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Positivismo, Educaçãoe Darwinismo Social - Influencias e Impactos No Pensamento Científico e Social

O trabalho analisa as influências do positivismo e do darwinismo social no pensamento científico e social, destacando a importância do método científico proposto por Augusto Comte e suas implicações na educação. Embora o positivismo tenha contribuído para o avanço do conhecimento técnico e científico, também resultou em uma educação rígida e excludente, desconsiderando aspectos subjetivos e críticos. Além disso, a interseção com o darwinismo social evidenciou como a ciência pode ser utilizada para justificar desigualdades e práticas racistas, ressaltando a necessidade de uma reflexão ética sobre seu uso.

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Positivismo, Educaçãoe Darwinismo Social - Influencias e Impactos No Pensamento Científico e Social

O trabalho analisa as influências do positivismo e do darwinismo social no pensamento científico e social, destacando a importância do método científico proposto por Augusto Comte e suas implicações na educação. Embora o positivismo tenha contribuído para o avanço do conhecimento técnico e científico, também resultou em uma educação rígida e excludente, desconsiderando aspectos subjetivos e críticos. Além disso, a interseção com o darwinismo social evidenciou como a ciência pode ser utilizada para justificar desigualdades e práticas racistas, ressaltando a necessidade de uma reflexão ética sobre seu uso.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA

INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS


COLEGIADO DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS HUMANAS E
SOCIAIS E SUAS TECNOLOGIAS

VITÓRIA RÉGIA CARVALHO DE OLIVEIRA

POSITIVISMO, EDUCAÇÃOE DARWINISMO SOCIAL: INFLUÊNCIAS E


IMPACTOS NO PENSAMENTO CIENTÍFICO E SOCIAL

PORTO SEGURO
2025

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA
INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS
COLEGIADO DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS HUMANAS E
SOCIAIS E SUAS TECNOLOGIAS

VITÓRIA RÉGIA CARVALHO DE OLIVEIRA

POSITIVISMO, EDUCAÇÃOE DARWINISMO SOCIAL: INFLUÊNCIAS E


IMPACTOS NO PENSAMENTO CIENTÍFICO E SOCIAL

Trabalho apresentado ao componente curricular:


Bases filosóficas e epistemológicas das humanidades
da Universidade Federal do Sul da Bahia, como
requisito parcial para a obtenção de nota.

Professora: Draº Stella Narita

PORTO SEGURO
2025

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POSITIVISMO, EDUCAÇÃOE DARWINISMO SOCIAL: INFLUÊNCIAS E
IMPACTOS NO PENSAMENTO CIENTÍFICO E SOCIAL

O positivismo é uma escola epistemológica que se observarmos, sem ela, não


haveria a sociedade que conhecemos atualmente, pois foi através da mesma onde diversos
fatores sociais, econômicos, culturais e biológicos foram criados. Segundo o autor J. Cruz
Costa (1951, p. 363), em seu livro Augusto Comte e as origens do positivismo,
“A principal preocupação de Augusto Comte, desde os seus primeiros
trabalhos, foi a de realizar uma reforma espiritual tão profunda que pudesse
conduzir a uma verdadeira reorganização social e política.”

Augusto Comte, criador da ideia positivista foi o responsável por enfatizar a


importância do método científico e da observação empírica na construção do
conhecimento, rejeitando explicações metafísicas ou teológicas. Ele acreditava que a
sociedade deveria ser reorganizada com base em princípios científicos, visando à
harmonia entre ordem e progresso. Desse modo, ele teve como base o método de
observação que era muito utilizado pelas ciências naturais, e com isso somente o
conhecimento dos fatos eram válidos. Costa (1951, p. 377) acrescenta a tudo isso mais
um fator,
“Todas as nossas principais concepções, cada ramo dos nossos conhecimentos,
passa, sucessivamente, por três estados teóricos diferentes: o estado teológico,
o estado metafísico e o estado positivo ou científico. A inteligência emprega,
no evolver histórico, nas suas indagações, três métodos de filosofar, cujo
caráter "é essencialmente diferente e até radicalmente oposto”.

Desta forma, Comte criou a teoria dos três estados que eram: 1º estado teológico
que ocorre quando há explicações baseadas em divindades. Foi uma teoria bastante
utilizada no período da idade média onde os fatores naturais eram explicados por meio de
fenômenos paranormais e este seria o estado natural e primitivo da inteligência humana.
2º estado metafísico que ocorre por uso de entidades abstratas e conceitos filosóficos para
explicar a realidade. Esse método ocorre enquanto está acontecendo a transferência do
primeiro estado para o terceiro. E o 3º estado positivo que ocorre com o predomínio da
observação científica e da busca por leis naturais que regem os fenômenos.
Para Costa (1951, p. 380),
“A sociologia, como as demais ciências subordina o seu progresso a um
aperfeiçoamento da observação e se submete também ao caráter relativista que
é inseparável das leis naturais. Não há nenhuma heterogeneidade de natureza
entre a vida animal e a vida humana. Instinto e inteligência não apresentam
nenhuma oposição. A sociologia está, dêste modo, na dependência da
biologia”.

Outra base que Comte elaborou foi o sentido de a sociologia ser uma ciência que
estuda a sociedade e as leis que a regem de maneira crítica e observatória, pois para ele é

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impossível a separar das leis naturais que regem o ser humano, como por exemplo o
instinto de se alimentar. Nesse sentido, entende-se que a sociologia ou a “física social”
está ligada a biologia, assim como está entrelaçada com a história porque não há como
ter sociologia se não haver o método histórico, pois esse método teve um papel central na
ciência no geral, organizando e orientando o uso dos demais métodos científicos, e sem
método histórico, as outras maneiras de investigação cientifica não atingiriam sua total
racionalidade.

POSITIVISMO E EDUCAÇÃO
Com isso, quando falamos de educação, automaticamente estamos falando de
positivismo, pois o sistema educativo que temos atualmente faz jus as normas desta
escola. Um dos principais fatores que fizeram com que o currículo escolar seja aplicado
dessa forma tradicional como tendo disciplinas técnicas e cientificas que possuem
métodos didáticos baseados na observação e experimentação, assim como possuir uma
estruturação hierárquica e padronizada foi a influência da Sociologia e da Psicologia,
visto que eram ciências auxiliares da educação nos séculos XIX ao XX. Portanto, o
positivismo possui como característica ser extremamente racional, objetivo, prático,
direto, pois para ele o que serve é apenas aquele conhecimento que é verdadeiro, certo e
inquestionável porque que esse resultado ocorresse foi preciso anos de métodos
experimentais. E exatamente, por conta disso que essa epistemologia ajudou a afastar as
teorias criacionistas e religiosas do currículo educacional.
Na educação brasileira, essa influência também não foi posta de lado, à medida
que aconteceu a Proclamação da República vários investimentos foram feitos para
promover a educação positivista. De acordo com Jamil Ibrahim Iskandar e Maria Rute
Leal, em seu artigo Sobre positivismo e educação (2002, p. 03),
No Brasil esta influência aparece no início da República e na década de 70,
com a escola tecnicista. Foi muito divulgado por intermédio do Apostolado
Positivista que se incorporou ao movimento pela Proclamação da República e
da elaboração da constituição de 1891. O movimento republicano apoiou-se
em ideias positivistas para formular sua ideologia da ordem e do progresso,
graças particularmente à atuação de Benjamim Constant (1836-1891).

Em vista disso, vemos que as ideias positivistas foram bem recebidas na educação
brasileira porque seu currículo valorizava as ciências exatas ao mesmo tempo em que se
distanciava do humanismo, e isso fez com que a sua valorização pelos militares brasileiros
fosse muito alta. No entanto, ao incorporar tais características ocorreu um fator
depreciativo no ensino por causa de que essa escola tem uma tendência a desconsiderar
os aspectos subjetivos e emocionais do ensino, assim como possui um currículo muito
rígido que faz com que não ocorra uma flexibilização no aprendizado do estudante, visto
que cada discente possui uma particularidade distinta (seja cultural, social e/ou familiar),
e isso faz com que a forma que ele irá aprender o conteúdo será diferente da de outro
estudante.

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Com relação aos autores Iskandar e Leal (2002, p. 03),
A educação influenciada pelos ideais positivistas carece de incentivo ao
desenvolvimento do pensamento crítico. (...) Aceitar a ciência como o único
conhecimento, como queria o positivismo, é algo reducionista que perde uma
considerável parcela de conhecimento (...) por meio da educação, uma geração
pode passar para futuras gerações tanto o seu aspecto físico como o espiritual.
A educação tem o poder de mudar o homem e, consequentemente, toda uma
sociedade. (...) A ciência não é fonte soberana de conhecimento, como queria
o Positivismo. Por este motivo, a educação deve acontecer por intermédio da
ciência, da filosofia, da religião, da arte, da ética, da virtude etc., para não
corrermos o risco da fragmentação do ensino.

Por consequente, podemos dizer que apesar dessa epistemologia ter colaborado
com a valorização do conhecimento científico, ela também contribuiu para a retirada do
reconhecimento humanístico que fez com que muitos autores e cientistas sociais da época
apoiassem uma ditadura positivista, em decorrência de que para eles, grande maioria dos
trabalhadores deveriam ter seu direito como cidadão de exercer o voto negado, por causa
de que esses indivíduos não tinham a capacidade critica de tomar boas decisões.

POSITIVISMO E DARWINISMO SOCIAL


Conforme já sabemos, o positivismo foi uma epistemologia que ocorreu no
contexto em que o pensamento racional e crítico foi bastante estimulado assim como o
conhecimento científico. E exatamente por conta disso que a ciência além de ser algo
muito importante na humanidade por conta de suas descobertas, também é uma forma de
manipulação e controle da população. Um exemplo do que podemos dar sobre isso foram
as teorias eugenistas do século XIX e XX que foram criadas a partir do conceito da seleção
natural do livro A Origem das Espécies de Charles Darwin. Essa teoria defende que há
um mecanismo evolutivo no qual indivíduos com características favoráveis a um
determinado ambiente têm maior probabilidade de sobreviver e se reproduzir. Com o
tempo, isso leva à adaptação das espécies. No entanto, quando essa hipótese surgiu criou
um colapso com a teoria criacionista que antes dela era muito utilizada e que defende que
a vida e as espécies foram criadas por um ser divino, sem um processo evolutivo gradual.
Dessa forma, estas duas teorias possuem divergências que são sobre a origem e a
diversificação da vida, pois a primeira é baseada em evidências científicas e aceita
modificações contínuas das espécies ao longo do tempo e já a segunda, parte de crenças
religiosas e rejeita explicações puramente naturais para a complexidade da vida.
Apesar disso, quando ocorre a exploração da teoria da seleção natural ocorrem
diversas outras hipóteses referente a qual “raça” humana seria mais aprimorada de
inteligência, cultura e sociedade. E como nesse período essa teorias estavam todas
concentradas no continente europeu, obviamente que eles disseram que eram os melhores,
mais inteligentes e com uma sociedade mais “organizada”.

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Consequentemente, essas teorias eugênicas iniciaram-se com as ideias de Georges
Cuvier, onde defendia que a raça humana era dividia em três tipos. O primeiro que estaria
no topo da pirâmide seriam os caucasianos (povos de origem europeia) e que eram mais
desenvolvidos mentalmente e fisicamente mais bonitos, além de terem as sociedades mais
avançadas e melhores. O segundo seriam os mongóis (povos de origem asiática), estes
teriam uma inteligência e beleza mediana, além de sociedades menos complexas e a
cultura não seria tão desenvolvida. E o terceira que estaria no fim da pirâmide seriam os
etíopes (pessoas de origem africana), estes não teriam nenhum tipo de inteligência, além
de não terem desenvolvido sociedades complexas. Essa teoria remete o profundo racismo
que as pessoas desse século possuíam, pois atualmente estas teorias foram totalmente
desqualificadas, visto que essa classificação não tinha base genética ou científica real.
No entanto, isso não fez com que ela fosse extinta, mas sim influenciou outras
teorias eugenistas como as de Arthur de Gobineau que em seu livro Ensaio sobre a
desigualdade das raças humanas, argumenta que a história era determinada pela "pureza
racial", sugerindo que a miscigenação levaria à degeneração das civilizações. Para
Gobineau, a "raça ariana" era superior, responsável pelo progresso cultural e político.
Logo, o darwinismo social surgiu como uma tentativa de aplicar os princípios
evolucionistas de Charles Darwin às ciências sociais. Ideias como a "sobrevivência do
mais apto" e a seleção natural foram reinterpretadas para justificar desigualdades sociais,
políticas imperialistas e até eugenia.
De acordo com Maria do Carmo Serén em sua obra Rodrigues de Freitas e o
darwinismo social,
Mas nos finais do século, em plena época de euforia da produção, do cientismo
e do Positivismo, quando a partilha de África se justificava plenamente pelo
darwinismo social, Rodrigues de Freitas faz afirmações surpreendentes. Numa
análise sobre a hominização e o seu significado decisivo, ressalta o valor do
trabalho para a criação do homem e da cultura, adiantando-se décadas à
teorização de Leroi-Gourhan. Apesar da sua formação naturalista,
comungando com o evolucionismo, considera que as leis darwinianas da luta
pela existência e da seleção natural não podem ser aplicadas às sociedades,
pois nem sempre nessa luta é assegurado o triunfo de todos os que são mais
fortes.

Portanto, podemos dizer que Rodrigues de Freitas interagiu com o darwinismo


social, investigando se ele adotou ou rejeitou seus princípios. Diferente de outros
intelectuais da época que aplicaram o evolucionismo diretamente às relações sociais e
políticas, Rodrigues de Freitas teve uma posição mais moderada e crítica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O positivismo foi uma das mais influentes correntes epistemológicas na


construção do conhecimento moderno, moldando não apenas a ciência, mas também as

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estruturas sociais, políticas e educacionais. A obra de Augusto Comte estabeleceu um
modelo de pensamento baseado na observação empírica e na busca por leis naturais que
regem os fenômenos sociais, enfatizando a necessidade de reorganização da sociedade
com base em princípios científicos. Essa perspectiva influenciou diretamente o
desenvolvimento da educação, que passou a valorizar o conhecimento técnico e científico
em detrimento de abordagens mais humanísticas e subjetivas.
No entanto, apesar de suas contribuições para o avanço do pensamento racional e
científico, o positivismo também teve impactos negativos. A rigidez de seu modelo
reduziu a valorização do pensamento crítico e da subjetividade no ensino, além de ter sido
utilizado para justificar políticas excludentes e autoritárias, como a negação do direito ao
voto a certos grupos sociais considerados incapazes de tomar decisões racionais.
Além disso, a interseção entre o positivismo e o darwinismo social revelou a forma
como o conhecimento científico pode ser instrumentalizado para fins ideológicos e
políticos. O darwinismo social foi amplamente utilizado para justificar desigualdades e
práticas racistas, contribuindo para a construção de teorias eugenistas que classificavam
a humanidade em hierarquias arbitrárias de valor. Autores como Rodrigues de Freitas
ofereceram uma visão crítica a essa aplicação extrema do evolucionismo às sociedades,
demonstrando que a luta pela existência e a seleção natural não deveriam ser vistas como
princípios absolutos no desenvolvimento humano.
Dessa forma, a análise do positivismo e suas influências na educação e no
darwinismo social nos permite compreender que, embora a ciência tenha sido um
instrumento essencial para o progresso da humanidade, sua aplicação deve sempre ser
acompanhada de uma reflexão ética e crítica. O legado positivista permanece vivo na
estrutura educacional e na organização social contemporânea, mas é fundamental
reconhecer suas limitações e os desafios que sua perspectiva reducionista impôs ao longo
da história.

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REFERÊNCIAS:

COSTA, João Cruz. Augusto Comte e as origens do positivismo. Revista de História, São
Paulo, n. 3, p. 363-382, 1951. Disponível em: https://core.ac.uk/reader/268314460.
Acesso em: 5 mar. 2025.

ISKANDAR, Jamil Ibrahim; LEAL, Maria Rute. Sobre positivismo e educação. Revista
Diálogo Educacional, Curitiba, v. 3, n. 7, p. 89-94, set./dez. 2002. Disponível em:
https://periodicos.pucpr.br/dialogoeducacional/article/view/4897/4855. Acesso em: 05
mar. 2025.

SERÉN, Maria do Carmo. Rodrigues de Freitas e o darwinismo social. In: RODRIGUES


de Freitas: a obra e os contextos: actas do Colóquio. Porto: Universidade do Porto,
Faculdade de Letras, Centro Leonardo Coimbra, 1997. p. 133-142. Disponível em:
https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/5547.pdf. Acesso em: 7 mar. 2025.

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