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ESPETÁCULO TEATRAL: A PAIXÃO DE CRISTO
Adaptação: Joseilton Bonfim
Colaboração Yves Miranda
Pedro Henrique
ABERTURA COM O CORPO COREOGRÁFICO -
PRÓLOGO – AS PROFECIAS
A cena é composta por trechos do antigo testamento, e os acontecimentos no novo testamento. O
objetivo é trazer uma reflexão que conecta as escrituras...
PROFETA ISAIAS: No princípio, Deus criou os céus e a terra...
EVANGELISTA: No princípio era o Verbo, e o Verbo era Deus, e o Verbo estava com Deus
PROFETA ISAIAS: Disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...”
EVANGELISTA: Ele estava no princípio com Deus.
PROFETA ISAIAS: Eis que a virgem conceberá á e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel.
PROFETA ISAIAS: Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu. (Isaías 9:6).
EVANGELISTA: Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho
primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura porque não havia lugar para eles na hospedaria. (Lucas
2:6-7)
PROFETA ISAIAS: O governo está sobre os Seus ombros. (Isaías 9:6)
EVANGELISTA: Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio. Para que comais e bebais à
minha mesa no meu reino; e vos assentareis em tronos para julgar as doze tribos de Israel. (Lucas 22: 29,30)
PROFETA ISAIAS: E o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro... (Isaías 9:6)
EVANGELISTA: A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as
trevas não prevaleceram contra ela. A saber: a verdadeira luz que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem.
(João 1:4, 5,9).
QUEM É ELE?
Ao som da Música Quem é ele, Surgem as meninas da dança de abertura, com tochas ou velas, sérias,
usando véus. Com gestos firmes, farão uma espécie de baile com as tochas. Ficam em segundo plano,
enquanto Maria e José Passeiam com o menino Jesus, acompanhado por pastores, Anjos, e Reis. A ideia é
fazer uma rápida retomada do nascimento de Jesus.
Voz: Doze anos depois...
CENA 01 – Menino Jesus Perdido e encontrado no Templo
NARRADOR: Todos os anos os pais de Jesus iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando ele atingiu a
idade de doze anos, a família foi à festa, como era hábito. Terminada a comemoração, tomaram o caminho
de volta para Nazaré, mas Jesus ficou para trás em Jerusalém. No primeiro dia os pais não deram pela sua
falta, porque julgavam que estivesse com amigos ou entre os outros viajantes. Mas quando não apareceu
naquela noite, começaram a procurá-lo entre os parentes e amigos. Não o encontrando, voltaram a
Jerusalém, continuando a procurá-lo.
Enquanto o narrador faz essa fala, figurantes entram, e se posicionam em semicírculo. O sacerdotes e
doutores da Lei estão à frente, Jesus No centro como se estivesse pregando. José e Maria se aproximam, e
quando avistam Jesus, param a certa distância e observam.
MARIA: (para José) Vamos homem, precisamos encontrar Jesus. Ele tão pequeno, perdido em meio a essa
multidão...
JOSÉ: Se acalme Mulher, ele com certeza estará em segurança, Deus é com ele!
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JESUS MENINO: E ele converterá O coração dos Pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais para
que eu não venha e fira a terra com maldição
MARIA: Filho porquê fizestes assim, para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos, te procurávamos!
JESUS MENINO: Porque me procuravam? por acaso não sabeis que me convém tratar dos negócios de
meu pai?
MARIA: É muito cedo para tudo isso...
JESUS MENINO: Senão agora, quando?
MARIA: Só nos ajude a passar por tudo isso com você, por favor!
JOSÉ: Melhor nós irmos antes que eles façam uma investigação. Jesus por favor Não faça mais isso!
(A família Sae)
NARRADOR: Antes do início da missão de Cristo sobre a terra Deus enviou sua palavra a João Batista,
filho de Zacarias. João usava uma veste de pelos de camelo e um cinto de couro na cintura. Sua comida eram
gafanhotos e mel silvestre, percorria toda a região do rio Jordão, preparando um batismo de conversão para
o perdão dos pecados. Muitos iam ao seu encontro para serem batizados...
CENA 02 - O BATISMO DE JESUS
Entram algumas pessoas, e João Batista começa a pregar, enérgico!
Os figurantes desta Cena, serão os mesmos da mulher Adultera
JOÃO BATISTA: Raça de cobras venenosas, quem lhes ensinou a fugir da ira que vai chegar? Façam
coisas para provar que vocês se converteram e não comecem a pensar: “Abraão é nosso pai”, porque eu lhes
digo: até dessas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão. O machado já está posto na raiz das
árvores. E toda árvore que não der bom fruto, será cortada e jogada ao fogo.
MULHER: o que devemos fazer para ser convertidos?
JOÃO BATISTA: Quem tiver duas túnicas dê uma a quem não tem. E quem tiver comida faça a mesma
coisa.
COBRADOR DE IMPOSTOS: Mestre, e nós cobradores de impostos, o que devemos fazer para a nossa
conversão?
JOÃO BATISTA: Não cobrem nada além da taxa estabelecida.
SOLDADO: E nós soldados o que precisamos fazer?
JOÃO BATISTA: Não maltratem ninguém, não façam acusações falsas, e fiquem contentes com os salários
de vocês.
Algumas pessoas se aproximam, e são batizadas por João. Entram os sacerdotes, e começam a interroga-lo.
SACERDOTE 01: Quem é você?
JOÃO BATISTA: Vocês pensam que sou o Messias? Eu lhes digo, não, eu não sou o Messias.
SACERDOTE 02: Então quem é você? Elias?
JOÃO BATISTA: Não.
SACERDOTE 01: Então quem é você? Temos que levar uma resposta para aqueles que nos enviaram.
Quem você diz que é?
JOÃO BATISTA: Eu sou uma voz gritando no deserto: aplainem o caminho do Senhor, preparem seus
corações, arrependam-se e confessem seus pecados. Venho dizer para vocês que a mensagem de Deus
precisa ainda ressoar mais forte no coração das pessoas.
SACERDOTE 02: Então porque é que você batiza se não é o Messias? Nem Elias e nem o profeta?
JOAO BATISTA: Eu batizo vocês com água. Mas vai chegar alguém mais forte do que eu. E eu não sou
digno nem sequer de desamarrar a correia das sandálias dele. Ele é que batizará vocês com o Espírito Santo
e com fogo.
(Jesus se aproxima João ajoelha)
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JOÃO BATISTA: Eis o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo.
JESUS: João preciso ser batizado por Ti.
JOÃO BATISTA: Sou eu que devo ser batizado por Ti, e Tu vens a mim?
JESUS: Por enquanto deixe como está! Porque devemos cumprir toda a escritura.
(João batiza Jesus)
NARRADOR: Jesus foi batizado, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba e
do céu veio uma voz:
VOZ: Tu és meu Filho amado! De Ti eu me agrado.
NARRADOR: Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Jejuou por
quarenta dias e quarenta noites.
CENA 03 - TENTAÇÃO NO DESERTO
No deserto. Jesus está jejuando e orando, visivelmente enfraquecido pela fome e pela sede. Satanás aparece
ao longe e se aproxima com um sorriso malicioso. Os pecados capitais, personificados como figuras
sedutoras e tentadoras, surgem um a um para tentar Jesus.
SATANÁS: (Sorrindo) Jesus de Nazaré!!! Vejam, este é o salvador de vocês. O espírito te trouxe até aqui,
para que você conheça o que os homens sentem quando são testados por mim. Deve ser igual a eles em
todos os sentidos: tão frágil, sozinho e pequeno como eles são. Retire o seu escudo, abandone a proteção do
poder que te envolve! Abra mão da sua divindade, renuncie a proteção de seu Pai, Jesus. Somente sem a
proteção de seu Pai, você poderá sentir o que os homens sentem, e só assim poderemos desafiar um ao outro.
JESUS: Estou disposto.
SATANÁS: Pois que comecem as tentações!
Começa a coreografia da Tentação de Jesus. Os sete pecados fazem a performance e seguida seguem com
as tentações de cada um deles.
SATANÁS: (Debochando) “Ora, então vejamos quão forte é a sua fé. Venham, meus servos, mostrem a ele o
que o mundo pode oferecer.”.
TENTAÇÃO DA GULA
GULA: (Aparecendo com comidas) Pobre Jesus, não sentes o desejo de alimentar teu corpo enfraquecido?
Estas delícias podem ser suas. Você precisa apenas transformar essas pedras em pão. (Olha para o público)
Vocês parecem estar famintos também, venham, podem se servir. Não sejam medrosos como esse homem
que se diz filho de Deus.”
Jesus: (Resistindo) — Afaste de mim Satanás “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai
da boca de Deus.”
SATANÁS: Faça-me rir. Que palavra é essa? Quantas pessoas se quer a conhecem?! Outras até conhecem,
mas nunca a praticam. É por esse povo que vais morrer? Sua morte será em vão. O sangue que será
derramado não salvará a humanidade.
TENTAÇÃO DA AVAREZA
AVAREZA: (Aparece oferecendo sacos de ouro e joias) — “Todo este ouro, toda essa riqueza podem ser
suas, Jesus. Basta ajoelhar-se e adorá-lo.”(Olha para o público)“Não deixe de fazer isso por causa deles
Jesus, é perda de tempo. Muitos deles trocariam você e seu querido Pai por toda essa riqueza.”
JESUS: (Com firmeza) Afaste de mim Satanás “Jamais. Eu tenho fé neles. E as Escrituras dizem: Adorarás o
Senhor teu Deus, e somente a Ele servirás.”
TENTAÇÃO DA LUXÚRIA
LUXÚRIA: (Entra toda sedutora) — “Meu querido Jesus... (Ela fica tentando seduzir Jesus.) — “A beleza
e o prazer carnal são seus para tomar. Vamos, possua o meu corpo. Basta estender a mão e se entregar ao
desejo. SE ENTREGUE AOS SEUS DESEJOS CARNAIS, JESUS DE NAZARÉ!” (Olha para o público)
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Quantas pessoas destroem a própria família só para viver esses maravilhosos desejos carnais, esses que são
os mais puros e belos. Aliás, são os desejos que unem casais e pessoas. Sem eles, vocês não seriam nada.”
JESUS: (Desviando o olhar e empurrando a Luxúria) — “O corpo é templo do Espírito Santo. Não me
entregarei às suas tentações da carne.”
TENTAÇÃO DA IRA
IRA: (Entra provocando) “Jesus, veja como eles te desprezam. (Aponta para o público.) Como te
maltratam. Mostre sua ira, sua raiva. Liberte-se dessa paciência e mostre seu poder.”
JESUS: (Calmo) “Está escrito: "Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra." O poder verdadeiro
está no amor e no perdão, não na violência ou na ira.”
TENTAÇÃO DA INVEJA
INVEJA: (Sussurrando) — “Olhe para aqueles que vivem em luxo e poder. Olhe para seu próprio pai, que
tem poderes inimagináveis, capaz de controlar tudo e todos. Não desejas o que ele tem? Não queres ser como
ele?”
JESUS: (Com serenidade): "Não cobiçarás." “O amor do Pai não está nas riquezas deste mundo, mas na
humildade e na compaixão. Eu não vim para buscar glória ou poder, mas para cumprir a vontade de Deus.
TENTAÇÃO DA PREGUIÇA
PREGUIÇA: (Com voz suave e calma) — “Desista, Jesus. Deixe esta missão. Descanse, relaxe, deixe que
outros carreguem esse fardo por você.” (Olha para o público) E vocês, não se cansam dessa correria diária?
Não seria melhor ficar em casa, descansar, evitar o esforço? No fundo, todos sabem que é mais fácil desistir,
adiar e deixar para depois. Aceitem, a preguiça já faz parte de suas vidas
JESUS: (Determinado) “O Espírito de Deus está sobre mim. Fui enviado para pregar boas novas aos pobres.
Jamais desistirei e me entregarei a você.”
TENTAÇÃO DA SOBERBA
SOBERBA: (Com arrogância) — “Mostre sua glória, Jesus. Faça com que todos eles (Aponta para a
plateia) ajoelhem-se diante de sua grandeza. Prove que de fato você é o Filho de Deus.”
JESUS: (Com humildade e firmeza) — Afaste-se de mim, satanás! "Quem se exalta será humilhado, e quem
se humilha será exaltado." Eu não vim para ser servido, mas para servir e dar a minha vida em resgate de
muitos. Eu sou o cordeiro de Deus, meu sangue livrará meu povo do pecado.
SATANÁS – Como és tolo, Jesus!!! Vá, morra por este povo, mas eu voltarei. E muitos se prostarão diante
de mim. O mundo sofrerá, muitas guerras acontecerão, pais e filhos brigarão entre si, milhares de jovens
perderão suas vidas. (vai saindo). Eu voltarei, nazareno. (gargalhadas)
CENA 04 – ENTRADA EM JERUSALÉM
NARRADOR: O diabo enfim o deixou. Jesus voltou para a galileia com a força do espírito. Jesus fez
muitos milagres escolheu os 12 discípulos. E iniciou sua missão. Certa vez Jesus e seus discípulos se
aproximaram de Jerusalém e adentraram naquela cidade. Isso aconteceu para que se cumprisse a palavra do
profeta que anunciava: “Eis que teu rei está chegando até você.” E Jesus entra em Jerusalém e uma multidão
o aclama agitando galhos de árvores e cantam:
“Hosana ao filho de Davi!...”
O ideal para essa cena é que Jesus entre montado em Jumento, e uma multidão se aproxima com os ramos
e as túnicas para receber Jesus e cantam Hosana Hey. Para a procissão, convidar pessoas da comunidade:
Lideres de pastorais, ministros, dizimistas, grupo de liturgia, catequese dentre outros. A procissão vai
saindo de cena, ficando para trás dois sacerdotes que estavam entre a multidão e conversam entre si
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SACERDOTE 1: (Olhando o fim da procissão) Este homem já conquistou o povo. Pelo visto, a coisa é
mais séria do que pensei. Não será tão simples silenciá-lo, mas precisamos encontrar uma maneira rápida de
fazer isso.
SACERDOTE 2: Realmente será difícil. Este Jesus, tornou-se uma ameaça para nós e para todo nosso
povo. Devemos encontrar Caifás! É necessário preveni-lo sobre isso.
SACERDOTE 1: Téns toda a razão! Vamos depressa, mas com extrema cautela e bastante discrição. A
euforia do povo é grande. Não podemos ser notados.
Os dois sacerdotes vão saindo de cena. Então, ouve-se uma melodia que lembra suspense, perigo e traição.
Assim, se destaca o Diabo, que vem mascarado e coberto com um capuz, anunciar o que planeja.
SATANÁS: É chegada, enfim, a hora de iniciarmos a provação. Pois, se com cantos e ramos, O Cristo agora
é recebido por grande multidão, o mesmo povo, com pedras e chicotes em procissão de morte daqui irão
levá-lo (começa a se exaltar em insana alegria). E tudo isso para que se cumpra o que foi estabelecido. Que
o príncipe deste mundo há de ter o seu reinado. E que toda a raça humana pagará por seu pecado!
Sai de cena, gargalhando de alegria, pelo meio do público.
CENA 05 - A MULHER ADÚLTERA
Entram algumas e se sentam, enquanto Jesus faz gestos, como se estivesse ensinando algo. Madalena é
praticamente arrastada por um escriba...
ESCRIBA: Mestre, esta mulher foi apanhada, em adultério. E na lei, nos mandou Moisés que tais mulheres
fossem apedrejadas. Tu o que dizes?
Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra. E eles insistiam:
SACERDOTE 1: vamos Jesus de Nazaré, já que és o seguidor da lei, o que nos diz sobre esta adúltera?
Moisés diz que devemos apedrejá-la, e você nazareno o que nos diz?
JESUS: Aquele que entre vós está nunca pecou, que atire a primeira pedra.
E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto, saíram um a um, a começar pelos mais
velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.
JESUS: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
MADALENA: Ninguém, Senhor.
JESUS: Nem eu também te condeno: vai-te, e não peques mais. Eu sou a luz do mundo; quem me segue não
andará em trevas, mas terá a luz da vida.
CENA 06 - VENDILHÕES DO TEMPLO
Alguns vendedores, transformam o templo de Jerusalém em comércio, anunciam e vendem as mais variadas
mercadorias. Jesus Observa os vendilhões com olhar de reprovação, é acometido por uma revolta expulsou
todos os que ali vendiam e compravam, derrubou as mesas dos cambistas, e as cadeiras dos que vendiam as
pombas; e disse-lhes:
JESUS: Jerusalém, cidade da fé, que era repleta de justiça... agora é uma meretriz. (quebrando vasos,
abrindo gaiolas...)
JESUS: Vocês não sabem? Vocês não ouviram? Isto tudo foi dito desde o início. Onde estão os sacrifícios
por mim? - disse o Senhor. Já basta de tributos em vão.
Continua o alvoroço...
VENDILHÃO 1: Isto é uma fraude. Devemos apedrejá-lo!
JESUS: Esta é uma casa de oração e vocês estão transformando num covil de ladrões.
VENDILHÃO 1: Ele é um louco. Não é um profeta.
ZERAH: Parem! (A Jesus) Rabino, meu nome é Zerah. Sou escrivão desse local sagrado. E eu como meus
irmãos temos seguido sua missão com muito interesse. Ouvimos coisas boas sobre você e nos alegramos.
VENDILHÃO2: (Interferindo) Mas o que ele fez aqui hoje nos chocou e nos surpreendeu. (Para Jesus)
Deseja destruir esse templo sagrado?
JESUS: O templo não é apenas pedra, é a casa de Deus. Não pode ser destruído enquanto Deus morar aqui.
(olha fixamente) Destrua o templo e eu o reerguerei em três dias.
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VENDILHÃO3: (zombando) Este templo demorou séculos para ser construído e tu o reconstruirás em três
dias?
JESUS: Você disse isso, mas não compreendeu! (sai enquanto os demais continuam a observá-lo)
CENA 07 - SANTA CEIA
Os doze discípulos estão reunidos. Conversam fazendo um burburinho Após um momento, Jesus entra em
cena trazendo uma bacia com água e um pano preparando a cena do lava-pés. Ele inicia a lavagem dos pés
dos discípulos que, um a um, se olham intrigados com a atitude de seu mestre. Ao chegar a vez de Pedro,
este se opõe.)
PEDRO: Senhor? Tu lavando meus pés? Como posso eu permitir?
JESUS: Pedro, o que faço agora não entendes, mais tarde compreenderás. Se eu não te lavar os pés não terás
parte comigo.
PEDRO: Pois se for assim, lave também minhas mãos e minha cabeça.
JESUS: (Com o olhar vago) Aquele que tomou banho não precisa ser lavado, senão os pés. (Olhando com
tristeza para os discípulos) Porém, nem todos estão puros ao meu redor.
(Jesus lava os pés de cada discípulo caminha em direção à mesa da ceia e convida seus discípulos a fazer o
mesmo.)
JESUS: Vocês compreenderam o que acabei de fazer? Se eu a quem vocês chamam de mestre, lavei os
vossos pés... também vós devereis lavar os pés uns dos outros. Este é o exemplo que deixo para todos. Não
vim a este mundo para ser servido, e sim para servir. Eu garanto a vocês: o servo não é maior que o Senhor.
Vocês são os meus escolhidos. Aqueles que o meu caminho haverão de continuar. Desejei ardentemente
celebrar esta Páscoa convosco. Pois vos digo: Não a comerei novamente até que se realize no reino dos céus.
(Pausa. Jesus pega o pão, agradece e o parte, dizendo:)
Esta cena acontecerá paralela à outra. Em um cenário que representa um altar, um jovem padre, refaz os
gestos de Jesus ao partilhar opção e o vinho. Jesus solenemente pega o pão...
JESUS – Bendito sejas o Senhor nosso Deus, que o pão da terra com alegria nos deu. Tomai todos e comei.
Isso é o meu corpo que será entregue por vós e por todos.
(Pausa. O pão é repartido pelos discípulos. Jesus toma o cálice e repete os ritos da benção.)
JESUS – Bendito sejas, Ó Deus, nosso Senhor, que com o fruto da vinha nos abençoou. Tomai e bebei. Isto
é o meu sangue que será derramado por vós e por todos para a remissão de todo pecado. Façam isso em
minha memória!
Todos bebem
O cenário do padre escurece, e a cena da ceia continua...
JESUS: Meus amigos, devo-lhes fazer uma declaração: um de vós irá me trair. Um de vós me entregará!
baixa a cabeça
PEDRO: Uma traição?! Senhor isso nunca acontecerá!
JOÃO: Sabemos que és o filho de Deus. Quem aqui conceberia um ato tão vil?
JESUS: O traidor será aquele a quem eu der este pedaço de pão...
Pega o pão e o repassa a Judas. Todos exclamam: “Judas!” em voz alta.
JUDAS: (confuso) Ah, mestre! Porque eu? Porque achas que eu haveria de te entregar?
JESUS: É o que deves fazer. Vá depressa, e faças o que téns que fazer! (Judas pega o pão, come, sai em
silêncio e cabisbaixo)
JOÃO: Senhor, não compreendemos.
(os discípulos conversam entre si num ar de confusão)
JESUS: (Com as mãos os faz silenciar) É pouco o tempo que me resta, ainda que longo seja o caminho. E
nenhum de vós estará comigo. Aonde vou, devo ir sozinho. (para Pedro)
Simão! Simão! Olha que Satanás, pediu permissão para peneirar vocês como trigo. Eu, porém, rezei por
você, para que sua fé não desfaleça. E você, quando estiver voltado para mim, fortaleça teus irmãos!
PEDRO: (enérgico) Não digas isso! Contigo estou pronto, até mesmo para ir para a prisão ou para a morte!
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JESUS: Eu te agradeço! E é bom que fales assim. Mas em verdade te digo: (segura no ombro de Pedro e
fala olhando nos olhos) Pedro, antes que o galo cante, tu me negarás que me conhece três vezes.
PEDRO: Isso nunca, meu senhor! Como poderia eu renegar o Cristo Salvador?
JESUS: (Novamente os faz calar) Eis que vos dou um novo mandamento: Amai uns aos outros, assim como
eu vos amei. Esta é uma noite de agonia, e a tristeza toma o meu coração. Saí do Pai e neste mundo habitei.
Agora deixo este mundo e ao meu Pai retornarei. Pedro, Tiago e João, venham comigo ao monte das
oliveiras. Preciso orar.
CENA 08: PALÁCIO DE CAIFÁS
NARRADOR – Enquanto isso no palácio de Caifás...
(Caifás entra acompanhado de dois sacerdotes)
SACERDOTE 1: Esse Jesus precisa ser preso!
SACERDOTE 2: Prender Jesus? Mas de que iremos acusá-lo?
SACERDOTE 1: Blasfêmia... anda dizendo por aí que é filho de Deus, o Messias prometido.
CAIFÁS: Mas dizem que este homem realizou vários milagres por toda a Galiléia.
SACERDOTE 2: Coincidência! Vamos fazer o povo se revoltar contra ele.
SACERDOTE 1: O que me preocupa é o povo se revoltar conosco. É época de páscoa.
SACERDOTE 2: quem é você?
JUDAS: sou um dos doze seguidores de Jesus. Estou disposto a ajudá-los. Trinta moedas de prata e digo
onde Jesus está.
(os sacerdotes conversam entre si)
SACERDOTE 2: aqui está (joga as moedas).
JUDAS: (ainda no chão a juntar as moedas) o mestre fará vigília hoje no horto das oliveiras.
SACERDOTE 1: e como saberemos quem é esse Jesus?
JUDAS: aquele que eu beijar deverá ser preso. É o mestre!
SACERDOTE 2: os soldados irão fortemente armados. Pode ir. (conversando entre si) Temos que fazer
isso o mais rápido possível. (Judas num contentamento)
CENA 09 - MONTE DAS OLIVEIRAS
Cenário (um jardim, uma pedra e uma fogueira que é acesa por um dos discípulos). (Jesus entra com
Pedro, Tiago e João).
JESUS: A vocês três eu faço esta confidência: minha alma está triste e amargurada diante da morte. Ficai
aqui, orai e vigiai com paciência. Eu só peço que vigiem sem cessar! (Dizendo isso, Jesus se afasta para
fazer sua oração. Os três discípulos, um pouco desconcertados, também se ajoelham para rezar).
JESUS: Meu Pai! É chegado o momento de concluir minha missão. Eu te glorifiquei e, sobre toda a terra o
teu santo nome fiz conhecer. Volto os meus olhos para ti neste momento de aflição. Sei o que me espera e
tudo que devo sofrer. Se quiseres, afasta de mim este cálice de provação. Pois tu, meu Pai, aqui me enviaste
e tudo podes fazer.
Mas que seja feita a tua vontade e não a minha. Estou só, diante de ti. Este cálice de dor só tu poderás
afastar. Eu sei que não devo temer, pois tu, meu pai, comigo estarás. (Pausa. Jesus chora, depois se acalma
e prossegue). Rogo também por todos que me ordenaste cuidar, por todos aqueles que crêem que tu me
enviaste. Rogo para que sejam um, assim como eu e tu estamos em plena unidade. E assim, que seja feita,
não a minha, mas a tua vontade!
Nesse momento, Jesus se prostra ao chão, abalado, e rezando de olhos fechados, tendo nos lábios uma
profunda expressão de agonia. Todos os discípulos estão dormindo. Nessa hora o Diabo se aproxima por
trás de Jesus, já sem a máscara e o capuz que o encobriam. Jesus percebe sua presença e se recompõe
ainda fraco.
SATANÁS: (Com um sorriso de deboche) Então, estás preparado? Crês mesmo que vais conseguir? O teu
fardo parece pesado. O mais pesado de todos que já vi! (Ri com deboche)
ESPETÁCULO TEATRAL: A PAIXÃO DE CRISTO - 2025
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JESUS: (Irado) Sei que deixaste tudo arquitetado. Então vá embora. Afasta-te de mim! Por meu pai celeste
já fui glorificado. Deixe-me prosseguir o meu caminho em paz!
SATANÁS: Nenhum pai seria capaz de preparar o fim do próprio filho! Ele quer que sejas açoitado,
cuspido, humilhado, arrastado pelos vivos, ridicularizado, julgado, condenado e crucificado. Você aguentará
tudo isso sozinho? Olhe para os seus seguidores! Não conseguem nem ficar acordados, e fugirão assim que
Judas aparecer. Saibas que ao teu Calvário haverei de assistir. Por isso, sem pressa eu me afasto, mas
prometo voltar (O Diabo sai de cena satisfeito e Jesus retorna a seus três companheiros, ainda fraco)
JESUS: (com voz forte) Acordem!
(a Pedro) Pedro, nem por uma hora foste capaz de vigiar? (a todos) Levantem-se! Aproximam-se aqueles
que me levarão. Posso ouvir seus passos. Aí vem o traidor. (Judas entra com vários soldados e os
sacerdotes com tochas acesas) (Judas vai beijar Jesus/ tenta fugir, os guardas seguram-no e o jogam no
chão). Desconcertado BEIJA JESUS)
JUDAS: Salve, Rabi!
JESUS: (olha fixo para Judas) Judas, com um beijo você trai o filho do homem!
SACERDOTE 2: Prenda-o. É ele (o soldado avança para Jesus, Pedro o defende).
PEDRO: nós vamos proteger o mestre (corta a orelha do soldado)
SOLDADO 1: (Grita em prantos de dor) Desgraçado! Minha orelha! (gemendo)
JESUS: Pedro guarde a sua espada. Parem com isso!
SACERDOTE 1: Vejam! Ele está colocando a orelha no lugar.
PEDRO: Mas mestre...
JESUS: (repreendendo Pedro) Se eu quisesse, eu pediria ao pai, e ele enviaria uma legião de anjos para me
defender. (Jesus cura a orelha do soldado)
SOLDADO 01: (Num espanto/surpreso) A minha orelha... está curada! (Ergue os braços em direção a
Jesus, em seguida sai bestificado segurando a orelha)
JESUS: Eu sou Jesus de Nazaré, a quem procuras. Por que viestes armados com espadas e paus como se eu
fosse um bandido? Todos os dias eu estava com vocês no templo, e nunca puseram a mão em mim. Mas esta
é a hora de vocês e do poder das trevas. (Jesus é preso com cordas e é conduzido ao palácio de Caifás)
CENA 10 – PALÁCIO DE CAIFÁS
(os soldados chicoteiam Jesus que está de joelhos)
CAIFÁS: Chega! Apresente as testemunhas.
(uma mulher entra escoltada pelos soldados)
TESTEMUNHA: Encontramos este homem fazendo subversão entre o nosso povo, proibindo pagar tributo
ao imperador, e afirmando ser ele mesmo o Messias, o Rei. Disse ainda que poderia derrubar o templo e
construir outro em três dias. Mate ele!
CAIFÁS: tu és o cristo, o Rei dos judeus?
JESUS: é você quem está dizendo isso!
CAIFÁS: por que não se defende? Não dizes ser o filho de Deus?
JESUS: sim, eu sou. Estarei sentado à direita de Deus pai, todo poderoso, com igual poder.
SACERDOTE 2: (rasga um pedaço da veste) Blasfêmia! Para que mais testemunhas? É réu de morte!
(cospe)
CAIFÁS: soldados, levem-no a Pilatos.
(os soldados levam Jesus a Pilatos).
CENA 11 - NEGAÇÃO DE PEDRO:
(Pedro sentado no pátio do palácio de Caifás inquieto/uma criada carregando uma jarra dirige-se a ele,
olhando-o bem de perto)
CRIADA 1: Tu também estavas com Jesus, o Galileu.
ESPETÁCULO TEATRAL: A PAIXÃO DE CRISTO - 2025
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PEDRO (tentando esconder o rosto): Eu não sei do que você está falando. Não conheço nenhum Galileu.
Mudar de lugar e
CRIADA 2: (falando para outras pessoas que estão próximo) Este também estava com Jesus, o nazareno.
PEDRO: Mulher, eu nem o conheço!
(alguns homens que estavam perto conversam entre si. Um deles se dirige a Pedro)
HOMEM: Verdadeiramente, também tu és um deles. Você é Galileu. O teu jeito de falar te denuncia. (para
os outros) Este homem estava com Jesus de Nazaré.
PEDRO: (nervoso/gritando) Não sei do que vocês estão falando. Deixem-me em paz. Eu já disse. Juro que
não conheço esse homem.
(Som do canto de um galo/ Pedro se lembra do que Jesus havia dito/uma voz ao fundo repetindo as palavras
de Cristo/Pedro começa a chorar amargamente)
PEDRO- Senhor, o que eu fiz? (cai de joelhos) Eu prometi que irias contigo para a prisão ou para a morte.
Eu não mereço perdão. Neguei o meu Senhor diante dos homens. (sai de cena, lentamente, cambaleando,
decepcionado/chorando convulsivamente)
CENA 12 – ARREPENDIMENTO DE JUDAS
(Judas volta ao palácio de Caifás/bate palmas)
CAIFÁS – Quem é?
JUDAS – (com expressão de arrependimento/chorando) Eu, Judas, o renegado.
SACERDOTE 2 – o que fazes aqui? Não já lhe pagamos trinta moedas de prata?
JUDAS – (joga as moedas no chão) tome essas moedas que me queimam as mãos. Eu traí um homem justo.
CENA 13 – MORTE DE JUDAS
Judas sai do Palácio de Caifás, chorando, extremamente Triste.
JUDAS: O que fiz ao meu mestre? Porque o entreguei aos seus inimigos? (Gritando) Porque fui tão
covarde?! Aonde eu for meu pecado vai me seguir. Estou perdido, não tenho para onde fugir! (Chora
convulsivamente) Eu vi o que fizeram com ele! Como o açoitaram e o humilharam! Ele é o filho de Deus!
Agora é tarde!!! (Cai de joelhos ao chão, chorando e gemendo em desespero)
(Começa a ouvir uma voz sussurrada, in off, que chama seu nome suavemente: “Judas!”.)
JUDAS: (Assustado, procurando a voz) Quem está ai? Quem é que quer falar comigo? (O sussurro se torna
mais grave: “JUDAS!”) (nervoso, ficando louco) Quem é? Senhor? És tu que estás a me chamar? (Seu nome
é sussurrado mais uma vez, só que agora com risos de deboche: “JUDAS!!!”) (Completamente louco,
procurando a voz no meio da platéia, com raiva e gritando) Sai daqui! Vai embora me deixa em paz!
Surge em cena o lucifer e sua legião, e perturbam Judas, que fica enlouquecido.
Satanás: (rindo) Isto que tu me pedes... há muito tempo ficou para trás! A tua consciência te condena, Não
terá um dia de paz, até o fim de seus dias...
JUDAS: Me deixe, desapareça! Eu não vou ceder às suas provocações. Sai correndo, e acompanhado pela
legião que gargalha fortemente.
Ouve-se um grito fora de cena!
CENA 14- JESUS PERANTE PILATOS
(Jesus entra acompanhado pelos soldados)
PILATOS: então, és tu o rei dos judeus? (Jesus fica em silêncio)
PILATOS: não o vejo como um rei. (permanece em silêncio)
PILATOS: não vejo porque lhe condenar. O que diz das acusações que lhes fazem? (Jesus fica em silêncio)
PILATOS: o teu silêncio te prejudica. Como é teu reino?
JESUS: o meu reino não é como o seu. Meu reino não é desse mundo.
PILATOS: não?
JESUS: vim para trazer a verdade.
ESPETÁCULO TEATRAL: A PAIXÃO DE CRISTO - 2025
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PILATOS: (eufórico) a verdade? Mas o que é a verdade? Onde está afinal a verdade? Há tantos homens
com opiniões contraditórias que julgam pregar a verdade. Eu tenho o poder de te libertar... ou de lhe
condenar.
JESUS: você não teria poder sobre mim, se não recebesse do alto.
PILATOS: Não vejo neste homem motivo de condenação, mas já que Herodes está em Jerusalém por esses
dias, deixarei que ele mesmo decida! (chama o oficial) Diga a Herodes que é seu dever decidir sobre o
futuro deste homem. (o soldado faz continência e encaminha-se até Herodes)
CENA 15- PALÁCIO DE HERODES
(vinho, festa, alegria, no cenário muitas almofadas/ criados servindo uvas/ bailarinas dançando...)
OFICIAL: Senhor, o governador Pilatos soube que estás em Jerusalém, e lhe enviou um homem para
julgamento. Estando ele sobre sua jurisdição, cabe ao senhor julgá-lo. É o que pensa o governador Pôncio
Pilatos. Jesus é o seu nome.
HERODES: (expressão de espanto e alegria) Jesus?! Jesus de Nazaré?!
OFICIAL: Então o Senhor já o conhece?
HERODES: Não! Mas adoraria conhecê-lo. Muito tenho ouvido falar a respeito desse homem. Dizem que
ele tem realizado muitos milagres. Cometeu que espécie de crime? Podem trazê-lo.
(os soldados trazem Jesus)
HERODES: Jesus! Há muito tempo queria vê-lo. Desejei muito este momento. Dizem por aí que tu és
santo. Isso é verdade??? Quais são os teus milagres?
(Jesus em silêncio) Vejam!!! O todo poderoso perdeu a língua. (zombam de Jesus)
HERODES: (sarcástico) Vamos, Jesus! Mostre-nos um dos teus milagres. (aponta para todos os presentes
que fazem expressão de gozação) Todas essas pessoas podem ser teus seguidores. Vamos!!! Realize um
milagre diante de nossos olhos!
SACERDOTE 1: Este homem tem se declarado rei por onde passas. É, de fato, um homem perigoso. Tem
causado muito alvoroço entre nosso povo.
HERODES: Jesus de Nazaré, por que continuas calado? Veja do que estão te acusando! Se queres ficar
livre, opere agora mesmo um milagre.
(Jesus apenas olha para Herodes)
HERODES: Diga-me: tu és rei?
(Jesus em silêncio)
HERODES: Basta! Não tenho mais tempo a perder. Esse homem não traz nenhum perigo. Ele mais parece
um louco. Que mal poderia causar ao nosso povo? É um tolo! Tenho coisas mais importantes para fazer.
Leve-o de volta a Pilatos. Que ele decida!
OFICIAL: Mas... Senhor!!!
HERODES: Nem mais uma palavra. Saiam daqui com este homem. (dirige-se às almofadas/ para os
criados) Tragam-me vinho!
(zombam de Jesus, vestem- no com uma capa brilhante... de volta a Pilatos)
CENA 16- RETORNO PARA PILATOS
OFICIAL: O governador diz que Jesus é um tolo! Cabe ao senhor agora, decidir sobre sua condenação.
PILATOS: (para Jesus) Novamente, Jesus?!
PILATOS: (para o povo) Vocês trouxeram este homem como se fosse um agitador do povo. Pois bem! Já
interroguei-o diante de vocês e não encontrei nenhum dos crimes de que vocês estão o acusando. Herodes
também não encontrou, tanto que mandou Jesus de volta para nós. Ele nada fez para merecer a morte.
Portanto, vou castigá-lo e depois o soltarei.
POVO: Crucifica-o! Crucifica-o!
PILATOS: Que mal fez este homem para ser condenado?
AGITADOR: ele é mal feitor!
PILATOS: o que farei com o rei de vocês?
ESPETÁCULO TEATRAL: A PAIXÃO DE CRISTO - 2025
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AGITADOR: César é nosso rei, o imperador de Roma.
POVO: Crucifica-o! Crucifica-o!
PILATOS (a Jesus): como é de costume na páscoa soltar um preso; verei o que o povo acha.
(ao povo) É de costume soltar um preso por ocasião da páscoa. Não querem que eu solte o rei de vocês?
AGITADOR: não, solte Barrabás.
POVO: Barrabás! Barrabás! Barrabás!
PILATOS: Silêncio! Silêncio! Vocês querem que eu solte um criminoso? Um ladrão?
POVO: solte Barrabás! Mate Jesus!
PILATOS: Tragam Barrabás. (entra um oficial romano)
OFICIAL ROMANO: senhor governador, vim a mando de sua esposa, ela pede que não condene esse
homem. Esta noite teve um sonho. Ele é um homem justo.
(Pilatos fica por um instante pensativo)
PILATOS: (ao povo/apontando para Barrabás) Tenho aqui ao meu lado um homem perigoso, alguém que
cometeu todas as espécies de crime, todas as barbáries. É este homem que vocês querem que eu solte?
POVO: Solte Barrabás! Barrabás! Barrabás!
PILATOS: (ao povo/apontando para Jesus) Desse outro lado, tenho Jesus de Nazaré, que se diz o Cristo.
Aquele que veio salvar o mundo de toda injustiça.
POVO: Crucifica-o! Crucifica-o!
PILATOS: (pede silêncio com as mãos/ pensa por alguns segundos) Não serei responsável pela morte desse
homem. Tragam água! Eu lavo as minhas mãos. (lava as mãos) Solte Barrabás! (os soldados tiram as
correntes, Barrabás vai para o meio do povo que festeja) E Jesus... é com vocês. Façam dele o que
quiserem.
(os soldados acompanham Jesus a um ponto estratégico, chicoteando-o)
CENA 17 - JESUS A CAMINHO DO CALVÁRIO
I ESTAÇÃO – JESUS É CONDENADO A MORTE
(os soldados colocam uma venda em Jesus, espanca-o)
SOLDADO 2 – Não és um rei?! Não sabes de todas as coisas? Diga agora: - quem foi que te bateu? (Jesus
chora de do/ os soldados riem, zombam) Então se és rei, vamos coroá-lo. (colocam-lhe uma coroa de
espinhos/ Jesus grita).
SOLDADO 3 – (colocando o manto) O manto! Agora sim está parecendo um rei. Salve, rei dos judeus! (os
soldados zombam, fazem reverências a Jesus enquanto riem)
Todos os soldados: Salve o rei!
Enquanto os Soldados batem em Jesus, O diabo passa assistindo a cena, carregando uma criança nos
braços.
CENA 18 - II ESTAÇÃO – JESUS TOMA A CRUZ EM SEUS BRAÇOS.
(Jesus é obrigado a carregar a cruz – Um soldado se aproxima com a Cruz, Jesus a recebe de Braços
abertos como se tivesse a intenção de abraça-la
CENA 19 - III ESTAÇÃO - JESUS ESTÁ FRACO E CAI PELA PRIMEIRA VEZ.
(Os soldados chicoteiam Jesus, a multidão grita, Jesus é empurrado e cai)
CENA 20 - IV ESTAÇÃO - JESUS ENCONTRA-SE COM SUA MÃE.
(Maria ajoelha-se próximo a Jesus. Os guardas tentam impedir).
MARIA – (chora contidamente) Oh vós todos que passais pelos caminhos... olhai e vede se há dor igual a
minha? Ver o próprio filho ser açoitado. Meu filho amado!!! (Os guardas afastam Maria)
CENA 21 - V ESTAÇÃO - SIMÃO CIRINEU AJUDA JESUS A CARREGAR A CRUZ.
ESPETÁCULO TEATRAL: A PAIXÃO DE CRISTO - 2025
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(Simão está próximo à platéia)
SOLDADO 2 – Ei, você! (obriga Simão a carregar a cruz)
CENA 22 - VI ESTAÇÃO – VERÔNICA ENXUGA O ROSTO DE JESUS
(Verônica entra em cena driblando os soldados)
VERÔNICA – (gritando) Deixai-me passar! Deixa-me passar. Senhor, tu que és o Salvador do mundo,
deixai que eu enxugue vossa face com este pano. (verônica enxuga o rosto de Jesus).
VERÔNICA – Oh vejam! Vejam, homens cruéis, o rosto desse justo, estampado neste pano. Acaso não
sabem que estão matando a única esperança do mundo?! Não sabem que estão apagando a única e
verdadeira luz?! (Cântico de Verônica
Óh, vós todos! Óh, vós todos, que passais pelos caminhos.
Olhai e vede! Olhai e vede, se existe dor, igual a minha dor.
Óh, vós que passais pelos caminhos, olhai e vede se existe dor igual à minha dor...(2x)
VERÔNICA – Homens cruéis, o que vocês estão fazendo com o meu senhor? (para Jesus/ ajoelhando-se)
Mestre, é pesado este madeiro, e longa é a caminha. Sei que tens sede. Permita que eu lhe dê de beber.
(Verônica tenta dar água a Jesus/ um dos soldados tomam a moringa e jogam no chão)
SOLDADO 3 – Afastem essa louca! (soldados retiram Verônica e empurram Jesus).
CENA 23 - VII ESTAÇÃO – JESUS CAI PELA SEGUNDA VEZ.
CENA 24 - VIII ESTAÇÃO – JESUS ENCONTRA COM AS MULHERES DE JERUSALÉM.
(As mulheres choram convulsivamente)
MULHER 1: (Se destacando à frente do cortejo) Oh! Mas quanto horror! Já derramou muito sangue... O
que fizeram com Jesus, nosso senhor?
MULHER 2: Como dói em mim a dor do Cristo! A tortura e o cansaço, a angústia e o corpo marcado!
Como pode agüentar tudo isso, Senhor?
MULHER 3: Vede como já não tem forças o nosso Jesus! Depois de ser tão humilhado, Ele está muito
cansado. Vejam o olhar do cristo amargurado, com o corpo já muito esgotado, sofrendo em tamanha agonia!
JESUS: (Cansado) Porque estás chorando, filhas de Jerusalém? Chorai por vós mesmas e por vossos filhos,
porque virá o tempo em que se dirá: “felizes os ventres que não geraram e os seios que não amamentaram.
CENA 25 - IX ESTAÇÃO – JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ.
CENA 26 - X ESTAÇÃO – JESUS É DESPOJADO DE SUAS VESTES
(dois soldados lançam sorte sobre suas vestes)
SOLDADO 03: Quem de nós agora será o rei??? Lançaremos sorte sobre as vestes. E aquele que ganhar
será o novo rei. (riem/ lançam sorte)
SOLDADO 04: Eu ganhei, portanto, agora eu sou o novo rei. Você me deve continência. (zombam de
Jesus)
CENA 27 - XI ESTAÇÃO – JESUS É PREGADO NA CRUZ
(Os soldados erguem a cruz. Maria e João ficam próximos à cruz)
SATANÁS: Rei dos Judeus, olha para o teu trono. Feito de madeira e pregos. Tanta dor, tanto sofrimento. E
para quê? Será que te lembrarão? Tua agonia será esquecida rapidamente. Tudo isso em vão? Tua divindade
questionada, tua missão contestada. Abandone essa ilusão de sacrifício; o mundo seguirá sem você. Que
glória há em morrer como um criminoso? Ouça-me, pois não há redenção nesta cruz
SOLDADO 2 – (sarcástico) Salve o Rei dos Judeus. Desça agora dessa cruz para que vejamos e creiamos.
NARRADOR – Na cruz de Jesus pregam a inscrição – “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus”. Com Ele foram
crucificados dois malfeitores, um à sua direita e outro à sua esquerda.
ESPETÁCULO TEATRAL: A PAIXÃO DE CRISTO - 2025
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JESUS – Eli, Eli Lamá Sabactani. Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
SOLDADO 4 – (sarcástico/para os colegas) Este está chamando por Elias, vamos ver se este Elias Salvá-
lo. (Maria, João e outra ficam próximos da cruz)
JESUS – Mãe, a partir de agora, João será seu filho. João, a partir de agora minha mãe será sua mãe.
SOLDADO 3 – (irônico) Tu que destrói o templo e edifica outra vez em três dias, salve a si mesmos se és
filho de Deus. E desça dessa cruz.
SOLDADO 2 – A outros salvou e a si mesmo não pode Salvar? (zombam de jesus)
JESUS – Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que estão fazendo.
MALFEITOR à ESQUERDA – Não és o Messias, o filho de Deus? Salve a ti mesmo e a nós dois.
MALFEITOR à DIREITA – Nem você teme a Deus, sofrendo a mesma condenação?Para nós é justo. Ele
não fez mal algum para ser condenado. Nós estamos recebendo o que merecemos. Jesus lembra-te de mim
quando estiveres em teu reino.
JESUS – Em verdade, te digo: ainda hoje estarás comigo no paraíso. Tenho sede.
SOLDADO 2 – (Sorrindo) Tem sede? Vou embeber esta esponja em vinagre e fel. (encena) Toma Jesus, e
mate sua sede.
CENA 28 - XII ESTAÇÃO – JESUS MORRE NA CRUZ
JESUS – Está tudo consumado. (Grita dolorosamente) Pai, em suas mãos eu entrego o meu espírito. (vira a
cabeça para a esquerda, explosão)
CENA 29 - XIII ESTAÇÃO – JESUS É DESCIDO DA CRUZ
(colocam-no junto a Maria)
MARIA: Este é o meu filho, amado desde sempre. O menino que alimentei e cuidei, nascido do meu ventre.
Povo de Jerusalém, eis o corpo do meu filho, sacrificado diante de nós. Prestai todos atenção: escutai a
minha voz. Olhai e vede se existe dor maior que esta: ver seu próprio filho ser açoitado, marcas de espinhos
sobre sua testa. O corpo cheio de chagas, sangue derramado. Pelo mundo foi maltratado. E agora, o que me
resta? O mundo inteiro escureceu! As trevas tomaram conta do dia. Mataram o enviado de Deus. Levaram
aquele que era a minha alegria, cravou-se uma espada de dor no meu peito. E me fere... e me fere. O vento
parou de soprar. Mataram meu filho amado, aquele que era o nosso eleito. Dos céus, vem a tempestade para
chorar toda a dor que trago em meu peito. (Maria se entrega às lágrimas. Pausa.) Vinde amigos do povo!
Vinde velar o corpo de meu menino. Trazei bálsamos e um lençol branco de linho. Levemos embora o corpo
imaculado de Jesus, meu filho querido.
(Surgem José de Arimatéia, Pedro e Simão Cirineu, que envolvem o corpo de Jesus no lençol e o retiram de
cena, seguidos por Maria, Madalena e João)
CENA 30 - XIV ESTAÇÃO – JESUS É SEPULTADO.
NARRADOR: O triunfo do mal, dos inimigos de Jesus parecia definitivo. O sonhador que queria mudar as
regras do jogo, dando voz e vez para os pobres está morto e sepultado, mas o sonho e a luta por uma
sociedade justa e fraterna não morrerão e não morrem. Matam os profetas, mas as ideias não morrem! Vão
germinando em silêncio, esperando o momento oportuno.
(ao som de um fundo musical faz-se um instante de silêncio/ som que lembre vento, folhas voando -aparece
um anjo, os soldados dormem – Jesus sai do sepulcro, anda em meio ao cenário e sai de cena)
CENA 31 - RESSURREIÇÃO
NARRADOR – Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas
para irem ungir o corpo de Jesus. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao
nascer do sol.
ESPETÁCULO TEATRAL: A PAIXÃO DE CRISTO - 2025
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MARIA MÃE DE TIAGO – (para Salomé e Madalena) Quem vai tirar para nós a pedra da entrada do
túmulo?
SALOMÉ – (Percebe o sepulcro aberto e se assusta) Vejam! O sepulcro está vazio.
MADALENA – (chora) Roubaram, roubaram meu senhor. Eles levaram o corpo do meu Senhor e não sei
onde o colocaram.
(aparece Jesus)
JESUS – Mulher por que estás chorando? Quem é que você está procurando?
MADALENA – Senhor Jardineiro, se foi o senhor que levou Jesus, diga-me: onde pusestes o corpo do meu
Senhor, que irei buscá-lo.
JESUS – Madalena!
MADALENA – Essa voz... (vira-se) Senhor!
JESUS – Não me toques! Por que ainda não voltei ao Pai. Subo ao Pai, ao vosso Pai, subo ao meu Deus,
Vosso Deus. Acredite, mulher: Eis que estarei com vocês todos os dias até o fim do mundo. Agora vá e diga
aos irmãos que se dirijam para a Galiléia!
MADALENA – (para o público) Alegrem-se todos, Cristo vive . Aleluia!
(Aparecem anjos com sinetas; soltam-se fogos de artifício; Jesus surge no alto enquanto ouve-se o aleluia!)
Os atores e equipe técnica divididos em 5 grupos, espalham-se pelo cenário, e entram de todas as direções,
ocupando os espaços vazios, andam pelo espaço, agitando bandeiras Brancas. Aos poucos vão formando
um túnel, através do qual Jesus irá andar, até à frente do público. Após isso, todos dão as mãos e formam
um grande semicírculo e agradem ao público.
ESPETÁCULO TEATRAL: A PAIXÃO DE CRISTO - 2025