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Contribuicoes de Umberto Eco para A Tessitura de U

O documento analisa a obra 'Como se faz uma Tese em Ciências Humanas' de Umberto Eco, destacando suas lições sobre a construção de teses na área. Apesar de ter sido publicado em 1977, o livro oferece orientações relevantes para a escrita acadêmica atual, enfatizando a importância da formulação de perguntas e da paixão pelo tema da pesquisa. A metodologia utilizada inclui uma pesquisa bibliográfica e a elaboração de notas de leitura que surgem da análise da obra.

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Contribuicoes de Umberto Eco para A Tessitura de U

O documento analisa a obra 'Como se faz uma Tese em Ciências Humanas' de Umberto Eco, destacando suas lições sobre a construção de teses na área. Apesar de ter sido publicado em 1977, o livro oferece orientações relevantes para a escrita acadêmica atual, enfatizando a importância da formulação de perguntas e da paixão pelo tema da pesquisa. A metodologia utilizada inclui uma pesquisa bibliográfica e a elaboração de notas de leitura que surgem da análise da obra.

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ISSN: 2526-849X

Contribuições de Umberto Eco para a tessitura de uma tese em ciências


humanas: lições sobre a pesquisa na atualidade
Umberto Eco contributions to the fabric of a thesis in human sciences: lessons about
present research

Contribuciones de Umberto Eco a la elaboración de una tesis en ciencias humanas:


lecciones sobre la investigación actual

Aleksandra Nogueira de Oliveira Fernandes1


Karoline Louise Silva da Costa2
Marlúcia Menezes de Paiva3

Resumo
O trabalho se constitui em notas de leitura da obra Como se faz uma Tese em Ciências
Humanas, de autoria de Umberto Eco. O livro estudado é uma tradução de Ana Falcão e Luís
Leitão, 14ª Edição, São Paulo, pela editora Perspectiva, no ano de 2007. A questão que
norteou o estudo foi: Como devemos proceder a fim de escrevermos uma tese de
doutoramento? Com isso, objetiva-se analisar o livro, a fim de apresentarmos as lições
explicitadas pelo autor, no que se refere à construção da tese na área de Ciências Humanas.
No tocante à metodologia adotada, segue as proposições de uma pesquisa bibliográfica de
cunho historiográfico e destaca-se a elaboração de notas de leitura que emergiram das
discussões e interpretações ensejadas pela análise da obra. Como resultados, depreendemos
que, apesar do livro ter sido publicado em 1977, apresenta orientações ainda em vigor, no
âmbito da escrita de uma tese de doutorado, uma vez que o fio condutor dessa produção
acadêmica se dá por meio da formulação de uma pergunta a um número finito de
movimentos. Assim a lição mais evidente é a de que o pesquisador deve se encantar pela tese,
de modo que a sua construção primária possa se ramificar em fontes secundárias para novas
produções posteriores, a exemplo de artigos e livros.
Palavras-chave: Notas de leitura; Escrita da tese; Ciências humanas; Pesquisa acadêmica.

Abstract
The work consists of reading notes of the book Como se faz a Thesis em Human Sciences, by
Umberto Eco. The book studied is a translation by Ana Falcão and Luís Leitão, 14th Edition,
São Paulo, by publisher Perspectiva, 2007. The question that guided the study was: How
should we proceed in order to write a doctoral thesis? With this, the objective is to analyze the
book, in order to present the lessons explained by the author, with regard to the construction
of the thesis in the area of Human Sciences. Regarding the methodology adopted, it follows

1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN. Natal/RN, Brasil.
E-mail: [email protected]. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-6625-7963
2
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC/RN. Natal/RN, Brasil.
E-mail: [email protected]. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7157-1121
3
Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Natal/RN, Brasil.
E-mail: [email protected]. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1123-342X
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the propositions of a bibliographic research of a historiographic nature and highlights the


elaboration of reading notes that emerged from the discussions and interpretations resulting
from the analysis of the work. As a result, we infer that, although the book was published in
1977, it presents guidelines that are still in force in the context of writing a doctoral thesis,
since the guiding thread of this academic production occurs through the formulation of a asks
a finite number of moves. Thus, the most obvious lesson is that the researcher must be
enchanted by the thesis, so that its primary construction can branch into secondary sources,
for new later productions, such as articles and books.
Keywords: Reading notes; Thesis writing; Human Sciences; Academic research.

Resumen
El trabajo consiste en notas de lectura del libro Como se faz a Thesis em Ciencias Humanas,
de Umberto Eco. El libro estudiado es una traducción de Ana Falcão y Luís Leitão, 14ª
Edición, en São Paulo, por la editorial Perspectiva, en 2007. La pregunta que guió el estudio
fue: ¿Cómo debemos proceder para escribir una tesis doctoral? Con esto, el objetivo es
analizar el libro, con el fin de presentar las lecciones explicadas por el autor, en lo que se
refiere a la construcción de la tesis en el área de Ciencias Humanas. En cuanto a la
metodología adoptada, sigue las proposiciones de una investigación bibliográfica de carácter
historiográfico y destaca la elaboración de notas de lectura que surgieron de las discusiones e
interpretaciones ocasionadas por el análisis de la obra.Como resultado, inferimos que, si bien
el libro fue publicado en 1977, presenta lineamientos que aún se encuentran vigentes, en el
contexto de la redacción de una tesis doctoral, ya que el hilo conductor de esta producción
académica se da a través de la formulación de un pide un número finito de movimientos. Así,
la lección más obvia es que el investigador debe quedar encantado con la tesis, para que su
construcción primaria pueda ramificarse en fuentes secundarias, para nuevas producciones
posteriores, como artículos y libros.
Palabras clave: Notas de lectura; Redacción de tesis; Ciencias Humanas; Investigación
académica.

Introdução
A escrita acadêmica é uma atividade multifacetada e são inúmeras as dificuldades que
interpõem-se entre o pesquisador e o texto, tornando-a provocativa. Para tanto, a escrita pode
ser um relato, uma comunicação, um ensaio, um postulado, uma reflexão, uma instrução ou
um debate, entre tantas outras possibilidades. Cada um desses tipos, acaba se configurando
em razão de um interlocutor diferente, onde o ―para quem‖ da escrita é constituinte da própria
escrita e o destinatário é, ao mesmo tempo, um sujeito existente e um sujeito possível
(PEREIRA, 2013).

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Nessa linha de raciocínio, Lispector (2008) argumenta que a escrita é um processo de


tomada de consciência. Ressalta que também escrevemos para nós mesmos. No nosso
cotidiano, levamos a efeito, às vezes, enormes batalhas conceituais que necessitam ser
colocadas em palavras, para tomar corpo e se constituir em saberes. Escrevemos para dar
passagem a ideias e movimentos que, ao serem escritas, vão nos constituindo
academicamente.
Partindo dessas proposições, o presente estudo se constitui em notas de leitura da obra
intitulada: Como se Faz uma Tese em Ciências Humanas, de autoria de Umberto Eco. O livro
é uma tradução de Ana Falcão e Luís Leitão, 14ª Edição, São Paulo, pela editora Perspectiva
no ano de 2007. Desse modo, a questão que norteou o trabalho foi: Como devemos proceder a
fim de escrevermos uma tese de doutoramento?
Com isso, objetiva-se analisar as lições explicitadas pelo autor, no que se refere à
construção da tese na área de Ciências Humanas. A obra está estruturada em 7 capítulos, a
saber: I. O que é uma tese e para que serve; II. A escolha do tema; III. A procura do material;
IV. O plano de trabalho e a elaboração de fichas; V. A redação; VI. A redação definitiva e;
VII. Conclusões. O autor expõe regras gerais de diagramação, de referência bibliográfica e
especificamente, sobre o conteúdo dessa produção textual.
Quanto à metodologia adotada, partimos de uma pesquisa bibliográfica de cunho
historiográfico. Sobre a pesquisa bibliográfica, Severino (2007, p. 122) ressalta que é um ―[...]
registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como
livros, artigos, teses etc. Utilizam-se dados de categorias teóricas já trabalhadas por outros
pesquisadores e devidamente registrados [...]‖. Com esse intuito, embasamo-nos nas ideias de
alguns estudiosos, como: Ciavatta (2020), Cavalcante ([202-?]), Eco (2007), Freitas (2002) e
Freitas et. al. (2019), dentre outros.
Ferreira (2004) explicita que o termo historiografia significa a graphia ou a escrita da
história. Seus significados recorrentes são ―a arte de escrever a história‖ e os ―estudos
históricos e críticos acerca da história ou dos historiadores‖. Concordamos com Ciavatta
(2020, p. 08), quando argumenta: ―[...] A historiografia é a análise crítica da história escrita, o
amadurecimento do campo científico que pensa sobre seu próprio fazer [...]‖. Em outros
termos, a historiografia é um produto da história, logo tem uma historicidade.
Partindo dessas proposições, dialogar com a historiografia na obra de Umberto Eco,
significa, aqui, estabelecer interlocuções entre o campo da literatura explorado pelo autor e o

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da História da Educação. Naturalmente, a literatura pode oferecer para a história uma


representação do estado de humanidade num dado espaço de tempo. Destarte, na obra em tela
visualizamos que a leitura, a argumentação e a produção são questões essenciais em qualquer
âmbito e no meio acadêmico, requer-se substancialmente a produção de textos científicos
coesos, coerentes e que acima de tudo possam comunicar.
Dentro desse escopo da operacionalização, respaldamo-nos ainda na elaboração de
notas de leitura que emergiram de discussões e interpretações ensejadas pela análise da
referida obra durante a disciplina de Ciência e Produção do Conhecimento num curso de
Doutorado em Educação num Instituto Federal de Educação do Brasil, observando-se o que
podemos considerar como momentos de reflexões sistemáticas.
Para tanto, o texto encontra-se organizado em três seções. Na primeira, discutimos
sobre o gênero discursivo, notas de leitura. Na segunda, fazemos um panorama da produção
científica de Umberto Eco. E na terceira seção, abordamos sobre o contexto histórico do livro
e as travessias da escrita: a alquimia da tese. Nas considerações, apresentamos as lições
apresentadas pelo autor.
Notas de leitura: um gênero discursivo
Cavalcante ([202-?]) explica que para fazer notas de leitura é relevante que a
exploração do texto original seja acompanhada de anotações, isto é, o leitor deve ir
escrevendo a sua compreensão sobre o manuscrito. Porém, antes de partir para as anotações, é
recomendável que se faça uma apreciação geral, observando a maneira em que o material se
encontra organizado. Para Cavalcante ([202-?, p. 1]):

[...] notas de leitura nada mais são que um gênero discursivo originado do
hábito de tomar notas a partir da leitura de textos. O fichamento, por
exemplo, tem a mesma origem. As notas de leitura, no entanto, não
apresentam a mesma estrutura do fichamento, pois representam uma leitura
reflexiva em forma de texto coeso e coerente. Esses são gêneros que
dependem de outros gêneros, na verdade, isto é, da leitura de outros gêneros.
Como tal, podem circular em determinados espaços sociais, no caso da vida
acadêmica, por exemplo, podem ser publicadas [...].

Nesta perspectiva, a autora recomenda a utilização do método SQ3R, sigla do inglês


que significa: examine (examine), question (questione), read (leia), recite (recite) e review
(revise). No Quadro 1, apresentamos uma sumarização da explicação de Cavalcante ([202-?])
sobre como proceder, a fim de escrever atentando para esse gênero discursivo.
Quadro 1 – Passo a passo do Método SQ3R

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Orientações Sequência a ser seguida Descrição de como proceder


do método
SQ3R

Antes de ler, 1º passo a) o título, cabeçalhos, e


Examine subtítulos;
o capítulo: b) textos explicativos sob as fotos,
diagramas, gráficos ou mapas;
c) reveja questões;
d) parágrafo de abertura e
conclusão do texto;
e) sumário;

Formule 2º passo Transforme o título, cabeçalhos


a)
perguntas e subtítulos em perguntas;
(Question) b) Leia as questões ao final dos
enquanto capítulos ou depois de cada sub-
você está tópico;
examinando: c) Pergunte-se, "O que eu já conheço
sobre este assunto?";

Quando você 3º passo a) Procure por respostas para as


começar a ler questões que você levantou
(Read): anteriormente;
b) Releia as informações sob as
figuras, gráficos, etc.;
c) Atente para todas as palavras ou
frases sublinhadas, em itálico e
impressas em negrito;
d) Reduza a velocidade da leitura em
passagens difíceis;
e) Pare e leia de novo partes que não
estejam muito claras;
f) Leia apenas uma seção de cada
vez;

Recite 4º passo a) Verbalize para si mesmo


depois que perguntas sobre o que você tiver
você tenha lido e/ou sumarize, com suas
lido uma próprias palavras, o que acabou
seção: de ler;
b) Sublinhe/destaque pontos
importantes que você tenha lido;

Revisão 5º passo a) Primeiro dia:


(Review) : Assim que você tenha lido e
um processo recitado o capítulo inteiro,
contínuo. escreva nas margens perguntas
para aqueles pontos que você
tenha destacado/sublinhado;

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b) Segundo dia:
Folheie as páginas de seu texto
e/ou caderno;
c) Terceiro, quarto e quinto dias:
Alterne entre suas fichas e
apontamentos e teste a si próprio
em questões que tenha formulado.
Fonte: Adaptado de Cavalcante ([202-?]).
Partindo dessas proposições, escrevemos o presente artigo a partir das notas de leitura
da obra em tela. Inicialmente, examinamos o livro, tópicos e sumário. Em seguida, passamos
à fase dos questionamentos desses elementos embasados na metodologia explicitada por
Cavalcante ([202-?]). Na sequência, partimos propriamente à exploração da obra e, à medida
que íamos lendo, fazíamos anotações nas margens do documento digital. A partir disso,
iniciamos a sumarização do texto em documento word, a fim de consultar posteriormente,
para revisar, estudar ou encontrar informações necessárias à escrita do artigo.
Feita essas considerações, na próxima seção, iremos tratar sobre a biografia de
Umberto Eco e evidenciaremos um panorama da sua produção científica.

Umberto Eco: Um panorama da sua produção científica

Umberto Eco (1932-2016), foi escritor, professor e filósofo. Nasceu em Alexandria,


Piemonte, Itália, no dia 5 de janeiro de 1932. Filho de Giulio Eco e Giovanna Eco, estudou
Filosofia e Literatura na Universidade de Turim, onde mais tarde, tornou-se professor.
Começou a carreira de filósofo com a ajuda de Luigi Pareyson. Seus primeiros trabalhos
foram dedicados ao estudo da estética medieval, especialmente sobre os textos de São Tomás
de Aquino.
Eco foi considerado um dos expoentes da nova narrativa italiana, iniciada por Ítalo
Calvino (1923-1985). Exerceu grande influência sobre os meios intelectuais ao estudar os
fenômenos de comunicação ligados à cultura de massas, como histórias em quadrinhos,
telenovelas e cartazes publicitários. Doutorou-se em estética em 1961, após escrever alguns
estudos sobre estética medieval. Além da docência, desenvolveu pesquisas, ministrou cursos
em outros países europeus e nos Estados Unidos e lecionou na Universidade de Turim de
1956 a 1964.

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Neste cenário, impõe-se como teórico com a publicação de ―Obra Aberta‖ (1962), na
qual sugere não somente uma teoria estética, mas uma história da cultura, vista através da
história das poéticas. Em 1964, Eco publicou a obra ―Apocalípticos e Integrados‖ onde
analisa as duas posições possíveis ante o fenômeno da cultura de massa no mundo
contemporâneo. Na obra, elaborou a tese de que os ―apocalípticos" seriam aqueles que
defendiam uma arte erudita contra a influência da cultura de massas, ao passo que os
―integrados‖ defendiam a massificação de produtos culturais, como consequência positiva da
democratização.
Nos anos 1970, se dedicou ao estudo da semiótica, estabelecendo novas perspectivas
sobre o assunto. Em 1971, tornou-se professor da Universidade de Bolonha. Algumas obras
importantes desse período, foram: ―As Formas do Conteúdo‖ (1971), ―Tratado Geral de
Semiótica‖ (1975) e o livro "O Super-Homem de Massa" (1978).
Em 1980, publicou "O Nome da Rosa", seu primeiro romance, que o consagrou.
Ambientado em um mosteiro da Itália medieval, entre mortes obscuras e uma biblioteca que
encerra segredos inomináveis, uma alusão aos muitos atentados políticos da Itália,
notadamente a morte do ex-primeiro ministro Aldo Moro, em 1978. A obra, tornou-se um
best-seller mundial e gerou uma versão cinematográfica, lançada em 1986.
Em 1989, lançou "O Pêndulo de Foucault". A trama é um plano conspiratório, feito
um pouco por diversão, que sai do controle quando os personagens passam a ser perseguidos
por uma sociedade secreta, que os toma por detentores de um segredo dos Cavaleiros
Templários.
Em 2010, Umberto Eco lançou ―O Cemitério de Praga‖. Na obra, o avô do
protagonista é um antissemita que acredita que os maçons, os templários e a seita secreta dos
Iluministas estiveram por trás da Revolução Francesa.
No seu mais recente trabalho, ―Número Zero‖ (2015), o autor critica o mau jornalismo
e a manipulação dos fatos. Leva seu interesse pelas teorias conspiratórias, para o ambiente da
redação de um jornal de Milão, em 1992.
Dentre outras obras de Umberto Eco, podemos citar: Tratado Geral de Semiótica
(1975); Pós-escrito a O Nome da Rosa (1983); Arte e Beleza Na Estética Medieval (1986); O
Segundo Diário Mínimo (1992); A Ilha do Dia Anterior (1994); Em Que Creem os que Não
Creem (1996); Sobre a Literatura (2002); Da Árvore ao Labirinto (2007); A Misteriosa

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Chama da Rainha Loana (2009); O Cemitério de Praga (2010); Construir o Inimigo (2011);
Confissões de um Jovem Romancista (2011).
O autor faleceu em Milão, Itália, no dia 19 de fevereiro de 2016. Teve dois
lançamentos póstumos, um artigo clássico sobre o fascismo e uma coleção de conferências. O
artigo, ―O Fascismo Eterno‖ (2019) é um ensaio que já constava em "Cinco Escritos Morais",
de 1997. E na coletânea, ―Ombros do Gigante‖ (2019) revisa e revisita temas que lhe são
caros, mas sem avançar novas proposições teóricas ou achados críticos. São doze conferências
produzidas especialmente para "La Milanesiana" um festival cultural de Milão.
Dito isso, partiremos na próxima seção, para uma análise sobre o livro ―Como se faz
uma Tese em Ciências Humanas‖, inicialmente abordaremos o contexto em que a obra foi
escrita e em seguida apontaremos notas sobre os capítulos: I. O que é uma tese e para que
serve, II. A escolha do tema e III. A procura do material, IV. O plano de trabalho e a
elaboração de fichas, V. A redação e VI. A redação definitiva.

Contexto histórico do livro e as travessias da escrita: a alquimia da tese

Segundo Eco (2007, p. 20), a obra foi elaborada: ―[...] num contexto muito concreto e
visando dar resposta à necessidade de formação de professores na Itália do pós-guerra (1943-
1978). Essa obra teve o mérito de se tomar o manual dos modos de operar da investigação,
sistematizando-os e clarificando-os nas suas formas fundamentais‖. Vale ressaltar, que esse
foi um momento de reconstrução do país e de luta em torno dos critérios e possibilidades da
modernização da sociedade italiana. Essa luta implicou o estabelecimento da República e em
seguida de uma nova Constituição para o país.
Desse modo, na introdução da obra, Eco (2007) declara que quando o livro fosse
encaminhado para a impressão gráfica, a Reforma Universitária na Itália, estaria em
discussão. Nesse panorama, havia a exigência das universidades italianas de incrementarem a
própria eficiência e de melhorar os serviços prestados aos estudantes a fim de recuperar a
competitividade no mercado interno europeu da formação profissional.
A reforma redesenhou a oferta formativa, prevendo uma nova articulação em três
ciclos e assumiu objetivos ambiciosos como uma maior difusão de títulos universitários na
população, redução na taxa de abandono, diminuição no tempo de permanência dos
estudantes na universidade, aproximação ao mundo do trabalho e internacionalização dos

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percursos de estudo, por meio da implantação de créditos formativos, para torná-los


comparáveis aos obtidos em diferentes cursos e universidades. Neste sentido, segundo
Riedo e Pereira (2007, p. 42) havia a ―[...] necessidade dos estudantes receberem uma melhor
orientação na universidade, desde a realização da matrícula até a elaboração da tese e a
entrada no mercado de trabalho [...]‖. E é nessa circunstância, que Umberto Eco escreve a
obra em tela.
É oportuno lembrar que no Brasil, durante a década de 1970, instalou-se um período
de crescimento da produção e dos questionamentos sobre a qualidade da pesquisa (ANDRÉ,
2006). O crescimento de programas de pós-graduação e o surgimento do curso de
doutoramento em 1976 demarcaram esta fase. O país passava pela crise do milagre
econômico e nesse contexto houve a tentativa de aprimoramento do ensino e da denúncia do
papel conservador da Educação. Em 1971 foi criado o Departamento de Pesquisas
Educacionais da Fundação Carlos Chagas (FCC), São Paulo, coordenado por Angelina
Bernadete Gatti, reunindo grupos de pesquisadores que contribuíram qualitativamente para o
desenvolvimento da pesquisa em Educação.
Desse modo, a obra de Umberto Eco emerge em uma conjuntura em que as ciências
humanas foram desafiadas a encontrar respostas às grandes interrogações sobre a
humanidade, sua identidade, seu lugar no universo e suas relações com a matéria e a vida, nas
circunstâncias das condições sociais e culturais da época.
Passados 46 anos da obra, Como se Faz uma Tese de Umberto Eco podemos afirmar
que o seu conteúdo continua atual e relevante para a escrita de uma tese no horizonte da
emancipação humana de modo a desenvolver um olhar reflexivo e crítico sobre a pesquisa na
atualidade. Para Gatti (2002, p. 9 e 10):
Pesquisa é o ato pelo qual procuramos obter conhecimento sobre alguma
coisa. [...] Contudo, num sentido mais estrito, visando a criação de um corpo
de conhecimentos sobre um certo assunto, o ato de pesquisar deve apresentar
certas características específicas. Não buscamos, com ele, qualquer
conhecimento, mas um conhecimento que ultrapasse nosso entendimento
imediato na explicação ou na compreensão da realidade que observamos.

Em outras palavras, para realizar uma investigação precisamos fazer questionamentos,


reflexões. Com esse fim, se faz necessário zelo, rigor e criatividade pois a pesquisa possui um
sentido filosófico, sociológico, histórico e político. Neste sentido, concordamos com Freire
(1987, p. 58) quando assevera: ―[...] não há criatividade, não há transformação, não há saber.
Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os

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homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros. [...]‖. Destarte, a busca por
conhecimento, torna o ato de pesquisar dialógico e é com esse chamamento que Eco (2007)
discorre na obra em tela.
No capítulo I, ―O que é uma tese e para que serve‖, o autor explica que esse é um tipo
de trabalho escrito de grandeza média, entre cem e quatrocentas páginas em que o estudante
trata de um assunto a respeito da sua área de estudos. Após os exames obrigatórios, o discente
apresenta a tese perante uma banca e essa emite um parecer. Nas palavras de Eco (2007, p. 28,
grifo do autor):

[...] a tese propriamente dita é reservada a uma espécie de superlicenciatura,


o doutoramento, ao qual se propõem apenas aqueles que querem aperfeiçoar-
se e especializar-se como investigadores científicos. Este tipo de
doutoramento tem vários nomes, mas indicá-lo-emos daqui em diante por
uma sigla anglo-saxónica de uso quase internacional, PhD (que significa
Philosophy Doctor. Doutor em Filosofia, mas que designa todos os tipos de
doutores em matérias humanísticas, desde o sociólogo até ao professor de
grego; nas matérias não humanísticas são utilizadas outras siglas, como, por
exemplo, MD, Medicine Doctor).

Conforme as proposições de Eco (2007), a licenciatura destina-se ao exercício da


profissão, já o PhD se dedica à atividade acadêmica, ou seja, à carreira universitária. Adverte
sobre a possibilidade de fazer uma tese de compilação ou de investigação, de licenciatura ou
de PhD. A de investigação é mais longa, já a de compilação pode, ou não ser longa. Explica
que o livro é destinado para aquelas pessoas que disponibilizam algumas horas por dia ao
estudo. Assim, fazer um trabalho dessa natureza é aprender a pôr ordem nas próprias ideias e
a organizar dados. Eco (2007, p. 32, grifo do autor) acrescenta ―[...] E deste modo não
importa tanto o tema da tese quanto a experiência de trabalho que ela comporta [...]”. E
nesse processo de escrita, há vulnerabilidade, medo, angústia e desconforto.
Essa insegurança advém da entrada do sujeito num campo privilegiado do saber
científico, em que é interpelado, a por meio da sua escrita, dizer algo com cunho
transformador, relevante no meio acadêmico. Por conseguinte, Eco (2007, p. 33, grifo do
autor) apresenta quatro regras para a escolha do tema da tese:

1) Que o lema corresponda aos interesses do candidato (quer esteja


relacionado com o tipo de exames feitos, com as suas leituras, com o seu
mundo político, cultural ou religioso);
2) Que as fontes a que recorre sejam acessíveis, o que quer dizer que
estejam ao alcance material do candidato;

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3) Que as fontes a que recorre sejam acessíveis, o que quer dizer que
estejam ao alcance cultural do candidato;
4) Que o quadro metodológico da investigação esteja ao alcance da
experiência do candidato.

Logo, quem se propõe a escrever uma tese, tem a incumbência de dar conta de
produzi-la com todo o rigor necessário. Nesta linha de raciocínio, Carlino (2005) adverte que
a aprendizagem e o desenvolvimento da escrita no Ensino Superior são entendidos como
alfabetização acadêmica. Partindo das proposições de Freitas (2002, p. 90):

[...] Desenvolver uma tese é um ato criador que, além de conhecimentos


gerais e específicos, exige uma paciência que nem todos estão dispostos a
exercitar. Criar alguma coisa significa ter humildade e disponibilidade
psicológica para tentar, exporse, errar, recomeçar, modificar, experimentar,
observar. Também é verdade que algumas pessoas conseguem lidar mais
facilmente com os diferentes estados de espírito e exigências da tarefa, pois
suportam mais facilmente o não-reconhecimento, agüentam a frustração com
maior perseverança, reciclam o erro mais rapidamente, toleram uma crítica
com maior esportividade, aceitam refazer algo com maior humildade e
menor desespero e conseguem suportar a sua própria chatice com mais
paciência.

É fato que em nós mesmos existem diferentes personagens, com vozes diversas que
estimulam, instigam, censuram, condenam e julgam. Com esse intuito, Freitas (2002, p. 90)
pontua: ―[...] Nada nasce do nada e tese tampouco! A nossa capacidade de pensar
ordenadamente necessita de treino, um fio condutor e estímulos concretos, que provêm em
grande parte de uma boa bibliografia [...]‖. Nesse processo o pesquisador, por vezes, sente
angústia, medo e ansiedade, de exigências feitas por si mesmo, pelo orientador, ou por seus
pares. Há ainda o receio à críticas externas sobre o escrito. Questionamos: como formar o
pesquisador nesse letramento acadêmico? É, portanto, o que discute Bessa (2017, p. 30):
É preciso, pois, fazermos aqui a defesa de um trabalho pedagógico, explícito
e sistemático, que deve fazer parte de um projeto mais amplo da formação
do estudante/jovem pesquisador contemplando aspectos diversos do
letramento acadêmico, que pode se beneficiar dos Novos estudos do
letramento e dos estudos de gêneros textuais e discursivos. É importante ter
consciência de que um tal projeto não deve estar encerrado em uma
disciplina específica, que o resultado não será imediato e que dificilmente se
concretizará sem que o estudante tenha uma participação (mais) ativa nas
práticas comunicativas do universo acadêmico-científico. O que se defende é
que, além de qualquer trabalho pedagógico, por mais sério e produtivo que
seja, o estudante/pesquisador precisa ser incentivado a ter participação ativa
nas práticas comunicativas do universo acadêmico científico, para poder,

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progressivamente, melhor conhecer as convenções que regem essas práticas


e nelas se engajar [...].

A propósito disso, nos capítulos subsequentes da obra, Eco (2007) oferece um


embasamento teórico para o estudante que vai fazer uma tese. No capítulo II, ―A escolha do
tema‖, o autor explica sobre tese monográfica e panorâmica. A primeira tentação do
estudante, é fazer um estudo que fala de muitas coisas e afirma que essa é uma prática
perigosa. Destarte, sinaliza que quanto mais se restringe o campo de investigação, melhor se
trabalha e com maior segurança. Ou seja, é mais viável uma tese monográfica, que aprofunda
um tema, à uma panorâmica. Eco (2007, p. 39 e 40) diferencia tese teórica e histórica:

Uma tese teórica é uma tese que se propõe encarar um problema


abstracto que pode já ter sido ou não objecto de outras reflexões; a
natureza da vontade humana, o conceito de liberdade, a noção de
função social, a existência de Deus, o código genético. [...]
[...]
Mas ponhamos a hipótese de o estudante estar consciente de ter
compreendido um problema importante; dado que nada nasce do
nada, ele terá elaborado os seus pensamentos sob a influência
de outro autor qualquer. Transformou então a sua tese, de teórica
em historiográfica [...]

Já no que se refere à questão de temas antigos e ou contemporâneos. Eco (2007)


argumenta que depende da área em que o autor da tese está inserido e complementa que não
existem regras fechadas para isso. Normalmente, assuntos relacionados à História apresentam
uma vasta literatura disponível sobre o assunto e já os mais contemporâneos, podem ser mais
limitados em termos de referenciais. Sobre as fontes históricas, Barros (2020, p. 4, grifo do
autor) exemplifica:
[...] Uma vez que o historiador trabalha com sociedades que já
desapareceram ou se transmutaram – ou, mais ainda, com processos que já
se extinguiram ou que fluíram através de transformações que terminaram por
atravessar os tempos até chegar ao presente produzindo novos efeitos – não
existiria outro modo de perceber estas sociedades ou apreender estes
processos senão a partir das chamadas ―fontes históricas‖, aqui entendidas
como os diversos resíduos, vestígios, discursos e materiais de vários tipos
que, deixados pelos seres humanos historicamente situados no passado,
chegaram ao tempo presente através de caminhos diversos.

Como consequência, as fontes históricas produzidas pelos seres humanos pode


proporcionar um acesso significativo à compreensão do passado humano e de seus
desdobramentos na atualidade. Em relação ao tempo necessário para escrever uma tese, alerta

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para que não seja mais que três anos e nem menos que seis meses. Para o autor, caso o
estudante não consiga escrever em três anos, é porque escolheu o objeto errado, não está
estabelecendo limites na escrita, ou apresenta um bloqueio e tende a abandonar o estudo.
Salienta que uma boa tese, deve ser discutida passo a passo com o orientador.
Quanto à necessidade de saber línguas estrangeiras, Eco (2007) argumenta que não se
pode discutir sobre um autor estrangeiro se esse autor não for lido no seu texto original, do
mesmo modo não se pode escrever a respeito de um tema, em que as obras estão escritas
numa língua que não se conhece e nem se deve redigir uma tese, sobre um determinado autor,
lendo apenas as obras escritas nas línguas que conhecemos. Por isso, a tese é um momento
propício para começar a aprender outras línguas.
Destaca que uma pesquisa é científica, quando: debruça-se sobre um objeto
reconhecível e definido, de modo que seja igualmente reconhecível pelos outros; deve tratar
sobre coisas que ainda não foram ditas e é recomendável que a pesquisa seja útil aos outros. O
autor provoca o seguinte questionamento: será mais útil fazer uma tese de erudição, ou uma
tese ligada à experiências práticas? E responde dizendo que cada um faz o que lhe agrada
estudar e investigar, desde que siga as regras que esse tipo de trabalho exige.
Enquanto no capítulo III intitulado, ―A procura do material‖, Eco (2007, p. 71) discute
sobre a acessibilidade das fontes. O objeto de estudo pode ser um livro, ou um fenômeno real.
Por isso, adverte: ―[...] é muito importante definir logo o verdadeiro objecto da tese, uma vez
que se terá de enfrentar, logo de início, o problema da acessibilidade das fontes‖. Ressalta,
ainda, que as fontes devem ser sempre de primeira mão. No entanto, orienta que não se deve,
cair na neurose da primeira mão. Ou seja, fontes que já foram analisadas, também são
relevantes na organização de informações, servindo como consulta para estudos futuros.
No quesito fontes, Freitas et. al. (2019, p. 65) realçam: ―Muito do que é revisado,
estudado e por vezes escrito no processo de construção da pesquisa da tese pode acabar não
pertencendo ao texto final da tese: a delimitação do tema passa também por saber abrir mão
do que pode já ter sido inserido [...]‖. Nessa direção, Valentim, Paiva Neto e Bessa (2020)
enfatizam que é comum que pesquisadores com mais experiência demonstrem uma aptidão
mais crítica para lidar com as fontes de pesquisa em seus trabalhos, oportunizando-lhes a
utilização de critérios que resguardem a confiabilidade, a precisão e a adequação das fontes
citadas.

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Com esse propósito, Eco (2007) disserta sobre o cuidado com a seleção de
bibliografias, com a organização de fichas de leituras e a correta referência das fontes
consultadas. Na obra, apresenta alguns exemplos para citação de: livros, artigos de revistas,
capítulos de livros, atas de congressos e ensaios em obras coletivas. Defende que é importante
combinar com o orientador, o referencial que irá ser utilizado.
Ainda sobre as fontes, Freitas e. al. (2019), recomendam que: deve-se iniciar com a
leitura de textos essenciais e procurar mostrar ou evocar os modelos existentes; é primordial
haver uma seção sobre o marco teórico, ou estado da arte da questão, sobre a qual se pretende
investigar; é conveniente ter referências externas do problema, no momento em que se
procura elaborar a motivação e a justificativa da pesquisa; é necessário distinguir partes fortes
e partes menos consistentes; observar a proporção de cada seção no documento de tese,
usando o bom senso; evocar sempre os autores clássicos nos temas centrais, bem como os
autores mais atuais.
No capítulo IV, ―O plano de trabalho e a elaboração de fichas‖, Eco (2007, p. 125,
grifo do autor) declara a importância da construção do índice como hipótese do trabalho. À
vista disso, revela a necessidade de redigi-lo como ponto de partida e tarefa essencial à
estruturação do estudo empreendido:

Uma das primeiras coisas a fazer para começar a trabalhar numa


tese é escrever o título, a introdução e o índice final — ou seja.
exactamente as coisas que qualquer autor fará no fim. Este conselho parece
paradoxal: começar pelo fim? Mas quem disse que o
índice vinha no fim? Em certos livros vem no princípio, de modo
que o leitor possa fazer logo uma idéia daquilo que irá encontrar na
leitura. Por outras palavras, redigir logo o índice como hipótese de
trabalho serve para definir imediatamente o âmbito da tese.

Nessa tessitura, busca-se a princípio, a definição do título a partir da formulação de


uma pergunta e, logo em seguida, a construção do índice para a elaboração da introdução do
trabalho, sendo este último, a construção analítica do índice com base no que se pretende
fazer e a estruturação das ideias. Porém, ressalta que essa construção é provisória, visto os
movimentos que a produção ganha aos passos das leituras, estudos e orientações.
Quanto a elaboração da pergunta, Freitas (2002, p. 91, grifo da autora) alude: ―Uma
tese é mais que uma boa idéia, é, na essência, uma boa pergunta. E não existe tese na cabeça.
‗Eu já tenho tudo aqui organizadinho‘ significa que falta tudo, pois não é a idéia que será
avaliada, mas a nossa capacidade de explicitá-la, analisá-la, construí-la, destruí-la [...]‖. No

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que concerne ao ato de planejar a escrita, Silva e Guimarães (2021) expõem que essa é uma
das capacidades cognitivas que pode ser desenvolvida nos seres humanos, considerando que
as pessoas não nascem munidas dessa habilidade. Porém, podem aprender a exercitar tal
ofício por meio de experiências diversas.
Por esse ângulo, torna-se possível uma melhor estruturação a partir da construção do
índice/sumário, para o esboço de um resumo aos capítulos da tese. Nessa conjuntura, Eco
(2007) destaca que o índice deve estar articulado em forma de capítulos, parágrafos e
subparágrafos. E que esta divisão será feita conforme as especificidades de cada estudo. Nesse
intento, faz-se indispensável a elaboração criteriosa de fichas e apontamentos, de modo a
facilitar a construção do pesquisador, destacando que o seu número dependerá da natureza da
tese.
Diante disso, pode-se utilizar diversas estratégias de destaque no texto, das quais
sobressaem-se: os tipos sublinhados, que personalizam o livro; os que utiliza-se de cores,
feltros de ponta fina; os que que devem associar-se as cores a siglas; ainda os que não se deve
sublinhar. Nas palavras de Eco (2007, p. 142) ―[...] Quando o livro não é nosso,
evidentemente, ou se se trata de uma edição rara de grande valor comercial, que quaisquer
sublinhados ou anotações desvalorizariam [...]‖. Enfatiza que as fichas de leitura, nos
auxiliam para o registro de todas as referências bibliográficas relativas à um livro ou à um
artigo, de modo que também podemos transcrever algumas citações-chave e construir
apreciações em torno destas.
Nessa construção, Umberto Eco aconselha a humildade científica diante dos métodos
de pesquisa e leitura, a fim de acolher as ideias importantes que possam vir de outros autores
sobre o tema, além dos que já são conhecidos como referências em sua área de pesquisa. Ante
o exposto, indaga: à quem dirigimos à tese? Embora a princípio, o principal leitor do texto
seja o orientador, a pesquisa ganhará outros espaços, difundindo-se por toda a humanidade.
Nesta acepção, no capítulo V, ―A redação‖, o autor realça que os rascunhos são
essenciais para a construção dos esboços dos primeiros capítulos, acompanhados pela
apreciação do orientador. Consequentemente, Eco (2007, p. 166, grifo do autor) nos deixa um
recado, ao afirmar, ―Não se obstinem em começar no primeiro capítulo [...]‖. E diz que essa
redação é um ato de coragem porque ―[...] Ninguém deve saber melhor que vocês tudo aquilo
que foi dito sobre esse assunto‖ (2007, p. 199). Em concordância, Rossoni (2022) sublinha
que planejar o momento da escrita não é suficiente, pois quando se tem uma tela em branco

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no Word, cujas ideias ainda estejam desconectadas, o melhor a se fazer é escrever, escrever e
escrever. Em síntese, aconselha o hábito de fazer rascunhos e, especialmente, rabiscos.
Nesse quesito, erguemos as contribuições de Freitas et. al. (2019) que avultam alguns
elementos relevantes durante a redação, tais como: escolher um ambiente tranquilo para
escrever; fazer intervalos de descanso durante a produção textual; ir polindo a redação aos
poucos, aprimorando; organizar os arquivos por capítulos no computador; salvar o material
produzido de maneira segura; elaborar tabelas ou diagramas de reflexões; ao tentar explorar
os dados, inicialmente, de forma simples, ler e percorrer os dados, e não ir diretamente aos
dados via uso de software; evitar palavras que impliquem opiniões ou juízos de valor sem
base nos dados coletados; seguir algum formato de estilo para as citações e as referências
bibliográficas; incluir no texto da tese, uma seção sobre limites da pesquisa e temas para
futuras investigações.
Outrossim, Eco (2007) apresenta a importância dos termos técnicos enquanto
categorias-chave do discurso, uma vez que a escrita se revela enquanto prática social e
acentua que devemos evitar os períodos longos nas construções dos parágrafos, desviando-se
da repetição de sujeitos e eliminando o excesso de pronomes e orações subordinadas. Ainda
nesse capítulo, evidencia o cuidado com as citações diretas e indiretas, bem como com as
paráfrases, nos textos transcritos sem aspas, a fim de evitar plágios.
Por fim, no capítulo VI, ―A redação definitiva‖, o autor finaliza, reforçando a
importância da redação final para a conclusão do manuscrito. Portanto, destaca a necessidade
da normatização do trabalho quanto aos títulos (espaçamentos entre títulos e subtítulos); a
construção dos parágrafos e capítulos (os espaços entre estes e a subdivisão), assim como
também as margens das folhas e as pontuações; acentos; abreviaturas, além do uso das aspas e
de outros sinais gráficos. Sobre esses conselhos, Eco (2007, p. 221) questiona:

Páginas: estão numeradas por ordem?


Referências internas: correspondem ao capítulo ou à página certos?
Citações: estão sempre entre aspas, no princípio e no fim? Todas as citações
têm a sua referência?
Notas: a chamada corresponde ao número da nota? [...]
Bibliografia: está organizado por ordem alfabética? [...]

Destarte, o autor sugere que se releia todo o trabalho, com o intuito de verificar esses
últimos ajustes. Por consequência, a tese deve ter uma bibliografia final, a fim de facilitar a

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localização do texto e tornar reconhecível as obras referenciadas. Nessa construção,


dependendo da natureza do trabalho, pode-se também conter os apêndices ao final da
produção.
Freitas et. al. (2019) também contribuem sobre esse aspecto ao oferecerem algumas
recomendações nessa fase de redação conclusiva, tais como: checar a consistência entre
objetivos e resultados; cada seção ou capítulo na tese, deve ter claramente um início, um meio
e um fim; procurar mostrar o documento a alguma outra pessoa, a qual possa dar uma opinião
desprendida do processo em si; tentar montar a apresentação ou defesa, ela talvez mostre uma
lacuna ainda, ou algo que possa ser melhor ilustrado; realizar uma leitura final, após um ou
dois dias de distanciamento do documento antes da defesa.
De igual modo, as ideias de Ferreira (2013) coadunam com as discutidas por Eco
(2007) e Freitas et. al. (2019), ao alertar para os erros que se deve evitar ao concluir a
redação, designadamente: restringir-se à análise dos resultados, sem expandir para explicar
efetivamente o que os resultados significam; não incluir questões para pesquisa futura, ser
prolixo quanto aos resultados ou à questão de pesquisa; e enaltecer de maneira exagerada a
contribuição ou impacto do manuscrito.
No capítulo VII, ―Conclusões‖, Eco (2007, p. 233) sublinha ―[...] fazer uma tese
significa recrear-se e a tese é como o porco: não deita nada fora [...]‖, uma vez que revela-se
como um jogo desafiador de apostas ou de caça ao tesouro. O fio condutor, se dá por meio da
formulação de uma pergunta à um número finito de movimentos. Sendo assim, o pesquisador
deve-se encantar-se pelo que escreve, de modo que a sua construção primária possa ramificar
as fontes secundárias para as novas produções posteriores, à exemplo de artigos, livros, dentre
outros. Outrossim, como analisa Freitas (2002, p. 93):

Toda tese tem uma história, que tem páginas engraçadas, alegres, divertidas
e outras que são difíceis, pesadas, tristes. Aprendemos com todas elas e não
são lições de consumo imediato, pelo contrário serão incorporadas na nossa
vida. No limite, nós somos o maior objeto da tese, pois enquanto sujeito dela
vivemos um embate de forças internas e externas que nos ensina muito sobre
nós mesmos.

À propósito disso, Lopes (2012) afirma que escrever é um processo que dá trabalho e
leva tempo, especialmente, se quem escreve, não tem prática e não sabe como lidar com essa
atividade de maneira mais apropriada. Por tudo isso, fica posto, que escrever é uma habilidade
e, portanto, pode ser aprendida, exercitada, treinada e aprimorada. Destarte, escrever é uma

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operação desafiadora e árdua para a qual dificilmente o pesquisador terá a seu dispor as
condições ideais, por isso, lançar-se a escrever é trabalho melindroso, mas não impossível.

Algumas considerações: lições de Umberto Eco ontem e hoje

As notas de leituras apresentadas neste artigo, evidenciam a especificidade da


produção científica para a construção de uma tese na área das Ciências Humanas e suas
aproximações epistemológicas. Desse modo, o objetivo desse artigo foi analisar o livro, a fim
de apresentarmos as lições explicitadas pelo autor, no que se refere à construção da tese na
área de Ciências Humanas.
Nesse sentido, o autor nos apresenta a tessitura de um texto didático para a
compreensão da construção de uma tese, desde o limiar em torno da escolha do tema para a
organização do tempo do trabalho, bem como a definição da construção bibliográfica, no
tocante à organização da escrita e, por fim, as matizes da redação do trabalho empreendido.
Diante disso, destaca a relevância da construção sólida para as produções posteriores,
a partir das noções sobre os métodos e técnicas para a elaboração de um texto científico e,
com isso, a possibilidade do seguimento, por parte do pesquisador, nos saberes acadêmicos,
por meio de publicação dos conhecimentos desenvolvidos.
Pode-se, contudo arrematar, algumas lições apresentadas por Eco (2007), a saber:
a) No capítulo I ―O que é uma tese e para que serve‖, ensina como se deve fazer uma tese, e
de que modo serve para depois da licenciatura;
b) No capítulo II ―A escolha do tema‖, diferencia tese monográfica e panorâmica, científica
ou política, histórica e teórica, temas antigos ou contemporâneos, aborda ainda sobre o tempo
necessário para se fazer uma tese, se precisa saber línguas estrangeiras e como manter uma
boa relação com o orientador;
c) No capítulo III ―A procura do material‖, explica sobre a acessibilidade das fontes e a
investigação bibliográfica;
d) No capítulo IV ―O plano de trabalho e a elaboração de fichas‖, adverte no que se refere ao
índice, fichas e apontamentos;
e) No capítulo V ―A redação‖, expõe a quem nos dirigimos quando escrevemos a tese, como
se fala, sobre as citações e notas de rodapé;
f) No capítulo VI ―A redação definitiva‖, instrui no tocante à processos gráficos, a
bibliografia final, os apêndices e o índice.
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g) No capítulo VII, ―Conclusões‖, expressa que fazer uma tese é recrear-se, ao passo que ao
seguir esses movimentos, o pesquisador deve encantar-se com a escrita empreendida.
Ao considerar o arcabouço histórico em que o livro foi escrito, a saber, o cenário
acadêmico da década de 1970 na Itália, é uma obra de referência para os estudantes de pós-
graduação. No Brasil, a economia crescia, influenciada pela propaganda da Ditadura Civil-
Militar (1964-1985). Havia a tentativa de passar a mensagem de que o país era perfeito, que
estava se desenvolvendo e progredindo e para isso era necessário formar as pessoas para
contribuírem com o avanço e neste sentido, a educação passa a ser compreendida como
redentora. Nesse contexto, o livro de Umberto Eco, vem a calhar num momento em que a
institucionalização da pesquisa se estabelece como elemento indissociável da pós-graduação,
em que a universidade é compreendida como ambiente privilegiado para a produção de
conhecimento, enfatizando-se o seu papel no desenvolvimento nacional.
Destacamos, ainda, que em 2023, a obra está completando 46 anos de sua publicação.
O seu conteúdo continua atual e de grande utilidade a todos os estudantes de (graduação,
mestrado ou doutorado) especialmente por focar a pesquisa no ambiente acadêmico.
Depreendemos que a lição mais evidente apontada por Umberto Eco, é a de que o pesquisador
deve se encantar pela tese, de modo que a sua construção primária possa se ramificar em
fontes secundárias para novas produções posteriores, a exemplo de artigos e livros.

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Recebido em: setembro/2022.


Aprovado em: fevereiro/2023.

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