FACSETE – FACULDADE SETE LAGOAS
ALINE DE SOUZA RESENDE
MORDIDA PROFUNDA: UMA REVISÃO DA LITERATURA
SÃO PAULO - SP
2021
FACSETE – FACULDADE SETE LAGOAS
ALINE DE SOUZA RESENDE
MORDIDA PROFUNDA: UMA REVISÃO DA LITERATURA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de Odontologia da
Faculdade Sete Lagoas como requisito parcial
para a obtenção do título de Especialista em
Ortodontia.
Orientador: Prof.º Ms. Sílvio Luis Fonseca
Rodrigues
SÃO PAULO - SP
2021
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE SETE LAGOAS- FACSETE
Monografia intitulada "MORDIDA PROFUNDA: UMA REVISÃO DA LITERATURA"
de autoria da aluna Aline de Souza Rezende.
Aprovada em ___/___/___ pela banca examinadora constituída pelos seguintes
professores:
_______________________________________________________
Orientador: Prof. Ms. Sílvio Luis Fonseca Rodrigues
_______________________________________________________
Examinador: Prof. André de Oliveira Ortega
_______________________________________________________
Examinador: Prof. Danilo Lourenço
_______________________________________________________
Examinador: Prof. Francisco de Assis Lúcio Sant’Ana
SÃO PAULO - SP
2021
Dedico este trabalho a Deus,
aos meus pais e marido Cristiano,
foi com o apoio incondicional deles
que eu consegui alcançar
mais esse objetivo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente а Deus, por tudo ао longo de minha vida, sem dúvida em
todos os momentos ele é o maior mestre quе alguém pode conhecer.
Agradeço а todos os professores por proporcionarem о conhecimento nãо apenas
racional, mas а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе
formação profissional.
Agradeço aos meus colegas de classe e pacientes por participarem do meu
aprendizado e desenvolvimento pessoal.
Agradeço a minha querida e grande amiga Dra. Vera Guimarães, pelo conhecimento
transmitido, pela força, apoio, carinho e principalmente por ter me aconselhado a
seguir essa linda profissão.
Ao meu querido e companheiro Cristiano Viva sou eternamente grata por sempre
estar ao meu lado nesses anos, torcendo por mim, me ajudando e acalmando
sempre com muito carinho e prestatividade.
Agradeço imensamente aos meus pais e irmão Alex por tudo que fizeram por mim
em todos os momentos da minha vida e principalmente nesses anos de formação.
Sem vocês, nada disso teria sido possível.
Aos meus amigos e familiares eu agradeço por estarem na torcida e terem me
apoiado com palavras de ternura, estímulo e conforto nos momentos difíceis.
A todos acima citados serei eternamente grata!
“Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos”.
(Friedrich Nietzsche)
“A sua vida e o seu mundo mudam quando você muda”.
(Roberto Shinyashiki)
“A cultura não se herda, conquista-se”.
(André Malraux)
RESUMO
A mordida profunda ocorre quando os dentes da arcada dentária superior cobrem de
maneira exagerada ou total os dentes inferiores. Considerada um tipo de má
oclusão, esse problema é muito comum em crianças, mas pode afetar adolescentes
e adultos. Existem diversas causas que podem levar à mordida profunda, incluindo
até o fator genético. O desenvolvimento irregular dos ossos maxilares ou a perda de
dentes posteriores podem afetar o crescimento e posicionamento da mandíbula e
levar à mordida profunda. Segundo a Organização Mundial da Saúde, as más
oclusões dentárias são o terceiro problema odontológico de saúde pública no mundo
e apresentam uma elevada prevalência, em ambas as dentições, decídua e
permanente. Portanto, más oclusões são comuns e devem ser tratadas para evitar
danos estéticos e funcionais. No tratamento, temos essencialmente a intrusão de
dentes anteriores, extrusão de dentes posteriores e a combinação destas duas
técnicas, quando possível a vestibularização. O objetivo do estudo foi realizar uma
revisão na literatura atual disponível, para levantar e apresentar as características e
aspectos principais da mordida profunda como sua etiologia, incidência e
tratamento.
Palavras-Chave: Mordida profunda. Ortodontia. Má oclusão.
ABSTRACT
The deep bite occurs when the teeth of the upper dental arch cover the lower teeth in
an exaggerated or total way. Considered a type of malocclusion, this problem is very
common in children, but it can affect teenagers and adults. There are several causes
that can lead to a deep bite, including the genetic factor. The irregular development
of the jaw bones or the loss of posterior teeth can affect the growth of the jaw and
lead to a deep bite. According to the World Health Organization, dental
malocclusions are the third public health dental problem in the world and have a high
prevalence, in both dentitions, deciduous and permanent. Therefore, exaggerated
overbites are common in several types of malocclusions and must be treated to avoid
aesthetic and functional damage. In the treatment from the orthodontic point of view,
we have essentially the intrusion of anterior teeth, extrusion of posterior teeth and the
combination of these two techniques, usually with the use of orthodontic and
orthopedic appliances. The objective of the study was to conduct a review of the
current available literature, to raise and present the main characteristics and aspects
of the deep bite such as its etiology, incidence and treatment.
Keywords: Deep bite. Orthodontics. Malocclusion.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – Oclusão Normal...............................................................................18
FIGURA 2 – Mordida Profunda............................................................................18
FIGURA 3 – Tratamento ortodôntico: alinhamento e nivelamento..................22
FIGURA 4 – Fotos extra e intra bucais após término do tratamento...............23
FIGURA 5 – Ilustrações de duas formas de intrusão de incisivos utilizando
miniimplantes........................................................................................................26
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 12
2 PROPOSIÇÃO 14
3 REVISÃO DA LITERATURA 15
3.1 Mordida Profunda 15
3.2 Incidência 17
3.3 Etiologia 19
3.4 Tratamento 20
4 DISCUSSÃO 28
5 CONCLUSÃO 32
REFERÊNCIAS 33
12
1 INTRODUÇÃO
A oclusão dentária é uma estrutura composta pelos maxilares, pela
articulação temporomandibular e músculos depressores e elevadores da mandíbula.
O conceito de oclusão ideal leva em consideração o relacionamento ântero-
posterior, transversal e vertical dos dentes. No relacionamento vertical, consideram-
se normais os dentes superiores anteriores sobrepassarem os inferiores de 2 a 3
mm, porém algumas pessoas podem apresentar uma má oclusão conhecida como
sobremordida (PROFFIT, 1995).
Entre os principais fatores que influenciam para o desenvolvimento de má
oclusão estão as alterações na função mastigatória, a cárie dental, a perda
prematura dos dentes decíduos, as alterações no posicionamento lingual, os hábitos
de sucção e respiração bucal (SADAKYIO et al., 2004).
Dentre as más oclusões, uma das características que merecem maior
atenção e cuidado é a mordida profunda ou sobremordida profunda. Nestes casos,
ocorre que os movimentos mandibulares de lateralidade e protrusão são limitados, o
que pode causar problemas na articulação temporomandibular e interferir no
processo de crescimento e desenvolvimento facial (PINTO, 2009).
Os dados do primeiro levantamento epidemiológico de saúde bucal nacional a
avaliar a má oclusão, realizado em 2002-2003, apontaram que 36,5% das crianças
de cinco anos de idade apresentaram má oclusão. Os dados preliminares da
Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – 2010, apontaram que 38% das crianças, aos
12 anos, apresentaram problemas de oclusão.
A má oclusão é caracterizada por uma relação anormal dos dentes e o arco
dentário, que apresenta um contato indesejável com os elementos do arco
antagonista, sendo que sua causa é multifatorial, causada por uma interação de
fatores hereditários, congênitos, adquiridos, biomecânicos, morfológicos e
ambientais de ordem local ou geral, bem como pela presença de hábitos bucais
prejudiciais (CAMPOS et al, 2013).
13
Segundo a Organização Mundial da Saúde, as más oclusões dentárias são o
terceiro problema odontológico de saúde pública no mundo, após a cárie e a doença
periodontal e apresentam uma elevada prevalência, em ambas as dentições,
decídua e permanente (OMS, 2015).
Sua prevalência entre os brasileiros é alta, atingindo 10,8% da população,
com maior incidência entre os homens e na dentição mista. Essa alta incidência,
associada aos grandes incômodos que provoca nos pacientes, justificam os estudos
que se debruçam sobre suas características, como base para o aprimoramento dos
métodos de tratamento (BRITO e MACHADO, 2011).
Segundo Moro e Santos (2017), a mordida profunda não tratada, define uma
relação traumática entre incisivos, e um “desequilíbrio entre maxila e mandíbula,
podendo desencadear periodontopatias, interferências na abertura e fechamento da
boca, alterações da articulação temporomandibular e do sistema estomatognático
como um todo”.
Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo realizar uma revisão na
literatura atual disponível para levantar e apresentar as características e aspectos
principais da mordida profunda relatados pelos estudiosos.
14
2 PROPOSIÇÃO
O estudo foi realizado utilizando-se a metodologia da Pesquisa Bibliográfica
Descritiva, que é desenvolvida a partir de materiais publicados em livros, artigos,
dissertações e teses. Inicialmente foi realizada uma busca de artigos científicos e
materiais relacionados ao tema em pauta, nos principais bancos de dados (SCIELO,
LILACS, BVS, Google Acadêmico e PUBMED). Na sequência foi feita uma leitura
crítica e seletiva do material encontrado, para a seleção daqueles a serem utilizados
no estudo baseados na temática.
15
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Mordida Profunda
A incidência de muitas más oclusões é resultado da combinação de pequenos
desvios da normalidade. A ocorrência desses desvios ajuda a desenvolver um
problema que precisa ser resolvido no período da dentição decídua, recuperando a
integridade e o equilíbrio facial (SÔNEGO et al., 2016).
A mordida profunda é um tipo de má oclusão vertical devido a diversos
fatores, necessitando um diagnóstico preciso e específico. Os casos, em sua
maioria, são menos compreendidos e os mais difíceis de se tratar com sucesso e
estabilidade. A origem dessa má oclusão pode ter como fatores as alterações de
crescimento na mandíbula e/ou maxila, modificações na função dos lábios e língua
e, essencialmente, as alterações dentoalveolares. No caso das alterações
dentoalveolares tratam-se das condições de suprairrupção de incisivos, infrairrupção
de molares ou a combinação de ambas (BRITO et al., 2011).
Segundo a Organização Mundial da Saúde, as três doenças orais com maior
índice de ocorrência na população mundial são: Cáries, Periodontopatias e
Oclusopatias, onde está incluída a mordida profunda.
Ainda segundo a OMS, é caracterizada como má oclusão, o conjunto de
anomalias dentofaciais que causam deformação ou impedem a função e que,
portanto, requerem tratamento (BELLOMO JR, 2015).
Alguns autores propuseram classificações para as más oclusões, buscando
agrupar os indivíduos com características semelhantes em diferentes classes ou
padrões. O método classificatório tem como principal objetivo estabelecer
parâmetros para um bom diagnóstico, com consequente planificação eficaz do
tratamento e avaliação dos resultados obtidos. Além disso, possibilita a criação de
uma linguagem ortodôntica universal que facilita sobremaneira a troca de
informações entre os profissionais e a comparação entre os casos (MALTAGLIATI et
al, 2016).
16
Embora milhões de pessoas sejam submetidas a tratamento ortodôntico, as
causas da má oclusão ainda não foram claramente determinadas. Esse certamente
é um paradoxo para um mundo contemporâneo que se esforça para oferecer
evidências de fatos (NORMANDO, 2016).
Segundo Carvalho (2017) a oclusão é considerada normal quando apresentar
valores de 2 a 3 mm ou um terço da coroa clínica. Valores acima disso são
considerados casos de mordida profunda. As más oclusões são difíceis de definir,
diferentemente de outras questões de saúde bucal, destacando a importância de
uma definição clara, bem como uma melhoria nos critérios de diagnóstico para
obtenção de dados epidemiológicos sobre essas questões, a fim de facilitar o
planejamento de prevenção e cuidados em saúde pública (FREITAS et al, 2017). O
crescimento e desenvolvimento da estrutura craniofacial e, consequentemente, a
oclusão dentária, sofrem influências ambientais através da respiração,
amamentação, mastigação, hábitos (uso de mamadeira e / ou chupeta) e deglutição
(CARVALHO, 2017). Dentre outros fatores, o escasso fluxo nasal e a ausência de
pressão da língua contra o palato levam à hipoplasia do seio maxilar, ao
estreitamento das cavidades nasais e da arcada dentária superior, o que favorece a
má oclusão dentária (FREITAS et al, 2017).
As evidências indicam a importância do diagnóstico precoce de anomalias
dentárias, pois favorecem o prognóstico, melhor planejamento do tratamento
ortodôntico e / ou cirúrgico-protético e podem prevenir ou minimizar intervenções
extensas e / ou interceptar em problemas de desenvolvimento da dentição
permanente (GIFFONI et al, 2017).
A mordida profunda expressa a condição clínica na qual os incisivos
superiores recobrem os incisivos inferiores em níveis maiores do que os padrões de
normalidade. Trata-se de “um conjunto de características esqueléticas, dentárias e
neuromusculares que gera uma quantidade excessiva de trespasse vertical na
região dos incisivos” (CARVALHO, 2017).
Os problemas no processo de desenvolvimento do aparelho estomatognático
podem aparecer logo nos primeiros meses de vida (SÔNEGO et al., 2016).
17
3.2 Incidência
Uma mordida exagerada é uma incompatibilidade vertical de causas
multifatoriais que requer individualização, hipóteses de tratamento bem organizadas
e específicas. Este tipo de má oclusão é o menos frequentado por profissionais da
área odontológica e o mais difícil de tratar e estabilizar com sucesso. (BRITO et al.,
2011).
Em 1899, Edward H. Angle classificou decisivamente as más oclusões. Logo
depois, essas classificações foram reconhecidas pelos ortodontistas e estimularam
muitos estudos e publicações sobre a incidência e prevalência de más oclusões na
população global (BITTENCOURT e MACHADO 2010).
Problemas durante o desenvolvimento da mandíbula oral ocorrerão durante
os primeiros meses de vida (SÔNEGO et al., 2016).
Moura et al (2013) afirmaram que a sobremordida pode ser encontrada nas
más oclusões de Classe I, II e III, que são caracterizadas por sobreposição vertical
excessiva entre os arcos dentários superiores e inferiores, porque existem mais de
duas sobreposições.
A mordida profunda pode estar relacionada à perda de dentes posteriores, à
retração da mandíbula e à altura do ramo mandibular e aos padrões faciais, ao
desgaste dos dentes posteriores, ao comprimento dos incisivos superiores e
inferiores, à altura da cúspide e ao crescimento vertical da mandíbula. (SILVA et al.,
2017). Portanto, oclusões exageradas são comuns em vários tipos de más oclusões
e devem ser tratadas para evitar danos estéticos e funcionais. (SILVA et al., 2017).
Em outras palavras, “a mordida pode estar relacionada à erupção excessiva
dos incisivos superiores e inferiores, à falta de germinação dos dentes posteriores e
à mordida oclusal bucal de todos os dentes posteriores da mandíbula superior”.
(MAIA et al., 2008)
Thomaz et al (2018) avaliaram a prevalência de algumas maloclusões na
dentição decídua, dentre elas, a sobremordida profunda, que é uma anomalia que se
18
caracteriza pela presença de um trespasse vertical acentuado na região anterior da
arcada dental. Foi considerado como sobremordida profunda quando os incisivos
superiores recobrem mais de 2 mm os incisivos inferiores. Neste estudo, foram
avaliadas 989 crianças entre 2 e 5 anos, sendo 519 (52,5%) eram meninos e 470
(47,5%) meninas, os resultados revelaram um elevado número de crianças que
ainda na dentição decídua apresentam maloclusões, sendo a prevalência maior de
protrusão dos incisivos superiores o que corresponde a 36,1% das crianças, e a
maloclusão de sobremordida profunda esteve presente em 16,7% das crianças. Em
relação à sobremordida profunda observou-se ainda que não houve diferença
significativa em relação ao gênero, porém constatou-se a sua diminuição com o
avanço da idade. Esses resultados demonstram a importância de se realizar
medidas preventivas e educativas ainda durante a dentição decídua a fim de se
evitar que essas maloclusôes se perpetuem nas fases posteriores do
desenvolvimento dentário.
Exemplo comparativo entre a oclusão normal (fig.1) e a mordida profunda
(fig.2):
Fig. 1 – Oclusão Normal
Fonte: Almeida (2011)
Fig. 2 – Mordida Profunda
Fonte: Almeida (2011)
19
3.3 Etiologia
A importância da correção da mordida profunda no tratamento ortodôntico
levou os clínicos a estudarem seu tratamento em profundidade. Portanto, é
necessário entender a etiologia e a localização do problema para selecionar o
melhor tratamento e determinar o prognóstico (TERADA, 2001).
Para Cantadori et al. (2003), a sobremordida está associada a três fatores:
ocorrência de recessão gengival, interferência na abertura da mandíbula e
movimento lateral durante a mastigação e problemas nas articulações
temporomandibulares.
Maheswari et al. (2006) relataram que, em muitos casos, os incisivos
superiores e inferiores inclinam ou deixam um pequeno espaço para movimentar os
dentes, portanto, os problemas causados por oclusão profunda inadequada estão
relacionados ao atrito dos incisivos. Além dos problemas periodontais dos dentes
anteriores inferiores, lesão gengival dos incisivos superiores, recessão gengival dos
incisivos inferiores e problemas na ATM, também pode causar sensibilidade nessa
área.
Segundo Mota (2008), “ a etiologia desta má oclusão tem sido estudada e tem
relação com as alterações de crescimento das bases ósseas, modificações
funcionais do sistema estomatognático e alterações dentoalveolares”.
Almeida (2011) explica que a má oclusão é um defeito físico, pois consiste na
má relação entre a maxila e a mandíbula. Ocorre quando não há um encaixe exato
entre as arcadas dentárias, podendo prejudicar o desenvolvimento ósseo da face e
das articulações temporomandibulares (ATM). Além disso, a autora destaca que é
preciso levar em consideração a função, ou seja, a avaliação somente pela via
estática não é suficiente para estabelecer um diagnóstico preciso e definitivo. Pode
ocorrer de uma oclusão estática ser perfeita e, no entanto, nos movimentos de
lateralidade observar que aquela boca esteticamente bonita não é funcional.
Na má oclusão o fator hereditário (genética) responde por 40%, enquanto
60% dependem do meio ambiente.
20
Causas ambientais responsáveis pela má oclusão:
- Hábitos bucais: chupeta, dedo, mamadeira, etc;
- Problemas respiratórios: adenóide, rinite, sinusite, etc;
- Alterações funcionais: alimentação pastosa ou líquida, que não oferece estímulo de
atrição aos dentes, que não estimula a função;
- Perda precoce de dentes decíduos;
- Influências nutricionais;
- Alterações hormonais;
- Traumas e tumores.
3.4 Tratamento
Burstone (2001) descreveu um artigo no qual propôs a correção da
sobremordida profunda utilizando dois dispositivos como métodos de tratamento que
são: o arco de intrusão contínuo e o arco de três peças. Para a utilização do arco
contínuo se faz necessário a confecção de uma boa unidade de ancoragem na
região posterior dos dentes.
Os dentes anteriores são conectados com um segmento de arco
0.017"X0.025" ou 0.016"x0.022" de TMA. É realizado um arco de intrusão com
Bypess no canino que será inserido nos tubos auxiliares das bandas dos primeiros
molares e realizará força de intrusão nos incisivos. Conforme o arco for forçado até
os incisivos centrais ou laterais, forças simples são direcionadas para que ocorra o
movimento de intrusão. Durante a intrusão dos quatro incisivos superiores, por
exemplo, é realizada uma força de aproximadamente 60 gramas, ou seja, 15 gramas
para cada incisivo. Durante o movimento de intrusão a linha de ação de força tende
a passar à frente do centro de resistência dos dentes, fato este que ocasionara além
da intrusão uma vestibularização deste segmento de dentes. Em casos no qual o
21
paciente já apresenta os incisivos vestibularizados e não se deseja este efeito, o
dispositivo indicado para se conseguir intruir os dentes é o arco de intrusão de três
peças, este é similar ao arco contínuo e requer uma unidade de ancoragem estável
dos dentes posteriores e separados dos dentes anteriores. Ao invés de um arco
contínuo são confeccionados dois cantilevers direito e esquerdo e um segmento de
fio rígido de incisivo lateral direito a lateral esquerdo. Os cantilevers terminam na
distal dos incisivos laterais e realizarão uma força de intrusão neste segmento
anterior, quando a força está direcionada 90 graus em relação ao plano oclusal a
linha de ação de força estará próximo ao centro de resistência dos incisivos para
evitar a vestibularização e linguoversão dos dentes anteriores (BURSTONE, 2001).
Técnicas diferentes para intrusão anterior usando arcos auxiliares têm sido descritos
1950. Em todos os casos, os arcos segmentados incorporaram curvas de inclinação
distal da coroa dos molares, exercendo assim uma força intrusiva sobre o incisivo.
De um modo geral, estes autores sugerem que a principal vantagem do arco de
intrusão é que permite prever a direção e magnitude das forças sobre os dentes e os
seus efeitos nos domínios de ação e reação (BURSTONE, 2001).
Segundo Nanda e Kuhlberg (2007) o mais comum na clínica ortodôntica é o
uso de mecânicas extrusivas com os aparelhos fixos. Em situações de sobremordida
exagerada, o procedimento de alinhamento e nivelamento com o uso de fios
contínuos promove, em grande parte das vezes, a extrusão de dentes posteriores.
Da mesma forma, o uso de arcos para manipular a curva de Spee (com curva
acentuada no superior e reversa no inferior), independentemente do tipo de liga,
promove a extrusão dentária posterior, principalmente de pré-molares,
acompanhada da vestibularização de incisivos.
22
Fig. 3 – Tratamento ortodôntico: Alinhamento e Nivelamento
Fonte: Terada (2001)
Em resumo, a extrusão de dentes posteriores está bem indicada em
pacientes em crescimento, quando se deseja aumentar a altura facial anteroinferior,
bem como a convexidade facial, girar o plano mandibular para posterior e corrigir
eventuais alterações de postura labial (BRITO, 2011).
Para a correção da mordida profunda se faz necessário um diagnóstico
apropriado e a elaboração de um plano de tratamento individual, podendo assim,
executar eficazes mecânicas de tratamento, associação do plano de intervenção e
das mecânicas e tem por fim obter um melhor resultado estético e com isso
minimizar as recidivas durante a fase de pós-contenção (BRITO, 2011).
Hoje, falar sobre tratamento ortodôntico se refere a técnicas que foram
extensivamente modificadas e influenciaram significativamente a profissão, como a
introdução de colagem direta e materiais cimentícios mais eficazes, o uso de
suportes cerâmicos e o uso de fios mais versáteis. Isso representa uma revolução
ao mesmo tempo que a realização de equipamentos de pré-ajustados. (AYALA et al,
2011).
23
Fig. 4 – Fotos extra e intra bucais após o término do tratamento
Fonte: Terada (2001)
Para a correção da sobremordida profunda há três métodos diversos de
tratamento que é a intrusão de dentes anteriores, a extrusão de dentes posteriores
ou a combinação de ambas. (BRITO et al, 2011). No tratamento da mordida
profunda, devido à sua complexidade, podem ser utilizados aparelhos ortodônticos e
ortopédicos, e mais de uma mecânica pode ser usada, se necessário (MORO e
SANTOS, 2017). Na análise de Moura et al, (2013) a sobremordida, também
chamada de mordida profunda, pode ser encontrada nas más oclusões de Classes I,
II e III, tendo como característica principal um trespasse vertical excessivo entre o
arco dentário superior e o inferior, pois ultrapassa dois a três milímetro. A correção
da sobremordida é um fator fundamental do tratamento ortodôntico já que pode
ocasionar problemas na Articulação Têmporo Mandibular (ATM), na saúde
periodontal e na estética facial (PRIETO, 2014). Cada mecânica possui a sua
indicação, pois a escolha depende do padrão de crescimento do paciente, do grau
de severidade da sobremordida profunda, da classificação da máloclusão, da
estética, da inclinação do plano oclusal e da análise da curva de Spee, linha do
sorriso, comprimento do lábio superior, e dimensão vertical (PRIETO, 2014). Ambos
os dispositivos apresentam suas indicações específicas, que devem ser observadas
pelos ortodontistas quando optarem pelo o seu uso. Por isso a importância de um
correto diagnóstico na realização do plano de tratamento. O uso da placa de
mordida provisória fixa (PMPF) é recomendável como auxiliar na correção da
sobremordida profunda em casos de pacientes braquicefálicos e mesocefálicos,
24
visão preconizada por Prieto e Oshiro (2014) que demonstraram em seus estudos a
construção laboratorial e a aplicação clínica da PMPF.
Durante o planejamento do tratamento ortodôntico corretivo é necessário
avaliar qual dispositivo será utilizado como método de ancoragem, pois os
mecanismos convencionais muitas vezes dependem da colaboração por parte do
paciente e ainda apresentam movimentações na unidade de ancoragem. Com o
advento da osteointegração, surgiram os miniimplantes, visando substituir os
métodos convencionais, que são dispositivos intra-orais instalados na boca do
paciente, que anulam qualquer movimentação na unidade de ancoragem,
diminuindo a necessidade de cooperação por parte do paciente, possibilitando ao
profissional um maior controle sobre o resultado do tratamento (OLIVEIRA et al.,
2015). O procedimento ortodôntico com arcos segmentados oferece uma alternativa
vantajosa para a intrusão de dentes anteriores, em comparação a técnica do arco
reto, que pode produzir uma maior inclinação dos incisivos, assim como a
instabilidade dos resultados (OLIVEIRA, 2015).
Os minimplantes vêm sendo utilizados para a realização de movimentos que
até então apresentavam muitas limitações, dentre eles estão a intrusão de dentes
anteriores, que é uma mecânica muito utilizada em pacientes que apresentam
maloclusão, associada a sobremordida profunda (JANSON e PITHON, 2016).
O tratamento corretivo pode ser realizado com a intrusão de dentes
anteriores, a extrusão de dentes posteriores ou a associação das duas técnicas.
Para o planejamento da mecânica a ser empregada devemos levar em consideração
o padrão de crescimento associado a uma análise facial. A extração de pré-molares
não implica na estabilidade da correção da sobremordida profunda. E a indicação de
cirurgia ortognática para pacientes adultos com sobremordida severa é a melhor
saída para esse problema tão complexo (JANSON e PITHON, 2016).
A correção ortodôntica de mordida profunda pela intrusão dos incisivos
inferiores e/ou superiores é indicada para os casos que apresentam extrusão de
incisivos, em pacientes com aumento de dimensão vertical, exposição excessiva dos
incisivos em repouso, sorriso gengival, ou o aumento da diferença Inter labial, maior
do que 4 mm. A placa de mordida provisória fixa consiste em 4 grampos dois que
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englobam os incisivos laterais superiores e dois na região de pré-molares, ainda
resina acrílica posicionada na região da pré-maxila. Esta placa é fixa e cimentada
com ionômero de vidro na região lingual e com resina nos grampos. Foi apresentado
2 casos clínicos, o primeiro paciente do gênero masculino, com 12 anos e 11 meses,
mesofacial, portador de maloclusão de Classe II, div 1ª, de Angle com incisivos
superiores vestibularizados, curva de spee acentuada, perfil convexo e
sobremordida profunda (10mm). Foi utilizado mecânica de distalização superior
através do uso de arco extrabucal tração cervical e elásticos de Classe II e o uso da
PMPF que proporcionou uma desoclusão posterior e a possibilidade de montagem
do arco inferior. A utilização desse dispositivo resulta nos seguintes efeitos clínicos:
desoclusão desejada para a montagem imediata do aparelho fixo inferior auxilia na
planificação da curva de spee, maior liberdade de distalização na correção da
Classe II, pela ausência da Inter digitação posterior; facilita a correção das mordidas
cruzadas. Pode-se concluir que a PMPF se constitui num dispositivo auxiliar no
tratamento da mordida profunda, apresentando sua indicação e aplicabilidade
especifica, ainda é de fácil construção, não depende da colaboração do paciente por
ser um dispositivo fixo e não causar desconforto, além de seus excelentes
resultados relatados. A intrusão dos incisivos é apontada como um dos movimentos
possíveis com o auxílio da ancoragem esquelética. A posição ideal para instalação
dos miniimplantes com a finalidade de intruir incisivos depende da inclinação destes.
Em casos com incisivos verticalizados ou retro-inclinados, como na Classe II divisão
2, de Angle, pode-se utilizar um único minimplante na linha média próximo à espinha
nasal anterior. Para a intrusão de incisivos inferiores o miniimplante deve ser
posicionado o mais baixo possível entre os incisivos centrais. Nesta situação a linha
de ação de força passará bem à frente do centro de resistência do conjunto, gerando
um efeito de intrusão e proclinação das unidades dentárias superiores e inferiores
(CARVALHO, 2017). Caso não se queira a projeção destas unidades pode-se utilizar
dois minimplantes, posicionando-os entre centrais e laterais ou entre laterais e
caninos, fazendo com que a linha de ação de força passe próximo do centro de
resistência do conjunto formado pelos dentes que estão sendo movimentados
(ARAUJO, 2017).
26
Figura 5 – Ilustrações de duas formas de intrusão de incisivos utilizando
miniimplantes
Fonte: Carvalho (2017)
Silva Filho et al (2017) demonstraram um método simples para a correção da
sobremordida profunda, através da técnica de extrusão dos dentes posteriores. A
paciente do sexo feminino apresentava maloclusão classe I, de Angle, com
sobremordida profunda severa e leve apinhamento anteroinferior.
O protocolo clínico iniciou-se com o alinhamento do arco superior com fio
contínuo até que se atinja o arco de aço retangular 0.019" X 0.025". Posteriormente
foi realizada a colagem dos bráquetes no arco inferior, porém como os incisivos
superiores recobriam totalmente os incisivos inferiores, optou-se por realizar um
levante de mordida anterior utilizando acessórios palatinos “Stop Guia”, para se
definir a altura em que os acessórios deveriam ser colados, utilizou-se uma placa de
mordida posterior em cera para determinar a quantidade de desoclusão necessária
para a correção da sobremordida profunda. Para potencializar o efeito de extrusão
dos dentes posteriores utilizaram-se elásticos intermaxilares. A mecânica mostrou-se
eficaz e de fácil execução. Para Araújo et al., (2017) uma terapia ortodôntica bem-
sucedida depende do planejamento criterioso do sistema de ancoragem. Barra
lingual, barra transpalatina, botão de Nance, elásticos intermaxilares e aparelho
extra bucal são efetivos, porém, permitem uma certa movimentação da unidade de
ancoragem ou são dependentes da colaboração do paciente.
Atualmente os ortodontistas podem lançar mão da ancoragem esquelética a
qual não permite a movimentação da unidade de reação. Os autores baseados na
27
literatura e em experiência clínica abordam diversos aspectos referentes aos
miniimplantes ortodônticos entre eles: tipos de movimentação ortodôntica a que se
aplicam associados a função específica e locais de inserção.
4 DISCUSSÃO
28
Burstone (2001) defende a opção de intrusão, por métodos como o arco de
intrusão de três peças, cantilevers, fio rígido entre outros. De um modo geral, esse
autor sugere que a principal vantagem do arco de intrusão é que permite prever a
direção e magnitude das forças sobre os dentes e seus efeitos nos domínios de
ação e reação. O uso deste dispositivo resulta em resultados clínicos como:
desoclusão desejada para montagem imediata do aparelho fixo inferior, auxilia na
planificação da curva de Spee, maior liberdade de distalização na correção da
classe II, pela ausência da Inter digitalização posterior e facilita a correção das
mordidas cruzadas (BURSTONE, 2001).
Cantadori et al (2003) associação a mordida profunda a três fatores:
ocorrência de recessão gengival, interferência na abertura da mandíbula e
movimento lateral durante a mastigação e problemas nas articulações
temporomandibulares.
Já Nanda e Kuhlberg (2007) defendem a extrusão. Afirmam que em situação
de sobremordida exagerada, o procedimento de alinhamento e nivelamento com o
uso de fios contínuos promove, em grande parte das vezes, a extrusão de dentes
posteriores.
Para Mota (2008), “a etiologia desta má oclusão tem sido estudada e tem
relação com as alterações de crescimento das bases ósseas, modificações
funcionais do sistema estomatognático e alterações dentoalveolares”.
Brito (2011) partilha da mesma opinião e relata que a extrusão dos dentes
posteriores está bem indicada em pacientes em crescimento, quando se deseja
aumentar a altura facial anteroinferior, bem como a convexidade facial, girar o plano
mandibular para posterior e corrigir eventuais alterações de postura labial.
Para Sônego et al (2016) a maioria das más oclusões seriam o resultado de
uma combinação de pequenos desvios da normalidade.
Com relação à incidência destas más oclusões, Sônego et al (2016) afirmam
que problemas na oclusão podem aparecer nos primeiros meses de vida.
29
Para Brito et al (2011), os casos em sua maioria são menos compreendidos e os
mais difíceis de se tratar com sucesso e estabilidade.
Na busca por esclarecimentos sobre a origem desta má oclusão, Brito et al
(2011) sugerem que esta condição pode ter como fatores as alterações de
crescimento na mandíbula e/ou maxila, modificação na função dos lábios e línguas,
bem como alterações dentoalveolares.
Sobre o tratamento da mordida profunda, os autores dos estudos possuem
opiniões e conclusões bem alinhadas entre si. Em sua grande maioria os
tratamentos devem ser baseados em planos individuais, considerando caso a caso e
as alternativas referidas, em geral, são três: intrusão de dentes anteriores, extrusão
de dentes posteriores ou a combinação das duas modalidades.
Moro et al (2013) reforçam que para o tratamento podem ser utilizados aparelhos
ortodônticos e ortopédicos, se necessário.
Cada mecânica possui sua indicação, pois a escolha depende do padrão de
crescimento do paciente, do grau de severidade da sobremordida profunda, da
classificação da máoclusão, da estética, da inclinação do plano oclusal e da análise
da curva de Spee, linha do sorriso, comprimento do lábio superior e dimensão
vertical (PRIETO, 2014).
A Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo estudos, considera que as
três doenças orais mais frequentes na população mundial são: Cáries,
Periodontopatia e Oclusopatias, incluindo nesta última a mordida profunda
(BELLOMO JR, 2015).
Nos casos de intrusão de dentes anteriores, Janson et al (2016) defendem o
uso de miniimplantes para a realização de movimentos que até então apresentavam
muitas limitações, dentre eles estão a intrusão de dentes anteriores, que é uma
mecânica muito utilizada em pacientes que apresentam maloclusão, associada a
sobremordida profunda. Afirmam que para o planejamento da mecânica a ser
30
empregada deve ser levado em consideração o padrão de crescimento associado à
uma análise facial. Observam também que a cirurgia ortognática pode ser a melhor
solução para alguns casos.
Normando (2016) afirma que, embora milhões de pessoas sejam submetidas
a tratamento ortodôntico, as causas ainda não foram claramente identificadas. Nesta
linha, Carvalho (2017) cita prováveis causas que influenciam neste problema, como
o crescimento e desenvolvimento da estrutura craniofacial, influências ambientais
através da respiração, amamentação, mastigação, hábitos como o uso de
mamadeiras e chupetas e deglutição.
Na definição de Carvalho (2017), a oclusão é considerada normal quando
apresentar valores de 2 a 3mm ou um terço da coroa clínica. Valores acima disso
são casos de mordida profunda.
Freitas et al (2017) alertam sobre a importância de uma definição clara, bem
como a melhoria nos critérios de diagnóstico para obtenção de dados sobre estas
questões, para facilitar o planejamento de prevenção e cuidados em saúde pública.
Dentre outros fatores relacionados, está o escasso fluxo nasal e a ausência
de pressão da língua contra o palato que levam a hipoplasia do seio maxilar, ao
estreitamento das cavidades nasais e da arcada dentária superior (FREITAS et al,
2017).
Para Almeida et al (2018), a mordida profunda expressa uma condição clínica
na qual os incisivos superiores recobrem os incisivos inferiores em níveis maiores do
que os padrões de normalidade, sendo então “ um conjunto de características
esqueléticas, dentarias e neuromusculares que gera uma quantidade excessiva de
trespasse vertical na região dos incisivos.
Thomaz et al (2018) em seus estudos revelaram um elevado número de
crianças ainda na dentição decídua apresentam maloclusões, sendo a prevalência
maior de protrusão dos incisivos superiores e a maloclusão de sobremordida
profunda. Já no tocante à etiologia das más oclusões e mordida profunda, alguns
31
estudiosos possuem suspeitas de sua causa, variando um pouco suas conclusões,
mas com uma relação direta entre elas.
Terada (2018) reforça que é necessário entender a etiologia e localização do
problema para selecionar o tratamento mais adequado e determinar o prognóstico.
Almeida (2018) considera que a má oclusão é um defeito físico que ocorre quando
não há um encaixe exato entre as arcadas dentárias, podendo prejudicar o
desenvolvimento ósseo da face e das articulações temporomandibulares. A autora
afirma ainda que o fator hereditário responde por 40%, enquanto 60% dependem do
meio ambiente.
Há um consenso entre os pesquisadores de que é possível concluir que a
Placa de Mordida Provisória Fixa se constitui num dispositivo auxiliar no tratamento
da mordida profunda, apresentando sua indicação e aplicabilidade específica, ainda
é de fácil construção, não depende da colaboração do paciente por ser um
dispositivo fixo e não causar desconforto, além de seus excelentes resultados
relatados.
5 CONCLUSÃO
32
A pesquisa permitiu concluir que diante uma análise da etiologia é possível
realizar um bom e correto diagnóstico para traçar o plano de tratamento, levando-se
em consideração também outros fatores que influenciam na avaliação da mordida
profunda, como a saúde periodontal, quantidade de sobremordida, inclinação axial
dos incisivos e espaço inter-oclusal.
A etiologia está relacionada mais frequentemente com alterações do
crescimento das bases ósseas, modificações do sistema estomatognático e
alterações dentoalveolares. Também devem ser levados em conta os fatores
hereditários e ambientais.
Com relação à incidência, a mordida profunda se apresenta ainda na infância
sem distinção entre gêneros masculino e feminino.
Ao propor o tratamento clínico, deve-se levar em consideração as
necessidades pessoais de cada paciente no que se refere à estética facial,
relacionamentos dentoalveolares, plano oclusal e padrão esquelético.
Ainda sobre o tratamento, temos preponderantemente a intrusão de dentes
anteriores, extrusão de dentes posteriores e a combinação destas duas técnicas,
normalmente com o emprego de aparelhos ortodônticos e ortopédicos.
Em todos os casos, para um tratamento eficaz deve ser realizado um pleno estudo e
plano de tratamento individualizado e adequado para cada caso.
Por fim, sugere-se a produção de outros estudos e pesquisas sobre o tema,
para que aumentemos o conhecimento literário e técnico, fomentando cada vez mais
o aprimoramento das técnicas com embasamento científico de qualidade.
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