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Paradigm As

O documento discute a importância da interdisciplinaridade na teoria da comunicação, enfatizando a necessidade de um paradigma mais robusto que vá além do modelo simplista de transmissão de mensagens. Propõe que a comunicação deve ser entendida como um processo dinâmico de produção e compartilhamento de sentidos, considerando o contexto social e cultural. A autora defende a construção de um olhar específico da comunicação que integre as relações entre interlocutores, práticas discursivas e a situação sociocultural.
Direitos autorais
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O documento discute a importância da interdisciplinaridade na teoria da comunicação, enfatizando a necessidade de um paradigma mais robusto que vá além do modelo simplista de transmissão de mensagens. Propõe que a comunicação deve ser entendida como um processo dinâmico de produção e compartilhamento de sentidos, considerando o contexto social e cultural. A autora defende a construção de um olhar específico da comunicação que integre as relações entre interlocutores, práticas discursivas e a situação sociocultural.
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TEORIA DA

COMUNICAÇÃO
Maressa Basso
[email protected]
paradigmas
é saudável e enriquecedor a abertura para buscar e assimilar as
contribuições advindas das várias áreas de conhecimento

Filosofia, Sociologia, Psicologia, Linguística, Semiótica, Antropologia,


Educação, Ciências da Informação, e até de campos mais distantes, como a
Física ou a Biologia.
para que nossa área não se feche, mas esteja atenta e
busque incorporar as diferentes reflexões que pontuam o
pensamento atual é fonte de permanente vitalidade
a preocupação com nossa especificidade não significa e
não pode ser tomada como uma atitude de fechamento, um
movimento de criar fronteiras e se tornar impermeável às
influências dos debates atuais
qualquer iniciativa nesta direção viria representar uma
postura retrógrada, imobilizadora – avessa ao espírito de
nossa época, que chama aos transbordamentos, às
confluências, à mistura, à hibridação
o campo da comunicação se encontra numa situação
privilegiada face a outras áreas

consolidadas, com uma tradição a preservar, e que, em


razão disto, se movem com mais dificuldade, se mostram
mais fechadas, mais rígidas, menos porosas.
a comunicação, com sua falta de tradição, nascida de uma
dinâmica interdisciplinar, terreno transdisciplinar, representa
muito bem a atmosfera atual, que estimula a diluição dos
feudos, das demarcações rígidas de terreno, e chama os
cruzamentos.
esse movimento de transgressão das fronteiras disciplinares não
anula a existência de diferentes perspectivas;

não significa que todos falam do mesmo lugar e a mesma coisa;

não quer dizer que todas as áreas produzam as mesmas leituras


significa, ao contrário, a proliferação dos “pontos de vista”
(lugares de onde se vê e se analisa a realidade);

a possibilidade de que as mesmas coisas sofram muitas e


variadas leituras
a comunicação surge – como uma
dessas perspectivas,
um desses “pontos de vista”
o lugar da comunicação permite/apresenta
um olhar próprio? Uma outra compreensão,
uma nova contribuição que vai se somar às
demais?
os avanços já alcançados ao longo do
século XX, resultado da confluência de
contribuições e dos esforço analítico
empreendido em torno das práticas
comunicativas, nos indicam claramente as
possibilidades do viés comunicacional.
a falta de especificidade não está, portanto,
nesta permanente irrigação, mas na
necessidade de melhor construção do
“lugar” da comunicação
as influências podem e devem vir
numerosas; mas é preciso organizar sua
absorção em função de um problema
específico, de uma questão própria – que é
a própria comunicação.
trata-se, em outras
palavras, do modelo
comunicativo, do
paradigma da área
retomando a discussão inicial, quando
falamos comunicação, estamos falando
de quê? Olhando o quê?
qual é o nosso paradigma?
a palavra paradigma vem sendo muito
dita atualmente, e sua aplicação
indiscriminada dilui o seu conteúdo. Ela é
usada de forma genérica para falar de
um modelo teórico, e com frequência é
tomada como sinônimo de teoria.
fala-se no paradigma da indústria cultural, paradigma
dos estudos culturais, paradigma das mediações

pergunta-se a um pesquisador ou sobre um estudo: “qual


é seu paradigma?”, para saber das referências teóricas
usadas
paradigma não é bem isso
se as teorias compreendem sistematizações de
conhecimentos, um corpo organizado de ideias, o
paradigma é o esquema organizador das teorias
o paradigma direciona a apreensão e o
tratamento das teorias; ele é definidor das
perguntas a serem respondidas.
o paradigma conduz o processo de
conhecimento, ordenando a iluminação
trazida pelas teorias
quando usamos o conceito de indústria cultural,
por exemplo, ou de mediações culturais, eles não
são nossos paradigmas – são conceitos,
referências teóricas que foram escolhidas e se
mostraram pertinentes para aquela análise
justamente em função do paradigma utilizado
quando falamos de paradigma da comunicação,
não estamos nos referindo propriamente às teorias
acionadas, mas ao esquema cognitivo que nos
conduz e nos instrui a ver uma coisa e não outra
o problema do objeto da comunicação – é que ela
tem sido pouco atenta àquilo que lhe é peculiar

trabalhando com muitos aportes, os estudos


respondem e analisam muitos aspectos
os estudos sobre a comunicação se utilizam de
teorias sociais elaboradas, mas trabalham com um
modelo comunicativo simplista e simplificador, que
é o paradigma informacional
o paradigma informacional entende a comunicação
como um processo de transmissão de mensagens de
um emissor para um receptor, provocando
determinados efeitos
pautado na naturalidade e evidência da lógica
transmissiva, as análises vão se ocupar dos seus
resultados: uma dada mensagem foi ou não bem
transmitida, provocou que tipo de efeitos
um segundo caminho é estudá-los separadamente:
estuda-se a lógica da produção, dos emissores; a
característica dos meios (natureza técnica, modos
operatóricos); as mensagens (conteúdos); a posição e
atitude dos receptores
diferentes teorias e métodos (buscados na
sociologia, política, psicologia social) são acionados
para falar de cada um - faz-se uma
sociologia dos emissores, uma análise político-
ideológica das mensagens e assim por diante
paradigmas fragmentados
e descontruídos
DE ORDEM DE CONFLITO

americano marxista
administrativo crítica
o modelo semiótico-informacional acrescenta ao primeiro a
compreensão da natureza semiótica das mensagens: mais do
que um material inerte transportado, as mensagens são
unidades de sentido.

essa compreensão provoca um movimento analítico centrado


nas estruturas de significação das mensagens. Este tipo de
estudo evoca particularmente a contribuição das ciências da
linguagem
o modelo semiótico-textual quebra o caráter unitário das
mensagens, e procura lê-las na sua intertextualidade
– desenvolvendo uma semiótica da cultura.

aqui, a presença e o papel dos sujeitos sociais, mesmo o


trabalho de produção e recepção, são negligenciados em
função da ênfase na dimensão simbólica e sentidos
produzidos.
podemos acrescentar também o modelo dialógico, que
distingue a comunicação (em contraposição à relação
informativa) a partir da bilateralidade do processo, da
igualdade de condições e funções estabelecidas entre os
interlocutores.

nesse modelo a ênfase é toda centrada na natureza da


relação entre os dois pólos, apagando ou desconhecendo os
demais aspectos do processo
não são muitos mais que esses os paradigmas disponíveis, e
sua fragilidade e/ou simplificação são responsáveis pela falta
de especificidade dos estudos da área: partindo de um lugar
com poucas perguntas, os estudos caminham um pouco à
deriva, respondendo e se ancorando mais no instrumental e
nas questões colocadas pelas demais áreas afins
com isso, notamos a necessidade de
um paradigma mais consistente e
complexo para consolidar a área da
comunicação
inúmeras reflexões contemporâneas, assim como
o resgate de trabalhos e autores mais antigos
não apenas atestam – pelo seu alcance – a
insuficiência do paradigma clássico (emissor /
receptor), como trazem os elementos e abrem os
caminhos que indicam uma outra forma de tratar
a comunicação:
um processo de troca, ação partilhada,
prática concreta, interação – e não
apenas um processo de transmissão de
mensagens

atenção à presença de interlocutores, à


intervenção de sujeitos sociais
desempenhando papéis, envolvidos em
processos de produção e interpretação de
sentidos – mais do que simples emissores
e receptores
identificação dos discursos, formas
simbólicas que trazem as marcas de sua
produção, dos sujeitos envolvidos, de seu
contexto – e não exatamente
mensagens

apreensão de processos produzidos


situacionalmente, manifestações
singulares da prática discursiva e do
panorama sócio-cultural de uma
sociedade - em lugar do recorte de
situações isoladas
a comunicação compreende um processo de
produção e compartilhamento de
sentidos entre sujeitos interlocutores, realizado
através de uma materialidade simbólica (da
produção de discursos) e inserido em
determinado contexto sobre o qual atua e do qual
recebe os reflexos
esta concepção, este esquema teórico de
apreensão – busca resgatar a circularidade e
globalidade do processo, a interrelação entre os
elementos
a especificidade do olhar da comunicação é
alcançar a interseção de três dinâmicas básicas:

o quadro relacional (relação dos interlocutores)

a produção de sentidos (as práticas discursivas)

a situação sócio-cultural (o contexto)


o processo comunicativo é algo vivo, dinâmico
lugar não apenas onde os sujeitos dizem, mas
também assumem papéis e se constroem
socialmente
espaço de realização e renovação da cultura
é promovendo essa interseção que o viés
comunicacional se coloca e se legitima como de
fato um outro “ponto de vista” (ponto de onde
se vê); um lugar frutífero para analisar e
compreender a realidade em que vivemos
a noção de comunicação, de processo
comunicativo deve ser suficientemente sólida e
articulada de forma a poder ser aplicada e
permitir a análise das mais diferentes
situações
a cobertura jornalística de um evento; as estratégias eleitorais de um político;
a política interna de comunicação de uma pequena empresa; uma campanha
publicitária de cunho social; a performance religiosa de um ritual religioso; a
relação comunicativa entre médico e paciente, e assim por diante

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