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Aula 15 - Controle de Constitucionalidade - ADC

O documento aborda o controle de constitucionalidade, destacando a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) e seu procedimento, que visa declarar a constitucionalidade de leis ou atos normativos federais. Também discute o controle abstrato de constitucionalidade nos Estados-Membros, enfatizando a competência dos Tribunais de Justiça e as regras de legitimidade para a propositura de ações diretas de inconstitucionalidade. O texto ressalta a importância da ADC e a distinção entre os controles federal e estadual, além de mencionar a possibilidade de recurso ao STF em casos específicos.
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O documento aborda o controle de constitucionalidade, destacando a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) e seu procedimento, que visa declarar a constitucionalidade de leis ou atos normativos federais. Também discute o controle abstrato de constitucionalidade nos Estados-Membros, enfatizando a competência dos Tribunais de Justiça e as regras de legitimidade para a propositura de ações diretas de inconstitucionalidade. O texto ressalta a importância da ADC e a distinção entre os controles federal e estadual, além de mencionar a possibilidade de recurso ao STF em casos específicos.
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CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

PRÁTICA PROCESSUAL CONSTITUCIONAL-ADMINISTRATIVO


PROF. ME. LEINER MARCHETTI PEREIRA

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Tópicos:
01. Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC)
01.01. Conceito e Noções Gerais
01.02 Procedimento
02. Controle Abstrato de Constitucionalidade nos Estados-Membros

01. Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC)


01.01. Conceito e Noções Gerais
A Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC surgiu com a EC nº 03/93, alterando a redação
do art. 102, I, “a” da CR/88 dentre outras modificações, sendo que atualmente o seu processo e julgamento
encontra-se regulado pela Lei Federal nº 9.868/99.
O intuito desta ação é declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, eis que a
presunção de constitucionalidade de uma lei é relativa, admitindo prova em contrário. Portanto, o objetivo
da ADC é transformar uma presunção relativa em absoluta, não se admitindo prova em contrário,
vinculando os órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública, que não mais poderão declarar a
inconstitucionalidade daquela lei ou ato normativo. A ADC afasta a eventual insegurança jurídica ou
incerteza de validade ou aplicação de lei ou ato normativo federal.
Deve-se deixar claro que ao se falar em “presunção absoluta” no modelo do processo objetivo não
significa a impossibilidade eterna de rever o entendimento. Como sabemos, o STF poderá mudar de
posição, alterando a interpretação dada ao ato normativo federal e, no caso, sem dúvida, declarar, em
decisão futura, a sua inconstitucionalidade. Em outras palavras, o efeito vinculante não “vincula” o STF
(Pleno) que poderá alterar o seu posicionamento. Mas, naturalmente, enquanto não observada essa
“viragem jurisprudencial” pela mais alta Corte do país, os juízes e tribunais, em razão do efeito vinculante
da decisão, deverão a ela se curvar.
Repisa-se que o objeto da ADC é lei ou ato normativo federal, não englobando lei ou ato normativo
estadual, tendo como competência originária o Supremo Tribunal Federal – STF (art. 102, I, “a” da CR/88).
Após a promulgação da EC 45/2004 e a revogação do §4º do art. 103 da CR/88, os legitimados
para propositura da ADC passaram a ser os mesmos da ADI genérica, constantes do caput do art. 103 da
CR/88, ressalvados a hipóteses de que cabe a ADC apenas para lei ou ato normativo federal, portanto,
apenas as autoridades federais do art. 103 possuem legitimidade.

01.02 Procedimento
Basicamente o procedimento da ADC é o mesmo da ADI genérica com algumas peculiaridades.
Como não há ato ou texto impugnado na ADC, não há no procedimento citação do Advogado-Geral da

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União para manifestar. Todavia, visando preservar o teor do §3º do art. 103 da CR/88, aliado a ambivalência
da ADI e ADC, parece ser razoável a manifestação da AGU, eis que o resultado de uma ADC pode ser a
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo na hipótese de improcedência do pedido.
Em razão do §1º do art. 103 da CR/88 o Procurador-Geral da República será ouvido mediante
emissão de parecer.
O art. 14 da Lei Federal nº 9.868/99 evidencia os requisitos da petição inicial, veja:

Art. 14. A petição inicial indicará:


I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos
jurídicos do pedido;
II - o pedido, com suas especificações;
III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da
disposição objeto da ação declaratória.
Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de
procuração, quando subscrita por advogado, será apresentada em duas vias,
devendo conter cópias do ato normativo questionado e dos documentos
necessários para comprovar a procedência do pedido de declaração de
constitucionalidade.

A petição inicial inepta, não fundamentada e a manifestamente improcedente serão liminarmente


indeferidas pelo relator. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial (art. 15).
Após a manifestação do PGR (art. 19), o relator lançará relatório, com cópia a todos os Ministros
e pedirá dia para julgamento (art. 20).
Conforme os parágrafos do art. 20, em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou
circunstância de fato ou de notória insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator
requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a
questão ou fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e
autoridade na matéria. O relator poderá solicitar, ainda, informações aos Tribunais Superiores, aos
Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma questionada no âmbito de sua
jurisdição. As informações, perícias e audiências a que se referem os parágrafos anteriores serão
realizadas no prazo de trinta dias, contado da solicitação do relator.
As regras de votação da ADC são as mesmas da ADI genérica, havendo necessidade de quórum
de instalação da sessão de julgamento de 08 (oito) Ministros, a declaração de constitucionalidade somente
ocorre com a manifestação da maioria absoluta, ou seja, 06 (seis) Ministros favoráveis a procedência da
ação (art. 22 e 23). Salienta-se que é vedada a intervenção de terceiros (art. 18) (cabível amicus curiae) e

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a desistência da ação após a propositura (art. 16), sendo a decisão irrecorrível, exceto a interposição de
embargos declaratórios, não podendo ser objeto de ação rescisória (art. 26).
Conforme art. 102, §2º da CR/88, as decisões definitivas de mérito na ADC de lei ou ato normativo
federal, produz eficácia contra todos e efeito vinculante aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder
Executivo. Assim, pode ser sistematizado os efeitos da ADC, da seguinte forma:
a) erga omnes (eficácia contra todos);
b) ex tunc;
c) vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual,
municipal e distrital.
O art. 21 da Lei Federal nº 9.868/99 permite a adoção de medida cautelar na ADC, desde que o
Supremo Tribunal Federal - STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido
de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, consistente na determinação de que os
juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato
normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal
Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo
de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, sob
pena de perda de sua eficácia.
Ainda sobre a medida cautelar na ADC, por votação majoritária na ADC 4, através de preliminar
suscitada pelo Ministro Sydney Sanches, o STF pacificou entendimento que é cabível o efeito vinculante e
erga omnes em sede de liminar, tendo em vista o poder geral de cautela, podendo suas decisões serem
preservadas através do instrumento da reclamação.

02. Controle Abstrato de Constitucionalidade nos Estados-Membros


Conforme disposição contida no art. 125, §2º da Constituição da República, é de competência dos
Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou
municipais em face da Constituição Estadual, sendo impedido a legitimação de ação para um único órgão.
Portanto, lastreado pelo dispositivo constitucional, a ADI estadual (controle concentrado) só
poderá apreciar lei ou ato normativo estadual ou municipal se forem confrontados perante a Constituição
Estadual, lei ou ato normativo distrital confrontado perante a lei orgânica do DF. Os Tribunais de Justiça
dos Estados e do Distrito Federal têm como parâmetro do controle abstrato nos Estados a constituição
estadual e no Distrito Federal sua Lei Orgânica, sendo que ambos, neste sentido, não poderão utilizar a
CR/88 como parâmetro. Mesmo que as constituições estaduais venham replicar integralmente algumas
disposições da Constituição da República, o parâmetro é a constituição do Estado, não havendo
possibilidade, nesta hipótese, de utilizar a CR/88.
Pelo sentido do objeto e do parâmetro do controle abstrato de constitucionalidade (ADI genérica)
nos Estados, a lei estadual pode ser objeto de controle concentrado no STF perante a CR/88 e no TJ,

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perante a constituição estadual, o que é denominado de simultaneidade de ações diretas de


inconstitucionalidade. Nesta situação, sendo o mesmo objeto nas duas ações (norma constitucional de
reprodução obrigatória na constituição estadual), o controle estadual ficará suspenso, aguardando o
desfecho do controle federal, já que o STF é o guardião máximo da Constituição1.
O regramento constitucional não especificou os legitimados, apenas mensurou que a legitimação
deverá ser de mais de um órgão. Desta forma, compete ao constituinte derivado decorrente (constituinte
estadual) a delimitação das regras de legitimação, respeitando, por simetria, o art. 103 da CR/88. Na
prática, o constituinte estadual deverá conceder legitimidade ativa para a promoção do controle
concentrado de leis ou atos normativos estaduais às seguintes autoridades e órgãos: o Governador do
Estado, Mesa da Assembleia Legislativa, Procurador-Geral de Justiça, Conselho Seccional da OAB, Partido
Político com representação na Assembleia Legislativa, Federação Sindical e Entidade de Classe de âmbito
Estadual. Para o controle concentrado perante o TJ de leis ou atos normativos municipais ter-se-á os
seguintes legitimados: Prefeito, Mesa da Câmara Municipal e Partido Político com representação na
Câmara Municipal. O STF já mostrou indícios no julgamento da ADI 558-9-MC de que é constitucional o
aumento dos legitimados ativos para a propositura de ADI nos Estados pelas respectivas constituições, não
sendo recomendável a restrição das autoridades e órgãos legitimados para aquém daqueles descritos no
art. 103 da CR/88, em atenção ao princípio da simetria.
Desta forma, do controle abstrato de inconstitucionalidade estadual extrai-se do conteúdo
constitucional as seguintes regras:
a) somente leis ou ato normativos estaduais e municipais poderão ser objeto do controle;
b) não há fixação de legitimados, mas há vedação da legitimação para um único órgão;
c) o julgamento da ação pela via principal será o Tribunal de Justiça, com exclusividade.
Sobre o controle abstrato de constitucionalidade nos Estados, Pedro Lenza2 expõe:

“(...) muito embora o art. 125, §2º, tenha fixado somente a possibilidade de
instituição de representação de inconstitucionalidade (que corresponderia à
ADI), parece-nos perfeitamente possível que, desde que respeitadas as regras
da CF/88, se implementam os demais meios de controle, especialmente a ADO
para combater a inércia do Legislativo estadual”.

Vale ainda ressaltar que, do controle abstrato (ADI) de lei estadual ou municipal perante a
Constituição Estadual não há possibilidade de recurso para o STF, já que este possui como parâmetro a
Constituição da República de 1988.

1
Neste sentido é o voto do Ministro Celso de Mello na ADI 4.138, j, 11.12.2009, Inf. 573/STF.
2
Pedro Lenza em Direito Constitucional Esquematizado, 17ª edição, pág.413.

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Todavia, excepcionalmente, levando em consideração a hipótese de que a norma constitucional


estadual é a reprodução da norma da Constituição da República (alguns dispositivos a reprodução é
obrigatória), no intuito de que o TJ não venha a usurpar sua função no julgamento da ADI, eis que o STF é
o guardião da Constituição, abre-se a possibilidade de interposição de recurso extraordinário contra o
acórdão do TJ em controle abstrato estadual para que o STF venha a dizer qual é a interpretação da lei
estadual ou municipal perante a CR/88. Trata-se de recurso típico do controle difuso pela via incidental no
controle concentrado e em abstrato estadual, sendo que os efeitos do recurso será erga omnes, ex tunc e
vinculante3.

3
Neste sentido é a Rcl 383, Rel. Min. Moreira Alves, j. 11.06.1992, DJ de 21.05.1993; RE 187.142-RJ, Rel. Min. Ilmar
Galvão, j. 13.08.1998; RE 199.281 e ADI 1.268.

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