Ed, Movi Populares e Transformação
Ed, Movi Populares e Transformação
Movimentos Populares
e Transformação
Material Teórico
História dos Movimentos Sociais
Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Denise Jarcovis Pianheri
Revisão Textual:
Profª. Esp. Vera Lidia de Sá Cicaroni
História dos Movimentos Sociais
Esta unidade tem como tema principal os Movimentos Sociais no Brasil. O texto foi organizado
em fases históricas. Essa cronologia – baseada nos estudos de Gohn (2012) – contribui
para a percepção das ações coletivas, do ponto de vista não só da ordem de sucessão dos
acontecimentos, mas também das razões que levaram um acontecimento a outro.
A organização desta unidade apresenta o retorno a alguns assuntos já discutidos na unidade
anterior. Iniciamos situando as questões relativas à historicidade das divisões em classes
sociais. Também abordamos os movimentos identitários e culturais e, em seguida, pontuamos
os movimentos e as lutas sociais (como já citado) de acordo com a cronologia.
Fique atento a essa correlação de acontecimentos e observe a participação sociopolítica da
sociedade civil.
Para realizarmos aprofundamento da discussão acerca do tema, faremos uma atividade
reflexiva, com a escrita de um texto argumentativo. Participe dessa atividade, colocando em
prática o que foi estudado na unidade.
Como você já sabe, é muito importante aproveitar as indicações feitas no material teórico
e no material complementar. Elas favorecem a compreensão e completam o conteúdo
estudado, auxiliando-o no momento da realização das atividades tanto de sistematização do
conhecimento como de aprofundamento do tema.
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Unidade: História dos Movimentos Sociais
Contextualização
“Como pode o educador assumir o papel dirigente na sociedade se na sua formação o todo
social resume-se a uns poucos conhecimentos de métodos e técnicas pedagógicas ou a uma
história da educação que se perdeu no passado e nunca chega aos nossos dias? Como pode
uma nação esperar que as novas gerações sejam educadas para o progresso, o desenvolvimento
econômico e social, para a construção do bem-estar para todos, sem uma sólida formação
política?” (GADOTTI, 2010, p. 89).
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http://www.youtube.com/watch?v=406ujmrth_w
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1. Movimentos Sociais e Associações Civis
A conquista da cidadania, em nosso país, não se deu de modo linear e tranquilo, mas, ao
contrário, dependeu de várias lutas sociais.
Entretanto, apesar de ter sido uma grande conquista, ainda não se pode dizer que vivemos
em uma sociedade justa e igualitária. A esse respeito Cortella (2011) afirma:
“[...] a vida social é, também, uma vida política, isto é, configura-se como espaço de conquista
e manutenção de poder sobre os bens e pessoas, não havendo, ainda, sociedades complexas de
composição igualitárias.” (CORTELLA, 2011, p. 41).
É fato que as divisões de classe datam de muito tempo. Já no período clássico grego (V e IV
a.C.), pode-se observar a revelação de bases fundadoras da divisão de classes. Isso aparece
com maior evidência no Período Arcaico1, com a ocorrência de inúmeros conflitos sociais.
Seja em qual tempo for, as lutas e os movimentos sociais sempre são vistos como disfunções
da ordem social em vigor.
Segundo Gohn (2012), na história do nosso país, essas lutas pela conquista dos direitos ou
ações contra as injustiças que foram realizadas por diferentes classes e categorias aparecem nos
registros e estudos históricos como acontecimentos marginais. A respeito dessas manifestações,
a autora ainda ressalta que “várias transformaram-se em movimentos, lutas prolongadas ou até
guerras. Outras se institucionalizaram e foram incorporadas ou absorvidas pela sociedade civil
e política brasileira.” (GOHN, 2012, P. 7).
Na formação de classes sociais o poder econômico, ideológico e político é elemento constituinte
fundamental. E os “indivíduos dos grupos” são determinados pelo lugar que ocupam nessa
luta – dominados ou dominadores; subordinados ou mandantes; burgueses ou trabalhadores.
Portanto ser pertencente a uma classe implica a existência de problemas ou interesses comuns.
Mas a consciência de ser pertencente a uma determinada classe social não significa estar
satisfeito com essa condição; por isso muitas lutas foram desbravadas contra a dominação. Para
Gadotti (2010):
“Consciência de classe não significa apenas uma tomada de consciência
da realidade, acima de qualquer ato de transformação da sociedade. [...].
A libertação não se opera no interior da consciência dos homens, mas na
história que eles fazem.” (GADOTTI, 2010, p. 190).
Para conhecer um pouco mais sobre lutas de classes, leia o texto escrito por Carlos
Gomes sobre os antecedentes do capitalismo no site: http://www.eumed.net/libros-
gratis/2008a/372/LUTA%20DE%20CLASSES.htm
1 - Período após o período homérico, marcado pela consolidação de Cidades-Estado, principalmente as de Esparta, Tebas, Corinto e Atenas.
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Unidade: História dos Movimentos Sociais
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Leia o artigo de Joziane M. Fialho, no qual ela faz breves considerações sobre os Movimentos Sociais
no Brasil. Acesse: https://bit.ly/3SPp0d7
Esses novos movimentos podem ter sua identidade configurada pelo gênero, pela etnia, ou
pela geração (geração: em defesa dos idosos, jovens, etc.).
Os novos movimentos sociais foram fortalecidos e impulsionados pela promulgação, em
1948, da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Constituindo ponto de referência na luta
contra a discriminação e a favor do reconhecimento dos direitos.
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3. Movimentos e Lutas Sociais no Brasil nos séculos XIX
Na história do Brasil, nos períodos do Império e Colônia, os conflitos existentes eram similares
em diferentes regiões, apesar da vasta extensão territorial e da falta de comunicação existente
em nosso país. Segundo Gohn (2012), no século XIX, as lutas tinham como herança as lutas
sociais do século XVIII, por isso vamos relembrar algumas delas.
No século XVIII, a luta social era movida pelo desejo de libertação da Metrópole; seus líderes
eram “liberais radicais” inspirados nos modelos da Revolução Francesa e Revolução Norte-
americana (GOHN, 2012).
Começaremos pela Inconfidência Mineira (1789). Participaram
desse movimento as elites intelectuais, mineradores ricos ou
proprietários rurais, clérigos e militares. Este foi o primeiro movimento
a determinar claramente as intenções de separação da Metrópole.
Ele se deu a partir de três dimensões: a dimensão econômica,
pois havia uma insatisfação com a cobrança abusiva de impostos;
dimensão política, que surgia de uma ordem interna, devido às
inúmeras arbitrariedades do, então, governador da Capitania de
quadro A resposta de Tiradentes, de
Minas Gerais; e a dimensão ideológica, pois o liberalismo inglês e Leopoldino de Faria
os filósofos da época, com suas ideias e produções, influenciaram
os inconfidentes. O desenrolar desse movimento foi conhecido
por todos. Com a delação de um dos participantes, Tiradentes – Degredo: Pena de
principal líder do movimento – foi enforcado e esquartejado e os desterro imposta a
demais participantes sofreram a pena do degredo. criminosos.
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Unidade: História dos Movimentos Sociais
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Constituição de 1824 1824
Os Chimagos 1831-35
Como podemos observar, foram várias as resistências e os combates nesse período. Alguns,
inclusive, de caráter internacional, como a Luta Sete Povos das Missões e a Guerra Cisplatina.
Esta, marcada por um conflito bélico entre Brasil e Argentina, resultando em muitas perdas,
tanto de vidas humanas quanto materiais, culminando na “perda da região de Cisplatina pelo
Brasil, dando origem à República do Uruguai.” (GOHN, 2012, p. 31.).
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Unidade: História dos Movimentos Sociais
Ainda é possível verificar que algumas lutas e movimentos colocavam-se contra o governo e
outras a favor, como “Caramurus (1832)”, que objetivava a volta de D. Pedro I e a restauração
do absolutismo; o “Movimento Cabanada (1832)” e “A Abrilada (1832)”, ambos de caráter
conservador, que também aspiravam à volta de D. Pedro I.
Mas a maioria revelava-se contrária às arbitrariedades do governo e caminhava em busca
de um governo Republicano. Com essa pretensão, encontramos a “Revolução Pernambucana”,
em 1817, – também conhecida como Revolução dos Padres, por ser composta por comerciantes
brasileiros e vários padres, destacando-se Frei Caneca – a qual chegou a tomar o poder em
Recife, mas que também culminou na derrota.
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Outras revoltas surgiram com sentido republicano e por reformas na Constituição. Podemos
citar a “Revolta dos Roma” (1829) e a “Revolta Popular, em Afogados” (1829-31), com sentido
republicano; e “Os Chimagos” (1831-35), com a perspectiva de reformas na Constituição,
a fim de “reforçar os poderes locais de representação nos municípios e evitar o excessivo
domínio do governo central” (GOHN, 2012, p.33). Essa revolta tinha em sua composição
liberais moderados.
Queremos ainda ressaltar três movimentos que ocorreram no primeiro período de século
XIX, devido à sua importância para a história dos movimentos sociais no Brasil. São eles: a
“Guerra dos Farrapos” (1835-45), “A Sabinada” (1837) e a “Revolução Praieira” (1847-49).
A mais longa revolta armada da nossa história, no século XIX, foi a Guerra dos Farrapos,
liderada pelos gaúchos que se organizavam em companhias de guerrilha, as quais “varreram
as tropas imperiais da região dos pampas”, mas foram “obrigados a se
render diante dos ataques das forças imperiais comandadas por Caxias e subjugado:
atacados ao sul pelos uruguaios” (Gohn, 2012, p. 35-36). Era composta submetido pela
por uma grande quantidade de homens livres, não proprietários e pobres. força das armas,
Eles foram subjugados, porém foram lhes concedidas várias condições dominado, reprimido.
nunca dadas, antes, a grupos revoltosos (GOHN, 2012).
A Sabinada foi uma revolta urbana na província da Bahia. Ela foi precedida de ampla
campanha de opinião, através da imprensa da época – essa é a grande diferenciação deste
movimento. Grupos maçons participavam dos movimentos. Chegaram a conseguir a adesão de
tropas do governo e proclamar a república na província, mas, a exemplo da “Cabanagem” e
dos “Farroupilhas”, também foi esmagada com grande brutalidade (GOHN, 2012).
A Revolta Praieira contou com participação marcante de elites intelectuais e políticas (a
exemplo da maioria dos movimentos dessa época), porém teve uma grande participação
popular – dois mil homens e armas. A marca dessa revolta foi a “perspectiva de mudança social
diferente da do projeto das oligarquias rurais latifundiárias” (GOHN, 2012, p.38). Defendiam a
Reforma Agrária e a abolição do latifúndio. Foi um movimento de defesa das camadas médias
urbanas: brancos, mulatos e negros livres. Em 1849 resolveram deflagrar a Revolução, a qual
durou dois meses, mas foram dominados pelas forças armadas legais e os seus líderes mortos
ou deportados (GOHN, 2012).
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Para exercitar o seu pensamento crítico, assista ao vídeo, atentando para a letra da música e condu-
zindo sua reflexão para o conteúdo desta unidade. https://youtu.be/qbUo0wdEd4k
Reflita: “É possível se fortalecer frente às derrotas?”
Por esse recorte, é possível observar a fragilidade dos movimentos da época na sua concepção,
devido à falta de clareza nos projetos e de politização e à ambiguidade das alianças que foram
fatores contribuintes para sua derrota. E devemos assinalar que esses fatores “fizeram com que
as camadas populares fossem sempre as mais reprimidas.” (GOHN, 2012, p. 25).
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Unidade: História dos Movimentos Sociais
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Alguns desses movimentos foram: “Sociedade Artística Beneficente” (1859); “Sociedade
Humanitária dos Empregados no Comércio de Santos” (1879); “Sociedade Suíça de Beneficência
Helvétia” (1880); “Sociedade Protetora dos Portugueses Desvalidos” (1885); “Associação
Beneficente dos Funcionários Públicos” (1888); “Sociedade Humanitária dos Empregados
no Comércio” (1888); “Associação de Socorros Mútuos Artes e Ofícios” (1889); “Sociedade
Beneficente dos Alfaiates de São Paulo” (1891); entre outros.
Também foi na segunda metade do século XIX que aconteceram a Revolta de Canudos
(1874 -1897) e o Movimento Republicano (1880 -1889).
A Revolta de Canudos tinha um cunho religioso; figurava-se, no início, como uma revolta
contra a cobrança de impostos. Após alguns anos, Canudos tornou-se um espaço geopolítico
totalmente distinto do território nacional, sendo procurado por milhares de pessoas. Foi
caracterizado pelos historiadores tradicionais como um movimento de fanatismo religioso e
pelos historiadores contemporâneos como um movimento de resistência e de caráter social-
libertário. (GOHN, 2012).
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Unidade: História dos Movimentos Sociais
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Para saber, mais leia o capítulo 1, páginas 61-81, de: GOHN, Maria da Glória. História dos mo-
vimentos e lutas sociais: a construção da cidadania dos brasileiros. – 7. ed. – São Paulo:
Edições Loyola, 2012.
A “Revolução Política” (1930) que levou Getúlio Vargas ao poder dá início a uma nova fase
na história brasileira.
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Trata-se da vitória de um projeto liberal industrializante, que em oposição
às elites conservadoras rurais, delineará com muita vagarosidade um
novo cenário para a nação: o urbano passa gradativamente a ser objeto
de atenção das políticas públicas, visando-se criar condições para o
adensamento da mão de obra, as indústrias crescem paulatinamente
na região sul do país, as correntes de imigração estrangeiras são
definitivamente substituídas pelas migrações nacionais, criam-se
legislações e ordenamentos jurídicos novos, o Estado passa a organizar
e a interferir na economia e na sociedade com mais vigor. Ainda que
as elites conservadoras tenham mantido suas influências junto ao poder
público, dada a redefinição das alianças políticas que estabelecem
no cenário do país, o caráter da luta social adquire novos contornos.
(GOHN, 2012, p. 82)
É nessa fase que vemos as camadas populares emergirem como atores históricos dentro
de um novo prisma, deixando de ser caso de polícia para transformarem-se em cidadãos com
alguns direitos, como os trabalhistas. Nessa fase (1930 -1945), houve várias lutas e movimentos,
entre eles, a “Marcha da Fome” (1931); o “Movimento dos Pioneiros da Educação” (1931), a
“Revolução Constitucionalista” (1932); a “Nova Constituição” (1934) e os “Movimentos de
Associações de Bairros”.
Os anos de 1945 a 1964 marcaram um período conhecido como populista ou nacional-
desenvolvimentista, devido às formas de participação social, pois, a partir do processo de
redemocratização, houve a retomada das disputas político-partidárias no país. Nessa fase os
movimentos reivindicaram várias questões. Esse período também corresponde à fase de grande
intervenção do Estado na economia, com o objetivo de criar condições básicas para a nova
etapa de acumulação do capital. Iniciou-se a intervenção do Estado na sociedade por meio de
políticas públicas de cunho clientelístico. Também se pode dizer que foi uma fase muito fértil
culturalmente (GOHN, 2012).
Agora adentramos um período de grande repressão na sociedade brasileira, a ditatura
militar (1964- 1974), um período de grande efervescência do movimento de esquerda no país.
Ocorreram várias lutas de resistência e protestos, resultando em prisões, torturas e perseguições.
Corresponde também à fase do milagre econômico, no qual as massas populares, em geral,
sofreram com o arrocho salarial, mas mantiveram-se caladas devido à necessidade do emprego
(GOHN, 2012).
As lutas pela redemocratização correspondem ao período de resistência e enfrentamento ao
regime militar, ocorrido nos anos de 1975 a 1982, sendo este um dos mais ricos “da História do
Brasil, no que diz respeito às lutas, movimentos e, sobretudo, projetos para o país.” (GOHN, 2012).
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Unidade: História dos Movimentos Sociais
Foi uma fase de crença na volta pela democracia em nosso país e na possibilidade de
mudanças históricas, não conseguidas no passado, a partir da força do povo, das camadas
populares organizadas. Gohn (2012) fala dessa esperança, apontando o desejo “dos excluídos”
da sociedade de serem os novos atores históricos:
A Nova República e a Restauração Democrática são apontadas por Gohn (2012) como uma
fase marcada pela negociação: a era dos direitos (1982-1995). Essa compreende a sexta fase do
mapeamento feito pela autora. Ela afirma que, apesar de ser o período mais curto, ele é repleto
de movimentos e lutas.
É um período de intensa movimentação social devido à característica da conjuntura política e
à dimensão dos problemas sociais, resultantes do aumento da população no país e também da
facilidade de divulgação e reprodução das ações coletivas através dos meios de comunicação
de massas. (GOHN, 2012).
Após quase duas décadas de indicações de governadores dos estados brasileiros pelo regime
militar, o povo conquista o poder do voto e de eleger seus representantes ao governo do estado
por meio de eleições diretas.
A década de 1980 foi marcada por muitas experiências político-sociais, como a “luta
pelas diretas já”, trazendo a implantação de um calendário político que trouxesse de volta as
eleições presidenciais e a redução do mandato do presidente. Houve, também, o surgimento
das Centrais Sindicais e a criação de entidades organizativas e de inúmeros movimentos
sociais (GOHN, 2012).
Contudo, junto com a volta do jogo democrático, veio a crise econômica, com altos índices
de inflação e o altíssimo número desemprego. Muitas greves foram deflagradas e houve tumulto
das massas, chegando ao extremo de saquearem mercados, fazerem linchamentos populares na
ânsia de fazer justiça com as próprias mãos, revelando um desespero social.
“Os anos de 1980 são fundamentais para a compreensão da construção da cidadania dos
pobres no Brasil, em novos parâmetros.” (GOHN, 2012, p. 126). Apesar das perdas em termos
econômicos, foi uma década muito positiva em termos políticos e culturais. Todavia foi uma
década que findou com a desmobilização e a descrença em massa (GOHN, 2012).
Nos ano de 1990, uma pequena luz de esperança voltou a fazer parte da história social
do Brasil, com o “Movimento pela Ética na Política”, culminando no impeachment do ex-
presidente Collor. Assim, as lutas sociais foram redefinidas, os movimentos sociais alteraram-se
substancialmente, chegando até, em alguns casos, a entrar em crise. “Surgem novos movimentos
sociais, centrados mais em questões éticas ou de revalorização da vida humana.” (GOHN,
2012, p. 127).
Dessa forma deslocou-se o eixo das reivindicações das questões econômicas para as questões
de moral, e retomou-se a questão dos direitos sociais tradicionais.
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Nesse cenário cresceu o número de “Organizações Não-Governamentais” (ONGs) e de
políticas de parcerias implementadas pelo poder público.
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Unidade: História dos Movimentos Sociais
Material Complementar
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Para conhecer um pouco mais sobre os Movimentos Sociais, acesse o site abaixo e leia a resenha
do livro: Novas Teorias dos Movimentos Sociais, de Maria da Glória Marcondes Gohn. São Paulo:
Edições Loyla, 2008.
https://goo.gl/1QmJJ2
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Referências
CORTELLA, Mario Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos
e políticos. 14. ed. – São Paulo: Cortez, 2011.
______. Teorias dos movimentos sociais. 5.ed. São Paulo: Loyola, 2006.
______. Novas teorias dos movimentos sociais. São Paulo: Edições Loyola, 2008.
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Unidade: História dos Movimentos Sociais
Anotações
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Tel: (55 11) 3385-3000
Educação,
Movimentos Populares
e Transformação
Material Teórico
Educação, Movimentos Sociais e Transformação
Revisão Textual:
Profª. Dra Patricia Silvestre Leite
Educação, Movimentos Sociais
e Transformação
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Unidade: Educação, Movimentos Sociais e Transformação
Contextualização
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Para ilustrar nossos argumentos, sugerimos que assistam ao vídeo apresentado na calourada da USP
de 2007, feito por um militante do movimento estudantil, e a partir dele reflita sobre a assimetria exis-
tente entre Educação e Sociedade e, a não neutralidade necessária dentro do contexto educacional.
http://www.youtube.com/v/1eSSAV6vKAQ&fs=1&source=uds&autoplay=1
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A Educação e a Crise Educacional
É comum ouvirmos a todo instante, nos dias de hoje, que a educação em nosso país está
em crise. Contudo, a crise educacional sempre fez parte da história da educação nacional, visto
que ainda não atingimos os patamares mínimos de justiça social frente à riqueza produzida em
nosso país. (cf. CORTELLA, 2011).
É possível referenciar vários fatores que conduzem à crise educacional. Na atualidade, os mais
comuns encontram-se na democratização do ensino, na progressão continuada X promoção
automática, na desvalorização profissional dos docentes, na qualidade do ensino X quantidade
de alunos por sala de aula, no despreparo dos educadores, na evasão e retenção escolar, no
planejamento curricular. Mas, como ressalta Cortella (2011), esses e outros fatores têm raízes
estruturais históricas.
Historicamente, o acelerado processo de urbanização – vivenciado a partir da Revolução
Industrial – trouxe consequências indubitáveis para a sociedade que, em diferentes tempos marcou
a exclusão e a dominação social. A produção capitalista industrial resultante do poder político
central atendia a interesses das elites dominadoras. Assim, na década de 60 a escolarização dos
trabalhadores, em nosso país, não era foco de atenções. (CORTELLA, 2011).
A acelerada industrialização ocasionou o inchaço da urbanização, que aconteceu de forma
desorganizada causando um verdadeiro colapso nos serviços públicos, em especial na educação
e na saúde. Isto aponta que “crise” faz parte de todos os setores sociais e não somente da
Educação. (CORTELLA, 2011).
Apesar de todas as mudanças sociais e políticas ocorridas ao longo dos séculos em nosso
país, vemos que a escola não acompanhou, com o mesmo ritmo, essa evolução.
Para Gadotti (2010), as sociedades primitivas (assim chamadas impropriamente) apresentavam
certa estabilidade social e nelas a educação exercia papel conservador “reproduzindo valores,
cultura e estágio do seu progresso técnico e científico” (GADOTTI, 2010, p.82). Mas, hoje,
as transformações fazem parte das sociedades, não existindo sociedade que não esteja neste
contexto. A mudança e a transitoriedade são essenciais na dinâmica das sociedades atuais.
Não há sociedades estáveis ou estáticas. Contudo, a educação e, em
particular, os sistemas educacionais não tem acompanhado esse ritmo de
transformação. (GADOTTI, 2010, p.79).
Segundo Teixeira (1953), saímos de um período de grande lentidão das mudanças, e
adentramos um novo período, de expansão do sistema escolar, o qual trouxe grandes problemas
e preocupações devido à falta de estrutura do sistema escolar.
Com a abolição e a república, entramos, porém, no período de mudanças
sociais, que a escola teria de acompanhar. O modesto equilíbrio dos
períodos monárquicos, obtido em grande parte às custas da lentidão do
nosso progresso e do número reduzido de escolas, em que se buscava
conservar a todo transe os melhores padrões, rompe-se definitivamente,
e começamos a expandir o sistema escolar sem maior reflexão nem
prudência.(TEIXEIRA, Anísio, 1953, p. 23).
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Unidade: Educação, Movimentos Sociais e Transformação
Na verdade, no Brasil naqueles tempos, a escola não era exigida ou imposta como instituição
da cultura, apenas procurava-se copiar padrões transplantados de padrões europeus, ou seja,
um sistema educacional aristocrático e feito para preparar os homens intelectualmente, estava
sendo usado para preparação de homens comuns, tornando a escola como algo irreal.
A falta de estrutura nos sistemas de educação, ainda hoje se acrescenta aos fatores que
conduzem à crise educacional.
Esta falta de estrutura no atendimento da demanda cria diferentes formas de se conceber
a educação, iniciando a segregação de acordo com os interesses dominantes. A educação antes
pensada somente para a formação de intelectuais passa a ter agora, com a ”universalização do
ensino”, um cunho mais voltado para a formação técnica, a fim de servir esses interesses.
Na nova escola o objetivo da educação detinha-se em preparar o homem comum para
o trabalho ou o ofício, tornando-o suficientemente técnico, utilizando da tradição e dos métodos
das antigas escolas. (TEIXEIRA, 1953).
É fato que a democratização do ensino trouxe em seu bojo a queda da qualidade de
ensino, ocasionada por diversos fatores já citados (salas de aula superlotada, falta de preparo
do docente, desvalorização do magistério, burocracia educacional, entre outros) o que mostra
uma insuficiência na execução dos paradigmas pedagógicos relegando esse direito social e
democrático às classes trabalhadoras.
Pense
Onde está o antagonismo entre esta “fala” de Mario Sérgio Cortella (o texto da citação) e a charge?
8
As teorias vêm ao longo dos anos tentando dar respostas a várias questões da educação.
É certo que todos os educadores têm sua interpretação acerca do que é o conhecimento,
contudo nem sempre essa interpretação se apresenta de modo consciente e reflexivo. Muitas
vezes, o educador adota a interpretação do que seja o conhecimento sem perceber claramente
qual é a sua fonte e as quais consequências essa interpretação pode levar. Mas é certo que todos
têm uma “teoria do conhecimento”, a qual ele toma para si. Para verdadeiramente entendê-las
seria necessário revisitar as raízes históricas.
Sócrates situava o diálogo como uma relação de privilégio entre duas pessoas em igualdade
de condições e reciprocidade. Mas a teoria do diálogo assevera quanto à importância do conflito
a fim de que não seja somente um diálogo ingênuo. Se educar é transformar, temos que nos
atentar para o fato de que não há transformação que possa ser considerada pacífica, isto porque
envolve a ruptura de uma situação estável.
Para Cortella (2011), faz-se necessário a democratização do saber como objetivo último
da Escola Pública, dando acessibilidade ao conhecimento universal acumulado, sem tornar
esse acesso impositivo e/ou restrito a uma formação erudita. Então, a proposta de uma
Escola Pública na qual, não somente, seja valorizado o saber vivencial dos educandos,
mas também, proporcione conteúdos selecionados de modo a favorecer a compreensão da
própria realidade e o fortalecimento como cidadão, capaz de realizar transformações que
atendam aos interesses da maioria social.
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Para se ter uma ideia global sobre a educação no Brasil, os avanços e as faltas, e o que se espera
dos alunos e dos professores no contexto educacional, veja o debate realizado pelo programa Globo
News Painel com especialistas da área no site: http://www.youtube.com/watch?v=oLgwMYueIsQ
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Unidade: Educação, Movimentos Sociais e Transformação
Logo, é o único animal capaz de realizar ações transformadoras conscientes. Segundo Cortella
(2011), é a consequência de um agir intencional que chamamos de trabalho. O trabalho é a ação
intencional que realizamos sobre as coisas e as ideias e por meio dele produzimos o meio humano.
“Esse meio humano, por nós produzido e no qual somos produzidos, é a cultura.” (CORTELLA,
2011, p. 35). Ou seja, o que fazemos resulta no conhecimento e está repleto da cultura que por
nós foi produzida no decorrer dos tempos. É o nosso caminhar histórico que constrói a cultura
e a modifica ao passar do tempo – um movimento ininterrupto de transformação – dentro da
relação Homem-Mundo.
Isto significa que o Homem tem a necessidade de lutar com mundo por sua sobrevivência,
dessa forma ele (o Homem) altera o mundo e é alterado por ele (o Mundo). Essa foi a principal
luta da história da humanidade durante muito tempo.
“A escola não é o único local de apropriação da cultura.” (GADOTTI, 2010, p. 239). A cultura
pode ser apropriada pelo humano através da experimentação direta, ou seja, pelo contato
realizado diretamente com a sociedade em que vive.
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As instituições sociais: família, igreja, escola, mídia etc. surgem como fonte de preservação e
inovação dos valores e conhecimentos por meio de processos educativos.
Neste contexto, aparece a escola como cerne da educação, carregada de valores,
conhecimentos e preconceitos mutáveis. Estes são elaborados pelos humanos que lhes dão
significados. Portanto, em sociedade, a produção de valores e conhecimentos não é neutra, mas
encontra-se envolvida do poder sócio-político-econômico.
...a vida social é, também vida política, isto é, configura-se como espaço de
conquista e manutenção de poder sobre os bens e pessoas, não havendo
ainda, sociedades complexas de composição igualitária. (CORTELLA,
2011, p. 41).
O conhecimento além de não ser neutro, ainda tem um caráter político, isto porque está
envolto de interesses, sobretudo na luta pelo poder.
Então, se a cultura não é neutra, o conhecimento não é neutro, não há como o educador
permanecer na neutralidade da ação pedagógica. Ele tem que assumir a “tarefa de partido: ou
educa a favor dos privilégios ou contra eles, ou a favor das classes dominadas ou contra elas.”
(GADOTTI, 2010, p. 87).
Portanto, o poder se encontra no centro da ação pedagógica, essa questão foi ignorada por
muito tempo, e é por isso que deve haver uma revisão crítica do papel do educador.
O educador mede-se, portanto, pelo grau de consciência crítica que tiver,
pois, por educador, no seu sentido amplo, entendo o intelectual capaz de
transmitir uma ideologia que organize e cimente os homens entre si, um
grupo, uma pequena comunidade, uma categoria social, etc. (GADOTTI,
2010, p. 87).
A tarefa do educador supera os limites da escola, sua ação educativa também conduz à
organização da sociedade através de uma visão macroeducacional. Assim, a educação apresenta-
se com a expectativa de transformação social.
Na perspectiva de uma educação visando a transformação, a escola
tem um papel estratégico, na medida em que pode ser o lugar onde as
forças emergentes da nova sociedade, muitas vezes chamadas de classes
populares, podem elaborar a sua cultura, adquirir a consciência necessária
à sua organização. (GADOTTI, 2010, p. 24-25).
11
Unidade: Educação, Movimentos Sociais e Transformação
Alteridade:
A educação escolar como veículo de formação e “transformação”,
Caráter do
sendo não neutra (como já foi dito), devido ao seu processo pedagógico que é outro;
estar imerso em intencionalidade, conduz a necessidade de uma visão diversidade,
de alteridade por parte dos educadores. diferença.
Explore
Há uma relação assimétrica entre educação e sociedade, sendo que da mesma forma que a
educação pode reproduzir a sociedade, também pode transformá-la contrapondo-se a ela.
O sistema escolar não é apenas um subsistema do sistema social. Há
uma contradição interna na educação, própria da sua natureza, entre
a necessidade de transmissão de uma cultura existente – que é a tarefa
conservadora da educação – e a necessidade de criação de uma nova
cultura, sua tarefa revolucionaria. (GADOTTI, 2010, p. 74).
Portanto, vê-se tarefas contraditórias: conservadora e revolucionária. Uma se contrapõe a
12
outra em diferentes momentos históricos da humanidade, ou se reproduz a sociedade, ou se
contraria e conflita-se com ela.
No Brasil, as diferentes concepções da relação Sociedade-Escola, encontram-se presentes e
são adotadas pelo educador de acordo com sua compreensão política.
A educação se apresenta como um fator importante de transformação social a partir das
estratégias político-pedagógicas da formação e do trabalho do educador.
13
Unidade: Educação, Movimentos Sociais e Transformação
O século XX é marcado pela descoberta de como o poder é tramado. E foi justamente neste
século que a sociedade vivenciou com maior intensidade o poder de dominação, e neste cenário,
vendo seus direitos sendo desrespeitados. Foi um século de descoberta do caráter negativo do
poder, porém, também da descoberta da possibilidade de mudança a partir da organização.
Na busca de corrigir as diferenças sociais surge a concepção de cidadania.
O termo cidadania nos remete – em uma de suas várias dimensões – aos direitos e deveres
dos indivíduos, denominada cidadania individual, em que a liberdade e a autonomia são
pressupostas destacando-se a dimensão civil. E dos grupos, cuja denominação é cidadania
coletiva e pressupõe tanto a dimensão cívica, quanto a dimensão sociocultural. (GOHN, 2012).
No Brasil, a cidadania foi construída ao longo de sua história. Contudo, até mesmo a conquista
do direito de ser cidadão em nosso país exigiu lutas, pois ela (a cidadania) não era um direito
de todos. Caracterizando-se num processo não linear.
No período Imperial, eram considerados cidadãos somente os homens de posse e/ou
nobreza. Ou seja, somente os grandes proprietários – sejam pelos números de escravos, ou por
possuírem muitas propriedades – e os que detinham título de nobreza podiam exercer o direito
da cidadania. Desta forma, excluíam-se os pobres e escravos, sendo vistos como não cidadãos.
Na fase da República, a cidadania era cerceada no direito do voto, assim se restringia o perfil
dos indivíduos aptos a exercê-la. Excluía-se da cidadania política as mulheres, os mendigos, os
analfabetos, os soldados e os religiosos, ou seja, a maioria da população existente no Brasil
naquela época, caracterizando a ausência de participação popular.
Amorfo:
“A marginalização do povo do debate público levou à construção de uma sem forma
cultura política em que a sociedade é vista como amorfo e difuso, e o Estado definida,
como provedor e o organizador da ordem necessária.” (GONH,2012,p. 200). informe.
A luta pela cidadania cresceu no século XX devido a novas demandas que incorporaram
noções de direitos políticos, buscando alterar a ordem conservadora do momento.
Surge assim a luta por eleições “limpas”, pelo voto das mulheres e de
outras categorias que não possuíam propriedades e, fundamentalmente a
luta pelos direitos sociais dos trabalhadores. Introduzidos no país nos anos
de 1930, por meio de legislação trabalhista que se apresentava como
uma concessão as elites esclarecidas, baseadas em modernos contratos
de relações de trabalho na Europa. Os novos direitos regulamentados
passam a compor um novo cenário na cidadania brasileira. Trata-se da
construção da figura do brasileiro enquanto trabalhador, com direitos e
deveres legitimados. (GOHN, 2012, p. 200).
É importante ressaltar que a conquista das leis se deu a partir
da luta de várias décadas, dos trabalhadores pertencentes às
camadas populares ou médias da população, originárias de
movimentos de diversas organizações.
Essa cidadania conquistada nos anos de 1930 – mesmo não
sendo completa, pois ainda excluía os analfabetos – propiciou o
reconhecimento dos novos cidadãos pelo lugar que estes ocupavam
no processo de produção. (GOHN, 2012).
14
A cidadania exercida pelo voto (direito civil) no período populista (de 1945 a 1964) favorecia
ao exercício dos direitos sociais. Esses conduziram a uma melhoria coletiva necessária para a
sobrevivência das camadas populares, especialmente as que viviam na área urbana.
A partir das conquistas abriu-se espaço para que a população se organizasse em
Sociedades Amigos de Bairro (hoje denominadas Associações Amigos de Bairro) o que
levou à politização dos envolvidos.
Explore
Para conhecer um pouco mais sobre a mudança na denominação de Sociedade Amigos de Bairro,
para, Associação Amigos de Bairro acesse o site abaixo:
http://jus.com.br/revista/texto/6416/as-associacoes-e-o-novo-codigo-civil
E as lutas sociais continuaram nos anos de 1980, após duas décadas de repressão social –
anos de 1960 e 1970 com Ditadura Militar. Vários militantes de lutas sociais no Brasil, antes
acuados pela conjuntura politica do país, aliaram-se a novos parceiros, e com isso novas
bandeiras foram construídas, visto que a insatisfação da população brasileira era geral. Várias
lutas sociais surgiram. Gohn (2012) aponta que a conjuntura internacional contribuiu com essas
lutas sociais, as quais conduziram a conquistas que desagradaram a elite do nosso país:
Fortalecida pela conjuntura internacional, que também destacava a
questão dos direitos humanos como básicos, a cidadania tornou-se o móvel
e o articulador das lutas ocorridas. O saldo configurado foi a inscrição,
em leis, de diversos direitos sociais demandados pelos movimentos
sociais daquelas décadas. O referendum popular, a iniciativa popular,
o plebiscito foram mecanismos de participação popular conquistados
pelos cidadãos brasileiros, por meio das pressões populares. Num país
de tradição autoritária, eles significaram verdadeiros atos heroicos. Por
isto incomodaram vários setores das elites, que logo se articularam para
eliminá-los ou muda-los. (GOHN, 2012, p. 202).
Essas lutas e movimentos ansiavam pela redemocratização do país com a participação
popular, em busca de uma sociedade sem discriminações, exclusões ou segmentações.
Nos anos de 1990, as camadas médias da população começam a dar apoio aos pluriclassistas
que passam a participar dos movimentos sociais, isso gera uma mudança no perfil dessas lutas,
com maior participação dos pluriclassistas, havendo alterações na hierarquização dos valores
sociais, enfatizando a ética e a moral, já que a corrupção, a burocracia e a ineficiência das ações
do governo geraram descrença. “A sociedade civil passou, nos anos de 1990, a desacreditar da
política, dos políticos e das ações do Estado em geral.” (GOHN, 2012, p. 206).
Acredita-se que os movimentos sociais junto às camadas populares continuarão a ocorrer,
mais isso ainda é uma incógnita.
15
Unidade: Educação, Movimentos Sociais e Transformação
Material Complementar
Explore
Explore um pouco mais sobre a relação existente entre Educação e Sociedade e os fatores
que intervém no processo educativo, através do artigo: “A relação educação e sociedade.”
De Alberto Noé, visitando o site:
http://antroposmoderno.com/antro-articulo.php?id_articulo=243
Para complementar sua leitura visite o site abaixo e veja as reflexões feitas por Mario Sergio
Cortella sobre a educação e a melhoria na Educação Básica. (Entrevista com Mario Sergio
Cortella, por Luiza Oliva)
http://www.direcionaleducador.com.br/artigos/entrevista-mario-sergio-cortella
16
Referências
CORTELLA, Mario Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos
e políticos. 14. Ed. São Paulo: Cortez, 2011.
17
Unidade: Educação, Movimentos Sociais e Transformação
Anotações
18
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Educação
Movimentos Populares
e Transformação
Material Teórico
Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Os Princípios Éticos e Políticos nos
Movimentos Sociais
• Os Princípios Éticos
• Os Movimentos Sociais
5
Unidade: Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
Contextualização
Nesta unidade, procuramos contribuir para a elucidação das semelhanças e diferenças
existentes entre ética e moral, a fim favorecer a compreensão referente aos princípios éticos nos
movimentos sociais. Também perpassamos pela história dos regimes políticos no Brasil, para
ilustrar como a ética se faz, ou não, presente.
A esse propósito, adentramos nos movimentos sociais, mostrando como eles participam das
transformações em nossa sociedade e, como podem agir a partir da participação de diferentes
classes e camadas sociais.
Visando fazê-los refletir sobre o conteúdo estudado, propomos que assistam ao vídeo
“Movimento Novos Líderes – O Brasil do Futuro é Agora”, o qual aponta questões presentes na
sociedade atual e nos convida a participar das mudanças.
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https://www.youtube.com/watch?v=Ls3IoSUQKko
6
1. Os Princípios Éticos
Antes de promovermos uma introdução ao tema desta unidade, vamos relembrar o que já foi
visto nas unidades anteriores. Assim, Iniciamos nossa conversa acerca da educação, apontando
seu papel fundamental na transformação social, depois discorremos sobre as lutas pela conquista
da cidadania e expusemos os movimentos populares no Brasil. Também pontuaremos sobre
a desigualdade e a injustiça social, ainda existentes em nosso país, mesmo frente todas as
conquistas já ocorridas, e, por conseguinte, traçaremos uma linha do tempo dos movimentos
mais “importantes”1 na luta pela igualdade, pela liberdade, e pela democracia, culminando
no movimento que levou ao o impeachment do ex-presidente Collor, intitulado “Movimento
pela Ética na Política”. Desta maneira, finalizaremos a Unidade II, mostrando que houve um
deslocamento das questões econômicas para as questões relativas à ética, as quais adentraram
os novos movimentos sociais, pensando na revalorização da vida humana.
Destarte, a partir dos anos de 1990, passou a haver um novo olhar dos movimentos sociais
transferindo as reivindicações de questões econômicas para as de questões de moral.
Mas, o que são princípios éticos?
Poderíamos afirmar que é a base para que haja uma convivência social dentro de um
ambiente harmonioso pautado pelo respeito mútuo.
É possível observar a existência de princípios éticos em diferentes circunstâncias e relacionados
a diferentes atividades profissionais como: ética política, ética religiosa, ética médica, ética
profissional, entre outras. Referindo-se, nesses casos, às normas de conduta de um determinado
segmento, ou seja, aquilo que deve ser feito dentro da área em que está inserido.
De qualquer forma, quando nos referimos à ética, estamos nos pautando em um conjunto de
princípios pré-determinados, para reger as ações do “bom” comportamento humano.
1 Não desmerecendo os demais movimentos e lutas ocorridos ao longo de nossa história, buscamos apontar aqueles que tiveram maior
repercussão nas mudanças sociais.
7
Unidade: Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
Segundo Cortella (2011), até o século VI a.C., a palavra “Ethos” em grego “significava ‘morada
do humano’, no sentido de caráter ou modo de vida habitual, ou seja, nosso lugar.” Portanto, é
aquilo que nos abriga e nos dá identidade. Para o autor, essa noção original da palavra “Ethos”
não se perdeu com a tradução da expressão “more” para o latim, com o significado de “o lugar
onde você morava, que era o teu habitus.” (CORTELLA, 2011, p. 138).
Diante dessa interpretação, os dois termos: ética e moral assumem o mesmo significado, o
de estar relacionado aos costumes e hábitos sociais. Onde a ética é o princípio, e a moral é a
prática de uma ética.
Dentro do campo filosófico, ética é diferente de moral, pois ela busca fundamentar
teoricamente o modo de viver a fim de se encontrar o melhor estilo de vida, abrangendo, dessa
forma, diversos campos do conhecimento, como: a antropologia, a psicologia, a sociologia,
a pedagogia, etc.. Já a moral é fundamentada na obediência a normas e regras, costumes e
mandamentos culturais.
Boff (2008) aponta algumas fontes que estimulam a existência da ética. Segundo o autor, as
religiões são fontes permanentes, que dão significado à vida da humanidade a partir dos valores
e comportamentos ditados. Mas, atenta para o fato de não se fundar em um consenso ético,
visto que, devido às muitas e diferentes religiões, as normas éticas podem apresentar variações.
Ainda para o autor, a razão, o desejo e o cuidado também são fontes de ética, e encontram-se
presentes em todos os seres humanos.
Essa inclusão do desejo e do cuidado como também sendo fontes de ética são fundamentadas
no fato de que para Boff (2003), a essência da existência não reside na razão – como foi
proposta pelos filósofos –, mas antes na paixão.
8
É fato que vivendo em sociedade, faz-se necessário elaborar
certos consensos, restringir certas ações e desenvolver projetos
que visem à coletividade a fim de dar sentido e rumo à história.
Pois, não há sociedade seja no presente ou no passado que
consiga coexistir sem uma ética. (BOFF, 2008).
Mas, há de se concordar que ambas: ética e moral
apresentam objetivos muito semelhantes, pois irão alicerçar a
conduta dos seres humanos, definindo o caráter, favorecendo o
sentimento de solidariedade e fraternidade dentro de uma vida
em sociedade.
“Tem coisa que eu devo, mas não quero, tem coisa que eu quero, mas
não posso, tem coisa que eu posso, mas não devo. Aqui, nestas questões,
vivem aquilo que a gente chama de dilemas éticos; todas e todos sem
exceção temos dilemas éticos, sempre, o tempo todo: devo, posso, quero?”
(CORTELLA, 2011, p. 136).
9
Unidade: Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
Explore
Para melhor entendimento dessas três grandes questões, assista ao vídeo “Filosofia explica o que é a
ética” que apresenta uma entrevista com Mario Sérgio Cortella no programa do Jô Soares.
https://www.youtube.com/watch?v=L_V0Y0lFJUs
E, ainda, a ética e a moral estão relacionadas aos tempos históricos, por isso, algo que
possa ser considerado antiético ou imoral em um determinado momento histórico, pode
não o ser em outro.
Mas, será que podemos afirmar o Brasil passou a viver em plena democracia após
a proclamação da República em 1889?
10
Para Pensar
O que você acha da atitude da Mafalda (da tirinha) frente o significado da palavra DEMOCRACIA?
Há fundamento para esse comportamento?
Aristóteles já alertava para o fato de que muitos modos de governar não tinham em vista o
bem comum.
É fato que o regime democrático no Brasil passou por vários momentos históricos e em muitos
deles ainda se via envolto das influências do poder econômico, apresentando inclusive fraudes
eleitorais. Desde a proclamação da República até os dias de hoje, foi possível ver avanços e
retrocessos no regime democrático.
Atenção
Não podemos esquecer que na época do Regime Militar, a democracia foi substituída
pela autocracia instituída durante esse regime político
11
Unidade: Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
Analisando o termo “política”, temos sua origem na Grécia Antiga com a organização das
cidades-estados em “polis”, fazendo referência à organização da vida urbana. O dicionário
Aurélio define “política” como: a arte e ciência de bem governar, de cuidar dos negócios públicos.
Dessa maneira, podemos dizer que a busca pelo bem estar coletivo é algo que se encontra no
princípio tanto ético, quanto político.
Entretanto, há que se convir a contradição existente entre política e ética. Pois o que vemos
na política – desde os tempos da colonização do Brasil – não é a prática do bem comum, mas
o bem próprio dos detentores do poder. Inclusive, muitas vezes, daquele que elegemos como
nossos representantes.
Para Pensar
Ora, se no regime monárquico a forma de governo era de um só para todos, onde se concentrava
o principio ético?
É fato que desde os tempos da colonização de nosso país, assistimos a política de privilégios,
se nessa época esta se dava com a divisão das capitanias hereditárias aos nobres indicados
pelo próprio Rei português aqui no Brasil. No período Imperial, o favorecimento continuou e a
vontade da maioria da população não foi levada em conta.
No período Republicano, desde o início, o que se viu foi a elite
Coronelismo:
governando para a elite. Além do “coronelismo” que garantiu durante Forma de poder
muito tempo a dominação social através da alienação, mantendo o político consiste
poder econômico nas mãos de poucos. Foram anos da política “café na figura de uma liderança
com leite” até que se conseguiu colocar um civil para governar nosso local – o Coronel - que
define as escolhas dos
país. E, infelizmente, ainda hoje, vemos essa política de apadrinhamento eleitores em candidatos
e de coronelismo acontecer em nosso país, garantindo um poder por ele indicados.
elitista e antiético.
Daí, há de se concluir que a marginalização e a divisão da sociedade em classes faz parte
desse processo político que deixou à margem os princípios éticos e morais.
E, onde, reside a mudança dessa realidade senão na educação?
A escola tem como grande desafio, nos dias de hoje, resgatar valores morais e éticos na luta
por uma sociedade igualitária e justa, recuperando, ou seria melhor dizer, inserindo a junção
entre política e ética.
Não será, nessa expectativa, a afirmação de Mario Sérgio Cortella?
“...qualidade tem a ver com quantidade total, qualidade é uma noção social, qualidade
social só é representada por quantidade total, qualidade sem quantidade não é qualidade,
é privilégio.” (CORTELLA, 2011, p. 139).
12
3. Os Movimentos Sociais
Os movimentos sociais partem do princípio do
compromisso ético e de propostas que tenham como base a
participação social como parte integrante do desenvolvimento
da sociedade. Antigamente, os movimentos contrapunham as
opressões e a exploração dos governos, lutando por melhorias.
Na atualidade, os movimentos apresentam-se como forma de
Fonte site: http://www.anticapitalistes.net/spip. denunciar as contradições existentes na sociedade capitalista.
php?article2872
Os movimentos sociais podem ter uma organização formal ou informal. Muitos, inicialmente,
ocorrem de maneira informal e à medida que vão se tornando mais consistente torna-se, também,
necessária maior formalização das ações dentro desses movimentos. Nessa estruturação dos
movimentos sociais, é possível observar que eles não se realizam no vácuo, ao contrário, são
iniciados a partir de projetos, possuem ideologia e apresentam certa organização. Porém, não
queremos com isso fazer uma generalização, visto que há singularidades na constituição de
cada movimento social e como já estudamos nas unidades anteriores, muitos apresentavam
problemas em sua organização.
Gohn (1997) atenta para o fato de haver movimentos de diferentes classes e camadas sociais,
sendo que o caráter do movimento será indicado pelo tipo de ação envolvida podendo-se
assim, separá-los em categorias.
Assim, a autora realiza a seguinte categorização:
• Os movimentos sociais que são construídos a partir da origem social da instituição (a igreja,
o partido, o sindicato, a escola, etc.).
• Os movimentos sociais construídos a partir das características presentes na natureza
humana: sexo, idade, raça e cor.
• Os movimentos sociais construídos a partir de determinados problemas sociais (saúde,
transportes, habitação, etc.).
• Os movimentos sociais construídos em função de questões da conjuntura das políticas de uma
nação sejam elas socioeconômica, cultural, etc. (insurreições, revoltas, motins, revoluções, etc.).
• Os movimentos sociais construídos a partir de ideologias. (o anarquismo, o marxismo, o
cristianismo, etc.).
13
Unidade: Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
As formas de ação dos movimentos sociais podem variar de uma simples denuncia passando
pela pressão direta com mobilizações, concentrações, passeatas e etc., e podem chegar até a
pressão indireta. Na atualidade, as lutas estão relacionadas a um ideário civilizatório contra a
exclusão e por novas culturas de política de inclusão. Eles possuem grande poder de controle
social, pois tematizam e redefinem a esfera pública, além de realizar parcerias com outras
entidades da sociedade civil e política, construindo modelos de inovação social. (GOHN, 2011).
Surgem outras formas de organização popular, a partir dos anos de 1990, como os Fóruns –
nos quais se definem metas e objetivos para solucionar problemas sociais, a partir dos grandes
diagnósticos – com encontros nacionais em larga escala; outra forma de organização popular
são as parcerias entre sociedade civil organizada e poder público – atuando nas questões
relacionadas à gestão dos negócios públicos com a participação dos cidadãos. (GOHN, 2011).
Essas mudanças organizacionais vêm crescendo nas ultimas décadas. Segundo Gohn (2012),
na primeira década do século XXI a estrutura dos principais movimentos sociais apresenta-se
em três formatos organizativos:
• os movimentos identitários;
• os movimentos de luta por melhores condições de vida e de trabalho;
• os movimentos globais ou globalizantes.
Optamos por fazer uma sucinta exposição desses formatos – de acordo com os estudos da
autora –, isto porque os mesmos serão revistos de forma mais intensa na próxima Unidade.
Segundo a autora, nos movimentos identitários – chamados de “Novos Movimentos Sociais”
(NMS) – a luta é por direitos sociais, econômicos, políticos e, mais recentemente, culturais. São
compostos pelos segmentos sociais excluídos, os quais podem, ou não, pertencer às camadas
populares. Incluem-se “nesse formato as lutas das mulheres, dos afrodescendentes, dos índios”,
entre outros. (GOHN, 2012, p. 226).
O segundo formato diz respeito à luta demanda do acesso às condições de moradia, por terra,
alimentação, emprego, salário, educação, entre outros. Também se enquadram no movimento
de luta por melhores condições de vida, os movimentos e organizações sociais contra a violência
e em favor da paz. E, ainda, “os movimentos sociais, criados a partir da conjuntura atual,
articulados com ONGs e voltados para as questões relativas à democratização do Estado ou das
políticas públicas.” (GOHN, 2012, p. 230).
Os movimentos globais ou globalizantes são pertencentes ao novo milênio e foram
estruturados ao longo dos anos de 1990, com a internacionalização de muitas lutas sociais.
Esses movimentos atuam virtualmente em “redes sociopolíticas e culturais por intermédio de
fóruns, plenários, colegiados e conselhos”, extrapolando as fronteiras nacionais e apropriando-
se das transformações tecnológicas. (GOHN, 2012, p. 231).
Portanto, os movimentos sociais abarcam uma série de questões sociais através das lutas,
denotando o compromisso com que adentram na sociedade trazendo consigo um inalienável
caráter ético e político. Isto porque, carrega em seu cerne o princípio do “bem comum”.
14
Material Complementar
Para complementar seu estudo, visite o site abaixo e leia o artigo sobre a
importância dos movimentos sociais para o fortalecimento da democracia.
http://migre.me/ex1mP
Explore
Explore um pouco mais sobre a ética e a política no Brasil, a partir do texto de Ludmila Coelho
Loiola, visitando o site:
http://www.webartigos.com/artigos/etica-e-politica-brasileira/5829/#ixzz2KnN4werU
15
Unidade: Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
Referências
BOOF, Leonardo. Ética e moral: a busca dos fundamentos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
_________. Como fundar a ética hoje? – Folha de São Paulo –UOL. Disponível em: www1.
folha.uol.com.br/fsp/opinião/fz1506200309.htm. Acesso em: 09 fev. 2013.
_________. Saber cuidar: ética do humano: compaixão pela Terra. 14 ed. Petrópolis: Vozes,
2008.
CORTELLA, Mario Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos.
14. ed. – São Paulo: Cortez, 2011.
VÁZQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética. 20. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
GOHN, Maria da Glória. História dos movimentos e lutas sociais: a construção da cidadania dos
brasileiros. – 7. ed. – São Paulo: Edições Loyola, 2012.
___________. Movimentos sociais na contemporaneidade. Revista Brasileira de Educação. v. 16
n. 47 maio-ago. 2011. p. 333-361.
___________. Teoria dos movimentos sociais, paradigmas clássicos e contemporâneos.
São Paulo: Edições Loyola, 1997.
16
Anotações
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Educação,
Movimentos Populares
e Transformação
Material Teórico
O protagonismo da sociedade civil
Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Denise Jarcovis Pianheri
Revisão Textual:
Profª. Dra. Maria Isabel Andrade Sousa Moniz
O protagonismo da sociedade civil
• A institucionalização no Brasil
Aproveite para consolidar suas aprendizagens, pois nesta unidade retomaremos alguns estudos
já realizados nas unidades anteriores, a fim de favorecer a compreensão do protagonismo,
bem como as mudanças decorrentes da conjuntura sociopolítica do nosso país. Bom estudo!
5
Unidade: O protagonismo da sociedade civil
Contextualização
Nesta unidade, procuramos “amarrar” os conteúdos das quatro unidades, trazendo para a
discussão questões que revelassem o protagonismo da sociedade civil.
Dentro deste contexto, apontamos as alterações ocorridas de acordo com as mudanças
sociopolíticas do nosso país.
É claro, muito mais há que se falar e estudar sobre o assunto, mas acreditamos que esta
unidade servirá de incentivo para futuros aprofundamentos, não só de estudos sobre o tema,
mas que seja também uma sementinha e favoreça sua participação na sociedade civil. Afinal,
como educadores, não podemos nos situar na neutralidade, não é?!
Explore
Com o propósito de ilustrar a possibilidade do que estamos argumentando, sugerimos que assistam
ao vídeo “Por uma Barcarena justa, democrática e sustentável”.
O vídeo mostra a proposta de implantação de um Fórum de diálogo na busca de mudanças socio-
ambientais no município de Barcarena, na região do Amazonas. Esta proposta foi motivada pelas
disparidades entre a riqueza gerada no município pela industrialização e a negação dos direitos bási-
cos, vivida pela população local.
Servindo de exemplo, ele mostra como a sociedade civil pode se tornar protagonista frente aos pro-
blemas sociais.
Assista e reflita sobre a possibilidade de fazer a diferença na sociedade civil.
http://www.youtube.com/watch?v=SblCTOofbVo
6
1. Os movimentos populares e sociais no Brasil: ontem e hoje
agencia Brasil
Iniciaremos esta unidade discorrendo sobre o
conceito de sociedade civil a partir dos estudos de
Gohn (2005) e faremos pontuações sobre algumas
diferenças entre os movimentos populares e
movimentos sociais.
Assim como outros conceitos, também o conceito de sociedade civil vem se alterando
ao longo do tempo. Segundo Gohn (2005), esse conceito passou por muitas reformulações,
adquirindo maior destaque no final dos anos de 1970. Nesse período, havia a crença de que
a sociedade civil deveria se mobilizar e organizar, com a finalidade de alterar o regime militar
vigente. O eixo articulador era a noção de autonomia.
Nos anos de 1970 e 1980 houve destaque dos movimentos que surgiram para reivindicação
de bens e serviços, de terra e moradia, tendo por identidade a exigência de mais liberdade e
justiça social (GOHN, 2005).
Ideias Chave
Os movimentos formados por grupos e organizações da sociedade civil que atuavam em busca de
mudanças pela coletividade foram denominados “movimentos populares”. Nesses, lutava-se por
garantias de direitos, os quais poderiam se transformar em políticas públicas permanentes e de uso
coletivo. Ideologicamente, atuavam contra as classes dominantes.
Já os movimentos sociais tinham como característica a mobilização de massa. Sua atuação
representava uma dimensão mais ampla a partir de lutas por garantia de direitos em várias frentes.
Desta forma, pode-se afirmar que não existe simplesmente um posicionamento ideológico, mas,
principalmente, um posicionamento político, no que diz respeito aos movimentos sociais.
Nos séculos XVIII, XIX e XX, a maioria dos movimentos sociais foi marcada pelas lutas
contra o governo, seja pela contrariedade às arbitrariedades do governo, seja pela conquista de
direitos, pela democratização, ou outras. Esses movimentos eram compostos – em sua maioria
– pela população mais pobre, que tinha maior privação de direitos (e/ou “benefícios”) sociais.
Como já apresentamos na unidade II, as lutas na primeira metade do século XIX eram
oriundas de outras, que as antecederam, no século XVIII.
Na primeira metade do século XIX, houve várias lutas, movimentos e rebeliões nativistas
que contribuíram para a construção da cidadania do nosso país. Foram movimentos voltados
para questões relativas à luta pela mudança do regime político ou dos governos locais. Nesse
período, o sistema escravocrata não era contestado.
Na segunda metade do século XIX, muda-se o olhar e se inicia a luta em prol da liberdade
humana, tendo as questões dos escravos como eixo central de muitas lutas. Também se podem
observar movimentos de auxílio mútuo e contra o fisco.
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Unidade: O protagonismo da sociedade civil
Gohn (2012) afirma que, no geral, foram os ideais democráticos liberais que impulsionaram
os movimentos até o século XIX. Mas a autora pontua que também houve movimentos
conservadores nessa época (os movimentos conservadores fundamentavam-se em ideologias
antidemocráticas ou elitistas).
Importante
É importante atentarmos para o fato de que as lutas e os movimentos situavam-se nas questões
sociais de cada época.
Assim, temos na história do nosso país, nas décadas e séculos anteriores, movimentos organizados
para combater ou conquistar o Estado.
O Brasil passou por um longo tempo de lutas e movimentos e “durante os primeiros séculos
objetivavam a inclusão dos excluídos”, sendo estes os pobres que, em geral, estavam excluídos do
“sistema socioeconômico mais amplo, dos deserdados e dos sem-direitos ao sistema legal-jurídico
existente”. (GOHN, 2012, p. 160).
Conforme já foi observado por alguns autores, os movimentos são a forma que as pessoas
(ou cidadãos) utilizam para reivindicar, quando desejam que seus interesses e anseios sejam
vistos e reconhecidos. Pode ser considerada a forma mais legítima de manifestação popular.
É interessante observar que, no âmbito das conquistas sociais, os movimentos se fazem
presentes em vários acontecimentos históricos. Essas ações decorrentes dos movimentos
históricos contribuem para a modificação de comportamentos e de regras existentes no
sistema político. Com isto, podemos afirmar que a influência exercida pelos movimentos
ultrapassa os efeitos políticos que os mesmos produzem, ou seja, contribuem para as
transformações sociais em nosso país.
Nos anos de 1960 e 1970 foram muitos os movimentos sociais e
populares no Brasil, os quais tinham por objetivo a mobilização de defesa,
a conquista e a ampliação dos direitos civis, políticos, sociais e trabalhistas.
(DURIGUETTO, 2005).
Num plano mais diretivo, podemos afirmar que foi a partir dos anos de 1970
que se acentuou a luta pela redemocratização do Brasil.
Podemos citar ainda os movimentos estudantis e sindicais na década de 1970,
agencia Brasil marcados, especialmente, por greves dos metalúrgicos nas indústrias de São Paulo.
A partir dos anos de 1980, vemos a aparição dos movimentos sociais voltados para
outras questões, como as ambientais (Movimentos ecológicos) e de defesa do consumidor
(Movimento em defesa dos direitos do consumidor), incluindo parcelas mais amplas da
sociedade civil. Portanto, o protagonismo dos movimentos sociais foi muito forte e presente
até a década de 1980.
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Nos anos de 1980, as lutas se articulavam num panorama de busca de
mudanças político-sociais, de ordem estrutural. Havia um projeto político
implícito. Existiam outros referenciais e o modelo socialista era o grande
inspirador. (GOHN, 2012, p. 205).
Com a saída dos militares, em 1985, há uma ressignificação do conceito de sociedade civil e
os movimentos começam a perder a centralidade. Desse modo, observa-se que o “sujeito social
histórico”, até então, protagonista dentro do processo de transformação social, começa a sofrer
uma fragmentação (GOHN, 2005).
Observa-se que ao final dos anos de 1980 – coincidentemente ou não, com a conquista
da nova Constituição de 1988 – e ao longo dos anos de 1990, com as transformações do
contexto político, os movimentos sociais começam a apresentar mudanças no perfil das
lutas, apresentando um declínio das manifestações de rua, que proporcionavam visibilidade
aos movimentos populares. Houve uma rearticulação interna e externa no papel que eles
desempenhavam na sociedade, entrando em cena outros atores sociais, como as ONGs e
outras entidades do terceiro setor (GOHN, 2012).
Gohn (2012) faz referência a alguns fatores, tanto de ordem interna como de ordem externa,
que levaram ao enfraquecimento dos movimentos sociais.
Essas considerações da autora conduzem ao entendimento das mudanças tendo por base a
modificação do modelo referencial nos anos de 1990, com ênfase nos valores éticos e morais,
visto que a sociedade passou “a desacreditar da política, dos políticos e das ações do Estado em
geral.” (GOHN, 2012, p. 206).
[...]. o saldo disto tudo apresenta um resultado paradoxal: o que foi ganho
na década de 1980, a organização da sociedade brasileira em vários níveis
e instâncias, pois este mesmo período foi considerado como perdido do
ponto de vista econômico, passou a ser o grande complicador nos anos de
1990. Isto porque houve alterações na hierarquização dos valores sociais
no conjunto da sociedade. (GOHN, 2012, p.206).
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Unidade: O protagonismo da sociedade civil
Desta forma, os grupos da sociedade civil – impulsionados pelo desejo de alterações pontuais,
como os de liberdade e de autodeterminação para expressar as individualidades, contrapondo-se
à política nacional, devido a sua descrença – passa a acreditar cada vez mais em sua capacidade
de atuação independente. Neste modelo “o plano da moral e da cultura ganham lugar central
nas ações coletivas”. (GOHN, 2012, p. 207).
Esses novos atores sociais aparecem com uma forma de organização mais institucionalizada e
apresentavam iniciativas de parcerias entre a sociedade civil organizada e o poder público (GOHN, 2004).
Com a democracia, altera-se o eixo estruturante – antes representado pela autonomia dos
membros da sociedade civil –, conferindo ao conceito de cidadania lugar de relevância. Assim,
há um descentramento do sujeito social, emergindo uma pluralidade de atores sociais.
A partir dos anos de 1990, o termo cidadania passa a fazer parte dos discursos oficiais, tendo
seu significado voltado para a ideia de participação civil.
Vemos, pois, que os movimentos sociais nos séculos XIX e XX desempenharam papel
fundamental no processo democrático de nosso país, levando-o a transformações sociais a
partir de suas mobilizações reivindicativas dos direitos dos cidadãos.
Nesse sentido, vemos a capacidade de conscientização, mobilização e participação política
existente nos movimentos sociais dos quais a sociedade civil se apresenta como protagonista.
2. A institucionalização no Brasil
As conquistas realizadas nos últimos séculos tiveram como protagonista a sociedade civil. Esta
se organizou nos decorrer dos tempos em busca de seus direitos à cidadania e à democracia.
Neste cenário, a Constituição de 1988 apresenta-se como um marco histórico e se revela como
uma vitória no que tange ao combate a um regime autoritário e repressivo, assegurando o
direito à participação social.
Explore
Foram várias lutas até que o povo brasileiro chegasse à conquista da democracia. Mesmo esta não
sendo plena, apresentando desvios, há que se convir que a conquista foi grande. Para ilustrar os
avanços conquistados com os movimentos sociais, sugerimos que você assista a este vídeo, que faz
um breve resgate da ditadura e da luta pela democracia.
http://www.youtube.com/watch?v=F61-9JuzVR4
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A partir dos anos de 1990, os movimentos sociais começam a enfraquecer e perdem um
pouco de sua autonomia, desta forma precisam alterar suas práticas deixando o caráter crítico e
reivindicativo para tornarem-se mais propositivos. Com isso, vê-se uma inversão da relação entre
os movimentos sociais e as ONGs. Também nesta época, desponta no cenário do associativismo
nacional outro ator social: as fundações e organizações do Terceiro Setor (GOHN, 2011).
Destarte, “os projetos sociais passam a ser eixos de mobilização e articulação de demandas e
pessoas, articulados/gerenciados por ONGs e entidades do terceiro setor” (GOHN, 2011, p. 228).
Assim, no Brasil, a institucionalização foi construída, histórica e concomitantemente, com o
processo de democratização da nossa sociedade.
Gohn (2011) divide esse processo em dois momentos, sendo o primeiro resultado das
trajetórias de lutas para implantar as conquistas constitucionais, ainda nos anos de 1990. Deste
momento, destacam-se os Conselhos Gestores e outros espaços institucionais.
Importante
É importante atentarmos para o fato de que mesmo quando há a paridade nos conselhos, muitas
vezes as reuniões destes são articuladas de modo que não proporcionam condições verdadeiras
para que se efetive a participação da sociedade civil. Isto ocorre, muitas vezes, por essas reuniões
acontecerem em horário comercial – horário em que os cidadãos participantes podem encontrar-se
no trabalho – inviabilizando sua participação nos conselhos. Outras vezes, a ausência dessa parcela
de representante – a sociedade civil – se dá devido à falta de condições financeiras, visto que estes
muitas vezes não têm sequer o dinheiro da passagem do ônibus para chegar ao local da reunião (que
na maioria das vezes são realizadas nas dependências de órgãos públicos, em locais da área central
das cidades, dificultando a participação dos moradores da periferia).
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Unidade: O protagonismo da sociedade civil
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Dentro deste cenário, as ONGs “saem da sombra e colocam-se à frente e até mesmo na
dianteira dos movimentos, tornando-se, em alguns casos, instituições autônomas e desvinculadas
dos movimentos” (GOHN, 2004, p. 146).
Essas organizações, articuladas por empresas, bancos, redes de indústria e comércio, ou
por artistas famosos, passaram a realizar projetos em parceria com o Estado, atuando junto
às populações tidas como mais vulneráveis. Os projetos realizados contavam com apoio de
recursos financeiros públicos (oriundos de inúmeros fundos públicos que foram criados) e
privados, tendo em sua composição uma equipe de profissionais capacitados, selecionados por
suas competências de trabalho e não por suas ideologias (GOHN, 2004, 2010, 2012).
A conjuntura econômica, a partir de 1995, contribuiu para a mudança da dinâmica dos
movimentos sociais e das ONGs. Muitos movimentos incorporaram-se às ONGs que os apoiavam
ou então transformaram-se em ONGs.
Com isso, uma das mudanças observadas foi a introdução de novas pautas orientadas
por agências internacionais de fomento para as políticas sociais. Essas agências indicavam o
trabalho com “os setores tidos como excluídos e em situação de vulnerabilidade socioeconômica,
subdivididos segundo as questões de gênero, etnia, idade, etc.” (GOHN, 2012, p. 219).
Devido às dificuldades relativas a estruturas mínimas e às novas demandas e regras da
cooperação internacional, não havia mais disponibilidade de tempo para articulações com a
população. Outros fatores, como o desemprego, o aumento da violência urbana, ou ainda os
poderes paralelos do narcotráfico nas regiões pobres, desmotivaram a participação da população
pobre nos movimentos (GOHN, 2012).
Importante
É importante ressaltar que a atuação do terceiro setor tem apresentado um dualismo, pois de um
lado reforça as políticas sociais compensatórias – visto que assume um papel de intermediário das
ações assistenciais do governo – e de outro lado, atua como espaços associativos, imprimindo a
solidariedade e também a conscientização da população acerca dos problemas sociais e políticos da
realidade, atuando dentro de um campo educativo da população.
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Unidade: O protagonismo da sociedade civil
Relembrando o estudo da unidade anterior, temos que na primeira década do século XXI
os movimentos sociais passaram a se estruturar de diferentes formas. Gohn (2012) separa
em três categorias distintas: 1) a categoria dos movimentos identitários, 2) a categoria dos
movimentos por melhores condições de vida e de trabalho e 3) a categoria dos movimentos
globais ou globalizantes. A autora ainda acrescenta as ações e as redes cidadãs, que também se
apresentam como movimentos sociais. Contudo, segundo ela, “são na realidade organizações
civis que atuam em fóruns, conselhos, câmaras, consócios, em escala local, regional, nacional,
etc.”, fazendo parte do que vem sendo chamado de participação social institucionalizada
(GOHN, 2012, p. 232).
Esses “Novos Movimentos Sociais” (NMS) trazem à tona novas formas de participação
social. “Conselhos, conferências nacionais e assembleias organizadas por esferas do poder
público são outras arenas de participação no novo associativismo civil deste novo milênio”
(GOHN, 2012, 232).
Mas, como já foi pontuado, ainda há muitas lacunas referentes à participação da sociedade
civil nesses NMS. Para Gohn (2012), os conselhos, conferências e assembleias, enquanto
participação social institucionalizada, devem ser espaços políticos de formação e não apenas
um local para repasse de informações.
Por exemplo, eles devem ser dotados de recursos, ter cursos voltados para a
formação, e não ser mero repasse de informações (lembrando que o exercício
em si já é um processo formativo; há um caráter educativo nele); eles são
espaços políticos de formação, visibilidade das demandas, clarificação dos
cidadãos organizados que atuam como atores políticos, interagem com os
poderes instituídos, não são apenas usuários (muitas vezes seus participantes
são vistos como usuários), devem ter direito a falar, e não só a ouvir. Uma
interlocução pública, que se supõe transparente, pressupõe também que os
conselhos sejam qualificados; eles têm de ter legitimidade, autoridade moral
para ter representatividade. (GOHN, 2012, p. 232-233).
Há que se ressaltar que o que se propõe nada mais é do que o caráter deliberativo e paritário,
onde os representantes da sociedade civil possam exercer o controle social democrático partindo
de uma gestão compartilhada.
Essa nova formação sugerida por Gohn deve estender-se não somente ao representante da
sociedade civil, mas também ao funcionário do Estado, visto que se trata de uma nova cultura:
de gestão compartilhada. Portanto, de um novo processo de aprendizagem. Este deve ser
discutido por ambos os lados, para que se construa uma cultura de compartilhamento. Em uma
gestão compartilhada não basta incluir a participação, é preciso que seu sentido e significado
sejam discutidos a fim de que se alcance a qualificação (GOHN, 2012).
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Encerramos esta unidade deixando alguns questionamentos
que julgamos ser pertinentes ao nosso estudo sobre Educação,
Movimentos Populares e Transformação: e a nós educadores,
o que nos cabe? Qual a nossa função frente a essas novas
demandas sociais? Como operacionalizar o aprendizado?
Será que isso é possível?
Qual caminho seguir?!
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Unidade: O protagonismo da sociedade civil
Material Complementar
Para saber um pouco mais sobre a diferença entre movimento popular e movimento
social, acesse o site abaixo e leia o artigo que discorre sobre o assunto.
https://bit.ly/3pk1sPY
E que tal uma sugestão de filme para contextualizar o que estudamos nesta unidade?!
Minha sugestão é: “Escritores em liberdade”, um filme que retrata a crença de uma
professora na mudança do ser humano através da educação. Apesar de ser um
exemplo de poder transformador a partir da literatura, o que chama a atenção
e serve de “inspiração” para nós é o fato de que o educador tem na educação
ferramentas para a transformação social.
Vale a pena conferir!
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Referências
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Unidade: O protagonismo da sociedade civil
Anotações
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www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil
Tel: (55 11) 3385-3000