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Dualismo 2005

O livro apresenta palestras espirituais de Joaquim de Aruanda, organizadas por Firmino José Leite e Márcia Liz Contieri Leite, abordando temas como meditação, dualismo e a importância do silêncio da mente para a elevação espiritual. Joaquim enfatiza que a verdadeira meditação não é apenas um processo de esvaziamento da mente, mas sim um meio de silenciá-la e alcançar a paz interior. A obra sugere que a elevação espiritual se dá através do amor e da aceitação da vida como ela é, sem se prender a desejos e expectativas.
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Dualismo 2005

O livro apresenta palestras espirituais de Joaquim de Aruanda, organizadas por Firmino José Leite e Márcia Liz Contieri Leite, abordando temas como meditação, dualismo e a importância do silêncio da mente para a elevação espiritual. Joaquim enfatiza que a verdadeira meditação não é apenas um processo de esvaziamento da mente, mas sim um meio de silenciá-la e alcançar a paz interior. A obra sugere que a elevação espiritual se dá através do amor e da aceitação da vida como ela é, sem se prender a desejos e expectativas.
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Página 2 Dualismo

Dualismo página 3

Este livro contém textos transcritos de palestra espiritual


realizadas por incorporação pelo amigo espiritual JOAQUIM
DE ARUANDA.

Texto organizado por FIRMINO JOSÉ LEITE, MÁRCIA LIZ


CONTIERI LEITE

ESPIRITUALISMO ECUMÊNICO UNIVERSAL

R. Pedro Pompermayer, 13 – Rio das Pedras – SP

(19) 3493-6604

WWW.meeu.com.br

“Assim, quando o corpo mortal se vestir com o que é imortal e quando o


que morre se vestir com o que não pode morrer, então acontecerá o que
as Escrituras Sagradas dizem: a morte está destruída; a vitória é total”
(Paulo – Carta aos Coríntios 1 – Capítulo 15 – versículo 54).
Página 4 Dualismo
Dualismo página 5

Índice

1.Meditação......................................................................................7
2.A unidade no dualismo.................................................................9
3.Chupe o limão sem fazer cara feia............................................10
4.O caminho é o silêncio da mente..............................................11
5.Mente ou coração?.....................................................................12
6.Realizações.................................................................................13
7.Sair da depressão.......................................................................14
8.Pelo amor ou pela dor................................................................16
9.Expurgo.......................................................................................18
10.Não uno......................................................................................19
11.Sob a batuta de Deus................................................................21
12.Para amar o inimigo, abandone os amigos............................22
Página 6 Dualismo
Dualismo página 7

1. Meditação

Participante: Joaquim diz que a meditação que consiste em


ficar na posição de lótus mentalizando OM não é o caminho, mas a
meditação não é um processo válido para aquietar a mente?
Poderia desenvolver esse assunto um pouco?
O que sempre digo sobre isso? Meditação não é realização.
Isso é uma coisa que sempre deixo bem claro porque muitos falam
que a meditação resolve o problema da elevação espiritual. Isso é
ilusão. Meditar não resolve nada. Pode ser um instrumento de
auxílio, não realização.
Muitos são considerados gurus porque têm a capacidade de
ficar muitas horas em meditação, mas isso não quer dizer nada. Isso
não resolve, não transforma ninguém em sábio no sentido espiritual.
Apenas trata-se de uma criação do ego e não realização.
Aquele que realiza é quem silencia a sua mente. A meditação
por si só não silencia mente alguma. Pode ser um instrumento para
auxiliar a silenciar, mas não a realização do silêncio.
Além do mais, o que também explico sempre é que meditar
não é esvaziar a mente. Por quê? Porque ninguém consegue
esvaziar a mente. O pensamento está sempre presente.
A maioria diz que não consegue meditar porque não
consegue parar, mas ninguém consegue parar de pensar mesmo.
Por isso, meditação na verdade não é esvaziar a mente, mas
silenciá-la.
Página 8 Dualismo
A verdadeira meditação acontece quando você medita sobre
o pensamento. Vou dar uma ideia sobre o que é isso. Você em
posição de lótus, sentado na privada ou andando no meio da rua
recebe um pensamento. Dando voz a ele, ou seja, acreditando na
informação que ele traz, não silenciou a mente.
Para silenciá-la precisa pensar o pensamento: porque precisa,
para que precisa, no que irá levar se fizer o que ele diz, para que
preciso fazer ou deixar de fazer isso, se tudo é ilusão. Esse é o
processo meditativo. Ele silencia a mente, ou seja, faz com que o
pensamento caia no vazio.
Só que esse pensar o pensamento também será dado por
Deus que precisará posteriormente ser silenciado. Por isso sempre
digo que na verdade a mente, seja de que forma for, é apenas uma
etapa da evolução espiritual e não realização.
A realização só acontecerá quando você mantiver o seu
coração tranquilo independendo do que a mente fala. Isso é silenciar
a mente.
Quando deixa o coração seguir o que a mente propõe dá voz
a ela. Mas, quando consegue estar com o seu coração em paz,
mesmo que a mente esteja conturbada, está em paz. Por quê?
Porque toda conturbação criada pela mente não ganha voz não
consegue se expressar.
Vou repetir tudo que venho dizendo nos últimos dias: não sou
contra nada, só não sou a favor de nada. É muito diferente o que
faço para o que você entende. Para o ego humano quem não é a
favor, é contra. Eu não sou a favor, mas também não sou contra.
Acho que tudo é real dentro do imaginário criado pelo ego. E tudo é
válido, porque é o ego está criando, é Deus.
O que canso de dizer é o seguinte: não se prenda, não se
amarre, não coloque antolhos afirmando que existe alguma coisa
capaz de lhe fazer alcançar elevação espiritual. Nada é capaz, a não
ser o amor. Isso deixa a mente de fora, pois o amor não pode ser
sentido pela razão, só pelo sentimento, pelo coração.
Dualismo página 9

2. A unidade no dualismo

A partir do que falamos agora, deixe-me colocar uma coisa


complementando o que falei.
A mente dual ou ego humano trabalha sempre com a
existência dos dois lados de uma moeda: ou cara ou coroa, ou par
ou ímpar, ou certo ou errado, ou bonito ou feio. Ela não consegue
trabalhar com a moeda em pé.
O que é a moeda em pé? É quando os dois lados existem ao
mesmo tempo e se congraçam fundindo um ao outro formando uma
coisa só.
A mente humana não consegue isso, mas eu consigo. É por
isso que para mim não existe nem bonito nem feio. As duas coisas
existem para mim dentro de uma terceira coisa: o perfeito. Para mim
não existe o ter que fazer ou não ter que fazer. O ter e o não ter se
fundem em outra coisa: se fizer, fez; se não fizer, não fez.
Esse é um problema muito sério que o ego humano não
consegue captar no ensinamento dos mestres. Frente a esses
ensinamentos, ele atua girando moeda, ou seja, atua dando o valor
oposto. Por exemplo. Se um ensinamento fala que não deve ter
certo, vocês acham que tudo está errado.
A mente humana trabalha crendo que se algo não é certo, é
errado, se não é bonito, é feio. Nem eu nem nenhum mestre disse
isso. Sempre que se diz que alguma coisa não é algo, não se quer
dizer que seja o oposto.
Outro dia uma pessoa afirmou que eu digo que não se deve
estudar. Nunca disse isso. Disse que o ser humanizado não deve se
prender a ter que estudar, não pode achar que o estudo realiza. Se
estudar, estudou, se não estudar, não estudou.
Esse é talvez um dos grandes problemas para se penetrar
nos ensinamentos dos mestres. Quando eles falam, não há
dualismo presente nas suas falas; só que quando um ego ouve, o
dualismo está presente.
Página 10 Dualismo
Portanto, sempre que vier à sua mente a ideia de que
Joaquim fala mal ou contra alguma coisa, pode ter certeza que é
uma ilusão criada pela sua mente.

3. Chupe o limão sem fazer cara feia

Participante: voltando a questão da meditação,


particularmente acho um processo útil para aquietar-se, mas, como
diz Joaquim, com o coração sinto que aquieto muito mais. Não havia
pensado nisso dessa forma.
Veja, se você pratica a meditação como vista pelos humanos,
faça; se não faz, não faça. A única coisa que aconselho é não se
achar melhor por fazer ou pior, por não fazer. Cada um tem a sua
vida, seu caminho, sua caminhada.
Elevação espiritual, na verdade, é aprender a viver. Aprender
a viver o quê? A sua vida. Aprender a viver a vida como? Aprender a
viver a vida que tem para viver.
Esse é o grande segredo da elevação espiritual. Digo que é
um segredo porque ninguém vive a vida que tem para viver. Está
sempre preso aos desejos que não existem na vida, querem sempre
que ela seja diferente. Ao invés de viverem a vida que têm, ficam
presos as vidas desativadas, imaginadas.
‘Eu queria tanto que aquela pessoa fosse diferente’... Mas, ela
não é. De nada adianta ficar sonhando com a mudança dela, porque
não vai acontecer. Você precisa aprender a conviver com aquela
pessoa do jeito que é.
‘Ah, eu queria tanto fazer uma coisa’... Mas não fez. Não
adianta nada viver preso ao desejo de fazer. O que é útil é aprender
a viver com o não ter feito.
Esse é o grande segredo da elevação espiritual. Se cada um
tem uma vida para viver e uma realidade que está vivenciando, o
segredo da vida é aprender nessa realidade a Amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Dualismo página 11

Já cansei de dizer: se Deus lhe deu um limão, o chupe sem


fazer cara feia. Não dá para fazer limonada porque Deus não tem
nem água nem açúcar. Por isso, chupe o limão sem fazer cara feia.
Essa é o trabalho da elevação espiritual.

4. O caminho é o silêncio da mente

Participante: como viver a felicidade incondicional?


Se você me conhecesse melhor, saberia a resposta que dou
sempre a questões como essa. Como viver a felicidade
incondicional? Sendo feliz.
A única forma de se viver a felicidade é ser feliz. Agora, como
se é feliz? Essa poderia ser a sua pergunta seguinte. Vou responder
com toda sinceridade, com toda clareza: o ego humano não sabe
ser feliz.
Ele sabe ter prazer: ‘que bom, ganhei na loteria, passei na
escola’. Isso é prazer, não felicidade. Isso ele sabe produzir, mas
felicidade, não sabe.
Então, como ser feliz, se o ego não sabe produzir felicidade?
Vou voltar ao que acabei de falar: silenciar a mente.
A elevação espiritual se caracteriza pelo silêncio da mente.
Sendo assim, se o ego não consegue produzir felicidade, é preciso
identificar as duas coisas que ele é capaz de produzir e silenciá-las.
Quais são essas duas coisas? O sofrimento e o prazer.
Como ser feliz no dia-a-dia? Silenciando a dor proposta pelo
ego, silenciando o prazer proposto pelo ego. Se ele propõe dor, no
coração não a aceite. Mesmo que a razão esteja sofrendo,
mantenha seu coração em paz. Se o ego propõe a exultação do
prazer, não deixe o seu coração exultar-se.
Isso é o que chamo de equanimidade. Ela não acontece por
uma criação: você passar a ser equânime. Sabe por quê? Porque
você já é equânime. O estado natural do espírito é ser equânime.
Página 12 Dualismo
Na sua consciência primária, o espírito é equânime. Ele perde
a equanimidade quando dá voz as sensações que o ego cria.
Quando acredita na dor e no prazer.
Então não se adquire equanimidade. Silencia-se a dor e o
prazer para que ela surja. A mesma coisa a raiva e o amor material.
Não se cria o amor universal: silencia-se a raiva e o material.
Esse é o trabalho o tempo inteiro: silenciar a mente. Por isso
digo que tudo que estudamos até hoje sempre objetivou entender o
que a mente cria para se compreender a necessidade de silenciá-la.
Portanto, como viver a felicidade no dia-a-dia? Vivendo como
Buda ensina: com atenção plena ao seu mundo interno. Só assim é
possível alcançar a consciência correta. Qual é a consciência
correta? Aquela onde o coração está em paz.
É assim que se faz.

5. Mente ou coração?

Participante: acho que a minha grande dificuldade, que


também é da maioria das pessoas, é saber quando o coração está
em paz ou quando o ego está dizendo que ele está em paz. Há uma
grande dificuldade em separar coração e ego. No meu caso, quando
tento silenciar o ego, sei que é razão falando com razão. Isso vira
um espelho sobre outro produzindo infinitas imagens. Sinto essa
dificuldade na maioria das pessoas.
Você diz que é ego apaziguando ego. Sim, é isso mesmo.
Quando trabalha a questão da elevação através do processo
racional é isso que acontece. Mas, não estou falando em processo
racional, mas em coração.
Para entender o que estou dizendo, pergunto: o que é um
coração em paz, mesmo que o ego esteja conturbado? É quando
internamente está em mansidão. Quando por dentro não está
ansioso, nervoso, mas manso, plácido. Sabe, o ego está numa ira
verbal contra alguém e interiormente está em paz.
Dualismo página 13

Quando o ego está numa auto cobrança, numa agonia, numa


discussão, e internamente você está em paz.
Participante: não temos como reconhecer isso.
Diria que até temos até temos.
Como reconhecer? Quando Deus nos der o reconhecimento.
Sim, o reconhecimento irá passar pela mente.
Um dos bons meio de reconhecer a sua paz interna é
observar o corpo. Quando ele está em paz, internamente você está
em paz.
Outro dia disse a uma pessoa para tomar um banho de
melissa com erva cidreira. A pessoa perguntou por que isso.
Respondi: para acalmar Ela, então, questionou: para acalmar tenho
que ingerir e não tomar banho. Terminei o assunto dizendo: não é
para acalmar você, mas o corpo. .
Repare que o corpo vibra. Você sente a vibração dentro da
exaltação ou dentro da depressão. Essa vibração que precisa ser
contida e não os pensamentos.
Como disse, é mansidão interna e ela existe quando o corpo
está assim, mesmo que o ego esteja em ebulição

6. Realizações

Participante: é difícil para nós silenciar a mente é porque


acreditamos que estamos cada minuto mais próximo da morte e
com isso não teremos tempo para fazer tudo que o ego quer fazer.
Como ficar sem pensar, como perder tempo sem fazer nada, se
temos tão pouco tempo antes de morrer? É o ego não querendo
perder nunca.
Começo lembrando: silenciar a mente não é fazê-la deixar de
falar. É não dar voz a ela, não acreditar nela. É não aceitar o que ela
impõe.
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Segundo ponto. Claro, o ego cobra realizações materiais, mas
você, como espiritualista, sabe que esse é um mundo espiritual e
não material. Um mundo onde se busque realizações espirituais,
não materiais. A única realização espiritual dessa vida consiste em
silenciar o ego.
Portanto, o objetivo da vida é aprender a silenciar o ego. É
alcançar a mansidão interna.
Não pense você que quando Cristo falava conta os
professores da lei a mente dele não estava em ebulição, que seus
gestos não estavam em ebulição. As mãos do mestre não ficavam
arriadas, largadas quando falava: ai de vocês professores da lei,
hipócritas. O seu tom de voz era acusatório, as suas mãos moviam-
se em gestos fortes. Agora, internamente, no coração, a mansidão
existia.
Essa, então, é a única realização que você tem para fazer.
Quando acredita nas outras realizações que o ego cria, dá voz a ele,
dá valor ao que a mente fala. Por isso afirmo que no momento que
ele sugere alguma busca material é mais um momento de trabalho
de realização espiritual. Quando ele disser que você vai morrer, que
tem que correr, tem que realizar coisas, internamente deve estar
ocupado com a realização espiritual.

7. Sair da depressão

Participante: Joaquim, tenho um colega tomado de profunda


depressão e tristeza. Ele é inteligente. O que se passa no processo
de depressão?
A mesma coisa que se passa no processo de exaltação.
Depressão, exaltação ou até a anormalidade, na verdade são
sensações criadas pelo ego. Por isso não podem ser resolvidas pela
razão humana.
Deixe-me dizer uma coisa. Do jeito que falou – e não é só
você que pensa assim, mas a maioria dos seres humanizados -
Dualismo página 15

constato que acredita que quem está em depressão pode sair dela
sozinha através de um processo racional. Acredita que aquela
pessoa depressiva tem condições de racionalmente se libertar da
doença.
É o que você acabou de me dizer uma pessoa quando
afirmou que ele é inteligente. Para mim essa informação soou como:
ele deveria se conscientizar que está em depressão, lutar
racionalmente contra as ideias depressivas e com isso acabar com a
doença. Desculpa, mas não é assim que a banda toca, não é assim
que acontece.
A pessoa em depressão possui uma lógica depressiva. Por
isso, quanto mais inteligente, mais depressiva fica. Isso porque a
lógica do ego desse ser humanizado é depressiva.
Não sei se estou conseguindo me fazer entender. Você tem
uma lógica diferente da dele. A dele é depressiva, a sua não.
Dentro da sua lógica, você acha que ele tem que lutar para sair da
situação em que está, mas isso é impossível, porque toda lógica
dele fundamenta-se nos argumentos depressivos. Então, por mais
de seja, não consegue ter um raciocínio que o impulsione a sair
daquele estado.
Aliás, ninguém sai de uma depressão, pois isso é um estado
de espírito racional criado pelo ego. Sendo assim, só Deus pode
mudar a razão do ser e acabar com aquele estado de espírito. Se
isso acontecer, não houve mudança, ninguém conseguiu mudar
nada: Deus começou a emanar outra coisa como razão para aquele
ser.
Há uma parte de O Livro dos Espíritos que tem uma
informação sobre como se processa a Causa Primária. Lá é dito que
é através do faça-se de Deus. O Senhor diz faça-se e a coisa se faz.
Se isso é verdade, a coisa não é feita; se faz.
Portanto, como se sai de uma depressão? Quando Deus der
um faça-se diferente do depressivo. Nesse momento, a depressão
acaba, ninguém se liberta dela. Tudo que você leva ao consciente é
ego e tudo que é razão é Deus, é criação de Deus.
Agora posso responder. O que o seu amigo precisa fazer?
Manter-se equânime, tranquilo no coração, mesmo estando em
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depressão: estou, e daí? Fazer isso não de uma forma racional, mas
por dentro. E quanto a você, o que tenho a dizer? A mesma coisa:
‘meu amigo está depressivo? Está certo, está. Se eu praticar atos
de ajuda, se fizer alguma coisa nesse sentido, fiz; se não fizer, não
fiz.’.
Saiba que a situação dele é uma prova para ele, mas também
para você.

8. Pelo amor ou pela dor

Participante 1: pelo jeito essa libertação ou estado divino vem


após um expurgo de dor.
Participante: 2: pelo amor ou pela dor.
Interessante o que colocaram. Gostaria que me dissessem
uma coisa: para cada um de vocês, o que quer dizer ‘pelo amor ou
pela dor’? O que é viver uma prova ‘pelo amor ou pela dor’?
Participante 1: pela dor entregar-se ao ego; pelo amor,
entregar-se ao espírito.
Participante: 2: amando a Deus e aceitando tudo ou sendo
egoísta, pelo individualismo ou pelo universalismo.
Participante 3: processos de acordar para Divino, de se achar
na graça.
Passar por uma situação ‘pelo amor ou pela dor’ nada mais é
do que duas caces da mesma moeda. Vou tentar explicar isso para
vocês.
Uma moeda em pé – hoje estou usando muito esse exemplo
porque estou falando de dualismo – é um acontecimento da vida.
Todo acontecimento desse tipo é uma prova para o espírito. Todo
acontecimento da vida, na verdade, é uma ilusão criada pelo ego,
que serve como prova para o espírito.
Dualismo página 17

A prova, ou acontecimento da vida, está sempre presa dentro


de um gênero pedido pelo ser universal antes da encarnação. Tanto
faz se o acontecimento é vivido com dor, ou seja, tendo uma
sensação dolorida, como passar pelo acontecimento preso a uma
sensação de bem estar.
A emoção que se passa não tem a menor importância. Tanto
o amor, prazer, como a dor, não existem por elas mesmas, não
foram criadas para o espírito sofrer ou não, mas porque está ligada
ao gênero de provas pedido, representa o que o ser pediu para
vencer. São situações geradas por Deus como instrumentos para o
ser ter a sua prova.
Já falei disso. Se o espírito pede para lutar conta o egoísmo,
por exemplo, pode viver uma vida de rico ou de pobre, viver pelo
amor ou pela dor. Para a provação não há diferença entre ser rico
ou pobre. Tanto o rico como o pobre podem ser egoístas.
A situação de vida de um ser nada representa para ele. Trata-
se apenas de encenação para um gênero emocional de provação.
Agora pouco, quando favamos de depressão, uma pessoa
disse perguntou: para que, então ir ao médico. Eu respondi: porque
faz parte da encenação da sua vida. Ir ou não ao médico não
importa, porque não será ele que vai curar.
Ir ou não ao médico faz parte da encenação que serve como
prova para cada um. Para quem não foi para ver se vai se vangloriar
por não ter ido, para o médico para ver se acha que foi ele que
curou, para quem foi, para ver se seu Deus é o remédio, a causa
primária da sua cura. .
É preciso entender que a afirmação ‘pelo amor ou pela dor’,
só diz respeito à encenação e não às provas em si. O amor ou a dor
são sensações que Deus agrega a uma ilusão de movimentação, de
percepção, e a um raciocínio, para criar uma prova. Quem passa a
prova com a dor não quer dizer que está expiando um erro maior,
um crime mais grave, do quem é amado. Pelo contrário. Já
conversamos aqui sobre isso: ser rico é uma prova mais difícil do
que ser pobre.
Essa, portanto, é outra coisa que vocês precisam
compreender, que precisam remover os antolhos. Precisam mudar a
Página 18 Dualismo
sua visão para compreender que signifique que quem está
passando por uma depressão esteja vivendo uma prova dolorida.
Vocês não sabem como ele está vivendo no seu interior. No seu
interior pode estar em paz. Nesse caso não há dor alguma.
Pedi para vocês colocarem as suas ideias a respeito do
assunto. Quem mais se aproximou à realidade foi quem disse que é
simplesmente um mecanismo da prova. Sim, é isso, mas não é um
mecanismo que represente um cama específico. É o escolhido por
Deus e correu para aquele ser.
Como ele escolhe o amor ou a dor para a prova dos espíritos?
Pela Justiça, pelo Amor, ou seja, aquele que mais ajude o ser a
vencer a provação pedida. Outro detalhe. Quando escolhe, Deus
está sempre visando manter o equilíbrio universal.
Resumindo tudo isso, posso dizer que dois espíritos podem
passar pela mesma prova. Um pode vive-la com a sensação ilusória
de dor; outro com a de amor. A prova é a mesma, cada um recebeu
o melhor para si e o equilíbrio universal continua existindo sempre.

9. Expurgo

Participante 1: por esse raciocínio que acabou de fazer, posso


dizer que qualquer dualidade é a mesma coisa. Portanto, a qualquer
hora a coisa mais vai válida é cantar um
Participante 2: o moço depressivo tem um filho autista. Prova
familiar. Parece que o pai sofre na sua depressão, mas o filho
parece que não sofre.
Ter um filho autista é uma prova. Concordo com você: prova
familiar. Agora, ter um filho normal também é prova. É o que a outra
pessoa falou: o raciocínio vale para qualquer situação dualidade.
Você me falou anteriormente uma coisa interessante: expurgo
pela dor. Desculpe, mas isso é apenas um lado da moeda, pois se
Dualismo página 19

há pela dor, também há expurgo pelo amor. Só que o termo usado


não lhe deixa perceber isso.
A palavra expurgo é um tema espírita que nos remete a uma
coisa interessante: culpa. Para vocês só expurga quem foi culpado
de alguma coisa e agora precisa expurgar a sua culpa. Isso não
existe no universo. No universo, não existem culpas nem culpados.
Universalmente falando, não existe expurgo pela dor. Há
provas vivenciadas com a sensação de dor. São coisas
completamente diferentes. No universo ninguém expurga porque
ninguém adquire culpa.
Como a outra pessoa falou, aplique-se o que acabei de dizer
com relação a ir pelo amor ou pela dor a todo dualismo. Ser
considerado feio, por exemplo, é a mesma prova para quem for
considerado bonito. Ser rico, viver no fausto, não quer dizer que se
vá viver uma prova diferente de quem passa por carências. Ser
considerado gordo faz viver o mesmo gênero de provas de quem é
chamado de magro.
O importante não é a aparência, pois ela é maya, foi criada
pelo poder inescrutável de maya. O que interessa – e isso falei na
semana que passou – é a essência que está embutida em cada ato.
Um ato, uma ação, pode ter as mais variadas formas, mas
todas estão ligadas a uma única essência.

10. Não uno

Aproveitando nossa conversa de hoje, me permitam falar uma


coisa.
O que é dual? O que é dualismo? Vocês poderiam dizer que
dual é algo que existe como um par de opostos. Isso, no entanto, é
ilusão, uma visão estreita da realidade.
Não só os pares de opostos são dualistas. Toda e qualquer
divisão de alguma coisa é dualismo. Vocês acham que magro e
Página 20 Dualismo
gordo é um dualismo, mas ainda existem o pouquinho mais magro,
o bem magro, um pouquinho mais gordo, está no ponto certo, etc.
Todas essas referências fazem parte do dualismo e não apenas as
duas pontas.
O dual não existe apenas pelas duas pontas, mas é formado
por uma escala de valores. Por isso, o termo para falar disso não
deveria ser dual (dois), mas múltiplo.
Só que não importa se você chama de dual ou de múltiplo,
tudo que é formado por mais de um é ilusão. Por quê? Porque no
universo real tudo é unidade, é uno. No universo só existe uma
única coisa e não a multiplicidade.
Sendo isso verdade, não pode haver gordo, magro, menos
magro, mais gordo. Para atingir a essa realidade, no entanto,
precisamos acabar com a ideia de peso. Se houver peso, tem que
haver dualismo, pois é uma escala que existe em multiplicidade.
No universo não pode haver dor ou alegria. Havendo,
inevitavelmente haverá uma escala de dor e alegria. Tudo que existe
em escala é múltiplo e por isso preso a questão da dualidade. Ou
melhor: é não uno.
Melhor do que usar a palavra dual ou múltiplo é usar o termo
não uno. A própria ideia da existência de uma multiplicidade já nos
atrela ao dualismo, pois tudo que é múltiplo é dual. Não se deve
trabalhar nem com a ideia da existência da unidade, pois essa
própria ideia já é dual, pois quando admito existir a unidade é
porque acredito que existe uma não unidade em algum lugar. Se
não existisse essa não unidade, para que dar o valor de unidade
para alguma coisa?
Dessa conversa toda o que quero é que entenda o seguinte:
tudo que você vem da mente, tudo que é racional, é fundamentado
na não unidade, enquanto que o universo é uno. Entenda isso e
compreenda que você não pode transformar o seu ego em uno,
trabalhando com a unidade de tudo. Você não pode jamais unir seu
ego ao universo porque, porque ele só sabe trabalhar com a
multiplicidade. Por isso, a única coisa que pode fazer é entender que
tudo que ele cria é ilusão.
Aliás, a primeira obra da razão que gera a multiplicidade é a
ideia da existência de um eu independente do outro, do mundo.
Dualismo página 21

Existem algumas ideias corriqueiras no mundo humano como uma


que foi dita aqui há alguns minutos: o eu divino. O eu divino não
pode existir, pois a sua existência obrigatoriamente geraria um eu
material.
‘Então, existe o eu, Joaquim’, vocês podiam perguntar.
Respondo: que eu? Para existir um eu independente do todo teria
que haver outros eus. Pronto, acabou a unidade.
Portanto, se não pode levar o seu ego à unidade, deve
entender que tudo que está nele é não uno, ilusão. Por isso deve
silenciá-lo, não dar voz a ele. Por isso, volto a repetir – e é a terceira
vez que falo hoje isso: o único trabalho que você tem que fazer
durante a vida humana é silenciar, não dar voz à razão. É deixa-la
continuar falando e você dizer a si mesmo que nada daquilo é
verdade.

11. Sob a batuta de Deus

Participante: qual o tema da conversa no próximo final de


semana em Curitiba?
Peço que essa pergunta seja esteja na transcrição para que
possamos passar uma mensagem.
Nosso trabalho começou no dia cinco de agosto de mil
novecentos e noventa e nove com a leitura do ‘Primeiro Manifesto
do Espiritualismo Ecumênico Universal’. Em uma parte desse
documento está escrito: estamos aqui como simples soldados de
Maria, como simples trabalhadores do exército dela, para trabalhar
no sentido de devolver a batuta do mundo a Deus, para unir todos
os seres humanizados sob a égide do Pai.
Desde aquele dia, tudo o que conversamos só teve um
objetivo: ensinar a unir-se com Deus. Essa é a nossa missão, esse é
o nosso trabalho.
Página 22 Dualismo
Quando estudamos Buda, foi com esse sentido. Quando
estudamos a Bíblia, usamos essa mesma intenção. Sempre estive
orientando vocês na busca com a unidade com o universo ou, como
acabei de falar, para atingir o uno. Por causa disso, tudo que falei
nesses anos todos para mostrar o que é não uno, o que é múltiplo, o
que é dual.
Então, só tenho um assunto para falar, sobre o qual, aliás,
falo há muitos anos: a unidade com Deus. Esse objetivo está
presente em qualquer coisa que ouvirem de mim, não importa o
título do trabalho, em que livro é baseado o estudo. Sempre estarei
falando para apontar as não unidades que existem para que o uno
possa surgir naturalmente

12. Para amar o inimigo, abandone os


amigos

Participante: sugiro começar com esse estudo com o amai


nossos inimigos.
Você sugere começar a busca da unidade amando o inimigo?
Propõe, então, começar pela destruição da inimizade? Certo. Vamos
só relembrar o que falei hoje?
Existindo inimizade é sinal de que existe amizade. Certo?
Não. Inimizade e amizade são duas faces da mesma moeda. Ou
seja, a mesma prova.
Se o trabalho é libertar-se da posse, do possuir, acho melhor
começar pelo destruir o amor humano, os amados. Nesse planeta
quando o ego cria a sensação, ou seja, a emoção racional do amor,
está criando uma posse. Ninguém ama sem possuir.
O ser humano é incapaz de falar essa é uma mulher. Ele
sempre diz: essa é minha mulher ou mulher daquele outro. É
incapaz de falar esse é um filho. Fala esse é o meu ou o filho de
alguém.
Dualismo página 23

Não, isso não se chama identificação. Chama-se possessão.


Por causa da posse existente no amor humano afirmo que ninguém
vai destruir a inimizade para amar o inimigo antes de acabar com os
amigos, com o amor a alguns. Falo em acabar com amigos não no
sentido de não ser mais amigo de alguém, mas em destruir,
silenciar, a amizade gerada pela mente.
Tudo é prova. Por isso, as amizades também são provas. Não
são certas e as inimizades erradas. Por isso, não importa se você
tem amigos ou inimigos, é preciso silenciar a razão que cria essas
figuras na sua vida.
A amizade e a inimizade são faces da mesma prova: da prova
da possessão.
A ideia do amor, que vocês guardam como algo raro, divino,
sublime, é falsa, é ilusória, é do ego. ‘Eu amo as pessoas’: mentira.
Deixe um desses amados fazer mal a você para ver onde vai parar o
amor.
Então é preciso aprender a viver a inimizade e a amizade com
equanimidade. Não adianta apenas atacar as inimizades para isso,
pois as amizades continuarão gerando posses que farão você criar
novas inimizades, quando os termos da amizade forem atacados.
Por tudo isso digo que o que você falou, dentro da razão
humana, é perfeita: comecemos por aprender a amar o inimigo.
Mas, diria que a unidade com Deus começa não pelo amor ao
inimigo, mas pelo despossuir o amigo e o inimigo criados pela razão.

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