101 REGRAS
BÁSICAS
PARA UMA
ARQUITETURA
DE BAIXO
CONSUMO
ENERGÉTICO
HUW HEYWOOD
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®
Título original: 101 Rules of Thumb For Low Energy Architecture.
Publicado originalmente por RIBA Publishing em 2012
Tradução, revisão técnica e preparação de texto: Alexandre Salvaterra
Revisão de texto: Ana Beatriz Fiori e Solange Monaco
Desenho gráfico e da capa: Toni Cabré/Editorial Gustavo Gili, SL
1ª edição, 2ª impressão, 2017
Qualquer forma de reprodução, distribuição, comunicação pública ou transformação
desta obra só pode ser realizada com a autorização expressa de seus titulares, salvo exce-
ção prevista pela lei. Caso seja necessário reproduzir algum trecho desta obra, seja por
meio de fotocópia, digitalização ou transcrição, entrar em contato com a Editora.
A Editora não se pronuncia, expressa ou implicitamente, a respeito da acuidade das
informações contidas neste livro e não assume qualquer responsabilidade legal em caso
de erros ou omissões.
© RIBA Publishing, 2012
© Huw Heywood, 2012
para a edição em português:
© da tradução: Alexandre Salvaterra
© Editorial Gustavo Gili, SL, 2015
lmpresso na Espanha
ISBN: 978-85-8452-035-0
Editorial Gustavo Gili, SL
Via Laietana 47, 2º, 08003 Barcelona, Espanha. Tel. (+34) 93 322 81 61
Editora G. Gili, Ltda
Av. José Maria de Faria 470, Sala 103, Lapa de Baixo,
CEP: 05038-190, São Paulo-SP-Brasil. Tel. (+55) (11) 36112443
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Heywood, Huw
101 regras básicas para uma arquitetura de
baixo consumo energético / Huw Heywood ;
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[tradução, revisão técnica e preparação de
texto Alexandre Salvaterra]. -- São Paulo :
Gustavo Gili, 2015.
Título original: 101 rules of thumb for low
energy architecture.
ISBN 978-85-8452-035-0
1. Arquitetura e consumo energético
2. Arquitetura sustentável 3. Edifícios -
Conservação de energia I. Título.
15-07939 CDD-720.47
Índices para catálogo sistemático:
1. Arquitetura sustentável 720.47
SUMÁRIO
PREFÁCIO 4
INTRODUÇÃO 6
CAPÍTULO 1:
TRABALHAR A SITUAÇÃO E A LOCALIZAÇÃO 9
CAPÍTULO 2:
MANIPULAR A ORIENTAÇÃO SOLAR 49
E A FORMA ARQUITETÔNICA
CAPÍTULO 3:
AS VEDAÇÕES EXTERNAS DE UMA EDIFICAÇÃO 81
DE BAIXO CONSUMO ENERGÉTICO
CAPÍTULO 4:
A ENERGIA E O AMBIENTE INTERNO 119
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CAPÍTULO 5:
REGRAS E ESTRATÉGIAS PARA DIFERENTES 177
REGIÕES CLIMÁTICAS
BIBLIOGRAFIA NARRATIVA 190
BIBLIOGRAFIA 230
ÍNDICE 235
AGRADECIMENTOS 240
PREFÁCIO
Ao longo da história, os povos vêm construindo edificações com
uma sensibilidade intuitiva em relação ao meio ambiente e ao clima
dos locais em que vivem, garantindo seu próprio conforto e, ao
mesmo tempo, respeitando seus recursos limitados e trabalhando
de acordo com as forças da natureza – e não contra elas. Podemos
reduzir de modo significativo nossa necessidade de energia se
resgatarmos a compreensão dos princípios básicos envolvidos nas
maneiras pelas quais as edificações respondem a seus entornos.
O foco principal deste livro é oferecer orientações sobre o design
de edificações que precisam de pouca energia para sua calefação,
refrigeração e iluminação (ou chegam a dispensá-la completamente).
Consumimos energia para aquecer, resfriar e iluminar nossos
prédios. Grande parte da energia que usamos deriva de combus-
tíveis fósseis (petróleo, carvão mineral, gás), que são recursos
globais mas finitos. Ou seja: um dia, eles acabarão. Antes de buscar
a substituição dessas fontes energéticas derivadas de combustíveis
fósseis por fontes de energia alternativas ou renováveis (energia
solar, eólica, hidráulica ou biomassa), deveríamos garantir que
nossas edificações usem o mínimo de energia possível – qualquer
que seja sua origem. Toda fonte de energia resultará, em virtude de
sua conversão, distribuição e consumo, em impactos negativos no
planeta.
Além do fato de os combustíveis fósseis serem um recurso fini-
to, há uma segunda razão para reduzirmos a quantidade de energia
consumida por nossas edificações. A maneira como convertemos
os combustíveis fósseis na energia que usamos para calefação,
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refrigeração, iluminação e outros sistemas elétricos resulta na
liberação de dióxido de carbono (CO2), um dos gases de efeito
estufa. Assim, já está estabelecida a relação entre as edificações,
o aquecimento global e a mudança climática. Na verdade, as edifi-
cações são responsáveis por quase a metade de todas as emissões
antropogênicas de CO2.
É inegável que se consome energia na construção de edificações
– por exemplo, na escavação mecânica da argila, no seu cozimento
e no transporte dos tijolos resultantes ao canteiro de obras – e
isso é um problema sério que deve ser enfrentado pelos designers.
Contudo, a maior parte da energia consumida pelas edificações é
durante sua vida útil. Assim, todos nós que contratamos, projeta-
mos, administramos e ocupamos edificações temos um papel e uma
responsabilidade importantes na redução da energia consumida
durante a operação desses artefatos.
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INTRODUÇÃO – E PARA QUE
SERVEM AS REGRAS BÁSICAS
Nossos ancestrais sabiam como criar condições internas confor-
táveis com o uso modesto dos recursos disponíveis às suas arqui-
teturas autóctones, e precisamos reaprender essa capacidade e
aplicá-la para o mundo de amanhã. Esta obra busca reapresentar ao
leitor tal conhecimento intuitivo, explicando aquilo que funciona
nas edificações que consomem pouca ou nenhuma energia para sua
operação, seja em que parte do planeta elas estiverem. Seu objeti-
vo é proporcionar duas coisas ao leitor:
– O entendimento das regras universais da natureza que deter-
minam o modo como os prédios respondem a seu meio ambiente; e
– Uma lista de soluções práticas para o baixo consumo de
energia em novas edificações ou para a reforma de edificações já
construídas.
Essas regras básicas se relacionam com os fundamentos da
eficiência no consumo de energia. Para aqueles que desejarem fazer
medições, cálculos, modelagens e pesquisas posteriores, foi incluída
no final desta obra uma bibliografia narrativa com notas, observa-
ções e referências que oferece orientações sobre os textos-chave e
algumas das fórmulas básicas que estão por trás das regras.
As edificações que construímos existem para modificar o
clima – não importa quais são as condições externas – e criar um
ambiente interno confortável. No caso das novas edificações, isso
se consegue mediante um processo integrado que começa com a
análise da situação e localização do prédio, passa às decisões sobre
orientação solar e forma arquitetônica e, então, volta ao design
da “pele” da edificação (isto é, suas paredes externas, cobertura e
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piso – também chamada de vedações externas nesta obra) e aos
espaços internos. A etapa final é aquela em que os usuários, após
a ocupação do espaço, decidem se a edificação conseguiu criar
um ambiente confortável e – caso isso não seja verdadeiro – eles
próprios a tornam confortável, em geral consumindo energia para
aquecê-la ou resfriá-la. O que as regras básicas visam a limitar é a
necessidade de consumo de energia.
O processo de design descrito anteriormente se reflete na
organização deste livro. Vale observar que as primeiras decisões
de projeto são mais permanentes que as posteriores. Por exemplo,
a menos que o resultado seja uma forma de arquitetura “transpor-
tável”, a implantação e orientação de um prédio é imutável uma vez
que ele foi construído, ao passo que suas vedações podem ser apri-
moradas com o acréscimo de isolamento ou como resposta à dis-
ponibilização de novas tecnologias. As decisões de arquitetura to-
madas no lançamento do partido têm enorme impacto no consumo
de energia de uma edificação. Tais escolhas são cruciais e, portanto,
é melhor que sejam corretas: as regras básicas estão aqui para lhe
orientar a respeito desses movimentos iniciais e permanentes que
conectam nossos ambientes construídos ao mundo natural e que
são os ingredientes essenciais de uma arquitetura poética.
O livro busca ser relevante ao mundo inteiro, o que impõe
diversos desafios ao autor e ao leitor. Uma dificuldade que todos
os professores da disciplina de Projeto de Arquitetura enfrentam é
se referir a onde o sol está, um fator fundamental e que influencia
muitas das regras básicas. Quando nos referimos à fachada de uma
edificação que está orientada para o sol do meio-dia, o termo “ele-
vação sul” (ou “fachada sul”) está correto para o Hemisfério Norte,
mas, no Hemisfério Sul, o Sol cruza o céu ao norte, então a fachada
voltada para o sol é a “elevação norte” (ou “fachada norte”). Optei
por usar principalmente as denominações bastante peculiares (mas
efetivas) “fachada orientada para o sol” ou “fachada sul” (fachada
norte, no Hemisfério Sul) e, ocasionalmente, “fachada orientada
para o equador”. Já a elevação oposta é chamada – algo novamente
um pouco estranho – de “fachada sem orientação solar”. Os termos
relativos aos Hemisférios Norte ou Sul são empregados apenas
quando as máximas são bem conhecidas.
Por fim, um vislumbre do futuro, no qual as edificações deverão
ser mais resilientes e adaptáveis a um clima imprevisível. As regras
básicas se aplicam tanto às regiões climáticas atuais quanto às
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incertezas do futuro. Por exemplo, algumas regiões temperadas
poderão experimentar climas mais similares àqueles com verões
quentes e invernos frios discutidos no livro, o que significa que,
para elas, deveremos levar em consideração as regras que hoje se
aplicam ao inverno de regiões frias e ao verão de regiões quentes.
Por meio de sua singeleza, as regras básicas que apresentaremos
promoverão a criatividade na criação de edificações e cidades
de baixo consumo energético que são, ao mesmo tempo, muito
agradáveis e sensíveis às necessidades humanas em um mundo em
constante mudança.
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CAPÍTULO 1
TRABALHAR
A SITUAÇÃO
E A LOCALIZAÇÃO
Sol e sombra
Clima e microclima
Proteção contra o vento e a chuva
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AS EDIFICAÇÕES CONSOMEM
1 A METADE DA ENERGIA GERADA
NO MUNDO
Para que nossos prédios funcionem, usamos a me-
tade de toda a energia que geramos no mundo,
sendo que grande parte dela é produzida por meio
da queima de combustíveis fósseis. Se somarmos o
consumo dos meios de transporte entre essas edifi-
cações, nós, os designers dos ambientes construídos,
controlaremos cerca de 75% do consumo global de
energia e seremos responsáveis por ele.
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CAPÍTULO 1: TRABALHAR A SITUAÇÃO E A LOCALIZAÇÃO
Indústria
25 %
Edificações
50 %
Transporte
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25 %
11
2 PENSE ANTES
DE CONSTRUIR
As edificações duram muito tempo e consomem
energia ao longo de toda sua vida útil, então cons-
truí-las ou não é uma questão relevante. A resposta
pode ser reformar, reorganizar, adotar uma nova
estratégia de negócio ou mesmo mudar sua própria
vida em vez de construir algo novo, e essa talvez seja
a solução de menor consumo de energia no longo
prazo. Considere todas as opções.
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CAPÍTULO 1: TRABALHAR A SITUAÇÃO E A LOCALIZAÇÃO
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13
3 O SOL NASCE NO LESTE
E SE PÕE NO OESTE
Vale a pena recordar essa regra tão básica. Todavia,
também é importante se lembrar de que, mesmo fora
das regiões equatoriais, no inverno das latitudes do
Hemisfério Norte, o Sol nasce a sudeste e, no verão,
a nordeste. Isso significa que em tais regiões, no
verão, a face norte de uma edificação pode ter uma
exposição solar muito breve, enquanto, no inverno,
o sol jamais aquecerá a fachada norte daquele prédio.
No Hemisfério Norte, após nascer, observaremos
que o Sol cruzará o céu pelo sul. O inverso é verda-
deiro ao sul da Linha do Equador.
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CAPÍTULO 1: TRABALHAR A SITUAÇÃO E A LOCALIZAÇÃO
Verão
Primavera/
Outono
Inverno
Norte
(Hemisfério Norte)
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4
A ALTURA DO SOL EM RELAÇÃO AO HORIZONTE
DETERMINA MUITOS DOS ASPECTOS DE UMA
ARQUITETURA RESPONSIVA AO CLIMA
Em dezembro, ao meio-dia, a altura solar máxima
(em relação ao horizonte) em Londres é de cerca de
15°. Esse ângulo varia de acordo com a latitude e é
isso que, em parte, torna cada localização individual
única na Terra. O diagrama à direita mostra os ân-
gulos solares de várias cidades ao redor do mundo
em dezembro. Com o uso de cartas solares (também
chamadas de diagramas solares) ou das calculadoras
que temos na internet – muito simples –, podemos
descobrir a posição do Sol a qualquer horário do
dia e em qualquer período do ano. Saber a posição
relativa da Terra e do Sol, ou seja, a geometria solar,
é um importante aspecto de uma arquitetura que
pretende ser responsiva ao clima.
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CAPÍTULO 1: TRABALHAR A SITUAÇÃO E A LOCALIZAÇÃO
Cidade
do Cab
Brasília 80º
1º
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Lond o 15º
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21 de dezembro: o ângulo solar ao meio-dia em
diferentes locais do planeta.
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5
OS RAIOS SOLARES SE TRANSFORMAM
EM CALOR QUANDO ENTRAM EM
CONTATO COM QUALQUER SUPERFÍCIE
O modo como isso ocorre tem base na mecânica
quântica, mas o resultado simples é que a Terra e
tudo que está sobre ela é aquecido pelo Sol, tornado
possível todas as formas de vida. O aquecimento
da Terra também resulta no clima e no tempo,
que variam enormemente conforme o local onde
estamos no planeta.
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CAPÍTULO 1: TRABALHAR A SITUAÇÃO E A LOCALIZAÇÃO
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SE VOCÊ NÃO QUER QUE
6 O INTERIOR AQUEÇA,
PROTEJA-O DO SOL
Assim como a Terra é aquecida pelo Sol, o mesmo
acontece com qualquer superfície sobre a qual
os raios solares incidem. Esta regra é importante
porque, se você estiver evitando o superaquecimento
do interior de um prédio, deverá evitar que os raios
solares entrem diretamente: uma vez que a luz
solar entrou, é tarde demais para impedir que eles
se transformem em calor.
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CAPÍTULO 1: TRABALHAR A SITUAÇÃO E A LOCALIZAÇÃO
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21
CAPTE A ENERGIA DO SOL BAIXO
7 DO INVERNO – ESSA É UMA
FONTE DE CALOR GRATUITA
No inverno, o Sol está baixo no céu, então seus raios
conseguem penetrar fundo nos espaços se não forem
barrados, trazendo consigo calor de graça.
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CAPÍTULO 1: TRABALHAR A SITUAÇÃO E A LOCALIZAÇÃO
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23
8 EVITE O SUPERAQUECIMENTO
NO VERÃO
No verão, o Sol está alto no céu, alcançando, em junho,
um ângulo máximo de cerca de 62° em relação ao
horizonte em Londres, de 73° tanto em Pequim
quanto em Nova York e de 83° no Cairo. Em Sydney,
em dezembro, o Sol chega a ficar 80° acima do hori-
zonte. Nas janelas orientadas para o sol, um simples
elemento de proteção solar pode evitar que esse sol
muito alto entre na edificação. Uma regra rápida para
estimar a profundidade de uma projeção instalada
perto da verga da janela é: use 60–90 cm em latitudes
intermediárias e, pelo menos, 120 cm nas latitudes
perto da linha do equador, nas quais deveria ser em-
pregada uma combinação entre projeções verticais
e horizontais.
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