
3a. Ordem:
Servos
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Assim, guarde:
Seguindo a linha do professor Octávio Ianni, o pensamento e a ação das pessoas em uma
sociedade estamental estava regulado pelas relações de poder e econômicas fruto dessa
hierarquia social. Dessa maneira: “a sociedade estamental é fundamentada nas relações
recíprocas e hierárquicas com base na tradição, linhagem, vassalagem, honra e cavalheirismo”.
A sociedade estamental
A ordem eclesiástica não compõe senão um só corpo. Em troca, a sociedade está dividida
em três ordens. Além da já citada, a lei reconhece outras duas condições: a do nobre e a do
servo que não são regidas pela mesma lei. Os nobres são os guerreiros, os protetores das
igrejas, defendem o todo o povo, aos grandes da mesma que ao pequenos e ao mesmo
tempo se protegem a eles mesmos. A outra classe é a dos servos, esta raça de desgraçados
não possui nada sem sofrimento, fornecem provisões e roupas a todos pois os homens livres
não podem valer-se sem eles. Assim, pois, a cidade de Deus que é tomada como uma, na
realidade é tripla. Alguns rezam, outros lutam e outros trabalham. As três ordens vivem juntas
e não pode ser separadas. Os serviços de cada uma dessas ordens permitem os trabalhos
das outras e cada uma por sua vez presta apoio às demais. Enquanto esta lei esteve em vigor,
o mundo ficou em paz, mas, agora, as leis se debilitam e toda a paz desaparece. Mudam os
costumes dos homens e muda também a divisão da sociedade (Adalberon, bispo de Laon,
na França – Carmen ad Rotbertum regem francorum, p. L. CXLI, século XI)
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Para Giddens8, as sociedades de classes sociais são diferentes das demais sistemas
de estratificação porque:
1 – os sistemas de classes são fluidos: com não há razões legais (leis), religiosas ou
costumeiras que estabeleçam os limites entre os grupos socias, não há fronteiras formais que
impeça o trânsito (ou migração) de um membro de uma classe para a outra (seja a mobilidade
8
Op. cit. p. 315.
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2 – a classe tem base econômica: as diferenças estão pautadas principalmente pela posse de
recursos materiais e pela posição dos indivíduos na organização economia da sociedade. Na
organização em castas e em estamentos, a questão material é um elemento, mas não o mais
importante.
No que diz respeito, então, à relação entre estratificação e mobilidade social, a interação
entre essas variáveis nas sociedades capitalistas é mais flexível do que nas sociedades de casta e
estamentais.
Apropriação da
RIQUEZA:
manifestada na
PROPRIEDADE,
renda e consumo de
bens e serviços
Apropriação
Aproriação do
INTELECTUAL,
PODER: a
SUBJEIVA, DE
participação bas
BENS
decisões políticas
SIMBÓLICOS:
- determinados
acesso desigual à
indivíduos e
educação, cultura
egrupos são
e produção de
excluídos
memórias
9
TOMAZI, op. cit. p. 100.
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Apesar de Karl Marx (1818-1883) não ter feito uma sistematização do conceito de classe
social, toda a análise marxista da sociedade capitalista considera a estratificação em classes.
Pois é, Marx passou parte de sua vida tentando entender a mecânica da sociedade de
classes capitalista e só nos últimos dias programou para desenrolar um conceito que, até hoje,
gera polêmicas e mais polêmicas.
Bem, seja como for, a constatação marxista de que existem “classes” é notada pela
percepção dos choques e disputas de interesses entre, de um lado, trabalhadores urbanos-
industrias e, do outro, capitalistas. Uma das contradições socialmente identificadas era: se a
industrialização das sociedades avança e torna a riqueza maior do que qualquer outro período
histórico, por que os trabalhadores têm pouco acesso à riqueza que seu trabalho produz?
Com efeito, a relação entre as classes sociais, por estar fundamentada na apropriação da
riqueza gerada pelo trabalho, seria de exploração. Segundo o alemão,
“o capitalista e o trabalhador assalariado são os únicos agentes e fatores da produção cujas relações
e cujo antagonismo emanam da própria essência do regime de produção capitalista” (Manuscritos
Econômicos e Filosóficos, 1944, II, p. 233-235).
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Parte das críticas à teoria marxista centrada nas “classes e na luta de classes” é porque
seriam desconsiderados outros aspectos da geração das desigualdades, como religião, cultura,
tradições, etc. Além disso, críticos do marxismo também afirmam que a falta de identidade de
classe das pessoas não tornaria o conceito como adequado para as análises sociais.
Vale lembrar que, embora Marx e Friedrich Engels identifiquem duas classes fundamentais
e antagônicas, eles consideram a existência de frações de classe. Estas seriam as subdivisões, tais
como burguesia financeira, burguesia industrial, burguesia latifundiárias, ou, em outras palavras,
a seguinte categorização: grandes proprietários, médios e pequenos proprietários, comerciantes,
profissionais liberais, trabalhadores industriais (operários), trabalhadores dos serviços,
trabalhadores rurais, etc.
De todas as classes que hoje em dia se opõem à burguesia, só o proletariado é uma classe
verdadeiramente revolucionária. As outras classes degeneram e perecem com o desenvolvimento
10
Formações Econômicas pré-capitalista. In: DIAS, Edmundo F. CASTRO, Anna Maria. Introdução ao
Pensamento Sociológico. Rio de Janeiro: Eldorado. 1978.
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da grande indústria; o proletariado, pelo contrário é seu produto mais autêntico. As camadas
médias – pequenos comerciantes, pequenos fabricantes, artesãos, camponeses – combatem a
burguesia porque esta compromete sua existência como camadas médias. Não são, pois,
revolucionárias, mas conservadoras; mais ainda, são reacionárias, pois pretendem fazer girar para
trás a roda da História.
MARX, Karl. ENGLES, Friedrich. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 1998, p. 49
Talvez, o fato de Marx e Engels não chegarem a uma definição estritamente conceitualizada
seja porque a própria análise marxista, por combinar análise de processos históricos com
determinadas “conjunturas”, veja a dinâmica dos grupos sociais em cada caso. Em particular,
olham para a disputa entre elas, ou melhor, a luta de classes.
Os estudos sobre classes de Max Weber, por sua vez, buscam detalhar os grupos sociais a
partir da divisão de classes e, assim como faz com demais conceitos de sua sociologia, o estudioso
estabelece tipos ideais para instrumentalizar a análise da realidade. É como se Weber
destrinchasse a anatomia da estrutura social de classes, buscando uma visão mais complexa e
multidimensional da sociedade, diferente da divisão dual proposta por Marx (proletários x
burgueses).
De acordo com Giddens11, as divisões de classe derivam não apenas do controle, ou falta
de controle, dos meios de produção, mas de diferenças econômicas que não têm relação direta
com a propriedade.
Ele estabelece a ordem econômica como ponto de partida para analisar as classes,
considerando o seguinte:
Esses elementos se referem ao que Weber denomina de situação de classe, pois permitem
identificar grupos de pessoas que se encontram na mesma situação de classe. Por exemplo,
“proprietários” e os “não-proprietários” tem a classificação feita em função da posse de bens; já
a “classe lucrativa” tem a classificação em função da probabilidade de oportunidades e valorização
de bens e serviços no mercado.
11
Op. cit. p. 317.
12
WEBER, MAX. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar. 5ª ed. 1982. p. 212.
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13
HIRANO, Sedi. op. cit. p. 108.
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Repare que, até agora, tratamos do que Weber entende por “classe” e não por “classe
social”. No que se refere, então, `às “classes sociais” de Weber assim podem ser definidas:
São classe sociais: a) o proletariado em seu conjunto, tanto quanto mais automático for o professo
de trabalho, b) a pequena burguesia, c) a intelligentizia sem propriedade e os especialistas
profissionais (técnicos, empregados comerciais ou de outra classe, burocratas; eventualmente
podem estar bem distantes entre si, em relação aos custos da educação), d) as classes dos
proprietários e dos privilegiados pela educação 14
Outro elemento que atravessa a análise de Weber e que ele incorpora aos fatores
econômicos para identificar as classes, é o status social, ou melhor o estilo de vida. É por meio do
estilo de vida que se percebe a posição social dos indivíduos e é por ele que as pessoas
compartilham do mesmo status e formam comunidades com identidades compartilhadas.
Por mais que as inúmeras classificações feitas por Weber tornem mais complexa a
aproximação do estudante e do leitor com a sociologia weberiana, é compreensível o esforço do
sociólogo alemão pois ele percebe que, diferentemente de outros sistemas econômicos, a
sociedade capitalista permite a mobilidade social. Logo, não seria, na visão de Weber, adequado
promover divisões “estanques” (muito rígidas) de classes que não dessem contam de abarcar essa
particularidade do capitalismo. Do contrário, negar-se-iam as possibilidades de mobilidade social
que caracterizam o capitalismo.
(UEL 2010)
A questão das classes sociais na Sociologia tem diferentes formas de explicação. Dentre as
explicações clássicas, as de Marx e Weber. Atualmente encontramos estudiosos que analisam
a estrutura social brasileira de diferentes maneiras:
I. A classe C é a classe central, abaixo da A e B e acima da D e E. [...] a faixa C central está
compreendida entre os R$ 1.064 e os R$ 4.561 a preços de hoje na grande São Paulo. A
nossa classe C está compreendida entre os, imediatamente acima dos 50% mais pobres e os
10% mais ricos na virada do século. [...] A nossa classe C aufere em média a renda média da
sociedade, ou seja, é classe média no sentido estatístico. A classe C é a imagem mais próxima
da média da sociedade brasileira. Dada a desigualdade, a renda média brasileira é alta em
relação aos estratos inferiores da distribuição.
(Adaptado de: NERI, M. C.; COUTINHO DE MELO, L. C. (coordenadores). Miséria e a nova
classe média na década da igualdade. Rio de Janeiro: FGV/IBRE, CPS, 2008, p. 34-35.)
II. “A reorganização do processo de acumulação no Brasil [após os anos de 1990] acarreta
consequências imediatas nas relações sociais, no trabalho, no emprego e nas classes sociais
dele resultantes. Assim, podemos concordar que o operariado industrial perdeu o seu peso
relativo na nossa sociedade [...]. É certo que a classe trabalhadora [...] se multiplicou em
14
WEBER, Max. Apud HIRANO, op. cit. p. 116.
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diferentes grupos sociais, uns talvez mais atomizados ou desorganizados [...]. Também
percebe-se, [...] que houve um processo de financeirização da classe hegemônica brasileira,
que acabou reduzindo ainda mais os setores dominantes, sobretudo entre os banqueiros, as
multinacionais e os grupos econômicos, mesclados entre si com o capital financeiro e o
capital internacional”.
(Adaptado de: OLIVEIRA, F. et al. Classes sociais em mudança e a luta pelo socialismo. São
Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002, p. 27-28.)
Considerando as duas teorias e os dois tipos de análise dos estudiosos, é correto afirmar que
as análises de
a) I e II concordam com Max Weber simultaneamente.
b) I e II concordam com Karl Marx simultaneamente.
c) II concorda com Max Weber e as de I com Karl Marx.
d) I e II discordam igualmente de Karl Marx e de Max Weber.
e) II concorda com Karl Marx e I concorda com Max Weber.
Comentários
Não podemos desconsiderar que o enunciado da questão nos chama a atenção para as
explicações clássicas de Marx e Weber. Dessa forma, considerando o que as alternativas
afirmam, precisamos relacionar cada texto ou a Marx ou a Weber. Assim, o Texto I, por
estabelecer critério de renda, ou seja, critério econômicos que podem fazer com que
indivíduos transitem facilmente de uma categoria para a outra, se aproxima da classificação
de Weber. Para o autor, as classes sociais incluem possibilidades de mobilidade de uma
classe para outra, havendo uma tendência à diversificação das relações sociais de classe.
Já o texto II, afirma que as classes sociais são resultantes da divisão social do trabalho, uma
concepção próxima ao entendimento de Karl Marx. Em um sistema capitalista de produção,
essas classes se dividem entre aqueles que possuem os meios de produção (capitalistas) e
aqueles não o possuem (proletários). Os proletários, assim, formam a classe trabalhadora,
que é obrigada a vender a sua mão de obra em troca de um salário para manter a sua
subsistência.
Gabarito: E
(UEG 2009)
Enquadrar as pessoas em determinada classe social é sempre um processo arbitrário, no
Brasil e em qualquer país. Alguns pesquisadores usam como critério apenas a renda. Outros
levam em conta fatores como patrimônio, ocupação ou nível de escolaridade. Em sua
pesquisa, a FGV definiu como classe média as famílias com renda mensal entre R$ 1.065 e
R$ 4.591.
Esse universo de 100 milhões de brasileiros é formado sobretudo pelos ex-pobres que
acabam de pôr o pé na classe média. Alguns estudiosos chamam esse segmento de classe
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média baixa, outros falam em classe C. Para muitos, é difícil classificá-los. O certo é que
melhoraram de vida. Anos atrás, não tinham conta em banco, consumiam apenas o essencial
e seu principal objetivo na vida era chegar ao fim do mês com as contas pagas. Hoje, estão
comprando o primeiro carro zero, construindo um cômodo a mais na casa, se vestem melhor.
“Nossa maneira de olhar a classe média é meio americana”, diz o economista Marcelo Neri,
coordenador da pesquisa e diretor do Centro de Políticas Sociais da FGV. “A classe média
tradicional brasileira sempre comparou seu poder aquisitivo ao dos países desenvolvidos”.
ÉPOCA, São Paulo, 11 ago. 2008. p. 94-95.
De acordo com as teorias sociológicas de Max Weber e Karl Marx, a análise apresentada no
texto acima relaciona a posição social com qual conceito?
a) O conceito marxista de classes sociais.
b) O conceito marxista de grupos de status.
c) O conceito weberiano de castas e estamentos.
d) O conceito weberiano de grupos de status.
Comentários
a) errado, pois, para Marx, não é a renda que determina a posição social dos grupos sociais,
mas a relação deles com o modo de produção.
b) errado, pois o marxismo não utiliza a noção de status para o debate sobre as classes.
c) Weber até conceitua e castas e estamentos, porém, o texto remete ao conceito de classes
sociasi de Weber.
d) correto, pois o texto, ao enfatizar o consumo e posição em relação à aquisição de bens,
remete indica que é por meio do estilo de vida que se percebe a posição social dos indivíduos
e é por ele que as pessoas compartilham do mesmo status e formam comunidades com
identidades compartilhadas. Trata-se de uma noção weberiana.
Gabarito: D
15
GIDDES, Anthony. Op. cit. p. 318.
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Para fecharmos estes estudos sobre classes, vamos lembrar de um critério de renda
utilizados por pesquisas econômicas brasileiras para separar os grupos sociais a partir da renda.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) faz uso das faixas de renda,
considerando a variável “salário mínimo”. São cinco faixas de renda, conforme a tabela abaixo,
que separam em classes A, B, C, D e E.
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Pois bem, queridos e queridas, seja por meio do conceito de Castas, de Estamentos ou de
Classes Sociais, um ponto é comum a eles, qual seja, a existência de desigualdades sociais como
resultado da forma de estruturação, pois algum tipo de estratificação existe, em maior ou menor
grau, nos respectivos sistemas sociais. Antes de avançarmos, faça a questão abaixo para fixação.
(Upe-ssa 3 2017)
Leia o texto a seguir:
Ao estudarmos a estratificação, temos que considerar não apenas as diferenças entre
posições econômicas ou ocupações mas também o que acontece com os indivíduos que as
ocupam. O termo mobilidade social refere-se ao movimento de indivíduos e grupos entre
diferentes posições socioeconômicas.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2012, p. 332.
Com base nesse conceito sociológico, qual dos estratos sociais a seguir NÃO permite a
mobilidade social?
a) Estamento
b) Estado
c) Classe social
d) Castas
e) Proletariado
Comentários
a) não é o gabarito, pois a sociedade estamental permite um mínimo de mobilidade, quando,
por exemplo, um burguês endinheirado compra título da nobreza e se casa com um nobre
para, assim, “mudar” de estamento.
b) falso, pois Estado não é uma categoria específica da organização dos grupos sociais, mas
é um ente político, jurídico e administrativo que não faz parte do conceito de estratificação
social. Claro, um Estado pode potencializar a manutenção da estratificação, contudo ele é,
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na visão marxista, por exemplo, produto da própria estratificação, ou, em outras palavras,
produto da luta de classes.
c) falso, pois há mobilidade na sociedade de classes.
d) é o nosso gabarito, pois na sociedade de castas um indivíduo morre na casta que nasceu.
e) falso, pois proletariado é uma categoria de um grupo social, ou seja, é parte de uma forma
específica da sociedade de classes.
Gabarito: D
(Uece 2019)
As contribuições de Karl Marx e Max Weber formam a base da maioria das análises
sociológicas sobre a estruturação e organização da sociedade em classes sociais.
Assinale a opção que corresponde ao conceito de classe social na perspectiva de Karl Marx.
a) Existe entre as classes uma relação de dominação estabelecida a partir do lugar que os
indivíduos ocupam nas religiões.
b) As classes sociais estruturam a sociedade e por meio delas são construídas as relações de
interesses harmônicos entre os grupos sociais.
c) Classe social é uma invenção teórica e não tem correspondência com a dinâmica de
estruturação das sociedades contemporâneas.
d) Uma classe social é um grupo de pessoas que se encontra em uma relação comum com
os meios de produção por meio dos quais elas extraem seu sustento.
Comentários
Para a sociologia marxista, o conceito de classe social se refere à posição na estrutura
produtiva ocupada por um grupo de indivíduos, posição em relação aos meios de produção
e às relações sociais de produção.
Gabarito: D
(UEMA 2019)
Não chores, minha flor... segredou-lhe afinal. Tens toda a razão...perdoa-me se fui grosseiro
contigo! Mas que queres? todos nós temos orgulho, e a minha posição ao teu lado era tão
falsa!... Acredita que ninguém te amará mais do que te amo e te desejo! Se soubesses,
porém, quanto custa ouvir cara a cara: Não lhe dou minha filha, porque o senhor é indigno
dela, o senhor é filho de uma escrava! Se me dissessem: É porque é pobre! Que diabo! eu
trabalharia! se me dissessem: É porque não tem uma posição social! juro-te que a
conquistaria, fosse como fosse! E porque é um infame! um ladrão! um miserável! eu me
comprometeria a fazer de mim o melhor modelo dos homens de bem! Mas um ex-escravo,
um filho de negra, um mulato! E, como hei de transformar todo meu sangue, gota por gota?
como hei de apagar a minha história da lembrança de toda esta gente que me detesta?
Fonte: AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Martins Claret, 2010.
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O diálogo entre os personagens Raimundo e Ana Rosa na obra O Mulato, de Aluísio Azevedo
(1881), expressa o preconceito racial existente na sociedade maranhense do século XIX. Da
leitura do romance O Mulato, percebe-se que
a) as classes dirigentes discriminavam os mulatos para evitar uma mobilidade social que
colocasse em risco a estrutura vigente naquela sociedade
b)os mulatos representavam uma pequena fração da sociedade maranhense e esperavam
chegar ao poder político por meio do casamento com mulheres da elite.
c) os escravos eram vistos de forma romanceada em razão da característica birracial da
sociedade rural maranhense no século XIX
d)os abolicionistas defendiam a plena igualdade racial como forma de estabelecer uma
sociedade igualitária e justa para todos.
e)o mulato era aceito pela sociedade por ser símbolo do embranquecimento da população
negra como queriam os defensores da manutenção da pureza racial.
Gabarito: A
# Estrutura social: as instituições e relações sociais que formam a base de uma sociedade #
# Desigualdades: conjunto de processos e experiências sociais que favorecem alguns indivíduos
ou grupos em detrimento de outros#
De acordo com Anthony Giddens16, a partir de dados da revista Forbes, nos últimos 30
anos, viu-se o surgimento de mais bilionários do que nunca antes na história. No início do século
XXI, havia 573 bilionários no mundo, sendo 308 só nos EUA, 114 na Europa, 88 na Ásia, 32 na
América Latina, 15 no Canadá, 13 no Oriente Médio e 3 na Austrália.
16
Op. cit. p. 374.
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Agora, como essa contradição social extrema é possível diante de tanta riqueza, Alê?
17
Folha de São Paulo. Hábitos de ricos na pandemia deixam bilionários ainda mais bilionários. 24/abr de
2021. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/04/habito-de-ricos-na-pandemia-
deixa-bilionarios-ainda-mais-bilionarios.shtml?origin=folha#. Acesso em: 24/04/2021.
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riqueza
desigualdade
econômica
global:
diferenças
sistemáticas
entre países condições
renda considerando: de
trabalho
Conforme o Banco Mundial (2003), 40% da população do mundo vivem em países de renda
baixa e apenas 15% vive em países de renda alta.
Os países de renda alta detêm cerca de 79% da produção anual de riqueza no mundo, já os
de renda baixa, 3%. O restante fica com os países de renda média.
Do ponto de vista histórico-sociológico, os países de renda baixa tiveram industrialização
tardia, fato que nos sinaliza uma causa de longo prazo para a condição de subdesenvolvidos
ou em desenvolvimento.
18
NEXO Jornal. A situação da fome no mundo hoje. Jul/2016. Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2016/07/29/A-situa%C3%A7%C3%A3o-da-fome-no-mundo-
hoje. Acesso em: 25/04/2021.
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19
NEXO Jornal. A situação da fome no mundo hoje. Jul/2016. Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2016/07/29/A-situa%C3%A7%C3%A3o-da-fome-no-mundo-
hoje. Acesso em: 25/04/2021.
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No mesmo sentido que a queda na subnutrição no mundo, desde 1981, número de pessoas
extremamente pobres caiu. No começo da década de 1980, quase 2 bilhões de pessoas se
encontravam abaixo da linha da pobreza extrema, três décadas depois, esse número caiu pela
metade. Com efeito, quase 1 bilhão ainda se encontram nessa situação21.
A pobreza extrema é definida pelo Banco Mundial como a situação de pessoas que
residem em famílias nas quais a renda diária é inferior a US$ 1,90, em paridade de
poder de compra.
Ainda dentro do macro assunto pobreza, sociólogos e pesquisadores têm utilizado outras
duas categorias: pobreza absoluta e pobreza relativa.
20
Idem, ibidem.
21
NEXO Jornal. A população abaixo da linha de pobreza extrema no mundo. Fev/2019. Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2019/02/20/A-popula%C3%A7%C3%A3o-abaixo-da-linha-de-
pobreza-extrema-no-mundo. Acesso em: 25/04/2021.
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O conceito de pobreza absoluta se refere à subsistência, isto é, as pessoas que não possuem
condições básicas para sustentar minimamente a existência física saudável (alimento, abrigo e
roupas suficientes) vivem em situação de pobreza absoluta. Este conceito se aproxima do de
pobreza extrema visto acima.
Já o conceito de pobreza relativa, desenvolvido pelo sociólogo Peter Townsend (1928-2009),
busca identificar mediações culturais para identificar as situações de pobreza, pois, os defensores
dessa perspectiva sinalizam ser errado achar que as necessidades humanas são iguais em todas as
partes do mundo. Isso porque, conforme analisou Townsend, cada sociedade tem um nível médio
de condições de vida, dieta alimentar, moradia e tipo de atividades de que as pessoas podem
participar. (INSERIR)
Importante destacar que Peter Townsend obteve destaque ao chamar a atenção para a
crescente desigualdade de renda entre os níveis mais altos e mais baixos da sociedade,
argumentando que, quando um país fica mais rico, mas a distribuição de renda é desigual, o
número de pessoas na pobreza tende a aumentar22.
Veja que, conforme o gráfico abaixo23, no que diz respeito à desigualdade e à pobreza na
América Latina, a proporção de pobres na região caiu quase 20 pontos percentuais desde 1990.
Porém, especificamente no Brasil, 18% da população brasileira ainda vive em situação de pobreza.
Seja por conta da situação de saúde e da fome, ou por outros problemas em torno da
desigualdade social (baixa renda, violência, falta de moradia), as pessoas nos países de baixa renda
22
THORPE, Christopher et al. O Livro da Sociologia. São Paulo: Globolivros. 2015. p. 74.
23
NEXO Jornal. A desigualdade e a pobreza na América Latina. Jun/2019. Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2016/12/09/A-desigualdade-e-a-pobreza-na-Am%C3%A9rica-
Latina. Acesso em: 25/04/2021.
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tem maior probabilidade de morrer na infância e menos probabilidade de viver até a velhice.
Situação que impacta a dinâmica populacional desses países. Olha só:
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IDH
Educação
Saúde Medido por média Renda
Uma vida longa e de anos de educação
Padrão de vida per
saudável medida de adultos;
capita a partir de
pela expectativa de expectativa de annos
determinada renda.
vida de escolaridade para
as crianças
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24
NEXO Jornal. O que é o IDH e qual é a posição do Brasil em relação ao mundo. Dez/2019. Disponível
em:https://www.nexojornal.com.br/grafico/2019/12/18/O-que-%C3%A9-o-IDH-e-qual-%C3%A9-a-
posi%C3%A7%C3%A3o-do-Brasil-em-rela%C3%A7%C3%A3o-ao-mundo. Acesso em: 25/04/2021.
25
“Inequality from generation to generation: the United States in Comparison”, University of Ottawa.
Apud: NEXO Jornal. A relação entre desigualdade de renda e mobilidade social. Mar/2016. Disponível
em: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2016/03/16/A-rela%C3%A7%C3%A3o-entre-
desigualdade-de-renda-e-mobilidade-social. Acesso em: 26/04/2021.
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26
Neste contexto, a tendência é que em países muito desiguais, como o Brasil, haja também
pouca mobilidade. Ou seja, se a diferença entre ricos e pobres é alta, a chance de se mudar de
classe social é baixa. Dá um bizu:
26
Idem, ibidem.
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27
27
Idem, ibidem.
28
TOMAZI, Nelson D. op. cit. p. 109.
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29
Op. cit. p. 352.
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TEXTO II
Missão Artemis: conheça as 12 candidatas da NASA para ir à Lua em 2024 (2019)
Gabarito: D
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Contrastes e
desigualdes sociais,
raça, gênero
multiplicidade
cultural
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pertencimento a determinado grupo étnico30, é outro problema que aprofunda os abismos sociais
no país.
Em muitos aspectos, o problema racial é uma variável determinante para demonstrar as
maiores situações de desigualdades, superando quaisquer outras contradições. Veja, por
exemplo, a comparação dos anos de estudos partir do critério gênero e a partir do critério raça31.
32
Repare que o Brasil foge da tendência mundial indicada no box acima “Desigualdades entre
Homens e Mulheres”.
30
NOGUEIRA, Oracy. Preconceito racial de marca, preconceito racial de origem. Tempo Social, São Paulo,
USP, v. 19, n. 1, nov. 2006 (1983).
31
Dados de 2014 da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE. Apud: NEXO Jornal.
De pais para filhos: a mobilidade entre gerações na educação. Dez/2020. Disponível:
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2018/09/10/De-pais-para-filhos-a-mobilidade-entre-
gera%C3%A7%C3%B5es-na-educa%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 26/04/2021.
32
Idem, ibidem.
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Agora veja a proporção das populações de cada raça/cor de acordo com o número de anos
de estudo:
33
Veja, então, que há uma desigualdade substancial que recai sobre a população de cor preta
(critério da autodeclaração, segundo metodologia do IBGE).
Alê, isso significa que a questão racial no Brasil é pior do que as desigualdades entre homens e
mulheres?
33
Idem, ibidem.
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Não, querido e querida aluna, não é dessa forma que as análises sociológicas
se desenvolvem. Não existe uma hierarquia de “desigualdades”, todas elas
conformam a realidade desigual. O que os dados demonstram são as variáveis,
os focos dos problemas, que, se não forem devidamente tratados, a realidade
social não mudará.
No caso da questão racial, temos, por exemplo, a resposta dada pela política pública de
reserva de vagas e cotas para ingresso no ensino superior público.
Ainda sobre a questão de gênero, quer outro dado que expõe a desigualdade na sociedade
brasileira? Trabalho doméstico. Sim, gente! Trabalho doméstico, é trabalho e dois mais pesado e,
na maior parte dos lares do país, impõe a dupla jornada para as mulheres. Olha só a proporção
de horas semanais de trabalho por idade, categorizado entre trabalho doméstico e profissional
(com dados do IBGE, de 2017)34:
Dentro dessa realidade trabalho doméstico, vale a pena destacar a situação específica do
mercado de trabalho do setor doméstico, incluídas aí pessoas que trabalham no serviço doméstico
em geral, cozinheiras, profissionais de cuidados pessoais em domicílio e cuidadoras de crianças,
34
NEXO Jornal. As horas de trabalho doméstico de homens e mulheres do Brasil. Abr/2018. Disponível
em: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2018/04/30/As-horas-de-trabalho-dom%C3%A9stico-de-
homens-e-mulheres-do-Brasil. Acesso em: 26/04/2021.
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entre outras. Isso porque, com esses dados podemos perceber a combinação das desigualdades
de gênero e de raça, algo que, aí sim, caracteriza de forma mais completa a sociedade brasileira,
sem que haja hierarquia entre as desigualdades.
Conforme Relatório publicado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos) compilou dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios) Contínua, de 2017 e 2018, sobre os trabalhadores domésticos no país,
Em outras “palavras”:
35
35
NEXO, Jornal. O perfil das trabalhadoras domésticas no Brasil. Jul/2020. Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2020/07/28/O-perfil-das-trabalhadoras-dom%C3%A9sticas-
no-Brasil. Acesso em: 26/04/2021.
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figura da pessoa que organiza a vida desde o núcleo do lar, como as outras atividades –
sejam elas de quaisquer classes sociais – são externamente ao lar realizadas. A crítica é para
a falta de valorização do trabalho doméstico, algo tão central para a reprodução social.
d) errado, ela não afirma isso.
e) errado, pois ela, assim como os argumentos anteriores, baseados na aparência, a autora
reforça a importância do trabalho doméstico
Gabarito: C
(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Alê Lopes)
A Rede Mulheres Produtoras do Pajeú nasceu em 2005, quando a Casa Mulher do Nordeste,
organização feminista do sertão pernambucano fundada na década de 1980, convidou
algumas mulheres produtoras para o Festival de Economia Popular e Solidária do Pajeú. A
educadora social Elizabete Ferreira foi uma delas. Está na associação desde o início e é parte
integrante do grupo Guerreiras Pernambucanas, que trabalha com agricultura e a produção
de sabonetes líquidos de aroeira. A ideia principal era a de criar uma rede de apoio e de
formação política e agroecológica para poder diminuir o isolamento entre mulheres do
sertão, além de ser um movimento que olha com mais atenção para questões de gênero na
região, principalmente para casos de violência doméstica. Assim, a Rede se estabelece com
base em três pilares: agroecologia, feminismo e economia solidária.
(UOL. Feministas do sertão: quintais de agricultoras viram armas de transformação.
06/04/2021. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-
noticias/2021/04/06/feministas-do-sertao-quintais-de-agricultoras-viram-armas-de-
transformacao.htm. Acesso em: 08/04/2021)
De acordo com o texto, a ação do movimento em questão
a) forma lideranças para disputar cargos eletivos em municípios rurais.
b) formaliza mulheres no mercado de trabalho e as transforma em operárias.
c) objetiva aumentar o ganho de escala lucrativo por meio do trabalho doméstico.
d) utiliza os quintais produtivos como uma estratégia de empoderamento feminino.
Comentários
a) falso, pois, por mais que o movimento acabe fortalecendo a liderança feminina na
sociedade, por meio do nome desse movimento social, fica claro que não se trata de um
objetivo focado na política institucional. Pelo contrário, o movimento busca gerar renda e
diminuir situações de violência sobre as mulheres a partir de ações no âmbito da sociedade
civil.
b) errado, não se trata de uma relação de emprego em que, de um lado, há patrões e, do
outro, trabalhadoras. Veja que o pilar da economia solidária remete a um tipo de organização
entre cooperados (cooperativas).
AULA 03 - Sociologia
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Mas esse nicho no mercado de trabalho – o trabalho doméstico – é muito pequeno, Alê, não diz
muita coisa. Na classe média a desigualdade de gênero em função da renda também é desse
jeito?
Só não vai ser teimoso e teimosa na hora da prova com o examinador. Hora você vai ter
que interpretar gráfico, ora vai ser textão, hora uma charge. Agora, se você já tiver o conhecimento
prévio, que é este que estou passando para você, certamente a segurança para gabaritar estará
ao seu lado. Então, para não restarem dúvidas, acompanha comigo a evolução da renda do
trabalho dos brasileiros, desde 1976 por gênero36.
36
NEXO Jornal. A evolução da renda do trabalho dos brasileiros, desde 1976. Out/2018. Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2018/10/22/A-evolu%C3%A7%C3%A3o-da-renda-do-
trabalho-dos-brasileiros-desde-1976. Acesso em: 26/04/2021
AULA 03 - Sociologia
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E aí, gente? As informações acima dizem ou não dizem muito sobre capitalismo, gênero e raça no
Brasil? Manda um comentário para a profe. sobre suas reflexões lá no fórum, no Insta da profe.
Fiquem à vontade.
E vou dizer mais, é possível ampliar nossa “lupa” sociológica e explorar mais ainda a relação
entre classes sociais e raça no Brasil, por meio da disparidade de emprego e renda entre brancos
e negros. Acompanha comigo os gráficos elaborados pela equipe do NEXO feitos a partir dos
dados do IBGE!
37
37
NEXO Jornal. A disparidade de emprego e renda entre brancos e negros. Nov/2017. Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/11/27/A-disparidade-de-emprego-e-renda-entre-
brancos-e-negros. Acesso em: 26/04/2021.
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Esses dados mais gerais das situações econômica envolvendo gênero e raça no Brasil
desnudam uma realidade perversa que afeta o cotidiano das pessoas. É como se, para cada “grão”
que pinçássemos do território brasileiro, uma situação de desigualdade aparece. Isso é perceptível
em itens básicos de necessidades, como água encanada, energia elétrica, moradia, dentre outros.
38
Outro dado interessante que é sobre o acesso à rede mundial de computadores, a internet.
Antes da pandemia do Coronavírus já a exclusão digital já expressava uma outra vertente de
desigualdade social. Em meio à pandemia e à situação de isolamento social, essa exclusão
repercutiu em outras áreas, principalmente no ensino. Isso porque, a continuidade dos estudos
de crianças e adolescentes por meio do ensino a distância se tornou prejudicada. Fato que expos
a importância da universalização do acesso à internet.
Como não poderia deixar de ser o uso da rede está relacionado à faixa de renda da família.
38
NEXO Jornal. Água, energia, esgoto: o acesso a serviços de acordo com a renda. Jul/2018.
Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2018/07/05/%C3%81gua-energia-esgoto-o-
acesso-a-servi%C3%A7os-de-acordo-com-a-renda. Acesso em: 26/04/2021.
AULA 03 - Sociologia
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
39
Esses dados não revelam a dificuldade de acesso e de acompanhamento das aulas online,
pois, apesar do acesso à rede ser importante, ele em si não garante a qualidade e estabilidade
necessária para que o processo pedagógico do EaD seja o mais completo possível. Muitas pessoas
usam a internet por meio do celular e com limite de créditos.
39
NEXO Jornal. O acesso a internet de crianças e adolescentes no Brasil. Mai/2020. Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2020/05/28/O-acesso-a-internet-de-crian%C3%A7as-e-
adolescentes-no-Brasil. Acesso em: 26/04/2021.
AULA 03 - Sociologia
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Queridos e queridas, diante das considerações e dados que vimos até agora, nota-se o
quanto a mobilidade social é uma possibilidade concreta e possível para uma parte da população,
enquanto, para outra (a maioria), é praticamente um milagre.
Veja uma listinha de filmes que discute os temas que tratamos aqui:
NOMADLAND (2020)
Fern, uma mulher de 60 anos dos Estados Unidos se encontra obrigada a se desvincular da
sociedade em que vivia. Após a morte do marido e do fechamento da fábrica onde trabalhava, a
protagonista parte para a estrada em uma vida nômade. O filme, nesse sentido, retrata intimidade,
solidão, pobreza e uma jornada singular de enxergar o mundo contemporâneo.
LIXO EXTRAORDINÁRIO (2010)
Melhor Documentário Internacional eleito pelo público no Festival de Sundance em 2010, lixo
extraordinário analisa o trabalho do artista plástico Vik Muniz no Jardim Gramacho, um dos
maiores aterros sanitários do mundo. Dessa forma, o roteiro se desenrola mostrando as histórias
de vida dos catadores de materiais recicláveis desse local.
QUE HORAS ELA VOLTA (2015)
Val, uma trabalhadora doméstica se muda do interior de Pernambuco para São Paulo a fim de
viver integralmente na casa dos patrões e proporcionar melhores condições para Jessica, sua filha.
Treze anos se passam e Jéssica precisa prestar o vestibular na cidade paulistana, e então, acaba
ficando na casa dos chefes de Val durante o período de prova.
É neste cenário, portanto, que a história do filme se desenvolve: uma relação complexa entre
mulheres de diferentes classes sociais.
BRANCO SAI, PRETO FICA (2015)
É retratado o cotidiano de dois homens - um com uma perna amputada e outro paraplégico - que
foram marcados para sempre após trocas de tiro em um baile de black music na periferia de
Brasília.
No mesmo sentido, o filme segue com uma narrativa documental ficcional ao mostrar uma pessoa
vinda do futuro com a intenção de abrir um processo contra o Estado brasileiro e achar provas
durante esse mesmo baile.
Com uma mistura equilibrada entre ficção e realidade, “Branco sai, preto fica” denuncia questões
de raça e classe.
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40
Esta seção foi elaborada a partir do curso Introdução à Demografia, realizado na Escola Virtual IBGE,
organizado pela Escola Nacional de Ciências e Estatísticas – ENCE. Dezembro/2020.
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A publicação das primeiras estatísticas vitais no Brasil se deu em 1894, mas só cobriu uma
pequena parte do território nacional, limitando-se, praticamente, às capitais estaduais.
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Grandes Fomes
Ocorreram em alguns países da África. Em 1900-1903 ocorreu uma grande seca, e
consequente fome, nas Ilhas de cabo Verde (11.000 pessoas morrem, cerca de 15% da população).
No final dos anos 60, com uma tentativa de independência da Nigéria, Biafra sofreu com a guerra
e a fome resultantes, e cerca de um milhão de civis morreram.
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Diante dessas considerações que ressaltam a importância dos estudos demográficos, para
que as análises demográficas sejam quantificadas sempre com dados muitos precisos, faz-se
necessário fixarmos alguns conceitos. Afinal, vira e mexe esses termos caem em provas. Olha só:
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Componentes Fecundidade
demográficos:
Processo pelo qual a população se reproduz.
Mortalidade
Processo pelo qual os membros de uma população são reduzidos
em decorrência dos óbitos.
Migração
Movimentos populacionais de entrada e saída, com objetivo de
fixar residência em determinado território (divisão político-
administrativa). Esta variável se subdivide em duas: emigração e
imigração.
AULA 03 - Sociologia
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As pesquisas do IBGE
Censo Demográfico
O que é?
O Censo é a única pesquisa que visita todos os domicílios brasileiros (cerca de 58 milhões
espalhados por 8.514.876,599 km², de acordo com Censo 2010) em cada um dos 5.570
municípios do país. Um trabalho gigantesco, que envolve milhares de pessoas, bem diferente
da pesquisa amostral, que, como o próprio nome indica, investiga uma amostra da
população e, a partir de modelos estatísticos, chega à representação do todo.
Para que serve?
O Censo é a principal fonte de dados sobre a situação de vida da população nos municípios
e localidades. São coletadas informações para a definição de políticas públicas em nível
AULA 03 - Sociologia
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À medida que a fecundidade declina, menos crianças nascem e a base da pirâmide vai se
estreitando, com uma tendência à forma retangular, característica de uma
população envelhecida.
Para treinar
Com base na evolução da pirâmide etária no Brasil em 1950, 1985 e 2020 e nos
conhecimentos sobre dinâmica populacional, considere as afirmativas a seguir:
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Fonte: IBGE
I) A pirâmide de 1950 apresenta um aspecto triangular, indicando que o percentual de idosos
no conjunto da população era alto nessa década.
II) Os dados revelam a crescente necessidade de maior investimento das políticas públicas
nos setores da previdência e da saúde pública voltadas para a terceira idade.
III) O Brasil tem apresentado diminuição nas taxas de mortalidade, indicando melhoria na
qualidade de vida e aumento da expectativa de vida, ao mesmo tempo em que apresenta
redução das taxas de fecundidade.
Assinale as alternativas corretas.
a) I e II estão corretas.
b) Todas as alternativas estão corretas.
c) I e III estão corretas.
d) II e III estão corretas.
Gabarito: D
(UEL 2022)
Em 2020, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou a segunda edição
do estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, com
informações fundamentais para análise das condições de vida das mulheres no País.
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Pergunta: Lima tinha um projeto de vida que era a literatura. Por que não deu certo?
Resposta: Durante um certo tempo, tratou-se de Lima Barreto sob a perspectiva da vitimização.
Ele era de fato uma vítima, mas tinha um projeto, e isso é muito importante de a gente destacar.
Brinco que era o projeto do contra, ou seja, "vou me inserir sendo do contra". Ele era contra a
Academia Brasileira de Letras, apesar de ter tentado entrar três vezes. Era contra o futebol, numa
época em que o esporte já fazia muitas paixões.
Era contra um certo feminismo, mas contra o assassinato de mulheres. Contra a literatura de
brindes, de sobremesas e de toaletes, e a favor de uma literatura realista. Também foi anarquista
num momento que era complicado ser anarquista. Então, ele tinha um projeto? Tinha. Ele era
contrário às políticas de exclusivismos da República. Qual era o projeto do Lima Barreto? Era o de
contrariar. Isso não deu certo porque o primeiro livro dele acusava um tipo de jornalismo, que
silenciou diante de Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909). Mais adiante, sai Numa e a
Ninfa (1915), contrário aos políticos, ou seja, em pouco tempo, conseguiu ter contra ele jornalistas
e políticos. E aí foi acumulando desafetos até terminar a vida isolado, mas não vitimizado.
Pergunta: O fato de ele ser negro e não ter recursos contribuiu para a dificuldade em não ser
aceito?
Resposta: Contribuiu e ele também agenciou muito isso, a partir da ideia de que não é um
figurante passivo - vai construir sua persona. Parte dessa construção é de um Lima Barreto que faz
um Rio de Janeiro mais amplo, que inclui o centro e os subúrbios, onde ele vivia. Ele sempre
41
https://www.hojeemdia.com.br/almanaque/ideal-de-lima-barreto-%C3%A9-reconhecido-em-
biografia-feita-por-lilia-moritz-schwarcz-1.538305
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morou em Todos os Santos. Então, a partir desse trajeto pelo trem da Central do Brasil, Lima
descreve a pobreza com imensa dignidade, assim como observa a aristocracia do subúrbio com
muito escárnio, concentrada sobretudo em Botafogo e Méier, bairros que desprezava
solenemente. Lima foi uma pessoa pobre, mas de uma classe média de funcionários públicos do
Rio de Janeiro. Ele era um amanuense paradoxal - o amanuense redige cartas e ele tinha uma letra
péssima.
Pergunta:Elesofreu?
Resposta: Sofreu. Ele não era da linha da pobreza, mas, como amanuense, teve de ser arrimo de
família muito cedo - em 1902, o pai teve acessos de loucura que seriam diagnosticados como
neurastenia e, a partir de 1903, Lima é arrimo de família. Então, teve uma vida difícil? Isso explica?
Não. Outro ponto: o fato de ser negro. No Brasil, sabemos que as pessoas manipulam a questão
da cor. O que fez Lima Barreto? Trouxe a questão da cor para o primeiro plano, sobretudo nesse
momento, início do século 20, quando era assunto secundário. Ele trouxe para frente, sobretudo
nas crônicas, nas quais fez uma denúncia muito forte e fundamental contra o racismo existente no
Brasil. Lima não chamava de racismo institucional, como hoje chamamos, mas já diagnosticava
como pós-abolição, um momento que ele viveu. Um momento em que se tentou perpetuar as
diferenças pautadas primeiro numa instituição perversa, como era a escravidão, e depois na cor
da pele. Ele mesmo se descrevia da cor de uma azeitona escura, uma forma de usar essa régua da
cor social que, ao mesmo tempo, pode incluir, mas também é exclusivista e cria uma série de
discriminações.
Mas, profe, o que isso muda para o Brasil do ponto de vista do pensamento social?
Primeiro, lembre-se do que falei acima: as mudanças na mentalidade devem ser pensadas
a partir da emergência histórica! E o que ocorreu no Brasil a partir desse momento?
Verificou-se uma mudança na economia: um surto de industrialização que reforçou a
formação de uma burguesia e o crescimento comercial e urbano. Estava posto um novo cenário:
uma burguesia e um proletariado ascendente.
Além disso, com a guerra e o deslocamento do eixo político-econômico-cultural para os
Estados Unidos da América, os velhos cânones do pensamento passaram a ser questionados.
Indiretamente, a produção artística e cultural da América era estimulada.
A partir de então, podemos verificar uma tentativa de ruptura com o passado colonial.
Campanha civilista de Rui Barbosa, a eleição de Hermes da Fonseca já anunciava uma tentativa de
criar valores e romper com velhas estruturas aristocráticas. O combate ao coronelismo começava
a pairar no ar e, assim, desenhava-se a busca por mudanças reais na estrutura social.
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Na década de 1920 movimentos sociais e políticos davam o tom das críticas. Eram o Movimento
Modernista e o Movimento Tenentista. Ambos traziam como característica, apesar de serem,
respectivamente, um movimento artístico-cultural e político-militar, o nacionalismo. Nesse
cenário, era necessário um saber menos dependente das estruturas sociais da colônia marcadas
pela dependência econômica, política e, de certa forma, intelectual.
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•Os precursores tinham como •A geração de 1930 preocupa- •As gerações de 1950 e 1960
principal preocupação a se com processos ocuparam-se de pensar o
sociedade e identidade constitutivos de nossa problema da modernização
nacional. formação social, econômica, brasileira e com a relação
política e cultural. entre o subdesenvolvimento e
o capitalismo dependente.
5.1 OS PRECURSORES
Como falamos, a preocupação dos precursores era entender a formação do Brasil,
sobretudo, como o passado colonial impactava a República. Queriam entender também o social,
a sociedade, o povo. Nesse cenário, a questão da mestiçagem do povo brasileiro marca o
pensamento dos autores dessa época. Indígenas, negros e imigrantes europeus são consideradas
as “raças” formadores do povo brasileiro.
Não podemos esquecer que o contexto intelectual era de teorias racistas de perspectiva
evolucionista, como aprendemos na Aula 00. O fato é que indígenas e negros eram considerados
“inferiores” racialmente. Pensadores estrangeiros europeus que viam a população brasileira como
comprometida já que a miscigenação era um processo de retrocesso.
No Brasil, essas ideias influenciavam os pensadores que, de certa forma, tiveram a missão
de discutir o problema da miscigenação.
Oliveira Vianna publicou, em 1920, o livro
Populações Meridionais do Brasil. Para ele, assim como
para outros de sua geração, a mestiçagem era um fator
negativo. Mas, afirmava que a tendência era o
embranquecimento porque o elemento branco
predominaria ao longo do tempo. Veja que essa foi a
conhecida “Teoria do Embranquecimento” que, inclusive,
justificou políticas públicas de estímulo à imigração branca
europeia.
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Já Silvio Romero escreveu sobre a mestiçagem, natureza, cultura, arte, ou seja, temas que
mostravam o “espírito brasileiro”. Mas, há algo na abordagem dele diferente. Para o pensador, a
mestiçagem era uma transição na qual o elemento negro fortalece e permite que o elemento
branco se fortaleça.
Euclides da Cunha, que acompanhou a Guerra de
Canudos e, depois escreveu “Os Sertões” definiu o sertanejo
como “um forte”. Leiam um trechinho da obra:
OS SERTÕES
Capítulo III
O Sertanejo
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços
neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica
impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica
dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gigante e sinuoso, aparenta a translação de
membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de
displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se
invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para
trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a
espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança
celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço `geométrico os meandros
das trilhas sertanejas. E se na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro,
bater o isqueiro, ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo – cai é o termo – de cócaras,
atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica
suspenso pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a
um tempo ridícula e adorável.
É o homem permanentemente fatigado.
Reflete a preguiça invencível, a atonia muscular perene, em tudo: na palavra remorada, no gesto
contrafeito, no andar desaprumado, na cadência langorosa das modinhas, na tendência constante
à imobilidade e à quietude.
Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude.
Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. naquela organização
combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de
qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormidas. O homem transfigura-se.
Empertiga-se, estadeando novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-
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se-lhe, alta, sobre os ombros possantes, aclarada pelo olhar desassombrado e forte; e corrigem-
se-lhe, prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual dos
órgãos; e da figura vulgar do tabaréu canhestro, reponta, inesperadamente, o aspecto dominador
de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade
extraordinárias.
Este contraste impõe-se ao mais leve exame. Revela-se a todo o momento, em todos os
pormenores da vida sertaneja – caracterizado sempre pela intercadência impressionadora entre
extremos impulsos e apatias longas.
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É bom lembrar ainda de que, na capital do Brasil, Rio de Janeiro, as ciências sociais não
tiveram a dimensão crítica e inovadora de São Paulo. Isso porque se desenvolveu atrelada ao
centralismo do Estado e, por isso, voltada para a formação dos técnicos e burocratas do Estado.
Professor Octavio Ianni chama Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre e Caio Prado
Junior de “clássicos da sociologia brasileira”, ou a “geração de 1930”. De um modo geral, todos
eles, escrevem uma “grande obra”. Isso quer dizer que buscavam interpretar o Brasil. Revisitaram
a história do país e, por meio dela foram em busca do peso das tradições e do passado no destino
da nação, bem como a resistência das estruturas arcaicas herdadas do período colonial.
“Se vamos à essência da nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer
açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes; depois, algodão, e em seguida
café, para o comércio europeu. Nada mais que isto. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado
para fora do País e sem atenção a considerações que não fossem o interesse daquele comércio,
que se organizarão a sociedade e a economia brasileiras. Tudo se disporá naquele sentido: a
estrutura, bem como as atividades do país. […] O ‘sentido’ da evolução brasileira, que é o que
estamos aqui indagando, ainda se afirma por aquele caráter inicial da colonização” (Formação do
Brasil Contemporâneo, p. 20).
Entender o Brasil e seu povo continuava sendo a grande questão. Assim, o problema da
miscigenação continuou, mas foi abordado com outro viés. Esse processo foi interpretado como
um traço cultural. A abordagem racial cai. A culturalista entra pelas mãos de Gilberto Freyre na
obra clássica “Casa Grande & Senzala”. Sergio Buarque de Holanda, a partir de sua formação
weberiana, procurou identificar o “tipo ideal” do homem brasileiro em seu livro Raízes do Brasil
Bem, acredito que é chegada a hora de aprofundarmos os pensamentos desses clássicos e
tentar perceber, de certa maneira, a atualidade dos temas por eles consagrados.
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Calma, queridos e queridas, não brigue com Freyre, haha. Eu sei que você vai dizer que
isso é impossível porque você já estudou, nessa aula inclusive, como racismo pode contribuir para
formação das desigualdades. Você, que é uma pessoa atenta, também deve ter algum
conhecimento sobre a violência contra as pessoas negras, no Brasil. É assunto muito quente
porque, desde a morte de George Floyd, nos EUA, em 2020, o tema entrou com força na agenda
dos meios dos meios de comunicação, nos roteiros de filmes, entre outros. Mas vamos entender
o argumento e a lógica argumentativa do autor.
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Os usos desse conceito, ao longo da história, acabaram transformando esse termo em mito: o
mito de que não haveria violência racial no Brasil, de que as relações sociais nunca foram
determinadas racialmente. De certa maneira, isso contribuiu para o apagamento sobre a discussão
dos preconceitos e estigmas. Também contribuiu para um certo silenciamento e apagamento
sobre as origens culturais de negros e indígenas. Contribui para políticas de assimilação em relação
aos indígenas. A lógica era assimilar!! O conceito, mobilizado de maneira acrítica, e muitas vezes
elitista e conservadora, permitiu imaginar uma cultura nacional única, uniforme padrão. Assim,
negar a diversidade violência, na prática, contribuiu para a formação do racismo estrutural. Essa
conclusão, na verdade, é fruto dos escritos de Florestan, que veremos mais abaixo.
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5.3 GERAÇÃO DE 40 E 50
Para pensar a sociologia e os sociólogos das décadas de 1940 e 50, precisamos
contextualizar o pós II Guerra Mundial e seu impacto no mundo das ideias e das instituições. A
construção da ONU, a declaração Universal dos Direitos Humanos, a Guerra Fria, a Doutrina de
Segurança Nacional dos Estados Unidos, a Guerra do Vietnã, a descolonização Afro-Asiática e,
depois, nos anos de 1960, os movimentos de reivindicação dos direitos civis.
Olha o esqueminha:
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Outro ponto muito interessante foram os estudos sobre regime político. A América Latina,
e os estrangeiros estudiosos da América Latina, como Thomas Skidmore, voltaram seus estudos
para entender as práticas autoritárias que marcam o continente. Assim, foram muitos os estudos
que procuraram entender as relações entre o Estado e as Forças Armadas. Aqui teremos estudos
sobre coronelismo e caudilhismo – formas de atuação política local e autoritária que, em geral,
controlam as eleições fraudadas locais.
Assim, é possível afirmar que uma “nova sociologia” ia surgindo e, com ela, novas
interpretações obre o Brasil. Além disso, os sociólogos dos anos de 1950, sobretudo, buscaram
unir a teoria e a prática: conhecer o Brasil, mudar o Brasil! Foram análises sobre desigualdades
sociais, como já falamos, etnias, políticas indigenistas, regionalismo, migração, tradições, entre
outros. Vale lembrar que estamos falando de sociologia, mas muitos estudos extrapolaram os
limites epistemológicos de cada disciplina e foram incorporados métodos da geografia, história,
e até da filosofia. A complexidade desses estudos produziu grandes pensadores e interpretes
sobre o país.
Nesse novo cenário intelectual, Florestan Fernandes assume papel fundamental.
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Agora eu vou te perguntar, lindeza: o que você acha que o Florestan pensava
sobre a noção de “democracia racial”?
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Não existe democracia racial efetiva(no Brasil), onde o intercâmbio entre os indivíduos
pertencentes a “raças” distintas começa e termina no plano da tolerância convencionalizada. Esta
pode satisfazer às exigências de “bom-tom”, de um discutível “espírito cristão” e da necessidade
prática de “manter cada um em seu lugar”. Contudo, ela não aproxima realmente os homens senão
na base da mera coexistência no mesmo espaço social e, onde isso chega a acontecer, da
convivência restritiva, regulada por um código que consagra a desigualdade, disfarçando-a acima
dos princípios da ordem social democrática. Florestan Fernandes. Cor e mobilidade social em
Florianópolis.
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“Nós, brasileiros, somos um povo sem ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no
espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela, fomos feitos e ainda
continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos oriundos da mestiçagem viveu por séculos sem
consciência de si, afundada na ninguendade. Assim foi até se definir como uma nova identidade
étnico-nacional, a de brasileiros.” Darcy Ribeiro. O Povo Brasileiro. 1995, p.453.
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(ENEM 2008)
A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a
meninada... Que talento ela possuía para contar as suas histórias, com um jeito admirável de
falar em nome de todos os personagens, sem nenhum dente na boca, e com uma voz que
dava todos os tons às palavras! Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e
adivinhações. E muito da vida, com as suas maldades e as suas grandezas, a gente encontrava
naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com mortes horríveis!
O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos.
Quando ela queria pintar um reino era como se estivesse falando dum engenho fabuloso. Os
rios e florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com a Paraíba e
a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.
José Lins do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p. 49-51 (com
adaptações).
Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível identificar traços que revelam
marcas do processo de colonização e de civilização do país. Considerando o texto acima,
infere-se que a velha Totonha
a) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas condições de vida e de
trabalho, que denotam que ela enfrenta situação econômica muito adversa.
b) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do país colonizado,
livres da influência de temas e modelos não representativos da realidade nacional.
c) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana européia em
concomitância com a representação literária de engenhos, rios e florestas do Brasil.
d) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio romancista, o qual
pretende retratar a realidade brasileira de forma tão grandiosa quanto a européia.
e) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como modelo e origem as
fontes da literatura e da cultura européia universalizada.
Comentários
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a) Falsa. Seria no mínimo incoerente o romancista querer construir uma personagem que
fosse, ao mesmo tempo, influenciada da literatura européia e pertencente às classes
subalternas do ambiente colonial. Fazendo alusão ao legado de Gilberto Freyre, Totonha não
seria uma personagem proveniente do universo da “senzala”.
b) Falsa. Ao tomar como referência criativa os bons modos e as virtudes dos reis e rainhas da
Europa Medieval tipicamente demonstrados nos romances de cavalaria, Totonha demonstra
claramente nenhum “compromisso histórico” em imprimir em suas personagens os valores e
comportamentos restritos à realidade colonial brasileira
c) Falsa. A questão aponta erroneamente “a Europa” que influencia o processo criativo de
Totonha. Ao falar de suas personagens, ela busca confluir o ambiente rural da Europa
Medieval e os sujeitos históricos presentes no ambiente colonial (e também rural) do Brasil
Colônia
d) Falsa. Exigindo conhecimento sobre a História da Literatura Brasileira, o aluno deveria
compreender os principais traços que definem a obra de José Lins do Rego. Sendo um dos
grandes nomes da literatura regionalista brasileira, José Lins pretende retratar uma fração de
nosso país sem preocupar-se necessariamente em equiparar os referenciais estéticos e
históricos brasileiros aos europeus.
A correta: e) Verdadeira. Totonha representa um dado híbrido da constituição identitária e
cultural do nosso país ao pretender amealhar personagens, valores e cenários europeus e
regionais.
Gabarito: E
EXTENSIVO 2022
Lista Extra
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6. LISTA DE QUESTÕES
(UEL 2018)
Leia a charge a seguir.
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A questão das classes sociais na Sociologia tem diferentes formas de explicação. Dentre as
explicações clássicas, as de Marx e Weber. Atualmente encontramos estudiosos que
analisam a estrutura social brasileira de diferentes maneiras:
I. A classe C é a classe central, abaixo da A e B e acima da D e E. [...] a faixa C central está
compreendida entre os R$ 1.064 e os R$ 4.561 a preços de hoje na grande São Paulo. A
nossa classe C está compreendida entre os, imediatamente acima dos 50% mais pobres e os
10% mais ricos na virada do século. [...] A nossa classe C aufere em média a renda média da
sociedade, ou seja, é classe média no sentido estatístico. A classe C é a imagem mais próxima
da média da sociedade brasileira. Dada a desigualdade, a renda média brasileira é alta em
relação aos estratos inferiores da distribuição.
(Adaptado de: NERI, M. C.; COUTINHO DE MELO, L. C. (coordenadores). Miséria e a nova
classe média na década da igualdade. Rio de Janeiro: FGV/IBRE, CPS, 2008, p. 34-35.)
II. “A reorganização do processo de acumulação no Brasil [após os anos de 1990] acarreta
consequências imediatas nas relações sociais, no trabalho, no emprego e nas classes sociais
dele resultantes. Assim, podemos concordar que o operariado industrial perdeu o seu peso
relativo na nossa sociedade [...]. É certo que a classe trabalhadora [...] se multiplicou em
diferentes grupos sociais, uns talvez mais atomizados ou desorganizados [...]. Também
percebe-se, [...] que houve um processo de financeirização da classe hegemônica brasileira,
que acabou reduzindo ainda mais os setores dominantes, sobretudo entre os banqueiros, as
multinacionais e os grupos econômicos, mesclados entre si com o capital financeiro e o
capital internacional”.
(Adaptado de: OLIVEIRA, F. et al. Classes sociais em mudança e a luta pelo socialismo. São
Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002, p. 27-28.)
Considerando as duas teorias e os dois tipos de análise dos estudiosos, é correto afirmar que
as análises de
a) I e II concordam com Max Weber simultaneamente.
b) I e II concordam com Karl Marx simultaneamente.
c) II concorda com Max Weber e as de I com Karl Marx.
d) I e II discordam igualmente de Karl Marx e de Max Weber.
e) II concorda com Karl Marx e I concorda com Max Weber.
(UEL 2007)
De acordo com Octavio Ianni:
“Para melhor compreender o processo de estratificação social, enquanto processo
estrutural, convém partirmos do princípio. Isto é, precisamos compreender que a maneira
pela qual se estratifica uma sociedade depende da maneira pela qual os homens se
reproduzem socialmente”.
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e) o estado de bem-estar social nos países capitalistas mais avançados gerou uma reforma
agrária que teve como principal efeito o crescimento quantitativo do campesinato e da classe
latifundiária.
(UEG 2015)
No pensamento sociológico clássico há uma permanente preocupação com as mudanças
sociais. A esse respeito, verifica-se que
a) para Marx, a mudança social é produto da luta de classes.
b) para Durkheim, a mudança social é gerada pela ação social.
c) para Weber, não existe mudança social mas tão somente fato social.
d) tanto para Marx quanto para Weber, a mudança social tem sua origem no Estado.
(UEG 2009)
Enquadrar as pessoas em determinada classe social é sempre um processo arbitrário, no
Brasil e em qualquer país. Alguns pesquisadores usam como critério apenas a renda. Outros
levam em conta fatores como patrimônio, ocupação ou nível de escolaridade. Em sua
pesquisa, a FGV definiu como classe média as famílias com renda mensal entre R$ 1.065 e
R$ 4.591.
Esse universo de 100 milhões de brasileiros é formado sobretudo pelos ex-pobres que
acabam de pôr o pé na classe média. Alguns estudiosos chamam esse segmento de classe
média baixa, outros falam em classe C. Para muitos, é difícil classificá-los. O certo é que
melhoraram de vida. Anos atrás, não tinham conta em banco, consumiam apenas o essencial
e seu principal objetivo na vida era chegar ao fim do mês com as contas pagas. Hoje, estão
comprando o primeiro carro zero, construindo um cômodo a mais na casa, se vestem melhor.
“Nossa maneira de olhar a classe média é meio americana”, diz o economista Marcelo Neri,
coordenador da pesquisa e diretor do Centro de Políticas Sociais da FGV. “A classe média
tradicional brasileira sempre comparou seu poder aquisitivo ao dos países desenvolvidos”.
ÉPOCA, São Paulo, 11 ago. 2008. p. 94-95.
De acordo com as teorias sociológicas de Max Weber e Karl Marx, a análise apresentada no
texto acima relaciona a posição social com qual conceito?
a) O conceito marxista de classes sociais.
b) O conceito marxista de grupos de status.
c) O conceito weberiano de castas e estamentos.
d) O conceito weberiano de grupos de status.
(UFU 2010)
O conceito de classe social, elaborado por Marx e por Weber, é útil para evidenciar que a
sociedade tem divisões e diferenças internas, ou seja, que nem todos os indivíduos têm a
mesma posição na sociedade.
AULA 03 - Sociologia
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Considerando o conceito de classe social formulado por Marx e por Weber, assinale a
alternativa incorreta.
a) Para Weber, a relação entre as classes proprietárias e o proletariado moderno é de
exploração.
b) Para Marx, classe social significa a posição dos indivíduos nas relações de produção e o
“motor da história” é a luta travada entre as classes sociais.
c) Para Weber, classe social significa a posição dos indivíduos em uma escala de estratificação
social, cuja medida é dada pelo montante de bens e salários, oportunidades de renda e
capacidade de compra de produtos e no mercado de trabalho.
d) Para Marx, a relação entre a burguesia e o proletariado é de conflito.
(UECE 2019)
Sob o ponto de vista da Sociologia, a juventude não é homogênea, é plural, pois os grupos
juvenis da sociedade se distinguem tanto pelas desigualdades sociais, de raça e de gênero
quanto pela diferenciação cultural.
De acordo com a proposição acima, é correto afirmar que
a) a juventude é definida como um segmento social que partilha uma mesma faixa de idade
e expectativas de vida semelhantes.
b) juventude é o momento de entrar no mercado de trabalho para garantir o futuro, pois é
logo cedo que se aprende uma profissão.
c) os jovens, na sociedade atual, configuram o futuro do Brasil e todos têm igualdade de
oportunidades na sociedade, dependendo apenas do esforço individual para alcançar
sucesso na vida.
d) não se pode falar em juventude, mas em juventudes, devido à diversidade e pluralidade
de situações que definem o lugar e a pertença dos jovens na sociedade.
(UEM 2018)
“Tanto o tema das classes sociais quanto o da estratificação social são muito discutidos na
literatura sociológica, por comportarem diferentes concepções de divisão da sociedade na
civilização ocidental. As diferentes sociedades ocidentais e algumas não ocidentais foram
apresentadas divididas em estratos e/ou camadas, ou seja, indivíduos e grupos estão
dispostos de modo hierárquico na estrutura social.”
(ARAÚJO, S. M. et al. Sociologia. São Paulo: Scipione, 2013, p.18).
Acerca dos temas modos de vida, classes sociais e estratificação, assinale o que for correto.
01) Segundo a teoria marxista, a sociedade capitalista é estratificada em duas principais
classes sociais: a dos proprietários dos meios de produção (terra, fábricas, equipamentos
etc.) e a dos trabalhadores (aqueles que detêm apenas sua força de trabalho).
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02) Várias teorias sociológicas destacam que as divisões de classes podem comportar, além
da questão econômica, hierarquias relacionadas ao gênero e à etnia.
04) Pessoas de diferentes classes sociais e de diferentes posições de poder compartilham
concepções opostas sobre valores diversos. Por exemplo, pessoas ricas e pobres divergem
sobre valores religiosos, ainda que frequentem a mesma igreja e professem a mesma fé.
08) O acesso a bens culturais e simbólicos não influencia a percepção das pessoas sobre sua
posição social e sobre as expectativas que elas constroem sobre suas vidas.
16) Pessoas que pertencem a um mesmo grupo social, seja ele um grupo religioso, familiar
ou de trabalho, raramente se distinguem entre si em termos de valores defendidos.
(UEM 2017)
“O valor dos salários, o tipo de trabalho, os posicionamentos políticos e ideológicos, o fato
de sermos ou não proprietários dos meios para produzir nossa subsistência, ou mesmo se
vamos ao cinema ou lemos livros com frequência, se gostamos de ópera ou quantos
televisores temos em casa, se nossa casa é própria ou alugada, todas essas questões, assim
como muitas outras, podem ser utilizadas como referência para definir a que classe, estrato
ou grupo social pertencemos.
MACHADO, I. J. R.; AMORIM, H.; BARROS, C. R. Sociologia hoje. São Paulo: Ática, 2013,
p. 152).
Considerando o trecho citado e conhecimentos sobre o tema da estratificação social, assinale
o que for correto.
01) A divisão do trabalho é um dos resultados e, ao mesmo tempo, uma das causas da
estratificação social.
02) A estratificação social pode expressar assimetrias sociais, ou seja, relações hierárquicas e
desiguais de poder na vida social.
04) A busca por prestígio, por reconhecimento e por status social envolve disputas sobre
bens econômicos, e não sobre valores culturais.
08) O processo de educação, no qual se incluem, entre outras instituições, a família e a
escola, exerce influência sobre a posição privilegiada ou desprivilegiada que a pessoa ocupa
na vida social.
16) O conceito de classes sociais é considerado uma forma ultrapassada de pensar a
estratificação social uma vez que se baseia em uma teoria arcaica da vida social.
(UEM 2013)
Considerando o fenômeno da estratificação social, assinale o que for correto.
01) Toda forma de estratificação social promove equidade social e, dessa forma, elimina
mecanismos de hierarquização entre os indivíduos.
02) As castas e os estamentos são formas de estratificação social. O primeiro tem sua
expressão mais acabada na Índia; o segundo, na sociedade feudal.
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04) Uma forma de estratificação típica das sociedades capitalistas é a divisão dos indivíduos
em classes sociais.
08) Nas castas e nos estamentos, os fatores que garantem a imobilidade dos indivíduos de
um grupo para outro têm relação com o lugar que eles ocupam na produção e no consumo
de mercadorias.
16) Nas sociedades divididas em classes, o acesso à educação e aos bens culturais pode
definir o lugar que os indivíduos ocupam na estratificação social.
(Unicentro 2010)
Em relação ao sistema de castas de uma sociedade, assinale a alternativa correta.
a) Existe mobilidade social dentro de uma sociedade de castas.
b) A exogamia faz parte dos casamentos realizados em sociedades de castas.
c) Não existe mobilidade social dentro de uma sociedade de casta.
d) Dentro de um sistema de castas não é importante a hereditariedade.
e) Em um sistema de casta não existe a divisão entre castas superiores e inferiores.
(UFPR 2012)
“Num grande número de investigações sobre estratificação se reconhece não somente uma
escala de status individuais, mas, também, a existência objetiva, hierarquizada, de uma série
de categorias sociais mais ou menos homogêneas. Os indivíduos que integram essas
categorias possuem em comum certos índices da estratificação, ou indicadores da posição
social. Essas categorias ou agrupamentos são chamados estratos ou camadas.”
(STAVENHAGEN, R. Classes Sociais e Estratificação Social. In: FORACHI, M. M.; MARTINS,
J. S. Sociologia e Sociedade: Leituras de Introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 1977. p. 283.)
Cite três indicadores de status e justifique por que podemos dizer que eles são responsáveis
pela diferenciação social.
(Upe-ssa 3 2017)
Leia o texto a seguir:
Ao estudarmos a estratificação, temos que considerar não apenas as diferenças entre
posições econômicas ou ocupações mas também o que acontece com os indivíduos que as
ocupam. O termo mobilidade social refere-se ao movimento de indivíduos e grupos entre
diferentes posições socioeconômicas.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2012, p. 332.
Com base nesse conceito sociológico, qual dos estratos sociais a seguir NÃO permite a
mobilidade social?
a) Estamento
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b) Estado
c) Classe social
d) Castas
e) Proletariado
(Upe-ssa 2 2016)
Observe a charge a seguir:
A estrutura social é um tema presente nos estudos sociológicos. Com base na charge, é
CORRETO afirmar que
a) a desigualdade social fundamenta-se na habitação, pois a obtenção de outros elementos
de sobrevivência depende, exclusivamente, dos indivíduos.
b) os movimentos sociais funcionam como mecanismos que incentivam a criação de espaços
sociais, a exemplo do apresentado na charge.
c) a estratificação da sociedade brasileira é dividida em classes sociais, que são determinadas
por condições econômicas e sociais de vida.
d) o morador de uma das casas da charge compara sua residência com a de uma classe social
superior. Esse fato o deixa satisfeito com sua condição social.
e) a classe média no Brasil é caracterizada por possuir grande acúmulo de dinheiro que a
torna uma estrutura social frágil, se comparada a outras organizações sociais.
(UPE-SSA 3 2016 - adaptada)
Leia o texto a seguir:
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O conceito sociológico contido no texto faz referência à maneira pela qual os indivíduos se
organizam socialmente. Portanto, o texto se constitui por
a) um meio de divisão igualitária de gênero.
b) uma homogeneidade cultural.
c) uma distribuição igualitária do poder.
d) um aumento mensal da renda familiar.
e) uma organização social de base econômica.
(UEL 2022)
As olimpíadas são um momento especial para a apresentação de grandes feitos esportivos.
Os Jogos Olímpicos do Japão, programados para 2020 e realizados em 2021, foram um
marco na igualdade entre homens e mulheres. Com aproximadamente 49% de mulheres
entre os participantes, este foi um recorde na história desses jogos. A primeira edição foi
realizada no ano de 1896, em Atenas, com participação exclusiva de homens. Na edição de
1900, realizada em Paris, houve a primeira participação das mulheres, com 2,2% das vagas.
Para a realização dos jogos de 2024, na mesma cidade, a organização estabeleceu a
distribuição paritária das vagas, ou seja, 50% para cada sexo.
Considerando os conhecimentos sociológicos sobre relações entre gênero e esporte,
assinale a alternativa correta.
a) No padrão cultural hegemônico, meninas e moças são socializadas em brincadeiras que
despertam mais a agressividade e a competição, dispondo-as frequentemente para desafios,
como a prática esportiva, em busca da reafirmação da vaidade feminina.
b) O esporte, quando genderizado ou generificado, promove atividades físicas com
participação igualitária de homens e de mulheres, estimulando preferências, condutas e
performances isentas dos marcadores sociais de gênero.
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PRESSÃO SOCIAL
Plebe Rude
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a) A pobreza sempre existiu e é da natureza das sociedades organizadas que ela ocorra.
b) A pobreza não pode ser considerada característica presente em toda a América Latina.
c) A desigualdade social não condiciona a vida política, econômica, social ou cultural.
d) A pobreza não pode ser considerada fruto da desigualdade.
e) A pobreza e a desigualdade são construções sociais que se desenvolvem na história e por
isso são absolutamente reversíveis.
(UFSC 2019)
A imagem que segue foi publicada com uma reportagem da qual constavam os seguintes
trechos:
“Em 1937, já fazia 132 anos que as duas escolas particulares mais célebres da Inglaterra, Eton
e Harrow, vinham disputando jogos anuais de críquete, a modalidade de esporte coletivo
com bola mais antiga e duradoura do mundo […]”
“Quanto aos próprios alunos [...], cabia-lhes apresentar-se de acordo com a norma de
formalidade máxima exigida para a ocasião. Com pequenas variações de estilo [...] os
estudantes das duas escolas envergavam a indumentária que em algum momento do século
XIX tinha se transformado no uniforme do gentleman inglês: cartola, casaca, colete de seda
e bengala [...]”
“Hoje, o traje exigido para o público é descrito como smart casual [esporte fino]. E, se um
fotógrafo desejasse recriar a foto […] talvez flagrasse cinco meninos vestidos praticamente
da mesma maneira –jeans e camisetas de grife –, produzindo uma impressão superficial de
igualdade. Mas esta fotografia mentiria ainda mais que a do passado.”
“Retrato às avessas”, Revista Piauí, Edição 44, maio 2010,
Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/retrato-as-avessas. [Adaptado].
Acesso em: 9 maio 2019.
Considerando a fotografia e os trechos da reportagem, é correto afirmar que:
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08) As desigualdades raciais foram superadas no Brasil por causa da profunda miscigenação
ocorrida nas últimas décadas.
16) Concentração de renda, falta de qualidade nos serviços públicos, discriminação, violência
são fenômenos fortemente relacionados às desigualdades sociais.
(Uema 2016)
Analise a charge a seguir.
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Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio, moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
"Pai, vou me matricular"
Mas me diz um cidadão
"Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar”(...)
Fonte: Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/>. Acesso em: 29 jul. 2014.
No trecho da letra da música, há uma denúncia, de forma crítica, à/ao
a) identidade e à revolução social.
b) comunidade e à coerção social.
c) interação e à competição social.
d) desigualdade e à exclusão social.
e) etnocentrismo e à repressão social.
(UEMA 2016)
Nunca o Brasil recolheu tanto imposto. Creio que a corrupção nunca foi tão alta. Alguma
relação? Claro que sim! Os impostos financiam a corrupção. Esmagamos o nosso corpo,
retorcemos a nossa estrutura para financiar a mordomia de poucos sortudos.
Isso sempre existiu em toda parte do mundo. No Brasil, então, é condição essencial para o
convívio entre os agentes sociais. Entretanto, somos obrigados a conviver com um elemento
muito particular nosso: o respeito às autoridades.
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Além de pagar imposto, o brasileiro sabe respeitar alguém que usa terno. Além do terno,
tem a farda, a beca e o avental. O brasileiro sabe respeitar. Aí está o seu erro: a adulação às
autoridades. Dizem que a autoridade só é autoridade para servir ao coletivo. Não existe
autoridade sem função de serviçal
http:congressoemfoco.uol.com.br/autor/rodolfo.
Com relação ao significado do respeito às autoridades, conforme o texto afirma,
identificamos que a formação do povo brasileiro foi-se construindo por meio de práticas
silenciosas com base no respeito. Decorre dessas práticas a intenção de formar cidadãos,
caracterizando-os como
a) críticos.
b) atentos.
c) atuantes.
d) submissos.
e) politizados.
(UEMA 2015)
Considere o gráfico a seguir:
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d) Para Gilberto Freire, o Brasil pode ser compreendido a partir de uma interpretação
histórica da realidade econômica e, em especial, do seu subdesenvolvimento, entendidos
como fruto de relações internacionais.
e) Para Raymundo Faoro, o Brasil pode ser compreendido a partir da formação do patronato
político e do patrimonialismo do Estado brasileiro, levando-se em consideração as
características da colonização portuguesa.
(Unioeste 2016)
Para Gilberto Freire, a família, não o indivíduo, nem tampouco o Estado nem nenhuma
companhia de comércio, é, desde o século XVI, o grande fator colonizador no Brasil, a
unidade produtiva, o capital que desbrava o solo, instala as fazendas, compra escravos, bois,
ferramentas, a força social que se desdobra em política, constituindo-se na aristocracia
colonial mais poderosa da América. Sobre ela, o rei de Portugal quase reina sem governar.
Os senados de Câmara, expressões desse familismo político, cedo limitam o poder dos reis
e mais tarde o próprio imperialismo ou, antes, parasitismo econômico, que procura estender
do reino às colônias os seus tentáculos absorventes (Gilberto Freire. Casa Grande & Senzala.
Rio de Janeiro: José Olympio. 1994, p. 19).
Assinale a afirmativa CORRETA.
a) Para Freire, o Estado Brasileiro foi o grande impulsionador do desenvolvimento brasileiro.
b) Para Freire, o rei de Portugal mantinha o total controle sobre o processo de colonização
no Brasil.
c) Para Freire, a família não pode ser considerada o agente colonizador do Brasil.
d) Para Freire, a família foi predominante no desenvolvimento da sociedade brasileira, sua
existência relacionou-se, desde o início, ao domínio das grandes propriedades, tanto na zona
rural como posteriormente no meio urbano.
e) Para Freire, a família manteve-se longe da aristocracia colonial brasileira.
(Unioeste 2013)
O antropologo brasileiro Darcy Ribeiro, em sua obra O Povo Brasileiro, afirma: “Nós,
brasileiros, somos um povo sem ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no
espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela, fomos feitos e ainda
continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos oriundos da mestiçagem viveu por séculos
sem consciência de si, afundada na ninguendade. Assim foi até se definir como uma nova
identidade étnico-nacional, a de brasileiros.”
RIBEIRO, D. O Povo Brasileiro. 1995, p.453.
Partindo da análise do texto transcrito acima, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A identidade nacional brasileira nasceu do encontro e mestiçagem entre diversos grupos
étnicos.
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“O coronel, antes de ser um líder político, é um líder econômico, não necessariamente, como
se diz sempre, o fazendeiro que manda nos seus agregados, empregados ou dependentes.
O vínculo não obedece a linhas tão simples, que se traduziriam no mero prolongamento do
poder privado na ordem pública. Segundo esse esquema, o homem rico – o rico por
excelência, na sociedade agrária, o fazendeiro, dono da terra – exerce poder político, num
mecanismo em que o governo será o reflexo do patrimônio pessoal.”
(FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder: formação do patronato político brasileiro. Vol. 2,
SP: Globo, 2000, p. 242).
Com base no texto de Faoro assinale a alternativa que não corresponde aos fenômenos
políticos referenciados acima.
a) Relaciona-se ao coronelismo, fenômeno típico da República Velha, que se manifesta na
troca de proveitos entre o chefe político local e o governo estadual.
b) Relaciona-se ao patrimonialismo, que se amplia nos municípios com o uso indevido do
poder público para fins particulares. Nesse caso, não há distinção entre o que é público e o
que é privado.
c) Relaciona-se ao mandonismo, característica da política tradicional, que se refere à
existência de estruturas oligárquicas e personalizadas de poder.
d) Relaciona-se ao clientelismo, fenômeno que perpassa toda a história política do Brasil,
que indica um tipo de relação entre atores políticos e sociais envolvendo a concessão de
benefícios públicos em troca de apoio político, sobretudo na forma de voto.
e) Trata-se do nepotismo, fenômeno político que caracteriza-se pela contratação de parentes
em cargos públicos, e que recentemente (agosto/2008) foi proibido pelo Supremo Tribunal
Federal nos três poderes.
(Unicentro 2012)
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços
neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o
contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das
organizações atléticas. [...]
Entretanto, toda essa aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que vê-la
desaparecer de improviso. Naquela organização combalida, operam-se, em segundos,
transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o
desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando
novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se lhe, alta, sobre os
ombros possantes aclarada pelo olhar desassombrado e forte; e corrigem-se-lhe, prestes,
numa descarga nervosa instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual dos órgãos; e
da figura vulgar do tabaréu canhestro reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de
um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade
extraordinárias.
AULA 03 - Sociologia
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CUNHA, Euclides. Os Sertões: campanha de Canudos. 2. ed. São Paulo: Ateliê Editorial,
2001. Adaptado.
Sobre a obra da qual foi extraído o fragmento em evidência, muito conhecida pela análise
histórica que faz sobre a Guerra de Canudos (1897), mas que realiza um grande exame sobre
a terra e o homem do Nordeste, através de uma ótica permeada pelo positivismo, é correto
afirmar:
a) Tratou da relação entre o privado e o público como uma peculiaridade do modo de ser
brasileiro.
b) Fez, nesse trecho, uma alusão à obra de Sérgio Buarque de Holanda — “Raízes do Brasil”.
c) Analisou a unidade nacional, baseando-se em diferenças regionais, culturais e éticas.
d) Enfatizou a miscigenação como uma novidade cultural da colonização portuguesa.
e) Construiu um perfil psicológico do brasileiro baseado na força dos sertanejos.
(Unicentro 2011)
Autor brasileiro que entendia a construção do Brasil como a fusão de raças, regiões, culturas
e grupos sociais decorrentes da formação colonial, em que os negros e mestiços teriam papel
fundamental na formação da identidade cultural do povo. Essa referência identifica
a) Gilberto Freyre.
b) Caio Prado Júnior.
c) Florestan Fernandes.
d) Fernando de Azevedo.
e) Sérgio Buarque de Holanda.
(UEM 2018)
“Conforme propôs Sérgio Buarque de Holanda, o país foi sempre marcado pela precedência
dos afetos e do imediatismo emocional sobre a rigorosa impessoalidade dos princípios, que
organizam usualmente a vida dos cidadãos nas mais diversas nações. ‘Daremos ao mundo o
homem cordial’, dizia Holanda, não como forma de celebração, antes lamentando a nossa
difícil entrada na modernidade refletindo criticamente sobre ela”.
(SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das
Letras, 2015, p. 17).
Ao pensar a sociedade brasileira nos anos 1930, Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982)
indicou ser a cordialidade uma característica fundamental da sociedade local. Acerca do
conceito de homem cordial, conforme construído por Sérgio Buarque de Holanda, é correto
afirmar que
01) indica o desapreço da sociedade brasileira pelo uso da violência.
02) versa sobre a adesão da sociedade brasileira ao cumprimento das leis e sobre o desprezo
pelo “jeitinho”.
AULA 03 - Sociologia
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04) as relações pessoais extrapolam as relações privadas e organizam também a vida pública.
08) a cordialidade seria algo transmitido no processo de socialização presente, de certa
forma, na maioria dos brasileiros.
16) indica a superação do passado colonial e a possibilidade de estruturação de uma
democracia no Brasil baseada nos princípios de ordem e de progresso.
(UFSC 2018)
Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo
– há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil –, a sombra, ou pelo menos
a pinta, do indígena ou do negro. No litoral, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, e em Minas
Gerais, principalmente do negro. A influência direta, ou vaga e remota, do africano. Na
ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música,
no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de
vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava ou sinhama que nos
embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão
o bolão de comida.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala, 2005 [1933], p. 367.
Em suma, a expansão urbana, a revolução industrial e a modernização ainda não produziram
efeitos bastante profundos para modificar a extrema desigualdade racial que herdamos do
passado. Embora “indivíduos de cor” participem (em algumas regiões segundo proporções
aparentemente consideráveis) das “conquistas do progresso”, não se pode afirmar,
objetivamente, que eles compartilhem, coletivamente, das correntes de mobilidade social
vertical vinculadas à estrutura, ao funcionamento e ao desenvolvimento da sociedade de
classes.
FERNANDES, Florestan, O negro no mundo dos brancos, 2006 [1972], p. 67. [Adaptado].
Acerca do debate sobre relações raciais no Brasil e com base na leitura dos textos acima, é
correto afirmar que:
01) a chamada “democracia racial” é uma expressão normalmente atribuída a Florestan
Fernandes, que defendia essa ideia sobre o Brasil.
02) para o sociólogo e antropólogo Gilberto Freyre, o Brasil seria um país miscigenado não
apenas no plano biológico, mas também no cultural.
04) há diferentes interpretações sociológicas e antropológicas sobre como se dão as relações
raciais no Brasil, inclusive correlacionando as desigualdades raciais com outros fatores, como
gênero e classe social.
08) segundo as ideias de Florestan Fernandes, no Brasil foi necessária a realização de
medidas formais para separar negros de brancos.
16) segundo Gilberto Freyre, era necessário distinguir raça de cultura, pois algumas
diferenças existentes entre brancos e negros seriam de ordem cultural, e não racial, como
defendiam algumas teorias.
AULA 03 - Sociologia
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
(UFPR 2020)
Considere o seguinte excerto da obra O povo brasileiro, do antropólogo Darcy Ribeiro:
A classe dominante empresarial-burocrático-eclesiástica, embora exercendo-se como agente
de sua própria prosperidade, atuou também, subsidiariamente, como reitora do processo de
formação do povo brasileiro. Somos, tal qual somos, pela forma que ela imprimiu em nós, ao
nos configurar, segundo correspondia a sua cultura e a seus interesses. Inclusive, reduzindo
o que seria o povo brasileiro, como entidade cívica e política, a uma oferta de mão de obra
servil. Foi sempre nada menos que prodigiosa a capacidade dessa classe dominante para
recrutar, desfazer e reformar gentes aos milhões. Isso foi feito no curso de um
empreendimento econômico secular, o mais próspero de seu tempo, em que o objetivo
jamais foi criar um povo autônomo, mas cujo resultado principal foi fazer surgir como
entidade étnica e configuração cultural um povo novo, destribalizando índios,
desafricanizando negros e deseuropeizando brancos. Ao desgarrá-los de suas matrizes, para
cruzá-los racialmente e transfigurá-los culturalmente, o que se estava fazendo era gestar a
nós brasileiros tal qual fomos e somos em essência. Uma classe dominante de caráter
consular-gerencial, socialmente irresponsável, frente a um povo-massa tratado como
escravaria, que produz o que não consome e só se exerce culturalmente como uma
marginália, fora da civilização letrada em que está imerso.
(RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia das
Letras, 1995. p.178-179.)
Levando em consideração a hipótese do autor, em relação à formação da sociedade
brasileira, às dinâmicas sociais e às formas de dominação, é correto afirmar:
a) O fortalecimento das elites empresarial, burocrática e eclesiástica se deu num processo
de correlação de forças que visaram, num processo histórico de longa duração, a constituir
um domínio econômico, a partir do qual as classes inferiores, por não disporem de poder e
capital, foram alijadas do processo de dominação.
b) A igreja teve papel central na organização da vida colonial e imprimiu um sentido sagrado
à dominação por longo tempo. Sua importância em relação à burocracia civil e às elites
econômicas no Brasil foi de tal maneira preponderante, que a Inquisição se fez presente
como forma de manutenção da ordem e do domínio dos portugueses sobre nativos
indígenas e escravos africanos.
c) As mudanças sociais que ocorreram no Brasil desde sua colonização produziram um tipo
de dominação secular, que associou as elites empresarial, burocrática e eclesiástica a um
processo civilizacional intimamente associado a um estado de barbárie, em que as camadas
subalternas sempre cumpriram um papel marginal no seu processo emancipação e
esclarecimento.
d) O objetivo principal da cúpula patricial, toda ela oriunda da metrópole, era formar uma
sociedade que fosse capaz de contribuir com a expansão dos limites territoriais da Coroa
Portuguesa. Em contrapartida, essas populações nativas teriam o direito ao reconhecimento
da cidadania lusitana.
AULA 03 - Sociologia
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
e) O autor frisa que, apesar da dominação severa, ainda assim havia algum senso de
solidariedade por parte das elites empresarial, burocrática e eclesiástica, sendo esses três
grupos sociais responsáveis pela colonização do Brasil e possibilitando que camadas sociais
inferiores, o povo, as massas, participassem da construção do país, de sua cultura e de sua
unidade como “povo brasileiro”.
(Uenp 2010)
No Brasil, podemos distinguir nitidamente, na evolução da Sociologia, dois períodos bem
configurados (1880-1930 e depois de 1940), com uma importante fase intermédia de
transição (1930-1940)
Fragmento do texto A sociologia no Brasil de Antonio Cândido. Enciclopédia Delta-
Larousse, 1959.
Sobre o pensamento sociológico brasileiro, analise as afirmações abaixo.
I. A sociologia, no Brasil, se desenvolve a partir do pensamento de juristas que ocuparam um
papel fundamental no século XVIII, principalmente o de definir um modelo de Estado e
interpretar as relações entre vida econômica e estrutura política.
II. A sociologia brasileira recebeu influências da biologia, principalmente do evolucionismo,
desenvolvendo uma espécie de obsessão por fatores naturais e uma preocupação com as
fases históricas.
III. Diferente da sociologia europeia, a brasileira não se interessou pelos estudos raciais.
São corretas as afirmativas:
a) apenas I e II
b) apenas I e III
c) apenas II e III
d) Todas
e) Nenhuma
(UDESC 2019)
Leia o trecho a seguir:
“Não existe democracia racial efetiva, onde o intercâmbio entre indivíduos pertencentes a
‘raças’ distintas começa e termina no plano da tolerância convencionalizada. Esta pode
satisfazer as exigências do bom-tom, de um discutível espírito cristão e da necessidade
prática de ‘manter cada um no seu lugar’. Contudo, ela não aproxima realmente os homens
senão na base da mera coexistência no mesmo espaço social e, onde isso chega a acontecer,
da convivência restritiva, regulada por um código que consagra a desigualdade, disfarçando-
a e justificando-a acima dos princípios de integração da ordem social democrática”.
Florestan Fernandes, 1960.
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
Florestan Fernandes se refere à ideia de “democracia racial” que, durante um período, foi
considerada constitutiva da identidade nacional brasileira. Esta tese era caracterizada por:
a) pressupor uma miscigenação harmoniosa entre os diferentes grupos étnicos constitutivos
da nação brasileira.
b) apregoar que representantes de todos os grupos étnicos deveriam ter representatividade
política em âmbito legislativo.
c) promover a denúncia de práticas racistas contra negros, mulheres e indígenas.
d) reivindicar a instauração de processos e eventuais julgamentos dos responsáveis pelo
processo de favelização nas grandes capitais brasileiras, a partir de fins do século XIX.
e) defender as candidaturas plurirraciais nos processos eleitorais, pós 1964.
(UEMA 2016)
A incivilidade gourmet
(...) Em entrevista à Folha de S. Paulo, o sociólogo espanhol Manuel Castells chegou a tempo
de enfiar o dedo nas escancaradas escaras da sociedade brasileira. (...) “A imagem mítica do
brasileiro simpático só existe no samba. Na relação entre pessoas, sempre foi violento. A
sociedade brasileira não é simpática, é uma sociedade que se mata”.
Continua a matéria, “para os leitores de Sergio Buarque de Holanda, o sociólogo espanhol
apenas redescobre as raízes da sociedade brasileira plantadas nos terraços da escravidão,
entre a casa-grande e suas senzalas. (...) Sob a capa do afeto, o cordialismo esconde as
crueldades da discriminação e da desigualdade.”
BELLUZZO, Luiz Gonzaga. A incivilidade gourmet. Carta Capital, Ano XXI, Nº 854.
A matéria retratada aponta como ilusória a ideia de que o brasileiro teria como característica
a cordialidade, sendo, ao contrário, preconceituoso e agressivo. As frases expressivas da
arrogância discriminativa presente no cotidiano da sociedade brasileira estão indicadas em
a) “Você não pode discutir comigo porque não fez faculdade.” “Quem poderia resolver essa
situação?”
b) “E você, quem é mesmo?” “Um momento enquanto verifico o seu processo.”
c) “A culpa é da Princesa Isabel.” “Este é o número do seu protocolo, agora é só esperar”.
d) “Eu sou o doutor Fulano de Tal.” “O senhor será o próximo a ser atendido.”
e) “O senhor sabe com quem está falando?” “Coloque-se no seu lugar.”
(Unimontes 2013)
Entre as décadas de 1920 e 1940, foram publicados alguns dos mais instigantes estudos
sobre a formação da sociedade brasileira, que permanecem sendo objeto de leituras críticas
e de debate até hoje pelos cientistas sociais. Esses estudos podem ser caracterizados como
ensaios de interpretação do Brasil, pois apresentam discussões sobre as instituições políticas,
as classes sociais, a produção econômica, o passado, o espaço rural e o espaço urbano, as
AULA 03 - Sociologia
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
A sequência CORRETA é
a) 3, 1, 2, 4.
b) 2, 1, 3, 4.
c) 2, 4, 1, 3.
d) 1, 3, 4, 2.
7. GABARITO
21. B
1. E 22. 13
2. E 23. C
3. B 24. E
4. B 25. 39
5. A 26. B
6. D 27. 30
7. A 28. 15
8. D 29. 22
9. 03 30. Discursiva
10. 11 31. D
11. 2 32. D
12. C 33. E
13. Discursiva 34. A
14. D 35. E
15. C 36. E
16. E 37. B
17. E 38. B
18. A 39. D
19. A 40. D
20. B 41. C
AULA 03 - Sociologia
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
42. A 50. A
43. E 51. E
44. E 52. C
45. A
46. 12
47. 22
48. C
49. A
8. QUESTÕES COMENTADAS
(UEL 2018)
Leia a charge a seguir.
AULA 03 - Sociologia
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c) As classes sociais, assim como a estrutura social, são construções conceituais ideológicas,
de modo que não existem empiricamente na vida social.
d) As lutas de classes existiram enquanto se mantiveram os partidos de esquerda tradicionais
e, com a morte desses, as lutas de classe foram substituídas por embates identitários.
e) As classes deixaram de ser o referencial analítico privilegiado, mas conservam sua
importância, pois as relações entre capital e trabalho no mundo moderno se mantêm.
Comentários
a) falso, pois não há um consenso entre os pensadores críticos de que com o socialismo real –
URSS – houve a supressão das classes sociais. Uns alegam que sim, outros que não, outros dizem
que surgiu uma nova classe formada por burocratas do Estado e do Partido. Além disso, a
alternativa não reflete a origem do debate contextualizado no enunciado, isto é, a perda da
centralidade do conceito de classes sociais após o surgimento da ordem neoliberal e da pós-
modernidade. Com efeito, o contexto internacional da estrutura social teria sido modificado a
ponto de as classes serem apenas um elemento da realidade e não o principal foco explicativo.
b) errado, pois uma parcela da esquerda reivindica o conceito de classes para analisar a sociedade
capitalista atual, no Brasil, podemos mencionar Ricardo Antunes, da Unicamp, Ruy Braga, da USP,
e Adriano Codato, da UFPR.
c) errado, pois, considerando que o conceito de “estrutura social” pode ser definido como
“as instituições e relações sociais que formam a base de uma sociedade”, tanto as instituições
quanto as relações sociais entre pessoas e grupos são perceptíveis, são objetivas. O que muda é
a forma de analisar e interpretar. Além disso, tanto é que para Marx classe social tem um sentido
e para Weber outro.
d) falso, pois a luta de classes não depende da existência ou não de partidos de esquerda, mas
ela é parte da essência contraditória da relação entre Capital e Trabalho em uma sociedade
capitalista. O trabalhador que valorizar seu trabalho e objetiva ganhar mais, o capitalista quer
diminuir o custo trabalho para se apropriar mais da riqueza gerada pelos trabalhadores.
e) perfeito, pois a alternativa pondera uma mudança no “tom” do debate acadêmico-intelectual
e não descarta a importância do conceito, pois, mesmo diante de uma maior complexidade do
mundo social e do surgimento de novas formas de relações de trabalho, a ideia de luta de classes,
tradicionalmente apresentada por Karl Marx, não desapareceu.
Gabarito: E
(UEL 2010)
A questão das classes sociais na Sociologia tem diferentes formas de explicação. Dentre as
explicações clássicas, as de Marx e Weber. Atualmente encontramos estudiosos que
analisam a estrutura social brasileira de diferentes maneiras:
I. A classe C é a classe central, abaixo da A e B e acima da D e E. [...] a faixa C central está
compreendida entre os R$ 1.064 e os R$ 4.561 a preços de hoje na grande São Paulo. A
nossa classe C está compreendida entre os, imediatamente acima dos 50% mais pobres e os
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
10% mais ricos na virada do século. [...] A nossa classe C aufere em média a renda média da
sociedade, ou seja, é classe média no sentido estatístico. A classe C é a imagem mais próxima
da média da sociedade brasileira. Dada a desigualdade, a renda média brasileira é alta em
relação aos estratos inferiores da distribuição.
(Adaptado de: NERI, M. C.; COUTINHO DE MELO, L. C. (coordenadores). Miséria e a nova
classe média na década da igualdade. Rio de Janeiro: FGV/IBRE, CPS, 2008, p. 34-35.)
II. “A reorganização do processo de acumulação no Brasil [após os anos de 1990] acarreta
consequências imediatas nas relações sociais, no trabalho, no emprego e nas classes sociais
dele resultantes. Assim, podemos concordar que o operariado industrial perdeu o seu peso
relativo na nossa sociedade [...]. É certo que a classe trabalhadora [...] se multiplicou em
diferentes grupos sociais, uns talvez mais atomizados ou desorganizados [...]. Também
percebe-se, [...] que houve um processo de financeirização da classe hegemônica brasileira,
que acabou reduzindo ainda mais os setores dominantes, sobretudo entre os banqueiros, as
multinacionais e os grupos econômicos, mesclados entre si com o capital financeiro e o
capital internacional”.
(Adaptado de: OLIVEIRA, F. et al. Classes sociais em mudança e a luta pelo socialismo. São
Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002, p. 27-28.)
Considerando as duas teorias e os dois tipos de análise dos estudiosos, é correto afirmar que
as análises de
a) I e II concordam com Max Weber simultaneamente.
b) I e II concordam com Karl Marx simultaneamente.
c) II concorda com Max Weber e as de I com Karl Marx.
d) I e II discordam igualmente de Karl Marx e de Max Weber.
e) II concorda com Karl Marx e I concorda com Max Weber.
Comentários
Não podemos desconsiderar que o enunciado da questão nos chama a atenção para as
explicações clássicas de Marx e Weber. Dessa forma, considerando o que as alternativas afirmam,
precisamos relacionar cada texto ou a Marx ou a Weber. Assim, o Texto I, por estabelecer critério
de renda, ou seja, critério econômicos que podem fazer com que indivíduos transitem facilmente
de uma categoria para a outra, se aproxima da classificação de Weber. Para o autor, as classes
sociais incluem possibilidades de mobilidade de uma classe para outra, havendo uma tendência à
diversificação das relações sociais de classe.
Já o texto II, afirma que as classes sociais são resultantes da divisão social do trabalho, uma
concepção próxima ao entendimento de Karl Marx. Em um sistema capitalista de produção, essas
classes se dividem entre aqueles que possuem os meios de produção (capitalistas) e aqueles não
o possuem (proletários). Os proletários, assim, formam a classe trabalhadora, que é obrigada a
vender a sua mão de obra em troca de um salário para manter a sua subsistência.
Gabarito: E
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
(UEL 2007)
De acordo com Octavio Ianni:
“Para melhor compreender o processo de estratificação social, enquanto processo
estrutural, convém partirmos do princípio. Isto é, precisamos compreender que a maneira
pela qual se estratifica uma sociedade depende da maneira pela qual os homens se
reproduzem socialmente”.
Fonte: IANNI, O. Estrutura e História. In IANNI, Octavio (org). Teorias da Estratificação
Social: leitura de sociologia. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1978, p. 11.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre estratificação social, considere as afirmativas
a seguir.
I. Os estamentos são formas de estratificação baseadas em categorias socioculturais como
tradição, linhagem, vassalagem, honra e cavalheirismo.
II. As classes sociais são formas de estratificação baseadas em renda, religião, raça e
hereditariedade.
III. As mudanças sociais estruturais ocorrem quando há mudanças significativas na
organização da produção e na divisão social do trabalho.
IV. As castas são formas de estratificação social baseadas na propriedade dos meios de
produção e da força de trabalho.
A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) I, II e IV
e) II, III e IV
Comentários
O trecho do professor Ianni “a maneira pela qual se estratifica uma sociedade depende da maneira
pela qual os homens se reproduzem socialmente” (grifos meus) é fabuloso, pois sintetiza uma
análise sociológica de fôlego. Só considerando esse trecho do professor, vamos analisar as
alternativas.
I – sim, pois as categorias socioculturais listadas na afirmação indicam a maneira pela qual os
homens se reproduziam socialmente no feudalismo. Os estamentos são uma forma de
estratificação social típica da Idade Média.
II – errado, pois hereditariedade e religião, não. As classes sociais são formas de estratificação
baseadas nas relações de produção.
AULA 03 - Sociologia
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Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 03
III – correto, pois, na medida em que os processo de estratificação é estrutural, mudanças mais
estruturais, como na organização da produção e na divisão social do trabalho, provocam
modificações.
IV – falso, pois as castas estão baseadas na hereditariedade, nos costumes, dentre outros
marcadores sociais rígidos.
Gabarito: B
(UEG 2019)
Um dos fenômenos mais analisados pela sociologia é o das classes sociais. Algumas análises
sociológicas apontam para uma mudança na estrutura de classes na sociedade, o que teria
se iniciado após a Segunda Guerra Mundial e com maior intensidade nas décadas posteriores
A respeito das alterações na estrutura de classes que ocorreram a partir dessa época, verifica-
se que
a) a longa crise econômica e o consequente enxugamento do Estado a partir dos anos 1950
geraram uma redução drástica da burocracia e uma precarização intensa da intelectualidade.
b) houve, nas últimas décadas, um decréscimo quantitativo e proporcional do proletariado
industrial, devido ao crescimento do setor de serviços e do comércio em detrimento do setor
industrial.
c) o desenvolvimento tecnológico e o avanço da informática fizeram emergir uma nova
classe, denominada tecnocracia, que vem, paulatinamente, substituindo a burguesia como
classe dominante.
d) a pós-modernidade e o neoliberalismo criaram um intenso processo de fragmentação
social, o que provocou o desaparecimento das classes sociais e sua substituição pelos grupos
sociais.
e) o estado de bem-estar social nos países capitalistas mais avançados gerou uma reforma
agrária que teve como principal efeito o crescimento quantitativo do campesinato e da classe
latifundiária.
Comentários
a) o primeiro erro da alternativa é em torno do momento da crise econômica e do enxugamento
do Estado, isso ocorreu a partir dos anos 1970, com as crises do petróleo. Outro erro é em torno
da “precarização intensa da intelectualidade”, o correto aqui seria “precarização do trabalho.
b) correto, pois aqui temos uma mudança estrutural que impactou nas relações de classes na
sociedade capitalista contemporânea. Até os dias atuis percebemos o fenômeno da
informalização do trabalho, com destaque para o fenômeno da “uberização” do trabalho.
c) falso, embora a tecnocracia seja uma espécie de elite, ela não se constitui enquanto classe social
alternativa à burguesia. A burguesia segue como classe dominante. Interessante perceber que
a alternativa compara dois conceitos de naturezas distintas, pois tecnocracia tem relação com
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
(UEG 2015)
No pensamento sociológico clássico há uma permanente preocupação com as mudanças
sociais. A esse respeito, verifica-se que
a) para Marx, a mudança social é produto da luta de classes.
b) para Durkheim, a mudança social é gerada pela ação social.
c) para Weber, não existe mudança social mas tão somente fato social.
d) tanto para Marx quanto para Weber, a mudança social tem sua origem no Estado.
Comentários
a) é o nosso gabarito. Para Marx as classes sociais seriam a forma social da organização do modo
de produção, ou seja, a estrutura mais importante da dinâmica entre os grupos sociais. Nesses
termos, a disputa e o conflito entre as classes é que determinariam as mudanças sociais (uma
revolução, a manutenção da ordem, uma contrarrevolução).
b) errado, pois Ação social é um conceito criado por Weber, e não por Durkheim.
c) errado, pois fato social é um conceito de Émile Durkheim.
d) errado, pois, para Marx a mudança se dá em função da luta de classes e, para Weber, o Estado
é resultado de um processo histórico de racionalização da vida em sociedade, marcado por
múltiplas variáveis. Assim, tanto para um quanto para outro, o Estado não seria a origem da
mudança, mas o resultado dela.
Gabarito: A
(UEG 2009)
Enquadrar as pessoas em determinada classe social é sempre um processo arbitrário, no
Brasil e em qualquer país. Alguns pesquisadores usam como critério apenas a renda. Outros
levam em conta fatores como patrimônio, ocupação ou nível de escolaridade. Em sua
pesquisa, a FGV definiu como classe média as famílias com renda mensal entre R$ 1.065 e
R$ 4.591.
Esse universo de 100 milhões de brasileiros é formado sobretudo pelos ex-pobres que
acabam de pôr o pé na classe média. Alguns estudiosos chamam esse segmento de classe
média baixa, outros falam em classe C. Para muitos, é difícil classificá-los. O certo é que
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Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 03
melhoraram de vida. Anos atrás, não tinham conta em banco, consumiam apenas o essencial
e seu principal objetivo na vida era chegar ao fim do mês com as contas pagas. Hoje, estão
comprando o primeiro carro zero, construindo um cômodo a mais na casa, se vestem melhor.
“Nossa maneira de olhar a classe média é meio americana”, diz o economista Marcelo Neri,
coordenador da pesquisa e diretor do Centro de Políticas Sociais da FGV. “A classe média
tradicional brasileira sempre comparou seu poder aquisitivo ao dos países desenvolvidos”.
ÉPOCA, São Paulo, 11 ago. 2008. p. 94-95.
De acordo com as teorias sociológicas de Max Weber e Karl Marx, a análise apresentada no
texto acima relaciona a posição social com qual conceito?
a) O conceito marxista de classes sociais.
b) O conceito marxista de grupos de status.
c) O conceito weberiano de castas e estamentos.
d) O conceito weberiano de grupos de status.
Comentários
a) errado, pois, para Marx, não é a renda que determina a posição social dos grupos sociais, mas
a relação deles com o modo de produção.
b) errado, pois o marxismo não utiliza a noção de status para o debate sobre as classes.
c) Weber até conceitua e castas e estamentos, porém, o texto remete ao conceito de classes
sociasi de Weber.
d) correto, pois o texto, ao enfatizar o consumo e posição em relação à aquisição de bens, remete
indica que é por meio do estilo de vida que se percebe a posição social dos indivíduos e é por ele
que as pessoas compartilham do mesmo status e formam comunidades com identidades
compartilhadas. Trata-se de uma noção weberiana.
Gabarito: D
(UFU 2010)
O conceito de classe social, elaborado por Marx e por Weber, é útil para evidenciar que a
sociedade tem divisões e diferenças internas, ou seja, que nem todos os indivíduos têm a
mesma posição na sociedade.
Considerando o conceito de classe social formulado por Marx e por Weber, assinale a
alternativa incorreta.
a) Para Weber, a relação entre as classes proprietárias e o proletariado moderno é de
exploração.
b) Para Marx, classe social significa a posição dos indivíduos nas relações de produção e o
“motor da história” é a luta travada entre as classes sociais.
AULA 03 - Sociologia
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Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 03
c) Para Weber, classe social significa a posição dos indivíduos em uma escala de estratificação
social, cuja medida é dada pelo montante de bens e salários, oportunidades de renda e
capacidade de compra de produtos e no mercado de trabalho.
d) Para Marx, a relação entre a burguesia e o proletariado é de conflito.
Comentários
a) falso, gente. Aqui temos uma compreensão de Marx sobre a relação entre as classes, fundada
na exploração do trabalho alheio e na contínua reprodução do capital que essa relação social
forma.
b) correto, veja que os dois elementos indicam, por um lado, um aspecto estrutural (a posição em
relação ao modo de produção), por outro, as possibilidades de mudança e transformações sociais
(os conflitos de classes).
c) correto, pois aqui temos a classificação econômica de Weber, baseada na “situação de classe”.
d) correto, trata-se da luta de classes, pois, socialmente, são setores que possuem interesses
conflitantes, de modo que, por exemplo, a burguesia quer extrair a maior quantidade de lucro do
processo produtivo gerado pelo trabalho do proletariado.
Gabarito: A
(UECE 2019)
Sob o ponto de vista da Sociologia, a juventude não é homogênea, é plural, pois os grupos
juvenis da sociedade se distinguem tanto pelas desigualdades sociais, de raça e de gênero
quanto pela diferenciação cultural.
De acordo com a proposição acima, é correto afirmar que
a) a juventude é definida como um segmento social que partilha uma mesma faixa de idade
e expectativas de vida semelhantes.
b) juventude é o momento de entrar no mercado de trabalho para garantir o futuro, pois é
logo cedo que se aprende uma profissão.
c) os jovens, na sociedade atual, configuram o futuro do Brasil e todos têm igualdade de
oportunidades na sociedade, dependendo apenas do esforço individual para alcançar
sucesso na vida.
d) não se pode falar em juventude, mas em juventudes, devido à diversidade e pluralidade
de situações que definem o lugar e a pertença dos jovens na sociedade.
Comentários
a) falso, pois, se há tamanha pluralidade e diversidade conforme o texto do enunciado, não dá
para dizer que a expectativa de vida dos jovens é semelhante.
b) falso, pois o texto não afirma isso e a ideia de que “logo cedo que se aprende uma profissão”
é uma ideologia que reflete famílias tradicionais. Isso porque ela expressa a necessidade de
estabilidade financeira que as pessoas devem ter, algo apreciados em modos de vidas mais
AULA 03 - Sociologia
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Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 03
(UEM 2018)
“Tanto o tema das classes sociais quanto o da estratificação social são muito discutidos na
literatura sociológica, por comportarem diferentes concepções de divisão da sociedade na
civilização ocidental. As diferentes sociedades ocidentais e algumas não ocidentais foram
apresentadas divididas em estratos e/ou camadas, ou seja, indivíduos e grupos estão
dispostos de modo hierárquico na estrutura social.”
(ARAÚJO, S. M. et al. Sociologia. São Paulo: Scipione, 2013, p.18).
Acerca dos temas modos de vida, classes sociais e estratificação, assinale o que for correto.
01) Segundo a teoria marxista, a sociedade capitalista é estratificada em duas principais
classes sociais: a dos proprietários dos meios de produção (terra, fábricas, equipamentos
etc.) e a dos trabalhadores (aqueles que detêm apenas sua força de trabalho).
02) Várias teorias sociológicas destacam que as divisões de classes podem comportar, além
da questão econômica, hierarquias relacionadas ao gênero e à etnia.
04) Pessoas de diferentes classes sociais e de diferentes posições de poder compartilham
concepções opostas sobre valores diversos. Por exemplo, pessoas ricas e pobres divergem
sobre valores religiosos, ainda que frequentem a mesma igreja e professem a mesma fé.
08) O acesso a bens culturais e simbólicos não influencia a percepção das pessoas sobre sua
posição social e sobre as expectativas que elas constroem sobre suas vidas.
16) Pessoas que pertencem a um mesmo grupo social, seja ele um grupo religioso, familiar
ou de trabalho, raramente se distinguem entre si em termos de valores defendidos.
Comentários
01 – correto, pois, de uma forma geral, é a visão que Marx nos apresenta em suas análises, tanto
nas obras mais analíticas (O Capital), quanto nas de análise de “conjunturas” ( O 18 Brumário de
Luis Bonaparte, Guerra Civil na França).
02- sim, perfeito, são cortes sociais que tornam a sociedade de classes mais complexa, o racismo
é compreendido sob uma perspectiva de classe, ou vive e versa, a questão de gênero também.
Já ouviu ou leu sobre a expressão “o gênero nos une e a classe nos divide”? Pois é, é um forma
de expor que, por mais que as mulheres tenham uma identidade, pois são vítimas do machismo,
não dá para igualar todas as mulheres, já que há o corte social de classe.
AULA 03 - Sociologia
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
04 – errado, pois o elemento da “ideologia” e das “doutrinas”, portanto o aspecto subjetivo das
sociedades, influencia igualmente as pessoas, independentemente da posição social. A religião é
um bom exemplo, pois há pobres católicos, evangélicos, islâmicos e há ricos nestas religiões. O
sentido de seguir a mesma religião é a unidade de doutrina que se forma em torno dela.
08 – errado, pois a “bagagem cultural” influencia o tipo de mercadoria que as pessoas consomem.
Pense na referência de boa parte da classe média brasileira em relação a morar em Miami ou,
agora mais na moda, em Portugal.
16 – errado, pois podemos negar essa tese pensando nas convicções políticas das pessoas.
Gabarito: 01 + 02 = 03.
(UEM 2017)
“O valor dos salários, o tipo de trabalho, os posicionamentos políticos e ideológicos, o fato
de sermos ou não proprietários dos meios para produzir nossa subsistência, ou mesmo se
vamos ao cinema ou lemos livros com frequência, se gostamos de ópera ou quantos
televisores temos em casa, se nossa casa é própria ou alugada, todas essas questões, assim
como muitas outras, podem ser utilizadas como referência para definir a que classe, estrato
ou grupo social pertencemos.
MACHADO, I. J. R.; AMORIM, H.; BARROS, C. R. Sociologia hoje. São Paulo: Ática, 2013,
p. 152).
Considerando o trecho citado e conhecimentos sobre o tema da estratificação social, assinale
o que for correto.
01) A divisão do trabalho é um dos resultados e, ao mesmo tempo, uma das causas da
estratificação social.
02) A estratificação social pode expressar assimetrias sociais, ou seja, relações hierárquicas e
desiguais de poder na vida social.
04) A busca por prestígio, por reconhecimento e por status social envolve disputas sobre
bens econômicos, e não sobre valores culturais.
08) O processo de educação, no qual se incluem, entre outras instituições, a família e a
escola, exerce influência sobre a posição privilegiada ou desprivilegiada que a pessoa ocupa
na vida social.
16) O conceito de classes sociais é considerado uma forma ultrapassada de pensar a
estratificação social uma vez que se baseia em uma teoria arcaica da vida social.
Comentários
01- correto, pois, para perspectiva marxista (repare que é um conteúdo bastante frequente nas
provas) há uma centralidade do trabalho para a dinâmicas das relações de classe. No caso, a
afirmação foi bem precisa porque explorou o caráter dialético da divisão social do trabalho, como
causa e resultado das relações de classes.
02- exato, pois, diante das possibilidades existentes para uma sociedade estratificada as
AULA 03 - Sociologia
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
(UEM 2013)
Considerando o fenômeno da estratificação social, assinale o que for correto.
01) Toda forma de estratificação social promove equidade social e, dessa forma, elimina
mecanismos de hierarquização entre os indivíduos.
02) As castas e os estamentos são formas de estratificação social. O primeiro tem sua
expressão mais acabada na Índia; o segundo, na sociedade feudal.
04) Uma forma de estratificação típica das sociedades capitalistas é a divisão dos indivíduos
em classes sociais.
08) Nas castas e nos estamentos, os fatores que garantem a imobilidade dos indivíduos de
um grupo para outro têm relação com o lugar que eles ocupam na produção e no consumo
de mercadorias.
16) Nas sociedades divididas em classes, o acesso à educação e aos bens culturais pode
definir o lugar que os indivíduos ocupam na estratificação social.
Comentários
01 – errado, pois estratificação social são as desigualdades estruturadas entre diferentes grupos
de pessoas, já equidade é a concretização de situações de igualdade entre as pessoas e os grupos
de pessoas. Por isso, não é correto afirmar que toda forma de estratificação “elimina mecanismos
de hierarquização entre os indivíduos”, é o contrário: toda forma de estratificação social mantém
e, em muitos casos, aprofunda a hierarquização social.
02 – correto. Vamos lembrar dos 3 principais tipos de sociedade estratificada:
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
(Unicentro 2010)
Em relação ao sistema de castas de uma sociedade, assinale a alternativa correta.
a) Existe mobilidade social dentro de uma sociedade de castas.
b) A exogamia faz parte dos casamentos realizados em sociedades de castas.
c) Não existe mobilidade social dentro de uma sociedade de casta.
d) Dentro de um sistema de castas não é importante a hereditariedade.
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e) falso, é exatamente esta divisão que existe, lembrando que uma das características do
sistema de casta é a “repulsa” das castas superiores às inferiores, pois estas seriam
responsáveis por deveres sociais de baixo reconhecimento, certos tipos de trabalho
inferiores, etc.
Gabarito: C
(UFPR 2012)
“Num grande número de investigações sobre estratificação se reconhece não somente uma
escala de status individuais, mas, também, a existência objetiva, hierarquizada, de uma série
de categorias sociais mais ou menos homogêneas. Os indivíduos que integram essas
categorias possuem em comum certos índices da estratificação, ou indicadores da posição
social. Essas categorias ou agrupamentos são chamados estratos ou camadas.”
(STAVENHAGEN, R. Classes Sociais e Estratificação Social. In: FORACHI, M. M.; MARTINS,
J. S. Sociologia e Sociedade: Leituras de Introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 1977. p. 283.)
Cite três indicadores de status e justifique por que podemos dizer que eles são responsáveis
pela diferenciação social.
Comentários (sugestão de resposta)
Em sociedades estratificadas podemos perceber o status de diferentes formas. Por exemplo,
a honra, nas sociedades estamentais, é um diferenciador social porque ela hierarquiza as
relações entre os indivíduos, tal como a relação de suserania e vassalagem. Essa relação
baseada na honra expressava um conjunto de direitos e deveres recíprocos. Outro
diferenciador social, agora em sociedades de classes, é o grau de educação. O maior ou
menor acesso à educação, em geral, indica a “situação de classe” (expressão de Max Weber)
em que um indivíduo se encontra. Por exemplo, colégios tradicionais, financeiramente caros,
são conhecidos como colégios de elites. Além disso, a depender da formação de um
indivíduo ele pode, ou não, ter prestígio. Nos EUA é muito comum a formação universitária
influenciar o espaço que os recém formados terão no mercado de trabalho. Por fim, outro o
é possível relacionar status com o sexo, masculino ou feminino. Este é um marcador social
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Gabarito: D
(Upe-ssa 2 2016)
Observe a charge a seguir:
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A estrutura social é um tema presente nos estudos sociológicos. Com base na charge, é
CORRETO afirmar que
a) a desigualdade social fundamenta-se na habitação, pois a obtenção de outros elementos
de sobrevivência depende, exclusivamente, dos indivíduos.
b) os movimentos sociais funcionam como mecanismos que incentivam a criação de espaços
sociais, a exemplo do apresentado na charge.
c) a estratificação da sociedade brasileira é dividida em classes sociais, que são determinadas
por condições econômicas e sociais de vida.
d) o morador de uma das casas da charge compara sua residência com a de uma classe social
superior. Esse fato o deixa satisfeito com sua condição social.
e) a classe média no Brasil é caracterizada por possuir grande acúmulo de dinheiro que a
torna uma estrutura social frágil, se comparada a outras organizações sociais.
Comentários
Veja que a charge questiona a definição proposta, à época, por um Ministro de Estado (Guido
Mantega) segundo o qual a maioria das pessoas estaria na classe média. A fala do personagem
da charge ironiza o que seria classe média, pois aponta para um conjunto de moradias que não
possuem a mesma qualidade que uma casa real de uma família de classe média.
a) falso, pois a habitação é uma expressão e não fundamento da desigualdade social. Além disso,
a N fatores que impedem a mobilidade social crescente, ou seja, a melhora de vida. O
argumento de que a culpa é do indivíduo é um argumento elitista que prima pela manutenção
da “ordem social” tal como ela está. Imagine: muitas pessoas acordam cedo, saem de casa e
trabalham, estudam, retornam para casa em uma rotina de 15 a 18 horas. Se houvesse “vagas”
de trabalho ou espaço nos estratos superiores da sociedade, não teríamos gráficos
sociodemográficos em forma de pirâmide, hierarquizados.
AULA 03 - Sociologia
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
b) falso, pois os movimentos sociais não lutam por “socializar a miséria”, mas por melhorias nas
condições de vida. Movimentos por moradia, por exemplo, reivindicam o mínimo, isto é, uma
habitação para as pessoas viverem.
c) correto, é o nosso gabarito.
d) errado, o morador ironiza a comparação.
e) errado, pois a classe média é caracterizada por acesso ao crédito. Por isso é comum ouvirmos
a expressão “a classe média está endividada”.
Gabarito: C
O conceito sociológico contido no texto faz referência à maneira pela qual os indivíduos se
organizam socialmente. Portanto, o texto se constitui por
a) um meio de divisão igualitária de gênero.
b) uma homogeneidade cultural.
c) uma distribuição igualitária do poder.
d) um aumento mensal da renda familiar.
e) uma organização social de base econômica.
Comentários
O gráfico em forma de pirâmide está organizado por faixa de renda, portanto, uma hierarquização
econômica da organização da sociedade. Este gráfico reflete uma organização em classes sociais.
A única alternativa possível é a e).
Gabarito: E
AULA 03 - Sociologia
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(UEL 2022)
As olimpíadas são um momento especial para a apresentação de grandes feitos esportivos.
Os Jogos Olímpicos do Japão, programados para 2020 e realizados em 2021, foram um
marco na igualdade entre homens e mulheres. Com aproximadamente 49% de mulheres
entre os participantes, este foi um recorde na história desses jogos. A primeira edição foi
realizada no ano de 1896, em Atenas, com participação exclusiva de homens. Na edição de
1900, realizada em Paris, houve a primeira participação das mulheres, com 2,2% das vagas.
Para a realização dos jogos de 2024, na mesma cidade, a organização estabeleceu a
distribuição paritária das vagas, ou seja, 50% para cada sexo.
Considerando os conhecimentos sociológicos sobre relações entre gênero e esporte,
assinale a alternativa correta.
a) No padrão cultural hegemônico, meninas e moças são socializadas em brincadeiras que
despertam mais a agressividade e a competição, dispondo-as frequentemente para desafios,
como a prática esportiva, em busca da reafirmação da vaidade feminina.
b) O esporte, quando genderizado ou generificado, promove atividades físicas com
participação igualitária de homens e de mulheres, estimulando preferências, condutas e
performances isentas dos marcadores sociais de gênero.
c) No Brasil, a proporção de mulheres em atividades físicas e esportivas é maior que a dos
homens porque elas dispõem de mais tempo livre e estão mais presentes nos contextos de
lazer, em virtude da menor participação no mercado de trabalho.
d) Para efeitos de classificação dos e das competidoras como homem ou como mulher, a
organização dos Jogos Olímpicos adota como critério o desempenho médio dos atletas em
uma dada modalidade esportiva.
e) No processo de socialização, incentivos e censuras são distribuídos distintamente para
homens e mulheres, afetando os usos dos corpos, como adesão a esportes, bem como as
oportunidades e as recompensas pelas conquistas esportivas
Comentários
a) errado, pois no padrão cultural hegemônico a caracterização da frase corresponde à
socialização dos meninos e não das meninas.
b) falso, pois é exatamente o contrário, quanto mais genderizado, ou seja, o reforço às
discriminações de gênero e aos marcadores sociais (separando esportes X para homens e Y
para mulheres), maior é a desigualdade de gênero.
c) errado, não é esta a realidade de um país marcado por desigualdades como o Brasil. Uma
das referências esportivas nacionais é o futebol, o qual é dominado por homens. Além disso,
não reflete a realidade do país a afirmação segundo a qual mulheres “dispõem de mais
tempo livre e estão mais presentes nos contextos de lazer”.
d) falso, pois a regra é aquele ou aquela que tem o melhor desempenho, de modo que, a
partir dos melhores desempenhos, são feitas as premiações entre 1º, 2º e 3º colocados.
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e) correto, é o gabarito, pois o mundo dos esportes reflete as relações sociais de gênero
encontradas na sociedade, sendo necessária políticas conscientes para combater as
discriminações, como foi feito no Japão, em 2020.
Gabarito: E
(UECE 2019)
Atente para o seguinte excerto:
“Em 2017, as pessoas que compuseram o grupo do 1% mais rico da população brasileira
obtiveram rendimento médio mensal de R$ 27.213, enquanto a metade mais pobre da
população chegou à marca de R$ 754, menos que um salário mínimo por mês. A
desigualdade social entre os grupos chega a 36,1 vezes, entretanto, quando se separa por
região, no Nordeste, a diferença chega a 44,9 vezes [...]”.
Disponível em: https://economia.ig.com.br/2018-04- 11/desigualdade-renda-ibge.html
O texto acima informa dados sobre a situação de distribuição de renda no Brasil e a
concentração de riqueza entre os mais ricos e a população pobre.
Com base nas informações apresentadas, é correto afirmar que as desigualdades sociais
a) caracterizam-se principalmente pela desigualdade econômica decorrente da má
distribuição de renda na sociedade, ou seja, quando a renda é distribuída de forma desigual
na sociedade.
b) serão superadas pelas iniciativas individuais, sem a necessidade de políticas públicas que
favoreçam a distribuição de renda.
c) são processos sociais próprios do funcionamento natural das sociedades e dizem respeito
aos comportamentos e responsabilidades assumidos por cada um.
d) existem e se justificam porque há diferenças de grupos sociais e de regiões, fazendo com
que cada um obtenha seus rendimentos conforme suas qualidades e méritos individuais.
Comentários
a) correta. A alternativa indica como a distribuição desigual de renda – um aspecto econômico - é
causa da desigualdade social que, por sua vez, gera condições materiais de existência
desproporcionais entre os membros da sociedade. De um lado, há indivíduos que concentram
riquezas e, do outro, os que não a possuem, caracterizando a estratificação social existente em
nossa sociedade.
b) errado, pois, nesta afirmação está presente a ideia da meritocracia, segundo a qual o indivíduo
por conta própria é capaz de ascender socialmente. Essa tese carece de fundamento social, uma
vez que em termos de coletividade não é aplicável em grande escala. Apesar de existirem
exemplos isolados e particulares, estes não podem ser generalizados, pois, na prática, as
exceções não mudam a estrutura social de uma forma geral. Contudo, vale dizer que alguns
sociólogos norte-americanos atribuem à desigualdade social um fator de motivação para
dinamizar o capitalismo.
AULA 03 - Sociologia
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c) errado, pois não há naturalidade na pobreza. A História indica como a concentração de renda
ou a sua distribuição varia segundo o contexto, caracterizada por comportamentos e
responsabilidades assumidos por determinados grupos políticos, classes ou estamentos.
d) falso, pois, aqui, mais uma vez remete-se à ideia da meritocracia. Mesmo na sociedade
capitalista, que consagrou a tese de que todos seres humanos são iguais, a mobilidade social é
extremamente limitada. Saliento que, no Brasil, esse trânsito de um estrato social para outro (da
classe E para a classe D, da D para a B, por exemplo, tem observado uma tendência de inversão,
isto é, as pessoas estão descendendo socialmente em termos de nível de renda. Recentemente,
anos 2020-2021, houve a pauperização da sociedade brasileira.
Gabarito: A
(UECE 2019)
Leia atentamente o seguinte enunciado
“A Exclusão Social designa um processo de afastamento e privação de determinados
indivíduos ou de grupos sociais em diversos âmbitos da estrutura da sociedade. Assim, as
pessoas que possuem essa condição social sofrem diversos preconceitos. Elas são
marginalizadas pela sociedade e impedidas de exercer livremente seus direitos de
cidadãos”.
Juliana Silveira. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/exclusao-social/
No que concerne à exclusão social, assinale a afirmação verdadeira.
a) A exclusão social atinge, em geral, as minorias étnicas, culturais e religiosas, afetando
sobretudo populações indígenas, negros, idosos, pobres, população LGBT+, dentre outros.
b) O fenômeno da exclusão social não tem relação com o da desigualdade social, porque
são duas situações totalmente independentes, diferenciadas e não relacionadas à geração
de pobreza.
c) A desigualdade social no Brasil diminuiu radicalmente nos últimos anos, não havendo mais
necessidade de o Estado manter políticas afirmativas de inclusão das populações
socialmente vulneráveis no País.
d) A história humana sempre atestou a existência da pobreza e, consequentemente, revela
que as desigualdades sociais são um processo natural e universal, independentemente de
políticas públicas.
Comentários
a) correto. Como definida pelo enunciado da questão, a exclusão social recai, principalmente,
sobre grupos sociais que historicamente foram marginalizados do exercício efetivo da cidadania
e dos processos de decisões políticas, conceituados como minorias sociais. As raízes históricas da
exclusão sobre grupos minoritários contribuem para a naturalização dessa situação social imposta
e a sua consequente manutenção. As pessoas que vivem nessas condições geralmente são
AULA 03 - Sociologia
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estigmatizadas pelo que as caracterizaria como diferentes do padrão social hegemônico, e por
isso frequentemente são alvo de preconceitos, sendo levados a situações de marginalização social.
b) falso, é o contrário, tem relação sim. Geralmente, a ideia de exclusão social está relacionada ao
acesso a bens de consumo ou sua ausência, portanto, refere-se à desigualdade social. Os
exemplos estão presentes em vários aspectos, como a persistência das pessoas que passam fome,
desnutridas, que não possuem moradia, ou saneamento básico.
c) errado, gente. O Brasil é uma país as políticas públicas são fundamentais. É uma alternativa
facilmente descartada, pois qualquer noticiário sério da imprensa brasileira nos mostra
semanalmente as consequências da ausência do Estado na vida das pessoas. Recentemente, tem
sido alarmante a quantidade de famílias que passam a recorrer a alternativas como o fogão à lenha
em razão da impossibilidade de adquirir botijão de gás, como uma simples pesquisa na internet
pode mostrar.
d) falsa afirmação. Apesar de predominar a existência da pobreza na história humana, não é
possível afirmar que as desigualdades sociais sejam naturais e universais, pois de acordo com as
políticas públicas essas desigualdades variam, podem aumentar ou diminuir. Repare que é muito
comum alternativas de prova sugerirem que os problemas sociais são naturais, isto é, sempre
foram assim e devem continuar pois são parte da formação da sociedade. Ocorre que a história
da humanidade, os interesses, a própria mudança de uma sociedade menos flexível para uma de
maior mobilidade social, indicam que há alternativas capazes de favorecer o bem-estar coletiva e
a vida digna. Não por menos, quando estudamos o conceito de “política” percebemos que ele
está atrelado a ações que melhorem a vida das pessoas, combatendo qualquer “estado natural
das coisas”.
Gabarito: A
(UFU 2016)
O acesso à internet cresceu 143,8% entre a população com mais de dez anos entre os anos
de 2005 e 2011, enquanto o crescimento populacional foi de 9,7%. Apesar desses números,
apenas 53,5% brasileiros da mesma faixa etária não utilizam a internet.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/05/1279552-acesso-a-
internet-no-brasil-cresce-mas- 53-da-populacao-ainda-nao-usa-a-rede.shtml
Em vista dos dados apresentados, quais dos conceitos a seguir deveriam ser utilizados para
analisar e mostrar que esses dados podem ser um problema sociológico?
a) Gênero e Homofobia.
b) Desigualdade Social e Inclusão Digital.
c) Solidariedade Mecânica e Solidariedade Orgânica.
d) Movimento Social e Participação Política.
Comentários
a) errado. A alternativa é facilmente descartada ao analisar que a questão traz o tema tecnologia
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por faixa etária, ou seja, o corte é geracional. Não há as variáveis gênero e homofobia nos dados
do enunciado.
B) correto. Em um mundo cada vez mais conectado e dependente das tecnologias virtuais, a falta
de acesso à internet por grande parte da população é um indicador da desigualdade social.
Pesemos, por exemplo, na relação entre a pandemia do coronavírus e o ensino remoto. Confomre
dados do IBGE consolidados na PNAD-Covid, certa de 14% dos estudantes manteve a constância
de ensino durante o isolamento social. Em contrapartida, o aumento desse acesso corresponde
àquilo que se convencionou chamar de inclusão digital sendo, portanto, a exclusão digital o seu
oposto. Segundo o texto, apesar do crescimento superior no acesso à internet, ainda a maioria
(53,5%) dos jovens não dispõe desse acesso.
c) errado. Solidariedade orgânica e mecânica são conceitos cunhados por Durkheim para explicar
fenômenos mais amplos em torno da coesão social, o primeiro, para definir a cooperação presente
nas sociedades pré-capitalistas, e o segundo, na sociedade industrial.
d) Também não cabe falar em movimento social ou participação política pois a questão não
apresenta nenhum dado que possa ser interpretado como indicador desse tipo de atuação
Gabarito: B
(UFU 2000)
De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social se explica
a) pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de cada um no desempenho de seu
trabalho.
b) pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da separação entre proprietários
e não proprietários dos meios de produção.
c) pelas diferenças de inteligência e habilidades inatas dos indivíduos, determinadas
biologicamente.
d) pela apropriação das condições de trabalho pelos homens mais capazes em contextos
históricos, marcados pela igualdade de oportunidades.
Comentários
a) falos, pois esta é justamente a tese criticada por Marx, atribuída aos economistas liberais, posto
que a desigualdade social na visão marxista é intrínseca ao funcionamento da sociedade
capitalista.
b) é o nosso gabarito. Para Karl Marx, a sociedade se desenvolve dialeticamente (não confundir
com progressivamente, pois para ele, a História é contraditória) mediante o conflito entre as
classes que a compõe. Segundo a perspectiva marxista, a sociedade capitalista é dividida entre
proletariado (trabalhadores assalariados) e burguesia (capitalistas). Uma vez que os proletários
não possuem os meios de produção, são obrigados a vender aos capitalistas sua mão de obra
em troca de um salário para garantirem sobrevivência. De acordo com a formulação marxista,
essa concentração dos meios de produção gera um estado de desigualdades inerente ao
próprio sistema e que só poderá deixar de existir em uma sociedade sem classes.
AULA 03 - Sociologia
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c) Essa ideia passa longe do pensamento de Karl Marx. Ela é o desenvolvimento da aplicação de
uma teoria sobre a evolução biológica das espécies, desenvolvida por Charles Darwin que, numa
tentativa de transplantar à sociologia, pode ser característica como ideias fascistas sobre a
suposta supremacia racial (“darwinismo social”).
d) Nesta afirmação a banca trocou os conceitos, pois seria pela apropriação dos meios de
produção em contextos históricos marcados pela desigualdade.
Gabarito: B
(UEPG 2019)
Sobre as desigualdades sociais, assinale o que for correto.
01) Uma das principais formas de desigualdade, no Brasil, é a econômica.
02) O avanço na legislação e na punição dos crimes de racismo tornaram a desigualdade
étnico-racial praticamente superada no Brasil.
04) A desigualdade de gênero é bastante acentuada no Brasil, perceptível em várias esferas
da vida, como no mundo do trabalho e na representação política.
08) A noção de igualdade diz respeito ao acesso a direitos e oportunidades iguais.
Comentários
O item 01 indica corretamente a desigualdade econômica como uma das principais desigualdade
social no Brasil, que muitas vezes é um obstáculo para a formação de uma sociedade equânime
no acesso aos direitos fundamentais para se alcançar uma vida digna.
A afirmativa 02 é a única incorreta. Ainda que o racismo seja considerado crime, persiste o racismo
estrutural no Brasil, herança do período escravocrata. Isso significa há toda uma estrutura
econômica, social, cultural e institucional que faz com que as práticas racistas persistam, ainda que
a sociedade já perceba que isso não é correto.
Já o disposto na 04 pontua a situação das mulheres com relação aos homens como outra
desigualdade visível na estrutura social do país.
Por fim, em 08 temos uma definição aproximada ao conceito de igualdade social como sendo o
acesso aos direitos sociais e às oportunidades, sem distinção social e ausente de privilégios a
determinados grupos.
Gabarito: 01 + 04 + 08 = 13.
(UEG 2016)
Os seres humanos são formados socialmente. A sociologia aborda esse processo de
constituição social dos seres humanos com o termo “socialização”. Desde Marx e Durkheim,
passando pela escola funcionalista até chegar aos sociólogos contemporâneos, esse é um
tema fundamental da sociologia, mesmo sem usar esse termo. Alguns sociólogos atribuem
um caráter repressivo e coercitivo ao processo de socialização em determinadas épocas e
sociedades. A socialização, na sociedade moderna, seria diferente da que ocorre em outras
AULA 03 - Sociologia
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PRESSÃO SOCIAL
Plebe Rude
Disponível em:
Que a minha vitória é a derrota
<http://www.vagalume.com
de alguém
.br/plebe-rude/pressao-
e o meu lucro é a perda de social-original.html>.
alguém
Acesso em: 16/03/2016
que eu tenho que competir
que eu tenho que destruir
AULA 03 - Sociologia
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b) imposição dos valores dos pequenos comerciantes que precisam de educação escolar e
aprendem a ter o lucro como objetivo principal de sua empresa.
c) imposição de elementos da sociabilidade moderna, tais como escolarização e trabalho
visando ascender socialmente e vencer a competição social.
d) socialização nos países subdesenvolvidos, nos quais a falta de oportunidades e de riquezas
gera uma forte competição social.
e) imposição de uma socialização fundada na racionalização, marcada por uma valoração da
razão e dos sentimentos.
Comentários
A letra da música faz alusão ao processo de socialização que, mesmo involuntariamente, todos
estamos submetidos ao longo da vida. Podemos, inclusive, lembrar da coerção social que
Durkheim aborda para desenvolver o conceito de “fato social”.
Os valores, transmitidos por meio das instituições sociais (em sentido amplo, incluída aí a
família, por exemplo) incentivam o ideal de sucesso individual e de competitividade, típicos da
sociedade capitalista contemporânea.
a) Falsa afirmação. Aqui a banca quer tentar confundir, pois, apesar de ser possível identificar a
música como referência a grupos subalternos, ela justamente critica essa ideia de competição
desenfreada difundida pela elite econômica aos jovens através da socialização.
b) errado. Aqui também a resposta se equivoca ao restringir a um grupo social, formado pelos
pequenos comerciantes, quando a música se refere ao processo sentido pelo conjunto dos
trabalhadores, conjunto da sociedade. Tampouco é possível afirmar que sejam os valores desses
pequenos burgueses os transmitidos pela socialização. Ocorre que esses valores, regra geral,
expressam os valores de uma classe dominante.
d) falso. Nesta alternativa, não é possível dizer que o problema da desigualdade seja apenas
dos países subdesenvolvidos. Para ilustrar a complexidade dessa questão social, saibam que no
“país das oportunidades” e que exportou o American Way of Life, variante da meritocracia, é o
4º país mais desigual, no rol das nações desenvolvidas, e o Reino Unido, o 6º (segundo
levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE).
Essa reportagem mostra a dimensão dessa crise nos EUA
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-53562958.
e) Esta resposta pode ser facilmente descartada ao perceber que a banca contradiz o próprio
enunciado dela, ao afirmar que a racionalização valora a razão e o sentimento, ao mesmo tempo,
quando o processo de racionalização procura se afastar dos sentimentos.
Gabarito: C
(UENP 2011)
“A pobreza e a desigualdade são construções sociais que se desenvolvem e consolidam a
partir de estruturas, agentes e processos que lhes dão forma histórica concreta. Os países e
AULA 03 - Sociologia
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regiões da América Latina moldaram, desde os tempos coloniais até nossos dias, expressões
desses fenômenos sociais que, embora apresentem as peculiaridades próprias de cada
contexto histórico e geográfico, compartilham um traço em comum: altíssimos níveis de
pobreza e desigualdade que condicionam a vida política, econômica, social e cultural. O
conceito de construção é praticamente similar ao de produção, sendo utilizado aqui para
enfatizar que a pobreza é o resultado da ação concreta de agentes e processos que atuam
em contextos estruturais históricos de longo prazo.”
(Produção de pobreza e desigualdade na América Latina. Antonio David Cattani, Alberto
D. Cimadamore (orgs.) ; tradução: Ernani Ssó. — Porto Alegre: Tomo Editorial/Clacso,
2007, p. 07.)
De acordo com o texto é correto afirmar:
a) A pobreza sempre existiu e é da natureza das sociedades organizadas que ela ocorra.
b) A pobreza não pode ser considerada característica presente em toda a América Latina.
c) A desigualdade social não condiciona a vida política, econômica, social ou cultural.
d) A pobreza não pode ser considerada fruto da desigualdade.
e) A pobreza e a desigualdade são construções sociais que se desenvolvem na história e por
isso são absolutamente reversíveis.
Comentários
A alternativa e) é a mais correta, pois a pobreza não é um evento universal, mas pode ser
considerada característica de toda a América Latina. A pobreza possui raízes históricas
observadas no processo de formação dos estados modernos. Repare que a alternativa
expressa uma síntese do que o texto do enunciado nos apresenta.
a) apesar de a pobreza estar presente em boa parte da História das sociedades, não se trata
de um fenômeno natural das sociedades organizadas, mas, sim, social, com raízes históricas.
b) falso, é o oposto. A pobreza é marca constitutiva das estruturas sociais dos países da
América Latina, com traços semelhantes relacionados ao processo de colonização desse
território.
c) A desigualdade social condiciona a vida política, bem como acaba por criar a condição de
pobreza. Vale lembrar que para o Sociólogo francês Pierre Bourdieu, a desigualdade social
é transmitida pela cultura dos diferentes estratos sociais, por meio dos processos de
formação e difusão dos habitus estudados por ele.
[D] Ao se falar em desigualdade é preciso ter em mente um distribuição desproporcional da
riqueza gerada por um país, logo, se há desigualdade é porque existe diferença na
distribuição de renda. Essa desigualdade pode ser observada por diferentes ângulos, por
exemplo: desigualdade racial, de gênero, entre o rural e o urbano, entre países centrais e
periféricos, etc.
Gabarito: E
AULA 03 - Sociologia
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(UFSC 2019)
A imagem que segue foi publicada com uma reportagem da qual constavam os seguintes
trechos:
“Em 1937, já fazia 132 anos que as duas escolas particulares mais célebres da Inglaterra, Eton
e Harrow, vinham disputando jogos anuais de críquete, a modalidade de esporte coletivo
com bola mais antiga e duradoura do mundo […]”
“Quanto aos próprios alunos [...], cabia-lhes apresentar-se de acordo com a norma de
formalidade máxima exigida para a ocasião. Com pequenas variações de estilo [...] os
estudantes das duas escolas envergavam a indumentária que em algum momento do século
XIX tinha se transformado no uniforme do gentleman inglês: cartola, casaca, colete de seda
e bengala [...]”
“Hoje, o traje exigido para o público é descrito como smart casual [esporte fino]. E, se um
fotógrafo desejasse recriar a foto […] talvez flagrasse cinco meninos vestidos praticamente
da mesma maneira –jeans e camisetas de grife –, produzindo uma impressão superficial de
igualdade. Mas esta fotografia mentiria ainda mais que a do passado.”
“Retrato às avessas”, Revista Piauí, Edição 44, maio 2010,
Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/retrato-as-avessas. [Adaptado].
Acesso em: 9 maio 2019.
Considerando a fotografia e os trechos da reportagem, é correto afirmar que:
01) os jovens fotografados pertencem a universos sociais distintos, simbolizados pela
frequência ou não a uma escola particular.
02) os trajes formais envergados por alguns dos jovens retratados são descritos como
mecanismos utilizados por certas classes sociais para simbolizar sua distinção social e seu
apego às tradições.
04) os processos de dominação também se realizariam por meio de dispositivos simbólicos,
que permitiriam às classes dominantes afirmarem seu lugar no mundo social por meio de
práticas, gostos e estilos de vida.
AULA 03 - Sociologia
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Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 03
08) o pertencimento a classes sociais distintas é amenizado pelo fato de que todos os jovens
se encontram em um mesmo espaço de sociabilidade, o jogo de críquete.
16) as formas de distinção social podem se realizar por diferentes meios, sendo atualmente
a distinção econômica o menos relevante no contexto das sociedades modernas.
32) no tempo decorrido desde a fotografia (1937), o acesso a bens de consumo serve como
um contraponto aos sinais explícitos de distinção e valorização da tradição, mas não à
estratificação e às desigualdades de classe.
Comentários
01 - O retrato nitidamente captou a imagem de jovens de classes sociais distintas. A vestimenta
típica das escolas europeias indica a frequência a alguma instituição escolar, enquanto que o
traje dos outros dois denota não frequentarem a escola.
02 - É isso mesmo, ao longo da História as classes dominantes sempre tiveram na roupa uma
forma de se distinguir simbolicamente de outras, seja pelo estilo, seja pelo preço, muitas vezes
inacessíveis a pessoas das classes subalternas.
04 - Aqui está presente a noção de Habitus, desenvolvida pelo francês Pierre Bourdieu, e diz
respeito à interação entre os indivíduos em determinado círculo social. De acordo com esse
autor: “Os habitus são princípios geradores de práticas distintas e distintivas – o que o operário
come e, sobretudo, sua maneira de comer, o esporte que pratica e sua maneira de praticá-lo,
suas opiniões políticas e sua maneira de expressá-las diferem sistematicamente do consumo ou
das atividades correspondentes do empresário industrial; mas são também esquemas
classificatórios, princípios de classificação, princípios de visão e de divisão e gostos
diferentes.”(BOURDIEU, Pierre. Razões práticas. 4 ed. Campinas: Papirus, 1996. p. 22)
08 - Errado. O jogo de críquete, originário da nobreza inglesa, era um esporte praticado pela
elite, dificilmente proporcionando interação entre as classes.
16 – Falso. Isso porque as desigualdades de classe social continuam a existir na sociedade
capitalista, reforçando as desigualdades econômicas. Por mais que, atualmente, a distinção
social ocorra por meio de critérios diversos daqueles apreendidos pela fotografia de 1937,
ainda há distinções simbólicas e materiais que revelam essas desigualdades.
32 - Com uma perspectiva analítica sobre a História, do passado recente até os dias atuais,
pode-se perceber que, apesar da ampliação ao acesso a bens de consumo, isso não diminuiu a
estratificação ou desigualdade social: hábitos de consumo, frequência a determinados espaços,
possibilidade de deslocamentos, tudo isso pode ser visto como exemplo da persistência das
desigualdades.
Gabarito: 01 + 02 + 04 + 32 = 39.
(UFMS 2020)
Leia a letra da canção “Até quando esperar”, da banda de punk rock brasileira Plebe Rude,
lançada no ano de 1986 e que integra o disco O Concreto Já Rachou.
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(Uem 2017)
Sobre as relações entre diferenças e desigualdades sociais, assinale o que for correto.
01) A distribuição desigual do trabalho doméstico se dá em decorrência das diferenças
naturais existentes entre homens e mulheres. As mulheres têm mais habilidades emocionais
e psicológicas no trato de crianças e nos cuidados com a casa, enquanto os homens são
biologicamente mais bem preparados para enfrentar a vida pública e as disputas políticas.
02) A desigualdade social é um tema clássico das Ciências Sociais. No âmbito deste tema se
investigam as relações sociais assimétricas existentes entre diferentes indivíduos e grupos
em uma sociedade.
04) A simples existência de diferenças entre grupos resulta em relações de desigualdade de
condições e oportunidades. Pessoas de diferentes grupos religiosos ou diferentes origens
étnicas tendem a se considerar superiores ou inferiores a outras.
08) A concepção de igualdade que estrutura nosso mundo social contemporâneo tem
origem histórica no pensamento filosófico iluminista e se constitui num dos princípios
fundamentais das nossas instituições jurídicas e políticas.
16) O princípio da igualdade de oportunidades e condições orienta a maioria das políticas
públicas tanto na redução das desigualdades sociais, tais como as políticas de combate à
fome e à mortalidade infantil, quanto na defesa e garantia de direitos, tais como o combate
à violência contra as mulheres e a expressão pública e civil da população LGBT.
Comentários
Somente a afirmativa 01 está incorreta. Historicamente, a diferença de papéis sociais entre
homens e mulheres resulta de processos sociais consolidados que acabam por criar e reforçar
desigualdades de gênero, não cabendo, portanto, dizer que as habilidades sociais se devem a
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diferenças inatas. Assim, repare que as questões de prova adoooram sugerir que as
desigualdades são “assim ou assado” porque são naturais.
02 - É isso mesmo. As relações assimétricas existentes nas sociedades, portanto desiguais, são
objeto de estudo das Ciências Sociais.
04 - Essa assertiva estabelece como o tema desigualdade social é multifacetado, pode abarcar
o conjunto de diferenças sociais acionadas como distinção para obtenção de privilégios.
Podemos fazer um paralelo com o egocentrismo, só que a escala social, o que nas ciências
sociais, a partir de estudos da Antropologia, ficou definido como etnocentrismo.
08- Especialmente a Revolução Francesa (1789), difusora do lema: Liberdade, Igualdade e
Fraternidade, foi o evento que marcou a mudança nesse paradigma, acabando com as
distinções feudais e da nobreza. Com o velho mundo absolutista, ruíram os últimos pilares das
castas como sistema de organização social, dando espaço as classes sociais e a igualdade entre
os indivíduos e perante o Estado. Sob a influência do Iluminismo, propagou-se a ideia de justiça
e democracia como valores universais.
Gabarito: 02 + 04 + 08 + 16 = 30.
(UEM 2017)
“A violência sofrida pelas crianças e adolescentes nas áreas rurais do Brasil é a mesma que
nas áreas urbanas. Não temos uma violência social e criminal rural e outra urbana, mas, sim,
expressões rurais e urbanas da violência. (...) Os jovens sindicalistas, da Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), em 2003, desenharam o seguinte
cenário da juventude rural: desemprego muito alto, doenças epidêmicas (Doenças
Sexualmente Transmissíveis e Aids), analfabetismo crônico, proliferação das drogas,
crescente mortalidade da juventude e ampliação da violência contra a mulher. (...) Acidentes
e condições insalubres são comuns nas indústrias açucareiras (trabalho da safra) em
Pernambuco; frutíferas, em São Paulo; em produção de carvão, em Minas Gerais, no Mato
Grosso do Sul e no Pará; em plantações de sisal, na Bahia e na Paraíba; em plantações de
algodão, no Paraná; em reflorestamento, em Minas Gerais, na Bahia e no Espírito Santo,
onde crianças e adolescentes são usados em muitos casos para aplicar produtos químicos
tóxicos.”
JULIANELLI, J. A. Violência nas Áreas Rurais. Crianças e jovens: as principais vítimas. In:
Unicef (www.unicef.org/brazil/pt/Cap07.pdf), p. 141-149.
Considerando o texto e conhecimentos correlatos, e de acordo com a perspectiva
sociológica voltada para pensar as dinâmicas sociais dos espaços rurais e urbanos, assinale o
que for correto:
01) No Brasil, as realidades sociais urbanas são tradicionalmente concebidas como distintas
das realidades sociais rurais; contudo, nas últimas décadas, ambas têm apresentado uma
série de semelhanças explicadas pelos fluxos econômicos, pela proximidade espacial e pelos
problemas sociais partilhados por ambas.
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02) Muitos dos aspectos violentos observados em áreas rurais do Brasil estão relacionados à
predominância da informalidade nas relações de trabalho, ao desrespeito a direitos e ao não
cumprimento de leis.
04) O crescimento do agronegócio no Brasil nas últimas décadas veio acompanhado de um
proporcional aumento da “pobreza relativa”, pois a riqueza adquirida se concentrou
principalmente nas mãos dos grandes produtores.
08) O trabalho escravo, a mão de obra imigrante e as unidades de produção familiar são
expressões das desigualdades sociais do campo brasileiro.
16) O boia-fria, o movimento dos Sem-Terra, o trabalho escravo e o trabalho infantil são
expressões sociais que já desapareceram do Brasil rural.
Comentários:
A colocação da frase 01, apesar de mencionar a desigualdade existente entre o campo e a
cidade (o que remete à questão da concentração fundiária no Brasil), pontua corretamente que
os problemas sociais são partilhados por ambos, embora em muitos aspectos incida de forma
mais contundente nas populações que moram nas áreas rurais.
Em 02 é a expressão da realidade rural brasileira, em que a disputa fundiária tem ocorrido de
forma violenta.
04 – a afirmação também versa sobre a desigualdade fundiária, uma das maiores do mundo -
que por um lado gerou um exército de trabalhadores rurais sem terra e por outro levou à
migração de muitas dessas famílias para as áreas urbanas - devido à ausência de uma reforma
agrária no país e ao incentivo ao agronegócio de monoculturas altamente lucrativas, cujos
grandes produtores ainda exercem grande influência na política brasileira.
08- correta, pois a esses elementos aparecem na realidade agrária marcada por desigualdades.
A alternativa 16 é a única incorreta. A área rural ainda está permeada por tensões sociais devido
a esse modelo agrário calcado em condições precárias de trabalho – não raras vezes a imprensa
noticia casos de pessoas submetidas a condições de trabalho análogas à escravidão – e
concentração de terras, cenário favorável ao surgimento do movimento dos sem-terra, entre
outros.
Gabarito: 01 + 02 + 04 + 08 = 15.
(UEM 2015)
Sobre o tema das desigualdades sociais, assinale o que for correto.
01) O problema das desigualdades sociais é recente e está relacionado com as atuais
políticas de distribuição de renda que impedem as pessoas de trabalharem.
02) O conceito de desigualdade social indica a existência de diferenças e desvantagens entre
as pessoas.
04) Marx utilizou o conceito de luta de classes para se referir às desigualdades existentes
entre burgueses e proletários.
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08) As desigualdades raciais foram superadas no Brasil por causa da profunda miscigenação
ocorrida nas últimas décadas.
16) Concentração de renda, falta de qualidade nos serviços públicos, discriminação, violência
são fenômenos fortemente relacionados às desigualdades sociais.
Comentários
A afirmativa 01 é errada, pois a desigualdade social está presente desde a formação do Brasil, não
sendo, portanto, recente, tampouco relacionado apenas às políticas recentes de acesso ao
emprego.
02 é isso mesmo, uma definição precisa de uma sociedade desigual é quando se percebe a
diferença entre as classes, marcadas por privilégios de um lado e exclusão, de outro.
O colocado em 04 também está correto. Além de empregar o conceito de luta de classes para
analisar a sociedade capitalista, sua ideia remete a todo conflito anterior do desenvolvimento
social, marcado pelo embate entre classes dominantes e dominadas (em linhas gerais entre duas
classes fundamentais: patrícios x escravos; senhores feudais x servos).
A afirmação contida em 08 está incorreta, já que as desigualdades raciais ainda persistem no Brasil
(haja vista a proporção de pessoas negras/pardas que compõem a população carcerária
comparadas às brancas, assim como na quantidade de desempregados, nos moradores de
comunidades mais pobres, etc). Essas desigualdades não foram amenizadas com a miscigenação
social, conceito problematizado pelas Ciências Sociais.
E, por fim, a 16 é verdadeira, pois trata de expressões da desigualdade social.
Gabarito: 02 + 04 + 16 = 22.
(Uema 2016)
Analise a charge a seguir.
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(UEMA 2015)
A letra da música Cidadão, composta por Lúcio Barbosa, retrata fenômenos sociais presentes
nas sociedades estratificadas.
Cidadão
Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
"Tu tá aí admirado?
Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio, moço?
Eu também trabalhei lá
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Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
"Pai, vou me matricular"
Mas me diz um cidadão
"Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar”(...)
Fonte: Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/>. Acesso em: 29 jul. 2014.
No trecho da letra da música, há uma denúncia, de forma crítica, à/ao
a) identidade e à revolução social.
b) comunidade e à coerção social.
c) interação e à competição social.
d) desigualdade e à exclusão social.
e) etnocentrismo e à repressão social.
Comentários
A letra da música faz referência à situação de exclusão e desigualdade social que muitas
pessoas vivem no Brasil (na sociedade capitalista, em geral) materializada na figura do operário
da construção civil que não pode se apropriar daquilo produz, vendo, também, seus direitos
lhe serem negados. Assim, a letra conjuga as situações de exclusão e desigualdade social,
gabarito d).
a) Apesar de recorrer à memória afetiva de “um cidadão”, a música não trata da questão da
identidade. Embora crítica ao sistema econômico, na visão do autor, injusta para o operário
da construção civil, não há crítica no sentido de afirmar uma revolução social.
b) Não há referência ao conceito de comunidade social, como agrupamento de pessoas que
compartilham determinadas afinidades ou interesses, bem como carece de crítica à coerção
social entendida como a força empregada pelo Estado no cumprimento da lei ou como uma
imposição sociocultural da própria sociedade.
c) O fato de o cidadão narrador não poder entrar em determinados espaços os quais ele
ajudou a construir é uma exclusão e não uma interação. No que diz respeito à competição, a
letra não entra neste mérito.
e) A música tampouco expressa uma visão etnocêntrica da realidade, embora possa ser
interpretada como crítica à repressão social ( o cidadão impedido de entrar em determinados
lugares).
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Gabarito: D
(UEMA 2016)
Nunca o Brasil recolheu tanto imposto. Creio que a corrupção nunca foi tão alta. Alguma
relação? Claro que sim! Os impostos financiam a corrupção. Esmagamos o nosso corpo,
retorcemos a nossa estrutura para financiar a mordomia de poucos sortudos.
Isso sempre existiu em toda parte do mundo. No Brasil, então, é condição essencial para o
convívio entre os agentes sociais. Entretanto, somos obrigados a conviver com um elemento
muito particular nosso: o respeito às autoridades.
Além de pagar imposto, o brasileiro sabe respeitar alguém que usa terno. Além do terno,
tem a farda, a beca e o avental. O brasileiro sabe respeitar. Aí está o seu erro: a adulação às
autoridades. Dizem que a autoridade só é autoridade para servir ao coletivo. Não existe
autoridade sem função de serviçal
http:congressoemfoco.uol.com.br/autor/rodolfo.
Com relação ao significado do respeito às autoridades, conforme o texto afirma,
identificamos que a formação do povo brasileiro foi-se construindo por meio de práticas
silenciosas com base no respeito. Decorre dessas práticas a intenção de formar cidadãos,
caracterizando-os como
a) críticos.
b) atentos.
c) atuantes.
d) submissos.
e) politizados.
Comentários
O texto do enunciado nos apresenta uma critica o respeito às autoridades, o qual foi
naturalizado ao longo da formação da sociedade brasileira. Assim, a forma com que esse
respeito foi construído leva à submissão da população. Gabarito d).
a) O texto aponta a contradição existente entre a corrupção praticada por certos agentes
públicos e o respeito depositado nesses servidores pela população, portanto, situação
caracterizada pela ausência de crítica.
b) Tampouco cabe dizer em um contexto com cidadãos atentos, pois o texto critica a
adulação às autoridades, isto é, cidadãos passivos e pacíficos.
c) A crítica que o texto constrói demonstra uma população passiva, não ativa.
d)errado, é o contrário, pois há ignorância em relação à política. Sobre isso, podemos
lembrar do poema Analfabeto Político, de Bertold Brecht.
Gabarito: D
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(UEMA 2015)
Considere o gráfico a seguir:
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Gabarito: E
(Unimontes 2011)
“Quando os recursos importantes para uma sociedade são distribuídos desigualmente e
quando, como consequência, as pessoas ou grupos de pessoas podem ser classificadas(os)
em razão de suas parcelas de recursos, que definem suas diferenças, dizemos que existe um
sistema de estratificação social. Existem diversos sistemas de estratificação social em
diferentes sociedades.”
(TURNER, J.H. Sociologia – Conceitos e aplicações)
AULA 03 - Sociologia
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(Upe-ssa 3 2017)
Observe a imagem a seguir:
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(UPE 2013)
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(UFU 2015)
O discurso sobre a formação da identidade nacional brasileira tem como uma de suas
vertentes o estudo das consequências do encontro de três matrizes étnicas: o negro, o
europeu (branco) e o indígena. Em meio a este debate, e contrariando as teorias raciais,
elaborou-se uma tese conhecida como “democracia racial”, caracterizada por
a) defender o direito de participação de representantes de todas as raças no processo
político.
b) pressupor a miscigenação harmoniosa entre os diferentes grupos étnicos que formaram a
nação brasileira.
c) denunciar os conflitos raciais e a desvalorização dos afrodescendentes no Brasil.
d) culpar os grupos dominantes pela marginalização dos afrodescendentes e da população
indígena brasileira.
Comentários
A democracia racial, enquanto bandeira política e programática, defende a igualdade de direitos
e oportunidades entre todas as raças. Contudo, ela se tornou um artifício um tanto quanto
descolado da realidade brasileira, já que a relação entre raças no Brasil é muito mais marcada por
processos de violência do que de inclusão. Nesse sentido, a elite branca fez uso da ideia geral de
“democracia racial” para justificar que, no Brasil, a sociedade é miscigenada e harmoniosa. Agora,
basta confrontarmos essa ideia, que passou a ser considerada um “mito”, com dados estatísticos
que ela logo será questionada. Isso não significa que a “democracia racial” deva ser abandonada
enquanto horizonte a ser atingindo. Mas, uma coisa é indicar um rumo, outra é usar esse elemento
politicamente com se o ponto final já tivesse sido atingido. Por isso, o gabarito é b).
a) errada, porque por mais que de forma geral “democracia racial” possa considerar essa inclusão,
repare que o enunciado faz uma localização do problema sociológico, isto é, dentro dos debates
de formação da sociedade brasileira. Nesse sentido, temos que lembrar que a ideia de
miscigenação foi utilizada com o intuito de encobrir as contradições raciais aqui existentes.
c) falso, pois não a “democracia racial” não pressupõe a denúncia.
d) incorreto, porque essa tese acaba amenizando a responsabilidade das elites dominantes.
Gabarito: B
(UEL 2011)
Leia o texto a seguir.
Na verdade, a ideologia impessoal do liberalismo democrático jamais se naturalizou entre
nós. Só assimilamos efetivamente esses princípios até onde coincidiram com a negação pura
e simples de uma autoridade incômoda, confirmando nosso instintivo horror às hierarquias e
permitindo tratar com familiaridade os governantes.
(HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 160.)
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(Unioeste 2017)
As sociedades humanas podem ser compreendidas com base no exame de suas
representações coletivas, suas categorias de classificação que podem ser percebidas nas
maneiras de se comportar dos seus membros, nos hábitos mais comuns do seu cotidiano,
nas suas expressões e valorações presentes na linguagem. No Brasil, vários pensadores
sociais tentaram interpretar a sociedade brasileira. Sobre os Intérpretes do Brasil, entre eles
Euclides da Cunha, Sérgio Buarque de Holanda, Roberto Da Matta, Gilberto Freire e
Raymundo Faoro, é INCORRETO afirmar.
a) Para Euclides da Cunha, é possível entender o Brasil a partir das categorias de litoral e de
sertão. As organizações sociais do tipo que se encontrava no litoral limitavam-se a copiar as
formas europeias, destinando o País à submissão permanente. Por outro lado, Euclides
afirma que uma nação efetivamente brasileira e capaz de realizar um projeto nacional
autônomo teria que originar-se na população sertaneja. Em seu trabalho, o autor destaca o
sertanejo como o personagem histórico capaz de impulsionar a formação da nação
autônoma.
b) Para Sérgio Buarque de Holanda, o Brasil pode ser compreendido a partir do estudo das
suas raízes socioculturais. Ele constrói um panorama histórico de nossa estrutura política,
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(Unioeste 2016)
Para Gilberto Freire, a família, não o indivíduo, nem tampouco o Estado nem nenhuma
companhia de comércio, é, desde o século XVI, o grande fator colonizador no Brasil, a
unidade produtiva, o capital que desbrava o solo, instala as fazendas, compra escravos, bois,
ferramentas, a força social que se desdobra em política, constituindo-se na aristocracia
colonial mais poderosa da América. Sobre ela, o rei de Portugal quase reina sem governar.
Os senados de Câmara, expressões desse familismo político, cedo limitam o poder dos reis
e mais tarde o próprio imperialismo ou, antes, parasitismo econômico, que procura estender
do reino às colônias os seus tentáculos absorventes (Gilberto Freire. Casa Grande & Senzala.
Rio de Janeiro: José Olympio. 1994, p. 19).
Assinale a afirmativa CORRETA.
a) Para Freire, o Estado Brasileiro foi o grande impulsionador do desenvolvimento brasileiro.
b) Para Freire, o rei de Portugal mantinha o total controle sobre o processo de colonização
no Brasil.
c) Para Freire, a família não pode ser considerada o agente colonizador do Brasil.
d) Para Freire, a família foi predominante no desenvolvimento da sociedade brasileira, sua
existência relacionou-se, desde o início, ao domínio das grandes propriedades, tanto na zona
rural como posteriormente no meio urbano.
e) Para Freire, a família manteve-se longe da aristocracia colonial brasileira.
Gabarito: D
(Unioeste 2013)
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O antropologo brasileiro Darcy Ribeiro, em sua obra O Povo Brasileiro, afirma: “Nós,
brasileiros, somos um povo sem ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no
espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela, fomos feitos e ainda
continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos oriundos da mestiçagem viveu por séculos
sem consciência de si, afundada na ninguendade. Assim foi até se definir como uma nova
identidade étnico-nacional, a de brasileiros.”
RIBEIRO, D. O Povo Brasileiro. 1995, p.453.
Partindo da análise do texto transcrito acima, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A identidade nacional brasileira nasceu do encontro e mestiçagem entre diversos grupos
étnicos.
b) A miscigenação do povo brasileiro se deu fisicamente e principalmente no seu modo de
ser e agir.
c) A mestiçagem no Brasil foi um erro histórico e um obstáculo para a construção de uma
identidade nacional.
d) As identidades não são coisas com as quais nascemos, são formadas e transformadas no
interior das representações coletivas.
e) O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado, é herdeiro de um longo
processo acumulativo, que reflete o conhecimento e as experiências adquiridas pelas
numerosas gerações que o antecederam.
Gabarito: C
(Unioeste 2011)
“Na segunda metade do século XX, a tendência à superação das ideias racistas permitiu que
diferentes povos e culturas fossem percebidos a partir de suas especificidades. Grupos de
negros pressionaram pela adoção de medidas legais que garantissem a eles igualdade de
condições e combatessem a segregação racial. Chegamos então ao ponto em que nos
encontramos, tendo que tirar o atraso de décadas de descaso por assuntos referentes à
África”.
Marina de Mello e Souza. A descoberta da África. RHBN, ano 4, n. 38, novembro de 2008,
p.72-75.
A partir deste texto e do conhecimento da sociologia a respeito da questão racial em nosso
país, é possível afirma que
a) autores como Gilberto Freyre, Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Darcy
Ribeiro, entre outros tantos autores, são importantes por chamarem a atenção do país para
o papel dos negros na construção do Brasil e da brasilidade, e as formas de exclusão
explícitas e implícitas que sofreram.
AULA 03 - Sociologia
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b) apesar de relevante a luta contra o preconceito racial, o estudo da África só diria respeito
ao conhecimento do passado, do período do Descobrimento do Brasil até a abolição da
escravidão entre nós.
c) estudar a África só nos indicaria a captura e a escravidão de diferentes povos africanos,
tendo em vista que raça e o racismo são categorias ideológicas as quais servem para encobrir
as fortes tensões sociais existentes entre a imensa classe de pobres e o seu oposto a dos
ricos.
d) a autora quer dizer que devemos hoje operar cada vez mais com categorias tais como a
especificidade da raça negra, da raça branca, da raça amarela e outras mais.
e) nenhuma das alternativas está correta.
Gabarito: A
(Unioeste 2009)
Leia o texto a seguir:
“O coronel, antes de ser um líder político, é um líder econômico, não necessariamente, como
se diz sempre, o fazendeiro que manda nos seus agregados, empregados ou dependentes.
O vínculo não obedece a linhas tão simples, que se traduziriam no mero prolongamento do
poder privado na ordem pública. Segundo esse esquema, o homem rico – o rico por
excelência, na sociedade agrária, o fazendeiro, dono da terra – exerce poder político, num
mecanismo em que o governo será o reflexo do patrimônio pessoal.”
(FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder: formação do patronato político brasileiro. Vol. 2,
SP: Globo, 2000, p. 242).
Com base no texto de Faoro assinale a alternativa que não corresponde aos fenômenos
políticos referenciados acima.
a) Relaciona-se ao coronelismo, fenômeno típico da República Velha, que se manifesta na
troca de proveitos entre o chefe político local e o governo estadual.
b) Relaciona-se ao patrimonialismo, que se amplia nos municípios com o uso indevido do
poder público para fins particulares. Nesse caso, não há distinção entre o que é público e o
que é privado.
c) Relaciona-se ao mandonismo, característica da política tradicional, que se refere à
existência de estruturas oligárquicas e personalizadas de poder.
d) Relaciona-se ao clientelismo, fenômeno que perpassa toda a história política do Brasil,
que indica um tipo de relação entre atores políticos e sociais envolvendo a concessão de
benefícios públicos em troca de apoio político, sobretudo na forma de voto.
e) Trata-se do nepotismo, fenômeno político que caracteriza-se pela contratação de parentes
em cargos públicos, e que recentemente (agosto/2008) foi proibido pelo Supremo Tribunal
Federal nos três poderes.
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Gabarito: E
(Unicentro 2012)
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços
neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o
contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das
organizações atléticas. [...]
Entretanto, toda essa aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que vê-la
desaparecer de improviso. Naquela organização combalida, operam-se, em segundos,
transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o
desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando
novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se lhe, alta, sobre os
ombros possantes aclarada pelo olhar desassombrado e forte; e corrigem-se-lhe, prestes,
numa descarga nervosa instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual dos órgãos; e
da figura vulgar do tabaréu canhestro reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de
um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade
extraordinárias.
CUNHA, Euclides. Os Sertões: campanha de Canudos. 2. ed. São Paulo: Ateliê Editorial,
2001. Adaptado.
Sobre a obra da qual foi extraído o fragmento em evidência, muito conhecida pela análise
histórica que faz sobre a Guerra de Canudos (1897), mas que realiza um grande exame sobre
a terra e o homem do Nordeste, através de uma ótica permeada pelo positivismo, é correto
afirmar:
a) Tratou da relação entre o privado e o público como uma peculiaridade do modo de ser
brasileiro.
b) Fez, nesse trecho, uma alusão à obra de Sérgio Buarque de Holanda — “Raízes do Brasil”.
c) Analisou a unidade nacional, baseando-se em diferenças regionais, culturais e éticas.
d) Enfatizou a miscigenação como uma novidade cultural da colonização portuguesa.
e) Construiu um perfil psicológico do brasileiro baseado na força dos sertanejos.
Gabarito: E
(Unicentro 2011)
Autor brasileiro que entendia a construção do Brasil como a fusão de raças, regiões, culturas
e grupos sociais decorrentes da formação colonial, em que os negros e mestiços teriam papel
fundamental na formação da identidade cultural do povo. Essa referência identifica
a) Gilberto Freyre.
b) Caio Prado Júnior.
c) Florestan Fernandes.
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d) Fernando de Azevedo.
e) Sérgio Buarque de Holanda.
Gabarito: A
(UEM 2018)
“Conforme propôs Sérgio Buarque de Holanda, o país foi sempre marcado pela precedência
dos afetos e do imediatismo emocional sobre a rigorosa impessoalidade dos princípios, que
organizam usualmente a vida dos cidadãos nas mais diversas nações. ‘Daremos ao mundo o
homem cordial’, dizia Holanda, não como forma de celebração, antes lamentando a nossa
difícil entrada na modernidade refletindo criticamente sobre ela”.
(SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das
Letras, 2015, p. 17).
Ao pensar a sociedade brasileira nos anos 1930, Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982)
indicou ser a cordialidade uma característica fundamental da sociedade local. Acerca do
conceito de homem cordial, conforme construído por Sérgio Buarque de Holanda, é correto
afirmar que
01) indica o desapreço da sociedade brasileira pelo uso da violência.
02) versa sobre a adesão da sociedade brasileira ao cumprimento das leis e sobre o desprezo
pelo “jeitinho”.
04) as relações pessoais extrapolam as relações privadas e organizam também a vida pública.
08) a cordialidade seria algo transmitido no processo de socialização presente, de certa
forma, na maioria dos brasileiros.
16) indica a superação do passado colonial e a possibilidade de estruturação de uma
democracia no Brasil baseada nos princípios de ordem e de progresso.
Gabarito: 04 + 08 = 12.
(UFSC 2018)
Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo
– há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil –, a sombra, ou pelo menos
a pinta, do indígena ou do negro. No litoral, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, e em Minas
Gerais, principalmente do negro. A influência direta, ou vaga e remota, do africano. Na
ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música,
no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de
vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava ou sinhama que nos
embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão
o bolão de comida.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala, 2005 [1933], p. 367.
AULA 03 - Sociologia
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(UFPR 2020)
Considere o seguinte excerto da obra O povo brasileiro, do antropólogo Darcy Ribeiro:
A classe dominante empresarial-burocrático-eclesiástica, embora exercendo-se como agente
de sua própria prosperidade, atuou também, subsidiariamente, como reitora do processo de
formação do povo brasileiro. Somos, tal qual somos, pela forma que ela imprimiu em nós, ao
nos configurar, segundo correspondia a sua cultura e a seus interesses. Inclusive, reduzindo
o que seria o povo brasileiro, como entidade cívica e política, a uma oferta de mão de obra
servil. Foi sempre nada menos que prodigiosa a capacidade dessa classe dominante para
recrutar, desfazer e reformar gentes aos milhões. Isso foi feito no curso de um
empreendimento econômico secular, o mais próspero de seu tempo, em que o objetivo
jamais foi criar um povo autônomo, mas cujo resultado principal foi fazer surgir como
entidade étnica e configuração cultural um povo novo, destribalizando índios,
desafricanizando negros e deseuropeizando brancos. Ao desgarrá-los de suas matrizes, para
cruzá-los racialmente e transfigurá-los culturalmente, o que se estava fazendo era gestar a
nós brasileiros tal qual fomos e somos em essência. Uma classe dominante de caráter
AULA 03 - Sociologia
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Estratégia Vestibulares – Aula 03
(Uenp 2010)
No Brasil, podemos distinguir nitidamente, na evolução da Sociologia, dois períodos bem
configurados (1880-1930 e depois de 1940), com uma importante fase intermédia de
transição (1930-1940)
Fragmento do texto A sociologia no Brasil de Antonio Cândido. Enciclopédia Delta-
Larousse, 1959.
Sobre o pensamento sociológico brasileiro, analise as afirmações abaixo.
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(UDESC 2019)
Leia o trecho a seguir:
“Não existe democracia racial efetiva, onde o intercâmbio entre indivíduos pertencentes a
‘raças’ distintas começa e termina no plano da tolerância convencionalizada. Esta pode
satisfazer as exigências do bom-tom, de um discutível espírito cristão e da necessidade
prática de ‘manter cada um no seu lugar’. Contudo, ela não aproxima realmente os homens
senão na base da mera coexistência no mesmo espaço social e, onde isso chega a acontecer,
da convivência restritiva, regulada por um código que consagra a desigualdade, disfarçando-
a e justificando-a acima dos princípios de integração da ordem social democrática”.
Florestan Fernandes, 1960.
Florestan Fernandes se refere à ideia de “democracia racial” que, durante um período, foi
considerada constitutiva da identidade nacional brasileira. Esta tese era caracterizada por:
a) pressupor uma miscigenação harmoniosa entre os diferentes grupos étnicos constitutivos
da nação brasileira.
b) apregoar que representantes de todos os grupos étnicos deveriam ter representatividade
política em âmbito legislativo.
c) promover a denúncia de práticas racistas contra negros, mulheres e indígenas.
d) reivindicar a instauração de processos e eventuais julgamentos dos responsáveis pelo
processo de favelização nas grandes capitais brasileiras, a partir de fins do século XIX.
e) defender as candidaturas plurirraciais nos processos eleitorais, pós 1964.
Gabarito: A
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(UEMA 2016)
A incivilidade gourmet
(...) Em entrevista à Folha de S. Paulo, o sociólogo espanhol Manuel Castells chegou a tempo
de enfiar o dedo nas escancaradas escaras da sociedade brasileira. (...) “A imagem mítica do
brasileiro simpático só existe no samba. Na relação entre pessoas, sempre foi violento. A
sociedade brasileira não é simpática, é uma sociedade que se mata”.
Continua a matéria, “para os leitores de Sergio Buarque de Holanda, o sociólogo espanhol
apenas redescobre as raízes da sociedade brasileira plantadas nos terraços da escravidão,
entre a casa-grande e suas senzalas. (...) Sob a capa do afeto, o cordialismo esconde as
crueldades da discriminação e da desigualdade.”
BELLUZZO, Luiz Gonzaga. A incivilidade gourmet. Carta Capital, Ano XXI, Nº 854.
A matéria retratada aponta como ilusória a ideia de que o brasileiro teria como característica
a cordialidade, sendo, ao contrário, preconceituoso e agressivo. As frases expressivas da
arrogância discriminativa presente no cotidiano da sociedade brasileira estão indicadas em
a) “Você não pode discutir comigo porque não fez faculdade.” “Quem poderia resolver essa
situação?”
b) “E você, quem é mesmo?” “Um momento enquanto verifico o seu processo.”
c) “A culpa é da Princesa Isabel.” “Este é o número do seu protocolo, agora é só esperar”.
d) “Eu sou o doutor Fulano de Tal.” “O senhor será o próximo a ser atendido.”
e) “O senhor sabe com quem está falando?” “Coloque-se no seu lugar.”
Gabarito: E
(Unimontes 2013)
Entre as décadas de 1920 e 1940, foram publicados alguns dos mais instigantes estudos
sobre a formação da sociedade brasileira, que permanecem sendo objeto de leituras críticas
e de debate até hoje pelos cientistas sociais. Esses estudos podem ser caracterizados como
ensaios de interpretação do Brasil, pois apresentam discussões sobre as instituições políticas,
as classes sociais, a produção econômica, o passado, o espaço rural e o espaço urbano, as
tensões entre o tradicional e o moderno, e, finalmente, sugeriram uma série de impasses e
possibilidades para o presente e o futuro da sociedade brasileira. Sobre esses estudos,
relacione as colunas, fazendo a correspondência entre autor e respectiva obra.
AULA 03 - Sociologia
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A sequência CORRETA é
a) 3, 1, 2, 4.
b) 2, 1, 3, 4.
c) 2, 4, 1, 3.
d) 1, 3, 4, 2.
Gabarito: C
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