A Serviço Secreto
do Seu Mestre
Masters and
Mercenaries, Book 4
Lexi Blake
Staff Pégasus
Lançamentos
Tradução: PEE, Tammy, Thizi, Waal, VanZ,
Amora, Mia, Rokita
Revisão Inicial: PEE, Tammy, Thizi, Waal,
VanZ, Amora
Revisão Final: Mery L, Thami R., Mandy
P., Morrighean, Fer, NiKiNha, Emanu B.
Leitura Final: SRM
Formatação: Lola
Verificação: Anna Azulzinha
Sua submissão finalmente se consolidou.
Quando Eve St. James casou-se com Alex McKay, sabia que
teria toda a sua vida dedicada a servi-lo.
Eles são o casal de ouro do FBI durante o dia, mas à noite
Eve entrega-se ao mundo de Dominação e Submissão de seu
marido, deleitando-se com os prazeres que ela aprendeu a desejar.
Sua traição a destruiu.
Preocupado com a sua segurança, Alex deixou Eve para
enfrentar uma perigosa missão. Mas Alex nunca suspeitou que
Eve fosse o verdadeiro alvo e que sua segurança poderia ser
destruída por um louco. Porém no momento em que a resgata,
percebe que sua esposa mudou para sempre.
Mas quando sua vida está em perigo, ele é sua única
esperança.
Incapazes de curar o dano, Alex e Eve ainda estão presos a
um ciclo de prazer e sofrimento que nem mesmo o divórcio pode
cortar. Mas quando uma ameaça do passado de Eve ressurge,
Alex fará qualquer coisa para salvar sua vida e recuperar seu
coração.
Georgetown, Virginia
Seis anos antes
Os pés de Alex McKay bateram contra o concreto
enquanto corria para o hospital. Uma semana. Ela esteve nas
mãos daquele monstro por uma semana. Tudo o que ele foi
capaz de fazer era orar, e ele - Caralho! - não era bom em
oração.
Ele quase deslizou sobre o piso liso da emergência, seu
coração batendo em um ritmo rápido no peito. Durante sete
dias, duas horas e dezessete minutos, parecia que seu
coração não bateu. A partir do momento em que sua esposa
desapareceu, ele ficou em um purgatório nauseante de culpa
e medo.
"Por favor, faça com que ela fique viva. Apenas viva. Eu
farei que continue vivendo e respirando."
Porque ele sabia muito bem que ela não estaria
completa, e era tudo culpa dele.
Tudo o que ele podia ver era a forma como a sua sala de
estar parecia. Aquela visão parecia estar impressa em seu
cérebro. A sala onde ele e Eve fizeram amor, se abraçaram e
assistiram TV foi profanada, seus quadros trincados e
quebrados, seus pertences tratados como lixo. Ele odiava
isso.
Ele realmente odiou os corpos que estavam espalhados
naquela sala. Corpos e sangue.
— Alex!
Ele parou repentinamente. Deus, ele nem sabia para
onde estava indo. Apenas dirigiu como um louco em direção
ao hospital sem fazer uma única pergunta após receber a
chamada que ela foi encontrada. Seu parceiro foi à frente.
Naquele certo momento, Warren Petty parecia um oceano de
calma. Ele estava ao lado de Alex desde o momento em que
ele entrou na casa que dividia com sua esposa e a encontrou
arrombada. Toda a sua vida estava em pedaços. Tão certo
quanto os seus bens que foram vandalizados.
E Eve tinha ido embora.
— Alex, ela está viva.
Ele quase caiu de joelhos. — Onde?
Warren não parecia precisar de mais do que uma
palavra. Eles eram parceiros há anos. Seu rosto ficou
sombrio, e Alex sentiu uma descarga de medo. Esse era o
rosto que Warren usava quando dizia às pessoas más
notícias. Como agentes do FBI que trabalhavam com o pior
dos crimes, ele e Warren foram forçados a dar más notícias
mais de uma vez. Mas Alex nunca pensou que seria ele quem
receberia esse olhar no fim.
Warren esteve de pé ao seu lado quando ele descobriu
que os guardas que deixou de prontidão estavam mortos e
que sua esposa estava desaparecida. Warren foi quem disse
as esposas de Tommy e Leon de que eles não voltariam para
casa.
— Os policiais a encontraram caminhando ao longo da
via 29.
Alex deu um longo suspiro, processando as informações.
Ela estava pela área? Deus. Ele esteve procurando a cada
hora de cada dia e ela estava perto. — Será que ela escapou?
— Evans desfez-se dela na estrada. Alex, eu falei com
os médicos.
Os olhos de Warren fecharam brevemente.
—Eles vão obter um kit de estupro assim que puderem,
mas precisam lidar com os seus ferimentos primeiro. Sinto
muito que você esteja passando por isso. Saiba que vou fazer
de tudo para ajudar você e a Eve. Ela é forte e vai sair dessa.
Eu acredito nisso. Se alguém pode sobreviver a isto, é a Eve.
A esposa dele. Sua doce, preciosa e esperta esposa
precisava de um kit de estupro. Um milhão de memórias se
estamparam em seu cérebro. A primeira vez que ele a beijou.
Suas mãos estiveram tremendo, porque ele sabia que ela era
única. A primeira vez que fizeram amor. Ele teve relações
sexuais antes, mas nunca adorou uma mulher até que entrou
em Eve, seu corpo tornando-se seu templo para amar e
proteger.
Eles estavam tentando ter um bebê. Dois meses. Dois
meses sem preservativos ou controle de natalidade. Deus. E
se ela estivesse grávida agora? Como diabos ele iria lidar com
isso?
"Viva. Ela está viva e você vai levá-la. Ela está viva e isso
é tudo que importa."
— Posso vê-la?
Ele precisava vê-la, estar no mesmo quarto que ela.
Tudo o que ele queria por sete dias era mais um minuto com
ela.
Warren sacudiu a cabeça, olhando para o longo corredor
branco.
—Não, me desculpe. Ela está em cirurgia. Eles não
podiam esperar. Fique calmo. Ela vai ficar bem. Ele a
empurrou para fora de um carro em movimento. Ela tem um
pequeno sangramento interno e seu braço esquerdo tem que
ser recolocado. A maior parte da cirurgia que eles vão fazer é
estética. Cortaram ela Alex.
Alex estava bem ciente do que Michael Evans era capaz
de fazer a uma mulher.
— Oh Deus.
Warren se sentou, Sua cabeça foi para frente e seu
corpo caiu como se não pudesse ficar de pé um segundo a
mais...
— Alex, se eu só ...
— Isso não é culpa sua. Isso é culpa minha. Ela me
disse que iria acontecer.
Sua esposa era uma profissional brilhante e o que ele
fez? Ignorou o seu trabalho, porque se achava muito mais
esperto. Ele, arrogantemente, disse que ela estava errada.
— Ela me disse para não fazer essa entrevista. Pediu-me
para manter esta pequena guerra entre nós privada, mas eu
pensei que poderia fazê-lo sair do esconderijo.
Ele foi um idiota, aparecendo em um show nacional e,
basicamente, chamando o homem de covarde. Ele rastreou
Evans durante anos e após o último bombardeio em uma
clínica que tirou a vida de quatro pessoas, Alex perdeu toda a
paciência. O mais recente alvo de Evans estava no quintal de
Alex, mesmo em DC. Ele se sentiu impotente, inútil, então
tentou fazer com que o homem aparecesse. E esteve disposto
a tentar qualquer coisa.
— Ele saiu do esconderijo, isso é certo. - Warren
sacudiu a cabeça, o rosto pálido.
— Eu pensei que ele viria atrás de mim, porra. Ele
deveria vir atrás de mim! —Suas mãos tremiam. Não
conseguia parar de tremer. Precisava se controlar. — Michael
Evans deveria querer me matar. Eu era a isca.
Mas Michael Evans, um terrorista extraordinário, não foi
para a garganta de Alex. Oh, não, ele foi para algo muito pior.
O homem que Alex esteve caçando pela maior parte de sua
carreira no FBI, estuprou sua esposa e a jogou na beira da
estrada como lixo.
"Evans gosta de jogar com sua presa. O homem prefere
causar o máximo de dor para seus inimigos, como ficou
evidenciado nas mortes brutais de vários homens que ele
acreditava o ter traído. Mas há uma certa honra nos jogos que
ele faz. Até agora, Evans não veio atrás de você pessoalmente
porque você manteve isso no FBI. Se fizer esta entrevista, é
muito provável que ele venha atrás de você. Ele vai ver isso
como uma declaração de guerra. Por favor, não faça isso. Você
pode encontrar outra maneira de pegá-lo."
Ele ainda podia ouvi-la implorando. Ela esteve com
medo de que Evans pudesse matá-lo. Ela deve ter ficado
assustada quando percebeu que Evans não foi para ele e que
foi para ela.
Warren virou a cabeça para cima. — Eu chamei Eddie.
Ele disse que se houver alguma coisa que puder fazer,
qualquer maneira que possa facilitar o caminho para vocês
dois, ele não hesitará em recorrer e cobrar alguns favores.
Podemos obter o melhor quarto do hospital. Podemos garantir
que a imprensa fique fora daqui. Estamos aqui para você.
O irmão de Warren era senador. Ele tinha uma
imponente presença. Falava-se que ele iria para a nomeação
durante a próxima eleição. Mas nada disso importava. A força
política de Warren não faria a dor de Eve ir embora. Nada
faria. Alex sentiu seus punhos cerrarem. — Quanto tempo até
ela sair da cirurgia?
— Uma hora ou algo assim. Sente-se, homem. Vai
demorar um pouco. — Warren fez um gesto para a cadeira ao
lado dele.
Ele balançou a cabeça. Não podia ficar sentado. Não
podia esperar. Ele esperou por dias. Não podia mais fazer
isso. Puxou seu celular. Não era exatamente uma pessoa que
conseguiria ficar sem fazer nada.
— Estarei de volta. Tenho que fazer uma ligação.
Saiu. Sentia-se mais calmo agora. Ficar sentado e
esperando só iria deixá-lo louco. Precisava fazer alguma
coisa. Então ele ligou para um número familiar.
Uma voz baixa veio da linha. — Aqui é o Taggart.
Seu melhor amigo. Sua rocha. Ian voou no minuto em
que Alex chamou. Ele largou tudo e foi para DC antes do
amanhecer. Ele usou seus contatos de alto nível para obter
uma licença de ausência para Sean também que,
aparentemente, era pago para trabalhar para a CIA. Ian
manteve sua conexão com a Agência em segredo, até mesmo
de seu irmão, mas Alex sabia que Ian trabalhava como
espião. Ele precisava de Ian agora mais do que nunca. — Ian,
eu tenho que encontrá-lo. Eu tenho que prendê-lo.
— Você achou a Eve?
— Evans jogou ela para fora de um carro em movimento.
Ela está viva, mas está em cirurgia. — Ele iria saber todos os
detalhes terríveis mais tarde. —Ian, você sabe que eu tenho
que encontrá-lo.
Ele precisava para começar a se redimir dos seus erros.
Ele precisava ter certeza de que Eve estava segura.
— Eu vou ajudá-lo. — A voz de Ian não vacilou. Como o
próprio homem, que era constante e firme.
Suas mãos pararam de tremer quando Ian começou a
falar sobre seus planos. Isto, pelo menos, era algo que ele
podia controlar.
Eve abriu os olhos. O mundo ainda estava girando,
nebuloso.
Ela endureceu imediatamente, esperando o próximo
golpe.
— Eve, você está em casa. Você está aqui. É o Alex. Eu
estou aqui com você, meu anjo. — A voz de Alex a tirou dos
últimos vestígios de seu pânico.
Quanto tempo ela esteve com Michael Evans? De acordo
com a polícia, foi apenas uma semana. Sete dias de dor e
humilhação. Cento e sessenta e oito horas. Não foi muito
tempo quando comparado a uma vida inteira, então como
aquelas horas pareciam com uma eternidade?
Ela esteve no hospital por dois dias. Obrigou-se a contar
o tempo. Ele a trouxe de volta à realidade. Este era o dia três,
o terceiro dia do resto de sua vida e ela estava em casa.
— Posso pegar alguma coisa para você? — Alex estava
mexendo em seus papéis. Muitos papéis e telefonemas. Era
tudo o que ele fazia. Ele mexia nos papéis que estavam em
volta, conversava com pessoas no telefone e se sentava ao
lado dela na cama.
Ele não ficava na cama com ela. Ele disse que ela estava
muito frágil e que não queria empurrá-la enquanto dormia,
mas não parecia que ele estava dormindo de qualquer forma.
— Não. — Estava muito cedo para outro remédio para
dor. Ela olhou para o relógio. Tinha que esperar mais uma
hora de sua constante agonia antes que pudesse tomar outro
comprimido e ter um breve momento de alívio.
Alex se acomodou no seu lugar. Ele empilhou suas
pastas de arquivo.
— Eu tenho uma boa vantagem contra ele. Há uma
testemunha confiável que o viu em Memphis há seis horas
atrás. Ian já está na estrada.
— Eu não quero falar sobre Evans. - Parecia que ele só
queria falar sobre o caso. Ela entendia o porquê. Ele estava
no controle do caso e poderia fazer algo sobre a busca de
Evans, mas não enxergava que ela precisava de distância? —
Eu não gosto de todos esses papéis e computadores em volta
de mim.
Ela sentia como se não pudesse respirar. Cada pedaço
de papel era outro link para o homem que a estuprou. Ela só
queria alguma normalidade. Estar de volta em sua casa, na
verdade, lhe deu uma sensação de conforto. Ela se preocupou
se iria trazer de volta memórias do ataque inicial, mas tudo o
que viu era a sua casa em perfeita ordem. Pelo o que
entendeu, Ian e Sean Taggart fizeram arranjos para colocar a
casa de volta no lugar. Eles eram amigos de infância de Alex
que tiraram licença do Exército e foram para casa para tentar
tornar as coisas normais para ela novamente, mas Alex
continuava trazendo todos esses arquivos. Ela só queria um
minuto onde ela pudesse enganar a si mesma de que as
coisas estavam normais. Apenas por um momento.
Alex se mexeu, puxando os papéis para fora da cama. —
Eu vou colocá-los na mesa de cabeceira. Eu sinto muito.
Era uma cama king size, mas frequentemente, eles
acabavam abraçados no centro, portanto tinha sempre muito
espaço.
Ela moveu-se cautelosamente, tentando não deslocar o
braço esquerdo demais. Doía, um pulsar profundamente em
seus músculos. Cada movimento a fazendo sentir como se
sua pele fosse agora muito apertada para seu corpo. — Está
tarde. Você deveria dormir um pouco. Venha para a cama.
Ele passou a mão pelo cabelo. Ele parecia muito mais
velho do que era uma semana atrás, sua boca virando para
baixo em uma careta perpétua. — Eu não quero te machucar.
Ele não iria empurrá-la. Talvez ela conseguisse dormir
um pouco se ele estivesse na cama com ela. —Você não vai.
Há espaço de sobra.
Ele balançou a cabeça, pegando os papéis e os
mantendo em seu peito como se fosse algo precioso. — Eu me
mexo muito. Iria acabar ao seu lado.
— Isso seria uma coisa tão ruim? - Ele não tocou nela
desde antes do incidente, nada além de um mero carinho
com suas mãos por seu corpo enquanto colocava um cobertor
em torno dela ou a ajudava a sair da cama.
Ele suspirou, um som pesado. — Eve, você hesita
quando eu te toco.
Porque ela ainda podia sentir Michael Evans lhe
violando. Ela ainda podia sentir suas mãos batendo nela,
como quando ele a amarrou. Ainda podia sentir a faca que ele
usou para acabar com ela.
Eu acho que vocês pervertidos chamam esta faca de jogo.
Jogo. Eu gosto de jogar também. Diga-me uma coisa, puta, o
seu marido joga assim?
Ela estremeceu.
— Viu? - Alex disse, virando-se. — Você não pode sequer
pensar nisso.
— Eu não estava pensando em você, Alex. — O tempo
todo em que ela esteve naquele quarto que Evans a manteve
presa, tudo o que foi capaz de pensar era em chegar em casa
para estar com Alex. Ele estava bem ali e a apenas um metro
de distância. Por que então ela sentia como se um abismo
tivesse se abrindo entre eles?
— Eu posso ser paciente, anjo. — Alex disse
calmamente. —Vai ficar tudo bem, mas por agora é melhor
que eu não vá para a cama com você. Você já passou por
tanta coisa. Eu não posso suportar a ideia de te causar mais
dor.
Mas ficar longe dele era um tipo diferente de agonia. Ela
estava prestes a discutir quando se olhou no espelho. A
bandagem em volta do pescoço estava ligeiramente desfeita e
não havia maneira de não ver os pontos que corriam por sua
pele. Parecia Frankenstein, recém-costurado e jogado sobre o
mundo. Seu rosto era uma massa de contusões e seu lábio
estava apenas começando a desinchar.
Talvez Alex não quisesse dormir com ela por diferentes
razões.
Durante anos ela foi a sua submissa e ele seu orgulhoso
Dom. Ele a levava para o clube a que pertenciam e tinha
grande prazer ao mostrar sua beleza.
Ela não era muito bonita agora. Ela foi atingida e não
tinha certeza se em algum momento voltaria a ser a mesma
novamente.
— E se eu não conseguir ser uma submissa, o que isso
representa?
Ela achava reconfortante ser submissa. Desde que ele a
apresentou ao D/S, ela o cumprimentava pelo menos uma
vez por dia, caindo de joelhos e se oferecendo a ele, com a
cabeça baixa e as palmas para cima em suas coxas. Ela se
mantinha perfeitamente ereta, embora fosse mais gorda do
que muitas das meninas. Ela tentou fazer dieta, mas Alex
sempre a enchia de doces.
Suas pernas estavam marcadas agora e um de seus
tornozelos tinha quase quebrado. E se ela não pudesse mais
ser sua parceira? E se seus dias como sua submissa tivessem
acabado?
Ele estendeu a mão para ela, mas depois retirou a mão.
— Não se preocupe com isso agora, Eve. Anjo, eu entenderia
se você nunca mais me chamasse de mestre novamente.
Suas palavras não faziam sentido. Ele era seu Mestre.
Eles fizeram um acordo e tinham um contrato. Eles se
sentaram na cama um dia, pouco depois que se conheceram
e passaram o dia discutindo o que seu contrato seria.
Quando eles passaram pelos limites duros e suaves, eles se
beijaram e se tocaram. Quando eles discutiram os seus
deveres para com o outro, ele esteve profundamente dentro
dela. Seu contrato foi íntimo e real. Eles eram casados. Eles
falavam sobre tudo. Um contrato pode ser frio. Ian escrevia
contratos frios porque ele não amava as submissas que
pegava. Mas seu contrato foi quente e feliz e conectava os
dois.
E se ele não a quisesse agora que Michael Evans a
usou?
Ela mudou toda a sua vida para estar com Alex. Ela
amava sua vida juntos. E se tudo tivesse acabado?
— Eu não posso ter um bebê. — Talvez fosse isso o que
colocou aquele olhar escuro nos olhos de Alex.
Ele balançou sua cabeça. — Isso não foi o que o médico
disse.
Não. Ele foi muito clínico sobre a coisa toda. Ele falou
sobre os danos em seu útero e da perda de um de seus
ovários no percurso. Ele quase realizou uma histerectomia. A
hemorragia interna foi pior do que ele pensou no início, mas
uma das enfermeiras lutou por ela. Foi ferida e esperaria por
enquanto. — É pouco provável.
— Não é. E eu não me importo com isso. Estou feliz que
você está viva.
Ele não parecia feliz. Ele parecia grave e sombrio. A
única vez em que ficava animado era quando estava
verificando uma pista sobre Evans. Então, seu rosto ficava
corado e uma raiva apaixonada fluía de seus olhos.
— Vai ficar tudo bem. — ele prometeu. — Você verá. Eu
vou pegá-lo e você vai se sentir segura novamente.
Ela nunca poderia se sentir segura novamente. — Não
quero falar sobre ele. Eu quero esquecê-lo.
Ela sabia que não poderia esquecer, mas precisava para
tentar encontrar alguma normalidade novamente e não
poderia fazer isso sem o seu marido. Ela olhou-se novamente
no espelho e a profunda necessidade de discutir com ele
desapareceu. Ela não podia deixar de notar a maneira como
seus olhos deslizaram para longe dela. Ele não queria estar
aqui.
Ele não queria olhar para ela.
De repente, a dor dentro dela não tinha nada a ver com
seus ossos.
Alex baixou a cabeça quando pegou seu laptop. — Você
verá. Vai se sentir muito melhor quando souber que ele não
poderá feri-la novamente. Eu vou dar isso para você.
Estraguei tudo e você pagou o preço, mas eu vou fazer a coisa
certa.
Ela estendeu a mão para ele, mas ele já estava na porta.
Ela puxou o braço para trás antes de se virar. Como ela
poderia dizer-lhe que ele não poderia fazer isso certo
novamente? Ela não tinha certeza neste momento se ela
poderia até mesmo sobreviver ao que passou. Ele estava tão
perto. Cada vez que fechava os olhos, podia ver o seu rosto
inclinado sobre ela. Ela precisava de Alex para levar essas
visões longe dela.
— Eu preciso de você. — Ela odiava quão pequena sua
voz soou.
— Eu estou aqui, meu anjo. Ele colocou os papéis para
baixo e se aproximou dela. Cruzou o espaço entre eles. O
espaço entre os dois. Nunca houve espaço entre eles antes.
Mesmo quando eles estavam à milhas de distância, ela podia
senti-lo. Casaram-se em todos os sentidos - seus corações,
mentes e almas se fundiram. Mas agora ela sentia cada
polegada de ar e da distância que os separava.
Ele estendeu a mão, os dedos roçando-a, e ela se
encolheu, porque cada pedaço de sua pele ainda estava
sensível.
Alex quase pulou para trás, todo o seu rosto lavado com
horror.
— Eu sinto muito.
Ela estava tornando tudo pior. — Por favor, me dê algum
tempo.
Ela não podia perder Alex. Ela iria curar. Ela iria
funcionar e voltaria para onde estava antes.
Alex estava na porta novamente. — Eu vou te dar todo o
tempo que você precisar. Vou encontrá-lo e pegá-lo para você.
— Eu não preciso disso. - Ela não queria que ele
estivesse em campo agora. Lágrimas escorriam pelo seu
rosto, tornando o mundo uma bagunça borrada. — Eu não
quero você lá fora com ele. Por favor, Alex. Fique comigo.
— Eu ficarei se você precisar de mim. — Ele hesitou
seus dedos enrolando em torno desses arquivos que
significava muito para ele. — Warren pode lidar com isso. E
Ian pode investigar as coisas do outro lado.
Mas ele queria lidar com isso pessoalmente. Queria
muito. Estava ali mesmo, em seu rosto. Seu coração caiu. Ele
queria a sua vingança. Ele podia dizer que era tudo por ela,
mas era realmente, porque ele poderia controlar essa parte de
sua vida. Perseguindo Michael Evans ele estava ativo.
Sentado ao seu lado e esperando que ela se curasse, não
estaria.
— Eu vou ficar bem.
Talvez quando as cicatrizes sumissem, ele poderia
esquecer que ela foi uma vítima. Talvez ela pudesse esquecer.
Talvez eles pudessem voltar ao normal novamente.
— Você tem certeza?
Ela não tinha certeza de nada. Nada. Seu mundo tinha
virado de cabeça para baixo e ela odiava onde pousou.
Aprendeu muito sobre si mesma. Ela aprendeu que poderia
quebrar, que era frágil.
Agora estava aprendendo que seu casamento era frágil
também.
— Você deve ir e ajudar o Ian.
Talvez estar com Ian por alguns dias fosse bom para ele.
Ian iria tomar conta dele.
Ela confiava em Ian com a vida de Alex. Embora Warren
tivesse sido o seu parceiro pelos últimos anos, ela preferia
saber que Ian estava cobrindo suas costas. Talvez Ian
pudesse falar com Alex. Ian não hesitava em torno dela. Ele
se aproximou e quando ela se encolheu, ele rosnou... Ele
disse a ela que não era "um filho da puta que iria machucá-
la" e exigiu que aceitasse o seu conforto.
Ian não sentia a culpa que Alex sentia. Talvez ele
pudesse ajudar Alex.
Ela precisava de seu marido. Deus, ela precisava tanto
de seu Dom.
— Eu amo você, Eve. — Ele sussurrou as palavras. —
Eu sinto muito.
Ela fechou os olhos como se estivesse voltando a dormir.
Ela ouviu a porta fechar.
Ela não precisava de sua tristeza. Não precisava de sua
culpa. Precisava de sua força, mas não podia pedir para ele,
porque ela mudou em um nível fundamental. Ela não era
mais sua pequena submissa doce e inocente.
Tempo. Ela precisava de tempo.
Ela deixou sua mão encontrar o curativo sobre o local
onde ele quase dividiu sua garganta.
Será que o tempo curava todas as feridas? Talvez não.
Talvez só trouxesse cicatrizes que provariam que ela
sobreviveu em um nível físico.
Mas ela pode ter perdido sua alma, porque não tinha
certeza de que seu casamento sobreviveria.
Eve fechou os olhos e orou por sonhos melhores.
Dallas, Texas
Dias de Hoje
Alex McKay sentiu seu estômago revirar enquanto
olhava para a projeção na frente dele.
— Você sabe o quão perigoso isso pode ser? —
Perguntou Ian Taggart.
A sala de conferências estava tranquila. Nenhuma luz
da manhã conseguia passar pelas frestas. O sol estava
nascendo. Ele sabia disso por causa da hora, mas na sala de
conferências escura ainda parecia noite, pois estava
completamente escuro, a única iluminação era uma série de
slides que mostravam sua vida em fotos trágicas.
Ele suspirou e simplesmente clicou no próximo slide. A
última coisa que precisava era Ian lhe dizendo o quão
perigoso Michael Evans poderia ser. Ele sabia disso por
experiência própria. Michael Evans custou a Alex McKay tudo
o que lhe importava no mundo. O trabalho dele. Seu futuro.
Mas acima de tudo o filho da puta custou a Alex sua esposa.
E era por isso que ele lhe encontraria e não importava o
custo.
— A última vez que uma fonte entrou em contato
comigo, acreditavam que Evans estava na Argentina, mas
isso foi há mais de um ano. Esta é a primeira vez que ele veio
à tona desde então. — Ele manteve sua voz moderada, como
se esta fosse apenas outra manhã de terça-feira e não um dos
eventos mais importantes de sua vida.
Adam Miles entrou na sala, sentando no banco a
esquerda de Alex. — Existe alguma razão para nós estarmos
tendo uma reunião às seis da manhã? Eu não acho que
deveria ser acordado antes do sol nascer.
Jake Dean revirou os olhos quando seguiu o seu
parceiro. Jake e Adam sempre trabalhavam juntos,
praticamente faziam tudo junto, incluindo sua esposa,
Serena. — Ele está reclamando porque me recusei a deixar
que acordasse Serena esta manhã.
— Eu não fico bem sem um beijo de despedida. — Adam
disse, com um pouco de mau humor.
Ian gemeu, sentando-se em sua cadeira de couro
enorme. Vestido para negócios, as primeiras horas da manhã
não pareciam perturbá-lo. Ao contrário de Alex, que ainda
vestia calças jeans e uma camisa, Ian entrou no trabalho em
um terno de grife. O terno faria a maioria dos homens
parecerem civilizados, mas Ian apenas parecia um gangster
bem-vestido, do tipo que poderia matar um homem e nunca
sequer amassar suas roupas. —Adam, cara, saia de trás das
saias de Serena.
— Eu gasto todo o meu tempo tentando entrar em suas
saias, chefe. — Adam rebateu.
— Se estiver tudo pronto aqui, eu gostaria de continuar.
— Alex realmente não tinha tempo para sentar e ouvir o quão
feliz era Adam, porra. — Ou podemos simplesmente fechar
esta coisa agora e eu posso lidar com isso sozinho.
— O que entrou na bunda de Alex e morreu? — Jake
perguntou em um sussurro que absolutamente todos no
prédio provavelmente poderiam ouvir.
— Cale a boca Jake. — Ian se inclinou para frente. —
Michael Evans reapareceu e veio à tona.
— Caralho. — Jake olhou para cima, e até mesmo na
penumbra da sala de conferências antes do amanhecer, podia
ver a solidariedade nos olhos de Jake. — Qualquer coisa que
você precisar, cara. Estaremos aqui. Onde está o Li, a
propósito? Diga-me que ele não matou o idiota Inglês.
— Ele certamente poderia ter feito isso? - Simon Weston
era extremamente tranquilo. Ele se esgueirou para dentro da
sala sem que ninguém percebesse. Como o mais novo
membro da equipe de Serviço de Segurança da McKay-
Taggart, o ex-agente do MI6 não se encaixou com qualquer
um além de Ian, que parecia ter tomado o homem sob sua
asa, apesar do fato de que Simon quase perdeu a cabeça em
sua última missão. Ele foi enganado por Eli Nelson e Alex
nunca passou por isso. Apesar de sua atitude grosseira, Alex
sentiu um pouco de proximidade com Simon. Sabia muito
bem o que era ter sua bunda entregue em uma operação. —
Liam tinha outros planos esta manhã e isso é apenas uma
pequena parte de uma informação amigável. Posso substituí-
lo mais tarde.
Ele não convidou Liam esta manhã, e teve sorte porque
este era o dia do café da manhã semanal de Liam e Avery com
Eve. Liam e Eve se aproximaram ao longo dos anos, e ela
adorava a nova esposa de Li, Avery. Eles eram a distração
perfeita. Eve normalmente vinha no início e chegava cedo,
mas as terças-feiras ela ia direto para um café local.
— Quem é Michael Evans e por que todo mundo está
olhando como se o seu melhor amigo tivesse acabado de ser
atropelado? — Perguntou Simon. Ele ficou na parte de trás,
sem se preocupar com um dos quatro lugares à esquerda.
Alex dirigiu sua atenção para a projeção na parede. Era
uma foto de um homem que conhecia muito bem.
— Este é Michael Evans, trinta e sete anos. Ele é um
terrorista caseiro. Dirigia uma pequena comunidade ao norte
de Idaho. Sem nome. Apenas duzentos acres e uma crença de
que o governo dos Estados Unidos se tornou corrupto.
Admito, não é só com o governo dos EUA que Evans tem
problema. É com a maior parte da sociedade. O FBI não
prestou muita atenção nele até que descobrimos seus laços
com os líderes da Jihad no México. Entre 2001 e 2005, Evans
fez mais de cinquenta viagens à América Central. A CIA o
marcou como um potencial contato no país para o Talibã e a
Al-Qaeda e outros grupos associados.
Simon assentiu. — Sim, lembro-me dele agora. Ele
estava em todos os noticiários há alguns anos atrás. Eu
estava nos Estados Unidos, quando ele foi preso. Ele cultivou
drogas em sua terra e financiou pequenas células. Eles
bombardearam lugares pouco valorizados, se bem me lembro.
Achei um pouco estranho não escolherem alvos de alto valor.
—Evans os considerava como alvos de valor muito alto.
Supostamente, ele era o dinheiro por trás de quinze
atentados a clínicas em todos os EUA. — Alex murmurou.
Evans conseguiu matar os médicos, enfermeiros e pacientes,
a maioria dos quais tinha apenas entrado na clínica para
exames de rotina, mas eles faziam parte de uma lista de
ocorrências para Evans porque as clínicas eram financiadas
pelo governo e lá era oferecido planejamento familiar. — Ele
também fez de alvo abrigos de violência doméstica. Ele gosta
de colocar esses em chamas. Evans não é realmente fã dos
direitos das mulheres.
— Ele especificamente vai atrás de clínicas onde as
mulheres recebem cuidados de rotina ou podem adquirir o
controle de natalidade. Em doze das clínicas que ele alvejou
não eram fornecidos serviços de aborto. — Ian continuou e
conhecia o arquivo, bem como Alex. Foi esse mesmo caso que
trouxe Alex para Dallas para fundar a empresa com seu
melhor amigo. Ian era maluco na metade do tempo, mas Alex
devia-lhe tudo e esta era a única razão dessa reunião. Se não
fosse por Ian, ele estaria tentando encontrá-lo agora.
— Qual é a sua motivação? — Perguntou Jake. — Sei o
que dizem os arquivos do caso, mas nunca entendi o que ele
queria. Obviamente, ele é um porco misógino1, mas os
terroristas geralmente têm um ponto que estão tentando
transmitir.
— Evans acredita profundamente que a América
moderna tem despojado homens de todos os seus direitos
dados por Deus. Ele quer voltar aos tempos em que um
homem possuía tudo. Quando um homem tinha plenos
direitos de sua propriedade e poderia impor suas próprias
leis, e dentre elas inclui-se as esposas de um homem. Sim, eu
disse esposas — explicou Alex. — Evan tinha várias esposas
em todo o país, e matou uma, quando ela virou testemunha
do Estado contra ele. Deixou para trás o cadáver de outra
mulher quando fugiu de seu composto em Idaho. Onde quer
que esteja agora, devemos estar preparados para que ele
provavelmente tenha uma esposa ou duas e tenha certeza
que não hesitará em jogá-las na linha de fogo.
— Encantador. — Adam murmurou.
— Sim, bem, ele não é nenhum príncipe. — Alex clicou
até o próximo slide. Era um em que Evans estava sendo
preso. Evans estava sorrindo para a câmera, o rosto bonito
parecendo mais como um ídolo do cinema matinê do que um
assassino em massa. Essa boa aparência dele trouxe hordas
de mulheres que escreveram para ele na prisão ou faziam
uma enorme quantidade de seu trabalho sujo.
"Evans é um assassino carismático. — Eve escreveu. —
Usa o charme para atrair suas vítimas, mas no final, ele não
1
Ódio, desprezo ou preconceito contra mulheres ou meninas.
pode se considerar um vencedor, a menos que bata em um
homem que considera de igual valor."
Deus, se ele apenas tivesse ouvido Eve. — Evans foi
colocado na prisão para aguardar julgamento. Ele tinha
excelentes advogados, naturalmente. Eles conseguiram
empurrar o julgamento, adiando-o, por quase dois anos e
fizeram com que Evans fosse para uma prisão de segurança
média para aguardar a audiência.
—Ele escapou em um colchão, certo? — Simon
finalmente se moveu, sentando-se e começando a olhar o
material na sua frente.
— Sim, bem antes da apresentação de seus argumentos
iniciais. Ele tinha um problema antigo com seus pulmões.
Eles foram danificados por um incêndio em sua infância e
ficou em terapia de oxigênio ao longo dos anos. Então teve
um episódio de não conseguir respirar, muito provavelmente
falsificado ou feito de maneira proposital e, não apenas o
médico da prisão lhe deu um pequeno tanque de oxigênio,
como também lhe prescreveu roupa de cama nova, livre de
alérgenos. Quase dois anos depois do dia em que foi preso,
Evans conseguiu fugir contrabandeado na roupa de cama
quando ela foi trocada. Um de seus seguidores mais leais
tomou seu lugar na cadeia com um tanque de oxigênio
duplicado. Por causa da máscara sobre seu rosto, ninguém
notou até quase vinte e quatro horas mais tarde, nem mesmo
seu companheiro de cela que foi levado para interrogatório
desconfiou. Ele foi retirado da cela na época, de modo que as
autoridades não poderiam associá-lo a fuga. Tanto quanto
sabemos, Evans se juntou a seus amigos jihadistas na
América Central logo depois disso.
— Você disse que o FBI o prendeu? Não quer dizer que
você o prendeu? — Simon perguntou com seus gelados olhos
azuis que surgiram acima da pasta de arquivo.
—Sim, eu era o agente de apreensão. — Ele disse com os
dentes cerrados.
— Você foi o agente especial encarregado? Creio que é a
linguagem local. — disse Simon. — Quanto tempo depois
deste caso você saiu?
— Não importa. — Ian se pronunciou.
Mas Simon tinha o direito de saber. — Eu parei dois
meses após Evans ser preso. Isso foi há cinco anos. Eu
arrumei a minha vida e me mudei para cá. Ian e eu
começamos esta empresa. Não se engane. Este caso é pessoal
para mim. Este caso não vai demandar pagamento e quem
não quiser ser voluntário pode se sentir livre para ir embora.
Não vou pedir muito mais do que algum apoio por trás dos
bastidores, e mesmo assim de forma informal. Não preciso
que ninguém faça nada.
Ele normalmente fazia tudo sozinho.
Simon franziu a testa, obviamente, disposto a desistir.
—Por que O'Donnell não está por perto? Não posso imaginar
que estaria disposto a perder este encontro. Será que ele já
está trabalhando no caso? E onde está a nossa linda
psiquiatra? Suspeito que seria útil neste caso. Ela costumava
estar em uma unidade de análise comportamental, correto?
Será que ela trabalharia no caso Evans com você? Podemos
ver seus arquivos sobre ele?
Um silêncio tenso encheu a sala. Todas as perguntas
eram perfeitamente válidas e Alex se ressentia disso.
—Sim, Eve trabalhava com o FBI. Ela é uma
profissional, mas não precisa ser envolvida neste caso. —
Nenhum deles realmente precisava estar envolvido. Apenas
ele e Evans e quem diabos fosse esse contato misterioso. Ele
olhou para o relógio. Quatro horas e meia antes que pudesse
conhecer seu contato e começar o jogo desagradável que ele e
Evans não terminaram.
— O que eu não sei? — Perguntou Simon. Ele olhou ao
redor da mesa, estudando cada homem lá. — Eu,
obviamente, sou o único que não sabe a piada.
— Não é uma piada, idiota. — Disse Adam. — E Eve
deveria estar aqui. Ela tem o direito de saber que o homem
que a estuprou e brutalizou está de volta aos Estados Unidos.
— Eve não ficará em qualquer lugar perto deste caso. —
Alex afirmou categoricamente. — E se eu pegar até mesmo
um indício de que Evans está perto de nós, ela irá para um
lugar seguro.
— Ah não, isso não é uma piada. — Simon fechou a
pasta. — Suponho que isso é absolutamente inútil. Isso foi
limpo. Vou pesquisar por mim mesmo. Estou bastante
surpreso que eles permitiram que você permanecesse no
comando.
Simon estava certo sobre o arquivo. Ele limpou a coisa
porque não podia suportar a ideia de que alguém soubesse o
que aconteceu. O FBI manteve as coisas em sigilo e a
imprensa só noticiou simples dicas do que sua esposa teve
que passar. Eles tinham outras provas suficientes sobre
Evans para queimar o filho da puta cinco vezes.
— Fui retirado do caso, mas não parei de trabalhar. —
Alex admitiu. O FBI lhe concedeu uma licença, mas ele
simplesmente a usou para rastrear Evans. Ele muitas vezes
se perguntou se Warren ficou ressentido por isso. Warren
Petty assumiu no lugar de Alex, mas foi Alex quem fez a
prisão.
—Você acha que ele virá atrás dela de novo? —
Perguntou Simon.
Ele viveu muito tempo com o terror de que aquele
acontecimento se repetisse. Sonhou várias noites com ele
indo procurá-la e os dias que se passaram até que ela foi
descartada como um tecido usado, jogada ao lado da estrada
no meio da noite. Ela tendo que chegar até um posto de
gasolina, seu corpo nu contra a neve e a geada.
Evans pretendia que ela sobrevivesse? Alex pensava que
sim. Supostamente era para Eve ser um lembrete de tudo o
que Alex fez de errado, de quanto perdeu e o quão mais
poderoso Michael Evans era.
"Não force tanto, Alex. Mantenha isto em particular. Se
você for para a imprensa, eu acho que ele vai atacar e bater
em você."
Ele ainda podia ver seus olhos lhe suplicando para
mudar seus planos, mas sabia o que estava fazendo. Sabia
que poderia derrubar Evans.
Mas Evans não viria para ele. Ah não. Isso teria sido
muito fácil.
— Não acho que ele esteja vindo atrás de Eve. Eu não
tenho nenhuma evidência de que ele fará isso. Já se
passaram quase seis anos desde que ele teve algum contato
com ela, e todos nós sabemos muito bem que ele gosta de
brincar com sua presa. — Ian se levantou, acendendo as
luzes e inundando a sala. — Há também o fato de que eles se
divorciaram. Isso deve ter dado a Evans uma quantidade
enorme de prazer e tenho certeza que ele sabe que isso
aconteceu. Tenho certeza que ficou de olho em você depois
que fugiu dos Estados Unidos. Mas quando você deixou o
FBI, muito provavelmente, saiu do radar. Um homem como
Evans não consideraria Alex como sendo uma ameaça real. E
ele não se importaria com Eve de qualquer forma neste
momento.
Alex não podia correr esse risco.
—Quero que ela fique fora disso. É por isso que não
entrei em contato com o Li. Li está perto de Eve. Ele iria dizer
a ela. — Alex admitiu. Ele não traria Eve para isso. Quanto
menos ela soubesse seria melhor para todos eles. Ele não
podia levá-la novamente para aquele buraco. Não podia.
E também não podia permitir que qualquer outra pessoa
lidasse com isso.
— Por que você acha que ele voltou à tona? —
Perguntou Jake.
—Eu recebi um e-mail de uma mulher chamada Kristen,
seis semanas atrás. De acordo com o e-mail, ela é uma
repórter investigativa e vem acompanhando Evans desde sua
fuga da prisão. Eu deveria encontrá-la mais tarde nesta
manhã. É um local público. Bem à vista. — A mulher no e-
mail insistiu em falar com ele e disse categoricamente que se
viesse alguém que não fosse ele, iria embora. Ele não podia
deixar isso acontecer. — Eu preciso de alguém para ficar de
olho na Eve enquanto faço contato. Não posso permitir que
ele use essa forma para ter a chance de conseguir chegar
perto dela.
—Eu vou manter os olhos na Eve, e Jake e Adam podem
te dar cobertura — Ian disse.
E era precisamente por isso que não queria ter essa
pequena reunião. — Eu não posso. Se ela vir alguém além de
mim, vai correr. No e-mail deixou tudo muito claro. Ela vai
lidar comigo e só comigo. Eu não sei como ela se parece. Não
faço ideia. Tenho que falar com essa mulher, Ian. Não posso
deixá-la escapar pelos meus dedos. O encontro é totalmente
público. Não há nada com que se preocupar.
— Ela não vai saber que estamos lá. — Jake prometeu.
— Acredite ou não, nós já fizemos isso uma ou duas vezes.
— Vocês dois podem lidar com a cobertura em volta. Eu
serei a sombra. Sou o especialista. — Ele era ideal para se
misturar nas sombras. Era uma inversão completa dos
primeiros dez anos de sua carreira. Ele tinha sido o menino
de ouro do FBI, uma estrela brilhante. Nos últimos cinco
anos teve por objetivo não aparecer, sendo sempre o cara por
trás das cenas. Ele se tornou um fantasma, excelente para
observar e esperar e quase nunca agir.
— Eu acho que sou bastante decente com a cobertura à
distância. — Disse Ian com uma careta. Ele foi durante um
longo tempo agente da CIA e sabia cobrir à distância. — Jake
e Adam podem lidar com Eve e eu vou te dar apoio.
Havia apenas um problema com isso.
—Não. Você é muito visível. Não posso arriscar.
— Podem limpar a sala, caras? — Ian cruzou os braços
sobre o peito enorme e começou a andar.
Os caras estavam fora em um flash, Adam olhando de
cara feia. Sim, ele estaria na equipe de Eve com certeza.
Ian parou na frente da janela, abrindo as cortinas e
olhando para a luz do amanhecer. A cidade estava
começando a acordar, rosas e roxos ao horizonte. Havia
prédios altos emoldurando a distância, a cidade era uma
paisagem maciça na frente dele, como uma pintura em
aquarela, tão bonita e um pouco irreal.
Lembrou-se de um dia perfeito. Havaí. Ele e Eve foram
para Kauai em sua lua de mel e não dormiram uma noite. Ele
a levou para a praia e fez amor com ela nas ondas. Se
sentaram lá e viram o céu em um grande show da natureza
ao vivo. Ele podia sentir ela em seus braços, de costas para o
seu peito enquanto observavam o nascer do sol. O mundo
inteiro estava vivo, cheio de promessas. Eles eram jovens.
Porra, tão jovens. Fortes.
Nenhum deles sabia o quão frágeis eram, como era fácil
tirar uma vida e quebrá-la como um galho até não sobrar
nada além de pedaços sem sentido.
— O que está fazendo, Alex? — Ian perguntou, sem se
preocupar em virar.
Isso deveria ser simples. — Eu estou tentando pegar um
assassino.
Os ombros de Ian caíram, como se aquela fosse à última
coisa que quisesse ouvir. — Você está tentando corrigir um
erro, mas está fazendo tudo errado de novo.
Frustração o preencheu. Foda-se, sim, ele estava
tentando corrigir um erro. Foi o erro de sua vida. É claro que
queria corrigir isso. — Eu não vou deixá-lo chegar perto dela
novamente, cara. Você não pode achar que eu iria deixar que
isso acontecesse, nunca mais, mas você, de todas as pessoas,
deve saber muito bem que não posso simplesmente deixar
isso para lá.
Como ele deveria ficar tranquilo sabendo que Evans
estava lá fora? Ele passou os últimos anos de sua vida
seguindo qualquer buraco de coelho maldito que podia para
encontrá-lo. Desperdiçou inúmeras horas conversando com
pessoas que disseram que o viram, gastou dinheiro com
testemunhas que o levaram a nenhum lugar. Poderia estar
acontecendo tudo de novo, mas tinha que continuar
tentando. Iria parar de tentar quando tivesse morrido.
— Não é errado o que você está fazendo. — Ian
finalmente virou-se, recostando-se contra a janela e olhando
como se não tivesse dormido em dias. Foi assim desde que
voltou de Londres, como se apenas estar naquela cidade
novamente o tivesse envelhecido, forçando-o a lembrar a
esposa que ele perdeu.
— Ir atrás de Evans é um erro? Você acha que não
posso derrubá-lo? Meu erro na primeira vez foi pura
arrogância, Ian. Confie em mim. Fui humilhado. Não estou
querendo glória neste momento. — Ele estava tentando fazer
uma vida para si e Eve e ferrou tudo porque não acreditou
que poderia estar errado. Ele tentou ir pelo caminho mais
rápido, mas agora sabia o quão rápido o jogo virava.
— Não, desta vez você está à procura de vingança.
Sim. Ele queria vingança. Ele sentiu sua mandíbula
apertar, sua visão entrar em foco. — Por Eve.
Os olhos de Ian se estreitaram. — Sério? Você tem
certeza disso?
Ele tinha certeza, e porra era uma bem merecida
vingança. Evans os dilacerou. — Como você pode dizer isso?
Você me conhece há vinte e cinco anos, seu idiota. Como você
pode me questionar sobre isso? Você não tem que me ajudar.
Eu vou tirar uma licença. Talvez isso torne tudo mais fácil
para todos.
Seria o melhor de qualquer maneira. Ele só deixou Ian
saber porque ele era da família. Eles tinham um acordo, ele e
Ian, desde que eram crianças, quando cresceram na mesma
pobreza e só existia duas saídas — prisioneiros ou militares
dos EUA. Ian ficou no Exército e Alex saiu no momento em
que começou a faculdade. A amizade sobreviveu aos anos e a
distância.
O negócio era simples. Eles não estariam mal
preparados até que o outro soubesse que tipo de merda
estava acontecendo. Ian tomaria conta de Eve. Cristo, se
alguma coisa acontecesse, Ian iria cuidar dela para o resto da
sua vida. Eles tinham esse acordo também. Ian viu Eve e Alex
cuidar de Sean e agora de Grace e Carys. Deus, Sean tinha
um filho.
Como ele tinha quase quarenta anos e não tinha uma
única perspectiva de família no horizonte?
Uma imagem fantasmagórica se formou na parede e
respondeu à pergunta. As luzes estavam acesas, mas ele
ainda podia ver Michael Evans sorrindo para a câmera.
Ele não poderia resolver seus problemas com Eve, pois
arruinou sua vida. Ele era diretamente responsável por toda
a sua dor. Dias. Ela passou dias com esse monstro e Alex iria
passar a vida inteira tentando compensá-la.
A voz de Ian rompeu seus pensamentos. — Eu não
estava falando sobre ir atrás de Evans. Estava falando sobre
deixar Eve fora disso.
Alex sentiu seus olhos arregalarem. — Você não pode
esperar que eu traga Eve para isso. Você de todas as pessoas
deve saber como é perigoso ter sua esposa envolvida em um
caso.
Ele queria engolir as palavras no instante em que as
disse. Ian não se mexeu um centímetro. Não havia nada em
sua postura que deixasse Alex saber que o atingiu com força,
exceto sua pele pálida. Eles nunca falaram sobre a mulher
que Ian casou e perdeu há cinco anos.
— Charlotte não tem nada a ver com isso. E ela nunca
esteve envolvida nesse caso em particular. Cristo, eu era o
seu caso e ela fez a porra de um trabalho espetacular. Acho
engraçado a ironia disso, uma vez que seu trabalho era para
me foder. Charlotte se casou sabendo exatamente o quão
perigoso o trabalho era e ela se queimou. Eve, por outro lado,
era perfeitamente inocente. Se alguém merece vingança, é
Eve. E você agora quer tirar isso dela também.
Alex colocou as mãos na mesa de conferência, palmas
para baixo, apenas tentando se segurar. — Como você pode
dizer isso? Eu era seu marido. Era meu trabalho protegê-la.
— E você não tinha como saber que o homem que
estavam rastreando viria atrás de sua esposa. — Lógica. Ian
gostava de mostrar lógica, mas Alex sabia a verdade.
Porra, ele deveria ter imaginado isso. Deveria ter lido o
estudo de caso de Eve, mas estava tão convicto de sua
certeza, que não considerou o contrário.
— Sim, bem, se tivesse prestado atenção ao perfil
descrito por Eve, eu saberia. Ela sabia. Mas eu era muito
mais inteligente. Pensei que tivesse o filho da puta na palma
da mão.
— Só que você não observou. — Ian concordou. — E Eve
pagou o preço e continua pagando todos os dias porque
nenhum de vocês dois consegue deixar isso para trás por um
segundo.
— Se eu colocar Michael Evans de volta ao lugar onde
ele pertence, ela terá um minuto de paz, e vou fazer isso. Sou
o marido dela. Tenho que fazer isso por ela.
Ian balançou a cabeça, com os olhos sombrios. —Você
não é mais o marido dela, Alex.
— Tudo bem, então sou seu Dom.
— Você é? Você não age como um.
Alex sentiu suas costas ficarem tensas, como um cão
que descobre que estava prestes a ser chutado. — Uau. Você
tem algo a me dizer? Porra não se meta nisso, irmão. Você
quer chamar meus direitos em causa? Você quer dar uma
olhada no meu contrato?
Ele odiava o fato de que tudo o que tinha com Eve era
um contrato frio entre eles, um que renovaram todos os anos,
há cinco anos. Ian sabia muito bem o que havia nesse
contrato porque ele foi procurado por Eve para auxiliá-la na
época. Um contrato que delineava tudo o que ele era
autorizado a fazer, tudo o que ele não podia fazer, tudo o que
podia acontecer entre eles. Um contrato que permitia o sexo,
mas não o amor, a disciplina, mas não a compaixão.
A vida sem a possibilidade de liberdade condicional.
— Esse contrato é tudo o que há de errado entre vocês e
ainda assim você continua a assiná-lo, cara.
Porque se não o assinasse, tinha certeza que Eve iria se
afastar dele, talvez até encontrar um outro Dom. Ele não
poderia lidar com isso. Porra, apenas não podia. Era muito
provável que ele assinasse esse contrato para o resto de sua
vida, porque não importa o quão bravo ficou, como se sentiu,
ele não poderia viver sem ela.
— Ela precisa das cenas. É a única maneira que
consegue chorar. Você acha que eu não tenho falado sobre
isso com ela? Você acha que ela não foi à terapia?
Sua esposa - ex-esposa - era uma psicóloga brilhante.
Ela passou muito tempo no sofá em sessões de terapia.
A culpa o atormentava. Ele não perdeu esse tempo no
sofá. Antes do divórcio, ele não foi às sessões de
aconselhamento, ignorou seus jantares, passando as noites
fora de casa e tudo em nome de pegar Michael Evans.
— Eu sei como tem sido, mas não ajudou. Oh, Eve
parece bem do lado de fora, mas ela não voltou ao normal, ao
seu antigo eu. Ela ri, mas nunca com os olhos. Ela deixa as
pessoas abraçarem-na, mas não as abraça de volta. Deus,
Alex, eu me lembro quando Eve era a submissa mais delicada
que já conheci.
— Ele a estuprou e abusou dela. Ela não pode voltar
atrás — disse Alex. —Nós não podemos voltar atrás.
— Então Evans ganha. Ele fez o seu trabalho e você
deve apenas engolir o resultado. Por que se preocupar em
caçar o homem? Você já está morto. Você só esqueceu de nos
dizer para enterrar o seu corpo de merda, cara.
Ele pensou seriamente em colocar as mãos em torno da
garganta de seu melhor amigo, mas recuou. Ian não
conseguia entender. Nenhum deles conseguia. Ele deveria ter
feito o que achava que era melhor em primeiro lugar e ter
lidado com isso por conta própria. — Tanto faz. Vou me
preparar para conhecer o contato.
— Você não vai sem reforço. Leve Jake e Adam e isso é
uma ordem.
Mas Ian esqueceu uma pequena verdade. — Você não é
meu chefe. Você não é meu CEO, e se você quer que eu os
leve, este não é o caminho para conseguir isso.
Ele foi para a porta. Não havia mais nada a dizer.
—Alex, por favor, leve Jake e Adam.
Porra. Ian quase nunca pedia nada educadamente. —
Não posso. Se ela se assustar facilmente, vou perder a
chance.
— OK. Não se atreva a ir desarmado.
Como se ele fosse fazer isso. — Eu estou bem.
— Alex?
Porra, quando Ian ficou tão tagarela? — Sim?
— Ela precisa de você. Ela precisa de você para ser seu
Dom mais do que precisa de alguém para vingá-la. Ela
precisa de você para tomar as rédeas porque não pode fazer
isso sozinha. Ela precisa de seu marido.
Mas ele não era mais seu marido. Ele era seu amante
em tempo parcial e integral na sessão de terapia. Ele se
perguntava se ela ainda o enxergava assim agora ou se tudo o
que via era como falhou com ela uma e outra vez. Alex deixou
a porta se fechar atrás dele.
A vingança era tudo o que restava para ele.
Eve parou na recepção do hotel. Grace não estava por
perto, mas havia um buquê enorme de flores ocupando a
maior parte do espaço. Lindos lírios.
Eve suspirou. Aquilo deveria ter custado uma fortuna.
Que diabos Sean fez?
E então ela viu que havia um cartão anexado.
Ian Taggart
Ela revirou os olhos. Alguma sub estava tentando se dar
bem com o Mestre. Quem quer que fosse, estava latindo para
a árvore errada. As flores não iriam impressionar Ian. Não. Se
você quisesse impressionar Ian Taggart, era melhor ter uma
caixa de cerveja em sua mão ou uma nova arma brilhante.
Essas subs pobres de Sanctum realmente não tinham
nenhuma chance com Ian. Ele precisava de uma mulher que
poderia colocá-lo fisicamente em seu lugar. Ela tinha certeza
que era a única maneira de derrubar o homem. Uma mulher
que poderia ultrapassá-lo, manipulá-lo, jogar melhor que ele.
Essa era a única maneira para prender Big Tag.
— Eve, pensei que você fosse tomar o café da manhã
com Liam. — Alex estava na porta da sala de conferências.
Ele arregalou os olhos quando a viu e trocou a pilha de
pastas de um lado para outro.
E imediatamente Eve suspeitou. — Eu tinha alguns
relatórios para arquivar e alguns perfis de personalidade para
concluir. Ian está pesquisando para contratar alguns
funcionários para o escritório. Li está vindo me pegar daqui a
vinte minutos.
Alex assentiu. — Isso é bom. O transito é ruim à essa
hora.
O trânsito sempre estava ruim, mas mesmo se estivesse
bom, ela sabia que Alex preferiria que alguém a levasse. Não
porque ela não era uma boa motorista, mas Alex preferia que
alguém a vigiasse.
Simplesmente não podia ser ele.
Porque ela era teimosa e não conseguiria ficar no canto
dela e tentaria fazer com que ficassem juntos.
Ele ficou parado olhando para ela. Quando olhava
assim, como se ela fosse a única mulher em todo o mundo,
sentia vontade de ir para os seus braços e fingir que os
últimos seis anos não aconteceram.
— Houve alguma reunião que eu não saiba? — Ela
tentou pegar um vislumbre do nome em suas pastas, mas
elas estavam em branco.
Ele colocou-as debaixo do braço. — Eu queria resolver
algumas coisas com Ian. Apenas verificando algumas ideias
que tenho sobre um trabalho em aberto.
Trabalho. Eles conversavam sobre trabalho. Às vezes,
ela suspeitava que ambos vinham com a mais ínfimas das
razões para pedir conselho um ao outro. Pelo menos ela sabia
porque fazia isso e era uma desculpa para que ficasse na
mesma sala com ele.
Você precisa de uma desculpa? Você disse que precisava
de tempo. Ele deu-lhe tempo. Quanto tempo isso pode durar?
— Você quer passar alguma coisa comigo?
Ele balançou sua cabeça. — Não. Eu acho que posso
lidar com isso. O que diabos Sean fez?
Ele se aproximou e olhou para as flores.
— Essas não são para Grace. — Disse ela.
— Phoebe? Phoebe está namorando alguém? Phoebe mal
fala. Eu não posso imaginá-la saindo com alguém.
Phoebe Graham era a garota da contabilidade. Ela
normalmente se escondia em seu escritório e se apavorava
toda vez que ficava em uma sala com Ian ou Alex. Às vezes,
Eve pensava que a única razão de Phoebe não faltar ao
trabalho era porque Ian a contratou e ela tinha medo de que
ele soubesse que não foi trabalhar. — Não.
Os olhos de Alex se estreitaram. — Alguém está te
enviando flores?
Bem, ela era a única mulher no escritório. Foi uma
pergunta justa. — Não. Elas são para Ian.
Alex riu um pouco, seus ombros relaxaram. — Deveriam
ter lhe enviado um pacote de cerveja. — Ele se aproximou e
passou a mão livre levemente sobre as flores. —Elas me
fazem lembrar do nosso casamento. Haviam flores brancas
também.
Elas foram colocadas por toda a igreja. Ela estava no
final do corredor quando olhou para cima. Alex, Ian e Sean
estavam bonitos, parecendo predadores gigantes no meio de
um jardim delicado de flores brancas. Ela estava tão
orgulhosa, tão fascinada com seu noivo.
Deus, ela ainda era.
Alex McKay ainda era o homem mais bonito que já vira.
E ultimamente, era muito mais fácil se esquecer de todas as
razões que tinha para manter distância emocional dele.
Infelizmente, ela se lembrou de outro incidente em que
recebeu flores brancas. —Eu não gosto delas agora. Elas me
fazem lembrar do meu quarto de hospital.
Ele encheu seu quarto de hospital com flores brancas,
dando-lhe presentes, mas se afastando dela.
— Eve... — Alex começou. Ele limpou a garganta. — Vou
me certificar de que Ian as receba, embora ele provavelmente
vá simplesmente jogá-las fora.
Ele pegou o vaso e o cartão, fazendo malabarismo com
suas pastas de arquivo.
— Você quer que eu segure as pastas?
Ele recuou. — Não. Está tudo bem. Que você tenha um
bom almoço com Liam. Falando no diabo. Ei, cara, como vai?
Ela se virou certa de que Liam O'Donnell estava
andando atrás dela. Ele assentiu à sua maneira para Alex. —
Bom dia. Evie, você está pronta para ir?
Ela assentiu com a cabeça enquanto observava Alex
lutar com tudo o que estava carregando, mas não lhe
ofereceu ajuda novamente. Ele simplesmente lhe disse não.
Ele preferiria largar tudo do que admitir que precisava de
ajuda. Ela suspirou e se virou para Liam.
Vinte minutos mais tarde, Eve olhou para Avery e se
perguntou se ela já foi tão jovem e apaixonada. Embora Avery
fosse apenas dez anos mais jovem, o que era apenas um
número, a inocência de Avery não poderia ser medida por
anos. Emanava profundamente de sua alma. Avery perdeu
tudo em uma idade jovem e ainda assim seus olhos
brilhavam quando se virava para o marido.
Ela muitas vezes se perguntou como Avery teria lidado
estando na posição de Eve, certamente não teria se quebrado
como ela. Avery provavelmente teria saído com um corpo
ferido, mas com o coração ainda capaz de amar. Para Eve ela
parecia indestrutível.
Eve estava profundamente consciente do quão frágil a
sua própria alma era.
— Quero panquecas. — Avery disse olhando para o
menu.
— Você sempre quer panquecas, menina, nunca tenta
qualquer outra coisa. Por que você perde seu tempo olhando
para o menu? — A voz de Liam foi brusca, mas seus olhos
estavam iluminados com o riso. Ele amava sua esposa. A
ligação entre eles era uma coisa palpável. Li piscou para Eve
quando largou o próprio menu.
— E você, Eve? Vai tentar algo diferente?
Ela nunca tentou nada diferente. — Não. Vou ficar com
o de sempre.
Metade de um toranja, dois ovos mexidos, torradas de
trigo integral, sem manteiga. Não havia clemência para Eve
St. James. Disciplina. Era o que sua vida se tornou. E agora
ela podia caber naqueles vestidos de grife que estiveram fora
do alcance todos aqueles anos atrás, porque Alex gostava de
enchê-la com chocolate e alimentos calóricos. Ele costumava
comprar nos mais decadentes restaurantes enquanto ela se
sentava em seu colo e eles se abraçavam.
— Você poderia pedir por mim? — Liam estava puxando
seu telefone, verificando a tela. — Tenho que atender isso. E
pelo amor de Deus, mulher, encomende o seu próprio bacon.
Você sempre diz que não vai comê-lo e então rouba o meu.
Ele roçou os lábios nos da sua esposa quando saiu da
mesa.
A garçonete escolheu aquele momento para tomar os
pedidos e completar seu café. Quando ela se foi, Eve forçou
um sorriso no rosto. Café. Sua única indulgência real, bem,
além de todo o BDSM e do sexo sem alma.
— Como você está se sentindo?
Avery sorriu. — Bem. Esta é realmente uma gravidez
muito mais fácil do que a da minha Maddie.
Eve congelou. Madison. Filha de Avery. A que morreu.
A mão de Avery cobriu a de Eve. — Está tudo bem.
Isso a resumiu com perfeição. Avery perdeu uma filha e
foi ela quem estendeu a mão para confortar Eve, que se
afastou, pegando sua caneca de café.
— Sinto muito. Fico sempre um pouco chocada por você
conseguir falar sobre ela tão facilmente.
Perda era algo a ser escondido. Deus, estava feliz por
não ser sua própria paciente.
Avery apenas deu um sorriso gentil.
— Eu sinto falta do meu bebê todos os dias, mas seria
errado fingir que ela não existiu. Você sabe o que Liam me
deu como um presente de boas-vindas quando compramos
nossa casa aqui?
Ela não conhecia sua grande casa ao norte de Dallas.
Ela odiava aquela parte da cidade porque a lembrava tanto do
bairro sonolento, de luxo na Virginia que ela e Alex se
mudaram quando podiam pagar. Essas casas eram todas
adoráveis, com sinais de vida e crianças em cada gramado.
Uma bicicleta derrubada aqui, um sólido forte lá, um homem
lavando seu carro premiado na garagem.
Seu apartamento era estéril. Adorável, mas estéril. Um
pouco como ela mesma.
Ela balançou a cabeça. — Não, mas eu suspeito que não
seja uma planta de casa.
Os olhos de Avery se encheram de lágrimas. — Ele
contratou um pintor para fazer um retrato de Madison tendo
como amostra suas fotos de bebê. De Maddie e de Brandon.
Ele colocou-os ao lado das nossas fotos de casamento. Disse
que era porque eles eram uma parte da nossa família e ele
nunca iria querer que esse bebê esquecesse que teve uma
irmã mais velha uma vez. E eu choro quando olho para essa
imagem. Sim, choro quando penso como perdi Maddie e meu
primeiro marido, mas eu iria desonrá-los se tentasse
esquecer. Eles eram uma parte real de quem eu era, de quem
sou hoje. Então, vou falar sobre ela porque ainda está aqui
comigo. Eu odiaria se não estivesse. Às vezes a dor pode ser
doce, se permitirmos. Ela pode nos lembrar de todas as
coisas boas. Só porque algo de ruim aconteceu, não deve
apagar a doçura do que veio antes. Maddie morreu. Mas isso
não significa que eu não me lembro de como ela cheirava
quando a segurava contra mim, como me senti ao abraçar
sua pequena cabeça junto ao meu peito. Brandon morreu,
mas isso não significa que eu não penso sobre o quão
engraçado ele era e como me pediu em casamento, mas só
depois de ele ter vomitado porque eu lhe disse que estava
grávida. — Avery riu, um som brilhante e feliz. — Não foi a
mais romântica das propostas.
Eve não pôde evitar. Avery poderia ser infecciosa. Foi
por isso que ela desfrutava profundamente destas manhãs
com eles. Ela sempre achou fácil estar perto de Liam, mas era
uma alegria estar ao redor de Avery. Avery a fez perguntar
por que parou de sair com suas amigas. Costumava amar as
noites com as meninas. Agora ela sempre vinha com uma
desculpa para não se juntar a Grace e Serena. — Ele
realmente vomitou?
Avery assentiu com a cabeça. — Ah sim. Estávamos com
apenas dezoito anos e só tínhamos tido relações sexuais uma
vez o que não foi lá essas coisas. Nós tínhamos tipo voltado
para a fase de segurar as mãos porque ele ficou
envergonhado por causa disso. E, em seguida, gritos e o teste
de gravidez. Ele ficou um pouco surpreso. Como Alex te
propôs?
Sem sequer pensar nisso, Eve bufou um pouco com a
memória. Foi o dia em que colocou um colar delicado em
torno de sua garganta. Ele travou o fecho do colar no lugar e,
em seguida, corajosamente disse a ela que não estava
satisfeito com apenas um colar. Ele queria que ela usasse seu
anel também. — Ele não pediu, o bastardo. Ele me disse que
eu iria me casar com ele. Doms.
—Bom. Então vocês dois estavam em uma relação D/S
antes de se casar?
— Oh, Alex nasceu um Dom. Nós nos conhecemos na
faculdade e Ian já tinha o apresentado ao estilo de vida. —
Deus. O que ela estava fazendo? Ela estava tagarelando como
uma colegial, como uma mulher que ainda era casada,
contando a suas amigas como eles se conheceram. Eve se
calou. Ela não era uma menina e não era como Avery. Ela
limpou a garganta.
— Mas isso é uma história chata. Já descobriram se o
bebê é um menino ou uma menina?
— Nós só saberemos daqui a algumas semanas. — Disse
Avery, seus olhos focados em Eve como se ela estivesse
tentando decidir o quão longe a empurrou. — Mas isso não
importa. Nós estaremos felizes de qualquer forma. Ouvi
Serena dizer que será um menino.
Jake e Adam não fizeram nada, além de falar sobre seu
futuro filho. Todo mundo estava seguindo em frente com suas
vidas. Era apenas ela e Alex e Ian que estavam presos e Ian
que não poderia ser ajudado. Ele não encontrou a mulher
certa.
Eve sabia que encontrou o homem certo. Alex ainda
estava aqui. Ele ainda estava em sua cama algumas noites.
Ela poderia alcançá-lo, abraçá-lo apertado.
Ultimamente ela estava se perguntando se eles não
deveriam tentar novamente. Ultimamente as memórias
começaram a desvanecer-se e se viu tentando chegar a Alex
novamente. Ela começou a se lembrar de coisas com carinho.
O dia do casamento. Encontrou fotos em uma caixa no seu
armário, e olhou para elas por muito tempo, pensando em
como ele estava bonito. Ele não sorria forçosamente nas
fotos. Não, não Alex McKay. Ele sorria da maneira mais doce,
aqueles lábios virados para cima, um testemunho de quão
satisfeito ele estava naquele dia. Na foto que ela colocou em
uma das estantes do seu escritório, Ian e Sean estavam de pé
ao lado de Alex, os três tão arrogantes que ela teve que rir.
E sua mãe e meu pai estavam radiantes.
Não doeu trazer aquela foto antiga para fora, ela disse a
si mesma. Era apenas uma memória agradável. Mas colocar
essa foto onde ela podia ver fez ela pensar.
Cristo, Avery e Liam tiveram esse mesmo pensamento.
E se eles pudessem começar de novo?
— Quanto tempo demorou para você querer tentar de
novo depois que Brandon morreu? — A questão foi dita antes
que ela pudesse realmente pensar sobre isso, e desejou
imediatamente não ter feito essa pergunta. Tinha sido rude.
Foi intrusiva. — Eu sinto muitíssimo. Nós não estamos em
uma sessão de terapia. Isso foi desnecessário.
Avery estendeu a mão novamente. Eve teve a sensação
de que ela apenas continuaria tentando mesmo depois de tê-
la empurrado, então deveria apenas ceder, deixar Avery
segurar sua mão.
— Ei, eu sei que é uma profissional, mas você deve se
lembrar que, por vezes, os amigos são terapia também. E
demorou um longo tempo. Eu tinha muita coisa para
trabalhar. Tinha um monte de raiva e amargura.
De alguma forma, ela não podia ver Avery amarga nem
por um segundo.
Avery pareceu sentir o que ela estava — Ei, sou humana
também. Odiei o mundo por um tempo, mas um dia acordei e
percebi que não queria viver minha vida dessa maneira. Tive
que fazer uma escolha. Poderia ficar com essa raiva pelo
passado ou eu poderia tentar encontrar um futuro. Parece
simples.
Eve sacudiu a cabeça, surpresa com o quão emocional
estava ficando. Ela nunca chorou, mas as lágrimas estavam
ali, ameaçadoras e de alguma forma doces. — Não. Isso não é
simples.
Era uma decisão que ela ainda tinha de fazer.
— Um divórcio pode ser como uma morte. —, Avery
disse gentilmente.
Eve deu um longo suspiro. — Não foi o divórcio que me
machucou. Quero dizer, me machucou sim, mas outra coisa
aconteceu e eu não acho que já tenha superado. —Isso foi
uma mentira. Sabia muito bem que ela não superou nada. —
Fiz terapia muito tempo, mas só agora estou começando a
pensar que quero seguir em frente com minha vida.
Seu processo de luto foi longo e doloroso para os dois,
mas ela estava finalmente no ponto onde poderia ser capaz de
aceitar que Alex mudou. Ele ficou tão distante depois que
Michael Evans quase a matou. Disse todas as coisas certas,
disse que a amava e que nada mudou, mas ele a deixou
sozinha quando ela mais precisava dele. Ele ficou obcecado
por vingança.
— Eu preciso fazer uma escolha. Preciso tentar
novamente ou deixar Alex ir. —Dizer isso em voz alta era um
peso enorme fora de seu peito. Deus, ela realmente se sentia
mais leve.
— Você está brincando, Evie? — Perguntou Liam. Droga.
Ela não o ouviu retornar. Ele se sentou à mesa, colocando a
mão sobre a de Avery, emprestando seu apoio. — Porque você
não pode imaginar o quão melhor nós todos nos sentiríamos
se fosse sério. Eu me preocupo com você, menina.
Fazia anos desde que ela levou uma sessão de terapia a
sério. Não desde seus dias de faculdade. Ela deixou o
aconselhamento para a criação de perfis, mas não esqueceu
uma verdade sobre a terapia. Algumas vezes as palavras
certas ajudavam a chegar em uma pessoa. Uma terapeuta
poderia dizer a mesma coisa de uma centena de maneiras
diferentes, mas apenas uma delas chegaria dentro do assunto
e plantaria uma semente. Era por isso que um terapeuta não
deve desistir.
Pensou na foto do dia do seu casamento. O que ela tem
dessa menina na foto? O que ela devia a Eve que um dia foi?
O que deve a seus pais, que ainda a amavam?
O que devia ao marido que ela amou desde o momento
em que o conheceu?
— Eu quero tentar. Li, você acha que poderia me ajudar
com alguma coisa? Quero fazer uma surpresa para Alex no
Sanctum esta noite. Acho que poderia querer renegociar o
nosso contrato.
Liam sorriu e prometeu ajudar, então a garçonete trouxe
a comida.
Avery, que prometeu que não queria bacon, roubou o de
seu marido.
E Eve pensou sobre o futuro com um sorriso no seu
rosto pela primeira vez.
Alex olhou em volta, tentando avaliar de quantas
maneiras ele poderia se ferrar aqui. O sol brilhava sobre o
shopping elegantemente decorado. North Park Center era
uma prova de amor dos texanos por todas as coisas
brilhantes. Era exatamente o tipo de lugar que Eve adorava
andar quando eles não podiam se dar ao luxo de comprar
qualquer coisa. Eles vagavam através de lojas como Versace e
Gucci, e ela reclamava sobre seu peso. Ele salientava que não
podiam pagar as roupas de qualquer maneira e então
comprava um cupcake, porque ela adorava chocolate. E ele
amava cada curva dela. Agora ela estava magra e vestindo
roupas bonitas, mas nunca sorria. Obviamente, agora que ele
podia pagar por qualquer coisa, ela não aceitava um presente
dele.
Alex olhou em volta da grande passarela que foi
designada como seu ponto de encontro e não gostou. Havia
muitas maneiras de entrar e sair. Ele contou pelo menos sete
maneiras que uma pessoa poderia surgir em suas costas.
Duas das lojas nesta seção tinham saídas tanto interiores
quanto exteriores. Claro que alguém iria notar uma pessoa
louca armada andando pela Williams-Sonoma ou Tiffany2. E
porra, ele tinha os patos para protegê-lo. Ele estava de pé
2
Lojas de artigos de luxo.
perto de um lago com patos, à espera de informações sobre o
homem mais perigoso que ele conhecia.
Que porra ele estava fazendo? Deveria ir embora. Se ele
se encontrasse com este contato, uma de duas coisas iria
acontecer. Ou ela estaria trabalhando para Evans e ele estava
ferrado, ou ela estava querendo subir na vida e ele seria
atraído de volta para o mundo que lhe custou seu casamento.
Ele sabia tudo na teoria e ainda assim ele ficou ali,
observando e esperando.
Uma garotinha estava de cócoras a um metro e meio de
distância dele, seus grandes olhos azuis observando os
pequenos patos que chamavam a piscina do shopping de
casa. Sua mãe estava falando em um telefone celular
enquanto girava suas sacolas de compras ao redor da
multidão e se queixava sobre sua última aplicação de Botox.
Tanto quanto Alex poderia dizer, ela não deveria reclamar. O
Botox estava totalmente funcionando. Sua expressão não
mudou nenhuma vez, nem mesmo quando ela reclamou
sobre sua babá que exigia um dia de folga para comparecer a
um funeral. Bem-vindo ao lado rico de Dallas.
Ele olhou para a direita. Neiman Marcus3 estava à
frente. À sua esquerda havia uma longa fila de lojas e
nenhum sinal de seu contato. Ele estava preso aqui com a
mamãe de testa congelada, uma jovem mulher de terno e
crachá comendo seu almoço e dois caras em ternos elegantes
que mostravam um ao outro o que comprou na Brooks
3
Loja de departamento de luxo.
Brothers4.
Quinze minutos. Ele estava esperando por quinze
minutos, e agora tudo o que podia pensar era no carrinho de
bolo que ficava perto da saída. Eve adoraria isso. Eles
costumavam fazer piada sobre comidas servidas em um
palito. Tudo era melhor quando era em um palito. Agora ela
só comia iogurte e saladas. Seus olhos nunca se iluminavam
por uma salada.
Ian estava certo. Sua cabeça não estava em condições
para isso. Mais cinco minutos e ele chamaria isso de destino.
Ele olhou para uma vendedora. Mulher. Ela tinha,
provavelmente, trinta e cinco anos, mas tinha um sorriso
doce que a fazia parecer mais jovem. Ela continuou falando
com a garotinha que estava observando os patos, o rosto dela
se iluminou enquanto ela falava. Apenas as pequenas rugas
em volta dos olhos entregaram os mais de trinta anos.
Droga. Ele estava realmente pensando sobre como ela
era bonita. Tinha passado um longo tempo desde que ele
notou outra mulher. Mesmo quando ele percebeu como seu
cabelo louro-arruivado refletia a luz, era um estudo prático.
Seu pau não estava envolvido. Ela era apenas uma menina
bonita com um sorriso brilhante.
Ele só queria uma mulher.
Então a mulher de cabelos loiros avermelhados olhou
para cima e piscou para ele.
Porra. O que ele faria sobre isso? Ele foi cortejado por
4
Loja masculina de luxo
diversas vezes no Sanctum, mas isso era uma coisa fácil de
lidar. Ele apenas dava as Subs um aceno de cabeça e elas
derretiam. Ele não tinha ideia de como lidar com uma mulher
que não era uma submissa treinada. Será que elas seguem as
ordens? Ele preferia não pensar. As esposas de seus amigos
eram todas submissas, e metade do tempo elas não seguiam
as ordens. Grace era conhecida por rir quando recebia uma
ordem que ela não queria seguir, e Serena tinha uma boca
suja. Avery apenas sorria e concordava deixando todos muito
bem satisfeitos.
Ele não estava mesmo usando um anel para provar o
seu status de fora do mercado. Ele não tinha um anel. Bem,
ele tinha, mas ele se sentia como uma aberração quando ele
usava agora. Talvez ele ainda devesse usá-lo.
Será que o contato estava olhando quando ela piscou
para ele e ele foi atingido por uma ruiva muito bonita?
Ela acenou em sua direção.
Droga. Ele foi treinado para matar, para controlar, para
executar grandes unidades de investigação, mas não flertou
em quase 20 anos. Ele nem sequer queria.
Ela revirou os olhos e suspirou e depois apontou para
seu crachá.
Kristen.
Sim, ele realmente não foi treinado para esse perfil. Ela
era seu contato. Essa coisa toda era mais rápida com Ian.
Alex foi um policial em seu coração. Sentiu-se ruborizado
enquanto caminhava para a mulher bonita que só estava
interessada em suas conexões.
Ela tirou o sanduíche do caminho quando ele se juntou
a ela no banco.
— Desculpe por isso. — Sua voz estava rouca, e ele
percebeu que ela era malhada. Ele apostaria que quando ela
se levantasse, teria um corpo de ampulheta. Não havia nada
de frágil a respeito de Kristen.
— Eu queria ter certeza de que estávamos sozinhos em
primeiro lugar. Você parece ter sido um bom menino.
— Eu disse ao meu chefe que nos encontraríamos na
cidade. — No West End, para ser preciso. Com suas lojas e
vários restaurantes, levaria um tempo a Jack para perceber
que ele lhe disse o lugar certo. Porque não havia nenhuma
maneira de que Ian não enviou alguém junto para segui-lo.
Ele conhecia seu melhor amigo. Além disso, era o que ele
teria feito no seu lugar.
— Estamos sozinhos. Então fale.
— Uau, você está no modo negócios, não é? Sem essa.
Nós estamos aqui e é lindo. — Ela virou o rosto para o sol que
entrava através das claraboias. — Não deveríamos aproveitar
o dia um pouco? Eu estava realmente tendo um bom tempo
sentada aqui lendo. E este sanduíche de salada de frango
gelado, deixe-me dizer-lhe. Conheci uma vendedora de rua
chamada Carlotita. Ela sabe fazer uma salada de frango. Oh
sabe sim.
Alex sacudiu a cabeça. Ele esperava que esta reunião
fosse ser escura e sinistra e ela simplesmente continuava
sorrindo.
— O que você quer? Porque você não está, obviamente,
séria. Alguém pregando uma peça em mim?
Ela franziu a testa. — Eu sinto muitíssimo. Isto é
completamente sério para mim, Alex. Confie em mim. Estive
trabalhando neste caso em particular por um tempo muito
longo. Eu posso ver a linha de chegada agora. Estou apenas...
Feliz por estar aqui. Eu sempre quis vir para Dallas. Tenho
um pouco de história aqui. — Ela puxou um pequeno
envelope para fora do livro de bolso que estava segurando.
Não parecia que seus hábitos de leitura fossem mais sérios
do que o seu comportamento. “Renda-se a mim”. Sim, ela era
muito literária. Ela o pegou olhando.
— Ei, senhor. Não desdenhe. Este é um livro muito bom.
E eu estive usando Ms. Shayla para algumas pesquisas. Abra
o envelope. Ele tem algumas informações importantes sobre
Michael Evans.
Ele abriu o envelope e puxou os papéis cuidadosamente
dobrados para fora. Ele olhou as informações que ela digitou.
Era uma lista de locais e datas. E uma cópia do passaporte
de Michael Evans. Estava mais magro e seu cabelo era loiro
em vez de escuro, mas não havia forma de confundir aqueles
olhos.
— Ele ainda está se passando por Andrew Johnson?
Ela deu um pequeno encolher de ombros. — Eu
suspeito que ele tem vários passaportes de diferentes países.
— Como você conseguiu isso? — Ela podia parecer uma
bolinha de pelo fofa, mas estava perto de Michael Evans para
ter uma cópia do seu passaporte.
Um pequeno sorriso puxou seus lábios para cima, e
seus olhos quase deslizaram para longe dos olhos dele por
um segundo. No minuto em que ela ouviu o comando em sua
voz, suas mãos viraram as palmas para cima em suas coxas.
Se tivessem estado sozinhos, ela provavelmente teria caído de
joelhos. Submissa. Muito bem treinada. Coincidências
demais foram se acumulando.
— Não fui eu que fiz a cópia. Segui-o por quase um mês
até que ele finalmente foi para um banco. Estava mexendo
com um monte de dinheiro e eles fizeram uma cópia de seu
passaporte. Honestamente, ele deveria ter se desfeito desta
identidade depois disso, mas eu precisava dela para provar a
você que estou falando sério.
— Você invadiu o banco?
Ela balançou a cabeça. — Oh, eu totalmente poderia ter
invadido, mas não precisei. Além disso, o banco é bem louco
quanto a proteção dos registros e eles teriam vindo atrás de
mim se achassem que seus registros foram comprometidos.
— Então como?
— Eu me vesti como a pessoa que conserta a copiadora.
O gerente me fez várias perguntas. Mas então eu o deixei
obter um vislumbre do meu decote e uma ordem de trabalho
falsa e estava totalmente dentro. Tudo que tinha que fazer era
copiar o disco rígido e teria o que eu precisava. Oh, e
consertei a roldana pequena que estava rangendo e fazendo
todos os atolamentos de papel. Ela só precisava de algum
WD-405.
Ela poderia realmente falar a mil por hora. Nem tudo o
que ela estava dizendo fazia sentido para ele. — Copiadoras
têm discos rígidos?
— Oh sim, e eles são totalmente úteis quando você quer
obter informações, mas você não quer que ninguém saiba que
você as tem. Realmente, é incrível. Assim, o disco rígido em
uma copiadora na verdade tira uma foto de tudo que a
máquina scaneia. — Um olhar de satisfação surgiu em seu
rosto, como um gato que lambeu toda sua comida. Ela era
uma submissa, mas provavelmente seria uma pirralha
impiedosa o resto do tempo. — Você sabe que tipo de
informações se tem com máquinas de cópia? Registros de
todos os tipos. Registros médicos. Registros bancários.
Registros de prisão. Informações militares. Todo tipo de
informação e tudo o que preciso para obtê-lo é um pen drive.
Isso é poder para você. Ninguém nunca pensa sobre o fato de
que uma máquina de cópia é realmente um computador.
Havia muito mais sobre a mulher na frente dele do que
um sorriso bonito. — Você é realmente uma repórter?
Ele tinha que perguntar porque ela estava começando a
soar mais como uma super vilã. Ele tinha que admitir que ela
seria ainda mais eficaz do que aquele filho da puta Eli Nelson
porque poucas pessoas suspeitariam de uma ruiva com
curvas que tinha um cérebro em sua cabeça, a menos que ela
5
WD-40 é um óleo limpador, lubrificante e solução anticorrosiva.
quisesse que uma pessoa a conhecesse.
Ela enfiou a mão na bolsa e tirou um conjunto de
credenciais. — Aqui está. Este é o meu nome real. Kristen
White. Vou pôr Priest para o meu disfarce, mas descobri que
é melhor não mudar o meu primeiro nome. Seria algo muito
tolo se eu não respondesse. Sinta-se livre para me investigar.
Estou fazendo serviços como freelancer, mas eu tenho
trabalhado em todo o mundo. Tive artigos publicados em
todos os lugares, de The New York Times a National
Geographic. Conheci Evans enquanto estava trabalhando em
uma história sobre infiltrações de jihadistas para o México e
na América do Sul. Eu li sobre o seu caso e pensei que seria
uma história interessante. Dois anos mais tarde e ainda
estou o seguindo.
— Você estava seguindo ele em tempo integral durante
dois anos?
Ela balançou a cabeça. — Não, eu estive pesquisando
quando tinha tempo, mas seis meses atrás recebi uma
ligação que não poderia deixar passar. Eu sou um pouco
obcecada, você vê. Quando descobri que estava no lugar
certo, decidi chegar até você.
— Por que eu? Eu não estou com o FBI mais. — Mas
seu velho parceiro ainda estava. Warren Petty estava no
comando de uma unidade inteira agora. Ele foi transferido
diretamente para o lugar que Alex deixou para trás e
continuou na carreira. — Agente Especial Petty é encarregado
do caso agora. Eu sou apenas um civil.
Esse pensamento não estava irritando ele da forma
como costumava irritar. Ele chegou a um ponto em que
conseguia lidar com sua nova carreira. O salário era bom
para caralho e ele não tinha que lidar com toda a burocracia,
então, agora poderia fazer um bom trabalho também. E
quando se tratava de recursos, ele iria colocar Ian contra
qualquer pessoa, incluindo o governo dos EUA, mas se ele
fosse Kristen White, iria querer contatos do FBI.
— Não. Você é o homem com quem eu quero falar. - Ela
respondeu com uma voz grossa, que ele ficou surpreso ao ver
nela. — Você é o único que vai ficar comigo. Agente Especial
Petty tem outros casos, mas eu suspeito que você vai
concentrar toda a sua atenção nesse. Além disso, você pode
trabalhar de uma maneira que os federais não podem.
Burocracia se move lentamente. Precisamos ser rápidos.
Todos os pontos eram muito bons. Ele não podia
discutir com sua lógica. —Quanto você sabe?
— Eu sei que Evans foi atrás de sua esposa. Desculpe-
me por isso. Não houve muita cobertura da imprensa, mas
posso ler entre as linhas. Evans a usou como um troféu sobre
você. Eu só posso imaginar como ele deve ter humilhado ela.
Quero ajudá-lo, Alex. Sei o que é ter alguém que você ama
usado cruelmente. Meu próprio casamento se desfez porque
alguém precisava usar meu marido. Eu não estava em
posição para ajudá-lo. Tive que assistir tudo acontecer, então
sei como você se sente e quero ajudar.
Ela parecia extremamente sincera, mas ele precisava dar
um passo para trás. Ela era boa demais para ser verdade. —
Eu preciso verificar as suas credenciais.
Ela recostou-se. — Tudo bem, mas por que não posso
dizer o que preciso para que você possa tomar uma decisão
baseada em fatos? Vou esperar por vinte e quatro horas e,
então, terei que encontrar outra pessoa.
— Outra pessoa?
— Sim. Preciso de apoio, e eu descobri uma maneira de
trazer outra pessoa para o círculo interno. Tenho trabalhado
por meses para entrar em um lugar onde eles confiam em
mim o suficiente para que eu possa trazer mais alguém.
— Eles?
— Eu estou trabalhando em um clube dirigido por um
homem chamado Chazz Breyer.
Esse nome tocou uma campainha. — Ele estava na
prisão com Evans por seis meses. Ele era companheiro de
cela de Evans e passou um tempo lá por um assalto à mão
armada. Cinco anos.
— Sim. E ele está dirigindo um clube agora. Eu acredito
que é um clube que lava o dinheiro do negócio de tráfico de
drogas de Evans. Ele estava distribuindo drogas em todo os
EUA na parte sul, e está ocupado acumulando uma fortuna.
Estimo que ele já acumulou algo em torno de 100 milhões.
Mesmo que ele esteja deixando de lado as ligações com a
América do Sul, ainda tem algum negócio sombrio
acontecendo. No que você acha que ele vai usar esse
dinheiro? Ele está planejando algo. Eu sei isso.
Evans matou muitas pessoas com a barganha que fez
antes. O que ele poderia fazer com contatos poderosos e
milhões de dólares? — Qual é o seu plano?
— Pelo que tenho sido capaz de descobrir, há uma rede
destes clubes em todos os EUA, cada um mantendo uma
empresa de pequeno porte para que eles não atraiam muita
atenção das autoridades, mas quando você os coloca juntos,
eles se tornam significativos. Evans os visita de vez em
quando para pegar o dinheiro ou informações ou apenas para
manter todos na linha. Eu tenho trabalhado algemada por
seis meses e Chazz confia em mim.
— Algemada? — Alex sentiu sua pressão arterial subir.
— É uma discoteca com um tema de fetiche. Todos elas
são. — Ela começou a chegar perto de sua mão e depois
recuou. — Eu acredito que é uma outra maneira dele insultar
você. Você era o seu maior inimigo.
O filho da puta. — Evans descobriu sobre meu estilo de
vida. Ele pagou a algumas pessoas no clube da minha esposa
e meu quando fomos para Virginia. Usou-os contra ela.
— Ele gosta de guardar rancor. Sinto muito. Eu não
deveria ter trazido você para isso!
Ele se livrou de tudo. Evans iria querer profanar
qualquer coisa que era sagrado para Alex, e ficar longe dele
não mudaria isso. — Não. Eu quero. Você está trabalhando
para ele?
— Eu estou atendendo no bar, mas eu convenci Chazz
que o que ele precisa é de um Dom na casa. Ele realmente
não entende uma coisa desse estilo de vida. Eu o levei para
um clube real em Miami e lhe mostrei como eles realmente
são. Ele quer alguém para entrar e executar as cenas, para o
entretenimento. Eu o convenci de que este é o caminho para
obter que o chefão o note. Ele tem alguns contatos próximos
na próxima semana e quer testar a ideia com eles. Está
tentando crescer na organização. Pelo que entendo, todos os
homens são um pouco curiosos sobre o estilo de vida. Uma
pessoa que poderia dar-lhes a informação será provavelmente
muito popular.
— Eu não vou aconselhar um grupo de turistas.
Especialmente do tráfico de drogas, muito provavelmente
turistas terroristas.
— Basta executar algumas cenas quentes e dar a
multidão alguma coisa para falar.
Seu plano se encaixou. — Eu serei o novo Dom
Residente.
— Você também será meu irmão. — Disse ela com um
sorriso. — Estou trazendo você de volta comigo de Austin.
Tenho todas as informações de seu disfarce em um pen drive
se você estiver interessado. E eu disse a eles que iria levar a
sua própria Sub. Eu pensei que seria mais fácil. Quanto mais
pessoas puder trazer, mais seguro estaremos.
Quem diabos ele iria tomar como uma sub? — Por que
você não apenas lhe disse que eu era o seu velho Dom? Isso
teria sido mais simples.
Seu rosto se contorceu em uma máscara de horror. —
Ah não. É presumível que você tenha relações sexuais com a
sua sub. Eu não posso transar com você. Isso é simplesmente
horrível.
Ele não era tão feio. Não que ele fosse fazer sexo com
ela. — Eu não estou exatamente de se jogar fora.
— Eles acham que eu sou uma insignificante e amável
lésbica. Foi mais fácil assim. Até que eu conheci um Dom. Ele
era assustador e muito agressivo, então agora eu sou uma
lésbica celibatária, porque minha amante morreu em um
acidente de carro e não consigo esquecer ela.
Isso não pareceu justo. — Então você não tem que ter
sexo, mas eu sim? Bom para você.
Ela encolheu os ombros. — Ei, o que posso dizer? Estou
me guardando para alguém especial. Vamos. Eu pesquisei
sobre você. Você tem sido um Dom por mais de uma década.
Você pode lidar com isso. E você participa regularmente de
um clube chamado Sanctum. Muito privado. Muito seletivo.
— Sim, meu parceiro Ian Taggart e eu fundamos o clube
quando nos mudamos para cá e começamos a nossa
empresa. É um estilo de vida. A ideia de um grupo de turistas
que jogam em D/S em um bar me assusta para caralho.
Kristen parecia tenaz. — Esta é a melhor maneira de
fazer isso e você sabe disso. O Chazz não precisa de um novo
porteiro. Ele precisa de algo diferente. Nenhum dos outros
clubes tentou isso. Ele vai chamar a atenção de Evans.
Vamos Alex, você sabe que quer.
Alex sacudiu a cabeça. — Eu não sei o que vou estar
disposto a fazer nisso. Eu preciso dar uma olhada em sua
investigação.
— Claro, você é cuidadoso. Mas no final, você vai voltar
para a Flórida comigo. —Ela se sentou de volta, o sorriso de
uma mulher que conhecia que o resultado foi definido.
— Flórida?
— St. Augustine para ser preciso. Estamos sediados na
Cidade Velha. Você vai gostar. Tenho um apartamento de
bom tamanho em Palm Coast que vai funcionar como nossa
base. Tenho ficado hospedada em um apartamento de merda,
a fim de parecer que preciso de um emprego de garçonete,
mas posso vendê-lo para um homem rico que apenas gosta
de suas excentricidades. Mas você realmente precisa trazer
uma sub com você, de preferência alguém treinado em ambas
as técnicas de investigação e estilo de vida. Há um monte de
pessoas dentro e fora daquele clube e eles são um pouco
assustadores. Eu ficaria feliz de ter algumas pessoas me
dando retaguarda.
Ele não ia lá. Ele não estava levando-a com ele. Porra,
não. — Vou ver o que posso fazer, mas pode ser difícil
encontrar uma submissa que atenda às suas exigências.
Ela franziu a testa e, em seguida, olhou para ele como
se estivesse tentando entendê-lo. — Você trabalha com ela
todos os dias, Alex. Eu não sei se isso pode acontecer sem a
sua ex-esposa.
Ele se levantou. — Então terminarmos aqui. Se eu não
encontrar outra pessoa e não posso ir sozinho, então toda a
operação estará terminada.
Ela levantou as mãos em súplica. — Ei, garotão. Não
vamos tirar conclusões precipitadas. Dê uma olhada na
pesquisa e no meu plano e, em seguida, tome uma decisão. —
Ela enfiou a mão no saco grande e tirou um pen drive. —
Aqui está. Eu vou estar na cidade todo o fim de semana.
Gostaria muito de levá-lo à St. Augustine comigo. Prometi a
Chazz que gostaria de tentar preencher as posições vazias.
Ele confia em mim, mas se eu não fizer, ele vai fazê-lo por si
mesmo e vou perder a chance de colocar o meu próprio
pessoal no lugar.
Ela pegou o sanduíche e deixou cair o que restou no lixo
antes de empurrar seu livro em sua bolsa. — Eu
sinceramente espero que você reconsidere. Acho que Evans
se mudará logo e não sei se posso fazer isso sozinha.
— Por que não trazer os federais? — Era a única coisa
que fazia sentido. Se ela realmente tinha todas as
informações que disse que tinha, então eles estariam por todo
o caso.
Ela ficou em silêncio por um momento, como se
tentando decidir o quanto dizer a ele. — No momento em que
trouxermos os federais, perdemos o controle de tudo. Não me
interprete mal. Estudei todos os seus arquivos do caso. Eu
tenho eles em minha casa.
— Esses arquivos são confidenciais. — E não era
interessante que ela tivesse eles?
Kristen sorriu e deu de ombros. — Nada é confidencial,
se você tem as habilidades certas. Preciso desses arquivos.
Eles são importantes. Eu continuo os estudando, porque eles
podem me dizer o que Evans está planejando fazer a seguir.
Também me preocupo que ele talvez tenha alguém no
interior. Talvez na prisão, mas não se pode descartar que
poderia ter tido alguém do Governo, também. Sua fuga da
prisão foi habilmente cronometrada.
Seu cérebro rejeitou a noção imediatamente. Evans foi
inteligente. Ele poderia ter lidado com tudo sozinho. Ele tinha
uma legião de seguidores loucos dispostos a fazer qualquer
coisa para agradá-lo. Poderia ter falado com outros
prisioneiros. Um deles poderia ter sabido sobre a manutenção
de rotina.
— Pense nisso. — Disse Kristen com um aceno sombrio
de sua cabeça. — Chame os federais se quiser, mas eu não
tenho nenhum uso para eles. Eles vão apenas tornar as
coisas nublosas e aí não vou conseguir uma história. Você o
pegou uma vez sem a ajuda deles.
Tinha sido um pouco mais complexo do que isso. — Eu
ainda tinha acesso aos arquivos de casos e os bancos de
dados. Eu não tenho mais.
Ela piscou. — Então você está com sorte por ter a mim?
Você pode me encontrar, no endereço de e-mail que lhe dei.
— Por que eu não posso apenas ligar para você?
Ela sacudiu um dedo para ele. — Não, não. Esta menina
aqui não dá o seu número a qualquer cara que aparece. É
melhor mantemos as coisas devagar e fáceis até que você
decida se você está dentro ou está fora. E mesmo assim, eu
não quero encontrar com ninguém a não ser você e sua
submissa. Não quero ser exposta para o resto de sua equipe.
Entendo que você vai trazer apoio com você, mas eles são
seus, não meus, e não posso arriscar ao entrar em contato
próximo com eles. Esta é uma história perigosa que estou
trabalhando.
— Tudo bem, mas seria bom se você entrasse e
conhecesse a equipe. Você não tem que se envolver, quando
chegarmos lá, mas eles iriam se sentir melhor te conhecendo.
— Eu não estou aqui para fazer o seu pessoal se sentir
melhor. Nenhum contato com alguém que não esteja
trabalhando no clube. Isso é um bom negócio. — Ela
balançou a cabeça e começou a sair antes de voltar
abruptamente. — Eu vou esperar seu e-mail, McKay. E,
enquanto isso, vou tentar encontrar o último membro da
equipe. Improvisar um cozinheiro. Eu não acho que você sabe
de alguém que possa se passar por chef? Chazz está tentando
enfeitar o pessoal da cozinha. O último cara mal sabia como
usar uma fritadeira. Eu acho que seria ótimo ter alguém na
cozinha. Esses caras gostam de falar.
Alex sentiu um fio de sorriso em seu rosto. Oh, ele iria
se sentir muito melhor com esse apoio. Faz pouco tempo que
Tag foi retirado do serviço ativo, mas ele apostava que Sean
voltaria para uma breve reaparição. — Sim, se eu entrar acho
que posso resolver isso para você.
Ela lhe deu um sinal de positivo e ele a observou se
afastar, seus quadris balançando. Ela era um enigma
completo. Se ele tivesse que adivinhar só de olhar para ela,
diria que ela provavelmente era casada com um casal de
filhos e uma carreira fazendo algo que envolvia serviço para
as pessoas ao seu redor. No minuto em que ela abriu a boca,
tinha certeza que ela era capaz de dominar o mundo sem
mover um cílio. Ela comprou um cupcake do fornecedor e
piscou para ele, desaparecendo de vista.
E assim foi deixado com um problema. Ele poderia
confiar nela? Será que isso importava? Ele estava com tanta
fome de ir atrás de Evans, que poderia não se importar se era
confiável ou não.
— Ela é muito atraente. — Uma voz britânica cortada
disse atrás dele.
Droga. Simon era melhor do que Alex lhe deu crédito.
Ele não percebeu em nenhum momento que estava sendo
seguido. — Há quanto tempo?
Simon ajeitou a gravata. Ele normalmente se destacava
quando estava em um de seus ternos, mas aqui ele só parecia
que estava tendo uma pausa do trabalho. — Que estou
seguindo você? Desde que você saiu do escritório. Não se
preocupe. Jake e Adam finalmente desistiram e foram para o
almoço. Eles estavam certos de que você estaria onde disse
que ia estar. Rapazes tão bons. Eu não. Identifico um homem
desesperado quando vejo um. Também sei seu segredo. Eu só
joguei poker com você três vezes, mas você toca em sua mão
esquerda quando está blefando. Você bateu na sua perna
quando disse a Ian onde estava indo. Eu estava observando
através do vidro.
Alex se virou para ele. — E você decidiu me seguir por
quê?
— Você precisa de reforço. Você está muito envolvido
nisso. O que ela lhe ofereceu? Um caminho para entrar no
círculo interno de Evans?
— Não exatamente, e eu nunca seria permitido em seu
círculo íntimo. Ele me conhece. Mas eu poderia ser capaz de
trabalhar nas pontas exteriores da sua organização. E na
hora que eu o ver, vou matá-lo, então está tudo bem.
Alex começou a caminhar em direção a Neiman Marcus.
Simon foi junto. — Você não pode estar pensando em
realmente fazer isso. Você está muito envolvido com este
caso. Se você precisa mandar alguém, eu vou então.
Havia várias coisas de errado com esse cenário,
incluindo o fato de que Simon querer assumir suas
responsabilidades o fez querer socar alguma coisa. Ele
decidiu agir com a razão mais óbvia, menos emocional. — O
trabalho é para um Dom. Você não tem sequer direitos de
Mestre na Sanctum ainda.
Simon deu de ombros enquanto andava. De alguma
forma o britânico fez um gesto e um olhar elegante. Alex não
perdeu como todas as mulheres passavam e paravam para
olhar para Simon. Se o trabalho tivesse que ser executado por
um gigolô, Simon teria sido perfeito. Tanto quanto Alex
poderia dizer, o britânico tinha uma mulher diferente a cada
noite da semana. — Ryan me passou nos cursos primários.
Eu ainda não passei pelos testes de cordas de Ian. Tenho
praticado naquela pequena submissa, qual é o nome dela?
Sonya? Sasha?
— Sondra. — Alex o corrigiu. Sondra era uma jovem
agradável da faculdade de enfermagem. Simon estava
dormindo com ela por semanas, mas ele não podia se lembrar
da porra do seu nome. Sim, isso era clássico.
Simon estalou os dedos como se o nome tivesse caído no
lugar. — Certo. Sondra. Eu vou passar na próxima semana.
Vou ficar bem. Sou novo para o estilo de vida, mas prefiro
aproveitar isso. Gosto de estar no controle para uma
mudança poderosa.
Alex gostava de estar no controle, também, e não estava
disposto a desistir. — Isso não vai acontecer. Se eu decidir
aceitar o trabalho, você seria o reforço, nada mais. Evans é
meu.
Evans o destruiu. Seria ótimo devolver o favor.
— Bem, certamente parece que ele tem o seu número.
Uma pista sobre o homem e você já está mentindo para seus
amigos. Liguei para Ian, a propósito. Ele acha que você me
ligou, quando o encontro mudou no último minuto e você
percebeu que eu estava mais perto. Acho que o Ian tem o
suficiente em sua mente sem se preocupar com o seu melhor
amigo mentindo para ele.
Ian compreenderia. Ele estava obcecado em encontrar
Eli Nelson. Alex o pegou várias vezes ficando até tarde da
noite no escritório revisando cada pedaço de informação que
tinham, tudo isso colocado sobre uma mesa de conferência,
como as peças de um quebra-cabeça que ele simplesmente
não conseguia encaixar.
— Obrigado. — A culpa o roía. Ele não estava tentando
mentir para Ian, mas isso era importante. E o que acontece
com Eve? Como ela vai reagir a isso, seu idiota?
Ultimamente sua voz interior deu para o chamar de
todos os tipos de nomes. Ele atravessou a porta e uma
explosão de calor o atingiu. O sol do Texas foi transformado
parecendo uma plena explosão. Ele olhou para a paisagem
bem cuidada do Norte de Dallas. A estrada para Northwest
estava na frente dele, carros adentrando nas pistas como
sardinhas se movendo lentamente em direção a algum
destino desconhecido. O tráfego em Dallas sempre foi ruim,
mas com o aumento das construções, foi se tornando
absolutamente insuportável. Ele caminhou em direção a sua
caminhonete, perguntando como seria sua recepção no
escritório. Ele não acreditou por um minuto que Ian comprou
a história de Simon. Ian o conhecia bem demais. Ele teria sua
bunda chutada no minuto em que voltasse para o escritório.
E iria aceitar porque a verdade da questão era que ele
precisava da sua equipe.
— Que cara é essa? O que está acontecendo na sua
cabeça? — Simon era um babaca quando se tratava de
mulheres, mas era esperto. E ele era o único que não tinha
uma relação pessoal com ele e sua esposa. Ex-esposa. Eve.
Simon não sabia os detalhes do caso. Talvez ele seria um bom
ouvinte.
O tráfego estava realmente infernal. E havia um grande
restaurante japonês no interior. — O que acha de peixe cru,
cara?
Simon ficou um pouco verde. — Eu acho que soa
perfeitamente horrível. Nós britânicos acreditamos em fritar o
nosso peixe, muito obrigado.
— Você não está na Inglaterra mais, amigo. — Ele iria
aprender. —Vamos. O almoço é por minha conta.
Eles caminharam de volta para dentro, o cérebro de Alex
girando e girando o tempo todo.
Alex pegou seu celular, discando um número que ele
esperava que ainda funcionasse. Simon estava sentado à
mesa, uma cerveja na frente dele. O britânico não tinha
nenhum problema em beber durante seu almoço, mas na
verdade ele tinha uma cabeça bastante fria quando se tratava
de negócios. Eles passaram uma hora e meia discutindo a
próxima operação e Alex estava se sentindo melhor sobre
isso.
— Petty.
Alex não podia deixar de sorrir um pouco. Petty parecia
cada polegada com em agente do FBI. Grave e apenas um
pouco pomposo. Ele soou dessa forma ao mesmo tempo. —
Hey, Warren, como vai?
Houve uma pequena pausa. — McKay?
— Sim.
— Puta merda. Alex, McKay, porra! —. Um pequeno tapa
soou sobre a linha. Warren sempre batia na superfície dura
mais próxima quando ele ficava surpreso. — Que porra é
essa? Quanto tempo faz?
Muito tempo. — Pelo menos três anos. Como está a sua
mulher?
— Alice está bem. E Janelle está prestes a concluir o
ensino médio. Dá para acreditar? Eu tenho uma maldita
garota de dezoito anos de idade. — Houve uma pequena
pausa e um suspiro. — Como está Eve?
Alex olhou para fora da janela. Ele podia ver o
estacionamento de onde estava. O dia estava ensolarado e
brilhante, com compradores ocupados passando. Eve
provavelmente estaria em seu escritório agora. — Ela está
bem. Nós dois estamos ocupados trabalhando.
— Sim, eu ouvi um monte de coisas boas sobre essa
empresa que você começou com Taggart. Você tem alguns
contratos pesados. É verdade que você está trabalhando com
o Serviço Secreto?
Eles foram consultados sobre certos detalhes da viagem,
mas assinaram uma tonelada de merda burocrática de
acordos de confidencialidade. — Eu não sei do que você está
falando.
Uma risada soou através da ligação. — Entendi, cara.
Eu disse a Eddie que ele deveria chamá-lo quando a
campanha aquecesse em um par de meses. Você sabe que ele
vai para a nomeação.
Edward Petty. Senador de Oklahoma. O irmão de
Warren estava de olho na Casa Branca. Ele esteve no Senado
durante os últimos seis anos. Alex lembrou quando Eddie era
apenas uma criança recém-nascida que teve sorte de ocupar
uma cadeira no Congresso. — Estamos perto o suficiente.
Nós certamente podemos lidar com sua segurança e executar
em plano de fundo com todos em torno dele. Ele não leva isso
a sério o suficiente, você sabe.
Uma risada baixa veio da linha. — Oh eu sei. Eu acho
que Eddie aprendeu essa lição ao longo do caminho. Todo
mundo quer alguma coisa dele. Alex é tão bom ouvir você...
Porque ele não ligou para seu antigo parceiro em um
longo tempo. A amizade deles foi mais uma vítima de Evans.
— Bem, eu quero um favor.
— Qualquer coisa.
— Você tem novas informações sobre Evans? — Ele
hesitou em mencionar o que Kristen descobriu. Ele não sabia
se ela era confiável ainda, não podia confiar nela.
Warren suspirou, um som baixo. — Cara, você precisa
deixar isso passar. Eu sei o quanto você quer esse cara.
Deus, ninguém sabe mais do que eu. Eu sei o que aconteceu,
mas prometo, estou fazendo tudo que posso para encontrar
Evans. O filho da puta parece ter desaparecido. Recebi
algumas informações da CIA de que ele está trabalhando em
algum lugar na América do Sul com um cartel.
Narcoterroristas. Isso se encaixa com o que Kristen lhe
disse. — Eu não posso deixar isso para lá e você sabe porquê.
Eu tenho algumas conexões agora. Poderia ser capaz de lhe
dar algumas dicas. Você poderia simplesmente me deixar
olhar a nova inteligência? Eu sei que não é o protocolo.
— Eu poderia trazer você como consultor, Alex, mas
você realmente acha que é uma boa coisa a fazer? Você ainda
está com Eve, certo? Será que ela sabe que você está
investigando isso?
Ele não queria falar sobre essa merda. — Eve e eu
estamos bem. Ela não está particularmente interessada neste
caso. Estou só dando uma olhada. Estou curioso. Você
estaria também. Se isso tivesse acontecido com Alice, você
sempre iria querer estar informado. Você sabe.
Uma longa pausa veio da linha. — Eu sei. Não quero
que este caso seja encerrado. Ele veio para mim.
— Eu sei, cara. — Warren esteve do seu lado depois que
Eve foi sequestrada, ficando acordado até tarde ajudando a
procurar por ela. — Eu só quero saber as novas informações.
Talvez houvesse algo ali que iria impulsionar seu
cérebro e colocá-lo na mentalidade adequada. Ele tinha os
arquivos originais praticamente memorizados, mas havia
cinco anos de informação que ele não esteve a par, incluindo
todos os arquivos sobre a fuga de Evans. Ele esteve fora do
circuito até então porque sua esposa se tornou uma vítima.
— As coisas apertaram por aqui. Eu tenho que
conseguir uma certificação para você. Sinto muito, mas estou
a ponto de estar sob investigação por causa de Eddie.
Droga. Burocracia. E Warren estava certo. O minuto em
que Eddie jogou seu chapéu no anel de nomeação, a
imprensa e a oposição de Eddie iriam examinar cada membro
da sua família, especialmente seu irmão do FBI.
— Faça o que puder. Eu entendo.
Poderiam ser semanas ou meses antes que ele obtivesse
a informação. Estava mais dependente de Kristen do que
gostaria.
— Sinto muito, mas, porra, cara, é bom falar com você.
Qualquer chance de você estar em DC em breve? —
Perguntou Warren.
— Provavelmente não, mas eu aposto que você vai sair
para Oklahoma em um par de meses.
— Absolutamente, não posso perder o discurso inicial do
meu irmãozinho. Eu vou ter a certeza de parar em Dallas. Eu
adoraria ver a sua operação. Ver como a outra metade vive.
Talvez eu mesmo saia do Governo para trabalhar num destes
em breve. Você sabe que o salário é uma merda.
O pagamento feito pelo McKay-Taggart era muito melhor
e eles poderiam escolher os casos em que trabalhavam.
Warren era um agente de longa data, e ele tinha profundas
ligações políticas, graças ao seu irmão. Ele seria uma adição
bem-vinda.
—Quando você quiser, minha porta está sempre aberta.
E qualquer coisa que você possa fazer para eu pegar esses
arquivos seria apreciado.
Ele não quer confiar nos arquivos hackeados de Kristen.
Ele queria olhar para a mesma coisa que Warren olhou.
Poderia não apresentar qualquer coisa que ele já não sabia,
mas talvez estudá-los iria manter a sua cabeça no jogo.
— Verei o que posso fazer. Ei, Evie está ... eu não sei,
como é que ela realmente está? Você sabe que eu gosto muito
dela. Eu só ... eu gostaria de poder pegá-lo cara.
Warren foi o primeiro de seus amigos a chegar ao
hospital. Ian esteve em um avião no segundo que ele
descobriu, mas Warren estava lá quando Eve saiu da cirurgia
e o médico lhe informou de todos os danos. Ele foi o único a
ficar do lado de fora da sala, enquanto Alex chorava sobre o
corpo de sua esposa. Warren manteve todos do lado de fora.
— Nós ainda estamos de pé.
Era o melhor que podia dizer sobre eles. E isso poderia
não estar de pé quando Eve descobrisse onde ele estava indo
e porquê. Ele não tinha certeza do que seria pior, Eve ficar
chateada ou não se importar com nada.
— Tudo bem. Dê-lhe meu amor. Todos nós temos
saudades de você, cara.
Um nó se instalou em seu peito. Ele tinha realmente
amado trabalhar com esses caras. Por um longo tempo ele e
Warren e Tommy e Leon foram melhores amigos. Tommy e
Leon se foram agora. Tinham sido uma pequena família
unida, mas quando as fichas caíram, ele voltou para Ian e
Sean.
Simon se aproximou, seu celular na mão e uma
carranca no rosto.
— Um segundo, Warren. — Ele abafou o telefone contra
sua camisa. — O que está acontecendo?
— Ryan me deixou uma mensagem procurando por
você. — Simon explicou. — Ele está tentando ligar para você.
Ele telefonou e Alex deve ter deixado cair no correio de
voz, porque Ryan Church gerenciava o Sanctum, e agora
Sanctum estava no fundo de suas prioridades. Além disso, a
próxima chamada de Ryan seria provavelmente para Ian. —
Por que ele não chamou o Ian?
—Eu acho que Ian é o problema, McKay. Ele não disse
exatamente o que estava acontecendo, mas ele disse que Ian
está em apuros. Com o trânsito que estamos, só chegaremos
lá em quarenta minutos pelo menos.
Alex segurou o telefone de volta no ouvido. — Eu tenho
que ir, Warren. Apenas me mande um e-mail com os
arquivos, se puder. Obrigado por tudo.
Ele desligou e foram para o estacionamento. Não
importa o que estava acontecendo em seu mundo, ele iria
fazer tudo por Ian.
— Do que você acha que se trata? — Perguntou Liam,
puxando seu SUV para o estacionamento no Sanctum.
Eve sacudiu a cabeça. Ela recebeu um telefonema de
Ryan quase trinta minutos antes. Ele foi um pouco
enigmático, perguntando se ela não se importaria de ir ao
clube e lidar com um problema que eles tinham.
Alex estava preso no trânsito. Ian estava longe de ser
encontrado e Jake e Adam estavam aparentemente em algum
lugar no West End comendo asas de frango. Isso fez com que
Liam a levasse para o edifício de estilo industrial, onde o
Sanctum estava localizado. Ela argumentou que poderia ir
sozinha. Era perfeitamente capaz, mas Liam professou um
desejo súbito e profundo em visitar o clube que ele amava,
durante o dia.
Sim, como se ela não conseguisse descobrir do que se
tratava. Os homens de McKay Taggart eram todos machos
alfas, os protetores das mulheres. Quando Grace saiu para
um café, um dos homens inevitavelmente decidiu que
precisava ir também, e ela se encontrou com uma escolta ou
um garoto de recados. Era apenas a maneira como eles eram.
Estes homens viram toda a porcaria que poderia acontecer a
uma mulher sozinha e tomaram uma decisão consciente de
que não iria acontecer com a de um deles.
— Será que Ryan te disse alguma coisa? — Perguntou
Liam, espiando pela janela dianteira no exterior discreto do
clube. Eve sabia exatamente porque ele estava perguntando.
Ele estava debatendo o quanto de munição ele tinha que
levar. Ela não era tola o suficiente para pensar que ele estava
se questionando se deveria ou não ter uma arma com ele. Ah
não. Ele sempre tinha uma arma com ele. Ele só precisava
saber se deveria levar uma munição extra ou duas.
— Bem, querido, ele me ligou não sei por que, mas eu
não acho que o clube esteja cercado. Acho que podemos
apostar com segurança que essa é uma visita puramente
terapêutica. — Às vezes, Ryan nos chama para entrevistar
membros potenciais. Ninguém entra no Sanctum sem uma
triagem minuciosa. Foi o mesmo com os novos empregados.
Mas ele foi muito evasivo sobre esta visita. E ela nunca
fez entrevistas de emergência.
— Basta ficar perto de mim. — Disse Liam. Ele nunca se
preocupou em esconder esse sotaque irlandês espesso, a
menos que ele estivesse disfarçado. Liam estava confortável
sendo Liam.
Ela poderia ser a Eve de novo?
Ela deslizou para fora do SUV, os saltos batendo no
pavimento. Ela adorava seus sapatos Givenchys preto e
dourado, mas talvez a primeira coisa que a nova Eve devesse
fazer era comprar um par de chinelos. Ela tinha certeza de
que a nova Eve queria alguns sapatos confortáveis. Não
qualquer coisa horrível. Ela poderia encontrar um designer de
chinelos, com certeza. E talvez a nova Eve poderia se aliviar
da dieta um pouco. Uma vez por semana. Duas vezes. Talvez
um pouco de chocolate de vez em quando.
Talvez ela deixasse que Alex decidisse por ela. Ele
sempre soube do que ela gostava e quando ele era realmente
seu Dom, ela pôde relaxar e se divertir. Ela tinha...
problemas. Ela teve por toda a vida, mas aqueles anos
quando estava casada com Alex, tudo esteve sob controle,
porque ele esteve no controle.
Não seria bom ter permissão para desfrutar de sua vida
de novo? Alguns de seus colegas diriam que não era saudável
buscar a permissão de outro, mas Eve aprendeu há muito
tempo que não importava necessariamente como uma pessoa
encontrava a felicidade, desde que ela a encontrasse. E foi
além de saudável reconhecer os próprios pontos fracos e
buscar um remédio para eles.
— Terra para Eve?
Ela não estava conseguindo se concentrar hoje. —
Desculpa. Eu estava pensando em outra coisa.
Ele lhe deu um sorriso. — Você estava pensando
naquele sujeito novamente, não é?
— Eu estava pensando sobre um monte de coisas. —
Ela passou o braço no dele para não cair porque, apesar de o
estacionamento ser bem asfaltado, ainda era um campo
minado quando se tratava de saltos de doze centímetros.
— Você tem alguma ideia de quão longe você chegou nos
últimos meses? — Liam modificou sua caminhada para
acompanhar a dela, dando-lhe equilíbrio contra a ligeira
subida. — Quando te vi pela primeira vez, você não tocava em
ninguém, por razão nenhuma.
— Ei, eu aprendi a confiar em vocês. — Ela não tinha
certeza de quando realmente começou, mas pensava que
poderia ter começado ao assistir Sean se apaixonar. E então
Adam e Jake, e agora Li. Ela sorriu para ele. — Acho que se
vocês idiotas conseguiram dar a volta por cima, eu
provavelmente deveria fazer isso também.
Liam riu. — Veja. Aí está. Você nunca contou uma
piada. Fica bem em você, querida. Nós te amamos, Eve. Não
há nada que queremos mais para você do que resolver toda
essa merda.
Ela deu ao seu braço um aperto. Ter estes homens em
torno dela foi uma coisa maravilhosa, mas ela realmente
pensava que eram suas mulheres que estavam trazendo-a
para fora da sua concha. Eles todos atravessaram um
inferno, e eles ainda estavam de pé. Eve ainda estava aqui,
ainda estava viva. Eles descobriram a sua força. Ela
encontraria a dela também.
Já era tempo. Alex mudou. Ela mudou. A questão era se
eles ainda estariam juntos?
A porta para o Sanctum se abriu e Ryan Church saiu de
lá. Eve podia ouvir a música alta explodindo lá dentro por um
momento antes de a porta se fechar novamente.
— Você está dando uma ‘festa? — Perguntou Eve.
Sanctum não estaria aberto até as oito ou nove horas da
noite, dependendo do dia. E não passava das duas da tarde.
Ninguém, exceto o pessoal deveria estar aqui, e pelo que ela
sabia, Ryan conduzia com mão firme. Ele era um ex-CEO que
abriu um negócio em tempos difíceis. Ele aceitou o trabalho
de Dom in Residence e gerente de Sanctum depois de seu
negócio ter falido.
Ryan tinha uma beleza sombria em seu rosto. Ela
achava que a idade dele era algo em torno dos quarenta. Ele
estava neste estilo de vida a maior parte de sua vida adulta, e
ela ouviu um boato de que ele mesmo manteve uma
submissa permanente durante um tempo, mas a deixou
quando sua sorte virou. — Sim, eu acho que você poderia
chamar isso de uma festa. De uma pessoa só. Lamento
chamar você, mas não sabemos como lidar com ele. Eu tentei
falar com ele, mas ele só me ignora. Tentei enviar-lhe
algumas subs, pensando que talvez elas poderiam mudar o
seu humor, mas ele só as assustou. Agora tenho três subs
chorando e o gerente do bar está com raiva de mim, porque
ele diz que não pode lidar com o Guns N' Roses. Ele faz isso
muitas vezes?
Eve olhou para Liam, que deu de ombros. Obviamente,
ele não sabia o que diabos estava acontecendo. — Quem faz o
que muitas vezes?
— Ian. Ele estava aqui quando cheguei para trabalhar
uma hora atrás. Nenhum de nós deveria estar aqui até as
seis da tarde, mas eu queria passar as cenas para o fim de
semana. Há uma realmente complexa que Jake quer fazer e
com Serena grávida, eu queria ter a maldita certeza de que
cada peça de equipamento está no seu reparo completo. Eu
trouxe as subs para que pudéssemos testar tudo, mas já
havia uma cena tocando no palco. Ian tem uma garrafa de
Scotch em completa submissão, eu lhe digo.
— Ian Taggart está aqui e está bêbado, às duas horas da
tarde? — Ian estava sempre no controle. Ela nunca viu ele
sem.
— Tanto quanto eu posso dizer. Ele não está exatamente
falando muito. Rosna muito. Pragueja. O homem tem uma
boca e tanto. E é uma coisa boa que ele seja o chefe porque
tem trabalhado através de uma garrafa de Macallan de trinta
anos de idade. Você tem alguma ideia do quanto isso custa?
Muito. Que diabos? Ela olhou para Liam. — Você sabe
de alguma coisa que poderia ter colocado ele desse jeito?
Liam sacudiu a cabeça. — Não faço ideia, mas ele não
iria querer que eu o visse assim. Ele pode ser capaz de lidar
com isso se for você.
Porque ela era uma sub e sua amiga de longa data, mas
Li estava certo. Ele ficaria horrorizado se alguém o visse
assim, mas ela e Alex não tinham tantos problemas assim.
Ele ainda poderia se lançar para ela, mas ela poderia lidar
com isso.
— Devo chamar Sean? — Li perguntou, parecendo um
pouco impotente. Nenhum deles queria um mundo onde Ian
Taggart não era o Superman ou era apenas um rosnado, boca
suja.
Isso seria a pior coisa que se podia fazer. Sean e Ian
tinham uma relação complexa. Ao longo do último ano, sua
relação foi tensa por causa de uma operação em que Ian
escolheu salvar a vida de seu irmão sobre a de Grace. Grace
sobreviveu, mas Ian não iria cometer o mesmo erro
novamente. Sean, no entanto, era lento para perdoar. — Não
se atreva. Basta tentar trazer Alex aqui o mais rápido
possível. Eu vou entrar e vou apenas me tranquilizar de que
ele está bem.
— Eu não acho que ele está bem. — Disse Ryan, abrindo
a porta novamente.
— “Sweet Child O’ Mine” — soou através do clube. Os
riffs de guitarra atingiram um crescente e depois ficou em
silêncio. Eve deu um suspiro de alívio. — Graças a Deus. Isso
está muito alto.
— Oh, espere por ele. — Disse Ryan.
A música começou novamente. — Será que ele colocou
no replay?
— Sim e ele ameaçou atirar em mim se eu desligasse.
Eu não vi uma arma, mas não duvido que ele tenha uma
escondida em algum lugar. — Ryan suspirou. — Eu serei
honesto, não tenho ideia do que fazer. Eu iria deixar ele lá,
mas o resto da minha equipe vai estar aqui em um par de
horas para começar os preparativos. Devo cancelar as cenas
para esta noite?
E ser forçado a explicar o porquê? — Não. Deixe-me
falar com ele. Você pode colocar a música um pouco mais
baixa? Apenas um pouco. Ele pode não notar.
Eles caminharam pelo lobby e ela avistou Ian. Bem, a
parte de trás dele. Ele levou uma cadeira e a colocou no
centro do palco. Ele estava de frente para a Cruz de St.
Andrew, de costas para o resto do clube. Ele tirou o paletó, e
ela podia ver que ele arregaçou as mangas. Um copo com um
par de dedos de um líquido de cor âmbar estava em seu
punho direito, a garrafa no chão ao lado dele.
E a energia que vinha dele era ruim.
Sim, ele não estava bem.
Ian foi o melhor amigo de Alex a maior parte de suas
vidas. Ele não era um grande conversador. Ela nunca teve
uma sessão de terapia com ele. A versão de Ian da terapia era
muito diferente. Ele não falava sobre o que estava errado. Ele
bebia e aparentemente ouvia baladas metal.
Mas, no final, ela não poderia tratar ele como um
paciente. Ela tinha que tratar ele como um amigo, ou melhor,
um Mestre. Essas outras subs provavelmente tentaram
oferecer sexo a ele. Ele não precisa disso. Metade do tempo
ela se perguntava se havia um osso submisso de verdade em
seus corpos.
Às vezes, um Dom precisava de uma sub de maneira
mais do que sexual. Talvez fosse hora de reaver essa parte da
sua vida, também.
Ela tirou os sapatos e sua jaqueta, dobrando-a e
colocando-a sobre uma mesa. Ela puxou os grampos em seu
cabelo enquanto ela olhava para Ian.
Ryan estava olhando para ela com os braços cruzados.
— As outras subs já tentaram.
— As outras subs não o amavam. Esse homem tem sido
basicamente meu irmão mais velho a maior parte da minha
vida adulta. Eu não vou oferecer a ele o meu corpo, Ryan. Ele
iria vomitar. Mas eu posso oferecer algo mais. Agora, tire eles
daqui. Você deve sair, também.
Ryan franziu a testa. — Eu não acho isso uma boa ideia.
Ele pode ser o chefe, mas eu sou o Dom in Residence e eu
sou responsável pela segurança de todos as subs aqui.
E às vezes ela simplesmente não poderia agir como uma
submissa. — E eu possuo uma parte do clube. Pode não ser a
maior parte, mas eu ainda sou um membro fundador. — Ela
amoleceu um pouco. — Ryan, eu agradeço, mas Ian Taggart,
mesmo com toda a sua arrogância, não faria mal a uma sub.
Nunca. E ele definitivamente não vai me machucar. Por favor.
Você me chamou aqui por uma razão. Deixe-me fazer o meu
trabalho.
Ele apontou para as três mulheres amontoadas e elas se
aproximaram dele como um pequeno rebanho. Deus, elas
eram jovens. O que no inferno fazia todas ficarem tão jovens?
Uma das meninas estava chorando, ela mascarava as
lágrimas quando desciam pelo seu rosto. — Sinto muito,
senhor. Eu tentei.
Ryan deu de ombros. — Eu acho que ele não estava no
clima para uma dança.
— Mas a música realmente prestava para dançar. —
Disse a loira. — Eu só queria que todos os Dons fossem tão
bons quanto o Mestre Alex. Ele nunca iria chamar uma
mulher de puta.
— Bem, em defesa do Mestre Ian, ele pediu que você
parasse e então você tirou seu top. — Ryan argumentou.
— Eu só estava tentando ajudar. — Ela virou os olhos
para Eve. — Eu não sei o que a Rainha do Gelo vai fazer que
eu não possa fazer também.
— Amanda! — Ryan gritou por cima da música.
Amanda, que pode parecer um pintinho, mas que,
obviamente, tinha garras de gatinho, fez beicinho. — Bem,
todo mundo sabe como ela usa o Mestre Alex quando ele é o
melhor Dom no mundo. Um dia ele vai acordar e vai ver que
precisa de uma verdadeira sub.
Eve deu um longo suspiro. Ela deveria ser paciente. A
menina era jovem e, obviamente, prejudicada por sua
vulgaridade inata. Ian acertou em cheio. Era apenas parte de
sua personalidade. — Está tudo bem, Ryan. Basta levá-la
para fora daqui, por favor.
Amanda passou, um olhar taciturno em seu rosto
bonito.
Será que Alex olhava para as jovens subs e sabia o que
ele poderia ter se não estivesse preso a ela? Ele era conhecido
como o Dom afetuoso. Ele era o Dom que todas as subs
recorriam quando precisavam de um afago. E ele deu a elas
porque ela não estava disposta a tomar o conforto dele. Alex
era necessário para dar conforto. Era seu objetivo principal
como um Dom, e ela não aceitou um abraço dele em anos,
muito menos permitiu que ele a beijasse. Às vezes, ela se
perguntava se a culpa e a necessidade era tudo o que restava
entre eles.
Não. Ela não ia pensar dessa forma. Eles iriam superar
isso. Anos separados, desde depois de seu sequestro. Alex era
uma pessoa diferente. Ele esteve lá para ela apesar de tudo.
Ele não estava à procura de alguém com vinte e poucos anos
jogando na submissão.
Axl Rose começou a cantar novamente e ela orou a Ryan
para que ele tivesse conseguido tirar as subs e abaixado o
volume.
Ela subiu os três degraus elegantemente colocados que
a levava para Ian. O volume da música baixou em cerca de
25%.
— Ei, aumente minha maldita música de novo! — Ian,
gritou.
— Axl Rose ligou. Ele quer o seu recorde de volta,
querido. — Ian era um dos poucos homens que ela se sentia
perfeitamente confortável chamando por nomes carinhosos.
Ian esteve no casamento dela. Ian fez o possível para salvá-la.
Lágrimas turvaram os seus olhos brevemente porque ela
percebeu o quanto ela o amava. Ele era um amigo. Não. Ele
era a família dela.
— Vá embora, Eve. Estou com vontade de rasgar alguém
e não quero que seja você. Fiz subs suficientes chorarem
hoje.
Ela entrou na frente dele. Ele era a própria imagem da
beleza decadente. Ian Taggart era um Viking de primeira
linha. Ele media aproximadamente um metro e noventa e
dois e não tinha um pingo de gordura em seu corpo, mas ela
podia ver as marcas do cansaço em sua testa. Cabelo loiro e
olhos azuis surpreendentemente nítidos não faziam dele
menos do que um homem real. Ele ainda tinha suas tristezas.
Ele ainda precisava de conforto. Ele só não o aceitava
sempre. Ian Taggart era praticamente um demônio, e até
mesmo demônios precisavam de amigos. — Bem, se uma
delas era aquela loira magra, eu fico feliz com isso.
Ele riu um pouco. — Eu me perguntei quando você
notaria que Mandy tem uma queda pelo seu ex. — Ele
balançou a cabeça. — Vá e defenda o seu Dom. E se você não
se importar, faça isso em uma piscina de gelatina, vestindo
apenas um biquíni, eu acredito que realmente animaria o dia.
Ela caiu de joelhos diante dele, um sinal de respeito. —
Eu não posso deixá-lo, senhor.
— Porra! — Ele deu um longo gole do seu copo. — Eu
não esperava que alguém estivesse aqui. Church é muito
sério com seu trabalho.
Mas o orgulho de Ian não iria deixá-lo recuar. Ela
entendeu totalmente isso. —Quer falar sobre isso?
— Quer falar sobre o que aconteceu entre você e Alex?
— Foi um desafio.
— Se eu não falar eu vou ter que ir embora, certo? —
Esta era a maneira que Ian jogava. Ele era um grande homem
barganhando. Ela tinha certeza que ele pensou que ela não
falaria sobre isso.
— Sim. Então, basta ir agora.
— Mas se eu falar, você vai me dizer por que estamos
revivendo os anos oitenta?
Seus olhos se estreitaram. — Você não fala sobre a sua
merda.
Ela não fazia isso antes, mas ele estava severamente
subestimando o quanto ela se preocupava com ele. — Eu fui
estuprada.
Seu rosto lindo ficou tenso. — Não faça isso comigo. Eu
já sei a história.
Mas era o que ele precisava. Ele precisava se abrir e a
única maneira que ela poderia deixá-lo confiante para se
abrir era falando. Ian pode conhecer os fatos, mas ele nunca
a ouviu dizer eles. — Eu fui estuprada e Alex não podia lidar
com isso então ele se afastou de mim. Isso quase me matou,
Ian.
Ele fechou os olhos, mas a mão dele saiu e se moveu
como se tivesse vontade própria. Ele tocou seus cabelos,
puxando-a para mais perto.
— Eu pensei que ele se preocupava mais em punir o
homem que me machucou do que ficar comigo. — As
palavras estavam quase presas em sua garganta, mas era
mais fácil, porque ela tomou a decisão de lhe dar outra
chance. Ela tinha que falar sobre isso.
— Eve, ele te ama.
Mas ele poderia amar mais a vingança. Não importava
agora. Michael Evans estava a um milhão de quilômetros de
distância. — Estou pensando em renegociar nosso contrato.
Agora, eu já falei. Por que estamos ouvindo metal?
Ele franziu a testa, seus lábios carnudos virando para
baixo. — Porque eu gosto.
— Ele não parece estar te fazendo feliz.
— Você pode deixar isto por enquanto?
Ela deitou a cabeça em seu colo. Ela sabia exatamente
como manipular Ian Taggart. O que as outras subs não
entendiam era que Ian respondia a tenacidade, a gentil e
amorosa tenacidade. — Sim, eu posso deixar isso por
enquanto.
Ela deu a ele alguns segundos em silêncio. Ela sabia
que ele iria tomar a decisão certa. Ele nunca iria deixá-la
esperando.
— Sua pequena 6brat manipuladora. Você me conhece
muito bem. Tudo bem. — Ele acariciou seus cabelos. — Eu
tinha uma mulher que eu .... Me importava.
Bem, é claro que era sobre uma mulher. E ele não iria
falar sobre isso normalmente. Ele iria escondê-lo. Estava
pegando ele em um momento vulnerável, mas achava que ele
precisava falar. Ela não sabia sobre qualquer mulher que ele
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Brat é um tipo de bottom focado na Disciplina. Não são submissos, pois não sentem prazer em se submeter. Seu prazer consiste
em provocar o Top de diversas formas, de acordo com sua personalidade, bem como impor resistência durante as sessões, mas
sempre mantendo o respeito aos limites do parceiro.
realmente tenha se preocupado exceto a sua namorada de
escola chamada Holly. Pelo que ele lhe disse, eles estavam
envolvidos, mas Holly partiu o seu coração durante sua
primeira passagem no Iraque. Alex explicou que, um dia ele
tinha uma noiva e no outro ele tinha uma carta estilo Querido
John.
Foi aí que ele descobriu o BDSM. Se ele tivesse estado
lamentando sua perda por todos esses anos? Quando Eve o
conheceu, ele esteve sempre rodeado por subs. Ele era um
ímã de subs, mas ela nunca o viu se apaixonando por
nenhuma mulher. Se ele disse que se importou com uma
mulher, então ele muito provavelmente a amou com toda a
sua maldita alma. — Isso é sobre Holly?
Ele bufou. — Holly? Não. Eu pensei que Holly era a
maior cadela do mundo. Então eu conheci Charlotte. Não, eu
não estou chorando por causa de Holly. Eu desejo a Holly e
seu medíocre marido número dois, o advogado, tudo de
melhor do mundo, porra.
Charlotte? Ela não sabia sobre nenhuma Charlotte, e ela
não podia pressioná-lo muito. — Charlotte é um belo nome.
Ela só poderia acalmá-lo. Qualquer agressão ou
curiosidade definitiva neste momento o levaria de volta para a
sua concha.
— Sim. Um nome bonito para uma mulher adorável.
Mas ela era uma cadela louca.
Para Ian, isso era praticamente um termo carinhoso. Ele
era um homem que apreciava uma cadela. Ela suavizou sua
voz e esperava que não estivesse indo rápido demais. — O
que aconteceu com ela?
Não podia ser nada bom.
Sua expressão não mudou. Manteve sua expressão em
branco. Ele deu um longo gole no Scotch.
— Eu não posso fazer com que ela vá embora. Ela está
na minha cabeça. Eu não posso tirá-la, porra. Nunca conheci
ninguém com habilidades como as de Charlotte. Ela poderia
me fazer correr em círculos e eu iria gostar. Você sabe como é
não ser capaz de tirar uma mulher de sua cabeça?
Então, ele conheceu o amor. Deus, Ian amou,
provavelmente, era uma coisa a se ver. — Por que não liga
para ela?
Houve uma longa pausa. Ela não podia imaginar que
uma mulher não iria cair loucamente apaixonada por Ian
Taggart. Ele era lindo e tinha um “que” de louco, uma parede
impossível para a maioria das mulheres.
Ele respirou fundo antes de responder. — Não faria
sentido. Se você e Alex não podem fazer isso, não há
nenhuma esperança para um idiota como eu. Vocês dois
tinham tudo. Você era o que eu estava buscando.
Ela sentiu as lágrimas borrarem os olhos. Ian nunca
falou assim. Só de olhar para ele, realmente não achava que
ele estava embriagado. Suas mãos estavam firmes e sua voz
era perfeitamente controlada, mas as palavras que vinham de
sua boca provavam isso. Se Ian estivesse sóbrio, ele nunca
teria provavelmente admitido que ele queria mais do que o
sexo de uma mulher.
— Bem, nós somos apenas humanos, Ian.
— Não. Você era mais. Você era feliz, e depois essa
merda aconteceu e vocês morreram.
Foi um pouco mais que apenas merda. Ela foi
brutalizada e Alex não suportou.
— Sim, mas isso não significa que você não conseguiria
encontrar um bom relacionamento.
Ele riu um pouco, mas não havia nenhum humor nisto.
— Bom? Você acha que eu posso encontrar um
relacionamento saudável com alguma mulher agradável lá
fora? Talvez ter alguns filhos? Ei, nós poderíamos encontrar
uma casa com quatro quartos e uma cerca branca e um
cachorro chamado Afagos. Quem diabos você acha que eu
sou, Eve?
Foi então que ela viu o envelope no chão ao lado dele.
Ela o reconheceu de hoje de manhã. Ele foi entregue junto
com as flores. — Eu acho que você é um dos meus amigos
mais antigos e você merece um pouco de paz.
Seus olhos escureceram.
— Isso é só porque há tanta coisa que você não sabe
sobre mim, querida. — Sua boca achatou, e ele inclinou sua
cabeça para trás. — Eu realmente me importo com você, Eve.
E não simplesmente porque você era a esposa de Alex. — Ele
respirou fundo e olhou de volta para ela. —Tem certeza de
que você quer voltar com ele?
Ela poderia responder a essa com sinceridade. — Não.
Eu não sei o que vai acontecer, mas também não sei se
podemos viver juntos novamente. Eu mudei desde que nos
casamos.
— Você ficou mais forte. Na verdade, eu achei que você
não fosse um bom par para Alex. Você era muito submissa no
início. Alex precisava de um desafio. É essa a coisa sobre ter
uma sub no quarto, outra bem diferente é quando o seu
parceiro, a mulher que você confia, é totalmente dependente
de você para cada decisão.
Ela sentiu seus olhos se estreitam. — Eu certamente
não dependia.
— Ele escolhia as suas roupas todas as manhãs, Eve.
Tinha começado como um jogo. Ele escolhia suas
roupas para respectivas datas e ela sempre selecionava sua
lingerie. Em algum lugar ao longo do caminho, ele criou o
hábito de tirar suas roupas e admirá-la. — Foi apenas por
diversão.
— Verdade?
— Eu não era completamente dependente dele. — Ela
disse as palavras e ela queria dizer até certo ponto, mas
olhando para trás, ela sabia que foi muito mais dependente
dele do que realmente se sentia confortável. E, no entanto,
esses foram alguns dos momentos mais doces de sua vida. —
Eu não posso ser aquela garota novamente. Eu não sei se o
Alex vai me aceitar sendo menos.
— Alex aceitou as migalhas que você deu a ele durante
anos. Ele vai aceitar. Se eu encontrasse você hoje, eu diria
que você é muito fria para ele. Naquela época você era muito
submissa.
Ian não pegava leve. Porra, ouvir isso doía. — Então
você acha que eu deveria deixá-lo ir.
Deixá-lo ir para as garotas como Amanda deste mundo?
As mulheres mais jovens ou subs que não fossem danificadas
e estabelecidas em seus caminhos? Mulheres que ele poderia
estabelecer com uma parceria feliz, agradável, onde tomaria a
maioria das decisões?
— Eu acho que você precisa recuperar toda a doçura da
mulher que era e mesclá-la com a força que você tem agora.
Eu acho que você deveria parar de ficar deitada e lutar,
porra. Estamos todos fodidos, Eve, mas pelo menos o resto de
nós está continuando mesmo estando ferido. Pelo menos
estamos tentando chegar a algum lugar.
Um pouco de semente de raiva se acendeu dentro dela.
— Sério? Exatamente onde você está indo, Ian? Porque a
partir de onde estou sentada, você já esteve em um lugar por
muito tempo ou você está tentando me dizer que vai estar
com uma subpor noite porque você está procurando 'a
única'?
Ele bufou, um som que com certeza seria ridículo em
um homem menor, mas Ian fez soar elegante. — Sim, essa é a
minha história. Não. Eu já encontrei 'a única' e ela está morta
e eu acho que Eli Nelson tem algo a ver com isso.
Ela sentiu sua boca se abrir. Ela sabia que Ian e Nelson
tinham uma história, mas quão longe ele foi? — O quê?
— O filho da puta me enviou um cartão. Já joguei as
flores fora. Eu quase bati na cabeça de Phoebe. Ela vai sair
um dia desses. — Ele apontou para o envelope a seus pés.
Eve puxou o cartão para fora. Haviam muitos corações e
flores, bobas e sentimentais e desejava um feliz aniversário.
Foi assinado, mas o endereço era Londres, Inglaterra, último
paradeiro conhecido de Eli Nelson. O agente da CIA desonesto
esteve causando problemas para todo o grupo desde que ele
tentou usá-los para roubar segredos industriais para seus
tratadores chineses. Há alguns meses atrás, eles todos
souberam que seus laços com Nelson eram muito mais
longos do que sabiam. Ele arruinou a operação que custou a
Liam anos de sua vida e, em seguida, tentou matar a ele e
Avery depois de fugir com a informação pela qual ele estava
disposto a matar.
E Ian o golpeou para trás, tornando essa informação
inútil. Eram dois titãs tomando oscilações maciças contra o
outro.
— Por que ele iria enviar isso para você?
Ian deu de ombros. — Ele quer que eu fique emotivo. Ele
me quer fora de meu jogo. E ele definitivamente quer que eu
ache que ele matou a minha esposa.
Eve sentiu seus olhos arregalarem e seu coração cair até
seu estômago. A esposa dele? Ian foi casado? — Há quanto
tempo ela foi embora?
Talvez ele estivesse certo quando disse que havia muito
que ela não sabia.
— Anos. Minutos. Às vezes acho que ainda posso vê-la.
O que estou fazendo? Ela brincou comigo. Ela estava
trabalhando para Nelson o tempo todo e se queimou. Isso é
estúpido. Preciso trabalhar em um caso e estou sentado aqui
como a porra de um adolescente ouvindo música e chorando
por causa de uma garota.
Ele não estava chorando. Seu rosto era um bloco de
pedra. Eve tinha cerca de dois milhões de perguntas, mas
parecia errado se intrometer. Ele era tão reservado. Ele iria se
arrepender de cada palavra que dissesse mais tarde, e ela não
podia suportar a ideia de qualquer coisa o humilhando. Ela
colocou o envelope para baixo e levantou-se.
— Eu vou te abraçar agora.
Os olhos de Ian se abriram e um olhar cauteloso
atravessou seu rosto, como se ela tivesse acabado de lhe
advertir que algo terrível estava prestes a acontecer. — Por
quê?
— Porque você precisa disso, Senhor, e você não pode
aceitar de qualquer uma das outras subs, porque todas elas
querem algo de você. Eu só quero algo para você.
— Todo mundo quer alguma coisa, Eve.
Ela fez a jogada ousada. Ela se sentou em seu colo e
colocou os braços em volta do seu pescoço. Ele era o irmão
que ela nunca teve, e ela não podia deixá-lo sentado aqui
como estava.
— Eu quero que você seja feliz. E acho que finalmente
quero ser feliz também. Você está certo. Tenho sido um
zumbi por anos e preciso começar a viver novamente. E você
precisa descobrir o que quer.
Sua voz era um ruído surdo. — Eu quero rasgar as
bolas de Eli Nelson e empurrá-las goela abaixo e, em seguida,
quando ele estiver engasgando com seus próprios testículos,
quero enforcá-lo com o seu intestino grosso.
Bem, pelo menos ele tinha um objetivo. — Posso fazer
alguma coisa por você?
Ele ficou em silêncio por um momento e, em seguida,
sua voz estava profundamente cansada. — Você pode sentar-
se comigo. Sabe quanto tempo passou desde que alguém
apenas sentou-se comigo? Desde que alguém me tocou e não
queria absolutamente nada a não ser me fazer sentir melhor?
Já se passaram cinco anos. Não, desde que ela morreu.
Ela descansou a cabeça contra seu ombro largo, tendo o
conforto da proximidade. Não precisava ser nada sexual sobre
isso.
— Já se passaram cinco anos desde que eu deixei Alex
me beijar. Sinto falta dele, Ian.
— E eu sinto falta de Charlie. E se você me perguntar
quando estiver sóbrio, vou fingir que ela não existe. Vou fingir
que nunca me casei com ela. Vou fingir que não tive o seu
corpo morto nos meus braços.
Ela sentiu lágrimas encherem seus olhos, pela segunda
vez naquele dia. Algo parecia ter aberto.
— Eu sinto muito, Ian.
Sua mão flutuou em sua bochecha, e ele enxugou uma
lágrima com o polegar. Ele ergueu-a e olhou para ela.
— Eve, você está chorando. Você nunca chora a menos
que seja uma cena.
Ela se afastou e olhou para ele. — Sim, bem,
aparentemente, agora que estou andando ferida em vez de
menina zumbi, eu posso chorar novamente. Só um pouco.
Seus lábios se curvaram e ele ficou muito bonito quando
sorriu. — Esta não é a minha Eve.
A música parou por completo, todo o lugar ficou
absolutamente quieto em um instante. Em seguida, uma voz
fria falou. — Sua Eve? Existe algo que eu não sei sobre isso?
Ela, droga, saltou do colo de Ian ao som da voz de Alex,
mas ela se conteve, porque ela não fez nada de errado. Era o
seu lugar como uma submissa, oferecer bondade. Cristo, era
o seu lugar como amiga de Ian oferecer-lhe conforto. Quantas
vezes ela viu Alex aconchegar algumas subs cujo Dom deixou
ou que tiveram um dia ruim? Eram pessoas melosas, mas a
maneira como ele estava olhando para ela agora a fez querer
se encolher.
— Eu acho que você deve ir agora. — As mãos de Ian
moveram-se para longe e ele as levantou, como se mostrando
a Alex que ele não estava tentando nada engraçado.
Eve saiu de seu colo, virando-se para enfrentar seu ex.
— Acalme-se, Alex.
— Por que vocês dois não vão discutir isso em privado.
Eu tenho coisas para fazer. — Ian serviu-se de outro Scotch.
— E melhor alguém voltar a tocar a porra da minha música.
— Eu gostaria de uma explicação. — Alex praticamente
rosnou as palavras. — Foi-me dito que havia problemas no
clube e quando entrei, o único problema que vejo é que vocês
dois não foram para um quarto. Há salas privativas na parte
de trás, embora eu saiba que Ian não se importa com a porra
do público.
Ian se levantou, seu grande corpo ainda se movendo
com graça, apesar de ter bebido a maior parte de uma garrafa
de uísque. — Você sabe que eu não faço isso, amigo. E você e
Eve gostam de manter as coisas privadas. Talvez então
ninguém vá ver que você é como o resto de nós quando se
trata de sexo. É só uma porra de função corporal, hein?
— É isso o que está acontecendo aqui? Você é o dedo na
ferida da minha esposa?
Deus, ele era tão lindo, mas podia agir como um idiota
quando ficava com ciúmes.
— Sim, Alex. Após mais de dez anos de amizade, Ian e
eu decidimos nos tornar amantes. Eu não podia resistir a ele.
Ele é tão gentil.
A mão de Ian subiu no ar, o dedo médio estendido.
Eve caminhou para Alex, sua voz um sussurro áspero,
porque Ian precisava de algo mais do que o ato do homem
das cavernas de Alex. —Ele está chateado e eu aposto que
você sabe o motivo. Será que esta data tem um significado
particular? Existe uma razão para Eli Nelson ter lhe enviado
um cartão de aniversário?
A forma como o rosto de Alex empalideceu disse a ela
tudo o que precisava saber. Ele sabia sobre o casamento de
Ian. Ele sabia que ela morreu.
— Sim. Eu sei o que aconteceu na data de hoje. Recebi
um telefonema e esqueci. Eu costumo ter certeza que ele não
fique sozinho nesta data. Lembrei-me no minuto que entrei
aqui e ouvi dizer que porra de música ele estava ouvindo,
mas, em seguida, você estava sentada em seu colo. Droga. —
Ele se virou, gritando. — Simon, coloque a música de volta.
Guns N 'Roses começou a tocar de novo e Ian suspirou e
sentou-se.
— Nós precisamos dizer a Ryan que o clube está fechado
esta noite. Ele saberá quem chamar. Droga. Eu tenho que
trabalhar hoje à noite.
— Eu vou ficar de babá. — Liam colocou a mão no
ombro de Alex. — Isto é sobre a sua esposa?
Alex assentiu. — Este é o dia em que ela morreu. Ele vai
estar um pouco louco, uma vez por ano. Estive lidando com
isso. Nós normalmente vamos para a sua casa e deixo ele
ficar bêbado longe dos olhos do público, mas estava envolvido
em um caso.
Liam sabia. Todos sabiam, menos ela. Doeu um pouco,
mas Ian era tão reservado, ela não podia colocá-lo contra os
homens para manter a sua confiança.
Liam lhe deu um sorriso tenso de encorajamento. Ele
sabia o que ela estava planejando fazer esta noite.
— Eu acho que você tem algo mais para lidar esta noite,
companheiro. Vá falar com Evie. Vou me certificar de que ele
chegue em casa inteiro. Se você gosta de mim de alguma
forma, leve o Britânico com você. Por favor.
Alex franziu o cenho. — Eu não sei. Tudo bem. Apenas
preste atenção nele. Eu realmente tenho algo que preciso
fazer. Ligue-me se precisar de mim. E Simon vai levar o carro
de Ian de volta para o escritório. Você vai ter que levá-lo para
casa com você esta noite. Eve, você precisa de uma carona
para casa?
— Na verdade, eu esperava que pudéssemos conversar.
— Ele tinha acabado de ser um idiota, mas sempre foi
possessivo. Ela estava disposta a dar-lhe uma chance. A
primeira vez que ela o pegou abraçando outra sub, ela queria
arrancar o cabelo da mulher para fora de sua cabeça. — Você
tem tempo para jantar?
Ele parou, arregalando os olhos. — Você quer jantar
comigo?
— Sim. Acho que devemos conversar. — Eles raramente
passavam um tempo juntos, em que eles não estivessem
trabalhando ou fazendo exatamente o que Ian lhes acusou de
fazer, ter relações sexuais vazias. Já havia passado muito
tempo desde que eles apenas sentaram e conversaram e ela
sabia que foi culpa dela. — Que tal tailandês? Por minha
conta.
Seu maxilar quadrado e um olhar teimoso entrou em
seus olhos. —Tenho que trabalhar. Eu realmente não quero
nada mais do que aceitar seu convite e vou eventualmente,
mas tenho um caso que estou investigando e o tempo é
essencial.
— Você precisa de mim para fazer a verificação de
antecedentes sobre a menina? — Perguntou Simon. Ela não
notou ele encostado no bar. — Eu certamente poderia
descobrir se a menina é quem ela diz ser. Agora, certificar
que ela tem as conexões com Evans é outra história.
Eve sentiu como se o chão se moveu debaixo dela. —
Evans?
Era um nome comum. Poderia ser qualquer coisa,
porque não havia nenhuma maneira de Alex ter se envolvido
em qualquer caso tendo a ver com Michael Evans sem deixá-
la saber o que estava acontecendo. Ele não faria isso com ela.
De novo não.
O rubor no rosto dele disse a ela uma história diferente.
Sua postura toda enrijeceu como se tivesse na defensiva. —
Não é nada para você se preocupar, Eve. Eu irei para a
Flórida por algumas semanas. Eu vou falar com você quando
voltar.
Ele saiu do calabouço para o saguão e Eve afundou em
uma cadeira, com as mãos tremendo. Ela estava pronta para
começar de novo, mas nada mudou.
Nada mesmo.
Alex saiu do calabouço, xingando baixinho. Por que
diabos Weston sentiu a necessidade de mencionar o nome de
Evans? Ele era um idiota que acabou de fazer asneira.
—Ei!
Alex parou no meio do lobby, mas não se virou. Ele
sabia exatamente quem estava vindo atrás dele. Weston não
era o único gringo idiota que ele já teve que lidar. —Eu não
tenho que te dar ouvidos, Liam.
— Mas você deveria, porra! — Liam repreendeu,
voltando-se para ele. — Que diabos foi aquilo?
Quando Liam estava com raiva, seu sotaque irlandês
ficava mais acentuado e soava como – “Que diabosss foiss
aquilosss?” — Sim, ele estava irritado. Alex respirou fundo e
orou por um pouco de paciência, porque ele era o único que
poderia resolver aquilo. Weston falou fora de hora, mas ele
realmente esperava que Eve nunca fosse descobrir? Ele
passou a mão frustradamente pelo cabelo. Eve escolheu o
pior momento possível para relaxar as regras.
— Será que é falta de educação ressaltar que isso não é
problema seu, O'Donnell?
— Ela te chama para ir jantar e você recusa por conta
de um caso? — Liam sacudiu a cabeça. — Eu vou lidar com o
maldito caso. Basta me dar os detalhes e parar de agir como
um idiota. Eve tem algumas coisas para falar com você.
— Não importa. Ela não vai falar sobre isso agora. —
Que merda ela quer discutir? Ela finalmente iria rasgar o seu
contrato e separá-los para sempre? A amargura estava no ar.
Temos apenas que esperar.
O que diabos ele iria fazer se Eve finalmente o deixasse?
Liam se acalmou um pouco. — Ela vai se você pedir
desculpas. Basta voltar para lá e falar com ela, cara. Você
não pode imaginar o quão difícil é para ela fazer isso. Vai e
leve-a para jantar. Você ainda pode fazer isso direito.
Mas ele não podia. Ele perdeu essa chance há muito
tempo. —Eu não posso, Liam.
Eve passou por eles. Ela colocou os sapatos e o casaco
de volta. Por um breve momento, ela foi suave como há tantos
anos. Foi por isso que ele quase arrancou a cabeça de seu
melhor amigo. Ela parecia calma e doce nos braços de Ian.
Não havia mais a frieza dos últimos anos, e doía que o
carinho não foi para ele.
Só que ele estava lá quando ela o convidou para jantar.
Seus olhos se iluminaram com uma faísca que ele não viu há
muito tempo. Teria ela conhecido alguém? Como é que ele
encararia isso? Ele podia vê-la feliz com outra pessoa?
— Eu gostaria de uma carona para casa, por favor. —
Eve não olhou para trás, apenas ficou de pé ao lado da porta.
Era óbvio que toda a sua suavidade fugiu no minuto em que
ela ouviu o nome de Evans. Ele tinha razão em mantê-la fora
disso. Ele só queria protegê-la. Por que ninguém podia ver
isso?
Liam falou. — Vou te levar de volta ao escritório, amor.
Alex, fique com Ian até que eu possa voltar.
Eve levantou uma mão. — Eu gostaria que Alex me
levasse. — Ela se virou, e ele estava certo sobre a suavidade.
Não havia nada disso agora. Seu rosto estava sem expressão,
uma perfeita tela branca. — Acho que ele consegue me deixar
no meu carro antes de voltar ao trabalho. Você vai voltar para
o escritório, não é?
Ela não esperou por uma resposta, simplesmente saiu
para a luz da tarde, movendo-se em direção ao
estacionamento.
— Eu vou falar com ela— disse Alex.
— Ela ia lhe pedir para rever o contrato. — Disse Liam
com uma careta. —Por que ela ficou tão chateada sobre você
trabalhar? Você não pode sair por algumas horas?
Ela ia lhe pedir para rever o contrato? Como? Para lhe
dar mais liberdade? Ou menos? Porra. Ela não iria lhe
responder se ele pedisse agora. Não havia nada a fazer senão
seguir adiante. — Eu tenho uma pista sobre Michael Evans.
Liam amaldiçoou em voz baixa. — Você ia dizer a ela?
— Não. Ela não pode fazer nada e só vai se preocupar.
— Ele poderia trazer nada além de dor se falasse sobre isso
novamente.
Liam sacudiu a cabeça. — Mas é a preocupação dela,
Alex.
Liam não entendia. Ele passou por muita coisa, mas
nunca viu o seu amor dilacerado por um monstro. — Eu vou
te perguntar uma coisa e eu quero que você me responda
honestamente. Se algum homem houvesse estuprado e
brutalizado Avery, você iria querer vingança?
— Claro que sim, porra.
Pelo menos uma pessoa entendia. — Bom, então...
Ele estava com a mão na porta quando Liam falou
novamente. — Mas eu gosto mais da minha esposa. Se a
decisão fosse entre as duas, eu sempre a escolheria.
— Sim, bem, eu não entendo essa escolha. — Vingança
era realmente tudo o que ele desejava, e mesmo que Eve o
quisesse de volta, ele não tinha certeza se podia desistir de
procurar Evans. Enquanto ele estivesse lá fora, Eve não
estaria segura. Ele se lembrou da maneira que Evans o olhou
quando foi arrastado para o tribunal, em sua audiência de
fiança. Ele sorriu e murmurou — Nós não terminamos.
Não, se Evans estava lá fora, era apenas uma questão de
tempo antes que ele viesse atrás de Alex, e a única maneira
de ir atrás de Alex era através de Eve.
Ele se virou e caminhou até a porta do saguão, a música
ainda tocando no clube. Ele sabia que Ian tinha alguma
pista. Sabia que Charlotte estava morta, segurou seu corpo
em seus braços. Ele sabia que mais nada viria a partir dele,
mas parecia que ele ainda estava sendo assombrado. Todos
os anos, Alex esperava que não fosse ouvir a porra da música
e todos os anos, neste dia, era tudo que Ian tocava até
desmaiar e aparecer para trabalhar no dia seguinte com
olhos vermelhos e calado. Eles iriam passar os próximos
trezentos e sessenta e quatro dias fingindo que ela nunca
existiu.
Mas o fantasma de Alex parou na porta do passageiro de
sua caminhonete, uma carranca em seu rosto lindo. Ele saiu
para o calor do dia e abriu a porta para ela.
— Liam disse que queria renegociar nosso contrato. —
Ele tinha que tentar.
Ela se acomodou no assento. — Isso realmente não
importa agora, não é?
— O que você quer negociar, Eve? — Droga, talvez fosse
mais fácil para ele se ela quisesse se separar dele totalmente.
Pelo menos ele poderia focar no trabalho que estava em suas
mãos.
Seus olhos se voltaram para ele. — Eu quero ver o
arquivo, Alex.
— Não é um arquivo ainda. Warren está tentando
consegui-lo para mim pelos meios legais. — Ele fechou a
porta e deu a volta para o lado do motorista. Ele entrou e
ligou o motor, grato que não tinha que dirigir por muito
tempo.
— Bem. Eu quero saber o que você descobriu. Ele está
nos Estados Unidos?
Essa era a última conversa que queria ter, mas ela tinha
que saber. — Eu acho que ele é um visitante regular. Ele
parece estar estabelecendo algum tipo de conexão de negócios
aqui, uma série de clubes que está usando para vender
drogas.
— Ele provavelmente está usando os clubes para lavar
dinheiro, também. — Eve disse, com seus olhos na rua à
frente deles. — E ele também deve fazer outras coisas nos
clubes construídos também. Ele muito provavelmente tem
uma mulher em cada um dos clubes.
Parecia que eles estavam falando sobre um caso regular,
mas cada vez que ele olhava para ela, ele podia ver a cicatriz
em seu pescoço. Era a pior de suas cicatrizes. Esse corte foi
profundo e ainda era grosso em sua pele, mas havia mais
cicatrizes em suas costas e barriga. Elas eram fracas agora,
desapareciam em linhas brancas, mas ele se lembrava delas
frescas e sangrentas.
— Eve, você não tem que fazer isso. Vou checar a fonte
hoje à noite. Se ela parecer verdadeira, eu vou para a Flórida
ver este clube por mim mesmo.
— Ela? — A pergunta foi revestida em gelo.
Pelo menos ela ainda podia sentir um pouco de ciúmes.
— Sim. Seu nome é Kristen e ela é uma repórter investigativa.
Ela é apenas uma fonte, anjo. Ela está atrás de Evans por
causa dos narcoterroristas na América do Sul.
— Por que ela não chama os federais?
— Porque eles não podem trabalhar tão secretamente
como eu posso e eles não têm a mesma participação.
— Ah, então as pessoas que tem participação em um
caso devem ser os únicos a trabalhar? Excelente. Então eu
vou com você para a Flórida. — Explicou ela, sua boca em
uma linha teimosa.
— Absolutamente não. — Ele não a queria no mesmo
continente com Evans muito menos na mesma cidade. —
Eve, seja razoável. Provavelmente não é nada. Eu vou para o
clube, investigar por alguns dias e trago o relatório.
Mas algo lhe dizia que essa investigação dificilmente não
era nada. Cada instinto em seu corpo lhe disse que esta era o
que ele estava esperando e que Evans estava perto. Ele só
precisava entrar no lugar certo e esperar. Adam poderia
enterrar registros falsificados de modo que Alex poderia
passar qualquer verificação de antecedentes. Ele iria mudar a
sua cor do cabelo e usar lentes de contato coloridas. Na
maioria das vezes, iria se esconder atrás de um óculos de sol.
Ele era mais velho agora e seu corpo maior do que costumava
ser. Ele passava mais tempo na sala de musculação agora do
que costumava. Poderia esperar tempo suficiente para chegar
na mesma sala que Evans e, depois disso, não importaria se
o filho da puta o reconhecesse.
— Mudaria alguma coisa se eu lhe pedisse para não ir?
— Eve perguntou com uma voz perfeitamente calma, como se
o resultado não significasse nada para ela.
Ele parou em um sinal de trânsito. — Por que você faria
isso?
— Porque nós não podemos seguir em frente se você
continuar trazendo Evans entre nós.
— O que?
Ela alisou sua saia, mesmo que não tivesse uma ruga
sobre ela. — Ele está sempre lá.
— Porque você não pode esquecer. — Respondeu Alex,
sua voz baixa e amável. —Eu entendo, anjo. Você vai ser
capaz de dormir à noite se eu puder acabar com ele.
Ela riu, um som profundamente amargo. — Eu não sou
a única obcecada por Michael Evans.
Ele sentiu sua mandíbula apertar, apertou os punhos
no volante e virou para a rodovia. O centro apareceu diante
dele, o hotel Omni piscava sua sinfonia de luzes conforme o
dia virava noite. Eles estavam cercados por concreto,
fachadas e luzes. Ele olhou para as calçadas com seus
pequenos pedaços de grama perfeitamente mantidos em
pequenas caixas. Os passageiros no fim de tarde se
apressavam para chegar em suas estações de trem ou
estacionamentos. Eles estavam se movendo, mas Alex sentiu
como se estivessem parados. Ele e Eve realmente não
mudaram nos últimos anos. Eles ainda estavam tendo a
mesma discussão. — Ele nos manteve separados por mais de
cinco anos. Se isso não é obsessão, eu não sei o que é.
— Eu admito que estava machucada no início. — Eve
começou. — Mas ele não é o único que nos manteve
separados. Nós dois tivemos culpa e até que nós
reconhecêssemos o que tínhamos feito de errado, não
podíamos sequer pensar em estar juntos novamente.
Ela estava lançando a única isca que podia ser capaz de
afastá-lo, mas ela tinha que ser forte. Eles não foram capazes
de fazer isso com Evans entre eles. A única maneira de
avançar era acabar com Evans permanentemente. — Você
está tentando me impedir de ir atrás dele. Essa é a única
razão pela qual você está dizendo tudo disso.
Seus dedos apertaram as alças de sua bolsa. — Eu não
quero que você vá investigá-lo. Deixe para lá Alex.
— Eu não posso. Ele virá atrás de você novamente. —
Ele vem todas as noites em seus pesadelos. Evans viria atrás
dela e ela estaria sozinha e vulnerável.
— Não. Ele não vai. — Eve respondeu, com a voz firme.
— Ele não tem razão para isso. Ele mudou para coisas
maiores e melhores. Você é o único que ainda está jogando o
jogo. Dê as informações para Warren.
— Não. — Ele não podia confiar em mais ninguém para
lidar com isso. Kristen estava certa. Isso exigia uma equipe
pequena e muito discreta. Warren não conseguiria reunir isso
tudo a tempo.
— Então terminamos, Alex. Largue isso ou acabamos
completamente.
Seu estômago revirou. — Nós já terminamos faz um
longo tempo, Eve.
Ela ficou em silêncio. O único som na caminhonete era o
suave deslizar das rodas no asfalto e o som abafado do
tráfego além das janelas fechadas. E isso dizia a Alex que esta
poderia ser a última vez que estariam juntos sozinhos.
— O que você realmente queria falar comigo esta noite?
— Perguntou Alex. O escritório era logo à frente. Ele só tinha
mais alguns minutos com ela e ele pensou seriamente sobre
continuar seguindo. Apenas conduzir, para longe do
escritório e o caso e Evans e ambos os seus apartamentos
solitários.
Mas ele não poderia dirigir para longe de seus
problemas. Eles estavam sempre com eles, uma âncora
arrastando-os para baixo.
— Eu queria discutir a dissolução do nosso contrato. É
cruel para mim continuar usando você como eu tenho feito.
— Ela estava rígida em seu assento, com os olhos no
escritório, com as mãos cruzadas.
— Isso não é como Liam disse. — Liam soou
esperançoso.
— Mudaria de ideia, se eu dissesse que queria tentar de
novo?
Ela estava tentando mantê-lo fora do caminho do mal.
Isso era tudo. — Não. Se você quiser tentar novamente, você
vai esperar por mim.
— E se você quiser tentar novamente, você vai deixar
essa mentira.
Eles estavam em um impasse, mas essa foi a maneira
que eles desejaram viver durante anos. Nenhum deles foi
capaz de desistir ou ceder. Eles desperdiçaram anos. — Eve,
eu não quero perder você.
Ela suspirou. — Então, não vá.
O carro atrás dele buzinou e ele não tinha escolha a não
ser ir para a garagem. O primeiro carro que ele viu foi um
imaculado Mercedes branco, que pertencia a Eve. Ele parou
na frente dele e orou por apenas um pouco mais de tempo.
Ela saiu da caminhonete no minuto em que parou de
orar. Ela olhou para ele, seus olhos castanhos cansados. —
Você vai, não é?
— Sim. — Ele tinha que fazer.
Ela assentiu com a cabeça. — Você não está fazendo
isso por mim, você sabe.
— Claro que eu estou. Estou fazendo isso por nós. —
Então, eles poderiam se sentir seguros novamente.
— Claro que você está. — Ela murmurou. — Porque você
sempre toma as decisões corretas, não é, Alex? Você sempre
sabe tudo.
Exceto quando ele ignorou o seu aviso e arruinou suas
vidas. — Você não pode ver que eu estou tentando fazer isso
direito?
Ela bateu a porta, mas não antes de Alex ouvir Adam
gritando.
— Eve!
Ela se virou em direção a Adam, com um sorriso no
rosto. Durante anos ela não sorriu para o seu próprio marido.
Não o deixou beijá-la ou abraçá-la. Ela o mantinha no
comprimento do braço porque ele foi idiota, e agora ela estava
tentando impedi-lo de corrigir o seu erro.
Adam abriu os braços e Eve entrou neles para um
abraço.
Ela deu tanto para os outros homens de sua vida, mas
nada para o homem que a amava, que esperou por ela.
Mas ele iria fazer uma última coisa por ela. Ele mataria
Michael Evans e, então, ela estaria segura.
Em seguida, o jogo estaria acabado, mas Alex já sabia
que ele perdeu.
Eve olhou para o relógio. Quantas horas se passaram
desde que ela e Alex estiveram juntos? Dezoito? Dezenove?
Parecia uma eternidade e ainda assim ela ainda podia ver o
olhar no seu rosto.
Ela se recostou em sua cadeira. A sala de conferências
estava cheia e ela era a única mulher lá. Grace estava
trabalhando no momento e Eve sentia sua falta.
Ian entrou, deixou cair a pasta que carregava e colocou
seu enorme corpo na cadeira que ficava na cabeceira da
mesa. — Quem vai apresentar hoje?
— Apenas eu. — Disse Alex.
— Bem. Dê-me as atualizações antes de Alex ir. —Ian
olhou ao redor da mesa. Alex tinha razão. Se ela não
soubesse procurar o ligeiro tom avermelhado em seus olhos,
ela não seria capaz de dizer que alguma coisa estava errada
com Ian.
Jake lhe passou outro arquivo, este era um papel
grosso. — Nós esclarecemos o caso dos Sistemas McConnell.
Adam prendeu um dos vice-presidentes por vender as últimas
atualizações de software para um rival. Assim, a boa notícia é
que estamos livres por algumas semanas. Estamos avaliando
a segurança para uma empresa em Houston, mas esse
trabalho não vai começar imediatamente.
—Weston? — Ian perguntou, nunca olhando para cima.
Simon parecia absolutamente perfeito em seu terno
Brooks Brothers. — Eu tenho dois casos em andamento e
estou de segurança na viagem de Lyle Benson por Dallas.
Estou apenas coordenando, é claro. Ele tem seu próprio
pequeno exército de seguranças, mas estou verificando suas
rotas e os lugares que ele está pensando em ficar.
Ian franziu o cenho. — Sim, bem, mantenha o bilionário
feliz. Ele nos paga, e treinamos aquele pequeno exército dele.
Então, vamos começar com a parcela não-lucrativa do meu
dia.
— Eu disse a você, vou lidar com cada parte disso. —
Alex se levantou, seus olhos não encontrando os dela quando
passou e focou em Ian. — Eu só preciso de uma pequena
licença. Como nunca tive realmente um dia de férias nos
últimos cinco anos, eu acho que mereço.
— Oh, se eu pensasse por um segundo que você iria sair
para uma praia ensolarada, eu ficaria feliz em enviar sua
bunda para a rua. - Ian resmungou. — Mas você não vai fazer
isso, então eu tenho que ajudar. Qual é o plano?
Ela não fez nada durante toda a noite, mais do que se
preocupar com o plano. O que exatamente Alex descobriu e o
que ele estava pensando em fazer sobre isso? E por que
diabos ela deveria se importar? Ele estava escolhendo sua
própria vingança sobre ela novamente.
Quando ela perceberia que sempre iria estar em
segundo plano? Que o que aconteceu com ela era mais
importante do que quem ela era?
Ela apenas rezava para este ser um trabalho à distância.
Talvez ele iria apenas observar o clube a uma distância e
esperar até notar Evans. Ela poderia lidar com isso se ele
estivesse fora do caminho do mal.
— Eu vou trabalhar em um clube que suspeitamos ser
uma fachada para os negócios de Evans. Está tudo nos
arquivos. — Alex parecia cansado, como se tivesse ficado
trabalhando a noite toda. Ela suspeitava que, se olhasse em
seu escritório, iria encontrar suas roupas de ontem. Ele
sempre manteve uma muda de roupa em sua mesa no caso
de trabalhar a noite toda.
Ela lentamente tomou um gole de café, tomando
cuidado para esconder o fato de seu coração disparar com o
pensamento dele ir disfarçado.
— Como você conseguiu acesso ao clube? — Perguntou
Ian, abrindo a pasta. —Você pesquisou a repórter?
Simon assentiu. — Puxei tudo o que podia em sua
última noite. Ela se formou em Columbia com Mestrado em
Jornalismo. Trabalhou em dois pequenos jornais e, em
seguida, começou a fazer alguns trabalhos de freelancer. Teve
um par de grandes histórias e agora ela trabalha em tempo
integral como freelancer. Daí vem o dinheiro, tanto quanto eu
posso dizer. Ela é a única filha de um casal de socialites
ricos. Quando eles morreram há alguns anos atrás,
deixaram-lhe tudo. Tentei encontrar uma boa foto dela, mas
tudo o que consegui é esta foto desfocada no Paquistão
quando estava relatando sobre o distrito de Kashmir.
— Você não poderia encontrar uma foto do Facebook? —
Perguntou Adam.
— Não. Ela é muito discreta. Nenhuma mídia social. Sua
carteira de motorista está lá, mas ela tem que a renovar no
próximo ano.
Alex deu de ombros. — Parece bastante com ela. De
qualquer forma, Kristen tem trabalhado lá por vários meses,
e acha que Evans vai aparecer em breve.
— Que prova ela tem disso? — Perguntou Eve.
— Ela ouviu dizer que a cada seis meses ele vem
verificar as operações e colocar os seus lacaios na linha. Ele é
esperado a qualquer momento. Estou sendo contratado como
o Dom in Residence.
Ela sentiu sua pele ruborizar. Evans era um bastardo.
Talvez Alex estivesse certo de que Evans não esqueceu sobre
eles. Havia apenas uma razão para usar BDSM como um
tema e Alex sabia o porquê. — Ele colocou a nova rede como
clubes de BDSM?
— Elas são discotecas com temas de fetiche. — Alex
respondeu com firmeza.
Bem, Michael Evans sempre tinha um senso de humor
doentio. — Por que Ryan não poderia ir? Ele administra o
Sanctum.
— Ryan não é treinado. Se eu precisar de alguém para
ser como um CEO, vou mandar Ryan. — Alex respondeu.
— Considerando que é muito melhor enviar alguém que
está emocionalmente envolvido e quem poderia ser
reconhecido a qualquer momento. Sim, essa é uma ideia
muito melhor. — Ian disse com ameaça. — Gostaria de
explicar por que eu não vou participar?
A teimosia de Alex era mostrada em seu rosto. Suas
sobrancelhas franzidas e naqueles ombros fortes de
linebacker. Ele estava agindo como uma criança de cinco
anos de idade com um brinquedo que ele não queria
compartilhar, então por que ela o achava extremamente
atraente?
— A fonte só está disposta a trabalhar comigo.
Ian deu de ombros. — Então faça ela querer trabalhar
comigo.
Alex inclinou sobre a mesa, com as mãos espalmadas
sobre ela. —Você não sabe o quão difícil tem sido fazer com
que ela participe com alguém além de mim. Estive
conversando com essa mulher on-line por seis semanas.
Finalmente consegui fazê-la concordar em me encontrar e
ontem à noite consegui negociar para que eu pudesse levar
algumas pessoas. Eu pensei que ela fosse recuar. Ela vai, se
mudar os planos. Vou entrar, Ian. E você sabe muito bem por
que, e você faria a mesma coisa na minha posição.
Ian gemeu e deixou cair à cabeça para trás. — Bem.
Muito provavelmente eu iria, mas então você estaria no meu
lugar apontando como estúpido tudo isso é. Nós não sabemos
nada sobre esta mulher. Ela poderia estar trabalhando para
Evans pelo que sei.
Ele pensou nisso também. — Então vou começar a vê-lo
mais cedo do que pensava. Mas não acho que ela esteja
trabalhando para ele. Suas credenciais conferem e essa seria
apenas o tipo de história que ela normalmente faz. Falei com
dois dos editores que ela trabalhou e disse que ela é uma das
melhores no negócio, mas desaparece por longos períodos
porque se disfarça. Eu sei que tenho uma chance.
Frustrado Ian passou a mão pelo cabelo e parecia ceder.
— Então, como podemos chegar lá? Se você pensa que vai
sozinho, está louco.
Os olhos de Alex encontraram o arquivo novamente. —
Como eu disse, eu negociei com ela, mas ela é teimosa. Posso
levar três pessoas comigo. Preciso de Adam a postos.
Adam assentiu. — Certo. Preciso ir para a Flórida? Faça
isso rápido. Serena ainda pode voar por cerca de seis
semanas. Depois, eu estou preso aqui, porque eu não vou
deixá-la para trás enquanto ela está grávida.
— Sim, porque Deus sabe que não posso cuidar dela—
disse Jake com um longo suspiro.
— Bem, você esqueceu seus marshmallows. Ela está
carregando nosso bebê e você espera que ela vá beber
chocolate quente sem marshmallows.
— Querido Deus, você acha que ela é a porra da rainha
da Inglaterra. — Disse Ian revirando seus olhos.
— Nem um pouco. — Simon respondeu. — Sua
Majestade nunca iria tocar em nada tão sem qualidade como
cacau. Agora, o meu primo William por outro lado,
definitivamente prefere marshmallows. Harry finge que seu
creme irlandês é de cacau, e mesmo assim ele vai e coloca
uísque. — Simon estava prestando atenção.
Liam fez um som de vomito. — Volte para Buckingham,
Prat. E isso é completamente estúpido. Você é como um
primo de terceiro grau e seu irmão o herdeiro.
Simon se inclinou para frente, obviamente, disposto a
prolongar a discussão, mas Eve tinha outras coisas em sua
mente. — Evans sabe como você é, Alex.
Todos olharam para Alex. Pelo menos ela não era a
única com preocupações.
— Eu estou maior do que era naquela época. Eu tenho
30 kg de músculo. Vou usar lentes de contato coloridas e vou
usar o meu cabelo mais raspado. Está mais grisalho do que
naquela época e eu costumava mantê-lo mais estilizado e
comprido.
Porque a aparência significava algo no Bureau. Alex foi
subir a escada, e Eve o incentivou. Ela adorava a maneira
como ele ficava em um terno. E ele estava certo. Nenhum
desses fatos se encaixa com ele agora. Ele estava muito
musculoso. — Eu acho que é um risco.
— Um que eu estou disposto a correr, mas você sabe tão
bem quanto eu que atitude e percepção são mais importantes
do que olhares reais. Eu não me apresento da mesma forma
como costumava fazer. Em um olhar superficial, Evans
provavelmente não vai me notar e as pessoas que trabalham
no seu clube não me conhecem. Mesmo com a cobertura da
imprensa, o Bureau tornou nada claro. Eu vou ficar bem.
Ela não tinha tanta certeza, mas era óbvio que ele não
podia falar sobre isso. E outro problema plantou em seu
cérebro como uma erva daninha que ela precisava arrancar.
— Dom in Residence? Então você vai executar cenas e
manipular subs?
Ela colocou com cuidado a ênfase na palavra —
manipular.
— Você está perguntando se eu vou ter de foder as
submissas? — Perguntou Alex.
O resto dos homens estava observando-os como se
fossem uma partida de tênis muito bem jogada, suas cabeças
virando entre eles.
— É muito cedo para a pipoca? — Adam sussurrou para
Jake.
— Shh! — Jake sussurrou de volta.
Bem, ela começou. E eles eram uma família um pouco
estranha. Se não fosse ela quem estivesse em exibição, teria
se sentado ao lado de Adam assistido a cena de fora. Ela
estava meio que acostumada a fazer sua terapia em público e
seminua. Era a forma do seu pequeno mundo.
— Sim, eu estou curiosa se você vai foder metade da
Flórida.
Oh, ela fez sucesso com isso. Um músculo no maxilar de
Alex se contraiu, um sinal de que ele estava chateado. E seus
olhos se estreitaram e ela sabia que o que estava prestes a
sair de sua boca iria doer para cacete.
— Não, Eve. Apenas uma. Eu vou estar ocupado
somente com uma. Eu estou levando uma sub de Sanctum
comigo. Ela é uma agente da polícia e vai disfarçada. Falei
com ela ontem à noite e ela concordou em usar o seu tempo
de férias para vir comigo. Eu só vou ter que transar com ela.
Uau. Um chute no estômago seria melhor.
Ele franziu a testa. — Eve, eu não deveria ter-lhe dito
desse jeito.
Ela balançou a cabeça. — Não. Eu perguntei e você
respondeu. Eu entendo.
Capturar Michael Evans era mais importante do que
qualquer coisa. Sempre foi e ele não iria compartilhá-lo com
ela. Ela levantou. Ela não era necessária aqui. De modo
nenhum.
— Eu vou deixar você terminar sem mim desde que não
estou envolvida nesta operação. Eu tenho perfis psicológicos
para trabalhar de qualquer maneira. Se você me der licença.
Levantou-se, levando seu café com ela. Latte com baixo
teor de gordura, sem creme. Essa era sua vida agora. Sim.
Ela escolheu isso. Ela estava indo trabalhar em seu próprio
perfil, ela poderia escrever página após página. "PTSD.
Problemas de controle. Simplesmente seu TOC por
organização."
O assunto trazia à tona vários acontecimentos trágicos
de seu passado. A pessoa não está disposta a sequer pensar
em passar a sua própria dor e se contenta em permanecer
impassível, porque tem medo de sua paixão, foi o que lhe
custou em primeiro lugar. Ela teme outra perda de controle,
embora não possa suportar a pessoa que se tornou.
Assunto deve morrer.
Sim, ela provavelmente não deve avaliar a si mesma. Ela
ficou muito mal quando fez isso.
— Eve.
Ela estava quase em seu escritório. Não se virou, porque
tinha certeza de que essas lágrimas traquinas estavam
começando novamente.
— Está tudo bem, Alex.
Ela tentou entrar em seu escritório, mas ele a seguiu,
fechando a porta atrás de si.
— Você realmente não tem o direito de reclamar com
quem eu vou dormir.
Ela se virou, não se importando que ele a visse. — Você
está no lado errado da porta.
— Eu não quero sair. — Disse ele. Seus punhos estavam
cerrados ao lado do corpo.
— Então não vá. Vamos deixar Ian lidar com isso. Ele
pode desempenhar esse papel.
— Eu não posso fazer isso.
Não havia outra solução para o problema.
— Então me leve como a sub. Se vai ser tão fácil
enganá-los, então eu posso colocar uma peruca e ambos
sabemos quanto peso eu perdi e que eu ficaria diferente.
O rosto dele se fechou. — Eu não vou levá-la.
Ela podia ser teimosa também quando a raiva acendia
dentro dela.
— Então você tomou essa decisão e deve deixar o meu
escritório. Você também deve saber que eu não vou estar aqui
quando voltar. Eu vou encontrar outro emprego. Porra, eu
vou encontrar outra cidade, e, então, nenhum de nós terá
que passar por isso de novo.
Suas mãos agarraram seus braços arrastando-a para
perto. — Eu não quero que você vá embora.
— E eu não quero que você vá. — Ela precisava afastá-
lo. Agora mesmo. Apenas empurrá-lo e tirá-lo do escritório
antes de fazer algo estúpido. Insanamente estúpido. E parar
de olhar para os lábios dele.
Seus olhos não estavam obedecendo. Deus, ele tinha os
lábios mais lindos. Eles eram cheios e sensuais e quando
sorria, poderia iluminar uma sala. Alex se ergueu sobre ela,
cada um metro e noventa e oito centímetros um testamento
de pura beleza masculina, de seu cabelo dourado até aqueles
olhos verdes profundos, a um corpo que ela queria tocar, mas
não podia se permitir.
Ele a puxou para mais perto. — Eu não quero qualquer
outra mulher. Você é a única que eu quero para mim.
Ele esfregou seu pênis ao longo de sua barriga e ela
quase gemeu. Estava duro. Longo e grosso, seu pênis era tão
perfeito quanto o resto. Ela não conseguia evitar. Ela se
moveu contra ele. Não importa o que tinha entre eles, ela
nunca poderia esconder a sua resposta. Ela podia controlar a
interação, mas ela ansiava por ele. Cada minuto de cada dia,
ela queria Alexander McKay dentro dela.
Mesmo que eles estivessem de pé em seu escritório e o
resto da equipe estivesse apenas algumas portas de distância,
todo o seu corpo suavizou, preparando-se para recebê-lo
dentro.
— Deixe-me beijar você. — Ele baixou a cabeça para a
dela.
Ela se virou. Isso era uma das coisas que ela queria
mudar em seu contrato, mas não podia fazê-lo agora. Todas
as razões pelas quais ela escreveu seu contrato em primeiro
lugar estavam de volta no jogo. Ele estava decidido em
perseguir a vingança e deixá-la para trás.
— Droga. — Suas mãos se moveram, um braço se
movendo sob suas pernas. Ele levantou-a facilmente, seu
rosto duro quando olhou para ela. — Então eu vou pegar o
que você vai me dar. Você vai permitir que eu a beije em
outro lugar, não é, Eve?
Ele a deitou em sua mesa. Ele não precisou mover nada,
porque ela mantinha sua mesa intocada e livre de desordem,
como manteve sua vida. Tudo tinha seu lugar e ela o
mantinha com uma proficiência brutal.
Suas costas foram assentadas contra a mesa e ela sabia
que deveria protestar, mas ele já estava em movimento,
empurrando sua saia para cima e puxando o fio dental que
ela usava.
— Eu odeio essas coisas, mas é por isso que quer usá-
las, não é? — Ele rosnou a pergunta arrancando a pequena
tanga de seda dela.
E ela não podia negar. Não era porque sabia que ele
odiava. Foi mais um caso de necessidade de tomar a sua
identidade de volta. Alex a proibiu de usar calcinha quando
eles estavam casados, e por um longo tempo depois de terem
se divorciado, ela não foi capaz de suportar a sensação delas
contra sua pele. Ela assumiu uma necessidade perversa de
provar que estava no controle do que usava, da mesma
maneira que foi com alimentos. Alex exigiu que ela se
entregasse, então ela aceitou o controle e compartilhou o que
era permitido.
Ele puxou seus tornozelos, forçando-a para baixo da
mesa até que sua bunda estava quase pendurada. Ele
separou as pernas dela, mas então sabia muito bem o que
isso faria com ela. Esta era a única maneira que ela podia se
submeter mais. Ela pensou, por um momento, que eles
poderiam ter algo mais, mas se isso era tudo o que havia
entre eles, então iria pegar.
— Me peça.
Ela fechou os olhos. Ele sempre exigiu isso dela. Era a
única coisa que ele tinha pela qual foi inflexível. Ele estava
disposto a desistir de beijá-la, dormir abraçado, mas ela sabia
que nunca iria desistir disso.
— Alex, você vai me tocar?
— Não está bom o suficiente.
Ele queria ouvi-la falar sujo. — Alex, você vai colocar a
sua boca em mim?
Ele virou-a tão rápido que ela mal conseguiu registrar o
movimento. Um minuto ela estava deitada de costas e no
outro ela estava de bruços sobre a mesa, com as pernas no
chão. Um tapa forte explodiu através do escritório, e ela
sentiu seus olhos lacrimejarem. Ele deu um tapa na bunda
dela cinco vezes seguidas, e cada polegada de sua pele ardeu
com apenas a quantidade certa de dor. Deus, ela precisava
disso. Ela não tinha ideia de como nunca iria passar um dia
sem a possibilidade de suas mãos sobre ela.
Mesmo com tudo o que passou, ela não podia deixar de
querer este homem. Foi assim desde o momento em que ela
colocou os olhos sobre ele, e tinha a maldita certeza de que
iria para a sua sepultura com ele em seu coração.
Ele se inclinou, emaranhando uma mão em seu cabelo.
Ele puxou suavemente, mas todos os nervos de seu couro
cabeludo estavam vivos. O bastardo sabia exatamente o que
puxar seu cabelo fazia com ela. Sua vagina começou a pulsar,
apenas implorando para gozar. Ela podia sentir sua ereção ao
longo de seu traseiro. Anos. Fazia anos desde que ele esteve
lá, desde que ele empurrou seu enorme pau dentro dela e a
fez gritar seu nome.
— Tudo bem, anjo, aqui está a verdade. Você vai me dar
o que eu quero. Você pode ter-me tão atado às regras que eu
não consigo ver direito a metade do tempo, mas eu sou o
Mestre. Você vai dizer as palavras que eu quero ouvir ou vou
embora. Sem surra. Sem sexo. Você vai se sentir dolorida
durante todo o dia e vai se arrepender por não dizer as
palavras.
Ele puxou o cabelo dela, provando seu ponto quando ela
engasgou com prazer.
— Por favor, Alex, por favor, fode minha boceta. Por
favor, me lambe, me morde e me fode com a sua língua.
Ela podia sentir sua respiração na parte de trás de seu
pescoço, sua boca pairando ali. Ele correu seu nariz através
de seu cabelo, inalando seu cheiro antes que se afastasse e
lhe deu mais dez golpes fortes e rápidos que a deixaram sem
fôlego. Ele a virou de costas.
— Abra as pernas. — Sua voz era como chocolate meio
amargo e cheia de comando.
Eve fez o que ele exigiu, colocando os calcanhares na
beirada da mesa, sua vagina aberta. Seu coração estava
acelerado, sangue pulsando através de seu corpo. Ela não
esteve espontânea em anos. Ela colocou Alex em seu devido
lugar e o manteve lá. No quarto dela, uma vez por semana,
sem beijo, sem dormir.
Mas ela não podia afastá-lo agora. Sentia-se gananciosa
e desesperada para ter sua boca sobre ela. Se ele tivesse
cedido, mesmo que um pouquinho sobre o caso de Evans, ela
provavelmente iria beijá-lo pela primeira vez em anos, devorar
sua boca e esperar pelo futuro.
Alex se aproximou dela. — Se isso é tudo o que posso
ter, você sabe que eu vou tomar.
Ele caiu de joelhos e ela sentiu seu nariz onde seus
lábios se separaram. Ele sempre parecia amar seu cheiro. Ela
foi muito autoconsciente no início, mas Alex quebrou seu
hábito e de tantas inseguranças autodestrutivas. Ele a amou
como ela era e cheirava, e de alguma forma foi suficiente para
ela.
Ela deixou seus olhos rolar para trás enquanto ele deu
um primeiro e longo golpe com a língua. Apenas por alguns
momentos, nada mais importava. Não o passado. Não o
futuro. Por estes breves momentos, eles eram apenas Alex e
Eve novamente.
Este era o paraíso.
Quando Alex pressionou sua língua contra ela, tudo o
que ela podia fazer era implorar por mais.
Alex queria lhe dar muito mais. Ele queria rasgar cada
peça de sua roupa e beijá-la da cabeça aos pés. Ele iria
afundar suas mãos em seu cabelo macio e puxá-los. Ele iria
passar pelo menos uma hora em sua boca, conhecê-la de
novo, chupar seus lábios e sua língua, se roçarem e segurar a
cabeça do seu pau para que pudesse comê-la.
Ele usaria as mãos para adorá-la, não deixando um
centímetro daquela pele de porcelana intocada, não amada.
Levaria o dia todo e ninguém poderia detê-lo. Ele iria amarrá-
la, usando técnicas intrigadas de 7Shibari. Ele poderia passar
horas e horas enrolando amorosamente cordas de seda ao
redor de seu corpo, criando um vestido para ela exibir.
Mas ele tinha que se contentar com isso. Tinha que
seguir suas regras agora. Nenhum beijo. Ela só estava
disposta a ser tocada por toda parte quando ele ficava tão
quente que ela esquecia suas inibições. Esta era à única
maneira que ela poderia aceitar carinho agora. Cada toque e
carícia, cada palavra, tinha o seu lugar e suas fronteiras.
E ele ainda precisava dela. Ele amava o jeito que ela
cheirava e como ficava molhada perto dele. Sua vagina era
rosa e quente pela excitação, seu creme deixando suas
7
É um estilo japonês de amarração sexual ou BDSM que envolve desde técnicas simples até as mais complicadas de nós,
geralmente com várias peças de cordas.
paredes lisas e prontas para seu pênis. Ele bateu em sua
vagina, deixando sua língua ir de sua boceta apertada até a
joia do seu clitóris. Ele podia ouvir seus gemidos e gritos,
cada um ia direto para seu pênis.
Ela era a imagem perfeita de uma fêmea saciada, com a
saia empurrada em volta de sua cintura e dois botões de sua
blusa desfeitos. Ele podia ver seus seios espreitando através
de seu sutiã de renda.
Uma batida na porta o assustou. Ele quase rosnou
quando ouviu uma voz familiar.
— Eve?
Liam. Droga. Seu sotaque irlandês com o tom
preocupado de sua voz. Ele sabia que eles não estavam
envolvidos, sabia que Liam era um bom amigo para ela, mas
ele odiava o fato de que ela passava tanto tempo com ele,
dando-lhe seus conselhos, seu sorriso suave e sua risada. Ele
chupou seu clitóris em sua boca, mordendo suavemente.
Queria ter certeza que Liam não achasse que ele estava
machucando-a. Ah não. Ele não a estava machucando.
Ela gemeu, o som alto e seguro.
— Eu vou voltar mais tarde então. — Ele podia ouvir
Liam dando risada enquanto se afastava.
— Filho da mãe, você sabia que eu iria quase gritar. —
Ela sussurrou, como se ela ainda pudesse manter o que eles
estavam fazendo em segredo.
Ele sabia exatamente o que fazer para que ela gritasse, e
ele não se importava se todos no departamento soubessem
que eles estavam fazendo amor.
— Eu vou fazer com que você faça mais do que gritar,
anjo. Eu vou fazer você gozar.
Ela era a única mulher que ele tocou de uma forma
sexual desde que tinha vinte e três anos de idade. Ela era a
única mulher que ele queria tocar para o resto de sua vida. O
pensamento de ter que fazer sexo com Amanda o deixou
enjoado, mas ela era a melhor sub para a operação. Ele
procurou todas as possibilidades, e ela era a única que fazia
sentido. Ela era policial. Ela tinha alguma experiência e ela
sempre foi obediente. Ele iria encontrar uma maneira de
contornar o sexo. Fingiria. Droga, ele não tinha certeza de
que seu pau iria ficar duro sem Eve. Ele podia inventar
alguma história de merda sobre a retenção de seu pênis por
causa do mau comportamento de sua sub. Tudo o que
importava era permanecer fiel à sua esposa para que pudesse
voltar para casa e tentar novamente.
Quando ele a libertasse do poder de Michael Evans, eles
poderiam começar de novo.
— Por favor, Alex. — Ela olhou para baixo, lambendo os
lábios enquanto o observava lamber sua vagina.
Ele afastou ainda mais as suas coxas, espalhando-as
para o seu deleite. Ele sugou seu clitóris, não o suficiente
para fazê-la gozar, mas apenas o suficiente para fazer, seus
quadris moverem-se contra sua boca. Era para isso que ele
vivia. Ele arrastou a sua língua por toda a sua boceta. A
carne era suave e quente, como manteiga regada com mel.
Ele a fodeu, mergulhando sua língua profundamente.
Ele a puxou para que pudesse ir tão longe quanto sua língua
iria deixá-lo. Esfregou o nariz contra seu clitóris,
pressionando com força para que estivesse estimulando
ambas às partes de sua vagina. Mais e mais ele fodeu e
esfregou até que a sentiu quase gozando, suas mãos
encontrando seus cabelos e puxando-o para perto.
Ela estava no limite, exatamente onde ele queria que
estivesse.
Beijou-a, sugando cada lado de seus lábios vaginais em
sua boca enquanto deixava um dedo encontrar sua boceta e
fodia profundamente. Ele colocou sua língua no seu clitóris
novamente e curvou seu dedo para cima em sua vagina,
buscando aquele ponto que sempre fez Eve gozar. Ela era tão
receptiva, tão fácil de levar ao limite do desejo. Quando ela
estava se contorcendo contra a sua língua e dedos, sentia-se
com cerca de três metros de altura. Ele estava cercado por
Eve. Seu aroma, seu gosto. A sensação sedosa de sua pele se
tornou seu mundo inteiro.
Seu pênis estava agonizando, mas ele gostava dessa
maneira. Essa porra significava que ele estava vivo e ela
ainda estava com ele. Cada pulsar e movimento de sua carne
corria ao longo de sua espinha. Ele a teria em breve. Poderia
deleitar-se em agradá-la, porque sabia que sua hora chegaria.
Deslizou a mão livre sob suas nádegas. Mesmo que ela
tivesse perdido peso, a bunda dela ainda era curvilínea e
encantadora. Sua coisa favorita no mundo era bater mais e
mais até que ficasse um rosa lindo. Ele amava tudo desde os
sons, o forte agudo e, em seguida, seus gemidos e suspiros
pequenos e suaves, até a maneira que sua pele ficava quente
e rosa, sinalizando a sua prontidão. Quando via o tom rosado
de seu traseiro, sabia que sua vagina estava macia, molhada
e pronta para ele.
Puxou seu cabelo, querendo que ela estivesse tão
molhada quanto ele pudesse deixar. Ela era a sub perfeita
para ele. Ele não era um sadista completo. Não queria
machucá-la, mas queria um sexo indecente, sujo e duro e
Eve respondia a isso.
Penetrou dois dedos em sua vagina enquanto chupava
seu clitóris, mordendo-o. Com a mão livre, segurou-a
firmemente, seus dedos afundando na doce carne de seus
quadris. Seu sabor picante encheu sua boca quando fechou
os dedos, e a sentiu começar a tremer e gemer.
Seu mel revestiu sua língua quando sentiu os pequenos
músculos de sua vagina apertando seus dedos fortemente.
Ela ficou em silêncio enquanto gozava, os únicos sons eram
seus pequenos gemidos e suspiros.
Ele puxou os dedos para fora, lambendo o creme deles
antes que desabotoasse sua calça. Sua ereção era grossa e
pulsante, desesperado para chegar até ela. Empurrou sua
cueca para baixo e levou seu pênis na mão. Ele olhou para
ela. Ela era uma visão maravilhosamente decadente com seus
olhos saciados e devassos. Seu peito estava se movendo para
cima e para baixo, os mamilos lutando contra o material fino
de seu sutiã e camisa de seda. Com a mão livre, ele se
abaixou e espalmou um seio. Tal como o resto dela, eles eram
menores do que antes, mas ele amava a sua forma e como
eles incharam sob sua mão.
— Alex, devemos conversar. — Ela estava saindo da
névoa da luxúria. Ele podia ver claramente. Ele só tinha um
par de segundos para trazê-la de volta ou ela iria empurrá-lo
para fora de seu escritório, e nada estaria resolvido entre eles.
— Você vai me deixar assim? — Ele acariciou seu pênis
sabendo muito bem que ela não faria isso, mas um pequeno
grão de ressentimento o deixou animado. Ela queria
conversar depois dele ter-lhe dado o que ela precisava, mas
não tendo nada para si mesmo. — Eu segui todas as suas
regras. Você terminou com isso, também?
— Alex. — Ela sussurrou seu nome e pela primeira vez
em muito tempo, ele viu alguma emoção em seu rosto. — Eu
não quero brigar.
Ele queria pegá-la em seus braços e levá-la para casa e
cuidar dela outra vez.
— Eu também não quero brigar, mas se você não vai me
deixar tê-la, deve me dizer agora para que eu possa encontrar
um chuveiro e obter a água tão fria quanto possível.
Ela sentou-se e ele tinha certeza que ela iria endireitar
suas roupas e ir embora. Ele não fez o que ela queria, o que
parecia ser a dinâmica de seu relacionamento agora. Seus
olhos voltaram-se para baixo, e ela viu seu pênis. — Isso
parece doloroso.
— Sim.
Um pequeno sorriso curvou seus lábios para cima e
cada palavra que saiu de sua boca era uma sedução gutural.
— Eu sou uma terapeuta. Não posso deixar uma pessoa
com dor.
Ela estendeu a mão e tocou-o. Ele quase gozou ali
mesmo. Havia muito tempo desde que ela o tocava por
qualquer coisa, exceto para equilíbrio e apoio durante uma
cena sexual muito baunilha. Ela lambeu seus lábios sensuais
enquanto o acariciava para cima e para baixo.
A palma de sua mão era suave e ela o segurou com um
aperto forte, as unhas de ponta branca formando um punho
em torno dele. Deixou-se desfrutar da sensação dela
segurando seu pau até que um grande problema lhe ocorreu.
Droga. Ele não estava preparado para algum prazer em seu
escritório. — Eu não tenho nenhum preservativo.
Ele mantinha uma caixa em seu apartamento porque
esse era o único lugar que eles tiveram relações sexuais.
Talvez ele pudesse deixá-la acariciá-lo até gozar. Suas mãos
pequenas, perfeitamente cuidadas acariciou-lhe mais e mais.
Um sorriso perverso atravessou seu rosto. — Você
também não tem lubrificante e em alguns minutos isto vai
ficar difícil para você. — Ela gentilmente bateu um polegar na
cabeça do pau, recolhendo o liquido que saia de lá. Ela estava
certa. Não seria suficiente. Um bom trabalho manual exigia
lubrificação.
Ele se afastou. Porra. Agora acima de tudo, ele estava
sexualmente frustrado.
Eve se deitou em sua mesa, abrindo as pernas
novamente. — Está tudo bem. Nós dois sabemos que nenhum
de nós tem uma doença.
Eles só tiveram relações sexuais um com o outro
durante mais de uma década.
Um olhar triste veio sobre seu rosto. — E ambos
sabemos que o outro problema é muito improvável de ocorrer.
Faça amor comigo antes de sair. Uma última vez.
Não era a última vez. Não podia ser a última vez. Ele não
iria deixar ser. Ela veria que quando ele tivesse terminado
este capítulo de suas vidas, eles poderiam começar um novo.
— Eu não posso deixar você ir embora, Eve. — Ele se
abaixou, assumindo o controle de seu pênis e colocando
diretamente na sua entrada. Calor ameaçava dominá-lo
quando apenas a ponta escorregou para dentro. Cada
músculo em seu corpo ficou tenso quando ele se forçou a
ficar parado. — Eu simplesmente não posso fazer isso.
Ele colocou tudo, e suas pálpebras se fecharam quando
ela respirou fundo e se ajustou a seu pênis.
— Você não pode deixar ir um monte de coisas. Esse é o
nosso problema. Mas isso, não é o nosso problema. Deus,
você é tão gostoso.
Ela não falou mais durante o sexo. Como era patético
que cinco pequenas palavras dela foram o suficiente para
fazê-lo se sentir a três metros de altura? Ele era gostoso para
ela? Bem, ele poderia dar-lhe mais. Muito mais. Ele agarrou
seus quadris, odiando as roupas entre eles. Ele a queria nua
e preparada para ele, mas a situação era muito urgente. Ele
precisava dela agora.
Tão apertado. Ele não tinha ideia de como ela ficou tão
apertada. Anos e anos se passaram. Fizeram amor mais vezes
do que ele poderia contar, e cada vez que ele estava dentro de
Eve, parecia como a primeira vez. E não havia nada entre
eles. Ele veio a utilizar preservativos durante anos, dizendo a
si mesmo que não era tão diferente. Ele estava errado. Isso foi
primordial. Ele estava ligado a ela. Ela poderia colocar todas
as regras e paredes entre eles, mas para estes poucos
momentos, eles estavam conectados.
O calor ameaçava frisar sua espinha. Seu pênis foi
cercado, engolfado por ela. Ele teve de forçar sua entrada,
centímetro por centímetro. As pernas dela circularam seus
quadris. A sensação de seus saltos pressionando contra ele o
fez gemer. Os saltos dela poderiam deixar marcas nele por
horas depois e ele adorou. Dias depois, ele poderia sentir
uma pontada de dor e lembrar o quão forte ela gozou.
Este era o lugar onde ele queria estar. Este era o lugar
onde sempre quis estar.
Ele deixou a cabeça rolar para trás, seus sentidos
assumirem. Ele revirou os quadris, tentando chegar tão
profundo quanto poderia. Tocou seu clitóris. Ele não iria
durar muito. Ele já podia sentir um formigamento ao longo de
sua espinha quando suas bolas incharem, prontas para
disparar e enchê-la. Não havia nenhuma maneira de que ele
pudesse aguentar quando ela estava tão molhada e apertada,
tão apertada em torno dele.
Ele a fodeu, deixando seus instintos levá-lo. Indo até o
fundo e, em seguida, puxando para fora antes de deslizar
dentro e para cima, procurando seu ponto G. Mais e mais ele
bateu sua carne na dela como se ele pudesse marcá-la e
forçá-la a ficar com ele, nunca o deixar.
Seus saltos cavaram em seu traseiro enquanto ela os
segurava firmemente juntos. Foi uma luta para puxar para
fora o suficiente, mas a fricção doce estava fazendo seu
trabalho e rapidamente. Ele pressionou seu clitóris,
circulando-o com o polegar até que ouviu seu suspiro, sentiu
a tensão de seu orgasmo em seu pau e ele não conseguia
segurar um segundo a mais.
Ele se derramou dentro dela. O gozo borbulhava de suas
bolas, disparando em ondas de prazer. Ele arrastou o
oxigênio em seus pulmões quando uma sensação de paz
tomou conta dele. Caiu para frente, o peito contra seus seios.
— Alex. — Ela ainda estava debaixo dele. — Alex, você
deve se mover agora. Eu não posso respirar.
Ele era pesado, mas ela adorava tê-lo em cima dela.
Obrigou-se a se mover, para deixá-la. Sua cabeça estava
girando, mas ele sabia uma coisa. Isso não acabou. Suas
mãos tremiam um pouco quando ele puxou a cueca e
abotoou sua calça. —Nós vamos conversar quando eu voltar.
Não pense que vou deixar a situação ficar assim para sempre.
Ian estava certo. Ele deixou-a conduzir o barco por
muito tempo. Se eles tinham qualquer tipo de chance de
ficarem juntos, ele tinha que começar a empurrar seus
limites.
Ela se sentou, tentando endireitar suas roupas. Não o
encontrando nos olhos. — Então não vá.
Ela ainda estava tentando controlar tudo, mas ele não
podia deixá-la neste momento. Se Evans estava lá fora, era
apenas uma questão de tempo antes que ele viesse atrás
deles novamente. — Eu tenho que ir, mas vou voltar.
Sua voz tremia um pouco quando ela desceu da mesa e
puxou a saia para baixo. Ele queria estender a mão, mas ela
se virou. — Se você voltar para seu mundo, você iniciará
outra guerra.
A guerra nunca terminou. Ele esteve em espera. Ela
devia saber mais do que ninguém. — Eu amo você, Eve.
Ele se virou e se afastou, tentando colocar sua mente na
tarefa em suas mãos.
— Eve? Você quer uma taça de vinho?
As palavras de Grace puxaram Eve para fora de sua
miséria. Ela rebocou um sorriso em seu rosto e olhou para
cima. — Sim. Parece bom.
Por que diabos ela decidiu vir aqui esta noite? Ela
deveria ter enviado um presente por Avery e se trancado em
seu apartamento por alguns dias. Não estava exatamente no
clima para um jantar, mas prometeu a Grace. Havia apenas
algumas horas desde que ela e Alex se separaram. Ainda
podia senti-lo dentro dela. Havia uma dor agradável em seus
ossos, porque ele foi muito duro. Fazia anos desde que ele a
tratou como hoje, como se ela não fosse feita de vidro, como
se ela fosse uma mulher.
Grace sentou-se ao lado dela, entregando-lhe a taça de
vinho tinto. Ela tinha o mesmo em sua mão. Um pequeno
sorriso atravessou seu rosto e ela suspirou enquanto bebia.
— Deus, faz tanto tempo que não bebo uma taça de vinho.
Eve tomou um gole. Era rico com toques de cereja. — Eu
não tenho certeza se eu poderia ficar muito tempo sem uma
taça.
Serena riu quando se sentou do outro lado de Eve. Ela
estava vestindo calça jeans e um top de babados que com
sucesso escondeu o que Eve sabia que era uma pequena
barriga de gravidez. Ambas, Serena e Avery estavam grávidas.
A filha de Grace tinha apenas seis semanas de idade. Todo
mundo estava tendo bebês, seguindo em frente.
Ela olhou para o pátio, onde Ian estava sentado em
frente à piscina, conversando com Simon. Todo mundo estava
construindo uma vida para si, exceto ela, Alex e Ian.
— Ela vai ter sexo casual. — Disse Serena com um
aceno. — Eu sou totalmente a favor de fazer isso depois que o
bebê nascer. Eu nunca percebi o quanto a minha criatividade
dependente da vodka.
Grace tomou um gole, seus olhos fechando em aparente
prazer. — Carys tem muito para comer. Eu congelei um
pouco de leite materno para tal ocasião. — Grace virou para
Eve. — Então, eu ouvi que você e Alex ficaram ocupados hoje.
Serena revirou os olhos, sua mão mexendo o chá gelado
ao seu lado. — Eu pensei que nós iríamos ser sutis.
Grace deu de ombros. — Eu não sou boa em ser sutil.
Pergunte a Sean. Eu lhe disse de forma muito sutil quão
louca eu estava, quando ele me contou que ia voltar à ativa,
gritei e joguei coisas nele. Depois de um longo e agradável
spanking, ele me convenceu de que estava certo.
— Voltar à ativa? — Perguntou Eve. Sean estava fora de
perigo. Ele terminou a faculdade de culinária e estava
trabalhando com chefs locais para aperfeiçoar seu menu para
um restaurante que ia abrir no próximo ano.
Grace franziu a testa, mas não havia simpatia em seu
olhar. — Ele irá para a Flórida com Alex.
Ela praticamente suspirou de alívio. Ela podia confiar
em Sean. Então ela percebeu porque Grace estava chateada.
Sean tinha um bebê para se preocupar. — Eu vou falar com
Alex. Ele não pode levar Sean com ele.
Apesar do quanto melhor ela se sentiria, ela não podia
permitir que ele arrastasse Sean e Grace em sua angústia. Já
era ruim o suficiente saber que Adam ia.
Grace balançou a cabeça. —Absolutamente não. Não
fale com Alex. Além do fato de que a minha bunda está
dolorida, porque uma surra disciplinar não é tão divertido
quanto as eróticas, eu entendo porque Sean precisa ir. Eu
fiquei com medo por um minuto, mas eu me casei com um
militar. Oh, ele pode ser um chef agora, mas nunca vai deixar
de ser um soldado e nunca vai deixar um homem que ama
como um irmão ir para a batalha sozinho, se ele pode ajudá-
lo.
— Eu tenho certeza que ele pode encontrar alguém.
— Não. Sean precisa fazer isso. Carys e eu só vamos ter
que esperar por ele. Eu sempre soube que ele iria voltar para
a coisa perigosa. É uma parte de quem ele é. —Grace
certamente parecia à vontade com a decisão agora. — Além
disso, ele realmente quer aprender a cozinhar comida
cubana, de modo que ele vai fazer alguma pesquisa enquanto
estiver lá. Agora, o que foi isso sobre sexo no escritório?
Era por isso que ela não ia à jantares. Era por isso que
ela não saia com outras subs. Porque outras subs eram
intrometidas. — Isso foi um erro.
Serena e Grace trocaram um longo olhar como se
estivessem tendo uma conversa silenciosa sobre como
proceder. Se ela não parasse a conversa, elas acabariam
falando com ela sobre seu relacionamento inexistente.
Ela definitivamente não queria isso. — Eu realmente
não quero falar sobre isso. Espero que vocês possam
respeitar a minha privacidade.
— Temos privacidade? Por que precisamos de
privacidade? — Avery sentou ao lado de Serena, com um copo
de chá na mão. Ela olhou para todas elas, a boca um pouco
aberta. — Oh, vocês começaram a falar de Alex, não é? Eu lhe
disse que era uma má ideia.
Eve sentiu seu rosto corar. Era a hora de ir. Ela colocou
sua taça de vinho para baixo e levantou-se. — Eu acho que
vou pular o jantar, Grace. Estou me sentindo um pouco
cansada.
Uma carranca passou pelo rosto de Grace. —E eu vou
lhe pedir para ficar.
Esse foi um movimento profundamente agressivo para
alguém como Grace. — Como eu disse, eu tive um dia longo e
eu estou cansada.
— Ele vai levar Amanda com ele.
Isso a deixou desnorteada. Ela se sentou, tentando
processar a nova informação. Alex e Amanda?
Avery se inclinou sussurrando para Grace. — Você não
precisava dizer a ela desse jeito.
— Sim, eu disse — disse Grace. — Eve não responde a
sutilezas. Ela iria sair daqui num piscar de olhos se eu
deixasse, porque está mais do que disposta a ouvir cada uma
de nós e nos ajudar com os nossos problemas, mas não vai
ter a decência de devolver o favor.
Um dia ruim acabou de ficar pior. — Eu sou uma
terapeuta. Eu deveria ouvir e ajudar. Se não estou fazendo
um trabalho bom o suficiente para você, certamente posso
encaminhá-la para outra pessoa.
Grace se levantou, encarando-a. — E eu sou da família.
Sou sua irmã e isso não vai mudar nunca. E não posso
encontrar outra pessoa melhor.
Serena levantou-se ao lado de Grace. — O que ela disse.
Adam se aproximou com uma bandeja de aperitivos, um
grande sorriso estampado em seu rosto. Ele parou e cada
mulher olhou para ele. Sem uma palavra, ele recuou.
— Bem, pelo menos os homens não vão entrar agora. —
Avery balançou a cabeça, e a porta da cozinha abriu atrás
dele.
Eve teve que ignorar tudo, exceto o que Grace disse. —
O que você está tentando me dizer?
— Eu vou lhe pedir isso e se você me disser para manter
meu nariz fora de seus assuntos, então eu faço, mas somos
uma família agora e aconteça o que acontecer eu me importo
muito com você. Você está mais do que disposta a me ajudar
a qualquer momento quando estou em apuros. Você não
consegue entender que eu quero fazer o mesmo por você?
— Eu também. — Disse Serena, pegando sua mão. Ela
parou, como percebendo que estava prestes a fazer algo rude.
Deus, quando ela tomou à decisão consciente para
deixar todos irem embora? Talvez a decisão não tivesse sido
consciente. Talvez tivesse nascido de sua dor e sofrimento,
mas ela fez tudo mesmo. Ela estava cercada por essas
mulheres incríveis. Elas eram da família. Ela agarrou a mão
de Serena. —Eu estou preocupada com o Alex.
Grace afundou em seu sofá, um longo suspiro vindo de
seu peito. — Graças a Deus. Eu odeio fazer a malvada.
Avery sorriu. —Meu conselho é que fiquemos bêbadas e
façamos uma festa do pijama. Eu sempre gostei muito de
festas do pijama.
Serena bufou. —Sim, isso serviria totalmente. Avery e eu
dormiríamos por volta das nove e Grace ficaria acordada a
noite toda com Carys. Não. Isto é melhor. Então, fale e diga-
nos como podemos ajudar porque eu odeio Amanda.
— Ela é a pessoa que é sempre doce em torno dos Doms
e depois diz a todas as subs no vestiário que elas estão
gordas? — Perguntou Avery. — Sim, eu a odeio também. Eu
lhe disse que não era gorda, estava grávida e ela disse “tanto
faz. Parece uma vaca...”
Grace engasgou. — Ela te chamou de vaca?
Avery concordou. — Aparentemente, ela estava muito
interessada em Li antes de nos casarmos. Ele admitiu que
dormiu com ela algumas vezes, mas então ela dormiu com a
maioria deles. E eu sou a vaca?
—Vaca Reformada. — Eve disse, ficando um pouco
irritada com o pensamento de Amanda tentando irritar todos
ao seu redor. — Agora ela está atrás de Alex.
—Bem, acho que Ian seria sua primeira escolha, mas ele
não se interessa por esse tipo de porcaria. — Disse Grace.
— Alex é mais suave do que Ian. Ele quer acreditar no
melhor das pessoas, por isso, quando Amanda paga de
santinha, ele compra. Vamos. É um conto de velhice. Homens
são burros. Como dezoito temporadas de The Bachelor não
provaram isso. — Disse Serena. — Eles sempre escolherão a
desagradável e, então, dizem: “O quê? Eu não sabia. ”
Idiotas.
Amanda era horrível. Ela sabia disso. Isso não tinha
explicação. —Por que ele a levaria? Ele precisa de apoio. Ele
finge que isso não é perigoso, mas esse cara que ele vai atrás
...
— É um dos piores terroristas no mundo e afetou todos
nós profundamente. — Grace terminou.
Eve sacudiu a cabeça. — Eu não entendo. Você sabe
sobre o Evans?
— Eu sei que ele te machucou e isso significa que ele
machucou cada uma de nós, e todos nós o odiamos.
Um poço profundo de emoção surgiu. Havia coisas que
ela conhecia intelectualmente, mas não tinha posto em
prática, segurando as verdades perto de seu coração. Uma
dessas verdades era o fato de que ela não tinha que ficar
sozinha. Ela não tem que ocultar ou encobrir. Se ela estivesse
do lado de fora olhando para dentro em seu próprio caso, ela
iria dizer a si mesma para falar sobre isso, se abrir e partilhar
o fardo era a única maneira de se curar. — Posso ser
honesta?
— É claro. — Disseram todas as três ao mesmo tempo.
Eva não pode deixar de rir. — Eu não quero que ele vá.
— Eu não iria querer isso também. — Disse Serena. — É
assustador.
Eve sacudiu a cabeça. — Não é totalmente sobre o
perigo. Alex está cometendo os mesmos erros novamente. Ele
está abrindo feridas que podem finalmente estar curadas.
— Eu não acho que estão curadas para ele, querida. —
Grace olhou para o pátio onde os homens se reuniram. —
Eles são homens duros. Eles gostam de fingir que não sentem
as coisas, mas é um ato.
— Eu acho que entendo. — Disse Serena. — Você quer
que ele se concentre em você, no seu relacionamento.
Finalmente alguém conseguiu entender. — Serena,
depois do que aconteceu... — Deus, seja corajosa, Eve. —
Depois que eu fui estuprada...
— Depois que você foi torturada. — Grace induziu. Era
óbvio para Eve que Grace estava assumindo o papel de irmã
mais velha e ela não estava prestes a deixar Eve adoçar a
coisa. Ela deveria estar irritada, mas sentiu apenas um
profundo sentimento de gratidão.
— Depois que eu fui torturada, Alex desligou. Ele disse
todas as coisas certas, mas ele não estava lá para mim. Eu
não estou dizendo que ele não se sentou comigo e segurou
minha mão.
— Ele se afastou. — Avery concluiu. — Sim, eu entendo
isso, mas não da maneira que você pensa. Eu entendo o
porquê do Alex ter feito isso.
Eve suspirou. — Claro, eu sei que é uma reação típica
para os entes queridos de uma vítima a se afastar devido a
uma enorme sensação de culpa e medo de que o mundo não
será o mesmo novamente. Eu já vi isso em um monte de
gente.
Avery não iria se deixar levar. — Mas você não sentiu
isso, Eve. Sei que você é inteligente e é tão educada e
experiente quando se trata de motivações das pessoas, mas
não pode saber o que se sente ao ser o único que não morreu.
Mas Avery fez. — Eu não morri, Avery. Não foi tão ruim
assim.
— Não, ela está certa. — Serena argumentou. — Um
estupro é algo traumático. A única coisa que consigo
imaginar é que, pior do que se acontecesse comigo é saber
que está acontecendo com alguém que amo e não ser capaz
de evitar.
— Ele estava impotente, Eve. — Os olhos de Avery se
abriram e fecharam novamente como se ela tivesse revivendo
brevemente o que passou. — Eu estava impotente. Estava
presa no carro e ouvi a minha filha morrer. Vi meu marido
sangrar até a morte. Alex não precisou assistir, mas posso
imaginar que foi horrível para ele. Ele tinha que se sentar
sabendo que você estava sofrendo. Você pode imaginar os
cenários que passaram pela sua cabeça? Você já disse a ele o
que aconteceu? Vocês realmente conversaram sobre isso?
— Eu não queria sobrecarregá-lo. — Ela falou com seu
terapeuta, mas apenas em termos gerais. Ela disse à polícia,
mas isso era uma coisa clínica, divorciada completamente
das emoções que sentiu. — Deveria ter nos unido. Pensei que
éramos fortes o suficiente para que ficássemos juntos, mas
ele se afastou de mim.
— E você está muito irritada com isso. — Disse Grace.
— Eu ficaria. Me sentiria abandonada.
— Ele não me quer mais. Eu me pergunto se ele pensa
que estou suja, Grace. —Ela nunca disse isso em voz alta. —
Ele não me tocou por muito tempo e, depois, foi diferente.
Odiava como era diferente, como eu não era a mulher que ele
casou, mas ele era muito honroso para me deixar. Então eu
me divorciei dele, mas nós caímos neste contrato estúpido e
não temos sido capazes de seguir em frente. Apenas quando
eu pensei que eu poderia, Michael Evans aparece de volta.
— Ele sempre vai voltar. — Serena sentou-se, com o
rosto pensativo. — Isso é o que Jake e Adam disseram.
— Eu não penso assim. Eu sei que Alex tem na sua
cabeça que Michael Evans está lá fora, conspirando contra
ele, mas discordo. Evans ficou satisfeito com a vingança que
ele teve contra Alex.
— Mas Alex não está satisfeito que a ameaça se foi. —
Grace tomou um gole de vinho. — Ele não vai ficar até que
Evans esteja na cadeia ou morto. Eve, você acha que isso se
trata de vingança, mas acho que você está errada. Você está
muito perto da situação. Ambos cometeram erros, mas o
primeiro é não estarem falando sobre isso. Eu sei que é
difícil, mas você tentou encontrar várias maneiras de
contornar a situação. Você não se divorciou de Alex porque
você está apaixonada por ele.
Eve fechou os olhos, não querendo olhar para elas
enquanto admitia seus erros. —Não. Eu fiz isso porque
precisava que ele me notasse novamente. — Uma mão
deslizou sobre a dela. Ela olhou para Grace. As palavras
pareciam vir com mais facilidade agora. —Eu queria que ele
lutasse por mim, mas ele não o fez. Ele me disse que se isso
era o que eu precisava, então ele entendia.
— Idiota. — Serena disse em voz baixa.
Ambos foram estúpidos. — Mas não sei se estou
disposta a voltar para isso com ele. Acho que cometemos
muitos erros. Poderia ser melhor apenas deixar o outro ir e
começar tudo de novo.
— Você não pode até resolver algumas coisas. — Avery
argumentou. — E eu não sei como você vai fazer isso
enquanto ele estiver na Flórida.
— Eu tentei fazê-lo ficar. — Foi a primeira vez que ela
pediu algo em anos, mas ela teve que reconhecer que pode ter
sido tarde demais.
— Oh. — Um pequeno suspiro saiu da boca de Serena.
— Oh. Agora eu não odeio essa ideia.
Grace se inclinou para frente. — Ela só tem uma
opinião. Quando ela diz que não odeia algo, é normalmente
muito bom.
Serena ficou muito animada como ela falou sobre sua
escrita, as mãos tremulando enquanto falava. — Olha, às
vezes, quando você está escrevendo, um bom enredo está
bem na sua frente, mas são naqueles pequenos pedaços
estranhos. Então, Alex precisa de apoio, mas ele tem medo de
levar Eve. Nós todas odiamos Amanda, e vamos encarar os
fatos, eu não me importo que ela seja uma policial, ela é uma
puta e vai jogá-lo debaixo de um ônibus se algum gostoso
estiver passando. Nossos homens estão envolvidos nesta
operação potencialmente perigosa e não nos sentiríamos mais
seguras se houvesse uma irmã lá dentro? Há uma solução
para este problema. Você tem que matar Amanda e tomar o
seu lugar.
— Eu não vou matar Amanda. — Mas o resto da ideia
tinha uma eficiência tentadora para ela. Ela quem deveria
cuidar de Alex. Ele disse que não, quando ela lhe deu essa
ideia inicialmente, mas isso significava que ela tinha que lhe
obedecer? Ele não estava pensando. Ela era a única pessoa
que poderia realmente fazer isso. Ela foi treinada para lidar
com isso. Ela conhecia Michael Evans melhor do que
ninguém. Ela praticamente escreveu um livro sobre o
bastardo.
Serena se inclinou para frente, um olhar suplicante em
seu rosto. — Oh, eu gostaria que você o fizesse. Eu a peguei
tentando obter a ajuda de Jake com o jogo de suspensão. Ela
sacudiu a tanga em seu rosto e, em seguida, a ouvi falando
sobre como era triste ele estar sobrecarregado com alguém
como eu. Claro, eu, então, a coloquei em meu próximo livro e
brutalmente a assassinei ali, mas isso seria como uma
pesquisa para mim. Nós todas ajudaremos a enterrar o corpo.
Eve sentiu um sorriso se espalhar em seu rosto
enquanto ela olhou para as mulheres ao seu redor. Elas
iriam. Elas estariam ali com pás, lanternas e álibis e uma boa
garrafa de vinho para depois, porque eram uma irmandade.
Elas podiam não compartilhar o mesmo sangue, mas
compartilhavam uma vida.
— Nada de morte sanguinolenta, Serena, mas ela
definitivamente não irá para a Flórida. Eu já pedi para o Alex
se eu poderia ir e ele disse que não, mas ele está errado sobre
isso. Eu preciso ter certeza de que serei eu quem ele
apresentará como sua sub. Adam a cobriu?
— Ah sim. Ele reservou as passagens e tudo mais, mas
nada disso vai funcionar, a menos que encontre Alex quando
ele não puder voltar atrás. — Serena meditou. —Precisamos
de Sean, também. Ele sabe onde encontrar o local.
Grace sorriu tranquilamente. — Eu acho que Sean vai
ter que sair um pouco mais tarde do que o planejado, porque
Carys tem algum tipo de emergência. Apenas algumas horas.
Tempo suficiente para que ele encontre Alex no clube e leve a
sub de Alex. Sim, acho que pode ser arranjado. Sean não
consegue suportar Amanda e ele tem os mesmos temores de
que o resto de nós. Ela não vai cuidar dele porque vai estar
muito ocupada tentando entrar em suas calças. Ele vai subir
a bordo.
— Eu preciso mudar minha cor de cabelo. — Seu
coração batia no peito, a adrenalina começava a fluir. Ela iria
realmente fazer isso? Alex ia ficar puto, mas ela não podia
deixá-lo ir sem um apoio apropriado. E em um clube, ela
poderia ser mais eficaz do que ele sobre colher informações.
Mulheres fofocam. Muito. Ele tinha que ter uma sub que as
outras mulheres confiassem ou não iria funcionar.
— Transformação! Oh, isso vai ser divertido. —Avery
bateu palmas. — Eu acho que você ficaria linda com a cor de
avelã. Iria contrastar com sua pele.
— Já é seguro entrar? — Adam enfiou a cabeça para
fora da cozinha. —Porque os 8hors d'oeuvres estão ficando
frios. Sean vai ficar puto se eu os servir frios, mas as
senhoras pareciam que estavam falando sobre os homens e
não de uma forma feliz e divertida. Eu me recuso a ser o cara
que tem suas bolas chutadas porque foi estúpido o suficiente
para entrar na hora errada.
Pobre Adam. Preso com as senhoras. — Sim, acho que
suas bolas estão seguras. E além disso, eu preciso de um
favor seu.
Adam estava na sala de estar em um flash, um sorriso
malicioso no rosto. — Ah, eu adoro um bom enredo. Conte
comigo.
Ela pegou um dos canapés do prato. Ela realmente
tinha apetite.
De uma forma ou outra, ela se certificaria que seu
8
Hors d’oeuvre é uma palavra francesa cuja tradução é ‘’fora do trabalho’’. Seriam os pratos servidos à parte da refeição, antes ou
em horário em que não há refeição. Desta forma seriam adequados em um coquetel, open house, casamento, etc. Como devem
ser consumidos ‘’fora da refeição’’ precisam ser pratos leves. Os hors d’oeuvres dividem-se em quatro grupos: hors d’oeuvres
frios, quentes, petiscos e canapés.
marido iria voltar da Flórida, inteiro. E então eles poderiam
finalmente ter um final.
Alex olhou para o relógio e silenciosamente amaldiçoou.
— Eles vão estar aqui, certo? — Kristen lançou um olhar
nervoso em direção às escadas e a porta na parte superior
onde aparentemente o grande Chazz Breyer iria,
eventualmente, fazer uma aparição.
Era a porta do escritório, ele eventualmente teria que
entrar. Sozinho.
— Sean me mandou uma mensagem. Seu voo pousou
uma hora atrás. Eles devem estar aqui a qualquer minuto.
— Eu não gosto de mudanças de última hora nos
planos. — Kristen resmungou. Ela estava vestida
casualmente com jeans e uma camiseta gole V que exibia
seus belos seios. Seu cabelo loiro estava em ondas sobre os
ombros, mas ele não conseguia esquecer-se da visão dos de
Eve espalhados sobre a mesa. Ele não pensou em mais nada
durante as últimas vinte horas. Tentou chamá-la, mas ela
não respondeu sua mensagem. Pulou o jantar onde tinha
certeza de que iria vê-la, porque queria estar pronto logo e
agora se perguntava se isso foi um erro.
Ele não deveria ter deixado as coisas dessa maneira
entre eles, mas ela não lhe deu uma escolha.
— Então, o que você acha do lugar, Anthony? — Ela
deixou cair seu nome falso casualmente. Por enquanto ele era
Anthony Priest, conhecido pela maioria como, Mestre A.
Ele teve que se aproximar porque eles não estavam
sozinhos. Várias mulheres jovens estavam limpando as
mesas ou abastecendo o bar. Tanto quanto ele podia dizer, o
clube era um armazém industrial redirecionado. Sanctum era
o mesmo, mas eles tinham mantido muito mais de sua antiga
identidade do que o
Sanctum. Os pisos eram de concreto e as paredes, em sua
maior parte, ainda eram de metal e vigas. Havia uma área de
bar e o que parecia ser uma área VIP. A área VIP parecia que
alguém encomendou um monte de equipamentos BDSM da
Internet e tentou aproximar um espaço de jogo, mas nada foi
configurado corretamente. Ele esperava que ninguém
realmente tentasse jogar aqui. — Parece uma porcaria.
— Sim. — Kristen franziu o cenho quando ela cruzou os
braços sobre o peito. — Teria sido melhor contratar um
decorador, mas Chazz decidiu que iria guardar o dinheiro.
Você tem que entender que a maioria dos frequentadores que
vêm aqui são apenas os turistas que leem um par de livros e
decidem que está no estilo de vida. Depois, há os jovens da
faculdade que querem apenas beber, e os caras que vem
porque as nossas garçonetes estão vestidas com couro.
Ninguém sabe o que eles estão fazendo.
— Mas você sabe. — Ele estava estudando-a desde o
momento em que se conheceram no DFW até as horas que
estiveram no avião. Ela era estranha. Em um minuto ela
estava totalmente no modo competente. Tanto que ele ficou
meio intimidado por como era inteligente. Ela estava falando
sobre a tentativa de mapear a organização de Evans e os
métodos que estava usando para localizá-lo. Mas depois que
a aeromoça trouxe um vinho, ela bateu palmas como uma
menina e afirmou que a primeira classe era “demais”. E a
garota parecia morta de vontade em beber a sua parte. Ela
tomou cinco taças de vinho, mas ele não poderia dizer que
estava bêbada. Ela estava perfeitamente estável.
Ele se sentou ao seu lado no avião, estudando os
arquivos que ela invadiu enquanto ela lia algo em seu e-
reader que a fez abanar-se mais de uma vez.
Ela era um enigma completo.
Ela deu de ombros. — Eu estive por aí. Olhe, irmão, eu
sei que é um choque o estilo de vida que tomei, mas
precisamos de você aqui. E o que pode ser pior do que a
minha saída? Mamãe quase teve um ataque do coração,
porque interrompi seu plano para me casar com o médico
perfeitinho. Você sabe como realmente um bom plano pode
escorregar, não é, Anthony?
Sim, e ele estava fora de prática. Ele precisava parar
com as perguntas sobre o seu passado, porque ele era o
suposto irmão mais velho. E um nojento Dom Fodão. Ele
tinha as tatuagens temporárias para provar isso. Kristen
acabou por ser bastante artista com o aerógrafo. — Sim, eu
vou ter que fazer alguns planos para este lugar porque esse
equipamento é uma merda e ele vai piorar se não for
devidamente cuidado.
— Bem, é por isso que eu o estou contratando, não é
Mestre A? — A porta do escritório se abriu e um homem com
um tamanho médio e um rabo de cavalo escuro e um tanto
longo começou a descer as escadas. Ele estava vestido com
uma camiseta e calças de corrida, seus tênis chiando nas
escadas de metal. Uma pesada corrente de ouro pendurada
no pescoço. Alex dizia que sua idade era de um quarentão,
embora era óbvio que ele estava tentando parecer que tinha
vinte e um.
— Eu não sabia que você tinha me contratado ainda.
Seu forte sotaque de Jersey inundou a sala. — Hey,
qualquer parente de Kris é da minha família. Não é mesmo,
querida?
Kristen deu um sorriso borbulhante. Sim, ela parecia
ser a imagem perfeita de inocência.
— Você sabe que é verdade, Chazz. Nós somos uma
grande família louca aqui. Anthony, eu disse que a entrevista
é uma formalidade. Não há nada para se preocupar.
— Nada mesmo. Estamos muito felizes em ter você,
Mestre A. Temo que ainda estejamos tentando nos encontrar.
— Chazz olhou para ele avaliando-o. — Você é um cara
grande. Será que Kris disse que eu poderia precisar de você
para algum trabalho de guarda-costas, bem como sendo o
nosso residente especialista?
O trabalho de guarda-costas era algo que ele estava
muito interessado. De acordo com Kristen, Chazz partia para
reuniões misteriosas, pelo menos uma vez por semana e
levava alguns dos seguranças com ele o tempo todo. Ela
tentou conversar com uma dupla, mas eles todos fecharam a
boca sobre o que estavam fazendo. Em seguida, houve a noite
uma vez por semana, onde o clube deveria ser fechado, mas
ela viu as luzes acesas e os carros no estacionamento. Ela
tentou entrar, mas encontrou seguranças nas portas que não
reconheceu. — Eu comecei a treinar um pouco.
— Sim você tem um currículo muito impressionante.
Então você trabalhou em alguns clubes?
De acordo com o currículo que Adam criou, ele
trabalhou em clubes em Nova York, DC, e Houston e era
segurança treinado. O currículo foi enviado pela web e
superficialmente, parecia que Anthony Priest estava à
procura de trabalho por cerca de três meses. Ele tinha
currículos em vários sites, uma conta no 9FetLife, e todas as
várias pegadas que ele naturalmente deixaria para trás no
ciberespaço.
— Eu tenho trabalhado em clubes de BDSM reais. Esta
é a minha primeira experiência com um clube noturno.
Chazz assentiu. — Eu preciso entrar em um desses
clubes.
Alex não se preocupou em mencionar que os clubes
privados tendem a filtrar idiotas como Chazz. — Então, o que
exatamente você espera de mim?
— Kris aqui teve uma grande ideia. — Explicou Chazz.
— Ela acha que, em vez de ter apenas mesas temáticas e
9
FetLife é um site que tem como objetivo congregar, especificamente, os feteichistas e BDSMistas.
garçonetes, devemos nos diferenciar. Queremos correr cenas
reais. Você sabe para entretenimento e essas coisas.
Forçou-se para não tremer. — E você espera que eu use
este equipamento? Com a minha sub?
— Eu tenho uma coleção de chicotes e pás e alguns
bastões e outras coisas. São de segunda mão. Eles estão
todos sobre as paredes, assim como um calabouço real. Tudo
que você tem a fazer é ir até um e pegá-lo, meu camarada —
Chazz argumentou.
Chazz não saberia o que era um calabouço — real — se
o mordesse na bunda. Era óbvio que Chazz queria praticar ou
não se preocupava com suas subs. — Usado? E eles
simplesmente ficam na parede? Não vou usá-los. Eles têm de
ficar puramente como decoração. Os seres humanos suam e
sangram e há várias outras emissões corporais. Eu não vou
nem continuar. Você pode ser processado. Vou trazer o meu
próprio kit e me certificar de que tudo esteja esterilizado.
— Nossa, por isso estamos com um centro de infecção
aqui. — Disse uma voz profunda. — Eu sempre soube disso.
Alex se virou e viu um jovem, provavelmente algo em
torno de vinte e cinco. Ele estava vestindo uma camisa que
mostrava uma única tattoo em seu braço.
— Eu não preciso do seu sarcasmo, Jesse. — Chazz
sacudiu a cabeça. — Eu juro que se ele não fosse tão bom
com uma arma, eu o teria demitido há muito tempo. Esse é o
chefe da segurança, Jesse Murdoch. Ele também trabalha
como meu guarda-costas e eu não morri ainda, então ele não
é um completo idiota.
Jesse fez uma saudação sarcástica. — Eu só quero
agradar, chefe. Hey, Kris. Então, esse é o irmão mais velho.
Havia algo sobre a maneira como o homem mais jovem
olhou para ele que fez Alex ficar cauteloso. Passou muito
tempo no FBI para ser capaz de observar as pessoas. Ele não
estava no nível de Eve, mas algo estava errado com Jesse
Murdoch. Seus olhos rapidamente foram para cada lugar
onde Alex podia ver. Ele estava à procura de armas. Esperto,
mas Alex ainda não estava armado. Mesmo o grande e
poderoso Ian Taggart não encontrou uma maneira de passar
com uma arma pela segurança do aeroporto público.
— Não preste atenção a ele. Ele joga aqui de vez em
quando, mas apenas com os regulares. Ele não é um
verdadeiro Dom. — disse Chazz, exagerando um pouco.
Que porra era é um “verdadeiro Dom”? Idiota. Alex
simplesmente assentiu com a cabeça como se Chazz,
obviamente, fosse um membro do “True Dom Club. ” Se
aquele idiota fosse um Dom, Alex iria comer o próprio sapato.
— Então, eu ouvi que você também estava trazendo um
primo? — Perguntou Chazz.
Sean. — Sim, Kris mencionou que precisava de alguém
para trabalhar na cozinha.
Ele encolheu os ombros. — Sim, meu último cara era
uma droga.
— Ele causou uma intoxicação alimentar a todos. —
Acrescentou Jesse.
Se ele não poderia derrubar Evans por tráfico de drogas
e terrorismo, pelo menos ele poderia chamar o departamento
de saúde para o filho da puta. — Posso assegurar que o meu
primo não vai causar qualquer intoxicação alimentar.
De fato, envenenamento era algo a ser pensado, no
entanto. Isso não passou por sua mente. Ele preferiria
estrangular o filho da puta, mas o objetivo de toda essa ação
era eliminar Evans e ele faria isso da maneira que pudesse.
Se decidisse que o melhor caminho para uma operação bem-
sucedida fosse, uma porção de batatas fritas mortais então
essa era a forma como ele faria.
Porra. Ele teria que pensar em outra coisa, porque Sean
se tornou um esnobe em comida. Provavelmente não iria se
rebaixar em fazer batatas fritas. Alex tinha a esperança de
que Michael Evans gostasse de foie gras.
Chazz inclinou-se contra uma das mesas, estreitando os
olhos. — Seu primo esteve preso.
De acordo com todos os seus registros aprovados por
Adam, Sean Reilly passou um tempo na prisão por assalto à
mão armada. — Ele caiu em má companhia. Nós todos
fazemos isso de vez em quando.
— Sim, eu também estive, então entendo. Você também
puxou um tempo.
Isso lhe disse algo. Chazz tinha um hacker decente na
pauta. Adam sugeriu um registro juvenil para Alex, algo que
ele poderia enterrar sob algumas camadas de burocracia. Foi
um pequeno teste, Adam explicou. Ele queria saber o quão
experientes esses caras eram para que não subestimassem-
nos. Como Adam estava ouvindo tudo o que estava sendo
dito, graças ao micro fio que ele colocou no fecho do cinto de
Alex, era muito provável que ele estivesse formulando seus
planos técnicos no momento.
Alex franziu o cenho, agindo surpreendido. — Esse
registro foi eliminado.
Se pudesse convencê-los de que era apenas um pateta
estúpido, eles iriam confiar nele mais rápido, falar mais
livremente em torno dele, vê-lo como nenhum tipo de ameaça.
Kristen colocou a mão em seu braço e fez uma careta
para Chazz, parecendo cada centímetro como uma irmã
protetora. — Ele tinha dezessete anos, Chazz. Você não pode
usar isso contra ele.
Chazz levantou as mãos, um sorriso de superioridade no
rosto. — Ei, eu não uso nada contra ninguém. Mas não há tal
coisa como enterrado nos dias de hoje, não registros ou
qualquer outra coisa. Seria bom você se lembrar disso. Um
cara grande como você é bom ter por perto, se você sabe o
que quero dizer.
Alex sabia muito bem o que ele queria dizer. Ele quis
dizer que era apenas uma questão de tempo. Ele assentiu. —
Sim, eu quero ser útil, mas a minha primeira ordem no
negócio é fazer com que este clube fique em forma. Não tenho
qualquer tipo de orçamento?
— Anote e me diga o que você precisa, mas não jogue
nada fora sem falar comigo. Agora, onde estão os seus outros
amigos? Porque Kris prometeu que estavam trazendo sua sub
e que ela pode ajudar a treinar essas cadelas estúpidas.
Alguns mandachuvas chegarão em algumas semanas. Eles
estão muito interessados em “brincar” como chamamos em
nosso pequeno mundo. – Ele acenou para as mulheres que
estavam limpando o clube.
Então eles estavam usando suas subs como prostitutas.
Maravilha. Um agravante a mais contra o filho da puta, mas
se encaixava com as filosofias de Evans. Isso seria um
problema, no entanto.
— Eu não compartilho a minha sub.
Ele não iria colocar Amanda em perigo. Ela estava
simplesmente aqui como apoio. A última coisa que ele
precisava era se preocupar com ela ser estuprada porque
esses caras não cuidavam de suas mulheres.
— Kris me disse. — Disse Chazz, segurando uma mão
para cima. — Ela disse que você era um Dom com somente
uma sub. Eu não entendo, cara. Há tanta guarnição no
mundo. Eu não conseguiria me segurar com apenas uma,
mas, hey, cada um na sua. Estava esperando que você a
deixasse fora da coleira tempo suficiente para pairar por aqui
sozinha.
Só porque ele parecia estar sob a impressão equivocada
sobre como relações D/S funcionavam. — Será mais fácil
para ela pairar com Sean. Eu confio nele. Ele vai cuidar dela.
— Sim, você tem que ter alguém para ficar de olho em
sua cadela. — Disse Chazz.
Kristen apertou seu braço levemente. — Amanda está a
caminho. Você vai amá-la. Ela é praticamente a sub perfeita.
Ela vai fazer essas mulheres ficarem treinadas em um piscar
de olhos.
Alex sorriu. Se Chazz continuasse chamando o que
parecia ser mulheres perfeitamente agradáveis de cadelas, ele
iria estrangular o filho da puta. Embora tivesse rindo, porque
chamou Eve de cadela de vez em quando, foi com profundo
afeto, da mesma forma que ela o chamava de idiota. Ainda
assim, toda a ideia de Amanda andando por aquelas portas e
saudando-o com um beijo fazia seu estômago embrulhar. Ele
deveria ter dito que era gay e levado Adam. Seria mais fácil
para ele beijar Adam do que Amanda.
A porta se abriu e um fluxo de luz do fim de tarde filtrou
fazendo uma sombra da mulher entrando pela porta. Ela era
seguida por uma sombra grande, volumosa. Sean. Alex
lançou um longo suspiro. Sentiu-se melhor com Sean aqui.
Sua retaguarda estava muito mais segura do que antes.
Amanda atravessou e parecia que ela seguiu suas
instruções ao pé da letra. Seu cabelo era mais longo do que
antes. Ele não sabia se era uma peruca ou aplique, mas a
mudou de uma forma sutil. E isso era o que ele queria, para
ela não parecer exatamente como a Amanda King.
Ela saiu da sombra e ele deu uma olhada na nova
Amanda. Ele sentiu o sorriso escorregar de seu rosto porque
ela realmente não se parecia em nada com Amanda.
Ele piscou para clarear a visão, porque ele não viu
Amanda. Ele viu Eve, com cabelos castanhos escuros que
chegavam ao topo de seus seios. Ela estava vestida com as
roupas mais estranhas que ele já a viu usar, uma minissaia
que mal podia cobrir seu traseiro. Parecia que alguém
envolveu uma bandagem em torno de seus quadris e a
chamou de saia. Seu top moldava cada centímetro de seu
torso, parando aproximadamente um centímetro acima da
saia, dando-lhe um vislumbre de pele cada vez que ela se
movia.
E suas malditas pernas pareciam ter um milhão de
quilômetros de comprimento, em cima do que tinha de ser
plataformas de cinco centímetros e meio. Ela estava usando o
colar de couro fino que deveria estar em torno do pescoço de
Amanda.
Eve. Eve estava aqui e ela se parecia com o sexo em
saltos alto.
Kristen não perdeu tempo. Ela cumprimentou Eve como
se fossem as velhas amigas que deveriam ser.
— Hey, Mandy. Como foi o voo?
— Ótimo. Não poderia ter sido melhor. — Eve sorriu
para ele.
Sean estendeu a mão em saudação. Nada em sua
expressão deu o fato de que a operação tinha apenas ido para
o inferno. — Hey, irmão. — Ele olhou em torno do clube. —
Este é um buraco de merda.
— Legal, Sean. — Ele se forçou a manter a calma. —
Este é Chazz. Ele manda nesse buraco de merda. Este é o
meu primo, Sean Reilly.
Chazz bufou um pouco. — Bem, Reilly, é por isso que eu
estou contratando você e Mestre A. Quero um pouco de
classe a este lugar antes das nossas grandes reuniões. Você
vai ter que trabalhar rápido, porque temos três VIPs
chegando na próxima semana. É o que eu gosto de chamar de
um teste para o grande encontro que chegará em algumas
semanas. Nós vamos ter que fazer este lugar ficar elegante
para o grande chefe. — Os pequenos olhos de rato de Chazz
varreram cada centímetro de pele que Eve estava mostrando.
Ele não parecia capaz de esconder a expressão em seu rosto.
— Embora você já dê classe para o lugar, querida. Eu retiro o
que disse, Mestre A. Se eu tivesse esse belo pedaço de bunda
na cama comigo, talvez pudesse deixar as outras irem.
Ele começou a ficar vermelho, mas Eve estava do lado
dele, uma mão em seu braço. Ela riu. Ela realmente riu para
aquele filho da puta e parecia que era lisonjeiro ser chamado
de um pedaço de bunda.
— Eu acho que vou gostar daqui mestre.
Chazz piscou e deu outra olhada em suas pernas antes
de acenar em direção a seu escritório. — Vou me certificar de
que você goste daqui. Agora, vamos começar a trabalhar. Eu
acho que Kris pode mostrar o lugar a Mandy. Por que não
vamos lá para cima e falamos sobre o que eu preciso de você
durante as próximas semanas? Mestre A, se você quiser, se
junte a nós.
Chazz não esperou, simplesmente começou a subir as
escadas.
Sean colocou a mão em seu ombro, inclinando sua
cabeça para perto. — Guarde a briga para mais tarde, cara.
Não deixe parecer que você está irritado.
Oh, mas ele estava super irritado. E aterrorizado. E
explodindo de raiva por ser manobrado para uma posição
onde ele tinha que deixá-la ficar ou desistir de tudo. E Sean
estava certo. Ele tinha que pensar sobre isso em dois
segundos. Ele olhou para Eve.
— Aqui, sub.
Seus olhos brilharam. Sim, ela não estava acostumada a
ele comandar, mas ela quem decidiu mandar todos os seus
planos para o inferno, então teria apenas que lidar com o
grande Dom. E o grande Dom não estava disposto a jogar
bonito. Ah não. Ele jogou as coisas à sua maneira por muito
tempo, e ela não ia sair desta ilesa.
Eve se aproximou, com um sorriso tenso em seu rosto.
— Sim mestre?
Ele agarrou a parte de trás de seu pescoço. Mesmo com
aqueles sapatos, ela não poderia coincidir com a sua altura.
Ele a forçou a ficar na ponta dos pés. Ele abaixou a voz. —
Vamos discutir isso em poucas horas, sub. Se você quiser
jogar, anjo, vamos jogar do meu jeito. Você quer assumir o
papel de minha escrava? É melhor pensar sobre o que isso
significa. Isso significa que eu vou ter você do jeito que eu
quiser. Eu vou te foder quando eu quiser, onde quiser, como
eu quiser e não vou ouvir seus protestos. Você pertence a
mim. Meu anjo. Você vai foder durante todo o tempo que isso
durar.
— Alex... — ela começou.
Ele apertou a mão em seu pescoço em advertência. — É
Mestre, sub. E você vai sentir a palma da minha mão na sua
bunda esta noite antes de ficar de joelhos e chupar o meu
pau. Está certo. Você vai dormir na minha cama esta noite
com meu pau em sua barriga. Ainda assim está feliz por ter
entrado por aquela porta, Mandy?
Ele deixou sua boca pairar sobre a dela, mas ele não ia
deixar que seu primeiro beijo em anos acontecesse neste
lugar. Oh, isso aconteceria, mas não aqui e não quando ele
estava pensando em punição o que não estava em qualquer
lugar perto de erótico.
Houve um incêndio em seus olhos que ele não viu a
muito tempo. — Sim mestre.
Ele virou e se forçou a se afastar, seu cérebro
guerreando entre a raiva dela estar em perigo e uma emoção
selvagem que ele a tinha onde a queria há anos.
Em seu poder. Em sua cama.
Eve observou Alex seguir até as escadas. Suas mãos
tremiam ligeiramente, mas tinha que conseguir deixar isso
sob controle. Não podia lhes entregar tudo agora. Ela não viu
tanta paixão em Alex há anos e isso a assustou.
Isso também deixou seu coração vibrando, e todas as
suas partes femininas responderam de uma forma que
esqueceu ser possível. Ela estava em pé no meio de uma
operação perigosa e um pouco preocupada que sua calcinha
estivesse molhada. Droga.
A ruiva estava na frente dela novamente, pegando-a
pelas mãos. — Estou tão feliz por você finalmente estar aqui.
Esta deve ser a misteriosa Kristen. — Eu também.
Kristen era boa. Ela cobriu o tremor das mãos de Eve
com as suas. Eve lhe deu um pequeno sorriso e perguntou se
Kristen sabia que ela não era a mulher que deveria estar
aqui.
—Olá. — O homem que não seguiu os outros olhou para
ela com um sorriso encantador em seu rosto. No minuto que
Alex e os homens subiram as escadas, ele mudou de escuro e
misterioso para Playboy.
Ele era lindo e muito jovem para ela. Ela daria uns vinte
e cinco anos. Não. Ele era um bebê, apesar de seus ombros
largos e olhar quarenta e três.
— Ei, Murdoch, traga seu traseiro aqui em cima. —
Chazz gritou do alto da escada.
Murdoch piscou para ela. — Eu acho que as introduções
formais podem esperar. Até mais tarde, bebê.
Ele se virou e subiu as escadas correndo, e Eve
conseguiu não revirar os olhos. Ele poderia ter algumas aulas
de sedução.
— Idiota. Vamos, Mandy. — Disse Kristen. — Eu vou te
mostrar o vestiário e podemos conversar.
Eve olhou em volta. O lugar tinha potencial, mas
ninguém o deixou muito útil. Duas mulheres estavam
limpando, uma empurrando um esfregão no chão e outra
limpando as mesas. Aquela que estava com um pano sobre a
mesa tinha mais ou menos trinta anos, com cabelos loiros
descoloridos e maquiagem demais nos olhos. Ela franziu a
testa para Eve.
Então ela não era bem-vinda por todos.
Ela seguiu Kristen ao longo do corredor até uma
pequena sala.
— Esse é o vestiário dos homens. — Disse Kristen,
apontando para uma porta à esquerda. — E esse é nosso.
Ela a empurrou através de uma porta de vidro opaco e
em um vestiário muito brando. Havia uma fileira de armários
de uma velha escola e um único banco.
Kristen jogou seus cabelos loiros para trás e sentou-se
no banco, cruzando as pernas muito longas.
— É bom conhecer você, Eve. Estou feliz que seja você e
não aquela malcriada. O que se passa com os caras? Tudo o
que vemos é um sorriso brilhante, e nunca olham além dos
seios de uma mulher até que se casem e, então, eles se
perguntam por que Mary Sunshine foi substituída por Sally
Yells.
Eve olhou em volta, tentando descobrir se essa pessoa
Kristen estava prestes a deixá-los em sérios apuros.
Kristen fez um gesto negligente. — Não há grampos
aqui. Eu verifico todos os dias quando entro. Agora o vestiário
dos homens é uma história diferente. Está grampeado então
avise seu marido. Podemos ouvir ele e o loiro falando sobre
todos os tipos de coisas. Homens totalmente fofocam mais do
que você pensa. Nós podemos falar livremente aqui, desde
que estejamos sozinhas.
— Como você sabe quem eu sou? E como você sabe que
não sou a puta? — Perguntou Eve. Ela teve que entregá-la
para a menina. Sua descrição foi muito precisa.
Ela se recostou e olhou Eve de cima a baixo. — Quanto
à forma como eu sei que você não é quem Alex pensou que
seria, bem, eu sou uma garota inteligente. Eu faço minha
pesquisa. Você é Dra. Eve St. James, filha única de Donald e
Jennifer St. James. Você era a estrela de sua equipe de
debate do ensino médio, da equipe de natação e editora da
Madison High Examiner. Garota ocupada. Você se formou em
Yale com honras e todo mundo estava certo de que iria seguir
com uma clínica particular. Quão chateados ficaram seus
pais quando você se juntou a Unidade de Análise
Comportamental do FBI em vez disso?
Ela não tinha certeza se gostava do quanto Kristen sabia
sobre ela. — Eles ficaram horrorizados, é claro.
— Claro. — Disse Kristen com um aceno superficial. —
Seu pai é um dos terapeutas mais respeitados do mundo.
E ela foi uma 10profiler, uma mulher que lidou com o
pior dos piores, os tipos de que seu pai realmente não
acredita em ajudar, e ela não poderia fazê-lo entender que, ao
apanhar criminosos, ajudava a todos. Ele esperava que ela
caísse em si e assumisse a sua clínica, mas a ideia de ouvir
excessivamente homens e mulheres privilegiadas reclamar de
suas babás e crianças e os horrores de ser deixado fora da
lista do maître, do mais recente e caro restaurante, a faria
chorar. Ela estava mais feliz trabalhando para Ian e tendo
sessões com pessoas que precisavam mais dela. — Sim, ele
não ficou feliz por eu escolher o Bureau.
— Ele ficou feliz que você se casou com Alexander
McKay? Ele não era da sua classe social. Longe disso, na
verdade.
Eve levantou uma mão. — Existe uma razão pela reação
do meu pai a Alex ser relevante para esta conversa?
Estava começando a irritá-la. Sentia como se estivesse
alguns passos atrás da ruiva.
Kristen deu um sorriso brilhante. — Eu sinto muito. Eu
vou deixar para lá. É que tenho estudado vocês por um
tempo. Receio que seja um pouco como encontrar
personagens de um livro que você realmente gosta de ler.
Eve estreitou seus olhos com desconfiança. —Por que
você está me estudando?
— Porque eu sabia que precisaria de Alex McKay, se
10
Alguém com formação e especialista em psicologia que auxilia investigações policiais, identificando as características prováveis
do criminoso de um determinado crime.
quisesse terminar esta história. Eu não poderia ir até os
federais, porque não tenho certeza de que Evans não tem
alguém lá dentro. McKay só trabalha com uma vertente e ela
é acabar com Evans.
Eve pegou a essência. — Ele quer vingança pelo que
Evans fez comigo. Você está usando isso a seu favor.
— Eu simplesmente prefiro que as pessoas que me
cercam, tenham motivos abertos que combinem
perfeitamente com o meu. — Explicou Kristen. — Para esse
fim, gostaria de aconselhá-la a ficar de olho em Jesse
Murdoch. Eu ainda não descobri o que ele quer, e isso o
torna perigoso ao meu ver. Na verdade, você poderia me
ajudar com isso.
Eve deixou seus lábios se curvarem para cima. — Sim,
bem, eu acho que podemos dizer com segurança que ele tem
um complexo de Édipo.
Kristen bufou, sacudindo a cabeça. — Você não tem
idade suficiente para ser sua mãe. Você é um pouco mais
velha do que eu e não estou disposta a ser uma papa anjo
ainda.
— O que você ganha com isso, Kristen? — Eve nunca
tirou os olhos da outra mulher. Ela era geralmente muito boa
em detecções de mentiras e queria ver se Kristen estava
escondendo alguma coisa.
Kristen se levantou, foi até Eve e ofereceu suas mãos,
provando mais uma vez que ela era mais inteligente do que
Eve suspeitou. Ela estendeu os braços, palmas para cima.
— Está bem. Sinta meu pulso. Veja os meus olhos. Eu
não vou mentir para você, quero que se sinta perfeitamente
segura comigo.
Eve entrou no jogo. Ela colocou os dedos nos pulsos de
Kristen, encontrando-o rapidamente. — O que você ganha
com isso?
— Eu posso ser uma heroína pelo menos uma vez.
Recebo para ajudar algumas pessoas que realmente acredito
que precisam de ajuda e consigo uma pequena redenção. Eu
tive um trabalho alguns anos atrás e perdi alguém que amo
muito. Quero honrar a sua memória por ser melhor do que eu
era antes.
Seu pulso ficou perfeitamente estável. Não houve
dilatação de seus olhos, e ela nunca pestanejou ou desviou o
olhar.
— Por que Alex?
— Porque ele sempre foi do bem. E porque eu sabia
muito bem que ele não iria deixar passar uma chance de
vingar você. Ele é de confiança, e sei que posso contar
exatamente com o que ele vai fazer. Ele tem uma
personalidade previsível. Você é o desconhecido. Por que você
está aqui?
Eve, soltou as mãos de Kristen. Ou Kristen era uma
sociopata ou ela não estava mentindo. Sociopatas pode
muitas vezes passar por testes de detector de mentiras,
porque eles simplesmente não se sentem o suficiente para
mostrar sinais físicos quando eles estavam mentindo.
— Estou aqui para proteger Alex.
— Você não está aqui por Evans?
Ela sentiu um tremor passar por ela. — Não.
— Nem um pouco?
— Não.
— Agora isso me surpreende. — Kristen caminhou até
um dos armários e abriu a fechadura.
Era estranho. Ela realmente pensou que a outra mulher
parecia um pouco decepcionada.
— Por que?
O armário se abriu e Kristen puxou sua bolsa. — Eu
acho que pensei que você seria o tipo de mulher que iria
querer ir atrás de Evans.
— Eu não quero vingança. — Ela nunca quis. Ela só
queria que tudo ficasse normal.
— Eu não estava falando de vingança. Pensei que você
iria atrás dele para que ele nunca mais pudesse fazer o que
fez novamente. Assim, nenhuma outra mulher teria que
passar pelo que você passou. Acho que isso significa muito.
Eu não achei que você gostaria de se esconder dele.
Eve levantou as sobrancelhas. — Eu não estou me
escondendo.
— Mas você também não está aqui para destruir Evans.
Está tudo bem, mas você deve entender que esse é o meu
objetivo. Eu vou ter certeza que ele não poderá machucar
mais mulheres. Porque é a coisa certa a fazer e eu faço a
coisa certa agora.
— Eu não estou me escondendo. — Ela não estava se
escondendo de nada. Ela estava tentando reconstruir sua
vida. — Eu só estou aqui para ter certeza de que Alex não se
mate.
— Bem, contanto que nós entendemos uma a outra.
Tenho certeza de que podemos trabalhar juntas. Você protege
Alex e eu vou lidar com a parte da investigação sobre o fim da
garota. Aquele é realmente Sean Taggart? — Ela olhou para
trás em direção à porta. — Ele é o irmão mais novo de Ian
Taggart, certo? Eu pensei que ele fosse maior.
Sean tinha 1,86m. — Ele é apenas um pouco menor em
comparação a Ian. Há uma razão que eles lhe chamam de
Little Tag.
— Big Tag e Little Tag. Isso é fofo. — Ela acomodou a
bolsa em seu ombro. —Você tem que tomar cuidado com
Sienna e Sage. Elas são gêmeas e são subs mesquinhas. Elas
muito provavelmente vão querer ser do Mestre A assim que
colocarem os olhos sobre ele. Chazz costuma usá-las como
acompanhantes quando ele socializa. Isso pode acontecer
dentro ou fora do clube, que é precisamente por isso que eu
precisava de alguém dentro. Ele sempre leva guarda-costas
com ele, mas não posso confiar em nenhum deles. Foi uma
sorte que seus últimos dois guarda-costas fugiram. Não faço
ideia onde eles foram.
Agora a íris de Kristen estava dilatada, só um
pouquinho. Uma mentira. Ela fez algo para forçar os guardas
a saírem. Muito interessante. — Sim, eu tenho certeza de que
foi um acaso da sorte.
— Ei, uma garota faz o que uma garota tem que fazer. —
Kristen deu de ombros e voltou para seu resumo. — As
garçonetes são idiotas e bem-intencionadas. Bunny é
exatamente como seu nome diz. Fofa e doce. Karma é de boa,
acho que ela é provavelmente a mais autodestrutiva do
grupo. Azure é a pessoa que te olhou feio quando entrou. Mas
com quem você realmente tem que se preocupar é o Chazz.
— Do que ele capaz? — Perguntou Eve.
— Eu acho que ele é capaz de qualquer coisa, e eu tenho
sorte, se ele me quisesse estava ferrada. A chave com Chazz é
fingir que ele é o tal. O minuto em que ele souber que você
acha que está acima dele, ele vai cortar sua garganta sem um
único pensamento. Nunca abandone a rotina submissa. Ele
fala como um merda, mas é sério, e em sua cabeça, você é
uma escrava e ele é o Mestre supremo e controla tudo. Se
decidir que é mais fácil matá-la do que mantê-la, ele vai fazê-
lo.
Parecia que ele tinha muito em comum com Michael
Evans. — Como ele consegue se livrar disso?
— Eu acho que ele tem alguém do meio que está o
protegendo. Um casal de policiais vem para o clube de vez em
quando. Chazz tem suas conexões. Lembre-se disso. Aqui não
é Sanctum. Aqui é Hell e todos nós temos apenas que tentar
sobreviver. Eles devem terminar em breve. Eu vou me
certificar de que o carro esteja pronto. Te vejo de volta no bar.
Kristen saiu e Eve suspirou.
O que ela estava fazendo? Ela não era uma agente de
campo. Deus, ela cometeu um erro terrível?
Ela sentou-se no banco, tentando processar tudo o que
a outra mulher disse a ela, mas tudo o que podia fazer era
pensar sobre o fato de que — o grande chefe — estaria aqui
em algumas semanas. Isso foi o que Chazz disse. Se Kristen
estava certa, Michael Evans era o chefe, e ele respiraria o
mesmo ar que ela em uma questão de semanas.
Você é apenas uma pequena puta. Isso é tudo o que
qualquer um de vocês são.
Ela estremeceu no frio da sala e fechou os olhos,
pensando em coisas reconfortantes. Era a única maneira de
fazer as imagens ruins irem embora. Ela merecia sua paz.
Merecia ter uma vida que não estava cheia do homem que a
estuprou. Ela era uma mera psicóloga. Não era uma princesa
guerreira. Tinha tomado muitas aulas de autodefesa, mas
esperava que não tivesse que usá-las.
Ela não estava se escondendo. Estava ajudando. Estava
aqui, porque era a melhor pessoa para o trabalho e porque
Alex era sua responsabilidade.
O cérebro dela flutuou de volta para o dia em que disse
a seus pais que estava se casando com Alex. Ela não disse a
Kristen o que a sua resposta foi. Eles estavam todos aos
sorrisos no dia em que ela e Alex casaram, mas não ficaram
felizes com isso. Sua mãe e seu pai planejaram seu
casamento com um médico ou um advogado, não um agente
do FBI. Alex foi muito difícil para eles, muito possessivo,
muito real.
Seus pais não conheciam a vida que ela levava. Ela
escondeu deles. Eles ainda não sabiam.
Ela não estava se escondendo.
Eve se levantou, endireitando as roupas. Bem, o que
havia de suas roupas. Droga. Por que ela veio aqui?
Para certificar-se de que Alex sobreviveria. Era por isso
que estava aqui. Era por isso que Sean estava aqui. Não
importa o que Kristen dissesse, ela não estava se escondendo
e tinha um propósito.
Ela olhou para o espelho, alisando o cabelo para trás.
Evans não importava. Alex era a única coisa que importava.
Ela virou. Iria descobrir isso mais tarde. Agora, tudo o
que importava era passar as próximas horas até que pudesse
conversar com Alex e fazê-lo entender que nada mudou entre
eles. Ela pensou em mudar o seu contrato, mas isso foi um
erro.
Eu vou te foder quando eu quero, onde quero, como eu
quero, e eu não vou ouvir seus protestos. Você pertence a mim.
Minha. Você vai foder por todo o tempo que isso durar.
Nada mudou? Ele parecia pensar assim. Ele parecia
pensar que ela tinha um verdadeiro papel a desempenhar.
Sua sub. Sua escrava. Dele.
Seu comando. Sua de controlar. Sua de foder, amar e
satisfazer.
Era como uma droga que ela conseguiu chutar há muito
tempo. Submeter-se a Alex sempre foi algo incrível. Ela não
precisava pensar em nada quando Alex estava no controle.
Ela só precisava sentir, nada mais.
E isso não foi bem. Terminou em dor e miséria.
Não. Ela não iria por esse caminho. Nada mudou entre
eles. Eles ainda estavam divorciados. Eles ainda tinham
todos os mesmos problemas que haviam entre eles desde o
incidente com Evans. Esse era apenas um trabalho.
Ela saiu pela porta, determinada a lidar com isso e deu
de cara com um peito bem definido. Ela quase caiu para trás,
mas duas mãos agarraram seus braços, equilibrando-a para
que ela não caísse.
— Olá de novo. — Jesse Murdoch pairava sobre ela, seu
belo rosto olhando para baixo. Cabelo loiro e olhos azuis
claros. Ele realmente era a perfeição com os seus lábios
sensuais e uma mandíbula forte, mas ninguém mexeu com
ela desde o momento em que ela avistou Alexander McKay.
Nenhum outro homem jamais iria fazer seu coração disparar.
Nenhum outro homem jamais faria seu corpo pulsar. Ela
poderia apreciá-los em um nível intelectual, mas não havia
nenhum homem para ela, como Alex McKay.
Mas ela tinha que desempenhar um papel agora. Ela
sorriu para ele. Ele foi o único que Kristen não conseguiu
desvendar. Se havia uma coisa que Eve poderia realmente
contribuir para a equipe, era seus instintos para a psique
humana. Mas ela precisava dele para confiar nela em
primeiro lugar. —Oi. Meu Mestre terminou na reunião?
Ela não ia levá-lo adiante. Ele precisava saber que ela
era a “boa menina”. Os homens fariam muito para uma
mulher que seriamente consideravam inocentes e puras.
Jesse tinha esse olhar.
Ele sorriu, mas havia uma tristeza nele. — Então, você
está muito bem com ele, né?
Ela colocou a mão sobre o colar no pescoço. — Ele é,
meu mestre. Se espera que eu goste dele.
— Às vezes esse não é o caso aqui. — Ele ainda estava
perto, mas algo mudou. A tensão foi embora. Ele era amigável
agora. — Às vezes uma mulher fica com um homem porque
ela não tem outro lugar para ir.
Ela tomou nota que ele a chamara de mulher e não sub.
Ele não seguiu seu exemplo. Isso podia significar nada ou
podia significar que ele não estava tão envolvido no estilo de
vida como queria que eles acreditassem. Jesse Murdoch
queria ser o cavaleiro branco. Ele queria carregar e salvar
alguém. Infelizmente para ele, ela não precisava ser salva. —
Eu o amo.
Ele deu um pequeno suspiro. — Bem. Todas as bonitas
amam outra pessoa. Enfim, se você precisar de alguma coisa,
você liga para mim. Se o seu homem não estiver por perto,
você liga para mim. Você pode fazer isso por mim, querida?
— Ela não vai fazer nada, exceto ficar longe de você e
trazer sua bunda para o meu lado.
Era aquela voz que tinha uma linha direta com todas as
suas partes cor-de-rosa. Alex estava no corredor, seu grande
corpo ocupando todo o espaço. Jesse era tão grande e amplo
quanto, mas de alguma forma ele não preenchia o espaço da
maneira que Alex fazia.
Eve se afastou, e no instante em que se aproximou de
Alex, ele a puxou e colocou-a atrás dele como se houvesse
uma ameaça apenas esperando para pegá-la.
— Eu não sei como este clube tem trabalhado, até este
momento, mas eu sou oficialmente o Dom in Residence aqui,
de modo que para todos os efeitos, é o meu clube. Então, vou
te ensinar a primeira regra do clube. Você não pode tocar
minha sub. Minha. Esse colar em seu pescoço foi colocado lá
por mim. Ela pertence a mim, e isso não é um escritório
pequeno feliz onde existem regras civilizadas e tenho que
aturar você bater na minha mulher com um sorriso que
espero que ela não retribua. Este não é o mundo civilizado e
na próxima vez que encontrá-lo a sós com minha submissa,
eu vou ter certeza de que você nunca fará isso novamente.
Fui claro? — Ele era um homem das cavernas, um
Neanderthal, um louco, maníaco possessivo e ela meio que
queria foder com ele com força agora mesmo.
— Claro como cristal, chefe. — Mas havia um sorriso no
rosto de Jesse.
— É melhor que seja.
Eve queria dizer alguma coisa, para protestar, mas este
não era o lugar. Alex virou-se, agarrando sua mão e indo pelo
corredor.
Ela praticamente correu para acompanhá-lo. Nada
mudou? Ela estava enganando a si mesma, porque a partir
do momento que ela decidiu entrar no avião, tudo mudou.
Ela só precisava descobrir como lidar com as
consequências.
Jesse Murdoch assistiu ridiculamente o intitulado
Mestre A caminhar, os ombros enquadrados e um braço
possessivamente ao redor de sua... o que eles chamam?
Submissa? Por que eles tinham que foder as coisas com
nomes diferentes nessa merda? Ele não tinha certeza o que
era essa coisa toda de BDSM.
Risca isso. Ele tinha a maldita certeza que não
conseguia fazer essa merda. Parecia algo terrível como uma
maneira de abusar de uma mulher para ele.
As primeiras vezes que ele teve que assistir Chazz
açoitar uma das meninas o fez encher a cara. Ele ainda não
estava dormindo, mas porra, ele nunca dormia. Toda vez que
fechava os olhos, ele podia ver a cela suja que foi sua casa
por muito tempo, sentir o cheiro da merda, mijo e sangue que
foi sua vida.
A morena virou-se ligeiramente, olhando para trás,
encontrando-o.
Ele tinha que admitir, ela era um esplendor. Um pouco
magra para o seu gosto, mas havia um apelo quase inocente
nela. Ele lhe deu um sorriso e ela se virou, desaparecendo
pelo corredor com o namorado psicótico.
Mestre Filho da Puta era ele quem lhe deu aquelas
cicatrizes em seu pescoço? Idiota.
O novo Dom e seu belo saco de pancadas eram mais do
que apenas uma curiosidade para Jesse. Eles eram uma
complicação que ele não precisava.
Ele olhou uma vez e depois duas vezes pelo corredor.
Vazio. Ao cair da noite, todo o lugar ficaria agitado e uma
espécie louca de caos assumiria, mas, por agora, tudo estava
quieto.
Como ele gostava.
Ele deslizou para dentro do vestiário feminino. Ele tinha
que usar o vestiário das mulheres, porque alguns idiotas
grampearam os dos homens. Não havia ouvidos ou olhos
curiosos lá a essa hora do dia. Ele deu uma rápida olhada no
lugar. Ninguém nas privadas ou nos chuveiros. Ele empurrou
uma lata de lixo em frente à porta. Não iria manter ninguém
de fora, mas iria deixá-lo saber se alguém estava chegando.
Ele voltou para o boxe e tirou seu telefone celular, o que
ele guardava na bota, junto com a faca. Ele tinha dois
aparelhos. Este era totalmente indetectável e com apenas um
número programado. Jesse apertou o botão e esperou.
— Você tem algo para mim? — Seu contato sempre foi
sucinto.
— Um par de novos jogadores.
— Nomes?
— Anthony Priest e Amanda King. Eu só os conheci
agora. Chazz os trouxe para, eu não sei, acho que eles devem
transar na frente de uma multidão ou algo assim. — Ele
ainda estava um pouco confuso sobre o que o idiota tinha
que fazer. — Ele tem quarenta ou algo assim... Um par de
tatuagens. Ela é uma morena com algumas cicatrizes. Seios
bonitos. Ela é menos tagarela do que a Kris. O cara é irmão
de Kris.
— Sério? Porque até três meses atrás, ela não tinha um
irmão.
Ele deveria ter sabido. — Porra.
— Acalme-se. Há uma razão para você deixar o trabalho
de inteligência para mim. Você é uma veia útil, Murdoch, mas
você é um soldado.
Ele não era mais. Perdeu isso com tanta certeza como
sua honra foi arrancada, juntamente com a sua humanidade.
— Quem é ele, então? E por que ele apareceu agora? Se Kris
está planejando alguma merda, o que ela sabe que eu não
sei?
Estava sentada em seu estômago, aquela sensação que
ela estava acima dele. Ela não era o que disse ser. Ele sabia
disso, mesmo antes de ter sido avisado para cuidar dela. Mas
o contato não queria que ela soubesse. Ainda não. De alguma
forma, esteve lá na parte de trás de sua cabeça que talvez ela
jogasse para a mesma equipe que ele e, ele foi brutalmente
surpreendido ao descobrir que não era verdade.
Ele não queria matá-la, mas ele faria se fosse preciso.
— Apenas fique quieto por enquanto. — Seu contato
tinha uma voz profunda. Ele nunca conheceu o contato,
somente foi dado um número de telefone junto com um
dinheiro para as despesas e as chaves de um pequeno buraco
de rato que ele rapidamente transformou em seu pequeno
esconderijo, mas ele viu fotos do homem. — Eu quero tudo no
lugar quando for a hora para eu entrar.
Esse era o seu trabalho. Fazer as coisas direito. — O que
você precisa de mim?
— Bem, eu duvido seriamente que Anthony Priest seja
tudo menos um aliado. Eu preciso de imagens. Quero fotos
dele e da mulher que está com ele. Faça isso discretamente.
Eu não quero que eles suspeitem de nada. Você se aproximou
de Chazz?
— Eu estou no círculo interno. Ele é um empregado
totalmente leal isso eu posso dizer.
— Certifique-se que ele continue assim. Quero relatórios
sobre qualquer coisa fora do comum. E se isso acontecer,
talvez precise que você elimine o cara novo.
Jesse respirou fundo. Este era o tipo de coisa que estava
temendo e esperando desde o momento em que decidiu se
mudar para o lado negro. O que seu pai fez era puro e bom,
mas isso era algo diferente. Era tudo o que ele deixou. — Sim,
eu posso eliminá-lo se precisar.
— E a garota?
Ele nunca matou uma mulher antes. Engoliu em seco
uma vez e, em seguida, novamente. Ele não tinha certeza se
podia, mas sabia o que tinha a dizer. —Sim. Eu também farei
com ela, se for preciso.
Seu contato riu do outro lado da linha. Ele parecia ter
um senso de humor negro, mas, então, isso não era tão
surpreendente. — É bom saber que posso contar com você.
A linha ficou muda e Jesse empurrou o telefone de volta
em sua bota. Ele moveu-se rapidamente, saindo do vestiário
antes que alguém entrasse. Ele empurrou a lata de lixo de
volta no lugar e encontrou o corredor vazio. Voltou para a
pista, apenas a tempo de ver Kristen sair com seu suposto
irmão e a bela morena que ele poderia ter que matar.
Seu estômago ficou um pouco revirado com o
pensamento. Não por ele ter que matá-la, mas por ele poder
gostar. Ele poderia gostar muito. Era um viciado. Oh, ele não
era viciado em algo tão barato como uísque ou
metanfetamina. Ele se tornara um pouco viciado em
violência, em derramar sangue e esteve longe desse seu
comportamento impudente já fazia um tempo. Estava
preocupado que, desta vez, não pudesse ser capaz de voltar.
Mas ele iria fazê-lo porque era o seu trabalho, e era a
única porra que ele tinha. Talvez, no fundo, ainda fosse um
soldado, e um soldado não vacilava quando o trabalho a ser
feito era um pouco desagradável.
Ele observou enquanto o grandalhão empurrou a porta
da frente, mantendo-a aberta para a sua mulher. Ela era tão
pequena em comparação a ele. Ela tinha cicatrizes que
provavam que sua vida não foi nada fácil. Talvez ele teria que
libertá-la no final.
Não importava. Ele tinha que manter a cabeça no jogo.
Amanda King não importava. Kristen Priest iria também.
Decisões difíceis seriam tomadas, e ele as executaria. Ele se
preparou.
Qualquer coisa para a missão.
Alex entrou com a SUV na garagem subterrânea, cada
movimento seu sendo uma resposta precisa quase saindo do
controle. Ele estava em piloto automático desde o momento
em que percebeu que Eve estava aqui e em perigo e que
tentou ativamente destruir seus planos.
Foi uma traição. Suas entranhas ardiam. Ela estava
sentada atrás dele. Ele não parava de olhar para trás no
espelho retrovisor, olhando para ela, tentando fazer contato
visual. Seu cérebro estava trabalhando o dobro tentando
descobrir exatamente o que ela estava fazendo. Seu coração e
cabeça estavam acelerados desde que ela entrou pela porta.
Observar ela sorrindo para o desgraçado jovem demais
para ela, não fez nada para acalmá-lo. Jovem demais para
ela? Jesse Murdoch era realmente muito jovem para ela? Ou
Alex que estava ficando muito velho? Ele pensou seriamente
em estrangular o filho da puta quando ele entrou no corredor
e Jesse pairou sobre Eve. O jovem a praticamente pressionou
contra a parede enquanto ele falava com ela. Será que Jesse
pensava que foi ele que inventou esse movimento? Babaca.
— Em que andar estamos? — Sean perguntou do banco
do passageiro, sua voz trouxe Alex de volta para a realidade.
— Meu apartamento é no terceiro, mas todo o edifício
está protegido. Há um guarda fazendo a segurança no portão
para a ilha. Mesmo estando aqui dentro é preciso ter uma
chave para entrar no edifico, tanto nas portas frontais ou
laterais. Mesmo que alguém possa entrar no edifício, os
elevadores estão protegidos. Você tem que colocar um código
de acesso para chegar ao andar certo. — Disse Kristen,
inclinada para a frente. Ela estava sentada na parte de trás
com Eve. — Eu vejo que Adam já está aqui.
A vaga ao lado deles já estava ocupada por um sedan
não conhecido. Adam recebeu tudo o que precisava para
montar seu equipamento. "Nós só temos as duas vagas?"
O estacionamento foi demarcado.
— Sim. — Explicou Kristen. — Quando o carro de Sean
for entregue, um de nós vai ter de estacionar em frente ao
edifício. Há uma porta lateral que leva direto para o elevador.
Há uma em cada lado do edifício, por isso, ao todo existem
quatro pontos de entrada, garagem, duas portas laterais e a
entrada principal, onde os hóspedes tem que ir.
Ela parecia bastante segura, melhor do que ele se
estivessem em um motel. — A última na lateral do prédio pela
parte de fora. Quantos quartos você tem?
— Eu tenho três. Adam já está acomodado em um.
Pensei que Eve e eu poderíamos dividir.
De maneira nenhuma. — Eve fica comigo.
Ela fez sua escolha e ela iria definitivamente dormir com
ele.
— Alex, nós não precisamos jogar esses jogos fora do
clube. — Eve disse em uma voz muito paciente. Ela era a
única calma, a mais fácil de lidar. Ela não foi rude com
qualquer pessoa que fez uma pergunta ou um comentário. E
isso o irritava ao extremo. Ele era um vulcão prestes a
explodir, e ela era um oceano de calma.
Ele colocou o carro no estacionamento, saiu do carro e
apertou o botão para abrir o porta-malas. Ele andou para o
lado do passageiro da parte de trás e abriu a porta de Eve
antes que ela pudesse fazer isso sozinha. Ele virou as costas,
porque se ele colocasse uma mão nela neste momento, ele só
poderia tê-la sobre seu joelho direito. Pegar a bagagem era
mais fácil do que lidar com Eve.
Mesmo do andar do estacionamento se podia sentir o
cheiro do sal no ar, ouvir o som do Atlântico bater na costa.
Era um som suave que não fazia nada para aliviar sua
ansiedade.
O que diabos ele deveria fazer?
Sean caminhou ao lado dele e inclinou-se, agarrando
sua mala e uma peça enrolada que ele explicou que continha
o seu conjunto de facas. Ele o verificou no aeroporto, mas o
carregou desde então. — Não faça algo estúpido. Você precisa
pensar sobre isso por dois segundos.
— Eu não acho que tenho que fazer algo estúpido. Você
já fez isso por mim. —Sean deveria ter tido a certeza de que
Eve estaria a salvo em casa. Era o que ele teria feito por Sean.
Sean sacudiu a cabeça. — Você é meu amigo, mas ela é
minha amiga, também, Alex. Se eu a tivesse parado, ela teria
aparecido de qualquer maneira e, então, tudo teria realmente
ido para o inferno.
— Sim, eu acho que era o seu plano. Ela tentou me
convencer disso. Não podia conseguir o que queria
manipulando a situação até que eu tive que fazer uma
escolha. Eu poderia desistir de procurar Evans ou colocá-la
em perigo. Ou eu fazia o jogo dela ou era o cara mal, mas
essa é a forma como os últimos anos da nossa relação tem
sido.
— Eu nunca te coloquei como o cara mau, Alex. — Eve
disse, com a voz firme como quando ela conversava com seus
pacientes. Ela estava ficando com sua voz de psiquiatra. Que
maravilha. Ela ficou ali, seus olhos fixos nele e ele se sentiu
como o cara mau. Ele era o imbecil que sempre a deixou para
baixo.
Ele não queria ter essa conversa aqui com testemunhas.
Droga, ele não queria ter essa conversa de qualquer maneira.
Ele pegou as malas e empurrou as de Eve em cima das dele e
começou a seguir as setas que levavam aos elevadores.
Ele era um idiota. Ela estava no fundo do poço e aqui
estava ele ainda carregando suas malditas malas porque ele
não podia suportar a ideia de não o fazer. Porque há muito
tempo, ele prometeu a seu pai que ele iria tratá-la como uma
princesa para o resto de sua vida, e ela ainda estava viva por
isso ele ainda estava preso ao voto e isso significava que Eve
St. James não iria carregar suas próprias malas ou abrir
suas próprias portas.
E ela com certeza não iria dormir sozinha esta noite.
Havia um limite para sua generosidade.
— Isto é divertido. Tudo o que precisamos é um pouco
de pipoca, porque isto é um monte de drama. — Kristen deu-
lhe uma piscadela quando ela entrou pela porta que manteve
aberta. O elevador estava imediatamente à sua esquerda. A
porta entre a garagem e o elevador estava aberta, mas a
própria garagem tinha um portão e uma entrada remota e
segurança no local. Eve atravessou logo em seguida e, depois,
Sean.
Alex olhou em volta. Ele precisava tirar essas coisas da
cabeça e começar a avaliar a sua situação. Isso ia ser a sua
casa pelos próximos pares de semanas. Ele precisava
descobrir os pontos fracos.
— Eu conto duas câmeras CCTV. Uma bem atrás de
você. — Sean levantou o dedo do meio com um sorriso. —
Olá, Adam. — Ele deu de ombros. — Você sabe que ele já está
assistindo. Isso provavelmente levou cinco segundos para
cortar a transmissão.
Eve e Kristen estavam de pé ao lado do elevador, fora de
alcance. Ele baixou a voz. Ele simplesmente não podia deixar
isso passar. — Por que você faria isso comigo? Adam, eu
entendo. Ele sempre esteve mais perto de Eve, mas não
esperava isso de você.
Sean fez uma careta. — Eu não o traí e Kristen está
certa. Você soa como uma rainha do drama. Eve não é uma
garota de rua. Ela é Eve St. James, ela é inteligente e mais
capaz de fazer este trabalho específico do que ninguém. Eu a
trouxe aqui pela mesma razão que vim aqui eu mesmo. Para
proteger a sua retaguarda porque você não é capaz de ser
razoável sobre isso. Então se acalme antes de fazer algo
realmente estúpido. Cada um de nós atravessamos um longo
caminho para estar aqui e apoiá-lo, e nós fizemos isso porque
somos uma família. Cada um de nós, exceto aquela garota
que você está colocando tanta confiança. Ela está escondendo
alguma coisa.
Ele não gostava de olhar para si mesmo através do filtro
dos olhos de Sean. — Eu não teria trazido Grace para isso.
Nunca.
Os olhos de Sean rolaram. — Grace não é uma agente
treinada, é claro, você não teria trazido minha esposa aqui. É
um cenário completamente diferente. Vou dar-lhe um
conselho e você pode segui-lo ou não. Esta é sua última
chance com ela. Se você estragar isso, eu acho que ela vai te
deixar permanentemente, e não há nenhuma maneira de você
recuperar isso. Você pode pensar que os últimos anos têm
sido ruins, mas nada vai ser pior do que não ser capaz de
cuidar dela. Ela está aqui porque te ama e ela pode dizer isso
ou não. Então certifique-se que ela possa dizer isso. Ela se
colocou em suas mãos, no seu completo controle.
Alex bufou com a ideia. Ele sabia exatamente como isso
seria. Ele estava jogando este jogo por cinco anos com ela. —
Eve acha que pode desempenhar o papel no clube e, em
seguida, fazer o que ela gosta fora dele. É a maneira que ela
trabalha desde o divórcio.
— Aquilo não é Sanctum, cara. — Sean estendeu a mão
e deu-lhe um tapa fraternal no braço. — Esta é uma
operação. Qual é a primeira coisa que Ian ensinou a todos
nós?
— Viva a operação para que a operação não morra. —
Não quebre o disfarce. Viva e respire o disfarce. Era a única
maneira de sobreviver. O disfarce de Eve era para ser uma
submissa do Mestre A.
Sua submissa.
— Vocês dois vão ficar segurando a porta aberta para
sempre ou vão querer ver a minha festa? - Perguntou Kristen.
Eve simplesmente ficou no elevador, com um olhar atento
sobre o seu rosto.
Ele meio que gostava desse olhar. Ela sempre foi tão
segura dele, então tinha certeza de que ela poderia lidar com
ele. Foi bom saber que ele a tinha fora de controle pela
primeira vez. — Estamos indo.
O elevador estava lotado, obrigando-a a ir para a parte
de trás do elevador.
— Você tem que ficar tão perto? — Perguntou Eve,
olhando para cima.
Era hora de começar a colocar para fora algumas regras
básicas. —Você é minha submissa. Não existe espaço pessoal
para você. Não quando se trata de mim. Se você age assim lá
fora, no campo, você vai nos denunciar na hora.
— Nós não estamos no campo. Estamos no elevador. —
Ela não parecia tão calma agora. Ela falou com uma voz
ofegante, um pouco instável, o que o deixou saber que estava
fora de seu controle. Ela olhou para um lugar logo abaixo do
queixo, como se não conseguisse olhá-lo nos olhos.
Ele forçou o seu queixo para cima, trazendo aqueles
olhos castanhos chocolates para encontrar os seus. Graças a
Deus ela não disfarçou a cor dos olhos. — Estamos sempre
em campo, pet. Eu vou chamá-la de pet a maior parte do
tempo, porque eu não posso chamá-la de Mandy. Não serve.
Pet é muito melhor. É mais descritivo do papel que você vai
jogar.
Sua mandíbula se firmou e aquelas sobrancelhas
perfeitamente pintadas subiram em uma expressão teimosa.
— Se você está tentando me assustar, não vai funcionar.
— Eu não posso assustá-la, pet. Você tirou essa escolha
de nós dois. Se eu fizer isso, então tenho que deixar toda a
operação para trás, e não vou correr para casa com o rabo
entre as pernas. Sean parece pensar que você é competente.
Amanhã você pode provar isso. Você está de volta as sessões
de treinamento.
Seus olhos queimaram. — Eu não preciso de sessões de
treinamento, Alex. Estive sendo sua submissa por um longo
tempo. Acho que posso lidar com isso no clube.
Ele deixou um pequeno sorriso cruzar sua boca quando
ele a apertou ainda mais contra os painéis de madeira da
cabine do elevador. — Não era esse tipo de treinamento.
Defesa pessoal. Exercício. Se você quer estar no campo
comigo, você vai ser treinada por mim.
— Este lugar está equipado com uma sala de ginástica
completa. É muito bom. — Kristen acrescentou amavelmente
enquanto o elevador apitava e abria as portas revelando uma
espécie de hall de entrada privada.
Eve franziu o cenho para ele. — Eu não sei por que as
sessões de treinamento são necessárias.
— Bem, então é bom que você não esteja no comando,
não é? Eu estou no comando desta operação e você vai seguir
o meu comando ou podemos ter um rompimento muito
rápido e posso encontrar uma outra submissa. — Ele se
sentiu melhor tendo tomado o controle. Ou talvez fosse a
cachoeira asiática que ele acabará de ver. O pequeno hall de
entrada foi decorado em tons de vermelho escuro, a peça
central uma bela fonte de água de pedra que ia do teto ao
chão e deu a todo o espaço uma sensação de serenidade.
E deixava Alex saber que Kristen tinha muito dinheiro.
Talvez Sean tivesse um ponto. Ele precisava parar de
pensar em Eve por dois segundos e ficar com a cabeça na
operação.
Eve seguiu atrás dele, os saltos de prostituta que estava
usando clicando ao longo do piso de mármore. A saia que ela
usava abraçava sua bunda e dava água na boca. Ele teve
aquela mulher de mil maneiras diferentes e ainda não podia
esperar para fazê-lo novamente, não podia parar de contar
cada segundo entre agora e quando ele poderia estar dentro
dela novamente.
O minuto em que Kristen abriu a porta, Eve andou a
passos largos para a direita por ele, sem se preocupar em
olhar para trás. Ela passou por Adam, que estava esperando
por eles e Alex a ouviu perguntando a Kristen qual quarto era
o deles. Pelo menos ela não iria discutir com ele sobre isso.
Kristen a seguiu, deixando os homens sozinhos.
— Cara, ela está chateada. Diga–me que a operação não
acabou. — Adam disse, voltando-se para observar Eve
enquanto ela falava com Kristen no que parecia ser a sala de
jantar.
— Eu acredito que ela está chateada porque a operação
ainda está acontecendo. — Alex respondeu. — Ou isso, ou ela
não está ansiosa para nossos exercícios diários. Então,
vamos continuar. O que você tem para mim, Adam?
As mãos de Adam subiram em rendição. — Vamos
esclarecer algumas coisas antes de seguir em frente. Gostaria
de registrar que eu sou apenas o cara da tecnologia aqui.
Sem treinamento necessário. Eu sou um homem casado.
Posso relaxar totalmente agora. Falando de relaxar, Sean,
meu homem, você está aqui. O que há para o jantar?
Sean resfolegou. — Eu não sei. Vou ter que verificar o
que a senhorita Mysterious tem em sua geladeira. Eu vou
desfazer as malas e ligar para minha esposa. Deixe-me saber
se você precisar de mim, mas acho que este é realmente o
trabalho de Adam.
As sobrancelhas de Adam levantaram com a questão. —
Ele está perguntando sobre o trabalho de Jesse Murdoch que
já fiz? Porque eu sei tudo, é claro.
Adam poderia ser um pé no saco, mas ele era muito bom
em seu trabalho. —Conte-me a história sobre ele.
Adam caminhou até a mesa na sala de estar e jogou
uma pasta sobre ela. A mesa parecia com o resto do
condomínio. Feita de uma madeira rara, escura e tinha
influências asiáticas, embora com todo o equipamento de
informática e de fios cobrindo-a, Alex só conseguia pensar
que era de um período nerd contemporâneo.
A pasta que Adam abriu continha uma foto de Jesse
Murdoch e o que parecia ser um processo robusto. — Jesse
Murdoch. Idade vinte e sete anos e algumas alterações.
Nascido nos confins do Wyoming. A mãe era uma garçonete.
Pai era um policial. Morto por um tiro enquanto trabalhava
três meses antes de Jesse nascer. Aparentemente, a mãe não
podia lidar com isso. Ela o deixou com o avô um dia e nunca
mais apareceu. Anos mais tarde conseguiu se ajeitar, se
casou com um cara rico e nunca sequer enviou a criança um
cartão de aniversário, pelo que eu entendi. Ele tem três
meios-irmãos, mas não acho que ele se encontrou com eles.
Pouca sorte. De qualquer forma, ele ajudou na fazenda de seu
avô, até que faliram. O avô morreu, e onde é que uma criança
que não tem absolutamente nada acaba?
Alex conhecia bem essa história. — Prisão ou exército.
Adam tocou seu próprio nariz. — Ele esteve no Exército.
Sorte, sorte nossa. Falei com alguns dos meus contatos
enquanto estava dirigindo para o clube. Disseram que ele
estava sendo recrutado para operações especiais quando foi
preso. Ele passou alguns meses como refém de um dos
exércitos jihadistas. A maior parte de sua unidade morreu na
emboscada. IED11 desagradável. Tirou o Humvee12 em que
estavam. Ele foi levado com três outros soldados de sua
unidade. Ele foi o único a sobreviver.
Alex assobiou quando olhou através das páginas de
documentos que Adam montou. — Merda. Foi este o
incidente em que decapitaram três dos nossos soldados?
Tinha sido uma grande história há alguns anos atrás. O
Governo tentou mantê-la fora da mídia, mas ninguém poderia
parar a Internet. O grupo decapitou soldados bons e honestos
para promover seus interesses políticos.
— Eles executaram todos, menos Murdoch, incluindo
um sargento do sexo feminino. Quando a equipe de extração
o encontrou, ainda estava vivo. Ele foi imediatamente retirado
de serviço. A palavra oficial foi: Estresse pós-traumático.
Mas Alex sabia que havia mais nessa história. — Eles
estavam preocupados que ele mudou de lado. Não podiam
confiar nele com a Intel. Eu vi no noticiário, mas ele quase
que imediatamente passou a se esconder e a história morreu
lentamente. Pobre coitado.
11
Improvised explosive device, ou IED é uma bomba de fabricação caseira construída e implantado em outras maneiras do que
em uma ação militar convencional
12
Adam fez uma careta. — A menos que ele realmente
tenha se afastado e desistido de seus companheiros de
equipe.
Houve momentos em que o nome e a reputação de Alex
eram tudo o que ele tinha. Não podia imaginar um país
inteiro questionando-o. O que Jesse Murdoch realmente
passou? E como isso o alterou?
Ele era definitivamente alguém que Alex queria vigiar. —
Então, o que ele está fazendo aqui? Há quanto tempo ele está
na Flórida?
— Cerca de três meses, pelo que eu sei. — Adam
respondeu. — Ele vem fazendo bicos por toda a costa,
mantendo-se discreto. Fez alguns trabalhos de segurança em
Virgínia por um tempo, mas caía fora rápido e, tanto quanto
eu posso dizer, foi contratado em um clube por dez semanas.
Além do fato de que trabalha para um bando criminoso, não
tem qualquer tipo de registro. Nem sequer uma multa de
estacionamento.
Mas ele estava trabalhando efetivamente para uma
boate que quase certamente estava lavando dinheiro para um
terrorista. E ele realizou trabalhos para terroristas durante
três meses, tempo mais que suficiente para um homem ser
doutrinado para o radicalismo. Lavagem cerebral era apenas
mais uma ferramenta no kit de um terrorista. Jesse Murdoch
era um agente infiltrado?
— Continue trabalhando nesse ângulo. Posso precisar
de você para viajá-lo. E Jake está na cidade?
Ele fez a pergunta bem baixinho. Kristen não precisava
saber sobre todos os jogadores que ele tinha no conselho. Ele
estava disposto a confiar nela, mas só até certo ponto.
Adam assentiu. — Jake e Serena estão em um
apartamento a dois prédios abaixo de nós no caso de
precisarmos deles. Por que Kristen não quer toda a equipe
aqui? Por que ela quer nos separar?
— Ela acha que muitas caras novas em volta podem
causar algumas perguntas, mas ela não sabe como minha
equipe é boa. Basta mantê-lo em sigilo. Pelo que eu entendo,
a multidão no clube é bastante turbulenta na maioria das
noites. Eles vão se misturar bem. Eu quero alguém para ficar
de olho nela.
Adam assentiu. — Vou fazer isso. — Sua voz voltou ao
normal quando Kristen entrou na sala de estar. — Você vai
ficar feliz em saber que o seu apartamento não está
grampeado.
— Verificando isso, não é? — Ela deu de ombros.
— Eu espero que você seja minucioso, Adam. Sou um
livro aberto. Verifique todos os registros sobre mim o quanto
desejar.
Adam cruzou os braços sobre o peito enquanto estudava
Kristen. — Eu já o fiz. Não há muita coisa. Eu li alguns de
seus artigos, mas fiquei surpreso que você não colocou fotos
com a assinatura. A maioria dos grandes repórteres fazem
isso hoje em dia.
Ela sentou-se em um sofá de aparência formal, seus
sapatos já jogados de lado. Se estava profundamente
perturbada com o fato de que a sua casa agora parecia uma
Central hacker, não demonstrou. — As celebridades o fazem,
sim. Eles não costumam fazer reportagens com profundas
coberturas. Sou repórter e parte investigadora. Eu não posso
fazer o meu trabalho se estou no noticiário toda noite
mostrando meus planejados insucessos. Tenho muito
cuidado com que fotos vazem. Você leu a história sobre um
cartel peruano trabalhando com o governo de lá? Eu
trabalhei nisso por mais de um ano. Você não acha que eles
gostariam de uma imagem minha para pendurar em seus
escritórios? Sacrifiquei o emprego de um grupo de
funcionário de alto padrão. Eu não sorrio para a câmera, e
pelo que pude ver nem você, Sr. Miles. Não encontrei uma
página no Facebook sobre você com cinco mil amigos e fotos
de sua esposa grávida.
Todo o corpo de Adam ficou tenso. — Como você sabe
que ela está grávida?
— Porque trafico informações e sou muito boa no meu
trabalho. Se quisesse poderia apenas ligar para Evans e
encontrá-lo no clube. Provavelmente poderia fazer isso
sozinha, mas acho que há algo mais acontecendo aqui. Além
disso, Evans é um homem muito mal e se eu tiver que
escolher entre uma grande história ou a justiça para as
pessoas que ele matou e as mulheres que ele está
machucando, então eu vou escolher a justiça, e só posso
conseguir isso através de homens como você. Então procure
por todos os cantos, como você quiser. Pegue meu celular.
Bisbilhote através do meu computador e fale para o Little Tag
ali que ele pode me dar todos os olhares desagradáveis que
quiser. Eu não vou a lugar nenhum e ele não pode me
intimidar. Estive em águas cheias de tubarões e consegui
olhar para eles. — Ela se afastou, apontando para a porta. —
A cozinha é ali. Alex, eu estou dando a você e a Eve a suíte
máster, porque eu sou uma romântica incurável. Sean e
Adam podem compartilhar o quarto com as duas camas de
solteiro e vou estar ao lado deles. Há entradas na varanda de
cada quarto. Verifique se o sistema de segurança está
desligado antes de dar um passeio. Boa noite, senhores.
Amanhã é um dia longo. E, a propósito, diga a Sean que ele
está longe de ser tão quente como seu irmão. E se você quiser
perguntar como eu sei disso, eu digo que é porque meus
olhos funcionam.
— É um belo discurso. — Adam ainda estava olhando
para ela com olhos desconfiados. — Eu espero que você seja
quem diz ser.
Ela deu de ombros. — Se você decidir que não sou digna
de confiança, atire no meu intestino, porque seria realmente
uma perda estragar meus seios. Eles são verdadeiros, só para
constar. Boa Noite.
Ela saiu, sem olhar para trás.
— Puta merda, eu acho que ela me assusta um pouco.
— Sean entrou de novo no quarto tendo, obviamente, ouvido
tudo. — Você está irritando todas as mulheres da equipe
hoje.
Alex ficou olhando para ela. Ela era interessante. — Eu
não a irritei. Foi Adam.
— Eu não gosto de não ser capaz de encontrar a
informação que quero em alguém. Duas fotos granuladas, foi
tudo que pude encontrar dela. — Adam admitiu. — Ainda
assim, posso entender porque ela não iria querer o rosto dela
por aí. Ela pegou um governo local inteiro no Peru. Eu
também li um artigo que ela escreveu que ligava a máfia
russa pelo roubo de arte em Nova York. Aparentemente, por
causa dela, várias obras-primas que foram perdidas durante
a Segunda Guerra Mundial foram recuperadas.
Ele acreditava nela. Havia algo profundamente sincero
sobre ela. Ela poderia estar jogando com todos eles, mas ele
não pensava assim. — Isso tinha que irritar as pessoas. A
máfia russa não gosta de ter os seus regimes revelados.
Então, ela é uma mulher inteligente. Ela não mentiu sobre
qualquer coisa.
— Ainda assim. — Disse Sean.
— Qual é a implicância com ela? — Alex teve que
admitir que ele meio que gostava dela. Ela era difícil.
Sean franziu a testa, olhando para o corredor que ela
desapareceu. — Eu não sei. É o jeito que ela olhou para mim.
Como se ela me conhecesse. Eu apenas tenho esse
pressentimento, mas então estive fora do jogo por um tempo.
Vou preparar o jantar. Esperemos que ela tenha algo que eu
possa fazer. E sou muito mais quente do que Ian. A mulher,
obviamente, precisa fazer um exame de vista.
Sean saiu em direção à cozinha e Adam se virou de volta
para seu quarto.
Alex olhava para o oceano na frente dele. Toda a parede
de trás do apartamento era de janelas do chão ao teto. Por
causa de sua altura, de onde ele estava, parecia que não
havia nada além do oceano sem fim na frente dele. O sol
estava começando a abaixar, o céu ficando laranja e
vermelho.
Uma bela vista.
Ele ouviu um chuveiro ligar. Eve. Ele tinha todo o direito
de entrar naquele cômodo e vê-la no chuveiro. Ele tinha todo
o direito de se juntar a ela.
— Ei, ela tem bom gosto para whisky, cara. — Sean
estava sorrindo, segurando um par de copos e uma garrafa de
Glenlivet.
— Ponha-me um duplo, cara. — Alex tomou o seu ouro
líquido e saiu na varanda, o vento quente roçando contra sua
pele. Ele andou até a grade e pode ver as dunas e palmeiras
verdes que os cobriam.
Não havia muito tempo para descobrir o quanto de
perigo todos eles estavam entrando. Esta noite ele tinha que
decidir como lidar com o fato de que ele iria dormir ao lado de
Eve, pela primeira vez em anos.
Se ele dormisse.
Eve saiu do quarto para a varanda. A suíte máster era
localizada no lado do oceano do condomínio e ela podia ver o
luar brilhando sobre as ondas. O som das ondas era
metódico e calmante, mas ela não conseguia encontrar uma
maneira de acalmar-se.
Alex não falou mais de duas palavras com ela no jantar.
Ele falou com todos os outros, mas a ignorou, a não ser para
ver se ela tinha o que precisava.
Garantiu que ela tivesse o melhor pedaço de bife e
colocou uma grande porção de purê de batatas trufadas em
seu prato antes de começar a se servir. E ela comeu mesmo
sabendo que não deveria. Droga, Sean. Ela não podia deixar
passar a sua arte. Talvez ela precise dessas sessões de
treinamento.
— Volte para a cama, Eve.
Ela já foi para a cama e não havia nenhuma maneira de
dormir naquela grande cama enquanto esperava para ver o
que Alex faria. Ela esperava-o meio que entrar e exigir todo o
direito que ela lhe negou durante os últimos cinco anos.
Tinha que fazê-lo ver que ela não o traiu.
— Eu sabia que você não iria cancelar a operação.
Ele tinha um copo na mão. Eve não podia dizer
exatamente o que estava nele, mas apostaria que era whisky
escocês. Todos os homens em sua vida pareciam se
transformar em whisky. — Você sabia?
Tinha tirado sua camisa quando ele atravessou o quarto
dez minutos atrás. Ela descansou lá na cama, esperando por
ele entrar e começar, o que estabelece a lei como seu Mestre,
mas ele simplesmente desligou o sistema de segurança e saiu
para a varanda vestindo nada além de um par de jeans que
moldava sua bunda.
— Sim, eu sabia que não havia maneira de pará-lo,
então vim com você. Amanda não consegue lidar com uma
operação como esta. Você estava sendo imprudente quando a
escolheu para te cobrir.
Ele tomou um longo gole do copo antes de responder. —
Eu tenho Sean para me dar cobertura. Eu só precisava de
Amanda para ser atraente e manter a boca fechada.
Ela respirou fundo e rezou por um pouco de paciência.
— O que só mostra que você não a conhece. Amanda não é
conhecida por manter a boca fechada. Ela gosta de insultar
cada mulher em torno dela. Também tem uma profunda
necessidade de agradar a quem ela considera ser o macho
alfa de um grupo. O que aconteceria se ela decidisse que
Chazz é o macho alfa?
Alex virou, com um olhar arrogante em seu rosto. —
Sério? Aquela pequena raposa?
Ele não estava pensando em tudo. — Ser o maior e o de
melhor aparência não faz de você superior, Alex. Chazz tem
poder e Amanda iria ser atraída por isso.
Alex franziu a testa e passou a mão sobre seu cabelo
quase inexistente. Havia talvez uns dois centímetros de seu
cabelo castanho escuro. Ele tinha cortado-o, e estava certo
sobre fazê-lo. Ele mudou suas características, fazendo-o
parecer mais sério, não deixando nada para prejudicar as
duras linhas masculinas de seu rosto.
— Tudo bem, eu deveria tê-la examinado melhor, mas
você não tinha o direito de substituí-la sem me consultar.
Esta é a minha operação. Eu não quero você aqui.
Bem, ele não poderia colocar isso mais duramente. Ele
não a queria. Ótimo. Ela poderia lidar com isso. Ela era
durona e ele estava preso com ela agora. — Eu posso fazer o
trabalho, Alex. Não é meu primeiro caso. Confesso que não
tenho a experiência de campo que Ian tem, mas até Ian
decidir contratar outras duas mulheres, você está preso
comigo. Você precisava de uma mulher para este trabalho e
precisava de uma em quem pudesse confiar.
— Eu precisava de uma que não fodesse tudo.
Uma ferida se abriu dentro dela. — Você está me
chamando de incompetente?
Ele suspirou e virou-se novamente. — Não. Eu nunca
iria chamá-la assim. Eu estou te chamando de distração que
não preciso. Precisava estar dormindo ou trabalhando no
caso, mas minha bunda está de pé aqui pensando sobre o
fato de eu não ter te beijado nos lábios em cinco anos e me
sinto como um garoto estúpido esperando que eu não foda
com tudo isso.
Seu coração amoleceu imediatamente. Deus, ela não
pensou sobre o que significaria ela realmente estar aqui com
Alex. Eles estiveram em muitas operações secretas antes,
mas nunca uma que os forçou a ficarem juntos com tal
intimidade. De alguma forma, o pensamento de beijar Alex
assustou-a muito mais do que a operação. Ela foi capaz de
manter-se longe dele porque só lhe permitiu sexo e disciplina.
Beijar era diferente. Beijar era íntimo.
Ela nunca esqueceu a forma como Alex beijou-a, como
se ela fosse a única mulher do mundo inteiro e ele não
conseguisse o suficiente dela.
Beijar era perigoso.
— Alex, talvez devêssemos falar sobre isso.
— Tudo o que você quer fazer é falar. Eu não sou seu
paciente. Sou seu marido.
Apenas a palavra poderia fazê-la sofrer. — Nós estamos
divorciados. Estamos há muito tempo.
Ele riu, um pouco amargurado. — Eu sempre vou ser
seu marido. Só porque você escolheu assinar um pedaço de
papel e obrigou-me a assiná-lo também, não significa que eu
não me sinta como o seu marido.
— Eu não o forcei a assinar qualquer coisa. — E em
seus mais calmos momentos, mais reflexivos, ela poderia até
mesmo admitir que o divórcio foi uma medida drástica. Ela
queria tirar Alex do irritante lugar que ele esteve e forçá-lo a
vê-la novamente.
Ele simplesmente assinou os papéis e continuou a
procurar por Michael Evans.
— Eu perguntei-lhe o que você queria e você disse que
queria um divórcio, então eu dei a você, mas nem sequer saí
de nossa casa, Eve. Não até que nos mudamos para cá.
Mas ele mudou de sua cama na noite em que ela chegou
em casa de seu cativeiro. Sentou-se em uma cadeira ao lado
da cama, cuidando dela, mas não dormiu ao seu lado, porque
ela não podia suportar o toque de ninguém naquele
momento. O problema era que, mesmo depois de algumas
semanas, eles ainda estavam dormindo separados. — Era
óbvio para mim que nosso casamento estava acabado. Você
não dormia comigo. Você mal me tocava.
Sua mão livre agarrou o parapeito da varanda,
segurando-o firmemente. — Você tinha sido violentada. Eu
estava tentando dar-lhe tempo.
Ela balançou a cabeça. — Eu não penso assim. Não
acho que você realmente me queria. Porque ele me teve. Todo
o resto foi apenas impulso físico e uma medida da culpa que
você sentia. Você quer a verdade? Eu realmente não queria o
divórcio, mas você não parecia me querer mais, então te
deixei ir embora.
Ele se virou para ela e o copo caiu no chão. Ele não
parecia se importar com o fato de que acabou de quebrar o
copo. — Eu nunca quis ir. Eu queria você. Tentei te tocar e
você se retraiu cada vez. Você não suportava sentir minhas
mãos porque no fundo você me culpou pelo que aconteceu
com você. Não se atreva a negá-lo.
Ela estava de repente muito cansada. Ela mudou-se
para o lado, bem longe do vidro. — Eu não nego isso. Você se
recusou a me ouvir. Você pensou que eu estava errada sobre
Evans. Merda, você ainda acha que estou errada. Caso
contrário, não estaria aqui. Isso é história antiga. Por que
estamos falando sobre isso agora?
Agora, ambos os punhos estavam cerrados ao lado de
seu corpo enquanto a seguia. — Porque isso ainda está aqui.
Eu sinto muito. Desculpe-me, não ouvir você. Desculpe-me,
eu era um idiota arrogante que ferrou o trabalho de tal modo
que nunca voltaria a ser como antes. E não posso te dizer o
quanto sinto por ter sido ferida por causa disso. Você acha
que eu não iria trocar de lugar com você, se pudesse?
Isso só provava que ele não a conhecia completamente.
— Eu não iria querer isso. Eu culpava você? Sim. Foi justo?
Não, claro que não. Eu ainda te culpo? Não culpo você pelo
que aconteceu, mas eu o culpo por tudo o que aconteceu
depois. Culpo você por tentar ser algum tipo de vingador
quando precisei de você para ser meu marido.
E ele nunca iria entender isso. Ela virou-se, mas sua
mão estava em seu braço, puxando-a para trás. Ele pairava
sobre ela, com o rosto sombreado pela luz da lua. Sua boca
estava virada para baixo, mas seus olhos percorriam cada
centímetro dela. — Eu não sabia como chegar até você. Eu
nem sequer pensei que tivesse o direito. O que ele fez…
— Já passou, mas você não vai deixar isso acabar.
Nunca vai terminar para você e é por isso que você não pode
trabalhar em nós dois. — Lágrimas estavam deixando o
mundo embaçado, porque elas realmente caíram. Ele não
seria capaz de deixar para lá. Agora não. Nem mesmo se ele
encontrasse Michael Evans e de alguma forma conseguisse
matá-lo. Para Alex, nunca estaria realmente acabado.
Seu casamento se despedaçou, tão certo como o vidro
no chão e nenhum deles varreu os cacos. Eles continuaram
tentando pegá-los e remendá-los, mas algumas partes
quebraram completamente e nunca se encaixariam de novo.
Tudo o que eles conseguiram com o esforço foi culpa e
frustração.
— Você quer que eu vá embora agora? — Alex
perguntou, sua voz torturada. — Se eu arrumasse tudo e
saísse com você esta noite, poderia nos dar outra chance?
Ela estendeu a mão e tocou-o, a palma da mão em sua
bochecha. Ele se virou em sua mão como se precisasse da
sensação de sua pele contra ele mais do que sua próxima
respiração. — Não podemos sair, porque, no final, Kristen
está certa sobre uma coisa. Michael Evans tem de ser levado
à justiça para que não possa ferir mais ninguém. E esse é o
seu trabalho.
Era por isso que ela o amava. Era também por isso que
ele nunca seria capaz de perdoar a si mesmo.
— Eu quero voltar, Eve. Quero que sejamos inteiros
novamente. Quero isso mais do que qualquer coisa. — Ele
tocou sua testa na dela.
— Nós não podemos, baby. Nós não podemos voltar
atrás. Eu gostaria que pudéssemos, mas não posso ser
aquela garota novamente. Querendo ou não, o que aconteceu
me mudou, e não posso ser aquela coisa doce e submissa que
você tanto amava. Não posso deixá-lo escolher a minha roupa
e fazer todas as escolhas. Eu acho que teria mudado de
qualquer maneira. Pergunto-me o tempo todo o que teria
acontecido. — Era a mesma coisa que a assombrava, a ideia
de que não importa o que aconteceu, ela e Alex poderiam ter
ainda assim se despedaçado. — Éramos muito jovens quando
nos casamos. Eu já estava mudando quando Evans me levou.
É inevitável que as pessoas cresçam e mudem, e tendem se
afastar.
Ele sentiu a cabeça girar. — Não. Nós teríamos crescidos
juntos. Nós teríamos mudado e evoluído, porque eu nunca
teria deixado acabar. Éramos jovens estúpidos quando nos
casamos, mas era real e verdadeiro e deveria ter sido para
sempre.
Mas não foi. Foram dez anos de felicidade e
contentamento que veio com um bom casamento e depois
cinco anos de dolorosa solidão, mesmo quando ele estava na
cama ao lado dela. Deveria ter sido para sempre, mas não
houve felizes para sempre para eles e nunca poderia haver
até que ela o deixasse ir. — Acabou. Nós quebramos e não
podemos voltar de onde terminou. Nós não podemos fingir ser
os jovens que éramos antes. Não podemos ter o casamento
que tínhamos e temos que parar de olhar para trás, para que
possamos seguir em frente. Eu fiz isso por nós.
— Não. Eve, não. — Alex sussurrou. Ela podia ouvir a
dor em sua voz.
Lágrimas corriam pelo seu rosto, emoção rolando sobre
ela. Ela ainda o amava. Ela iria para a sepultura amando-o,
mas estava certa sobre isso. Eles estavam quebrados e os
pedaços que estavam faltando não podiam ser substituídos.
— Eu sinto muito, baby. Eu deveria ter deixado você ir há
muito tempo atrás. Deveríamos ter nos separado e nos
permitido curar. Mantive-nos neste nicho, porque estava com
muito medo de uma vida sem você. Estava disposta a manter
os dois no inferno em vez de apenas te deixar ir embora.
— Eu não quero que você me deixe. Não podemos
apenas esperar? Podemos aguentar. Podemos passar por
isso, meu anjo.
Mas eles não podiam. Eles tentaram por cinco anos. —
Nós somos seres humanos diferentes agora. Eu mudei em um
nível fundamental e odeio isso. Eu não acho que posso
encontrar um novo eu, até pararmos de tentar voltar a um
lugar que não existe mais. Vou ficar ao seu lado agora, mas
quando isso acabar, eu vou embora e desejo-lhe tudo de
melhor no mundo, porque você merece. Você merece uma
mulher que possa ser tudo que você precisa que ela seja.
Alguém inteiro.
Ela foi cruel durante anos porque a única maneira que
ela podia mantê-lo era prendendo-o por meio de um contrato
que dava a eles apenas metade do todo, assim podiam fingir
ainda estar juntos, onde o passado ainda estava entre eles
como um tentador sonho do que já foi.
Mas não poderia ser outra vez e ela tinha que deixar
para trás. Ela acusou Alex de não deixar ir, mas ela estava
segurando as mesmas peças quebradas, também. Ela os
manteve da forma mais difícil e rápida, ainda que estivesse
sangrando a cada minuto do dia.
A única maneira de seguir em frente era deixar ir. Ela foi
uma âncora em volta do seu pescoço, arrastando-o para
baixo, tomando o que deveria ter sido os melhores anos de
sua vida.
As mãos dele se moveram até a cintura dela, sua testa
apoiada contra a dela e ela sentiu suas lágrimas rolarem
suavemente em suas bochechas. Elas misturaram-se com as
que ela derramou, a prova final de que uma vez por todas eles
estavam juntos.
Ela ergueu o rosto, o luar iluminando-o, mostrando-lhe
a dor em seus olhos. O som do mar era uma ironia agridoce.
Eles começaram seu casamento em uma ilha paradisíaca e
fizeram amor na praia e viram o sol nascer. Ela olhou para
fora e para o mar que parecia tão infinito quanto seu amor
por ele. As ondas nunca terminavam, seu potencial infinito, e
ela e Alex pareciam da mesma maneira.
O amor dela ainda estava lá, mas o seu potencial
morreu em uma fúria de sangue, dor e culpa. Eles foram
feridos. Nada poderia levá-los de volta a um tempo em que
estavam inteiros e ela finalmente percebeu que, se ela o
amasse, tinha que soltá-lo.
Ela trouxe seu nariz ao dele, esfregando-os. Quando
foram felizes, eles ficavam juntos na cama durante horas,
apenas se abraçando, se explorando e tocando. Eles iriam rir,
falar e acabariam fazendo amor, mas não até que eles
brincassem um com o outro em um frenesi. A maioria dos
casais que conheceram iria para casa e assistiriam televisão
juntos, mas Eve e Alex teriam tirado as suas roupas no
minuto em que a porta estivesse fechada, e passariam
aquelas horas preciosas nus e enrolados em torno de si.
Ela conhecia o corpo dele melhor do que o dela,
conhecia cada músculo, cada oco, vale e centímetro de sua
pele. Ela sabia que beijar a parte de trás de seus joelhos o
deixava louco o bastante e ele odiava ter cócegas nos pés. Ela
sabia o quão forte o seu coração era e como ele a amava, ela
foi a rainha do mundo dele.
E quem ele amasse seria a mulher mais sortuda do
planeta.
— Não me deixe, Eve. — Sua boca pairou sobre a dela.
O calor de seu corpo esquentou.
— Nós precisamos. Nós não somos as mesmas pessoas.
Eu não sou a mulher que você amava. Por favor, Alex. Deixe-
me ir. Dói muito. Quero o que tínhamos, mas não posso tê-lo.
Nós não podemos ser aqueles jovens que estavam loucamente
apaixonados e que sabiam que poderiam enfrentar o mundo.
Eu ainda estou com tanta dor. Ficar neste lugar, desejando o
que não posso ter, dói dentro de mim.
— Anjo. — Sua respiração engatou. Suas mãos tremiam
quando ele tocou seu rosto, cobrindo seu rosto e olhando em
seus olhos. — Eu não quero que você sofra. Eu te amo muito,
porra. Nunca pensei que você fosse suja. Você sempre foi
inocente e sinto muito, por ter falhado com você. Porra!
Falhei com você e esta era a última coisa que eu queria fazer.
— Deixe o passado para trás. — Ela mal conseguia falar,
mas forçou as palavras. Este era o último presente que ela
poderia lhe dar. Sua liberdade. — Por favor, esqueça tudo.
Você quer saber como pode me fazer feliz? Você pode ser feliz,
bebê. Você pode deixar toda essa dor para trás e eu vou
também, e nós podemos começar de novo. Não vamos estar
juntos, mas podemos abandonar aqueles jovens que éramos.
Eles morreram. E podemos chorar por eles e tentar encontrar
as novas pessoas que somos. Por favor. Liberte-se.
— Eu amo você, Eve. — Seus lábios roçaram os dela, as
lágrimas fluindo livremente agora.
Suave, doce. Ele pressionou sua boca contra a dela e ele
se sentiu realizado por um momento. Eve o deixou se
apoderar dela, memorizando cada segundo. Suas mãos se
moveram para o cabelo dela, gentilmente emaranhando-se
quando ele a puxou para mais perto.
Ela abraçou-o, desejando que este momento nunca
pudesse terminar. Eles poderiam ficar aqui. Eles poderiam
ficar suspensos neste momento e não teriam que seguir em
frente. Não teriam que encontrar suas novas vidas.
Por favor, deixe tudo parar aqui. Deixe que este seja o
nosso final feliz. O para sempre. Sempre com os lábios nos
meus e os nossos corações batendo ao mesmo tempo. Alex e
Eve. Juntos.
Mas o tempo não parou. Ele nunca parava. Não importa
o quanto ela orou e lutou e tentou forçar o mundo a ficar
parado, ele apenas continuou se movendo.
Alex rompeu o beijo e envolveu seus braços em volta
dela, segurando-a com tanta força que ela podia sentir seu
coração batendo. — Você vai me deixar te abraçar esta noite?
Sem sexo. Apenas deixe-me te abraçar. Deixe-me dizer adeus.
Ela assentiu com a cabeça. Ele não iria beijá-la
novamente. Deus. De alguma forma, ela não pensou que este
beijo seria o seu último. Como poderia ser de novo? E ainda
assim ela sabia que tinha que ser. E ela devia-lhe uma noite
por tudo o que ela lhe negou por cinco anos. — Eu vou
abraçar você, também.
Ele pegou sua mão e levou-a para a cama.
Ela se agarrou a ele, rezando para o amanhecer nunca
chegar.
Eve podia ouvir o grupo conversando na cozinha. Sean
disse algo em um tom baixo e Adam riu. Uma voz feminina
gemeu e Alex disse-lhes para serem sérios.
Ela abraçou o roupão e esperava que estivesse
parecendo um pouco apresentável. Kristen bateu em sua
porta cinco minutos mais cedo e disse-lhe para acordar,
porque Alex convocou uma reunião e ele queria que ela
estivesse pronta. Sem tempo para tomar banho ou se vestir.
Alex estava tendo uma reunião e eles foram todos obrigados a
entrar na linha.
Ela tocou o lado da cama onde Alex ficou. Estava frio,
provando que ele deixou sua cama um pouco antes. Algum
tempo antes do amanhecer, ela adormeceu, suas lágrimas
secaram, porque simplesmente não tinha mais o que
derramar e acordou sozinha.
Sentia-se diferente, um pouco menos sobrecarregada,
mas a tristeza de deixar Alex ir ainda era uma dor em seu
coração.
E ela tinha que trabalhar com ele agora. Deus, como ia
passar por isso? Como iria sentar-se no mesmo quarto com
ele e fingir que tudo estava normal, quando uma grande
quantidade de dor se sentou entre eles?
A luz da manhã entrava pelas grandes janelas,
iluminando toda a sala de jantar.
— Eve? Estou feliz que você pode se juntar a nós. Há
café, se você quiser. — Alex sentou-se à cabeceira da mesa.
Ele se levantou, segurando uma caneca na mão. Estava
vestido apenas em calças e uma camiseta que se agarrava a
cada músculo. — Eu peguei um pouco para mim. Creme e
açúcar?
Ela balançou a cabeça. Ele sabia muito bem o que ela
bebia. — Preto, por favor.
Ele a olhou de cima a baixo. Seus olhos parando em
seus seios por um momento, e ela desejava que tivesse usado
algo menos comum do que seus trajes despojados. —Huh, eu
pensei que você gostasse de doce. Anotarei as suas
preferências para o futuro. Você deve saber que nós nos
encontramos todos os dias às sete em ponto para uma
discussão e um café da manhã. Eu vou acordá-la amanhã de
manhã. Sei que você já trabalhou sob a liderança de Ian e
Liam, mas gostaria de executar isso com mãos de ferro.
Então, ele estava no modo profissional. Ela podia lidar
com isso. E poderia ser o melhor. — Tudo certo. Eu vou estar
aqui na hora certa.
Alex balançou a cabeça e fez um gesto para a mesa. —
Ótimo. Agora, estamos comendo os melhores pães caseiros de
canela de Kristen, e eu quero relatórios sobre o dia.
Kristen sorriu quando afundou em sua cadeira. — E
eles não estão envenenados ou qualquer coisa do tipo. Como
o Little Tag pensou.
Sean revirou os olhos. — Deus, ninguém me chama
mais disso. E eu tenho que admitir, eles são realmente muito
bons. Você tem que experimentar um. Se estão envenenados,
pelo menos ela vai morrer com a gente.
Ela teria que ter uma conversa com Sean. Mesmo no
pouco tempo que passou com Kristen, ela confiava na
mulher. Ela pode estar escondendo algo, mas Eve ficaria
surpresa se ela fosse capaz de trair a sangue-frio. A ruiva
parecia apaixonada e obstinada, mas não havia um traço
moral que pudesse mostrar algo de errado para Eve.
Adam bufou um pouco enquanto pegou outro pão de
canela. Deus, tinham um cheiro divino. — Eu ainda chamo
você de Little Tag. O mesmo acontece com o Jake.
Alex voltou com o café. Ele o colocou na cadeira em
frente à dele e estabeleceu um pão de canela com uma taça
de frutas na frente de onde ele esperava, obviamente, ela se
sentar. — Little Tag, por que você não faz pães de canela?
O dedo médio de Sean fez uma aparição. — Eu não sou
um maldito cozinheiro chefe de confeitaria. Amanhã eu farei
fritadas e elas vão por esses pães no chinelo. Eu também
dormi tarde. Estive até metade da noite falando ao telefone
com a Grace, porque Carys tem trocado a noite pelo dia. Isso
tudo era mais fácil quando eu não tinha um bebê.
Eve sentou-se na cadeira, puxando o café em suas
mãos, aquecendo-as. As janelas da sacada mostravam uma
manhã espetacularmente bela lá fora e o resto das pessoas
na mesa estavam brincando e rindo como se fossem uma
equipe de longa data. Mesmo Alex estava jovial, embora seus
olhos encontrassem os dela de vez em quando, e essas eram
as únicas vezes que a sua luz esmaecia.
Sentia-se tão estranha. Ele estava bem. Ela estava uma
bagunça por dentro, e ele parecia um homem que estava
completamente aliviado. Ela não o viu sorrir tão
genuinamente nos últimos anos. Ele até parecia mais jovem
esta manhã, como se a noite anterior o tivesse libertado.
Ele disse adeus a ela e parecia bom para ele.
Seu nariz ainda estava vermelho de tanto chorar, os
olhos inchados. Mas ela fez a coisa certa. Ela queria que Alex
fosse feliz. Realmente queria. Só tinha que absorver, porque
não pensou que ele seria feliz assim tão rápido.
— Então, eu quero garantir que todos tenham suas
atribuições para o dia. Eve e eu temos que estar no clube às
11h30min desta manhã. Sean? — Alex perguntou, olhando
atenciosamente o líder da equipe.
— Vou entrar mais cedo do que você. Eu tenho que
entrar e fazer uma lista das melhorias que preciso. Chazz
mencionou que haveria um almoço em alguns dias. Preciso
me preparar para isso. Depois do almoço, vou entrar de
cabeça e ver se esse idiota e seus chefs seguiram minhas
instruções.
— O que mais? — Perguntou Alex.
— Eu vou dar uma olhada nas cozinhas e ver o que
posso descobrir sobre o pessoal lá dentro. Vou com muito
cuidado plantar um par de erros e tirar algumas fotos de
vigilância, por isso conheceremos todas as entradas e saídas
para o clube no caso improvável de que tenhamos que sair do
lugar antes que alguém arranque nossas bolas. Você deve
saber que a minha mulher espera que eu mantenha minhas
bolas. Ela não quer Carys como nosso único filho. Eu
também vou tentar obter uma lista completa dos funcionários
da cozinha. Estou supondo que nem todos estão na folha de
pagamento — disse Sean com uma careta.
Kristen balançou a cabeça. — Ah não. A maioria desses
caras são pagos por baixo dos panos. Eu suspeito que metade
deles são ilegais, então boa sorte com as identidades.
Adam gemeu um pouco. — Só me dê os nomes e, se
puder, fotos. Eu vou descobrir isso. Tenho um software de
reconhecimento facial excelente. Se eles estão em bases de
dados criminais, devo ser capaz de encontrá-los.
— Você é o mago do computador. Assim que instalarmos
nossas escutas, quero que você comece a ouvi-las. — Alex
disse, olhando através de alguns papeis. — Kristen?
Ela engoliu o que parecia metade do pão de canela. Eve
não podia deixar de notar que Kristen era uma daquelas
mulheres que não estava se incomodado com o seu peso. Ela
não era pequena, por qualquer meio. Tinha uma figura de
ampulheta e com a confiança de uma mulher que sabia que
era sexy. E ela era realmente muito linda. Desde seus seios
fartos até seu longo cabelo loiro arruivado, ela era uma
bomba. Alex estava sorrindo para ela apenas para ser
amigável? De repente, ocorreu-lhe que Kristen era muito
perfeita para alguém como Alex. Ela iria entender o seu
trabalho e tinha um sorriso solto que era o bastante para
acender um quarto. — Eu vou usar meus seios para distrair o
pessoal da cozinha para que o Little Tag possa tirar suas
fotos. Eles acham que estes peitos são lésbicos. É como o
fruto proibido afinal.
— Oh, Deus, não me mande com ela. — Sean deixou
sua cabeça bater na mesa, mas não antes de Eve o ver sorrir.
Talvez ela não teria que ter aquela conversa. Aparentemente,
Kristen lhe encantou, também. — Eu retiro o que disse.
Descobri o que está me incomodando sobre ela. Ela é a irmã
mais detestável que fui abençoado por não ter.
Kristen suspirou como se estivesse profundamente
satisfeita. — Estou escrevendo totalmente a minha história.
Se eu viver tempo suficiente para escrever meu discurso. Vou
falar de você nele no meu discurso da premiação Pulitzer.
Os olhos de Alex encontraram os dela. — Você deve
comer, Eve.
— Eu não sou uma grande fã de carboidratos. — Ela
amava. Adorava. Ansiava por eles. Eles iriam direto para seus
quadris, e ela tinha que permanecer no controle. Agora mais
do que nunca. Se ela cedesse, iria acabar tomando um pote
enorme de sorvete, chorando enquanto assistia a filmes
antigos que a faziam pensar em Alex. Às vezes parecia que a
comida era a única coisa que ela tinha controle.
Alex franziu o cenho. — Nós vamos ter um almoço com
Chazz e os seguranças. Temos que saber o que vamos
precisar quando executarmos uma cena para os investidores
que estão entrando e, em seguida, iremos caminhar pelo
clube durante toda a noite para que eu possa ter uma opinião
sobre ele. Eu acho que você vai precisar de sua energia.
Isso soou horrível. Positivamente horrível. E foi no que
ela se inscreveu. — Trouxe algumas barras de proteína. Eu
vou comer uma daqui a algum tempo.
— Tudo bem. — Alex colocou as mãos sobre a mesa e
franziu a testa. — Eve, eu poderia falar com você em
particular? Na varanda, talvez? O resto de vocês, comecem a
trabalhar. Hoje à noite, depois de voltar do clube, quero ouvir
alguns planos sobre como obter um pouco de tempo sozinho
no escritório de Chazz. É isolado. Eu preciso de um caminho
e uma forma de não ser pego. Quero seus arquivos de
computador, seu celular hackeado, seu apartamento e carro
grampeados. Tragam-me soluções. Eu quero estar pronto
quando Evans fizer o seu movimento. Chazz disse que tinha
grandes planos para as próximas semanas. Acho que isso
significa que Evans estará vindo para uma visita. Precisamos
estar prontos.
Ele empurrou sua cadeira para trás e saiu para a
varanda, sem olhar para trás.
Era uma parte diferente da casa, mas seu estômago
virou-se ao pensamento de estar na varanda com ele
novamente. Na noite anterior foi tão emocional. Como ele
poderia simplesmente sair para lá? Ele iria falar sobre o que
aconteceu? Pior, iria agir como se nada tivesse acontecido?
Ela estava tão confusa.
Mas ela tinha um trabalho a fazer e Alex estava
executando a operação. Devia-lhe a cortesia de seguir o seu
exemplo. Ela respirou fundo e se forçou a se mover. Deveria
ter definido um alarme para que pudesse ter ido para esta
pequena reunião depois de um banho e com uma armadura
completa. Ela nem sequer colocou a maquiagem. Tinha sido
uma década desde que Alex a viu sem o tratamento completo
da Chanel. Ela odiava se sentir tão extremamente vulnerável.
— O que você quer falar comigo? — Ela tentou fechar a
porta atrás dela. Vidro para furacão. Era muito pesada.
Alex fechou-a com uma mão. — Temos de falar sobre
como isso vai ser, Eve. Você não esteve em campo por um
longo tempo. Nós não trabalhamos juntos dessa forma antes
e eu quero que seja suave e fácil.
Ele estava tão calmo, tão profissional. De alguma forma,
ela pensou que os dois estariam desajeitados, tentando
encontrar o seu rumo, mas Alex parecia perfeitamente
satisfeito. Ele parecia calmo quando se sentou em uma das
cadeiras de vime com almofadas vermelhas escuro.
As ondas quebravam contra a costa, a luz suave da
manhã fazendo o mundo inteiro parecer romântico. Por que
não poderiam estar em uma cidade em algum lugar, sem
todas as armadilhas românticas da maldita praia?
Ela ia ter que se recompor. —Tudo bem. Então, nós
iremos para a cova do leão hoje, hein?
Seus dedos bateram contra o braço da cadeira. —Sim. E
é isso que eu estou preocupado. É suposto sermos um casal
D/S por um longo tempo. Preocupa-me que quando chegar a
hora de me obedecer, você vá recuar.
Era uma preocupação legítima. Ela não podia culpá-lo
por isso. — Eu prometo que não vou. Alex, eu posso fazer
este trabalho. Sei o que fazer.
— Pedi-lhe para comer o pão de canela e você não o fez.
Eu preciso saber que você está no jogo a cada minuto de cada
dia que estamos aqui. Você não pode escolher o que quer
fazer. — Ele suspirou e se inclinou para frente. — Eu sei
como o Dominador/Submissa funciona em seu clube. E vejo
do mesmo modo. A submissa está, em última instância, no
controle. Ela pode optar por obedecer a seu mestre ou usar
sua palavra de segurança, mas não posso ter você usando
uma palavra de segurança sobre um pão de canela. Vá pegue
um e traz aqui.
Ela queria dizer a ele onde enfiar seu pão de canela, mas
ele estava certo. Droga. Ela podia se queixar durante todo o
dia, mas sabia que deveria ficar em seu disfarce. Se ele
tivesse trazido Amanda com ele, ela iria dormir na cama dele
e ser submissa vinte e quatro horas, sete dias por semana,
porque era muito mais fácil ficar a caráter do que descobrir
quando e onde agir. Foi por isso que policiais disfarçados de
longa data tiveram problemas. O papel se tornou suas vidas,
porque eles tinham que fazer.
Alex facilmente abriu a porta novamente, e ela entrou.
Adam estava de pé ao lado da mesa com um prato na mão.
Ele lhe deu um sorriso e um encolher de ombros. — Foi
uma aposta fácil, querida.
Ela franziu a testa e pegou o prato. — Eu nunca mais
vou dar ouvidos a sua esposa novamente.
— Hey, Serena sabe como encontrar um final feliz,
querida. Talvez você devesse confiar nela. — Adam lhe deu
uma piscadela e se virou.
Mas seu felizes para sempre terminou na noite anterior.
Ela não ia chorar, droga. Ela estava ali por causa do
trabalho. Ela caminhou de volta para o ar quente de manhã.
— Um pão de canela. Ok. Vou comê-lo.
Ele sentou-se numa cadeira de praia. —Eu vou dá-lo
para você. Sente no meu colo.
— Alex. — Ele iria torturá-la?
— Nós devemos ser amantes. Eu tenho que saber que
você pode fazer o papel. —Ele bateu no seu colo.
Seu coração caiu. Ele queria torturá-la. Ela obrigou-o a
dizer adeus, e ele estava querendo revanche. Não esperava
isso dele. Estava tentando fazer o certo para os dois.
Sua expressão se suavizou. — Isto é sobre a missão.
Você não pode esperar que eu vá deixá-la fazer isto sem saber
que você pode fazer o trabalho. Se você não pode me obedecer
aqui, onde não importa, como posso ter certeza de que pode
fazê-lo em campo? Você é uma mulher muito independente. É
por isso que eu originalmente escolhi alguém diferente para o
trabalho.
Ele sabia exatamente como afetá-la. Ela cometeu um
erro. Deveria ter encontrado uma agente adequada para ele,
mas não, entrou no jogo. Estava sendo uma maldita brat por
causa de alguns carboidratos. Ela sentou-se em seu colo.
Seu braço foi ao redor de sua cintura. — Isso é melhor.
Relaxe. Você tem que parecer como se estivesse muito
confortável em meus braços. Como se estivesse onde você
pertence. Coloque sua cabeça no meu ombro. Você não tem
que fazer nada, pet. Basta seguir o meu exemplo. É fácil se
você apenas abraçar a causa.
Ele estava matando-a. Seu coração ameaçou explodir
em seu peito. Ela podia sentir o cheiro dele. Ele tomou um
banho, ao contrário dela. Ele cheirava a limpeza e
masculinidade. Sua pele estava quente onde ele tocou a dela.
Era cruel, mas talvez quando ela provasse que poderia
desempenhar o papel, isso deixaria as coisas mais fáceis
quando estivessem sozinhos.
— Abra, pet. — Ele arrancou um pedaço do pão macio,
gotejando cobertura de açúcar em sua mão.
O cheiro doce flutuava ao seu redor. Canela. Assim
como o Lar. Ela abriu a boca e quase gemeu. O sabor a
atingiu como um trem de carga do prazer. Doce, tão doce que
derretia na sua língua. Ela não experimentou nada parecido
em anos.
— Você perdeu uma parte da cobertura, pet. — Alex
colocou o dedo aos lábios. —Lamba.
Sem pensar, ela abriu a boca e chupou seu dedo. Ela só
queria um pouco mais da esplêndida conexão que ele estava
lhe oferecendo. Ela deixou sua língua esfregar a parte inferior
do seu dedo, sugando o creme.
— Perfeito. Novamente. — Ele ofereceu-lhe outro pedaço
e ela aceitou. — Café. Complementa o doce. — Ele segurou
sua própria caneca até os lábios e bebeu.
Desse jeito, ela estava praticamente fora de órbita. Sua
respiração desacelerou, sua visão esmaeceu até que ela só
podia vê-lo. E tudo o que ele fez era oferecer-lhe um pequeno
pedaço de pão de canela. Era disso que ela estava com medo.
Alex era uma droga. Sua droga. No minuto em que ele usou
essa voz dura, ela perdeu a cabeça.
— Muito bom. — Sua aprovação rolou sobre ela como
alguma endorfina louca que a fez sorrir. — Eu estava
preocupado, mas acho que você vai fazer muito bem. Não
comprometa o disfarce, pet. Pelas próximas semanas, eu
quero que você pense que é um animal de estimação. Você
pertence ao Mestre. Você é o seu comando. Você ainda está
brava e, oh, tão inteligente. Você ainda tem a sua missão,
porque nada vai agradar o seu Mestre mais do que completar
a sua missão, mas saiba que o seu Mestre a quer segura
acima de tudo. A coisa mais importante para o animal de
estimação do Mestre é estar segura e inteira no final da
missão.
Isto era tudo o que restava entre eles, e suas palavras
eram ainda tão doce, que quase trouxe lágrimas aos seus
olhos. Desde que ela conversou com ele sobre deixar as
coisas no passado, tudo dava a ela vontade de chorar. Ela
passou anos engarrafando suas emoções, mas agora elas
estavam sempre na superfície. — Eu vou ter cuidado, Alex.
— Mestre. — Ele corrigiu gravemente.
Ela teve tão pouco tempo para chamá-lo assim. —
Mestre. Eu vou obedecer. Vou cumprir minha missão para
agradar meu Mestre.
Eve deixou descansar a cabeça contra seu peito. Apenas
até ao fim da operação. Alex estava tentando dar-lhes algum
tempo. Talvez isso fosse uma coisa boa. Talvez fosse uma
forma de fazer a sua mais doce despedida. Mais algumas
memórias.
— Abra suas pernas para mim.
— Eu vou seguir suas ordens, mestre. — Ele não podia
ainda querer tê-la de maneira íntima. — Eu não estou
usando calcinha.
— Eu não fiz uma pergunta. Eu dei uma ordem. Qual é
sua palavra segura? — Suas palavras saíram acompanhadas
por um rosnado baixo que retumbou através de seu corpo,
porque eles estavam muito perto.
— Vermelho. — Eles sempre se comunicavam utilizando
vermelho, amarelo e verde durante as cenas. Vermelho
significava parar. Verde dizia a Alex que estava muito bem, e
amarela significava que ela estava sentindo alguma
ansiedade. Ela era muito, muito amarelo agora, mas isso não
era o que ele pediu. Se ela continuasse pressionando-o, só
iria se meter em mais problemas. Alex estava testando-a,
empurrando os limites para ver se ela realmente poderia fazer
o trabalho em que se meteu. Eles teriam que fazer algumas
cenas e essas cenas envolvem intimidade. Ele não estava
pedindo nada verdadeiramente irracional.
Eve relaxou e abriu as pernas. Eles estavam de costas
para as portas de vidro. Ninguém podia ver o que Alex estava
fazendo. E, novamente, não era como se a maioria das
pessoas no apartamento não a viu nua em algum momento.
Ela estremeceu um pouco quando sua grande mão foi
para seu joelho e começou a subir até sua coxa. Ele estava
tão quente, tão grande e seguro.
— Você precisa realmente pensar sobre essa palavra
segura, pet. — Sua respiração passando ao longo de sua pele.
Ele estava sussurrando, seus lábios roçando a curva de sua
orelha. — Enquanto nós dois não concordamos sobre como
praticar, nós não iremos para este clube como Alex e Eve. Eu
tenho que ser bruto. Tenho que estar totalmente no controle.
Eu tenho que atuar da forma como esse homem acha que é
uma relação entre Mestre/Sub e não serei um homem dócil.
Como era fácil para voltar a cair em velhos hábitos.
— Não fique tensa comigo. O que quero dizer, pet, é que
se eu tiver que castigar você, eu vou.
O que significava palmadas e não do tipo erótico. Ela
particularmente não queria passar o dia inteiro com a bunda
dolorida. Alex é obstinado, e quando ele tem esse tom de voz,
não há negociação. Ela forçou seus músculos a relaxarem,
seu cérebro para dar mais.
— Muito bom. Como um bom animal de estimação. Eu
já te disse como você está bonita hoje? — Seus dedos
passando pelo creme que saia de sua boceta, e ela tinha que
lembrar-se de respirar.
— Não, Mestre. — Cada palavra que ele dizia só a
deixava com mais tesão. Ela podia sentir sua boceta ficando
molhada, escorregadia e pronta para ele.
Os dedos dele deslizaram facilmente através de sua
carne, raspando seu clitóris com uma intenção erótica. —
Isso foi um erro da minha parte. Você está linda, toda macia
e despenteada. Eu gosto de você assim. E tenho que admitir
que o cabelo mais longo ficou adorável. Não é uma peruca?
Como ele esperava que ela pudesse pensar em algo
enquanto ele estava esfregando seu clitóris? A menos que
esse fosse o verdadeiro propósito do exercício. Ele estava
forçando-a a pensar no prazer, e não esquecer que eles
estavam em um jogo de cena. — Não. Serena tinha uma
amiga dela que abriu seu salão mais cedo, e ela pintou meu
cabelo e colocou um aplique.
— Posso puxá-los? Você pode gostar de ter seu cabelo
puxado.
Ele sabia muito bem o que a excitava, mas estava
fingido que não sabia. E ela estava perto, tão perto. O tesão a
queimava por dentro.
— Você gosta do que estou fazendo para a sua boceta,
pet? Você gosta de sentir meus dedos dentro de você? É por
isso que não quero meu animalzinho usando calcinha. Eu
quero ter total acesso. Quero saber que posso te acariciar a
qualquer momento que desejar. Essa é a forma como isso vai
ser daqui em diante. Do meu jeito. Eu vou ter você quando
quiser, como quiser, e você vai me agradecer docemente no
final do dia.
— Sim, Mestre. — Ela mordeu o lábio inferior para não
gritar.
— Está certo. Fique quieta. Eu vou te dizer quando
quero que você grite para mim. — Seu polegar passando pelo
seu clitóris, mas um dedo escorregou dentro dela,
massageando suas paredes vaginais, acariciando-a apenas no
lugar certo. — Hoje vai ser uma experiência de aprendizagem
para nós dois. Vamos definir algumas regras básicas. Não vai
falar com outros homens. Eu vou ser muito territorial sobre
você. Eles vão descobrir rapidamente que sou uma aberração
possessiva com tendências violentas e eles devem ficar longe
da minha sub. Preciso de você para estudar todos com muito
cuidado. Seja submissa. Apegue-se a mim, mas mantenha os
ouvidos abertos e seu cérebro trabalhando. Isso é o que
preciso de você. Se eu precisar deixá-la sozinha, espero que
você vá para a cozinha e fique com o Sean. Está claro? Você
não deve estar sozinha, a menos que esteja no vestiário das
mulheres, e até lá eu preferiria que você levasse Kristen com
você. Diga 'sim, senhor'.
Ela diria qualquer coisa que ele quisesse. — Sim mestre.
Um segundo dedo se uniu ao primeiro. Ela podia sentir
a sua ereção contra seu traseiro. Era isso o que ele estava
pensando em fazer durante as próximas semanas? Era essa a
sua ideia de mantê-la na linha? Porque iria funcionar
totalmente.
— Goze para mim.
Três palavras naquela sua voz baixa e grave e ela foi
como um tiro. O orgasmo rolou sobre ela e Alex mudou,
abraçando-a com força, sua língua lambendo a concha de
sua orelha enquanto ela se afundava no prazer.
Ela caiu sobre ele, cada músculo relaxado e leve. Talvez
esta fosse a sua nova versão de trabalho.
— Isso foi excelente, pet. Você pode levantar agora. —
Seus braços a deixaram e, ela sentiu a perda de seu calor.
Com as pernas pesadas, ela levantou-se de seu colo e
meio que esperava que ele fosse até ela e pedisse para
cavalgar em seu pênis. Ela alisou o roupão e torcia para que
não estivesse muito despenteada. — Tudo certo. Eu vou me
arrumar.
Ela fungou um pouco enquanto ia em direção à porta.
Ela tentou ser gentil, mas estava confusa sobre como ele se
sentia. Ele foi profissional, mas, em seguida, foi muito íntimo.
Intelectualmente ela entendeu o ponto do exercício, mas seu
coração estava acelerado e as mãos tremendo e ela só queria
ser abraçada novamente.
— Eve?
Ela voltou, com toda calma possível. — Sim, senhor?
— Mestre. — Ele corrigiu, sua voz firme.
Ele obviamente não lhe daria espaço. — Sim, mestre?
— Eu sei que nunca trabalhamos juntos dessa maneira
e sei que pode ser um problema.
Ele parecia decido em bater em quem já estava morto.
Ela bufou um pouco. —Eu vou cumprir o meu dever.
— Esse não é o problema.
Deus, o que ele vai jogar para ela agora? Ela só queria
correr para o quarto, tomar um banho e colocar sua
armadura no lugar novamente. Controle. Ela precisava voltar
ao controle. — Qual é o problema, senhor?
Ele se moveu atrás dela, ele ficou em suas costas e ela
podia sentir sua ereção apertando contra sua bunda. — Eu te
acho muito atraente. Estou lutando para manter o
relacionamento em um nível profissional. Vai ser difícil para
mim. Nós vamos ter que viver juntos, dormir juntos, ter uma
relação Dominador/Submissa. Posso dizer-lhe que vai ser
muito difícil para me lembrar onde a operação para e começa
a realidade.
Ela se virou, enfurecida. — Alex, que diabo de jogo você
está jogando?
As mãos dele subiram e seguraram o rosto dela da
mesma forma que fez na noite anterior. Ela podia sentir o seu
próprio cheiro sobre os dedos dele. Sim, eles estavam ficando
muito íntimos. Mais íntimos do que estiveram em anos. —
Você me disse para esquecer. Eu esqueço. Nós temos um
problema, meu anjo. O novo eu, é a fim do seu novo eu para
caralho. Você é tão linda. Eu quero você. Achei que você
deveria saber. Eu vou fazer exatamente o que você me pediu.
Eu vou encontrar meu novo eu. Eu já sei uma coisa sobre o
novo Alex McKay. Ele quer Eve St. James.
Ele realmente não a ouviu na noite anterior. Ele a
convenceu. — Isso não vai funcionar.
Ele a apertou, sem lhe dar espaço. Ele chupou os
próprios dedos, saboreando-a, sua língua trabalhando para
reunir todo creme que ela deixou em sua mão. — E você tem
gosto de céu.
Na mesma hora sua vagina começou a apertar
novamente. Controle. Ela tinha que encontrar algum. — Você
não pode simplesmente fingir que não existimos?
— É o que você queria. Novo você. Novo eu. Novo
começo. — Sua boca pairou sobre a dela. — E se a noite
passada foi um beijo de despedida, então eu quero meu beijo
de “Olá”. E eu vou tê-lo.
Ele não roçava os lábios de forma suave. Alex
pressionou sua boca contra a dela com uma vontade letal.
Ele usou toda sua força para abrir seus lábios e disparou sua
língua dentro da sua boca. Ele a puxou para mais perto,
esfregando a grande ereção contra sua barriga. E tomou sua
boca novamente e novamente. Uma de suas mãos
emaranhou-se em seu cabelo e o puxou.
— Sim, eu gosto do cabelo mais longo, pet. Eu vou amar
segurá-lo, quando foder sua bunda. — Ele sussurrou ao
longo de sua bochecha. — Oh, você pensou que eu iria
esquecer o fato de que você não me deixa entrar no seu
traseiro? Eu sou o mestre de novo e vou ter-lhe em todos os
sentidos que pode um homem, eventualmente, ter uma
mulher. Você quer que eu conheça tudo de novo? Eu vou ser
feliz. Agora vá e prepare-se. Encontre-me na sala de
musculação em dez minutos. Se você não estiver lá, são vinte
palmadas. Cada minuto que você me deixar esperando são
mais dez. Então, se atrase, se quiser. Eu adoraria ver como a
nova Eve lida com a minha disciplina.
Ele deu um passo para trás e abriu a grande porta,
segurando a mão para ela entrar primeiro. Obrigou-se a se
mover.
O que diabos aconteceu?
— Dez minutos. — Alex anunciou de novo quando ele
passou por ela. Ela só podia olhar enquanto ele caminhava de
volta para a cozinha, seus ombros alinhados e orgulhoso.
— Uau. — Disse Kristen. — O chefe parece com um
homem totalmente novo. Tudo o que você fez com ele na noite
passada realmente funcionou.
— Sim. — Eve murmurou. Um homem totalmente novo.
Um homem perigoso. Ela não tinha certeza se poderia lidar
com o novo Alex.
Ela correu para o banheiro para se limpar, porque tinha
certeza que estava correndo contra o tempo em mais de um
sentido.
Cinco dias depois, Alex olhou para os homens reunidos
na seção VIP do clube e sentiu uma sensação de satisfação.
Pelo menos uma coisa deu certo com esta operação. Quase
uma semana se passou e ele ainda não encontrou uma
chance de escorregar para dentro do escritório de Chazz. A
segurança era frouxa em todos os lugares entorno do clube,
exceto no escritório de Chazz.
Mas Alex tinha um plano para isso e Jake estava
exatamente onde ele deveria estar, com os olhos vermelhos e
seu terno normalmente apertado e um pouco enrugado. Seus
olhos deslizaram sobre Alex e depois de volta para Eve. Ele
inclinou-se para o homem sentado à sua esquerda e
sussurrou algo em seu ouvido.
Chazz riu e olhou de soslaio para Eve antes de balançar
a cabeça. Alex poderia simplesmente pegar a última parte da
conversa. — Eu não acho que ele é o tipo que partilha, amigo.
A seção VIP do clube foi transformada em uma sala de
jantar. Apenas o pessoal da cozinha estava por perto durante
o dia. O resto do clube estava tranquilo. Chazz e Jake
sentaram-se, enquanto outros três homens estavam reunidos
conversando em voz baixa.
Ele deslizou seus dedos por Eve, completamente
satisfeito com a conexão. Deus, ele começou a tocar mais nos
últimos dias do que nos anos anteriores. Mesmo que eles
estivessem no meio de uma operação, ele se permitiu deleitar-
se com a forma como o cabelo dela cheirava. Ela mudou seu
xampu. Ela costumava usar aromas florais, delicados como
rosas e lilases. Agora, seu cabelo cheirava a toranja, forte e
intenso.
Ele baixou a cabeça perto dela e sussurrou: — Não tire
os olhos de Jake, anjo. Ele está aqui por alguma razão.
— Sim, mestre.
Ele estava quase decepcionado com sua expressão
inexpressiva de boneca. Ele se acostumou a Eve malcriada.
Ele nunca iria admitir isso para ela, mas quando ela disse
que estava preocupada que eles não foram tão sólidos quanto
pareciam quando eles eram casados, ele concordou. Ele não
disse que esteve preocupado da sua vida haver se tornado um
conjunto de protocolos maçante sem fim, e ele realmente se
ressentia de ter que selecionar suas roupas para ela até o
final. Aquele olhar em seu rosto agora era o que ela
costumava ficar quando simplesmente concordava com tudo.
Talvez eles dois se perderam no meio do caminho. Ele
teve cinco dias para conhecê-la novamente. Cinco dias para
segurá-la. Cinco dias para manter o controle de seu pênis.
Isso tinha que mudar.
— Embora você poderia ter me dito no carro. — Ela
sussurrou, todo o seu rosto ficando teimoso e ressentido.
E tão bonito. Ela ficava adorável quando pensava que
ele era um idiota. Ele se inclinou e beijou-a. Ela não vacilava
mais. Ela estava começando a aceitar abertamente sua
afeição mesmo quando eles estavam em privado. — Eu não
tinha certeza que ele vinha. Descobri sobre esta reunião de
investidor ontem à tarde. Chazz mencionou que ele estava
indo para a festa. Eu queria ver o quão irresponsável ele é.
Mandei Jake no bando com ele. Não ouvi nada desde então.
Aparentemente, ele foi muito bem, porque ele não mudou
suas roupas.
Isso provou que Chazz era um pouco imprudente. Jake
festejou com ele na noite anterior. Esta era para ser uma
reunião de negócios séria, secreta e Chazz convidou um
estranho. Agora, Jake estava apostando alto, jogando
dinheiro por aí, então Chazz podia honestamente achar que
ele estava conseguindo algo dele, mas não havia nenhuma
maneira de deixar Jake de fora do lance.
E foi também o momento perfeito para grampear o carro
do pequeno filho da puta. Jake passou a mão pelo cabelo e
piscou duas vezes. Para quem o conhecia, ele simplesmente
parecia um homem que estava um pouco cansado, um pouco
desleixado, mas para Alex esses dois gestos significou o
mundo. Jake completou dois de seus três objetivos. Ele
grampeou o carro e a residência privada de Chazz. Jake
fungou e deu um pequeno aceno de cabeça. Apenas um
significava: Não consegui as chaves do escritório.
Droga.
Ele ia ter que encontrar outra maneira. Cada dia que
passava mais perigo eles corriam.
— Ele vai ser irritante, não é? — Perguntou Eve,
provando que ela sabia como essas coisas eram.
E essa foi outra razão pela qual ele pediu para Jake
desempenhar esse pequeno papel. Se ele precisava descobrir
algo sobre Chazz, então Alex queria descobrir algo muito
específico sobre ele. — Ah sim. Ele vai conseguir algumas
provas para mim, bem como descobrir algumas finanças para
nós. Mas não posso mantê-lo no jogo por muito tempo.
Eve chegou mais perto, mantendo a voz baixa. — Porque
Serena precisa dele e precisamos de Adam.
Ele passou as mãos pelo cabelo dela, agarrando um
punhado como se segurasse uma rédea suavemente e
forçando-a a olhar para ele. Ele realmente gostou do cabelo
novo. Mesmo a cor parecia boa nela, fazendo a pele brilhar.
Ela foi uma loira legal por tanto tempo que esqueceu como o
marrom mais natural trazia um rubor em suas faces. Ele
tinha a feito deixar de lado a maquiagem, permitindo apenas
um pouco de rímel e brilho labial. Ela ficou irritada sobre
isso. Aparentemente, não achava as sardas no nariz e maçãs
do rosto tão adoráveis quanto ele achava. E alguém estava
andando atrás deles. Ele endureceu sua voz. — Seja uma boa
menina. Eu preciso plantar um GPS em um desses filhos da
puta com quem vamos nos encontrar. Gostaria muito de
saber onde ficam as fortalezas. Se eu tiver uma chance, vou
tentar colocá-lo no bolso.
Os pequenos localizadores GPS eram um dos novos
brinquedos de Adam. Ele era um gênio da tecnologia que
muito provavelmente poderia ter feito milhões com alguns de
seus brinquedinhos, mas felizmente, Adam era extremamente
leal. O pequeno localizador era preto e iria ficar em uma peça
de roupa ou uma pasta. Ele só tinha que encontrar o
momento certo para marcar um dos bastardos.
O rosto inexpressivo de boneca estava de volta. — Sim
mestre. Sou sempre uma boa menina. Não que isso me faça
bem.
Ele sentiu o indício de um sorriso em seu rosto e
rapidamente o apagou. Ele não poderia mostrar a alegria que
sentia. Greve de sexo estava sendo como o inferno na terra,
mas ele tinha algo a provar. Ela queria começar de novo? Ele
poderia fazer isso, mas seria do seu jeito desta vez, e o seu
modo estava provando que ele era o chefe no quarto. Dormia
com ela em seus braços todas as noites e tomavam banho
juntos todas as manhãs. Ele mesmo lavava cada polegada do
corpo dela. No começo ela ficou rígida em seus braços como
se fosse algo difícil de suportar. Lenta, mas seguramente, ela
amoleceu, permitindo-lhe tocá-la e confortá-la. Em torno de
três dias, ela começou a se esfregar contra ele. E esta manhã
ela ficou mal-humorada pelo fato de que ele não a comeu.
Seu plano estava funcionando perfeitamente. Pelo
menos o plano com Eve estava funcionando. A operação era
outra história.
— Senhores, estes são os dois que eu estava te falando.
Este é Mestre A e sua escrava. Como devo chamá-la? —
Perguntou Chazz.
Minha. Ele sentiu o rosnado começando no fundo de
sua garganta, porque o filho da puta nojento estava
praticamente olhando por baixo da camisa de Eve. — Escrava
vai ficar bem em um ambiente de masmorra ou em um
ambiente que trabalhamos em alto protocolo, como hoje. Em
um ambiente mais casual, você pode chamá-la de Amanda.
Para o propósito de hoje, eu pensei que seria mais formal.
Chazz assentiu. — Absolutamente. Todo mundo é muito
curioso. Eu vou sentá-lo na cabeceira da mesa e sua escrava
ao seu lado.
Alex sacudiu a cabeça. Isso não iria acontecer. — Ela
não precisa de uma cadeira. Ela se senta no meu colo ou aos
meus pés. E vou alimentá-la do meu prato. Ela come apenas
o que eu lhe der.
Ela estava parecendo muito inofensiva e assim estava
sendo capaz de estudar cuidadosamente cada homem na
sala. Entretanto, suas unhas estavam ligeiramente escavadas
na carne de sua mão, mesmo assim a expressão em seu rosto
nunca mudou. Ela manteve a cabeça baixa submissa, mas
estava alcançando seu propósito. Ele cobraria por isso mais
tarde. Ou iria bater em sua bunda. De qualquer maneira, ele
estava olhando para o que ainda ia vir.
Ela deu adeus a ele na varanda, cinco dias antes, e ele
acordou sabendo que ela tinha razão. Eles nunca teriam um
novo começo. Ele não queria um. Queria reconhecer o
relacionamento que tinham antes, mas ele idealizou tanto o
que tinham que só naquela noite ele foi forçado a realmente
olhar para tudo. O casamento deles estava longe de ser
perfeito. Ele cometeu erros. Ela cometeu erros.
Eles estavam começando de novo.
Porque ele percebeu uma coisa. Ela ainda o amava. No
fundo e por baixo de tudo Eve ainda o amava. Ainda
precisava dele.
Ele não iria decepcioná-la neste momento.
Mas ele poderia irritá-la. Desde que eles vieram para a
Flórida, ela recebeu três palmadas disciplinares. Ela chegou
tarde para os treinos duas vezes e reclamou quando ele pediu
educadamente que ela fizesse outra série de agachamento.
Ele a manteve fora do controle durante toda a semana.
E ele não tinha nenhuma intenção de mudar isso.
Ele a levou para a cadeira que lhe ofereceram. Quatro
homens estavam sentados ao redor da mesa, além de Chazz e
Jake. Jesse, o pequeno filho da puta, já estava olhando para
Eve. E ele não estava nem mesmo tentando esconder o fato
de que estava armado. Alex podia ver o seu coldre de ombro
espreitando sob o paletó. O ex-soldado parecia um pouco
desconfortável em um casaco esporte.
Os outros três homens não o olharam. Eles eram todos
sul-americanos ou do Oriente Médio. Normalmente, suas
nacionalidades não significam absolutamente nada. Alex
conheceu muitos criminosos americanos, mas eles estavam
aqui “investindo” no clube de Michael Evans.
Estes eram homens que tinham laços com Evans. Evans
era o tipo de empresário terrorista. Alex estava quase certo de
que Evans estava usando o clube para lavar dinheiro e ter o
controle do dinheiro daria a Evans mais sangue no olho.
Ou eram terroristas jihadistas ou trabalhavam para
cartéis. E cada um deles estava olhando para Eve.
Ele sentou-se, puxando-a em seu colo. Ele a queria no
chão, com segurança a seus pés onde eles não podiam vê-la,
mas precisava de sua experiência mais do que ele precisava
dela escondida. Isso era o que o velho Alex fazia. Porra, mas
ela chegou a ele naquela noite na varanda. Ele estava
pensando sobre suas ações durante toda a semana.
Se ele tivesse se afastado dela? Teria sido mais fácil se
concentrar em Evans do que tentar lidar com o que
aconteceu com eles?
E isso aconteceu com eles. Ele passou muitos anos sem
reconhecer que eles estavam realmente juntos nessa. Eve foi
vítima e Alex o homem que falhou com ela, mas em algum
momento da noite, quando ele a abraçou e sentiu sua
respiração em sua pele, ele descobriu algo importante.
Eles tiveram que sobreviver a isso juntos ou nem
poderia realmente sobreviver a ela em tudo. Eve estava certa
que eles precisavam seguir em frente, mas estava errada
sobre como deveriam fazer isso.
Ela pensou que ele precisava de alguém inteiro? Ele não
poderia estar inteiro sem ela.
E isso significava que lhe permitiu ser o parceiro que
precisava ser.
Ele a puxou para o seu colo e ela respondeu
imediatamente, encostando a cabeça contra seu peito.
A porta da cozinha abriu e Sean atravessou carregando
um prato, seguido por vários jovens que pareciam que foram
forçados a usar o uniforme adequado. Sean passou seu
tempo colocando a equipe da cozinha em ordem. Eles
estavam trabalhando perfeitamente bem.
— Este é promissor. — Um dos homens do Oriente
Médio disse. — A última vez que estive aqui, o cozinheiro era
horrível. Se você pretende entreter meus associados, tem que
ser o melhor.
Sean estava vestindo um dólmã de chefe de cozinha
branco, impecável. — O almoço de hoje tem como prato de
entrada um ceviche de lagosta, salada de beterraba e
chicória. Nosso prato principal é uma costela de cordeiro com
purê de aipo. Bom apetite.
Kristen passou, abrindo uma garrafa de vinho. — Eu
sou a gerente do bar e sommelier do clube. Esperamos que
seja, dos clubes. Acredito que você vai apreciar a primeira
sugestão, vai muito bem com a lagosta.
Kristen estava vestindo uma jaqueta preta com a qual
ela parecia estar tendo um pouco de dificuldade. Ela
sutilmente puxou as mangas para baixo um par de vezes que
insistiam em subir e ela estava tentando manter o ar
profissional.
Ela estava tirando fotos. Um dos botões de sua jaqueta
era uma câmera.
Adam teria o que fazer esta noite.
Ela parou quando chegou ao Jake, e seu rosto se
apertou. Porra. Ele esperava que ela não fosse reconhecê-lo,
mas, aparentemente, ela realmente fez sua lição de casa. Ela
terminou seu trabalho e acenou com a cabeça enquanto se
afastou, não lhe poupando outro olhar.
Ele sabia o que era uma mulher irritada quando via
uma.
Jesse Murdoch olhou para o seu almoço esperando por
batatas fritas e um hambúrguer.
Um dos investidores se voltaram para Murdoch. — Você
foi um soldado, correto? Lembro-me de seu rosto.
Alex sentiu Eve ficar tensa e a abraçou mais forte. Ela
estava interessada em uma reação. Podia sentir isso. Ele se
moveu para que ela pudesse ver o homem mais jovem, cujo
rosto ficou vermelho imediatamente. Ele não era
particularmente bom em esconder suas reações.
— Eu cumpri minha pena. — Disse Jesse com uma voz
dura.
O homem ao lado dele sorriu, uma suave e ensaiada
expressão. — Sim, eu imaginei que era você. Eu não deveria
ficar surpreso ao vê-lo aqui. Homem inteligente. Você
escolheu o lado certo.
Jesse respirou fundo e, em seguida, levantou de seu
assento, sua cadeira arrastando pelo chão. — Eu não estou
com fome. Vou esperar no lado de fora.
Jake deu uma pequena risada quando a porta bateu. —
Ele é esquentado.
Chazz franziu a testa. — Ele pode ser estourado, mas
provou ser um soldado leal.
Eve estava olhando para a porta, a curiosidade
estampada em seus olhos castanhos. Ela estava interessada
no jovem idiota, de uma forma intelectual. Isso fez com que
Alex se interessasse também. Teria alguma coisa nesse garoto
que ele estava deixando passar?
— Eu acredito que nosso amigo em comum o acharia
intrigante. Você sabe como ele ama corromper os americanos.
— Disse um segundo homem.
Agora a atenção de Alex estava focada. Ele manteve um
ar tranquilo, com sua atenção voltada para Eve, enquanto
alimentava-a com sua própria sopa, mas seu verdadeiro foco
estava no amigo em comum.
Chazz provou o quanto imprudente ele era. — Sim,
Mikey vai amar Jesse. Ele é um pouco mole demais no
quesito boceta. Precisamos ensinar esse rapaz como lidar
com sua cena. Um Mestre deve ser capaz de fazer isso. Achar
um mestre de verdade poderia ser bom para todos os meus
homens. Ele vai ter as mulheres na linha antes do chefão
aparecer.
Oh, ele queria muito conhecer o chefão. Seu coração
batia um pouco mais rápido. Evans estava chegando e logo.
Ele precisava dessa data. Ele precisava saber onde e quando.
Eve endureceu um pouco.
E ele não podia abraçá-la porque todo mundo estava
assistindo. Ela estava ali para ser um brinquedo bonito. Ele
não podia mostrar a sua suavidade ou eles saberiam que ele
não era o que disse ser.
Ela estava com medo, e ele ia falhar outra vez.
Maldição. Era por isso que ele não a queria nesta
operação.
— Ele parece muito gentil com as mulheres. — O
terceiro homem olhou para eles, seu nariz enrugando como
se achasse a coisa toda de mau gosto.
Ele estava perdendo-os. Ele não mudou sua expressão.
— Ela está se comportando. Eu gosto de recompensar um
comportamento adequado.
— As mulheres devem saber o seu lugar sendo elas
recompensadas ou não. — O segundo homem disse. Ele se
virou para Chazz. — Você disse que ia fazer uma cena. É
disso que falava?
— Não. Uma cena é muito mais interresante. — Chazz
acenou para a porta onde Jesse estava de pé. — Eu trouxe
algum equipamento. Se optar por seguir este caminho com os
clubes, teríamos de investir na qualidade dos "brinquedos",
como dizemos neste estilo de vida. Queremos que tudo
pareceça bom.
O terceiro homem bufou. — Eu não preciso de
equipamentos para trazer minhas mulheres na linha. Eu
simplesmente preciso da palma da minha mão.
Oh, aquele filho da puta sentiria as costas da mão de
Alex. Eve se aconchegou um pouco mais perto, sua própria
presença acalmando-o. Pareceu-lhe um pouco forçado que ela
não o acalmou nos últimos anos. Desde o divórcio, desde o
incidente, sua pressão arterial subia quando ela entrava em
uma sala, seja por culpa ou medo de perdê-la, mas depois
dessa última semana, ele se sentia diferente.
Ele estava no controle novamente e ela era sua
companheira. Podia não durar além da missão, mas ele
aproveitaria o agora.
Ele teve que entrar no jogo, porque acabou de descobrir
o que Chazz estava fazendo e porquê.
— Levante-se, pet. — Ele tirou Eve de seu colo quando
Jesse voltou para a sala carregando um 13banco imobilizador.
O garoto se movia facilmente, carregando o banco pesado
como se ele pesasse quase nada.
— Me falaram para trazer essa coisa aqui. — Ele colocou
o banco a uns três metros e meio de distância da mesa e, em
seguida, virou-se. Ele não olhou para os homens na mesa,
mas seu olhar estava fixo em Eve como se ela fosse um
cordeiro indo para o abate.
O menino parecia ter um problema com D/S, mas se
13
Chazz foi seu único instrutor, ele tinha razão por ter um
problema.
— Obrigado. — Alex voltou-se para o público. Ele
entendeu agora. Ele era a distração. Se Chazz ainda não
tivesse percebido, estava prestes a ajudá-lo. Era isso que
Evans queria. Foi por isso que eles foram à procura de um
Dom in Residence.
Sean escolheu fazer uma entrada muito bem
cronometrada com o segundo prato. Quando a sopa foi
retirada ele conseguiu trocar algumas palavras e Sean
concordou com o plano.
Alex estava prestes a tornar-se indispensável.
Jesse foi para a parte de trás da sala, seus olhos
diretamente sobre a cadeira.
— Venha, pet. — Ele enfiou a mão no seu kit desgastado
e retirou a corda de seda. Ele mudou para a seda de juta,
logo que ele foi capaz de pagar. Nos últimos cinco anos, esses
brinquedos foram os únicos presentes que ela aceitou dele,
então eles estavam no topo da lista. Ela estava usando um
colar de couro fino ao redor de sua garganta, o que ele pegou
para Amanda sem pensar, além do fato de que era para ela
ser supostamente o seu disfarce. Ele não gostava daquela
coisa barata contra a pele sedosa de Eve.
Ele compraria um novo colar para ela. Algo com
diamantes e talvez uma esmeralda ou duas. Seria algo belo
em torno de sua garganta.
Por enquanto, ela pertencia a ele e aceitaria seus
presentes. Ian estava certo. Ele foi uma maricas por muito
tempo. Estava na hora de ser seu Dom novamente. Eve
precisava de sua dominação. Sem isso, ela se tornou muito
rígida consigo mesma. Ela precisava saber que era bom
relaxar de vez em quando.
E ele precisava dela para ter um propósito.
— Por que não está na posição correta? — Ele rosnou as
palavras para ela, enfiando os dedos em seu cabelo e
puxando levemente. A cabeça dela foi para trás e ela soltou
um suspiro gutural.
Foi um ato. Do ponto de vista da pessoa de fora, parece
brutal, mas pela forma como Eve aceitou tão facilmente,
garantia que ela não sentiu dor alguma. Eve sempre gostou
de cenas — cenas do Mestre com raiva — e eles atuaram
muitas vezes na frente de uma plateia. Esta era uma dança
delicada que aperfeiçoaram há muito tempo. Ela sabia
exatamente o que ele precisava no minuto em que rosnou.
Ele observou os olhos dela se arregalarem e seu corpo
relaxar, sinais de certeza de que ela estava sob seu comando.
Ela afundou-se com ele, todos os seus movimentos eram
precisos e graciosos. Ela lutou muito para conseguir se mover
outra vez. Durante muito tempo, ele tremia todas as vezes
que a via praticando, era um lembrete de como ele falhou
com ela.
Mas ele precisava tirar isso de cena. Eve passou para
uma pose de escrava perfeita. Alex teve uma visão. Não foi
um lembrete do que ele perdeu. Foi um exemplo de como sua
esposa era forte para caralho. Ela não deixou Evans tomar
esta parte de sua vida.
Ambos foram culpados em deixar Evans separá-los. Ele
passou anos culpando as pessoas erradas pelo seu divórcio.
Ele permitiu.
Esqueceu que ele era o Dom.
Ele estendeu a mão, apresentando-a para a comitiva. —
É assim que a minha escrava recebe seu Mestre. Sempre se
lembra da sua posição. Ela é para me servir. — Para me
amar. Para me dar uma razão para viver. Para me honrar
com a sua confiança.
Mas ele parou no servir, porque esses homens não
compreendem a verdadeira beleza da troca de poder. Mas ele
sabia de uma coisa eles iriam entender. Eles iriam
compreender a beleza de sua submissa.
— Posicione-se no banco, pet.
Ele não podia deixar de notar como seu rosto corou. Ela
estava nervosa, mas ele sabia muito bem que ela não ia
vacilar. Seus olhos estavam arregalados. Ela estava ficando
excitada com a ideia de disciplina, mesmo em frente de um
grupo de homens que ela não conhecia. Ela sempre foi uma
exibicionista e não tinha nenhuma vergonha disso.
Ela manteve a cabeça baixa enquanto se movia até o
banco. Não estava de acordo com seu padrão, mas teria que
servir. Ele não podia parar a cena para explicar que a sua
submissa era muito preciosa para usar um banco qualquer.
Ainda assim, seu pênis endureceu no minuto em que ela
se colocou em frente ao banco. O banco estava inclinado de
uma forma que trouxe a sua bunda para o ar. A parte
principal do banco tinha um estofado de couro onde ela
colocaria o seu tronco, mas ainda assim, deu a Alex acesso à
sua boceta quando ele parou bem no meio de sua pélvis. Ele
colocou o banco de lado, onde o público pudesse ver o que ele
ia fazer. Eles seriam capazes de ver as curvas da sua bunda,
mas a visão de sua boceta nua era só para ele.
Seus braços foram colocados em apêndices gêmeos que
corriam em ambos os lados do banco, espelhando os de suas
pernas.
— Meu animal de estimação é bem treinado. — Explicou
Alex. — Ela vai ficar onde eu coloquei-a até o momento em
que permitir que ela se mova, mas vou amarrá-la hoje para os
fins da presente cena. Isso só é necessário quando a
submissa não é tão bem treinada.
Um dos “cavalheiros” riu. — Certamente não teria como
fugir.
Sean estava no fundo da sala. Ninguém parecia ter
notado que ele não voltou para a cozinha. Não. Nem um
único homem estava olhando para outro lugar a não ser
exatamente para onde Alex queria que estivessem olhando.
— Talvez os senhores prefiram ficar de pé. Com ela
nesta posição, vocês não serão capazes de ver a pele do meu
adorável animal de estimação enquanto ela recebe a minha
disciplina. — Ele precisava deles em pé para poder seguir o
plano.
Sem hesitar, eles se levantaram.
Ele odiava isso. Era diferente no Sanctum. No Sanctum,
todos sabiam as regras. As pessoas sabiam o que era
esperado deles. No Sanctum, mostrar sua sub era uma coisa
de grande orgulho para mestre e submissa.
Aqui, era uma necessidade. Era por isso que ele não
queria trazer Eve com ele.
Ela virou o rosto ligeiramente para cima e deu-lhe uma
piscadela e rebolou sua linda bunda.
Ela era mais forte do que ele pensava. Ela sabia fazer o
trabalho e ele não poderia ter uma parceira melhor. Seus
receios eram sobre sua natureza possessiva e não qualquer
fraqueza como sub. Sua sub, o seu amor, era a pessoa mais
forte que ele conhecia. Uma força surpreendente atingiu Alex.
Eles poderiam fazer isso. Eles poderiam fazer isso, juntos.
Ele não hesitou novamente e subiu um pouco sua saia.
Ela foi um bom animal de estimação e não estava usando
calcinha. Sim, agora ele capturou a atenção deles. Eve tinha
a bunda mais linda do planeta. Nenhum homem poderia
desviar o olhar.
E se qualquer um dos filhos da puta tentasse tocá-la,
eles iriam encontrar suas mãos no chão e distante de seus
corpos.
Ele deu um tapa em seu rabo lindo antes de amarrar as
mãos dela. Ele fez tudo rápido. Eve muitas vezes gostava de
ser amarrada. Nas primeiras vezes ela relutou. Ela usava sua
palavra segura toda vez que ele tentou amarrá-la, mas ele
continuou insistindo. Tentando a cada sessão até que ela
pudesse suportar.
Porra. Eve estava tentando dizer a ele. Ela trabalhou em
seus problemas. E ele viu isso como se não fosse nada além
de um fardo para ser suportado.
Ela tentou. Como ele não enxergou isso?
Ele prestou uma atenção especial, certificando-se de que
não machucaria a sua pele. Ele ouviu seu suspiro enquanto
apertava a seda contra sua pele.
Que merda ele esteve fazendo durante todo esse tempo?
Ela confiava nele. Tinha-lhe mostrado uma quantidade
impressionante de confiança. Ela colocou seu corpo no seu
cuidado, mesmo depois que eles se divorciaram. Ela
acorrentou ele em um milhão de regras e restrições, mas
agora ele viu para o que era. Ela estava empurrando-o para
ver até onde iria deixar sua culpa levá-lo. Toda regra que ela
colocou em cima dele foi um apelo para ele esquecer tudo,
para ser seu Dom, para ser o homem com quem ela casou.
E ele foi um perfeito maricas. Deixou seu medo dominá-
lo. Deixou sua necessidade de ceder a sua culpa afastar a
coisa mais preciosa em sua vida. Ela estava praticamente
gritando para ele e ele estava em transe.
Ele não ia deixá-la novamente. Ela falou sobre algum
novo Alex, mas ela precisava do antigo. Ela precisava do
verdadeiro Dom que estava adormecido dentro dele por muito
tempo.
Ela precisava do Dom, mas com algo novo. Ele tentou
protegê-la antes, mas agora sabia que ela era mais do que
uma coisa doce para proteger. Ela era uma parceira.
Ele bateu na sua bunda com a palma da mão. Sua Eve
poderia ter muito mais do que estava prestes a acontecer
aqui. Ele deixou a culpa que sentia se dispersar. Eles tinham
um trabalho a fazer e de repente estava ansioso para isso,
porque ela estava aqui com ele.
— Este é o coração do BDSM, a conexão entre o Dom e a
submissa. Ela está aqui para me servir. Por agora, me agrada
discipliná-la. — Ele deu-lhe cinco tapas rápidos, o estalo
ecoou através do ar. A cor rosa imediatamente apareceu
através de sua pele.
Todos os olhos estavam sobre eles e Sean se moveu. Ele
estava movendo-se sorrateiramente com uma graça
involuntária. Suas mãos eram rápidas, deslizando para
dentro e para fora e passando para o próximo homem,
enquanto cada um deles, incluindo Chazz e Jesse,
mantiveram os olhos sobre o traseiro de Eve.
Mais cinco tapas rápidos antes de ele enfiar a mão no
saco e tirar um chicote de camurça. As franjas eram macias e
suaves, uma obra de arte, alternando cores marrom e cor de
pele.
— O que exatamente é isso, Mestre A? — O segundo dos
homens inclinou sobre a mesa, como se tentando obter um
melhor olhar para o brinquedo em sua mão. Sean teve tempo
para pegar a carteira do idiota.
— Isso é um chicote. — Ele se virou e brutalmente
açoitou o traseiro de Eve.
Foi perfeito, porque ele fez um som áspero, mas as
cerdas de camurça eram suaves sobre a pele. Ele poderia
atingi-la durante todo o dia e ela apenas iria suspirar ao
efeito de massagem. Mas não havia maneira de confundir o
interesse dos homens. Eles acreditavam que ele estava
atacando sua escrava, e isso os estava excitando.
Mais e mais vezes ele bateu com o chicote em sua carne,
seus pulsos movendo-se em um padrão familiar. Ele fez uma
figura de oito com a mão, colocando cuidadosamente cada
golpe, que ele sabia muito bem que não a estava
machucando. Eve iria muito provavelmente ficar frustrada.
Sua doce sub gostava de mais intensidade do que ele estava
dando a ela, mas ele precisava dela com ele e não perdida em
êxtase. Estendeu a mão, deslizando-a sob a gola da blusa
para encontrar seu mamilo. Ela não estava usando sutiã por
isso foi fácil de agarrar seu peito e certifica-se de que ela
ainda estava ali.
Haveria tempo suficiente para ela escorregar em
subespaço mais tarde, quando ele ia fodê-la com força. Sim,
ele ia fazer isso e em breve. Não iria mais negar o que os dois
tinham.
Ele trabalhou nela, seguindo os trâmites, o padrão
familiar e confortável. Este foi apenas um aquecimento, mas
era tudo o que precisava para esse público muito baunilha. A
bunda de Eve estava linda cor de rosa, um brilho agradável
que fez a carne parecer ligeiramente brilhante. Gostosa para
caralho.
Seu pau estava latejando, apenas implorando-lhe para
seguir em frente. Ela estava amarrada, e ele poderia tê-la de
qualquer maneira que quisesse. Podia pedir-lhe para abrir
sua boca e ela o faria. Poderia forçar seu pau dentro e fora,
deslizando e escorregando contra aquela língua quente dela.
Ela o aceitaria. Ele estava livre da rédea curta em que esteve
por cinco anos.
Mas ele se conteve porque eles estavam trabalhando.
Ele colocou a mão sobre as duas bandas de sua bunda.
Elas estavam quentes da flagelação.
— Este é o início de nossa cena. Se estivéssemos
realmente performando, a levaria para a Cruz de Santo
André. É claro que seria necessário que minha escrava
vestisse uma tanga e protetores de mamilos. Poderíamos ter
problemas com a nudez pública.
Chazz franziu a testa, mas seus olhos ainda estavam na
bunda de Eve. — Nós podemos ser um clube privado e, então,
ela pode estar nua.
Chazz era um idiota. Kristen escolheu bem seu clube.
Tão longe quanto a sua investigação poderia ter ido, Evans
tinha clubes como este em todo o país, mas ela escolheu este
porque Chazz era imprudente. Ele era um bandido pequeno
que fez algumas conexões durante muito tempo, mas ele não
era inteligente o suficiente.
— Se nós formos um clube privado, como é que você vai
conseguir movimentar efetivamente o produto dos nossos
amigos?
O garoto de Jersey sacudiu a cabeça como se estivesse
tentando entender o que ele acabou de dizer.
Imbecil Narcoterrorista Número Dois, no entanto,
pareceu entender imediatamente. — Precisamos de um clube
lotado. Precisamos de pessoas para vender, mas eu ainda não
vejo como isso vai funcionar. Por que precisamos de um show
de sexo?
Número um concordou. — Foi muito lindo, e eu posso
ver toda uma indústria ligada a isso. O Mestre poderia treinar
adequadamente nossas prostitutas, mas eu não vejo como
isso nos ajuda a movimentar o produto.
Produto seriam drogas. Ele estava certo. Estavam
vendendo drogas através dos clubes e financiando suas
organizações.
— Eu, uhm, eu acho que é apenas uma ideia original. —
Disse Chazz. — Mikey gosta. Foi realmente a sua ideia,
prosseguirmos com um tema bizarro.
Alex sorriu, mostrando os dentes de relance, uma
expressão predatória. —Senhores, por favor verifiquem suas
carteiras.
Expressões perplexas cruzaram suas faces e quatro
conjuntos de mãos foram imediatamente para os seus bolsos
da jaqueta.
O homem do Oriente Médio franziu o cenho ferozmente.
— Seu filho da puta. — Sua expressão limpou, seus olhos
escuros reviraram. — Ah. Muito efetivo. Eu poderia ter a
minha carteira de volta agora?
Sean deu um passo à frente, colocando as carteiras de
volta na mesa. — É claro, senhores. Eu prometo, isso foi
apenas para demonstrar.
— Demonstrar? — Chazz estava ficando com o rosto
vermelho quando ele olhou através de sua carteira.
Idiota. Alex colocou uma mão no traseiro de Eve,
amando a conexão mesmo quando estava olhando para um
grupo de inimigos, Chazz incluído. O grupo terrorista parecia
ter sido pego. Eles estavam conversando calmamente entre si.
— Sim, chefe. — Disse Jesse com um aceno de cabeça,
provando que ele era mais esperto do que Chazz. — Você
sabe. É o que você planejou o tempo todo. Você iria mostrar
aos nossos clientes o poder de ter um show todas as noites.
— Ao contrário de sua discoteca regular, pelo menos
uma vez ou duas por noite, todos os olhos estarão no palco.
— Explicou Alex. —Ninguém será capaz de desviar o olhar.
Um dos sul-americanos suspirou. — Eu pensei que esta
era uma ideia estúpida, mas você está certo. Podemos passar
a maior parte do produto muito calmamente desta forma,
com quase ninguém olhando. Poderíamos usar as... como
você chama as garçonetes?
— As submissas. — Alex incitou. — As subs seriam
capazes de mover-se por entre a multidão fazendo suas
entregas noturnas. Os compradores fazem seus pedidos com
os seguranças e pagam à vista. As subs entregam os pacotes
durante o show.
Chazz assentiu como se tivesse sido sua ideia o tempo
todo. — Dessa forma, mantemos o pacote e o dinheiro
separados. E as meninas serão treinadas no que fazer caso
sejam pegas. Um mestre pode fazê-lo de modo que nunca vai
desistir da operação. Sim, este sempre foi o plano. Meu plano.
Vou contar tudo ao chefe quando ele entrar. Ele vai adorar.
— O dono deste clube é muito inteligente, como você
pode ver. — Alex estava exagerando bastante. A última coisa
que ele precisava era Chazz pensar que ele estava tentando
levar o crédito. — É por isso que decidi jogar minha sorte com
este clube. A cena que você acabou de ver era apenas uma
provocação. Eu posso fazer a última cena, quando nós
precisarmos. Espero que você possa ver que isso é uma
vantagem.
— Eu certamente posso ver como ela é a minha
vantagem. — Disse Jake, olhando de soslaio para o traseiro
de Eve.
Talvez Jake estivesse fazendo seu papel um pouco bem
demais. Alex teve uma súbita necessidade de socar seu
amigo.
Alex desamarrou as cordas que a prendiam e Eve
deslizou graciosamente no chão de volta representando a
escrava.
— O que você diz ao seu mestre, pet? — Perguntou Alex.
— Obrigada pela disciplina, Mestre. Seu animal de
estimação é muito feliz por servir. — Sua cabeça foi para
baixo, sua voz monótona suave, mas ele viu os lábios se
enrolando em um pequeno sorriso sedutor. Seus longos
cabelos esconderam isso dos outros. Aquele sorriso era para
ele e só para ele, e o pau de Alex pulsou em suas calças.
Ele estendeu a mão e agarrou a mão dela. Eve tropeçou
um pouco, seu joelho parecia ter deslocado e ela caiu contra
seu peito. Ele forçou sua expressão para parecer mais
sombrio. — Vá se sentar. Sua falta de graça me decepciona.
De joelhos na minha cadeira.
Ele quis levantá-la em seus braços, mas todo mundo
estava assistindo. Eve foi até a cadeira em que ele estava
sentado e caiu de joelhos ao seu lado.
Chazz se aproximou com as mãos estendidas. — Muito
bom, Mestre A. Eu acho que o plano funcionou bem.
— Sim, eu acredito que você provou sua teoria. — Disse
o primeiro cavalheiro.
Jake entrou em ação, porque Alex tinha mais uma coisa
para fazer. — Eu sei que estou interessado em me envolver.
— Quem é esse homem? — Perguntou o segundo
cavalheiro, olhando para Jake como se ele fosse um inseto
rastejando pelo chão.
— Ele é apenas um amigo que está no negócio de
segurança. Estou sempre à procura de seguranças decentes.
— Chazz franziu a testa como se ele finalmente tivesse
percebido que trazer o seu amigo bêbado da noite anterior em
uma reunião de negócios foi uma má ideia.
— E eu estou sempre à procura de uma puta bonita. —
Jake disse pouco antes de se abaixar e colocar a mão em Eve.
Mesmo que tenham planejado isso, Alex ficou cego de
raiva. Ele cruzou o espaço entre eles em dois passos longos e,
em seguida, quase levantou Jake por sua camisa, seu punho
foi para trás e de uma só vez voltou contra a mandíbula de
Jake.
Um soco. O primeiro tinha que ser bom. O resto eram
todos por show. Alex tinha Jake no chão, os punhos
pressionando ligeiramente a barriga de Jake, mas os sons
que Jake fazia eram puro teatro. Ele uivava e gemia e fingiu
lutar para trás.
Finalmente, Sean puxou Jake, mas seu ponto foi feito.
Todo mundo estava olhando para ele, seus olhos movendo-se
de seu rosto para o sangue em Jake.
— Você é um psicopata completo. — Jake gritou, se
afastando.
Sim, essa era a impressão que estava tentando dar.
Alex olhou para Jake, sua voz era uma ameaça baixa. —
A próxima vez que você tocar em minha propriedade, eu vou
te matar. Você me entendeu? Vou colocar uma faca no seu
intestino e você não vai ter como correr. Você vai morrer
lentamente, sentindo a maior quantidade de dor que eu
puder te dar. Eu protejo minha propriedade e meus amigos.
Dê o fora daqui. Você não pertence aqui. O chefe tentou ser
amigável e é assim que você lhe retribui, estragando sua
reunião.
Alex virou-se e ficou cego de raiva novamente. Eve
estava aos pés de um dos malditos terroristas, seus braços ao
redor de suas pernas, a mão dele sobre a cabeça dela.
Parecia que sua próxima luta seria real. Sem socos de
mentirinha dessa vez.
Eve plantou o dispositivo que roubou de Alex, no sapato
do seu alvo. Ela fez um estudo cuidadoso dos sapatos deles.
Alex estava errado. Plantá-lo dentro de uma jaqueta era uma
má ideia e nenhum dos homens estava carregando maletas.
O pequeno dispositivo de rastreamento adesivo, se destacaria
facilmente num celular, e essa parecia ser a forma como
esses homens se comunicavam e mantinham anotações.
Uma jaqueta poderia ser facilmente removida, limpa e
assim o sinal de rastreamento seria perdido. A maioria dos
homens muda suas jaquetas. Mas não os seus sapatos.
Ela se inclinou como se a violência estivesse deixando-a
aterrorizada e estivesse esperando que o homem acima dela
pudesse protegê-la. Isso deu a ela a chance de colocar o
dispositivo. Dos três homens que podia escolher, os sapatos
deste em questão estavam bem mais desgastados. Eles eram
Louis Vuitton pretos com vincos sutis de um uso prolongado.
Os sapatos dos homens do Oriente Médio eram pretos
também, mas eram novos e havia um brilho nítido neles. Eles
não eram opção. Uma engraxadela rápida no aeroporto iria
retirar o dispositivo. O homem que ela escolheu possuía
sapatos embaçados. Ele não os lustrava. Eram perfeitos. Ele
não largaria aqueles sapatos tão cedo.
Ela sentiu um profundo sentimento de realização,
mesmo quando a mão do homem desceu sobre sua cabeça.
Droga. Ela não pensou sobre o fato de que Alex acabou
de simular uma baita surra no último homem que tocou nela.
Talvez ele não estivesse olhando e ela pudesse se afastar.
Ela olhou para cima. Alex parecia um touro pronto para
atacar. Ela tinha apenas alguns segundos antes dele explodir
por completo e arruinar o disfarce deles.
Eve rastejou até ele, o piso de madeira raspando contra
seus joelhos, mas ela não se atreveu a ficar de pé:
— Eu estava tão assustada, Mestre. Por favor me
perdoe.
Ela colocou os braços em volta das pernas dele. Cada
músculo em seu corpo estava duro com a tensão. Por favor,
esquece isso. Por favor, esquece isso.
A mão dele agarrou seus cabelos:
— Você não está onde eu te coloquei. Péssimo animal de
estimação. São cinquenta. Vá pela cozinha até o vestiário.
Limpe-se e espere por mim. Você obviamente não está apta
para companhia, brat desobediente.
Ela iria aceitar isso. Ele a estava punindo, mas isso era
provavelmente uma coisa boa. Ela começou a se levantar.
Quando estivesse na cozinha, poderia processar o que
aconteceu e se preparar para falar sobre suas observações
mais tarde.
— De joelhos, brat.
Oh, ela ia dar uma bronca nele por causa disso.
Manteve seu rosto sereno e se arrastou ao longo do chão,
bem consciente de que sua bunda estava, muito
provavelmente, bem visível. Bem que ele podia olhar para a
bunda dela porque, depois disso, ele não iria conseguir nada.
Arrastou-se para dentro da cozinha, ressentida para
caramba com ele, mesmo sabendo muito bem o porquê de ele
ter feito isso.
No minuto em que atravessou as portas giratórias,
Kristen estava praticamente em cima dela:
— Eu preciso falar com você e seu mestre. — Kristen
manteve a voz baixa. Vários trabalhadores e cozinheiros
estavam se movendo ao redor, preparando o próximo prato.
— Eu tenho que ir para os vestiários.
E alguém realmente precisava limpar esse chão. Ela ia
ter que ter uma conversa séria com Sean sobre o estado de
seu piso. Claro que tudo parecia perfeitamente limpo quando
se estava de pé, mas a partir de seu ponto de vista, podia ver
a sujeira. Urgh. Outra razão para estar puta com Alex.
E ela estava puta com Alex. Tipo, realmente e
verdadeiramente puta com Alex e pronta para dar um sermão
no minuto em que pudesse. Ela meio que queria chamá-lo de
bastardo e dizer a ele que se quisesse voltar a ver o interior
da vagina dela, era melhor vir rastejando.
Ela estava brava. Uma centelha de felicidade acendeu
nela. Eles andaram na ponta dos pés durante anos, a
cordialidade o seu refúgio contra qualquer emoção forte. Ela
escondeu sua irritação com ele e ele foi um frustrante poço de
paciência com ela.
Isso não era saudável. Casais apaixonados brigavam.
Casais apaixonados se irritavam e discutiam e se enfureciam
um com o outro.
Ela disse a si própria anos atrás que não era mais
apaixonada por Alex. Sabia que sempre iria amar ele, mas a
verdadeira paixão se extinguiu no rescaldo do que aconteceu.
Alex se afastou e ela se isolou numa concha onde nada
poderia tocá-la, nada poderia deixá-la brava.
Rastejar no chão a deixou brava.
E ela iria fazer assim mesmo.
— Uhm, há alguma razão para você estar fazendo uma
birra? —Perguntou Kristen. — Eu posso ajudar se você
precisar de uma mão.
Ah não. Ela ia engatinhar por todo o caminho. Ela não
iria dar ao seu Mestre nenhum motivo para dizer que ela
desobedeceu. Teria sido tão fácil para ele dar algumas boas
palmadas na bunda, mas ele escolheu isso.
— O Mestre quer que eu rasteje até os vestiários. Estou
realizando seu desejo.
— Merda. Uau. Bem, eu vou com você porque temos
algumas coisas para resolver. Você pode engatinhar mais
rápido?
Eve ergueu a cabeça, franzindo a testa para a ruiva
antes de reiniciar sua movimentação lenta sem dizer uma
palavra. Chegou na parte de trás da cozinha e se dirigiu para
o corredor que levava aos armários.
— Isso é burrice. — Kristen ficou de joelhos ao lado de
Eve, engatinhando ao seu lado.
— Você poderia apenas ir e esperar por mim.
A voz de Kristen foi baixa:
— Aquele era Jacob Dean?
Eve assentiu.
— Sim. Alex o trouxe.
— E não me disseram.
— Nem a mim. Eu não acho que nos informar estava no
topo da lista de prioridades de Alex.
— Esta operação é minha, droga. Estabeleci algumas
regras básicas, sendo que a principal era a de que eu
aprovaria cada membro da equipe. — Kristen sussurrou as
palavras, mas não havia como negar que ela estava com
raiva. Ela engoliu as palavras com os dentes cerrados e parou
no meio do corredor.
— Este piso é realmente nojento. Mestre A está tentando
te contaminar com o ebola? Eu acho que estou vendo algum
à sua esquerda.
Graças a Deus, ela estava na porta do vestiário.
Levantou-se e entrou, indo direto até a pia, porque apesar de
ter quase certeza de que o chão estava livre de febre
hemorrágica, ela não podia dizer a mesma sobre
estafilococos. Lavou as mãos. Completamente.
Kristen deu a volta no vestiário, verificando as divisórias
antes de voltar e se juntar a ela na pia:
— Nós podemos conversar. Eu já fiz a minha verificação
diária de escutas e nós estamos sozinhas agora, por isso é
seguro. Eu quero saber por que seu marido está tentando
foder comigo?
Foi uma reação interessante. Kristen parecia tão calma,
tão paciente, mas o aparecimento de Jake a deixou agitada.
— Eu não acho que ele esteja tentando fazer algo para
você. Esta é a operação dele.
Ela balançou a cabeça:
— Não. É minha. Quero dizer, é minha história e eu
trouxe vocês todos nisso.
Ela não entendia a forma como eles trabalhavam, e isso
era muito mais do que uma história para Alex.
— E Alex tem andado atrás desse homem por anos. Ele
está treinado. Todos nós estamos. Você tem que entender que
Alex é responsável por nós. Você não.
— Eu não vou deixar que ninguém se machuque. Você
tem alguma ideia de quanto tempo levei para me organizar? E
então, Alex McKay vem chegando como se fosse o dono do
pedaço.
— Você fez ele o Dom in Residence. Ele meio que tem
que agir dessa forma. Você tem um problema específico com
Jacob? — Não fazia muito sentido. Kristen veio até eles. Ela
sabia que eles eram uma equipe. Por que ela estava tentado
escolher agora?
Kristen secou as mãos, o rosto se fechando.
— Eu só não gosto de surpresas. Isso é tudo. Quem é
que vai aparecer a seguir? Será que o Taggart vai estar na
minha porta quando chegarmos em casa?
— Ian está preso em Dallas. — Ele ligou tarde na noite
anterior. — Tem um problema com as nossas contas
bancárias. Ele tem certeza que foi Eli Nelson. Algumas contas
muito grandes ficaram congeladas. Ian está fazendo
malabarismos tentando reativá-las.
Kristen virou o rosto, com a voz um pouco distante:
— Isso é terrível. Esse Nelson, quem é ele?
Eve encolheu um pouco:
— Ele é meio que inimigo de Ian. Vamos apenas dizer
que eles estão em extremos opostos no aspecto profissional.
— Então ele devia cuidar desse assunto. Podemos lidar
com as coisas aqui. — Kristen recuou: — Eu não gosto de
surpresas, Eve. Estou disposta a partilhar informações com
você. Droga, eu vou abrir os arquivos que tenho e deixá-la
fazer cópias, mas exijo a mesma cortesia.
— Arquivos? — Alex não mencionou arquivos.
Ela torceu o nariz um pouco, parecendo uma criança
que ficou presa com as mãos dentro do pote de biscoitos:
— É. Eu posso ter invadido o banco de dados federais e
obtido todos os arquivos que têm sobre Evans.
— Sério? — Não era a coisa mais fácil hackear um
banco de dados do governo.
Foi a vez de Kristen dar de ombros:
— É um hobby. Eu pensei que você talvez pudesse
gostar de olhar para coisas novas e ver se talvez pudesse
atualizar seu perfil. Mas entendo que você está aqui apenas
por Alex agora.
A manipulação era um pouco surpreendente. Eve não
mordeu a isca. Ela meio que estava guardando toda sua
irritação para Alex. Era um pouco desconcertante perceber
que estava apenas esperando ele entrar porta dentro. Não
queria a paz que conseguia por estar sozinha. Ela queria a
sensação elétrica que teve o tempo todo em que esteve com
ele na última semana.
— Vou dar uma olhada nos arquivos, embora eu duvide
seriamente que ele tenha mudado suas motivações.
Embora agora parecesse haver um componente sério de
dinheiro, como evidenciado pelos clubes. Ele fez pequenas
mudanças antes, usando seus seguidores para trazer seus
cheques de pagamento e executando pequenos laboratórios
de metanfetamina. Gastou tudo em suas campanhas de
terror. Suas bombas se tornaram mais sofisticadas e
mortíferas que o material caseiro habitual.
O que ele estava tentando fazer agora? Sim. Ela gostaria
de dar uma olhada nesses arquivos.
Kristen olhou para baixo, os olhos presos em alguma
coisa:
— Eu gostaria disso. E apreciaria se pudesse ser
considerada um membro dessa equipe. Entendi. Mestre Alex
é controlador demais para desistir, mas eu tenho sido útil.
Quero esse reconhecimento. No final de tudo isso, eu quero
que todos saibam que eu fiz bem, poxa. Há sujeira sobre seus
joelhos. É provavelmente infeccioso sabendo o que se
acontece neste clube.
Kristen se virou e saiu, a porta fechando atrás dela.
Eve estremeceu. Seus joelhos estavam manchados de
sujeira. Alguém iria ouvir muito por causa das limpezas. Ela
caminhou para um dos chuveiros. Mesmo que ele não tivesse
dito para se limpar, ela não seria capaz de ficar suja. Tirou
suas roupas e seu cérebro permaneceu trabalhando na
conversa que acabara de ter.
Bem. Era uma palavra estranha. Eu quero que todos
saibam que eu fiz bem.
Isso brincou no seu cérebro, essa pequena frase dando
voltas e voltas. Eve gemeu um pouco quando a água quente
bateu em sua pele. Alex foi bom para ela. Ela mal podia sentir
onde ele a espancou. Ela gostava mais forte e ele sabia disso.
Eu fiz bem.
Kristen era uma escritora, uma boa nisso. Ela foi
nomeada para um Pulitzer14. Sua gramática deveria ser
impecável. A menos que ela não tivesse dito no sentido em
que Eve entendeu. ‘Eu fiz bem’ poderia ser uma versão
gramaticalmente incorreta de ‘fiz bem feito’.
Ou poderia significar que ela fez certo, bem.
Por que Kristen estava tão preocupada com todos na
equipe sabendo que ela fez algo justo? Não foi a primeira vez
que ela mencionou. Ela já disse antes que era uma pessoa
honrada.
Mas todas as suas histórias ajudaram as pessoas. Ela
era uma escritora que defendia os oprimidos e expunha a
corrupção. Então, por que soava como se estivesse em busca
de redenção?
A cortina abriu, mas Eva não gritou. Ela soube que ele
estaria aqui. Soube disso no momento em que ele a mandou
para lá.
E soube que ele terminou de brincar com ela. Viu isso
nos olhos dele.
Por cinco dias inteiros ele a torturou com gestos íntimos
e sem sexo. Agora isso terminou, e ela tinha a sensação de
que não ia ser uma sessão de amor suave e doce.
Alex ficou na entrada do chuveiro, sem nenhuma roupa
cobrindo seu corpo duro. Ela olhou para cima, seus olhos
14
Prêmio que pode ser comparado ao Prêmio Jabuti.
devorando ele. Ele olhou para ela, com as mãos nos quadris
musculosos. O malvado grande Dom estava na área.
Ele era constituído como um lutador, todo cheio de
músculo duro e pele perfeitamente esculpida. Seus ombros
largos mal cabiam na entrada do chuveiro. Aqueles ombros
largos levavam a uma cintura estreita e um pacote de seis
que continuava a fazer a sua boca salivar. Suas pernas eram
fortes, longas e grossas. E seu pênis. Deus, ela ansiava por
aquele pau maldito e teve ele mais de mil vezes.
Então, por que isso parecia novidade agora?
Tinha que ser essa coisa toda da missão. Ela nunca
esteve no terreno com ele desse jeito antes. Era uma
adrenalina e se expor ao perigo podia unir as pessoas. Ela
tinha que lembrar que este não era o mundo real e que não
estavam realmente juntos.
— Você quer explicar o que você está fazendo, Eve? — A
voz de Alex era uma ameaça velada. Era a voz que ele
costumava usar quando queria que ela pensasse sobre o que
ia falar para ele, porque uma palavra errada traria alguma
punição.
Felizmente para ele, ela não tinha medo de sua punição.
Suas palmadas antes foram mais uma provocação do que
qualquer outra coisa. Ainda estava nervosa e insatisfeita
pelos quase orgasmos e cinco dias de negação de sexo:
— Estou tomando um banho porque meu Mestre idiota
me forçou a rastejar em um chão sujo.
Sua expressão mudou de repente:
— Não estava sujo. Vi-os limpando anteriormente. Eles
estavam esfregando ele.
Foi por isso que ela sempre confiou nele. Levou tudo o
que ela possuía para não apenas se dissolver em uma poça
de gosma a seus pés. Sim, ele era um Dom e sim, precisava
de controle, mas a última coisa que ele faria era ferir ou
humilhar sua sub. Ela deixou ir uma boa parte de sua
irritação porque era mais do que a sua sub agora. Era sua
parceira.
E meio que era uma coisa boa ser. Não no mundo real.
Ela forçou as palavras para dentro de seu cérebro. No mundo
real, Alex raramente tratou ela como uma parceira. Tinha
sido preciosa para ele, algo para cuidar, mas ela não podia
voltar para trás agora. Ela mudou.
Eve estendeu a mão e tocou no peito dele, deixando a
mão percorrer a pele sedosa e os músculos duros. Era bom
poder ser capaz de estender a mão e tocá-lo. No minuto em
que seus dedos roçaram a sua pele, seu pau estremeceu. Ela
ainda tinha esse poder sobre ele. Sua raiva estava se
dissolvendo no calor da saudade. Ela tentou se manter firme.
— A sua versão de limpo e a minha são bem diferentes,
Mestre.
Um olhar duro voltou em seus olhos. Ela terminou com
o seu chilique, mas parecia que o dele estava apenas
começado:
— Eu quis dizer o que diabos você estava fazendo lá
fora, Eve?
Será que ele realmente queria ter essa conversa aqui?
Talvez ele não tivesse acabado com sua tortura. Ela fez um
gesto em direção à porta:
— Mestre, podemos não estar sozinhos.
— Não abane a cabeça para mim. Eu tranquei a porta e
Sean está mantendo todos os outros ocupados. Assim, você
pode responder à pergunta antes de eu começar a sua
punição.
Ela levantou uma sobrancelha:
— Eu mereço punição? Você nem ouviu a explicação
ainda.
Ele a encurralou, forçando-a contra a parede de azulejos
do chuveiro. Sua mente ficou um pouco lenta quando sentiu
pênis dele pressionando contra sua barriga. Ele parecia
decidido a lembrá-la do quão grande ele era:
— Eu não preciso de uma explicação. Você me
desobedeceu. Nós tínhamos um plano. Nós conversamos
sobre ele esta manhã.
Ela odiava o quanto a voz dela estava ofegante. Tinha
que se forçar a discutir com ele, porque tudo o que pensava
agora era no quão bom seu castigo iria ser.
— Você tinha um plano. Você nem sequer me contou
sobre Jake até que estávamos aqui.
— Eu não sabia se ele ia conseguir vir e não tenho que
contar para você coisa nenhuma. Eu estou no comando desta
operação. Eu tenho que ter certeza que você vai me obedecer
no campo, e você não fez isso hoje. Você não deveria ter saído
do seu lugar. Que diabos estava pensando? - Ele pairava
sobre ela, com aqueles olhos verdes enquanto olhava para
baixo.
A adrenalina dele continuava a mil. Era assim sempre
que ele chegava em casa depois de um caso particularmente
difícil. Sempre que sua adrenalina continuava correndo em
suas veias, ele era praticamente insaciável. Pelo que viu, nos
últimos anos, ele trocou sexo por uma esteira. Depois de
quase perder Sean e Grace para Eli Nelson mais de um ano
atrás, ela o pegou numa esteira no quilômetro quatorze
daquilo que acabou sendo uma corrida de trinta e dois.
Ele parecia estar voltando aos padrões familiares. Teve
medo e agora precisava queimar esse sentimento dentro dela.
Ela devia impedi-lo. Deveria sair do chuveiro e dar a eles
uma chance de se acalmarem. Alex podia ser
possessivamente louco e ele teve que a exibir a homens em
quem não confiava. Teve que vê-la chegar perto de um
terrorista ligado ao tráfico de drogas. Ele só precisava de
alguns minutos e calma para colocar as coisas no lugar.
E não faria mal para ela dizer a verdade a ele.
— Eu pensei que você não sabia o que estava fazendo.
— Eva admitiu.
Sua mão emaranhou seus cabelos, puxando-os. Ele não
estava sendo gentil com ela agora. Ele puxou, acordando seu
couro cabeludo. Deus, ela sentiu falta disso.
— O que você falou para mim?
Ela estava provocando ele e não conseguia se conter.
Sabia que, se afastasse, ele provavelmente a deixaria. Mas
tudo o que ela parecia ser capaz de fazer era provocá-lo ainda
mais.
— Eu disse que sua teoria era defeituosa e que você
precisava de mim para corrigi-la. Eu não tive tempo ou um
lugar para falar com você sobre isto, por isso peguei uma das
unidades de GPS do seu bolso quando tropecei em você e a
coloquei para você. Não podia exatamente pedir um tempo
para explicar tudo. E de nada. Em poucas horas, quando o
nosso vilão for embora, vamos saber para onde ele vai.
Sua boca caiu aberta como se aquela fosse a última
coisa que ele esperava ouvir.
— Eu consegui colocar o GPS em uma de suas jaquetas.
Eu tinha tudo sob controle, Eve. Você colocou a si mesma e à
missão em perigo.
Ela balançou a cabeça, apesar do fato de que ele
continuava mantendo um bom aperto nela. Ele parecia
realmente desfrutar de seu cabelo mais longo.
— Eu fiz o que precisava fazer. Você não está pensando
sobre o que podia acontecer. Ele podia deixar de usar aquela
jaqueta a qualquer momento. Ele provavelmente tem montes
delas. Se ele tiver um lugar aqui nos Estados Unidos, ele
provavelmente iria deixar ela aqui e, então, a única coisa que
a gente ficaria sabendo é onde ele gosta de dormir quando
está na cidade. Mas ele não vai deixar aqueles sapatos para
trás. E vamos falar sobre limpeza a seco.
Ela engasgou porque ele a virou e antes que conseguisse
protestar, ele deu dez palmadas rápidas na bunda dela. O
som seco reverberou pelo box. Ele não estava brincando desta
vez. Os olhos dela lacrimejaram, sua carne queimando. A dor
percorreu sua pele, acendendo cada pedaço dela e fazendo-a
se sentir viva. Ela não sabia ao certo porque a dor a fazia
sentir isso, mas o certo é que fazia. Ela era apenas uma
mulher que gostava de uma pontada de dor.
Lutou para conseguir isso de volta, lutou para ser capaz
de desfrutar disso novamente. E Alex esteve lá com ela.
Mesmo quando ela o tratou como uma merda, ele ainda
esteve lá.
— Você quer me provocar, anjo? — Ele tinha a boca
contra seu ouvido. — Levou um tempo, mas eu sei fazer este
jogo agora. Você precisa disso. Você precisa de mim para
assumir o controle. Precisa brincar e saber que vou te dar o
que você precisa. Mas você abriu essa porta de novo e não sei
se posso fechá-la. Você até pode ser a mais esperta. Essa
pequena jogada sua pode ter sido mais inteligente do que a
minha, mas saiba que, da próxima vez que desobedecer às
minhas ordens, eu vou manter você no limite por horas. Você
acha que os últimos cinco dias foram ruins? Eles serão o céu
em comparação com o que vou fazer. Vou amarrar você e seu
traseiro vai ficar mais que vermelho. Vou pôr um plug em
você e te espancar e levar até o ponto de orgasmo e, em
seguida, sentar e assistir você se contorcer.
Isso soou perfeitamente horrível. Ela era uma mulher
lógica bem no fundo. Houve dias em que passar uma tarde
sendo deixada no limite teria sido interessante, mas não
agora. Não depois do jeito que ele a preparou durante dias.
Ela precisava dele.
Precisava mudar de tática. Ele esteve com medo e talvez
isso fosse um progresso real. Ela levaria a missão para a
frente, mas ele parecia muito mais preocupado com a mera
possibilidade de ela ter estado em perigo. Mesmo que, na
verdade, ela não tenha estado. Ele estava tentando. Estava
colocando-a antes da missão. Ela não conseguia evitar
amolecer um pouco.
— Alex, eu não quero isso e não acho que você queira
também. Nós não temos muito tempo aqui. Precisamos ficar
limpos e você tem que passar o resto do dia com Chazz. Você
realmente quer passar o pouco tempo que temos retendo meu
orgasmo? O último par de dias realmente foi tão fácil para
você?
Ele girou ela de volta, seus olhos em sua boca. Ele já
estava oscilando:
— Você sabe que não foi. Mas eu deveria espancar essa
sua bunda até você não conseguir se sentar e então deveria
forçá-la a ficar de joelhos. Deveria fazer você chupar o meu
pau e levar tudo o que tenho, e então deveria ir embora
porque você precisa aprender uma lição. Eu estou no
comando quando estamos no terreno.
Ele era tão frustrante.
— Eu entendo, mas tenho razão sobre isso, Alex.
Seus dedos estenderam para seus mamilos, torcendo-os
levemente, fazendo-a estremecer.
— Eu não quero saber se você tem razão ou não. Você
tem que me obedecer. Ele poderia ter te machucado. Ele
poderia ter arrastado você para algum lugar. Ele poderia
ter....
Ela colocou as mãos nos quadris dele, aconchegando-se
mais perto. Ele precisava de confiança. Às vezes era fácil
esquecer que o Dom precisava se sentir seguro, também.
— Estou bem. Eu prometo que vou lutar para caramba
se alguém tentar me levar de novo. Vou gritar e berrar e fazer
tudo que conseguir para voltar para você.
Ele suspirou, sua raiva parecendo diminuir:
— Você lutou com Evans?
Ela não queria falar sobre isso. Ela não queria ir por
esse caminho. Ela queria que ele a espancasse de novo.
Desse jeito ela podia chorar. Ela poderia deixar a dor flutuar
para longe.
Deus, ela manteve isso por tanto tempo. Ela culpou
Alex, mas estava em falta também:
— Eu não o fiz. Eu estava assustada.
— Eu sei que você estava, meu anjo. — As mãos dele
suavizaram, encontrando sua nuca e puxando ela para perto.
Ela suspirou e relaxou no aperto dele. Seu pau ainda
estava duro contra a barriga dela. Ele ainda a queria.
— Eu não podia acreditar no que estava acontecendo, e
pensei que não deveria lutar, porque assim talvez, ele não
fosse me machucar mais. Estava em choque por ter visto eles
matarem Tommy e Leon e pensei que talvez ele fosse mais
brando comigo se eu obedecesse. Eu fui tão estúpida. Tão
estúpida. Ficava pensando que ele não ia me machucar. Ele
não necessitava me machucar. Estava enganando a mim
mesma, mas eu só queria sobreviver. Eu só queria ir para
casa.
Era uma das coisas que ela mais lamentava. Ela foi tão
dócil, tentando ir pela lógica numa situação tão ilógica.
Ele passou a mão pelo seu cabelo molhado, suavizando-
o, os olhos tão assombrados.
— Eu procurei por você.
Eve assentiu. Ela tinha certeza disso.
— Eu sei que você fez.
— Ian procurou por você. Ele usou toda a influência que
tinha e ainda assim não funcionou. Nós não conseguimos
encontrá-la. Deus, anjo, ele poderia ter matado você. Eu não
dormi durante uma semana. Apenas foquei em encontrar
você. Foi a única coisa que me manteve são.
E então ele permaneceu são mudando sua atenção para
encontrar Evans, e ela acabou silenciada. Ela fugiu dele
porque estava com medo no início, e isso acabou tornando-se
um hábito.
— Alex, você acha que minhas cicatrizes são feias?
Ela nunca perguntou a ele, com medo de receber uma
resposta indiferente, uma piedosa. Haviam tantas perguntas
que ela não fez porque teve medo. Ela sabia que ele não iria
dizer-lhe que sim, mas a maneira como respondesse
significaria tudo.
Ele puxou seu cabelo, forçando sua cabeça para trás.
Toda a ternura se foi.
— O que você disse?
As lágrimas encheram seus olhos. O alívio veio como
uma onda que passou pelo seu sistema. Isso não era para ser
uma tentativa de acalmá-la. Ele estava chateado.
— Eu estava preocupada de você não me achar mais
bonita.
— Não há nada de errado com seu corpo. Você é a coisa
mais linda que eu já vi, e juro que se você disser uma coisa
ruim sobre o corpo que adoro de novo, você vai achar que
ficar no limite é o paraíso em comparação com o que vou
fazer com você. — Um grunhido sexy saiu de sua boca e um
desejo feroz estava em seu rosto. Ele esfregou o pênis contra
sua barriga.
— Será que eu tenho que mostrar a você o quanto amo
esse corpo?
— Por favor, Alex. — Ela o queria tanto.
Ele colocou a testa contra a dela.
— Sem outras mulheres, Eve. Não para o resto da
minha vida. Se você se afastar de mim no final deste caso, eu
nunca vou querer outra mulher, porque tem sido você desde
a primeira vez que te vi. Só você. Comparado com os meus
amigos, eu fui praticamente um monge. Eles tiveram tantas
mulheres que não conseguem contar, mas eu era o sortudo
porque só precisei de uma. Só preciso de uma. Eu vou te
mostrar. Eu vou te mostrar o quão linda você é.
Ele a levantou, seus músculos magros facilmente
erguendo-a como se ela não pesasse nada. Sua boca fechou
em volta de um mamilo, mordendo e chupando. A água
descia sobre ela, mas a boca dele estava mais quente. Ele
atacou o mamilo com a língua antes de passar seus dentes
pelos picos, fazendo-a se contorcer. Ele sempre soube
exatamente a quantidade certa de dor a dar para ela, apenas
uma pequena mordida que ameaçasse mandá-la para um
orgasmo.
Ele mudou para o outro peito, segurando-a contra os
azulejos. Ela se sentia pequena e indefesa, mas com o seu
mestre era algo diferente. Ela podia ser indefesa contra ele,
porque ele não iria machucá-la. Não fisicamente.
Ele brincou seios, esbanjando eles com carinho antes de
deixá-la deslizar para baixo apenas um pouco.
— Deus, eu quero você. Não vou nunca parar de querer
você. — Ele apertou seus lábios nos dela, sua língua
mergulhando profundamente.
Ela teve que enrolar as pernas em volta da cintura dele e
se segurar pela sua vida, porque seu pênis sabia exatamente
onde queria ir. Aquele pau grande de Alex já estava
empurrando para dentro, abrindo-a, mostrando a ela o
quanto ele queria entrar.
— Abra-se para mim, meu anjo. Você me leva. Você
toma cada polegada que tenho. Sua vagina é minha e te
quero para caralho. Você disse que tudo o que queria fazer
era ir para casa. Esta é a minha casa, Eve. Esta é a minha
maldita casa e não importa o que aconteça, ela sempre será.
— Ele empurrou-a contra a parede do chuveiro, a boca
descendo na dela.
Sua língua mergulhava enquanto forçava seu pênis
dentro. Eve amoleceu, abrindo a boca para ele. Agora que ele
a beijou novamente, ela não conseguia parar de querer sua
boca na dela, língua tocando, deslizando uma ao lado da
outra. Ela colocou os braços em volta de seu pescoço,
retribuindo tudo o que estava recebendo.
Não conseguia ficar quieta agora. Mais tarde, ela iria
deixá-lo amarrá-la de cima a baixo e brincar com ela por
horas, mas isto era algo mais. Isto era novo. Ela o beijou de
volta, incapaz de manter-se à distância. A água fluiu em
torno deles, mas ela não percebeu isso. Tudo o que importava
era que estava enrolada no corpo de seu marido, tomando-o
profundamente. Seu pênis era tão grande. Não importa
quantas vezes ela já o teve, sempre ficava sem fôlego quando
ele começava a meter nela. Estava deliciosamente presa,
forçada a tomar mais e mais dele.
— Você é tão gostosa, anjo. Você fica muito quente para
mim.
Ele lhe deu as palavras que ela precisava. Ela deu-lhe a
sua verdade, também:
— Só você, Alex. Apenas para você. Eu nunca me senti
assim com qualquer outra pessoa.
E ela nunca sentiria.
Ele pressionou seu peito contra o dela, prendendo-a
entre a parede do chuveiro e seu corpo duro enquanto
afundava nela.
Tão cheia. Ele a enchia. Sempre. Manteve-se contra ela,
esfregando seus peitos juntos enquanto empurrava ao
máximo. Ele a beijou novamente, como se não conseguisse
parar de explorar sua boca. Ela passou as mãos em sua
cabeça. O cabelo dele era curto agora, mas isso só o deixava
ainda mais masculino. Ela segurou-se porque não queria que
o momento acabasse.
Havia tanta coisa que ele não sabia. Tanto que ela ainda
não podia dizer a ele. Tudo parecia novo outra vez, mas frágil,
também. Ela não podia suportar a ideia de ver tudo se
dissolvendo. Ainda não. Não suportaria o peso do mundo
real, mas queria estes dias com ele. Pelo tempo que tivessem,
ela queria estar com ele em todos os sentidos.
— Por favor, Alex. Eu não aguento mais. Por favor.
Ele beliscou sua orelha, um pouco de choque através de
seu sistema.
— Por favor, o quê, meu anjo? Por favor, lave-me? Por
favor, fique aqui? Você vai ter que ser mais específica.
Ele gostava de ouvi-la implorar:
— Por favor, me fode, Alex. Por favor, me fode forte.
— Oh, sim, você sabe que quero isso. — Ele usou a
parede como ponto de equilíbrio enquanto puxava e
empurrava de volta nela, fazendo seu corpo pular com a
emoção de ter ele enchendo-a de novo
Uma e outra vez ele bateu dentro, esfregando seu pênis
em todos os lugares certos. Ela estava tão preparada, todos
os sentidos em sintonia com ele. O orgasmo se construiu, um
canhão ameaçando explodir. O tempo todo em que ele bateu
seu pênis dentro, a beijou. Sua língua fodia sua boca em
sincronia com o seu pênis como se ele precisasse de todo o
contato que conseguisse. Suas línguas deslizaram juntas
numa dança sedosa. Ela sentiu as mãos dela sobre seu
traseiro, uma delas querendo entrar lá, também. Um dedo
pressionou contra seu rabo, rodeando-o levemente e forçando
a ponta dentro. Ela estremeceu com a sensação.
— Eu quero tudo, Eve. — Ele sussurrou contra sua
boca. — Eu não vou deixar uma polegada deste corpo lindo
intocado. Eu amo este corpo. Amei quando você estava mais
cheia e ainda o amo agora. Eu amo-o com cicatrizes ou
perfeito. Amo ele porque esta pele e ossos abrigam sua alma.
Não há nada feio sobre ele. Não me importa o que ele fez. Isso
é meu. Meu.
Ela deixou as unhas afundarem em seus ombros
enquanto batia no lugar perfeito dentro, e ela saiu voando.
Alex fodeu ela profundamente de novo e estremeceu
enquanto derramava seu sêmen dentro. Seu dedo saiu do
rabo dela, mas ela sabia que ele não iria esperar muito tempo
para levá-la lá agora que ele ficou livre de amarras. Ele daria
a ela tudo o que prometeu, a posse total. Ele pressionou pelo
que pareceu uma eternidade antes de baixá-la suavemente. A
beijou novamente, sua mão alcançando o sabão.
— Eu sou um Dom bonzinho. Não diga a Ian. Diga-lhe o
quão duro eu fui, anjo. — Ele limpou as mãos antes de
começar a lavar a carne dela metodicamente, suas mãos
acariciando-a.
Ela se sentiu fraca, esticada e dolorida. Ele não foi
exatamente terno, mas foi tão bom estar perto dele, sentir a
sua paixão e não a sua culpa.
— Eu não vou dizer. — Ela passou a mão em seu couro
cabeludo, fechando os olhos enquanto ele ficou de joelhos e
começou a limpar sua vagina.
— Esse é o meu doce animal de estimação.
Ela sussurrou seu nome quando ele terminou com o
sabão e começou a limpar com a língua.
Eve deixou tudo escapar enquanto se perdeu pela
primeira vez em anos. Ela estava com Alex e isso era tudo que
importava.
Jesse saiu do vestiário, olhando em volta para ver se a
intrometida Kristen o seguiu. Ela parecia estar sempre em
volta estes dias. Não podia tê-la seguindo-o nessa missão. Ele
armou uma situação com duas das garçonetes quinze
minutos antes. Às vezes, um pouco de caos era necessário.
Foi fácil. Ele espalhou um rumor de que uma das meninas
estava mantendo gorjetas da mesa de jogo e foi o que bastou
para encurralarem Kristen.
O cozinheiro estava gritando com alguns dos homens na
cozinha sobre técnicas culinárias adequadas para cordeiro e
Jesse conseguiu escapar para o corredor enquanto deveria
estar desfrutando do almoço. Alguém precisava falar com
esse grande cara loiro sobre o fato de que a palavra
"beterraba" e "desfrutar" não pertenciam à mesma frase. Ele
não entendeu porque eles despediram Big Mike. Claro, seus
hambúrgueres ficavam meio crus, mas pelo menos ele não
servia beterrabas.
Mestre A trancou a porta para o vestiário das mulheres,
mas Jesse aprendeu há muito tempo que um bloqueio
simples não poderia mantê-lo fora. Alguns instantes com
uma picareta e uma chave de torque e ele estava dentro. Ele
tinha uma história planejada caso fosse pego. Alguém veio e
reclamou que o vestiário estava inacessível. Ele estava apenas
ajudando uma das meninas.
Não precisava de uma história. Aqueles dois não iam
notá-lo. Ele esperou ouvir alguma coisa, qualquer coisa que
pudesse dizer para o seu chefe. E conseguiu exatamente o
que queria.
Ele agarrou seu telefone celular quando trancou a porta
e voltou para o corredor.
Azure parou ele, seu corpo mal contido em uma
pequena saia e um top demasiadamente apertado.
— Hey, Jesse. Kris está te procurando. E qual é a dos
VIPs? Chazz disse que eu tinha que fazer hora extra. O que
isso significa?
Isso significava que ela iria acabar transando com um
desses homens que estavam aqui, sem dúvida. Chazz via
todas as mulheres com exceção de Kristen, como prostitutas
convenientes. Mas tudo o que ele podia fazer era encolher os
ombros.
— Não faço ideia. Talvez você deva dizer-lhe que está
doente.
Ela franziu a testa e parecia muito mais velha do que
seus vinte e dois anos:
— Nah, parece que eles têm dinheiro.
A maioria das meninas que trabalhava aqui vieram das
ruas. Elas viam o dinheiro como uma maneira de fugir de lá.
Elas não sabiam, no entanto, que as ruas do inferno eram
definitivamente pavimentadas com ouro. E não era o seu
trabalho corrigi-las. —Tenho certeza que eles têm. Eu tenho
que executar uma missão. Diga a Kris que volto mais tarde.
Ele tinha uma chamada para fazer. E queria colocar-se
o mais longe do casal no chuveiro.
Ele saiu para a claridade da Flórida. Tudo era tão
malditamente brilhante aqui. Ele se acostumou à escuridão.
Ele ainda podia ouvir o Mestre idiota bater em sua
mulher. Ele ainda podia ouvir o tapa de sua mão em sua
carne e seus gritos ofegantes quando ela recebeu sua ...
disciplina. Deus, que palavra. Não era disciplina. Era abuso,
e ele odiava o fato de que isso deixou seu pau tão duro que
ele poderia bater pregos. Apenas ficou lá ouvindo-os. Ele viu
a si mesmo lá, batendo naquele belo traseiro.
Ele não era a porra de um pervertido. Ele simplesmente
não era.
Ouviu a forma como o filho da puta brutal bateu em sua
mulher, viu como ele a humilhou na reunião no início do dia.
Então, por que pareceu tão adorável para ele? Ele não
foi capaz de parar de assistir e não foram apenas as
palmadas e como o Mestre puxou seu cabelo. Assistiu como
ela se enrolou no colo do Mestre, como caiu de joelhos diante
dele e seu rosto sereno. Toda a confiança no mundo esteve no
seu rosto adorável.
Apenas por aquele momento, ele se perguntou como
seria a sensação de ter uma mulher confiando nele assim.
Ele puxou a umidade do ar em seus pulmões quando o
seu celular começou a tocar. O chefe estava bem na hora.
Ele atendeu o telefone, olhando para trás para se
certificar de que ninguém o estava seguindo e caminhou
pelas ruas de paralelepípedo que marcavam o centro de St.
Augustine.
— Estou aqui.
— Você não me enviou a informação que solicitei dias
atrás. Eu gostaria de uma explicação.
Jesse tentou esconder sua frustração:
— Não era um bom momento para tirar fotos. Eu não
quero que ele me pegue. Ele ficou numa boa com Chazz. Acho
que ele poderia causar problemas se decidisse tentar se livrar
de mim. Então estou sendo paciente. Ele é realmente muito
observador.
Mestre A estava sempre observando, Jesse notou. A
única vez que o homem não esteve observando foi quando
estava metendo a porrada no idiota que Chazz trouxe com
ele. Jesse imediatamente dispensou o homem e voltou a
concentrar-se em Anthony Priest.
Que não era Anthony Priest. Ele ouviu a mulher chamá-
lo por outro nome. E maldição se o homem não se mexeu
muito bem. Ele deveria ser algum tipo de pervertido
profissional, mas andava como um policial. E seus olhos.
Eles estavam sempre em movimento, sempre atentos. Até que
ele olhava para a mulher.
Porra. Eles estavam fingindo. Caralho. Ele perdeu isso.
Eles eram pervertidos totais, mas o Mestre não era tão bravo
quanto fingia. A forma como ele a segurou quando os outros
não estavam assistindo. Ele poderia ter um olhar negligente
em seu rosto, mas os braços de Mestre A se enrolaram em
torno dela, certificando-se de que não teria como ela cair e
sentou-a como se o seu conforto fosse profundamente
importante para ele.
Um policial aparecendo poderia estragar tudo.
— Há alguma possibilidade dos policiais locais estarem
envolvidos nessa operação? — Perguntou Jesse.
Uma longa pausa veio através do telefone.
— Eu teria ouvido alguma coisa. Tenho contatos aí. Por
que você pergunta?
— Eu acho que este Mestre é uma espécie de força da
lei. Eu não sei por quê. É algo sobre os olhos. Meus instintos
me dizem que ele não é quem ele diz ser.
— Seus instintos falharam antes.
Ele não precisava ser lembrado. Havia uma razão pela
qual ele estava nesta posição.
— Sim, bem, pelo menos eu sei que Anthony não é o seu
nome.
— E como você descobriu isso? Como procurou
qualquer coisa sobre ele, sem reconhecimento facial? — O
chefe dependia muito de equipamentos de alta tecnologia.
Jesse descobriu que, por vezes, era melhor confiar
apenas em seus olhos e ouvidos.
— A mulher dele chamou-o por outro nome. —
Enquanto ele estava espancando sua bunda. Enquanto ele
estava fazendo-a gemer. Quanto tempo passou desde que teve
qualquer coisa exceto uma rapidinha, para que ele e a
senhora em questão atingissem o prazer e seguissem
caminhos separados o mais rápido possível? Metade do
tempo ele nem sequer pedia um nome.
— Eu preciso saber esse nome, Murdoch. — A voz do
chefe baixou, sussurrando pela linha.
— Alex. Eu não peguei o sobrenome, mas ela claramente
o chamou de Alex.
Jesse segurou o telefone no ouvido enquanto andava
pela rua lotada. Turistas passeavam em torno das ruas
estreitas que ofereciam pequenos restaurantes e galerias de
arte e mais lojas de fudge do que qualquer cidade era capaz
de lidar. Eles realmente gostavam de seus doces. E ele não
ouviu nada durante trinta segundos. Ele parou, preocupado
com medo que a ligação tivesse caído.
— Patrão?
— Se o nome dele for Alexander McKay, ele é um
inimigo, Murdoch. Ele é a pior pessoa possível para ter
passado por aquela porta. Ele vai estragar tudo.
Um calafrio subiu pela espinha. Ele sabia que havia algo
errado com o Mestre A, mas faria a pergunta:
— Como você pode ter certeza? Há milhões de caras com
o nome Alex no mundo.
— Há apenas um que pode realmente ferrar tudo.
Alexander McKay vai destruir esta operação. Ele é um homem
que pode machucar todos nós e não hesitará em fazê-lo. Ele é
muito perigoso.
— Como ele está envolvido? — Ele nunca ouviu o nome
Alex McKay antes, mas também não pesquisou. Ele era um
soldado. Era um soldado de infantaria.
— Você precisa que eu te envie o dossiê dele? Talvez eu
devesse encontrar um agente mais favorável.
Ele não podia perder este trabalho. Era tudo o que tinha
e, além disso, não era exatamente a inteligência aqui. Estava
apenas seguindo ordens. Era tudo em que era realmente
bom. — Não senhor. Me diga o que fazer.
— Mate ele. Mate-o e quem quer que veio com ele, mas
se livre de McKay em primeiro lugar.
Seu estômago apertou com o pensamento de matar a
mulher. Ele matou homens antes. Isso não o incomodou. Se
McKay estava ameaçando a sua operação, ele deveria ser
eliminado, mas a mulher era diferente.
— Isso é uma ordem, Murdoch. Você me entende?
Obrigou-se a dizer as palavras que sabia que seu chefe
queria ouvir:
— Sim senhor. Eu farei isso feito o mais rápido possível.
— É bom mesmo porque esta reunião vai acontecer em
três dias. Eu não posso ter McKay interrompendo-a. Quanto
ele sabe?
— Eu não acho que ele saiba sobre a reunião. — Jesse
soube apenas porque o patrão lhe disse. Neste ponto, ele não
tinha sequer certeza de que Chazz soubesse o que ia chutá-lo
diretamente nas bolas dali a três dias.
— Tudo depende disso. Tudo o que temos trabalhado.
Ele sabia o que estava em seus ombros.
— Eu entendo.
Um longo suspiro veio através da linha.
— Ótimo. Você é um bom soldado, Murdoch. Você é um
bom homem para ter na equipe.
— Eu não vou decepcioná-lo. — Jesse terminou a
chamada.
O mundo corria em torno dele, famílias com crianças,
casais de mãos dadas, amigos brincando, e Jesse percebeu o
quão sozinho ele era. Ele guardou seu celular no bolso e
começou a caminhada de volta para o estacionamento do
clube. Precisava esquecer seus problemas, porque ele nunca
seria parte de uma maldita família feliz.
Ele tinha o seu trabalho e muita sorte de tê-lo. O patrão
não precisava confiar nele. Merda, ninguém confiava. Ele
finalmente tinha uma chance de ter algum futuro e não ia
deixar Alex McKay, pervertido de classe mundial, entrar em
seu caminho. Ele com certeza teve razão antes. A ternura que
viu era uma ilusão. Se o patrão disse que fosse em frente,
então ele iria.
E aí Jesse estaria dentro. Então, ele faria realmente
parte da equipe, um verdadeiro soldado novamente.
Ele pegou o ritmo, a sua determinação endurecendo-o.
Ele deitaria facilmente a mulher abaixo, mas talvez ele não
fosse tão gentil com o homem.
No fim de contas, ele tinha um pouco de agressividade
para trabalhar.
— Então, você está dizendo que não estará aqui tão
cedo, hein, chefe? — Adam perguntou, a voz clara como o dia
enquanto Alex entrou pela porta da frente do condomínio. As
portas da sacada estavam abertas e uma brisa pacífica vinha
do Atlântico.
Não havia nada pacífico sobre a resposta de seu melhor
amigo. A voz de Ian trovejou pela sala.
— Você convidou Taggart para vir aqui? — Kristen
sussurrou, mantendo-se afastada como se o próprio diabo
estivesse na sala.
Bem, Ian tinha uma reputação e tanto mas ele
suspeitava que havia uma razão para Kristen não querer Ian
por perto. Ele muito provavelmente assumiria o controle.
Claro que por Kristen ser tão adorável e meiga, Ian ia muito
provavelmente tentar entrar na cama dela também. Ele
precisava fazê-la relaxar, porque ele passou quarenta
minutos ouvindo suas queixas sobre Jake aparecendo. — Eu
não. E uma vez que ele está falando com Adam através de um
computador, é pouco provável que ele esteja a caminho.
Ian praticamente rosnou através da ligação:
— Não. Eu não pegarei um avião tão cedo, porque um
filho da puta qualquer conseguiu por meu nome em uma lista
de exclusão aérea. Juro por Deus, quando eu encontrar
Nelson eu vou matá-lo bem devagar.
Eve engasgou um pouco ao lado dele, correndo para a
mesa de jantar, onde Adam tinha um monitor montado.
Kristen simplesmente franziu o cenho e cuidadosamente
caminhou ao redor do monte de equipamento tecnológico que
Adam acumulou. Ela deliberadamente tomou cuidado para
não passar na frente da câmera conectada ao computador.
— Tem certeza que você não ia entregar ele também? Eu
poderia muito bem apenas fugir de você. Eu tenho planos e
você vai estragar eles.
— Oh, Ian. Eles prenderam você? — Perguntou Eve, sua
voz compreensiva.
— Eu não pedi para ele vir. — Alex disse baixinho para
Kristen. Todos os planos dela funcionaram, então ele
escolheu para apaziguá-la por agora. A verdade era que ele
gostava de Kristen. — E sinto muito, eu não mencionei
Jacob. A ideia me veio à cabeça ontem à noite. Ele fez o seu
trabalho e está fora dele agora. E não parece que Ian vá
conseguir sair do Texas. Eu respeito você e quero você nesta
equipe. Sei que Eve respeita você, também. Ela realmente
quer dar uma olhada nesses arquivos. — Ela mencionou isso
enquanto ele secava-a depois da ducha deles. Seu estômago
se contorceu perante a ideia de Eva procurar mais fundo,
mas ele ia honrar seu pedido. E ia voltar a ficar numa boa
com Kristen. Ele poderia ser encantador quando queria. —
Eu estou muito grato por você tem os arquivos completos.
Meu antigo parceiro é um escravo das regras. Ele não pode
me ajudar.
Ele podia afagar um pouco o ego dela.
Um pequeno sorriso curvou os lábios dela para cima.
— Warren Petty. Eu estudei sobre ele. Cara interessante.
Seu irmão está prestes a estar em uma eleição difícil.
Warren sempre havia apoiado as campanhas de seu
irmão. Quando eles estavam trabalhando juntos, ele sempre
foi tão orgulhoso de ter um irmão na política. — Esperando
conseguir uma história a partir disso?
Ela torceu o nariz.
— Ugh, eu odeio política. Tudo é sobre escândalos. Não.
Vou ficar fora de Washington. Sim, não vamos trazer os
federais aqui. Eu posso conseguir qualquer informação que
precisarmos, embora Adam tenha provado não ser um
Nimord15 completo.
— Eu estou excelente, muito obrigado — disse Adam. —
Poderia perfeitamente conseguir esses arquivos em cinco
segundos. Você quer que eu prove isso?
A voz de Ian veio pelo o monitor:
— Não, idiota, eu quero que você prove que consegue
colocar a porra da minha vida em ordem de novo. Nelson está
mexendo comigo e eu não gosto disso. Eu não fui apenas
detido, droga. Fui revistado por dois dos melhores agentes da
Segurança Interna, e por melhores eu realmente quero dizer
15
Nimrod é um personagem bíblico descrito como o primeiro poderoso na terra. Filho de Cuxe, que era filho de Cam, que era filho
de Noé.
mais altos e menos gentis com os orifícios corporais.
Uau.
— Nelson está jogando duro.
Adam riu:
— Ou super duro, no caso de Ian.
Adam devia estar feliz que Ian estava a quatro estados
de distância.
— Vou pegar os arquivos para você. — Kristen voltou
para seu escritório.
— Puta merda, eu acabei de ouvir que o fodão teve um
tratamento especial da Segurança Interna? — Sean não
estava sequer tentando esconder o riso.
— Sim, bem, espere até Nelson decidir vir atrás de você,
irmãozinho. A gente sabe que ele não gosta de você também.
— Disse Ian.
Alex mudou-se para frente do monitor. Ian estava em
seu escritório, mas de alguma forma ele fez sentir sua
presença, apesar da distância.
— No espaço de alguns dias, ele conseguiu destruir a
porra da minha vida por completo. Eu acabei de receber uma
notificação de que alguém mudou os registros de propriedade
dos meus bens para McCalças Quentes. Eu não posso vender
esses ativos ou fazer alterações ou aceitar aluguel até eu
conseguir arrumar isso. Ele está seriamente brincando
comigo.
— Eu posso descobrir isso. — Adam escondeu um
sorriso por trás de sua mão. — Eu posso totalmente corrigir
tudo isso para você, mas vai demorar um pouco. Preciso de
tudo o que foi mudado e posso facilmente mudar tudo de
volta. Isto são tudo golpes simples para um especialista.
— Você pode rastreá-lo de volta? Pode usar essas
informações para descobrir onde ele está? — Perguntou Ian.
Adam deu de ombros:
— Eu posso tentar. Ele está progredindo.
— Eu estou surpresa — disse Eve. — Isso não soa como
Nelson. Ele nunca veio até nós às claras.
Nelson foi uma dor na bunda da empresa por mais
tempo do que se imaginava. Alex pensou que seus problemas
com Nelson começaram quando o agente da CIA decidiu
vender segredos corporativos para os chineses e tentou usar
a esposa de Sean Taggart para fazê-lo. Mas alguns meses
atrás, em Londres, ele descobriu que Nelson era corrupto há
anos, que provavelmente tinha envolvimento na morte da
esposa de Ian e enviado Liam na corrida. Alex não colocaria
as mãos no fogo por ele, mas duvidava seriamente que Nelson
estivesse lá fora, chamando Ian McCalças Quentes.
— Ele está vindo atrás de nós pessoalmente agora. —
Ian recostou-se na cadeira.
— Ele está vindo atrás do chefe de qualquer maneira. —
Liam ajoelhou-se, apontando para o monitor. — E eu acho
que a gente pode ter tido uma invasão algumas semanas
atrás. Ian me pediu para verificar todos os registros de
segurança. Alguém usou o meu código à 01:51, exatamente
três semanas e dois dias atrás. Eu verifiquei meus registros.
Acontece que sei que não vim para o escritório naquela noite.
Avery e eu estávamos em Austin pelo fim de semana. O resto
de vocês estavam trabalhando em um caso corporativo e
vocês estavam todos em Omaha. Ninguém exceto a menina
da contabilidade estava no escritório, e ela certamente não
estava aqui naquela hora da noite.
Por que Nelson iria se esgueirar para o escritório deles?
O que ele poderia esperar ganhar? Ele sempre tentou ficar
longe deles.
— Nós temos ele no vídeo?
Ian rosnou. Era a maneira que ele se comunicava desde
que eram crianças:
— Eu não consigo encontrar as imagens. Vou ligar para
a empresa que programou o sistema de backup. Espero que
nós ainda tenhamos as fitas de segurança, mas do jeito que o
resto da porra da minha semana está indo, tenho certeza que
alguém gravou novelas sobre elas. Pode me emprestar Adam
por um par de horas?
— Qualquer idiota pode passar as fotos que tiramos hoje
através de um sistema de reconhecimento facial — disse
Adam.
Ian suspirou:
— Graças a Deus. Então Sean pode fazê-lo.
Sean deu uma abanão ao seu irmão. Ah, irmandade.
— Tudo bem, Sean pode executar as imagens. Os erros
de GPS que plantamos hoje vai nos enviar relatórios. — Alex
queria tirar tudo do caminho para que ele pudesse passar
mais algum tempo com Eve. Ele percebeu uma coisa hoje.
Realmente só tinha as próximas semanas desta missão para
convencê-la. Quando voltassem para o mundo real, ela iria
questionar tudo e começar a levantar barreiras. Ele não tinha
intenção de recuar. Precisava usar esse tempo para uni-la a
ele novamente.
Adam bateu as mãos com satisfação óbvia por conseguir
usar seus novos brinquedos:
— Já tenho os relatórios de erros. Eu disse que eles
iriam começar imediatamente a relatar. Você tem dois
sinalizados. Alex, eu estava esperando que você pudesse
seguir um. As más notícias são que um dos erros veio
diretamente de uma lavanderia a seco e agora ele está morto.
Aparentemente, o processo de limpeza a seco é ótimo em
roupa delicada, mas demasiado complicado para as novas
tecnologias. Mas o segundo acaba de aterrar em LaGuardia.
Parece que estamos tendo algum movimento.
— Sério? — Perguntou Eve, um sorriso de satisfação no
rosto. — Agora eu me pergunto qual ainda está dando
informações muito úteis e qual deles está morto...
— Eu ainda posso bater em você. — Droga. Ela teve
razão, mas ele se manteve pelas suas regras. Ela poderia ter
se machucado. Só porque ela teve razão, não provava porra
nenhuma. Ele já sabia que ela era mais inteligente do que ele.
Todo mundo sabia disso. Cristo, ele tinha certeza de que
havia um outdoor proclamando isso.
— Você gosta de me espancar sem motivo nenhum. —
Eve disse com o mais adorável beicinho.
Ele gostava. Ele iria colocar suas mãos nela por
qualquer motivo que pudesse pensar. — Consiga a
informação, Adam. Eu preciso dessa informação e de
qualquer coisa que Sean possa encontrar. Será que temos
uma conexão viável no celular de Chazz? Jake me deu o sinal
de que ele conseguiu entrar no celular de Chazz.
— Tudo o que eu obtive até agora foi Chazz pedindo
uma pizza com carne dupla e dando em cima de duas
empregadas deles. Alguém chamado Bambi gosta de dizer
ewwww muito e ficar pendurada nele. Ele gosta bastante. Ele
continua ligando. — Explicou Sean. — Por que eu fiquei com
o papel de babá do idiota? Kris não poderia fazer isso? Ela
tem um senso de humor melhor quando se trata de dois
idiotas tentando transar.
Ele tinha planos para Kristen. Esta era noite de folga
dele então pareceria suspeito se ele aparecesse.
— Kris está voltando para o clube hoje à noite. Ela vai
tentar pegar as chaves de Chazz e fazer uma cópia da chave
do escritório.
Ian franziu o cenho:
— Você não deveria fazer isso você mesmo?
— Ela é a minha melhor chance hoje à noite. — Eles
planejaram tudo no caminho de St. Augustine para Palm
Coast. — Eu não tenho nenhum motivo para estar no clube
até amanhã à noite quando Eve e eu começarmos nossas
apresentações noturnas. O clube está fechado para uma festa
privada para alguns dos amigos de Chazz. De acordo com
Kristen, ele gosta de ficar bem bêbado. Jake não teve sorte
com ele na noite passada, por isso, Kristen está tentando a
sua esta noite.
— Você está colocando uma quantidade terrível de
confiança em alguém que você não conhece — disse Ian.
Como ele explicaria Kristen? Havia algo intuitivo que lhe
dizia que ela era digna de confiança. — Eu acho que ela é a
melhor pessoa para fazer este trabalho. Ela tem sido nada
exceto útil até este ponto.
— Eve, o que você acha? — Perguntou Ian, cedendo
como sempre fazia com Eve. Ela compreendia as pessoas. Ela
raramente errava.
Eve olhou para cima, obviamente a procura de Kristen,
mas ela ainda não regressou. — Eu acho que ela está
escondendo alguma coisa, mas não acho que possa nos
prejudicar. Eu realmente acredito que ela quer fazer este
trabalho e pegar Michael Evans. Eu não sei se acredito
completamente nas suas razões para fazê-lo, mas não sinto
nada que me faça desconfiar dela. Se eu tivesse que chegar a
alguma conclusão pelo que sei nesse momento, seria a de que
ela errou no passado. Ela está procurando por redenção e vai
conseguir isso expondo a corrupção e ajudando as pessoas.
Eu diria que provavelmente ela vive uma vida bastante
solitária. Seus pais ou estão mortos ou ela tem um
relacionamento distante com eles. Está procurando uma
família, procurando reunir um grupo de amigos para chamar
de seu. Hoje cedo, Alex fez algo que realmente a irritou, mas
ainda assim ela se ajoelhou para falar comigo.
— Por que você estava de joelhos? — Perguntou Liam.
Uma pequena carranca atravessou o rosto de Eve:
— Alex não gostou de como eu lidei com uma situação e
me puniu fazendo-me rastejar através de um chão sujo.
Ele se sentiu corar. Não teria conscientemente a
mandado para um chão sujo.
— Ele parecia limpo para mim.
Eve fez um beicinho adorável:
— Bem, você deveria ter olhado mais de perto. De
qualquer forma, Kristen poderia ter me ignorado, mas ela
abaixou ao meu nível. Ela é uma espécie de quebra-cabeça,
mas se eu tivesse que apostar, diria que ela está firmemente
do nosso lado.
Os olhos de Ian aumentaram ligeiramente e um pequeno
sorriso levantou seus lábios:
— Ele puniu você? Tipo punição de verdade, sem ser
algo que você decidiu ou manipulou ele a fazer?
Agora foi a vez de Eve corar.
— Foi apenas para mostrar.
— Uma ova que foi. — Alex murmurou sob sua
respiração. — Ela colocou-se em perigo e ela é a minha sub.
Eu vou puni-la como eu bem entender.
Ian bateu as mãos.
— Bem, Cristo. Pelo menos parte da semana está
parecendo promissora. Adam, por favor obtenha a minha
identidade de volta e encontre o filho da puta que o Nelson
contratou para destruir minha vida. Eu duvido que ele tenha
feito isso sozinho. Precisamos encontrá-lo e forçá-lo a
entregar Nelson, e então eu vou cortar suas bolas e alimentá-
lo com elas, porque tenho certeza que ele colocou meu nome
em um monte de listas de correio eletrônico. Estou recebendo
spam como um louco.
Liam assentiu, sorrindo de acordo:
— Droga, quase derrubou nossos sistemas. Ele tem
cinco mil anúncios para aumento do sexo masculino e dois
mil oferecendo-lhe o treinamento de operador de
empilhadeira. Este é um assunto sério, meus companheiros.
Ian revirou os olhos e fechou a tela de seu computador,
encerrando a ligação.
Eve sacudiu a cabeça:
— Temos certeza que é o Nelson? Parece tão travesso.
Nelson teria pegado pesado.
— Alguma vez você já teve uma busca profunda em seus
orifícios? — Perguntou Sean, tremendo um pouco. — Soa
muito desagradável para mim.
Os olhos de Eve se estreitaram, e ela soltou seu
sarcasmo:
— Não, Sean. Eu nunca tive nada enfiado em partes do
meu corpo por um Dom excessivamente entusiasmado.
Nenhum sub jamais teve que suportar isso.
E com essa nota, era hora de tomar a sua sub e deixar
algumas coisas claras para ela. — Vocês todos têm suas
atribuições.
Kristen entrou com uma pilha de arquivos em suas
mãos. Ela deu a Eve um pequeno sorriso, mas escondeu do
resto e Alex se perguntou o quanto ela ouviu.
— Eu tenho os arquivos. É praticamente tudo o que eu
pude tirar do site do FBI. Não me odeie, McKay, mas eu tenho
pastas pessoais do serviço de atendimento de todas as
vítimas. Eu sei que eles eram aleatórios, mas achei que
precisava ler seus arquivos. Você sabe, eles merecem muito.
Ele acenou e pegou eles dela:
— Eve pode olhar eles mais tarde, mas a gente vai ter
uma conversa agora.
Depois da sessão no chuveiro, ele sabia que tinha que
empurrar através de suas barreiras. Ela pensou que
acabaram, mas eles ainda não tinham sequer começado. Para
deixarem o passado para trás, eles teriam que enfrentá-lo,
finalmente.
Ele procurou e pegou a mão dela.
— Eu realmente gostaria de olhar para esses arquivos.
— Os olhos de Eve desviaram para eles.
— Depois. — Ele puxou a mão dela, arrastando-a.
— Alex. — Eve suspirou seu nome. — Nós realmente
precisamos falar sobre o que está acontecendo.
Ele levou ela para o quarto:
— Eu não penso assim.
Eve se afastou:
— Nós não podemos simplesmente ignorar isso. Nós
estamos sendo verdadeiramente íntimos, pela primeira vez
em anos, mas não é real.
— Você está certa. — Não poderia ser real enquanto eles
tivessem tanto passado entre eles.
Sua respiração ficou presa apenas o suficiente para
deixar Alex saber que ela estava chateada. Mas ela suavizou
sua expressão e voltou a ser a coerente de sempre. Este foi o
jogo que ela esteve jogando por cinco anos. Parecia ter se
tornado um hábito. Um que ele tinha a intenção de quebrar.
Se não tivesse observado-a de perto, ele não teria visto a
verdade por trás de sua máscara. Quando é que ele parou de
estudar cada expressão dela? Quando é que ele se tornou
preguiçoso e com tanto medo de perdê-la que ele esqueceu
como cuidar dela?
— Estou feliz que você consegue ser razoável. Alex, a
gente está apenas se agarrando aquilo que conhece. Nós dois
estamos com medo de largar o passado.
— Houve um monte de coisas sobre o passado que eram
muito, muito boas, sabe?! — Ele fechou a porta atrás deles.
Esta não era uma conversa que precisava de audiência. Ele
colocou as pastas sobre a cômoda, trocando-as por algo
muito mais importante. Abriu seu kit de couro, pegando o
lubrificante e um pacote de lenços e andou para a mesa de
cabeceira.
Os olhos de Eve se arregalaram.
— Você parece muito seguro de si mesmo.
Ele tinha certeza de uma coisa. Ela estaria debaixo dele
esta noite. Ele estaria enterrado até às bolas dentro dela e
depois ela não seria capaz de mentir para ele ou para ela
mesma nunca mais.
— Tivemos anos e anos do melhor.
Ele pegou de volta a bolsa e tirou um pedaço de corda.
Ele tinha três conjuntos, nove metros cada. Ele aprendeu que
era exatamente o que precisava para amarrar sua bonita sub.
Os olhos dela foram para a corda em suas mãos.
— Eu sei que nós tivemos. Devemos honrar esses anos
aceitando o fato que nós mudamos. Alex, eu não quero perder
você como amigo, mas você tem que saber que uma vez que
voltarmos as nossas vidas normais, todos os nossos
problemas ainda vão estar nos esperando. Isso não pode
funcionar a longo prazo. Este tipo de paixão se apaga.
Ele desenrolou o primeiro pedaço, balançando a cabeça
o tempo todo.
— Para mim não. Estive apaixonado por você assim por
quinze anos. Eu quero mais quinze, e estou disposto a lutar
por eles agora. Eu consigo ver onde errei. Achei que você
precisava de tempo, e um dia se misturou ao outro até que eu
desisti de tudo porque fiquei confuso. Pensei que estava
apaziguando você, mas na verdade estava apaziguando a
culpa que eu sentia. Eve, nós não falamos sobre aqueles dias,
não para valer. Sete dias. Sete dias horríveis e nós deixamos
eles arruinarem os milhares de dias bons.
Ela olhou para a corda, a boca virando para baixo e
suas mãos flexionando, um sinal claro de que estava ficando
ansiosa.
— Nós conversamos na terapia.
Eles passaram longas horas falando, mas foram
conversas clínicas e ela se limitou aos aspectos superficiais.
Depois de um tempo, eles simplesmente pararam de ir e
acabaram desistindo.
— Eu odiava essas sessões. Eu disse qualquer coisa que
achei que me podia tirar delas o mais rápido possível. Não me
esforcei para que a gente ultrapassasse isso porque era muito
mais fácil para mim me concentrar em matar o Michael
Evans. Mesmo depois de ter encontrado e prendido o filho da
puta, me concentrei no seu julgamento e no meu trabalho.
— Eu sei. Eu entendo por que você fez isso. Você pode
controlar esse aspecto.
Ele cometeu alguns erros, mas ela também, e ela
continuava cometendo os mesmos.
— Tira a roupa.
— Isso não vai ajudar em nada. — Mas ela não se
moveu para longe dele. Os olhos dela permaneceram na corda
e depois desceram até o pênis dele. Ela estava observando-o
cuidadosamente e aqueles olhos eram um pouco como um
controle remoto. Seu pau respondeu imediatamente.
— Eu fiz sua terapia. Eu fiz isso por anos. Fiz quando
isso fez meu estômago revirar e meu coração doer. Estou
pedindo a você um par de horas para me compensar por anos
seguido suas condições. Eu preciso disso.
Viu-a relaxar imediatamente, e então suas mãos foram
para os botões de sua blusa.
— Tudo bem, se é isso que você precisa para conseguir o
seu fim, vou ajudá-lo. Eu não posso te dizer o que a última
semana significou para mim, mas foram momentos fora do
tempo. Nós estávamos apenas tentando nos agarrar a algo
que já não existia.
Ele não. Tentou construir algo novo e já era tempo de
ela saber disso.
Ele observou em silêncio enquanto ela largava cada peça
de roupa. A blusa caiu e suas mãos soltaram
cuidadosamente o sutiã que usava. Era rosa, delicado, com
bordas recortadas que não conseguia superar em beleza a
carne que cobria. Seus seios eram menores do que antes,
mas ele amou o formato e o jeito como se encaixavam em
suas mãos. Ela tinha mamilos cor de rosa que endureciam no
instante em que ela ficava excitada. A auréola contraiu
enquanto ele observava, seus mamilos se alongarem,
preparando-se para o puxão de seus dedos e boca.
Ela tirou a saia minúscula e saiu de seus saltos. Mordeu
o lábio inferior como se esperando por ele para julgá-la. O
monte perfeito de seu sexo capturou seus olhos, e ele estava
quase certo de que ela estava ficando molhada e macia para
ele. Não importava o que aconteceu entre eles, sempre
tiveram isso. Tudo o que ele tinha de fazer era pensar em Eve
St. James e ficava duro e pronto para foder porque ela era
sua companheira. Mais do que uma esposa. Mais do que uma
sub. Ela era sua outra metade. Eles se esconderam atrás do
medo e da vergonha e de todas aquelas roupas estúpidas.
Eles não precisam delas.
— Você é tão bonita. Vire-se para mim, meu anjo.
Ela sorriu levemente, sua ansiedade diminuindo. Ela
virou-se para ele.
Ele podia ver que as bochechas redondas de seu traseiro
ainda estavam rosa claro. Passando a mão sobre aquelas
bochechas, ele ficou satisfeito ao vê-la estremecer
ligeiramente. — Você gostou do chicote?
Costumava ser um de seus brinquedos favoritos. Ela
achava relaxante. Quando voltava para casa depois de um dia
difícil no trabalho, ele simplesmente olhava para seus ombros
e ordenava que ela fosse para a Cruz de St. André que eles
mantinham na sala de jogos privada, e depois de cerca de
cinquenta chicotadas, ela ficava relaxada e feliz e ia se
enroscar nos braços dele para a noite, seu dia esquecido.
Deus, ele sentia falta disso.
— Foi uma sessão curta, Mestre.
Ele não podia deixar de sorrir:
— Você começou a substituí-lo.
Deu de ombros quando virou a cabeça para olhar para
ele.
— Você é muito bom com um chicote. Poderíamos tentar
novamente, você sabe. Aquilo também não foi uma grande
surra se você quer saber.
Pirralha. Ela tinha uma pequena puta viciada em dor
dentro dela, mas ele nunca deixava ela ir muito longe. Era
para isso que ele estava aqui. Para dar a ela o que ela
precisava enquanto a impedia de ir longe demais.
— Ainda tentando decidir seus próprios castigos? — Ele
afundou a mão em seu cabelo e puxou.
Ela arquejou porque ele sabia muito bem que ela
gostava dessa dor também.
— Talvez eu esteja tentando decidir meus prazeres,
mestre.
— Seu prazer me pertence. — Ele puxou seu cabelo
novamente e deixou a mão livre encontrar um de seus seios,
torcendo-o e fazendo-a se contorcer. — Curve-se. Agarre seus
tornozelos.
Não seria possível confundir o seu suspiro com nada
além de satisfação. Eve se inclinou, agarrando seus
tornozelos e expondo-se completamente a ele.
— Você já está cor de rosa, anjo. — Um leve tom de
rosa, mas ainda assim rosa.
— Eu quero mais.
Era a sua deixa. Smack. Smack. Smack. Smack. Smack.
— Em que ponto é que você está?
— Eu estou tão verde. — Suas palavras eram doces,
sensuais.
Outros dez tapas rápidos. Ele podia cheirar sua
excitação:
— Eu preciso falar com você.
— Sim. Mas me toque primeiro, por favor, Mestre. Eu
senti tanta falta disso. É diferente agora.
Porque ele estava dando a ela, não porque ela mandou,
mas porque ela pediu. Eles estavam em uma doce harmonia.
Smack, smack, smack, smack, smack.
Ela gemeu, o rabo balançando um pouco. Ela precisava
disso, mas ele precisava de alguma coisa, também.
Ele precisava ter certeza que ela entendeu umas coisas.
— Levante-se. É o meu tempo de diversão agora.
Os olhos de Eve estavam serenos e abertos quando
obedeceu a ele, mas a boca dela se curvou para cima.
— Sim, Mestre.
— Braços cruzados em um U. — Ele deixou escapar um
longo suspiro quando ela obedeceu, cruzando os braços atrás
das costas, antebraços tocando-se, seus dedos apontavam
para cotovelos opostos. A posição empurrou seus seios para
fora. Ele prendeu os braços com um laço e passou-o em volta
da cintura. Na luz baixa da sala, sua pele praticamente
brilhava. Ele sentiu tanto a falta disso. Todas as vezes que ele
a amarrou nos últimos anos foi estritamente para o conforto
dela, mas agora ele poderia ser um pouco egoísta. Agora, ele
poderia tomar seu tempo, desfrutar de cada nó, deleitar-se
com a ligação.Fazer o trabalho que realmente o levaria a ter a
sua esposa de volta.
Ele trabalhou com cuidado. A corda era suave,
merecendo estar contra sua pele. Ele amarrou a corda com
um nó na frente.
Eve fungou um pouco, um arrepio indo através de sua
pele.
— Você está bem? — Ele não queria ela assustada.
— Eu estava apenas pensando.
Ele começou a encaminhar a pontas soltas para cima do
seu torso, entre os seios bonitos.
— Sobre o que?
— Se você ainda acha que eu sou bonita.
Ele já lidou com isso.
— Eu te disse que você é linda. Eu acho que prometi a
você uma punição se você denegrisse o que é meu
novamente. Está tentando conseguir mais palmadas?
— Você disse que ainda me queria. Mas você também
mencionou que eu estou muito magra. — Sua voz ficou baixa,
vulnerável.
Ele poderia corrigir isso. Ele fez outro nó entre os seios e
garganta. Ele trouxe as cordas sobre os ombros e em torno de
seus braços, mas começou a beijá-la, com especial atenção
nas cicatrizes que costumavam fazê-lo se sentir como um
merda e agora ele conseguia vê-las por aquilo que elas
realmente eram. Elas não eram um símbolo de seu fracasso.
Elas eram a prova de que ela sobreviveu. — Eu acho que você
é linda gorda ou magra. A verdadeira razão por eu ter um
problema com o seu peso é que você nunca se sente bem.
Você nunca desfruta. Eu amo suas curvas, mas acima de
tudo eu amo saber que você desfruta profundamente da vida
que compartilhamos. Eu adoro encher você de chocolate.
— Eu sinto falta de chocolate. — Ela admitiu em uma
voz rouca.
— Eu quero que você aprecie novamente. Agora, vamos
falar, anjo. A gente vai conseguir chegar ao fundo das coisas.
— Suas mãos trabalharam lentamente, metodicamente. No
momento em que ele terminasse, estaria envolvida em um
padrão de tartaruga bonito, e até mesmo quando ele a tirasse
das cordas, o padrão seria deixado em sua pele por um
tempo, prova da sua confiança, do seu amor. Porque ela
ainda o amava. Ele simplesmente sabia disso.
Houve uma longa pausa, seu corpo caindo ligeiramente.
— Alex, o que você quer que eu diga?
Ele achou o trabalho da corda tranquilizante. Passou a
corda debaixo dos braços e voltou de novo aos seus seios.
Seus mamilos estavam docemente enrugados.
— Eu quero que você pare de me afastar e fale comigo.
Eu quero que você pare de inventar desculpas e vir com um
milhão de razões lógicas para o que fiz.
Ele continuou a mover a corda através de sua pele,
deslizando-a com os dedos, apertando-a apenas para que ela
sentisse. Ele garantiu que não iria cortar a sua circulação, só
deixaria um padrão bonito em sua pele por um tempo.
Eve permaneceu perfeitamente imóvel, relaxada sob
suas cordas.
— Mas eu estou certa sobre isso. Foi por isso que você
fez o que fez. Você se afastou de mim porque era mais fácil se
concentrar em coisas mais ativas.
— Não. — Ele ordenou. Era exatamente isso que ele
queria evitar. — Pare a conversa psiquiatra. Quero apenas
português claro. Me fale o que eu fiz. Você dançou em torno
do tema por anos. Esta situação em que nós estamos é tanto
culpa sua quanto minha.
Ele enrolou a corda em torno de seus seios, forçando-os
para cima e para fora. Ele ajoelhou-se enquanto movia a
corda inferior.
Seus olhos queimavam quando ela olhou para ele.
— Sério?
Ela não estava disposta a admitir isso ainda, mas ele
não ia deixá-la fugir mais dele. — Sim, com certeza. Por que
você me fez assinar um novo contrato, Eve? Você não
negociou comigo. Você foi para Ian e teve ele redigindo um
contrato que descriminava em termos frios como eu deveria
me comportar. Assim que o nosso divórcio se tornou
definitivo, você empurrou o contrato na minha cara.
E ele o aceitou porque estava desesperado para ter
qualquer tipo de contato com ela. Ele cedeu durante o
divórcio, dando tudo o que ela queria, rezando para que ela
mudasse de ideia. Quando ela jogou o contrato na cara dele,
ele assinou antes mesmo de lê-lo. Ele simplesmente não
podia perdê-la.
— Meu comportamento não foi correto, também. — Ela
fez uma careta para ele, mas não era uma expressão irritada.
Ela parecia mais pensativa do que qualquer outra coisa.
— Por que você me fez assinar aquele contrato?
Poderíamos ter ido em frente com o que tínhamos antes. —
Ele deveria ter feito isso há muito tempo. Algumas pessoas
precisavam ir a um escritório para falar de seus problemas,
mas ele precisava disso. Ele precisava dela nua, com as mãos
trabalhando para lhe conforto e prazer.
— Porque nós estávamos divorciados. Nós precisávamos
repensar a forma como agíamos.
Ele terminou de amarrá-la. Ela parecia tão
malditamente bonita embrulhada em suas cordas. O projeto
de tartaruga formava um padrão sexy em torno de seus seios,
mostrando-os. Todo o seu torso estava envolto num padrão
lindo. Se eles estivessem no Sanctum, ele iria passar os
próximos trinta minutos exibindo-a. Ela era uma obra de
arte. Mas esta noite, ele simplesmente fez a sua súplica.
— Eve, seja corajosa. Por favor. Não seja lógica. Não seja
gentil. Me fala o que eu fiz para você. Você estava sofrendo e
precisava de mim, então o que eu fiz?
Ouviu-a fungar e olhou para cima. Seus olhos
castanhos estavam cheios de lágrimas.
— Você me ignorou.
Ele colocou sua cabeça em seu peito porque finalmente
chegou ao seu verdadeiro crime. Um profundo sentimento de
paz tomou conta dele quando finalmente admitiu o que ele
fez. Ele foi um bastardo, mas sentiu que o perdão estava a
um sopro de distância.
— Eu ignorei. Deus, Eve, por favor me perdoe.
Alex segurou-a, com a cabeça mole contra a pele dela.
Suas palavras foram sussurradas contra sua carne.
Ela sempre soube porque ele fez isso, mas acabou de
perceber que o puniu. Se tivesse sido qualquer outra pessoa,
ela teria visto facilmente. Ela disse a si mesma que queria o
contrato para proteger os dois, mas agora ela podia ver
porque ele foi importante para ela. Esteve o punindo,
forçando-o a vê-la, a lidar com ela na única maneira que ele
parecia disposto. Ela agiu como uma criança que queria
qualquer atenção que pudesse receber.
— Eu nunca te disse como me sentia.
— Eu quero ouvir agora, anjo — disse ele. — Preciso
ouvir isso. Preciso que você fale tudo.
Ela estava amarrada, incapaz de sair da sala e isso era o
que realmente queria fazer. A verdade estava tão perto da
superfície que ela estava com medo de deixá-la sair. Ela a
manteve por tanto tempo, aterrorizada com a ideia do que
enfrentar esses tempos pudesse significar.
— Você não quer ouvir tudo isso.
Ele estava de joelhos na frente dela, sua cabeça
aninhada entre seus seios.
— Eu quero. Eu preciso. Nós precisamos. Não quero
ouvir a lógica. Eu quero saber como você se sentiu para que
eu possa pedir perdão. Não posso pedir a menos que eu
saiba. Anjo, você deve ter ficado tão assustada quando ele
arrombou a porta.
Ela fechou os olhos. Deus, não queria fazer isso. Ela
disse aos caras da polícia e a seu terapeuta, simplesmente
recitando a história uma e outra vez, mas as memórias reais
ainda habitavam seu interior. Esses momentos de terror
estavam profundamente no seu sangue e Alex estava
tentando puxá-los para fora. O problema era que ela se
agarrou a eles por tanto tempo, que não tinha certeza de
quem seria quando desistisse deles.
Ela não poderia ser quem ela era naquela época. Ela foi
fraca e completamente submissa. Foi dependente e então
ficado muito sozinha. Agora ela era forte, mas continuava
sozinha. Poderia encontrar uma maneira de ser ela mesma e
ter Alex, também?
— Por favor. Seja corajosa, Eve. Fale comigo. — Suas
mãos apertadas, como se ele não fosse deixá-la ir.
Mas ele tinha que deixá-la ir. Ele concordou com o
divórcio sem pensar duas vezes. Ele assinou o contrato sem
uma palavra. Podia ela confiar nele agora? Será que ela se
atreveria a tentar de novo?
— Eu pensei que a gente tivesse concordado em parar
de fazer isso. Nós concordamos em seguir em frente e
abandonar as pessoas que costumávamos ser.
Sua cabeça virou para cima, os olhos dele implorando
por ela. Ele era tão bonito, seu malvado grande Dom numa
posição suplicante, de joelhos para sua sub.
— Eu posso desistir do idiota de vinte e três anos de
idade que não percebeu o quanto ele poderia te amar. Eu
posso. Ele se foi. Eu posso desistir do homem que estava tão
preso em sua própria culpa que não viu você de verdade por
anos. Mas eu nunca vou desistir do homem de oitenta anos
de idade, que vai segurar sua mão até o dia em que ele
morrer. Vou lutar por esse velho. Eu nunca vou desistir dele.
As lágrimas nublaram sua visão, e ela soube que estava
naquele ponto da estrada que temeu por tantos anos, o lugar
onde ela finalmente teria que decidir por onde iria e se a
estrada iria incluir o amor de sua vida.
E nesse momento, ela o viu, realmente o viu pela
primeira vez em anos. Ela o viu sem o filtro da sua própria
dor. Ela o viu como o jovem que chegou para ela, e com quem
ela aprendeu e cresceu. Viu o Alex que esteve sentado à
cabeceira dela quando ela acordou, seus olhos abatidos e a
culpa em cada linha de seu corpo. Viu o Alex que cedeu a ela
por cinco anos, acalmando-a, dando-lhe apenas o que ela lhe
disse que precisava enquanto seus olhos lhe imploravam por
mais. E ela o viu como o idoso que ele seria, enrugado e gasto
e ainda assim tão bonito... Ele estaria lá se ela o deixasse. Ele
seguraria sua mão, suas vidas tão entrelaçadas que não
haveria como separá-los.
Eles estragaram tudo, mas ele continuava aqui,
continuava procurando por ela. E se ela fosse corajosa, desta
vez ele podia nunca a deixar ir.
Se ela fosse realmente corajosa, ela garantiria isso
mesmo.
— Eu o deixei entrar. — Ela fechou os olhos quando
disse as palavras, o horror daquele dia a invadindo
novamente.
Os braços de Alex estavam à sua volta firmemente, uma
âncora mantendo-a no presente.
— Por que você faria isso, meu anjo? Deixei dois
guardas com você. Eles deveriam ter aberto a porta primeiro.
Alex não era o único que se sentia culpado.
— Eu pensei que era você ou Warren. Tommy mesmo
me disse para não abrir a porta, mas eu tinha tanta certeza
de que sabia quem era. Eu só queria ver você. Estava
assustada. E fiquei ainda mais assustada quando Evans
surgiu. Tentei bater à porta na cara dele, mas ele chutou e
acabei no chão. Ele estava com dois de seus homens, e então
ouvi vidro quebrando e mais dois vieram da parte de trás. Eu
fiz Tommy e Leon serem mortos.
Ela ainda conseguia ver eles à medida que lutavam. Eles
conseguiram derrubar um dos homens de Evans, mas
haviam muitos. Eles morreram numa chuva de balas e a
última coisa que ela viu antes de Evans enfiar uma agulha
em seu pescoço foi Tommy. Tão jovem. Ele tinha acabado de
se juntar ao Bureau e ela viu os olhos dele ficarem vidrados
enquanto morria.
— Eve, você não pode culpar a si mesma.
Ah, mas ela podia. Toda vez que ela passava a mão
sobre suas cicatrizes, lembrava-se dos dois homens que
morreram tentando protegê-la. Nenhum deles levou aquilo a
sério. Nem mesmo Alex. Ele deixou um pacote de cerveja para
pagar a seus amigos por ficarem de babá de sua esposa.
Warren foi o único a insistir na guarda. Alex estava certo de
que Evans viria atrás dele.
— Eu deveria ter sido mais cuidadosa.
— Ele tinha quatro homens com ele, talvez mais. Ele
teria entrado quer você tivesse aberto a porta ou não. — Alex
disse gravemente.
Sentia-se encurralada. Ela normalmente gostava de ser
amarrada, sentia-se segura. Mas agora ela percebeu o
porquê. Alex não tirava os olhos de cima dela quando estava
amarrada. Ele não iria virar as costas para ela. Ela pedia por
mais e mais jogos duros porque isso focava a atenção de Alex
nela. Mas agora isso estava começando a incomodá-la. Ela
não podia se mexer. Parecia que as paredes estavam se
fechando e ela estava sozinha. Ela não precisava de suas
cordas. Ela precisava dele.
— Continue. Eu sei que ele a estuprou.
— Eu quero sair. — Ela não podia estar amarrada mais.
Ela não podia. Lágrimas escorriam pelo seu rosto.
Alex empalideceu e estava de pé em um segundo. Enfiou
a mão no kit e pegou uma faca na mão:
— Sinto muito, meu anjo. Eu sinto muito. Não vou pedir
para você fazer isso de novo.
Ele cortou os laços que a prendiam em movimentos
rápidos e ela ficou livre em alguns segundos. Ele deu um
passo a trás, a dor clara em seu rosto, mas ela não conseguia
tentar acalmá-lo. Ela precisava dele.
Ela se jogou em seus braços, envolvendo seu corpo em
torno dele. Ela não estava satisfeita em apenas abraçá-lo. Ela
pulou em cima dele, envolvendo as pernas em seu corpo e
escondendo o rosto em seu pescoço. Isso era casa. Ela
inspirou seu cheiro. Era disso que sentiu falta por tantos
anos. As lágrimas vinham facilmente agora. Ela chorou em
seu ombro.
— Ele me machucou. — As palavras nem sequer
começavam a descrever o que aconteceu, mas não havia mais
verdade nessas três palavras do que qualquer coisa que ela
disse a ele antes. Ele machucou ela. Ele a machucou tanto,
que ela se fechou numa concha e só agora estava começando
a sair dela.
— Eu sinto muito. — Ele se moveu com ela em seus
braços. — Eu te amo tanto.
Agora que ela estava sendo honesta, não conseguia
parar.
— Eu não queria morrer. Eu só queria voltar para você,
mas ao fim de alguns dias, eu comecei a me perguntar.
Ele caiu em cima da cama, seu peso caindo sobre ela.
Ela achou reconfortante. Ele ainda estava completamente
vestido, mas isso não importava. Ela se agarrou a ele, porque
essas lembranças estavam tão perto da superfície que parecia
que ela estava lá novamente.
— O que você se perguntou?
— Eu me perguntei se você me queria depois do que ele
fez. — Ela fechou os olhos, porque era a pergunta que a
assombrou. — Foi horrível. Foi uma perversão completa de
tudo o que eu amava sobre nós. Como ele sabia? Como ele
sabia exatamente como me machucar?
Evans teve um prazer especial em feri-la com os
brinquedos que ela sempre amou. Ele a chamou de pervertida
e puta enquanto a espancava e chicoteava-a. Disse que ela
pediu por aquilo, indo ao seu clube. Ele não entendeu nada.
Alex nunca teria a prejudicado. O que ela e Alex possuíam
era uma dança delicada de confiança e amor e prazer.
— Eu queria tomar essa dor de você. Eu não sei como
você conseguiu ultrapassar isso. — Sua voz estava arrasada,
mas ele a beijou. Ele beijou o caminho que levava à cicatriz
em seu pescoço. Ele não a soltou. Ele não se afastou.
Ela apertou seus braços em volta dele. Era seguro falar
agora.
— Eu ultrapassei isso porque você estava lá comigo.
Fechei os olhos e fingi que você estava lá. Eu fiquei louca.
Começava a ver você quando ele entrava e ia para outro lugar
na minha mente. Reproduzia os bons momentos que tivemos
juntos em minha cabeça.
— Eu estava com você. — Ele sussurrou em seus
ouvidos, suas palavras dolorosamente doces. — Estava com
você. Sabia que você estava com dor, e você sabe o que eu
queria mais do que qualquer coisa?
—O quê? — Ela tinha certeza que ele queria que tudo
fosse embora.
— Eu queria você viva. Orei, anjo. Rezei para que você
pudesse aguentar essa dor e voltar para mim. Eu não queria
nada mais do que ser capaz de segurá-la assim. Apenas
transando desse jeito. Eu te amo. Eu te amava naquela
época. Te amo agora e ainda vou te amar mesmo depois que
estivermos mortos e enterrados. Eu te amo e cometi o maior
erro da minha vida quando você voltou para mim. Eu deveria
ter dançado e agradecido à porra do universo, mas tudo que
consegui fazer foi ceder à minha culpa. Me perdoa.
Há quanto tempo ela precisava ouvir essas palavras
simples?
— Eu precisei de você, Alex.
Ele moveu ao longo de seu corpo, sua ereção
pressionada contra seu núcleo.
— Me perdoa.
— Tentei chamar a sua atenção, mas você estava longe.
Eu pensei que você não me queria. Pensei que você não
quisesse algo que ele teve.
Um olhar feroz surgiu em seus olhos e ele se firmou
num joelho, olhando para ela.
— Você é minha. Eu não me importo com o que ele fez
com você. Você é somente minha. Você tem sido minha desde
o dia que disse que me amava e ele não pode roubar isso a
menos que deixemos. — Suas mãos foram para a sua
camiseta e ele a tirou. — Você se entregou para mim. Você
pertence a mim e nada vai mudar isso, exceto meus próprios
erros. Eu deveria ter entrado em você de novo na primeira
chance que tive. Deveria ter pressionado você, mesmo que
apenas um pouco, mas deixei a minha culpa me manter
afastado.
Suas mãos estavam trabalhando no botão da calça jeans
e todo o corpo de Eve suavizou. Ela provavelmente parecia
uma bagunça. Ela nunca foi uma chorona bonita. Ela estava
com o nariz vermelho e cara manchada, mas Alex estava
olhando para ela como se fosse a deusa do amor e da beleza.
— Eu deveria ter falado com você, mas eu tinha medo do
que iria ouvir. — Eve explicou. — Você não é o único culpado
aqui.
Ele saiu da cama com um grunhido frustrado e
empurrou seu jeans fora de seus quadris, tirando seus
sapatos no processo. Ele só jogou suas roupas para o lado e,
em seguida, estava de volta em cima dela. Ele parecia tão
faminto por ela, tão faminto quanto ela era por ele.
— Eu vou te dizer como eu me sentia. Eu me sentia
descontrolado. Eu me sentia perdido. Não queria fazer um
movimento errado com você. — Ele tocou a cicatriz em seu
pescoço. — Eu pensei que você fosse frágil, e não podia
suportar a ideia de quebrar você.
— Eu era frágil na altura. — Ela deixou os braços
deslizarem para a cabeceira da cama, oferecendo acesso a ele.
— Eu sei que encolhi quando você me tocou, mas isso não
era sobre você.
— Eu conscientemente sabia disso. — Ele passou a mão
descendo do seu pescoço até seus seios, roçando os mamilos.
— Mas por dentro eu queria saber se você me culpava. Eu
certamente o fiz.
Ela balançou a cabeça:
— Não, Alex.
— Você me disse que eu estava começando uma guerra.
— Eu não imaginava que ele viria atrás de mim. Não se
encaixava no perfil dele. Eu tive que mudar meu perfil depois.
Ele foi muito direto até seu ataque contra mim. Não se culpe,
você tudo o que podia. Você deixou Tommy e Leon para trás
para me proteger.
Seus olhos se fecharam brevemente. — Só porque
Warren sugeriu. Exigiu soa melhor. Ele mesmo escolheu os
caras. Ainda assim não funcionou.
Ela precisava trazê-lo de volta. Passou muitos anos
deixando ele se afogar em sua culpa, mas agora ela sabia que
era seu porto para amarrar, para que ele não se perdesse
novamente. — Me beija, Alex.
Ele franziu a testa:
— Onde estamos?
Na cama. Assim, ele esperaria certos protocolos.
— Por favor, beije-me, Mestre.
— Bem melhor. Ele roçou os lábios contra os dela antes
de retornar a seus seios, seu lapso momentâneo obviamente
indo embora. — Eu amo seus mamilos. Eu já mencionei isso?
Ele abaixou a cabeça e chupou um em sua boca.
Os olhos do Eve se fecharam com prazer. Sim, isso era o
que ela precisava.
— Você pode ter ao longo do tempo. Eu acho que
Warren se culpa, também. Vocês dois eram tão próximos,
mas não se falam por anos. Ele me ligou, sabia?
A cabeça de Alex virou e o homem das cavernas atingiu
seu lindo rosto novamente:
— Ele ligou para a minha esposa?
Tão possessivo.
— Ele me ligou naquele dia para dizer que estava
trazendo você para casa. Ele me prometeu que iria trazê-lo de
volta para mim. É por isso que pensei que fosse você na
porta. Eu pensei que ele tivesse colocado algum sentido em
você.
— Eu era teimoso, Eve. — Ele olhou para cima, puxando
seu corpo ao longo dela, peito a peito, as pernas entrelaçadas.
— Eu preciso ouvir as palavras. Eu preciso ouvir que você me
perdoa.
Ela estendeu a mão para ele, suas mãos cobrindo o
rosto. Fazia tempo que não se olhavam olho no olho. Como é
que ela deixou ele escapar? Como é que ela o permitiu se
afastar quando ele foi a única razão para ela ter sobrevivido?
— Eu perdoo você, Alex. Me perdoa, também.
Ele beijou sua testa, fazendo-a sentir-se preciosa.
— Sempre, anjo. Eu prometo colocá-la em primeiro
lugar a partir de agora. Eu sei que você não acha que isso
pode realmente funcionar, mas vou mostrar para você. E irei
definitivamente recuperar minha sub. Começando agora.
Eve engasgou um pouco quando Alex se moveu
rapidamente, virando ela.
— Mãos e joelhos, Eve. Hoje à noite você é toda minha.
Cada célula de seu corpo veio à vida, porque ele estava
errado sobre uma coisa. Ela estava começando a acreditar
que poderia funcionar.
Eles poderiam ser capazes de começar tudo de novo.
Alex olhou para ela por um momento. Ela estava
exatamente onde ele queria, sobre suas mãos e joelhos, à
espera de suas instruções. Deus, eles perderam tanto tempo,
atolados em suas próprias misérias, quando tudo o que
precisavam era alcançar e segurar um ao outro.
— Você realmente me perdoa? — Ele sabia qual seria
sua resposta, mas de alguma forma ele precisava ouvi-la
novamente.
— Alex, eu te amo.
Algo mudou dentro dele. Algo fundamental mudou com
as suas palavras.
— Acho que devemos ir para casa. Vou chamar Warren
e virar essa coisa toda para ele.
Sua esposa era mais importante do que qualquer outra
coisa. Sua esposa era muito importante, a única coisa que
existia.
— Nós não podemos. — Eve virou a cabeça para ele. —
Estamos perto. Eu preciso ver isso. Uma vez que
descobrirmos quando e onde ele está, então chamaremos
Warren. Mas estamos no melhor lugar para encontrá-lo. Eu
preciso seguir adiante, não por vingança, mas apenas para
ter um pouco de paz. Preciso fazer o que puder para garantir
que ele não possa ferir outra mulher. Preciso fazer isso.
Esta era uma luta completamente perversa. Ele desceu
a mão no comprimento de sua coluna. — Nós estamos aqui
para observar e recolher somente dados. Os parâmetros desta
missão mudaram. Não estou disposto a perder qualquer um
de vocês a ele. Entendido?
Se ele pudesse colocar derrotar Evans, sem pôr Eva em
perigo, então ele o faria. Se isso não fosse uma opção, então
iria desistir de sua vingança.
— Sim, Mestre. — Havia uma satisfação doce em suas
palavras.
Puta merda, eles estavam na mesma página pela
primeira vez em anos. Tudo bem que era um livro
completamente diferente, mas estavam finalmente juntos.
Seu pênis subiu, luxúria ameaçava ultrapassá-lo.
— Espalhe seus joelhos. Deixe-me entrar. Eu quero
saborear você primeiro.
— Mestre, por favor, podemos saborear um ao outro?
Seu corpo inteiro ficou tenso.
— Você tem certeza, meu anjo?
Ela não tomava seu pênis em sua boca desde o estupro.
— Mais do que tudo. Eu quero essa parte de nós de
volta. Quero servir o meu Mestre, meu amante. Eu quero dar
algo de volta para você.
Ele girou o corpo, deitando-se de forma plana sobre a
cama.
— Eu quero dar-lhe tudo o que necessita neste
momento. Vamos. Tome-me.
Eva se moveu rapidamente, seu corpo gracioso, sua
ânsia iluminando seu coração. Ela se acomodou com seus
joelhos em ambos os lados de sua cabeça. Alex amou a porra
do ponto de vista. Sua bela boceta estava cremosa e pronta
para ser levada por ele de qualquer jeito que quisesse, e ele
queria de todas as maneiras.
Ele puxou seus quadris, não querendo a esperar mais
um segundo para mergulhar sua língua nela.
E então foi a vez dele de gemer, porque ele sentiu um
pequeno sussurro através de sua carne. A língua de Eva
corria ao longo de seu pênis, lambendo e brincando com a
cabeça. Era tudo o que podia fazer para não tremer e agitar
enquanto ela puxava-o em sua boca, sugando sem parar.
Suas mãos estavam em suas coxas, equilibrando-se enquanto
ela brincava com seu pau.
Ele esfregou o nariz na sua boceta, deleitando-se com o
aroma único de sua excitação. Ele não iria lavar o rosto. Não.
Hoje não. Ele seria capaz de sentir o cheiro dela durante toda
a noite.
Mais e mais ele penetrou em sua vagina, usando a
língua como se fosse seu pau, fodendo profundamente e
reunindo toda a sua nata. Ele separou as pétalas doces de
seu sexo e chupou-as em sua boca uma após a outra. Ele não
deixou nada ficar intocado por seus lábios e língua. Todo o
tempo, ela forçou seu pau cada vez mais fundo nos recessos
quentes de sua boca, envolvendo-o em seu calor.
Ele podia sentir seu pau pulsando com a pretensão. Um
baixo gemido irrompeu de seu peito enquanto ele sentiu Eva
lamber a fenda de seu pênis, puxando a salinidade sobre a
língua antes de sugar a cabeça novamente. Ela levou uma
mão para segurar suas bolas, rolando-as e colocou-o perto de
perder o controle.
Mas isso não ia acontecer. Não. Hoje não. Outra noite,
ele iria deixá-la lamber e chupar e jogar até que ela drenasse
cada gota de sêmen que ele tinha em sua boca, mas esta
noite, ele queria algo mais.
Sua língua avançou profundamente de novo, Alex
encontrou seu clitóris com a ponta do polegar. Ele apertou o
botão um pouco duro e ela começou a tremer. Os músculos
de sua vagina apertaram quando ela gozou e seu orgasmo
revestiu sua língua. Ela o rodeou, todo o seu ser envolto em
seu cheiro e sabor e o som de seu prazer.
Durante toda a situação, ela nunca tirou sua boca de
seu pênis. Ela gemia e grunhia em torno dele, as vibrações
ameaçando-o.
Ele teve cerca de dois segundos antes dela conseguir
levá-lo para o fundo da sua garganta e, em seguida, ele
estaria acabado. Usando cada grama de sua força de vontade,
ele virou-a.
Eva aterrissou de costas no centro da cama, todo o seu
cabelo selvagem espalhando-se enrolados sobre seus seios e
atingindo seus quadris. Muito lindo. Tudo sobre ela chamava
o macho primata dentro dele. Ela sempre foi tão primorosa e
apropriada no local de trabalho. Mesmo no clube, havia uma
certa reserva que sua Eva mantinha. Mas aqui na privacidade
do seu quarto, ela era simplesmente dele, uma mulher sem
inibições. Sua companheira.
— Mãos e joelhos novamente. — O comando saiu mais
duro do que ele queria, mas se a assustou, ela não mostrou.
Ela simplesmente suspirou, todo o seu corpo em
movimento com uma graça lânguida quando ela fez o que ele
mandou. Ela se virou e posicionou-se como se ela pudesse
ver o que ele queria, sem ele ter que pedir. Sua bunda estava
no ar, seus antebraços apoiados na cama ficando com as
costas planas.
Suas mãos encontraram seu traseiro.
— Sabe o que eu vou fazer com você, Eva?
Sua respiração engatou, mas a posição em que ela se
encontrava deu a resposta antes dela falar.
— Você vai tomar minha bunda.
Oh, Senhor sim.
— Eu vou. Vou levá-la novamente, porque ela é minha.
Seu corpo inteiro estava tenso de desejo. O tempo que
ele passou em sua boca macia teve seu pênis pronto. Ele a
teve mais nos últimos dias, mais intimamente e
profundamente do que nos cinco anos anteriores, mas tudo o
que ele queria era mais. Agora que a tinha de novo, tudo o
que podia pensar era em mais tempo, mais amor, mais dela.
Ele a beijou de volta, correndo seus lábios ao longo de
sua coluna e prestando atenção às cicatrizes, esbanjando
carinho nelas. Ele passou as mãos pelo seu corpo elegante,
encontrando seus seios novamente e apalpando-os enquanto
ele a beijava em todos os lugares que podia. Ombro, pescoço,
até a cintura. Seus lábios mergulharam nas covinhas de suas
costas e ele beijou cuidadosamente suas bochechas doces.
Elas suportaram a marca de sua disciplina. A visão fez seu
pênis contrair mais.
Ele deslizou as mãos, sobre o seu abdômen para sua
vagina. A cabeça de Eve estava curvada, um sinal claro de
que estava disposta a entregar tudo para ele.
Seu pênis encontrou sua boceta e ele suspirou. O
orgasmo que ele deu a ela, a deixou suculenta e madura. Ela
estava mais do que pronta para ele.
— Diga-me uma coisa, Eve. — Agora que eles estavam
em um bom lugar, ele tinha algumas perguntas para ela,
algumas coisas que ele se perguntava. E só ela poderia
responder honestamente, com seus dedos profundamente
dentro de sua vagina e seu polegar circulando seu clitóris.
Não teria razão para ela não ter mais orgasmos antes que ele
tivesse o dele. Queria ela desossada e esgotada para dormir
em seus braços.
— Qualquer coisa.
— Você não me deixa ter esse pequeno traseiro lindo por
anos, mas você me permitiu plugá-la durante as cenas. Você
tentava me insultar? Você tentava me lembrar do que eu não
poderia ter? — Ele não pensava assim. Ele pensou que era
por outro motivo, mas queria ouvir dela.
— Não. — Ela disse em uma voz ofegante. — Não, Alex.
Eu não faria isso. Deixava você me plugar para que eu
permanecesse treinada. Eu fiz isso, porque sempre esperei o
nosso retorno. Eu fiz isso, porque me lembrava de como era a
sensação de tê-lo dentro de mim, em todos os lugares.
Essa era a sua esposa.
— Eu pensei sobre isso, também. Pensei sobre estar
dentro de você, nada proibido. Nada vai ficar entre nós
novamente. Eu prometo-lhe isso. — Ele trabalhava para ter
certeza disso. Estendeu a mão para o lubrificante, ansioso
para prepará-la. — Eu sou o Dom. Deveria ter pedido que
você voltasse para mim.
Ela virou-se ligeiramente, olhando para trás e amou a
pequena ruga no rosto. Ele adorava a maneira como ela
lutava com ele agora. Ela lutou para manter seu lugar. Era
fácil ver que ela não iria deixá-lo passar por cima dela como
ele costumava fazer, e isso emocionava ele. Ela o estava
desafiando, forçando-o a ver o seu lado. Isso era o que faltava
antes, o que eles precisavam encontrar. — Você não traga o
grande Dom mau para atuar comigo.
Ele separou as bochechas de seu traseiro, suspirando
um pouco com a visão de seu ânus. Um traseiro tão bonito.
Tão pequeno e apertado e prestes a ser invadido. — Você
gosta do grande Dom mau, anjo.
Ela estremeceu um pouco quando ele passou
lubrificante em seu ânus. — Você precisava de mim, também.
Você precisava que eu falasse com você, mas eu continuei
empurrando. Eu deveria ter dado um ataque e exigido que
você prestasse atenção em mim em vez de tentar inverter
nossos papeis.
Ele parou. Sentiu um sorriso brilhante se formando. Um
mundo inteiro acabou de se abrir na frente dele.
— Você esteve invertendo nossos papeis por cinco anos,
Eve.
— Oh, merda. — Ela xingou em voz baixa. — Devemos
falar sobre isso. Havia razões psicológicas para isso.
Ele adorava como sua pele corava. Ele lubrificou seu
dedo médio e começou um lento círculo naquele buraco que
seu pau morria de vontade de entrar. — Oh, baby, você sabe
por quanto tempo e quão duro eu vou puni-la? Não posso te
dizer o que vai acontecer com o seu traseiro quando
voltarmos para Sanctum. Você vai ser a garota-propaganda
para a obediência submissa.
Um risinho abafado saiu de sua boca, mesmo quando
ela enrijeceu ligeiramente. — Acho que a palavra que você
está procurando é cautela e nós realmente devemos falar
sobre isso. Nós precisamos falar sobre como as coisas serão
no trabalho quando voltarmos para Dallas. Nós estivemos
separados por um longo tempo. Devemos ir devagar.
Ele resmungou um pouco. Ela queria falar, e ele queria
ter suas bolas profundas na sua bunda. Ele pressionou o
dedo ligeiramente, apenas na primeira junta. O pequeno
suspiro que Eva deu a ele foi direto para seu pênis, fazendo
com que seu pulso aumentasse.
Ela queria saber o que aconteceria quando eles
voltassem para Dallas? Ele poderia fazer isso por ela. Ele
afastou gentilmente, forçando-a a abrir-se para ele. — Tudo
certo. Nós podemos levar as coisas devagar. Quando
voltarmos, você terá uma hora mais ou menos antes de eu
passar tudo do seu apartamento para o meu.
Ela gemeu, suas mãos segurando os travesseiros na
frente dela. — Isso não é levar as coisas devagar.
— É demasiado lento para mim. — Outra junta. Um
pouco mais fundo e ela apertou seu dedo. — Se eu tivesse
meu caminhão, chamaria hoje à noite e providenciaria a
mudança para que já estivesse pronta quando voltarmos.
Veja, baby, eu posso me comprometer.
— Isso não é um compromisso. — Sua parte traseira
apertou quando ele deslizou outro dedo dentro. — Deus, Alex.
Faz tanto tempo.
Isso foi o que ele deveria ter feito o tempo todo. A
próxima vez que ele e Eva lutassem, eles falariam sobre o
assunto com o pau dele no fundo de alguma parte do seu
corpo. Eles falariam entre beijos e brigariam enquanto
fodiam, mas cada minuto seguraria um ao outro. — Sim, é
compromisso. Eu sou o Dom eu que defino as palavras.
Ela riu, estremecendo enquanto ele posicionou os dedos
mais profundo. — Essa é nova. Alguma regra nova que eu
deveria saber?
Tantas novas regras.
— Vamos nos casar novamente. E nós rasgaremos esse
contrato idiota. Vamos negociar um novo. Você e eu juntos. E
você deve saber que vou forçar os seus limites. Nós vamos
para o tribunal e, em seguida, você pode tirar alguns dias e
olhar uma casa porque eu quero uma casa novamente. Algo
agradável, com quartos para as crianças.
Ela parou, sua voz uma áspera e fina. — Alex, você sabe
que não vai acontecer.
— Eu não. — Os médicos não tinham certeza e eles só
disseram que poderia ser difícil. Ele não desistia das coisas
que queria. Tirou os dedos e usou toalhas de papel para
limpar antes de lubrificar seu pênis. — Eu só sei que eu te
amo e quero uma família com você. Essa família não tem que
sair do seu útero. Se você quiser, nós vamos chegar a uma
solução, mas existem milhares de crianças lá fora que seriam
abençoadas em ter você como mãe.
Eva seria uma mãe maravilhosa. Ele sempre a viu
rodeada pela família, a sua família.
— Mas você sempre quis seus próprios filhos.
Ela estava preocupada com isso? — Oh, não se engane,
eles serão meus. Eles serão nossos. Biologia não faz uma
família.
Não fazia. A revelação o atingiu com uma tonelada de
tijolos. Ele amava sua mãe e seu pai, mas seus irmãos
sempre foram distantes. Ian e Sean eram seus verdadeiros
irmãos, os que com quem ele sempre contava. Eles não
precisam de alguma conexão de sangue para construir uma
família. Eles só precisavam um do outro, de corações abertos,
e uma vontade de dedicar-se a seus filhos. Família, ele
descobriu, eram as pessoas que um homem encontrava ao
longo do caminho, as pessoas que partilhavam a sua vida,
como sua esposa preciosa.
— Nós ainda podemos tê-los, meu anjo. Nós ainda
podemos construir uma família.
Sua mão voltou, cobrindo a sua. — Você realmente acha
isso, Alex?
— Eu sei disso. Eu vou fazer isso acontecer. Eu nunca
vou desistir.
Ele pressionou, empurrando seu pênis passando pelos
músculos que tentavam mantê-lo fora.
— Eu te amo, Alex. Eu nunca deixei de te amar. — Eva
apertou-se contra ele. — E eu perdi isso. Não vou desistir
também.
Ele entrou deslizando, seu buraco apertado agarrando-o
enquanto seus olhos se encheram de lágrimas. Só um pouco.
Apenas o suficiente para tornar o mundo nebuloso e bonito e
fresco novamente. Ela estava aqui, realmente aqui com ele.
Ela era sua parceira.
Ele a fodeu, incapaz de segurar um segundo mais.
Ela gritou seu nome enquanto ele saia. Os mesmos
músculos que lutaram para mantê-lo fora sugando ele,
estavam desesperados para mantê-lo dentro.
Tão bom. Era diferente de sua vagina, o calor, a
resistência, a luta. Eva empurrou contra ele, agarrando a
cabeceira da cama. Sua doce sub não era mais tão submissa.
Ela lutava por seu prazer e ele estava mais do que disposto a
dar a ela.
Suas bolas apertaram. Um arrepio passou por sua
espinha. Ela era muito apertada, boa para caralho. Ele não
iria durar, mas iria levá-la com ele.
Ele deixou sua mão deslizar para a frente, o polegar
encontrando seu clitóris. Ela ainda estava escorregadia e
molhada. Ele apertou a palma da mão contra ela quando
meteu suas bolas profundamente.
Eva apertou em torno dele, sua respiração batendo em
seus pulmões enquanto trabalhava seu pênis e apertava seu
clitóris contra sua mão.
Ele a encheu, fodendo para dentro e para fora até que
não tinha mais nada para dar.
Ele caiu para frente, seu pau saindo escorregadio.
Eva girou, dando-lhe um beijo.
— Meu doce Senhor.
Ele retribuiu o beijo. Ela era seu tudo, e ele nunca iria
deixá-la partir novamente.
Eve se espreguiçou e olhou para o relógio. Duas da
manhã. Alex se virou em seu sono, seu grande corpo em
movimento quando estendeu a mão para o travesseiro dela e
deslizou um braço ao redor como se estivesse segurando-a.
O que diabos ela ia fazer com ele? Poderiam realmente
fazer as coisas funcionar desta vez? Um milhão de perguntas
flutuavam por sua cabeça, dificultando seu sono. Ela pegou o
roupão e vestiu-o antes de pegar as pastas de arquivo e sair
do quarto. Ela foi para a cozinha e para o lindo bar de
granito.
Que já estava ocupado.
— Não consegue dormir? — Perguntou Sean. — Eu meio
que pensei que você estaria exausta.
Ela gemeu. Deveria ter sabido que eles conseguiam
ouvir. E não era como se eles fossem tímidos. — Me fala que
vocês não transformaram isso num acontecimento.
Adam bufou um pouco enquanto entrava vindo da
varanda. — Sean fez lanches e tudo. Kristen nos apanhou e
tentou nos parar, mas então ouviu aquele pequeno chiado,
fechou a boca e pediu uma cerveja. Ela lamentou o fato de
que tinha que voltar para o clube.
— Ele trouxe uma vara violeta com ele? — Perguntou
Sean.
Ela tinha certeza que cada célula de seu corpo corou de
vergonha. Após a primeira rodada, Alex ficou com vontade de
brincar e trouxe, de fato, uma pequena, não muito poderosa,
vara violeta. Ela emitia uma pequena descarga elétrica contra
a pele, que aconteceu dela amar, especialmente em seus
mamilos. Alex a amarrou e torturou, e, aparentemente, ela foi
um pouco barulhenta. — Alex gosta de estar preparado.
— Um escoteiro BDSM. — Adam disse com um sorriso.
Ele olhou em direção aos quartos de trás e sua voz baixou. —
Ela sabia exatamente o que estava ouvindo. Você viu isso,
Sean? A maioria das pessoas iria pensar que era um taser,
mas não, seus olhos realmente se dilataram no minuto em
que ouviu aquele som. Ela ficou excitada com isso.
Sean se inclinou. — Ela está treinada. Eu usei a minha
voz de Dom com ela um par de vezes e juro, ela quase ficou
de joelhos.
Eve colocou a pilha de arquivos sobre o bar. — Que
importa se ela for treinada? E eu pensei que você estava
começando a gostar dela, Sean.
As mãos de Sean levantaram como se estivesse tentando
parar um sermão que se aproximava. — Eu gosto dela.
Realmente acho que ela é muito legal, mas às vezes eu a pego
me observando. Acho que ela pode estar se apaixonando por
mim, e embora seja perfeitamente compreensível, amo minha
esposa. Eu deixei isso muito claro. Acho que o que essa
menina realmente anseia é um Dom.
— Você não sabe se ela não tem um. — Disse Adam. —
Mas ele está certo. Eu a peguei olhando para Sean por longos
períodos de tempo. Nós realmente não sabemos
absolutamente nada sobre ela, exceto que é engraçada e
consegue beber mais que eu e ficar sóbria. Sério, a menina
consegue beber.
Sean sacudiu a cabeça. — Bem, se ela tem um Dom, ele
é uma porcaria porquê de jeito nenhum que ele iria deixá-la
puxar essa merda sozinha. Ela quase foi pega mais cedo hoje.
Eu tive de intervir ou Chazz teria visto ela entrando
sorrateiramente em seu escritório. Tanto foi assim que ela
teve que se esconder até que ele passasse. É óbvio para mim
que ela está ficando muito impaciente. Na verdade, eu não
gosto do fato de que ela voltou para lá sozinha. Ela confia
muito em suas próprias habilidades.
— Eu não sei sobre isso. Talvez ela não seja boa nessa
coisa de ser sorrateira, mas você já notou como ela se move?
— Perguntou Adam.
Eve notou. — Sim, ela teve algum treinamento.
— Ela teve muito treinamento. — Sean suspirou e
tomou um longo gole de sua cerveja. — Mas mais uma vez,
ela escreveu um monte de histórias sobre os militares. Se eu
estivesse no lugar dela, faria algumas aulas de Krav Maga
também.
— Eu tive aulas de autodefesa. — Eve acrescentou. —
Mas eu não me movo como Kristen. Ela é muito tranquila.
— Ela também tem um par de ferimentos de bala. —
Adam estremeceu um pouco. — Nós compartilhamos um
banheiro. Ela não tranca porta quando toma banho. Seus
peitos são realmente muito bons. Hey, Serena os apreciaria
também. Eu já disse a ela que eu os vi e não tive uma ereção
por isso. O Pequeno Adam só responde a Serena agora.
— Estou realmente muito contente de ouvir isso, idiota.
— Sean rosnou de volta.
Deus, ela esperava que não tivesse que agir como o
árbitro. Quando Sean e sua esposa, Grace, surgiram juntos
pela primeira vez, Adam fez saber que ele achava que Grace
se encaixaria perfeitamente entre ele e Jake. Sean não levou
isso numa boa. Mas eles superaram isso.
Adam deu a Sean o que ela gostava de pensar que era o
seu olhar de “filhote de cachorro triste”. Adam suspirou. — Já
mencionei o quão arrependido eu estava por tentar roubar a
sua mulher? Porque estou. Teria sido um erro enorme.
Felizmente, Grace tem gosto horrível para homens.
Sean bufou. — Eu vou matá-lo, Eve.
Ela estendeu a mão. Ela precisava distraí-los e
rapidamente. — Vocês dois, parem. Sean, eu acabei de ter
um louco e selvagem encontro sexual com meu marido que
durou quatro horas. Estou com fome.
Sean sorriu e estendeu a mão, cobrindo a dela. — Você
acabou de chamar Alex de seu marido.
Ela ainda nem sequer pensou nisso. — Sim, bem, ele
afirma que no minuto em que pousarmos em Dallas, eu devo
me casar com ele, e todos nós sabemos que sou uma boa
submissa.
Sean suspirou, alívio estampado no rosto. Ele a puxou
da cadeira e lhe deu um abraço de urso capaz de quebrar
ossos. — Eu estou tão feliz, Evie. Não posso te dizer o quanto
estou feliz. Ele não vai foder as coisas de novo. Ian e eu
teremos certeza disso.
Ela não podia deixá-lo achar que ela não sabia que
também tinha culpa no cartório. — Bem, a culpa foi minha,
também.
Sean a colocou de volta em sua cadeira e deu-lhe uma
piscadela. — Absolutamente, e seu Mestre deveria ter te
punido por isso. Sorte a sua, que eu não sou seu mestre, por
isso vou alimentá-la em vez disso. — Ele franziu a testa. —
Tenho certeza de que ela tem um pouco de salada por aqui
em algum lugar. Kristen realmente parece mais como uma
carnívora, no entanto. Eu juro que ela tem uma tonelada de
carne em seu congelador.
A última coisa que ela precisava era de uma salada. —
Você pode fazer um queijo grelhado? Talvez com um pouco de
presunto. E se Kris tiver chocolate, eu adoraria um pouco.
Sexo era um trabalho duro. Ela mereceu um pouco de
comida de conforto.
— Aleluia! Acho que vi presunto aqui. — Sean foi até a
geladeira e começou a preparar.
— Vou querer um também. — Disse Adam.
Sean não se virou, apenas mostrou o dedo do meio
enquanto ele começava o seu trabalho. Adam ignorou o gesto
rude.
— Ele vai me perdoar algum dia. — Adam disse, olhando
para os arquivos. — Então, o que você está olhando?
Ela colocou a mão sobre os arquivos. — Este é o caso
que os Federais tem contra Evans.
E em algum local no meio desses papéis havia um bom e
recheado relatório sobre ela. Ela deu um longo suspiro. Não
faria mal lê-lo. Precisava fazer um perfil totalmente novo
sobre o homem. Tinha passado tanto tempo que precisaria
olhar tudo novamente.
— Eu acho que ele está em Nova York. — As palavras
calmas de Adam enviaram um arrepio em sua espinha.
— Você acha?
Ele pegou seu computador e trouxe-o até o bar, os dedos
voando sobre as teclas em um instante. — Tenho seguido o
GPS que você colocou. Escolha inteligente a do sapato, a
propósito. Alex não teria pensado nessa coisa toda de
“limpeza a seco”. Será que ele usa alguma coisa que precisa
ser limpo a seco?
Desde que ele deixou o FBI, ele realmente voltou ao seu
antigo guarda roupa tradicional. — Não. Camisetas, calças de
moletom, jeans e normalmente não requerem muitos
cuidados. Então, o meu cara foi para Nova York. O que faz
você pensar que ele está se encontrando com Evans?
— Isso. — Ele bateu em uma tecla e uma imagem
granulada apareceu. — Quando percebi que ele estava
andando em algumas das ruas mais movimentadas, eu
pensei que pudesse ser capaz de invadir o CCTV de lá. Com
certeza, isso foi filmado enquanto ele estava passando por um
dos bancos no Centro.
Ela olhou para a tela. Havia uma multidão de pessoas
andando ao final da tarde, mas ela reconheceu um dos
homens de mais cedo. Seu rosto estava virado para a câmera,
mas o homem ao lado dele estava apenas de perfil.
Fechando os olhos contra a onda de náusea que ela
teve, Eve quase foi transportada de volta no tempo. Michael
Evans. Ele estava mais velho, cortou a maioria de seu cabelo,
mas ela conhecia esse perfil. Ela o via em seus pesadelos. —
É ele.
— Merda, — disse Sean. — Eu vou acordar Alex.
Eve sacudiu a cabeça. — Não. Dê a ele um par de horas.
Nós não podemos fazer nada esta noite. Vamos ver o que
Kristen descobre.
Sean olhou para a tela, com as mãos no bar. — Ele está
realmente vivo. Porra. Eu tinha esperança que ele tivesse
conseguido ter uma morte horrível em algum momento.
Houve um barulho e a porta se abriu. Kristen entrou,
seu cabelo vermelho desgrenhado e um traço de sangue em
seu rosto.
— Que diabos? — Adam perguntou, levantando-se.
Kristen cambaleou para o sofá. — Não é nada para se
preocupar. Eu entrei em uma pequena briga.
Eve correu para a cozinha e colocou um pouco de gelo
em uma toalha. Voltou apressada. Kristen estava puxando o
cabelo para trás. Havia um bom inchaço em sua testa — Seu
disfarce foi descoberto?
Ela pegou a toalha. — Eu acho que não, mas tenho um
segurança morto na mala do meu carro. Ele me pegou saindo
do escritório de Chazz. Pensou que eu estava tentando roubar
alguma coisa. Ele me fez uma proposta para não me entregar.
Eve podia adivinhar o que foi. — Então você pulou nele
quando ficou sozinha para fazer sexo?
— Tem alguma coisa quebrada? — Perguntou Sean.
Kristen balançou a cabeça. — Eu acho que não. Ele era
um filho da puta pesado. Eu tive que colocá-lo para fora de
uma janela para que ninguém pudesse ver. Foi basicamente o
meu conhecimento nato de levantamentos na academia que
salvou minha bunda. Bem, isso, e um stiletto16 bem
posicionado no globo ocular dele.
Os olhos de Adam se arregalaram. — Você matou ele
com o seu sapato?
— Não, idiota. Eu estava falando sobre uma faca. Disse
que transaria com ele num dos quartos privados. Tenho
armas escondidas em todo esse clube. — Ela segurou o gelo
na testa. — Droga. Prometi a mim mesma que não mataria
ninguém de novo. O idiota não conseguia respeitar minha
falsa necessidade de boceta. Não, ele tinha que provar o
16
Em inglês estilete é stiletto que também é uma marca famosa de sapatos.
homem que ele era. Ele prometeu que iria me tornar hétero
de novo.
Sean sorriu conscientemente para ela. — Para qual
agência você trabalha? Olha, eu tenho o meu rosto
sorridente, então não estou com raiva. Mas se você está
tentando me dizer que é uma jornalista bem-educada que
consegue ser capaz de enfiar uma lâmina fina precisamente
da maneira certa e com a quantidade certa de força para
matar um homem, então você não tem muito respeito por
minha inteligência. Você trabalha em uma agência interna ou
estrangeira?
Kristen fechou os olhos. — Sean, eu não sou o que você
pensa que sou.
— Ele acha que você é da CIA. Eu meio que acho,
também. — Adam concordou.
— Eu não sou uma espiã. Eu não sou uma operacional
de ninguém. — Disse Kristen em voz baixa. — Eu não
pertenço, nem nunca pertenci a nenhuma agência
governamental e certamente não à CIA.
Eve meio que acreditou nela. Havia mais que um motivo
para aprender a como se defender sozinha — Mas você foi
ferida antes.
Os olhos de Kristen se encontraram com os dela. — Sim,
de maneiras que você não pode imaginar. Eu aprendi a me
defender em uma idade muito jovem. Eu precisei. Não
escondo armas porque algum manual qualquer da CIA me
ensinou. Eu as escondo, porque enquanto crescia, sabia que
se não tivesse uma maneira de me defender, eu muito
provavelmente não teria outro aniversário, pelo menos não
um onde eu continuasse inteira. Podemos superar a minha
infância de merda e falar sobre o que eu encontrei?
A mandíbula de Sean era uma linha teimosa. — Tudo
bem, mas eu vou descobrir você e provavelmente não vou
estar usando o meu rosto sorridente quando descobrir. E juro
por Deus, se você machucar alguém nesta equipe, eu vou ter
certeza que você pague.
— Tenho certeza que seu irmão estaria bem atrás de
você. — Ela disse distraidamente.
— Você sabe que sim. Pense nisso antes de fazer sua
próxima jogada. — Sean se tornou positivamente gelado.
— Você acha que eu não penso nisso cada fodido dia?
Eve precisava acalmá-los antes que Sean e Kristen
pulassem um no outro. Apesar do fato de que ela não sabia
absolutamente nada sobre a mulher, ela confiava em Kristen.
— O que você descobriu, querida?
As sobrancelhas de Kristen se levantaram e ela se virou
para Eve. Era tão fácil de ver o rosto de filhote ansioso. Ela
queria ser uma das meninas. Ela queria amigos
desesperadamente. Eve observou enquanto Kristen se deteve,
puxando as mãos e as dobrando no colo. Se ela tivesse que
apostar, diria que Kristen queria estender a mão para segurar
a sua. — Entrei no escritório do Chazz. Eu sabia que não
teria muito tempo. Eu entrei. Eu olhei para o calendário. Eu
saí.
Eve se moveu em direção a ela, oferecendo-lhe o carinho
que ela tão claramente desejava. Ela estendeu a mão. — E o
que você encontrou?
Kristen se inclinou para frente, pegando a mão de Eve.
— Ele tem o dia depois de amanhã marcado. Lá diz que ele
está se encontrando com Mikey. Nós podemos pegá-lo, Eve.
Vou te ajudar. Estarei bem do seu lado.
Nada nos olhos dela fez Eve pensar que estivesse
mentindo. Eve manteve seus dedos juntos. Era isso que
Kristen desejava tão profundamente, uma irmandade, uma
família. — Tudo certo. Vamos acordar Alex mais cedo e deixar
ele saber disso. Estaremos preparados para ele.
Ela teve um dia para o estudar, para descobrir a melhor
forma de ir atrás dele. Ela não dormiria. Não era seu trabalho
ser a vingadora. Era seu trabalho dar Alex e Sean cada
pedaço de informação que eles precisavam saber.
E Kristen. Ela só sabia disso. Kristen seria uma
guerreira. Ela precisava ajudar.
Sean fez uma careta. — Tudo bem então. Você está com
fome?
Kristen deu de ombros. — Eu poderia comer.
Sean balançou a cabeça e voltou para a cozinha.
Adam gritou atrás dele. — Ei, você está disposto a
cozinhar para a mulher que não vai nos dizer quem ela
realmente é, mas não para mim?
Sean não olhou para trás, apenas começou a passar
manteiga no pão. — Ela não tentou dormir com minha
esposa.
Kristen deu de ombros. — Eu não a vi. Quem sabe? Eu
poderia.
Sean simplesmente riu.
Kristen se inclinou, sussurrando. — Eu realmente não
iria. Realmente ainda amo o homem que perdi. Eu não
posso.... Eu não consigo pensar em mais ninguém.
Eve sorriu, apertando a sua mão. — Está bem. Você fez
... bem. — Ela devolveu as palavras de Kristen. Ela olhou
para as pastas de arquivos. — E obrigada por isso. Eu não
estou ansiosa para olhar para as dezessete vítimas dos
ataques bomba, mas acho que vai ser útil.
Kristen fez uma careta. — O que quer dizer dezessete?
Haviam apenas dezesseis pastas.
Eve olhou para as pastas na frente dela, contando-as
rapidamente. Kristen estava certa. Dezesseis pastas. Haviam
dezessete vítimas. Por que o FBI só tinha dezesseis pastas?
Ela se mudou de volta para o bar. — Você não
conseguiu todas.
Kristen estava enganada.
A ruiva sentou-se, tirando o bloco de gelo da testa. — Eu
levei tudo o que tinham. Se o FBI tinha um arquivo, eu
peguei ele.
— Eu conheço este caso. Haviam dezessete mortos. Se
você contar o meu sequestro, deveriam haver na verdade
vinte, mas a minha pasta que inclui Leon e Tommy é
considerada secundária.
— Você está aí. — Disse Kristen. — Eu só não a
contabilizei entre os mortos. De acordo com o FBI, há
dezesseis vítimas mortais dos atentados, dois agentes
assassinados e um estupro e vítima de sequestro. Você.
Adam foi para o seu computador. — Eu estou em cima
disso.
Ela conhecia este caso como a palma da sua mão. Ela
conhecia as vítimas de cor. Ela os repassou por sua cabeça.
Brewer, Davies, Duncan, Foster, Clemmons, Johnson,
Wilcox, Schroeder, Flynn, Betts, Gale, Hardison, Garcia,
Kapoor, Ellig, Gilliland e Foster.
Os nomes estavam gravados em seu cérebro. Embora
ela não conseguisse se lembrar de tudo sobre cada vítima, ela
sabia seus nomes. Quem estava faltando?
— Haviam apenas dezesseis arquivos. — Kristen estava
atrás dela, espiando por cima do ombro. — Puxei tudo o que
podia. Perdi alguma coisa?
Garcia. Não havia nenhum arquivo para Garcia. —
Uhm, eu acho que você perdeu o arquivo de Carmen Garcia.
Ela morreu no último ataque. O de Washington DC.
Foi o ataque que obrigou Alex a fazer aquele movimento
fatídico. Evans bombardeou uma clínica gratuita que oferecia
assistência médica às mulheres. Quatro pessoas morreram
nesse ataque, incluindo um médico que trabalhava a troco de
nada para se certificar que as mulheres do bairro tivessem
exames de rotina e cuidados pré-natais. A pasta do Dr.
Kapoor estava aqui. Onde estava a de Carmen Garcia?
Provavelmente foi apenas um descuido. Arquivos se
perdem algumas vezes. Embora não normalmente na era do
computador.
Kristen estremeceu um pouco quando se moveu para
um dos três computadores de Adam. — Posso?
Adam balançou a cabeça sem olhar para cima de seu
teclado. — Claro. Vou invadir o sistema dos Federais. Pode
me levar um minuto ou dois. Eu estou encaminhando este
sistema através de outros cinquenta para que eles tenham
bastante trabalho para descobrir. Eu não quero os federais
na minha porta.
— Será que você não quer dizer que não quer que eles
na sua porta de novo? — Sean perguntou enquanto colocava
um sanduíche perfeitamente dourado na frente dela.
Droga. Ela estava com fome. Apesar da maneira como
seu instinto lhe dizia que algo estava errado, seu estômago
roncou. — Eu pensei que Adam não era pego mais.
Adam deu de ombros. — Há sempre um caminho. Não
importa o que um hacker faça, se o investigador é tenaz o
suficiente, ele vai encontrá-lo. Eu só tenho que fazer isso não
valer o seu tempo.
— Merda. — Kristen gemeu quando olhou para o
computador. — Isso vai me ensinar a fazer todas as minhas
pesquisas a partir de arquivos do Governo. Puxei a
informação sobre o último ataque à bomba. Lá está ela.
Carmen Garcia. Vinte e dois anos de idade. Bela menina. Ela
era uma estudante de Direito na Georgetown.
— É isso. Eu sempre achei estranho ela estar naquela
clínica. Seus pais tinham dinheiro. Ela não era uma
estudante com bolsa de estudos. Era de uma família bastante
proeminente em San Antonio. — Disse Eve. Ela não se
encaixou no perfil típico. A maioria das vítimas eram médicos
ou enfermeiros ou mulheres indigentes, mulheres que não
tinham outros meios de conseguir cuidados de saúde. — Ela
teria que dirigir um longo caminho para chegar a essa clínica
particular.
— Ela tinha um histórico de trabalho voluntário. —
Kristen meditou. — Talvez ela estivesse ajudando.
— Seu trabalho voluntário tinha a ver com trabalho
jurídico e política. Os sobreviventes não se lembravam de
alguma vez a terem visto antes e toda a papelada foi perdida
no incêndio. Ela teve que ser identificada por registros
dentários.
— Eu entrei. — Adam tinha aquele olhar concentrado
que exibia quando estava trabalhando num problema. Este
era o mundo de Adam. Oh, ele poderia atirar e empunhar
uma faca com todos eles, mas quando estava num
computador, seu cérebro magnífico trabalhava ferozmente
deixando-o no seu estado mais mortífero.
Sean colocou um segundo prato na frente de Adam,
provando que a maior parte de sua animosidade era puro
show. Ou que Sean não conseguia resistir a se exibir porque
aquele era um incrível sanduíche de queijo grelhado. Eve
mordeu o dela e não podia fazer nada além de suspirar. O
homem sabia cozinhar.
— Como Kris diria, eu nem sequer o envenenei. Quer
batatas fritas com o seu? Você tem algumas batatas que eu
podia fritar.
Seus olhos estavam semicerrados, um pouco cautelosos,
enquanto ele olhava para Kristen, que balançou a cabeça
ligeiramente. — Não. Apenas o sanduíche, mas embrulhe ele
para mim, por favor. Arrastar o cadáver de Jersey Carl ao
redor me deixou um pouco enjoada. Talvez depois que eu
encontrar um lugar para despejar seu cadáver, fique pronta
para um lanche. Estava pensando em acrescentar alguns
pesos nele e despejá-lo no oceano. É uma boa noite para isso.
Deve haver uma corrente por aqui, certo?
— Vou verificar. — Disse Sean, obviamente resignado
por ser seu cúmplice. — Você tem um barco?
— Eu não tenho um barco, mas tenho duas boas mãos
com as quais posso pegar um sem o dono saber, então as
chances estão a meu favor. Vou limpar um pouco antes de
irmos. Conheço um pequeno porto na estrada onde o guarda
da noite está geralmente dormindo neste momento.
Sean começou a limpar a cozinha quando Kristen se
afastou.
— Você está bem com isso? — Perguntou Eve. Sean era
um pai agora. Ele poderia não querer se tornar cúmplice de
um provável homicídio involuntário.
Adam balançou a cabeça. — Ela já fez isso antes? Por
que ela saberia sobre quando o guarda noturno de um porto
adormece? Ela é Dexter?
Eve bufou um pouco. — Ela não é uma assassina em
série.
Sean sacudiu a cabeça. — Eu também não acho que ela
seja, mas ela parece prestar muita atenção ao seu redor.
— Se ela cresceu num lar abusivo, muito provavelmente
teve que prestar. — Eve meditou. — Mas a sério, você está
bem? Eu podia acordar Alex e nós poderíamos ir com ela.
— Nah. Eu preferia ficar de olho nela. E comprei a
história dela sobre Carl. Eu só trabalhei com o idiota por uma
semana e eu o vi assediar a maioria das garçonetes. Elas
tinham medo dele. O pessoal da cozinha, também. Acho que
ele está chantageando alguns dos ilegais, dizendo-lhes que
vai chamar os serviços de imigração se não lhe entregarem
uma parte da grana. Ele também estava transportando, por
isso, um idiota a menos para nos preocuparmos. Talvez
Chazz vá se aproximar mais de Alex agora. — Sean olhou
para trás em direção ao salão onde Kristen desapareceu. —
Ela sabe mais do que ela está dizendo. Um de nós precisa se
aproximar. Ela parece gostar de mim.
Eve se lembrou da última vez que Sean chegou perto de
uma mulher envolvida em uma operação. Eles tiveram um
filho juntos. — Sean, você não pode.
Ele revirou os olhos. — Deus, Eve, eu não vou seduzi-la.
No entanto, talvez eu possa dar em cima um pouco. Você
pode fazer isso sem nunca tocar uma mulher. Ela está
escondendo muita coisa atrás de seu sarcasmo. Talvez eu
possa levá-la a se abrir um pouco, descobrir o que ela
realmente está fazendo aqui. O que tem de errado com você?
Não sou eu quem tenta se enrolar com mulheres que não lhe
pertencem.
Adam gemeu. — Eu juro que iria matá-lo se ele não
fosse um bom cozinheiro. Ele tem a memória de um elefante.
— Os olhos de Adam se arregalaram. — Consegui. Puxei as
fichas diretamente dos federais. Dezesseis. Nenhuma Carmen
Garcia. Será que classificaram ela como confidencial? Por que
eles fariam isso?
Eve não tinha absolutamente ideia nenhuma.
— Porque você está acordada? — Alex perguntou, saindo
de seu quarto vestindo nada além de um par de moletons.
Adam poderia ficar com os ternos dele feitos por medida. Ela
amava Alex do jeito que era. Ele não precisava de um terno
para fazê-la babar.
— Não consegui dormir. — Nem conseguiu conter o
pequeno suspiro que saiu de sua boca. Que belo mestre com
seus olhos sonolentos e ombros largos.
— Então eu não fiz meu trabalho. Volte para a cama,
meu anjo. — Ele estendeu a mão. — Eu não consigo dormir
sem você.
E ela simplesmente largou tudo. Os documentos
continuariam ali pela manhã. O fato de que um arquivo
estava faltando era muito provavelmente um erro por parte
do Governo.
— Eu perdi alguma coisa? — Perguntou Alex.
Eve disse a Alex. — Adam acha que encontrou Evans em
Nova York. Kristen deu uma olhada no calendário de Chazz e
pensa que Evans vai estar aqui depois de amanhã. Ah, e
Kristen matou um segurança.
— Era Carl? — Alex perguntou, parecendo perfeitamente
bem com cada notícia que ela lhe deu.
— Sim. — Ela realmente deveria ter prestado mais
atenção em Carl.
— Bom para Kris. Quem ficou encarregado do cadáver?
Me diz que ela tem o corpo.
Kristen saiu do corredor. Ela mudou de roupa e estava
vestida completamente de preto. — Evidente. Não sou um
turista. Está na parte de trás do meu carro. O cara era
pesado.
— Eu vou lidar com isso, Alex. — Disse Sean.
— E eu estou em cima do Evans. — Adam voltou a se
focar em seu computador. — Estou correndo alguns
programas para ver se consigo descobrir o nome que ele está
usando. Kristen descobriu sobre quatro deles. Esperemos que
ele esteja usando um desses. Nós vamos pegá-lo. Você e Eve
vão descansar um pouco.
— Então ele está realmente vindo aqui? — Alex
perguntou, sua mão apertando a dela.
Kristen assentiu. — Eu te disse que eu daria ele para
você numa bandeja de prata.
— Tudo bem. — Ele se virou e começou a levar Eve de
volta para o quarto.
— Alex? — Ela esperou que ele entrasse completamente
em modo de comando, mas ele estava recuando.
Ele puxou-a em seus braços. — Não, Eve. Não vamos
mais falar sobre isso. Nós vamos descobrir isso na parte da
manhã. Nós vamos sentar e conversar. Tudo certo? Eu não
vou deixá-la fora do processo de tomada de decisão, mas você
tem que saber que vou deixar esse idiota ir se for uma
escolha entre arrastá-lo para a cadeia ou você se
machucando de novo.
Ele escolheria ela. Lágrimas ameaçaram novamente e
ela deitou a cabeça contra seu peito. Ela sempre iria escolhê-
lo. — Sim, Mestre.
— Me beije.
Ela inclinou a cabeça para cima. O Mestre não terminou
com ela ainda.
Na luz fraca pouco antes do amanhecer, Jesse verificou
a segurança na sua SIG. Ele decidiu fazê-lo rápido. Limpo e
fácil. Sem rebuliço, sem confusão. O chefe telefonou
novamente, num estado de agitação.
E Jesse não contou tudo a ele. Ele não disse a ele o que
testemunhou.
Kristen. Ele observou enquanto Kristen levou aquele
filho da puta do Carl para um dos quartos traseiros. Ele ficou
surpreendido com o quanto ele odiou isso. Não era que ele
não gostasse de Kris. Porra. Era impossível não gostar de
Kris. Ela era uma daquelas pessoas harmoniosas, do tipo que
poderiam levar com um monte de merda em cima, mas ainda
assim conseguiam dar a volta por cima e ainda ter um sorriso
para mostrar ao mundo.
Seu coração se afundou um pouco, quando ele viu ela
com Carl. Carl era um idiota. Ele tratava todas as mulheres
como se fossem nada além de buracos para enfiar o pau. O
que diabos ela via nele? E não era suposto ela ser uma
adepta de ação mulher-com-mulher? Carl, com o seu corpo
extremamente peludo, estava tão longe de ser feminino
quanto era possível ser.
Ele teve que dar uma volta, tomar um cigarro. Parecia
que as coisas estavam vindo à tona. Chazz informou que o
homem que organizou tudo estava vindo para uma visita.
Ele se fartou de ouvir Chazz falando sobre a “fazenda”
novamente. Ele mencionava isso de vez em quando, mas se
Chazz estava plantando cenouras e batatas, Jesse não sabia.
— Você vai conhecer o grande chefe. — Ele disse.
Como se eu já não soubesse isso, idiota. Você não tem
ideia de quem eu sou.
Jesse acabou de se firmar, tentando pensar numa saída
para o que ele tinha que fazer.
Foi quando ele viu Carl o Idiota, saindo pela janela. Ele
se perguntou por que Carl estava saindo pela janela quando
havia uma porta na frente perfeitamente boa. Ele riu um
pouco e, em seguida, percebeu que o cara estava morto. Ele
não se mexia. Jesse sabia como um cadáver se parecia. Ele
sabia muito bem.
Kris estava terrivelmente calma sob pressão. Ele assistiu
enquanto ela manobrava o corpo de Carl na parte de trás do
seu SUV, ao mesmo tempo vendo quem estava indo e vindo.
Ela até se afastou para conversar com uma das garçonetes,
provavelmente para garantir que ela não esbarrasse na cena
do crime.
Então, por que ele não mencionou isso ao seu chefe?
Pela mesma maldita razão que ele estava prestes a fazer
o que ele estava prestes a fazer.
Porque ele acabou de descobrir que haviam linhas que
não podia cruzar.
Ele olhou para o lindo condomínio onde sua presa
estava hospedada. Outra mentira que lhe falaram. De acordo
com a linda Kristen, todo o mundo devia estar na sua casa
degradada em St. Augustine. Mas ele a seguiu até Palm
Coast, dirigindo ao longo de uma estrada solitária com suas
luzes apagadas para que ela não achasse que estava sendo
seguida. Ele seguiu ela para lá das casas de praia e do
Marine World. Bem, ele seguiu, até onde conseguiu. Uma vez
que ele atravessou a ponte de pedágio, deu de cara com um
portão com um segurança.
Ele teve que estacionar seu carro e ir em torno do posto
de segurança. Não foi fácil, mas não lhe deram a alcunha de
"Fantasma" na sua antiga unidade por acaso. Ele agachou-se
em uma das varandas fechadas do primeiro andar e não teria
sabido em qual o edifício ela estava se não tivesse sido capaz
de encontrar seu carro.
Ele se sentia seguro aqui. As janelas estavam todas
escuras e não haviam pequenas mesas desse lado, o interior.
Até onde ele podia dizer, a varanda ia em toda a volta e ao
longo das traseiras até junto ao oceano. Essas eram pessoas
seriamente abastadas.
Que porra ela estava fazendo trabalhando em um bar,
quando poderia pagar por este lugar?
Cerca de uma hora depois que ele a encontrou, ela tinha
saído de novo com o enorme cozinheiro louro que parecia que
poderia desmanchar mais do que uma vaca.
Depois deles saírem, Jesse encontrou o veículo de
mestre A, arrombou-o, colocou seu equipamento no interior
e, em seguida, voltou para seu esconderijo. Jesse esperou
pacientemente. Ele tinha certeza que estava no lugar certo,
observando a porta certa.
Apenas ele e sua arma.
O sol surgiu há mais ou menos uma hora,
sensivelmente 20 minutos depois de Kristen e o cozinheiro
terem concluído o que quer que tivessem ido fazer. De onde
estava sentado, ele tinha uma visão da porta na qual Kristen
e o cozinheiro tinham desaparecido mais cedo. Ele teria dado
uma olhadela mais de perto, tentando espiar o interior, mas
havia uma câmera de segurança na porta. Era a única. Assim
que o alvo estivesse alguns passos de distância do lado de
fora da porta de entrada, Jesse poderia agir sem o problema
de olhares curiosos.
Ele tinha duas opções. Três, na verdade. Se Mestre A
saísse primeiro ou acompanhado pelo cozinheiro, ele iria
atirar nos dois e pronto. Se seu alvo saísse com uma das
mulheres, ele teria uma escolha para fazer, mas se a sub
saísse sozinha, ele tinha um plano.
Agora era tudo uma questão de esperar.
Esperar e descobrir como salvar sua carreira.
Ou simplesmente aceitar que ele era um fodido agora e
sempre foi.
O que seu pai herói pensaria dele agora? Não havia
nenhuma maneira que ele ficaria orgulhoso, certo? Ele seria
como o resto. Iria perguntar porque a cabeça de Jesse
Murdoch estava em seu corpo quando o resto de sua equipe
encontrou um destino tão macabro.
Jesse fechou os olhos, porque às vezes ele conseguia
parar as visões se pensasse em outra coisa. Qualquer coisa,
menos a prisão úmida iraquiana, com cheiro de morte,
sangue e urina. Qualquer coisa, menos a maneira como a
pobre Alannah olhou para ele logo antes que a espada
cortasse a cabeça de seu corpo.
Ele se importou com ela e ela o odiou naquele momento.
Ela odiou o fato de que estava morrendo e ele não. Ela
acreditou que ele se vendeu.
Assim como todos os outros.
Perder este trabalho seria o prego em seu caixão, mas
por Deus, ele sairia fiel a si mesmo.
O sol continuou a subir, mas Jesse não sentiu nenhum
calor.
— Então, qual é o problema? — Alex perguntou,
olhando para a tela do computador. Tinha um monte de
merda de informação que não fazia sentido para ele.
Adam bocejou, esticando-se na luz do amanhecer.
Aparentemente, ele passou a noite trabalhando nessas
informações. — É estranho. Se este arquivo em particular
tivesse passado a ser classificado, deveria ter alguma coisa
aqui que eu pudesse encontrar, mas não tem nada. Alguém
excluiu este arquivo.
— Por que diabos eles iriam excluir um arquivo? — Alex
não conseguia entender. — Você acha que Evans fez isso?
Era a única coisa que fazia sentido. Os federais
precisavam de cada pedaço de informação que conseguissem.
Era precioso e era tratado como ouro. Como é que não viram
isso? Teriam eles deixado esse caso esfriar? Não. Ele não
acreditava nisso.
Não havia maneira que Warren permitisse que isso
acontecesse.
Adam deu de ombros. — Eu não sei, mas alguém fez e
eles fizeram isso de dentro do Bureau. Se alguém tivesse feito
aqui de fora, haveriam pegadas. Eu não consigo exatamente
descobrir de onde ele foi apagado. Este computador
costumava estar registrado em nome de Tommy Guinn, mas
agora o sistema é considerado inativo.
Tommy. Deus. Tommy morreu no ataque contra Eve. —
Você consegue dizer qual é a data?
Adam pressionou algumas teclas.
— 15 de março. Será que essa data significa alguma
coisa? — Perguntou Adam.
Foram dez dias depois que ele saiu do Bureau. — Na
verdade não. Eu não estava mais lá. Eu não sei. Preciso ligar
para alguns dos meus contatos. Vou descobrir isso.
Adam se levantou. — Não faça isso. Não ligue para eles.
Vamos dar uma olhada nisto sozinhos.
Alex suspirou, fechando os olhos. — Você acha que este
é um trabalho interno.
— E você está muito próximo à ele.
Adam estava certo. — OK. Vamos pensar em todos os
motivos que fariam alguém no interior apagar o arquivo.
Chama o Sean. Eve está no chuveiro. Ela não deve demorar
muito. Nós temos um par de horas antes ir para o clube. Eu
quero pensar nisso. Mande mensagem a Ian.
Ian era seu conselheiro. Ele precisava de Ian. Droga.
Como diabos Nelson escolheu o momento perfeito para
separá-lo de Ian?
— Já mandei. Ele vai entrar no Skype em breve. Vou
colocá-lo na TV grande. Ele pode gritar para nós em HD. —
Adam parecia aliviado por ter algo para fazer. Ele começou a
recolher fios e cabos.
Alex olhou para os arquivos. Seria Carmen Garcia uma
toca de coelho onde ele não deveria entrar? — O que foi que
você descobriu sobre ela?
Adam estava ligando os fios na TV na sala de estar. —
Era a filha favorita de uma família de classe alta em San
Antonio. Seu pai pertence ao Senado Estadual no Texas. Seu
irmão jogava bola na faculdade Longhorns. Ela tinha médias
quase perfeitas. Escolheu Georgetown ao invés de Harvard.
Não tenho certeza se foi uma grande decisão, mas ela queria
estar perto de Washington de acordo com os artigos que li
sobre ela.
Por que ela era importante? Em todos os anos que ele
passou no Bureau, ele nunca teve um problema com alguém
excluindo arquivos. Não. Isto foi deliberado. Podia ser uma
toca de coelho no que dizia respeito a Evans, mas algo sobre
isso estava deixando todos os seus instintos alerta.
Sean saiu, bocejando, mas já vestido para o dia. Ele
tinha suas facas enroladas na sua mão esquerda. — Jersey
Carl está nadando com os peixes e espero que pegue uma boa
corrente em direção ao Atlântico Norte. Tenho que pegar no
trabalho mais cedo. Vou falar com algumas das meninas que
lavam as louças e ver se consigo qualquer coisa delas sobre o
local da próxima reunião. Chazz fala muito e ele não entende
que a maioria desses caras entendem um pouco de Inglês.
Ele fala na frente deles, como se eles não estivessem lá.
Chame-me se você precisar de alguma coisa.
— E o café da manhã? — Perguntou Adam.
— Não está acontecendo hoje. — Sean fechou a porta
atrás de si.
Eve saiu da parte de trás vestindo umas calças de
pijama e uma camiseta que não conseguia esconder o fato de
que não estava usando sutiã. Seu cabelo estava preso em um
coque casual e usava chinelos de dedo cor de rosa. Não usava
maquiagem, e ele nunca a viu mais bonita. Mesmo depois de
todo o sexo da noite anterior, seu pênis ficou em sentido no
minuto em que ela entrou na sala. — Onde Sean vai?
— Ele foi obter algumas informações do seu pessoal. Ele
acha que eles podem saber mais do que estão dizendo. Qual é
o seu palpite sobre Carmen Garcia? — Alex perguntou,
caminhando para a máquina de café.
— Eu não sei. Existem muitas razões para uma menina
com o seu dinheiro e laços com a comunidade, ir a uma
clínica gratuita, mesmo que ela não estivesse se
voluntariando. Minha aposta é que ela não queria que seus
conhecidos soubessem que ela precisava dos serviços de um
ginecologista. Ela estava grávida. Se estava procurando
confirmação da gravidez ou tentando terminá-la, podemos
nunca saber.
— Mas por que isso importa? Por que excluir o arquivo
dela? — Ele se atrapalhou com a máquina do café. Não tinha
café nenhum no depósito. — Droga, Adam.
— Desculpa. Fiquei acordado a noite toda. Eu precisava
de combustível. — Adam estava perdido num emaranhado de
fios que corriam a partir de vários computadores.
Eve precisava de café. Ela era um pouco melindrosa até
que tivesse seu café. E agora era novamente o trabalho de
Alex ter certeza que ela o conseguisse. — Eu vou comprar um
pouco.
Uma mão suave tocou suas costas e, em seguida, ele a
sentiu ao longo de toda sua espinha, seu rosto descansando
contra seu ombro. — Não, baby. Há uma área comum no
térreo. Kristen mostrou para mim. Há uma daquelas
máquinas de café avulso. Vou fazer uma xícara.
— Eu posso fazer isso. — Cuidar dela era o seu
trabalho, e agora que ela estava permitindo, ele tinha a
intenção de levá-lo muito a sério.
Ela riu um pouco. — Alex, você não sabe como usar
uma máquina. Eu ficaria horas aqui em pé morrendo
lentamente por falta de cafeína. Além disso, eu poderia usar a
pequena caminhada para me acordar. Alguém me esgotou
ontem à noite.
Ele se virou e pressionou seus lábios nos dela em um
piscar de olhos. Ele emaranhou suas mãos em seu cabelo,
soltando o seu coque e deu-lhe um beijo de bom dia em
condições. — Eu vou cansá-la outra vez esta noite, meu anjo.
— Ele descansou sua testa contra a dela. — De uma forma
ou de outra, tudo isto estará terminado em poucos dias.
Se Evans aparecesse, Alex iria tentar apanhá-lo. Se não
aparecesse, ele ia entregar tudo para outra pessoa porque
não queria que Eve estivesse em perigo e Eve não iria deixá-
lo, portanto ele estaria fora do caso e em breve.
Talvez fosse hora de deixar Ian apenas assassinar o filho
da puta.
— Eu sei. — Ela ficou na ponta dos pés. — Volto em um
segundo. Por que você não me faz algumas torradas?
Ele poderia fazer isso. Era praticamente tudo o que ele
conseguia fazer na cozinha, mas podia usar uma torradeira.
— OK.
Ela se virou e começou a sair do apartamento. Ele ouviu
o som do elevador enquanto ela descia.
Ele foi até a geladeira enquanto sua mente ponderava as
possibilidades.
Houve um monte de oportunidades de pegar Evans. Ele
conseguiu escapar da captura várias vezes quando Alex
deveria ter conseguido o homem. Por uma vez, duas vezes
até; ele poderia lidar com isso. Mas ele teve informação
privilegiada sobre os movimentos de Evans logo após o
ataque bomba em DC. Ele encontrou o esconderijo dele e
Evans desapareceu deixando apenas um cigarro ainda
fumegando no cinzeiro como se soubesse exatamente quando
sumir.
E então houve a fuga. Ele ainda conseguia se lembrar de
como se sentiu quando Warren telefonou para lhe dizer que
Evans estava à solta.
Chazz esteve naquela cadeia. Ele foi tirado da cela
quando a roupa de cama foi trazida, mas ele ficou na mesma
cela que Evans por semanas. Ele muito provavelmente sabia
exatamente como Evans escapou.
Ele podia saber se havia alguma ligação entre Evans e
Carmen Garcia.
Ele podia saber se havia uma ligação entre Evans e
alguém em sua antiga equipe.
Estaria ele pronto para pegar pesado com Chazz? Bem
antes de Evans chegar aqui? Será que ele tinha uma
escolha?
— Você está imerso em pensamentos. Você está
tentando cozinhar os ovos com o seu cérebro? — Perguntou
Adam.
Alex se virou para ele. — Eu preciso que você dê uma
olhada nos membros da minha antiga equipe. Os que ainda
estão vivos. Procure alguma conexão entre Carmen Garcia e
qualquer pessoa no FBI.
Os olhos de Adam se arregalaram e ele assobiou um
pouco. — Você acha que alguém na sua equipe apagou o
arquivo.
— Quem mais poderia ter feito isso? — Não havia um
pingo de sentido para alguém de fora invadir o sistema e
excluir um arquivo. — Não há nenhum ponto sobre isso.
Qualquer um que conheça o caso, sabe que haviam dezessete
vítimas. Então, por que fazer isso?
— Não tenho ideia. Tudo que uma pessoa tem que fazer
é procurar qualquer artigo sobre os ataques e a lista completa
está logo ali. Eu verifiquei com os promotores locais e todos
eles têm os arquivos corretos. — Adam esticou e bocejou. —
Eu vou descobrir isso. Preciso de um adicional de um
subsídio de risco para esta tarefa. Toda vez que limpo um dos
pequenos problemas de Ian, outro surge. Consegui tirá-lo da
lista de exclusão aérea, mas quando tentei reservar-lhe um
voo para a manhã, todos os seus cartões de crédito foram
recusados. Aparentemente, ele vem fazendo um monte de
compras on-line. Você sabia que Ian gosta de lingeries de alta
qualidade e usa um 36 DD? Ele tem várias entregas de
Neiman Marcus chegando amanhã. E, aparentemente, ele
tem uma coisa por calcinhas tipo short. Como no caramba eu
vou contar isso para ele?
Alex bufou um pouco. — Eu vou dizer a ele.
Ele se voltou para seus ovos. Quando regressasse a
Dallas, parecia que eles teriam um novo problema para lidar.
— Culpa.
Alex ligou o fogão e olhou para Kristen, que foi a única a
falar. — Culpa?
Vestida para o trabalho em calças pretas e uma
camiseta do clube, ela não parecia pior por causa do trabalho
na noite anterior. — Você perguntou porque alguém faria
isso. Você não conseguiu encontrar um motivo, mas eu
posso. Às vezes você apaga as coisas, porque não quer um
lembrete do que fez de errado. Não funciona. Você pode se
livrar das imagens e de outras coisas, mas ainda se lembrará.
Ele quebrou os ovos. — Eu vou comprar isso. Tenho
Adam tentando fazer uma conexão.
— Boa. Então quando encontrar a conexão, saberá.
Poderia ser um fato tão simples quanto ela ter sido uma
amiga e quem apagou o arquivo sentiu que a desapontou. Às
vezes nós não pretendemos machucar as pessoas que
amamos. Às vezes, eles simplesmente são pegos no fogo
cruzado e tudo que podemos fazer é rezar para que eles
sobrevivam a isso. Talvez Carmen Garcia não tenha
sobrevivido.
Ou talvez fosse algo mais sinistro.
— Eu preciso falar com Eve. — Algo que ela disse na
noite anterior estava dando voltas em seu cérebro. Ele não
tinha ideia de como isso estava ligado a alguma coisa, mas de
repente precisava falar com ela sobre o que Warren disse a
ela na noite em que Evans a levou. Ela disse algo sobre
Warren trazendo-o de volta para ela.
Warren nunca mencionou voltar a casa. Warren esteve
firme ao seu lado.
'Nós vamos derrubar este filho da puta juntos, amigo.
Você e eu."
Talvez ela tivesse estado errada. Talvez Warren tivesse
dito a ela que teria certeza que Alex chegaria em casa. Warren
estava falando sobre não o deixar morrer e Eve pode ter
entendido isso como trazê-lo fisicamente de volta a casa. Com
certeza.
Quando Eve voltasse, ele irá esclarecer tudo isso.
— Ei, onde está o meu café? — Perguntou Kristen. Ela
virou para Adam. — Seu desgraçado. Você sabe como eu fico
sem café? Você já viu um texugo? Eles parecem todos
bonitinhos e fofinhos até que algum idiota o tira de seu
buraco e, em seguida, as garras e presas estão fora. Estou
prestes a ter garras e presas, Adam.
Adam levantou seu telefone e o discou furiosamente. —
Eve está pegando algum da área comum. Olha, eu vou pedir
para ela trazer um para você também. Fique calmo, texugo.
Calma, texugo bonito.
Kristen sibilou na direção dele.
Ok, alguém precisava mesmo conseguir algum café para
a menina.
— A ligação foi para o correio de voz. Será que Eve
deixou seu telefone aqui em cima? — Perguntou Adam.
— Ela sempre anda com ele. — Alguma coisa subiu por
sua espinha. Algo estava errado.
Alex desligou o fogão e caminhou até a porta, cada
instinto nele gritando que devia encontrar sua esposa.
— O que foi? — Kristen estava bem atrás dele.
Ele pressionou nervosamente o botão do elevador.
"Que ela esteja voltando. As portas vão abrir e estará lá
com seu café e eu vou ser um idiota paranoico."
As portas se abriram. Sem Eve. Apenas um elevador
vazio. Seu coração se apertou um pouco.
— Adam, espere aí. Eu já volto. — Ele entrou no
elevador. — Só quero verificar Eve.
Kristen pulou em frente à porta fechada.
Alex respirou fundo e rezou para que seus instintos
estivessem errados.
Eve inspirou o aroma celestial do café. Isso era o que
precisava. Tomar uma boa xícara de café e comer alguma
coisa e assim estaria pronta para trabalhar. Ela se sentaria
no sofá na sala de estar, com a sua magnífica vista sobre o
Atlântico, e se aconchegaria desavergonhadamente em seu
marido e eles iriam trabalhar no problema.
Seu marido. Eles se divorciaram, mas ele sempre foi o
seu marido. Ele ficou perto. Era apenas um homem. Os
homens eram meio idiotas. Ela precisava se lembrar disso.
Ela era do sexo feminino e isso trazia consigo uma certa
quantidade de responsabilidade. Ela tinha que dizer
claramente o que precisava. Oh, seria tão melhor se ele
entendesse suas necessidades, mas suas habilidades de
raciocínio foram prejudicadas por um pênis realmente
grande. Ela tinha que fazer ajustes.
Eva deu um longo suspiro. Oh, era tão bom brincar,
mesmo que apenas com ela mesma.
O mundo estava se abrindo novamente. Era como se
alguém tivesse pressionado um botão e de repente ela podia
ver a cores, quando os últimos anos foram um brutal preto e
branco. Talvez, oh apenas talvez, ela não tivesse sido
completamente destruída. Talvez tivesse sido apenas um
pouco danificada e agora pudesse colocar os pedaços juntos
novamente. Seus pedaços seriam mantidos juntos com cola
quente e esperança, mas ela estaria viva.
No final, isso era tudo que importava.
Ela saiu da pequena cozinha na área comum. O piso era
de um belo mármore e tudo sobre o edifício era elegante. Ela
realmente amava aqui. Talvez ela e Alex pudessem ter mais
do que apenas uma casa em Dallas. Talvez pudessem
encontrar uma linda casa de verão. Ou casa de inverno. Ou
apenas uma casa de refúgio.
Eles tinham opções.
Ela chegou ao final do corredor. O elevador estava em
sua esquerda, mas ela virou à direita, querendo sentar-se à
beira da piscina com vista para o Atlântico. A essa hora da
manhã, ela podia ver golfinhos brincando. Tudo era muito
tranquilo. Neste edifício em particular, haviam apenas dois
apartamentos por andar e tudo o que tinha que fazer para
chegar na piscina, era dar a volta pela varanda enorme do
primeiro andar. Um pequeno passadiço levava até a área da
piscina e na parte de trás da piscina. De lá, ela poderia gritar
para a varanda do seu piso e pedir a Alex para se juntar a
ela. Ele desceria com seu café da manhã e eles poderiam ver
os golfinhos brincar e desfrutar do maravilhoso nascer do sol.
Ou ela poderia mandar uma mensagem à ele. Embora
atirar pedrinhas na janela parecesse mais divertido.
Caminhou para fora mesmo sabendo que não poderia voltar
sem ajuda. Ela deixou suas chaves no andar de cima.
"Mestre, por favor, salve sua pobre sub. Ela está
trancada na parte de fora e não consegue voltar sem seu
querido Mestre."
Talvez ela pudesse pegá-lo na banheira de
hidromassagem. Isso seria divertido.
O ar limpo do oceano a atingiu, e ela parou por um
momento, apenas inspirando. Tudo parecia possível
novamente. Uma família. Uma vida. Tudo. Tudo estava
realmente lá fora, apenas esperando ela decidir se era
corajosa o suficiente para agarrar a oportunidade.
Ela começou a passar pela varanda e pelo seu pequeno
portão privado. O primeiro andar estava para alugar, Kristen
mencionou isso. Talvez eles pudessem dar uma olhada no
apartamento enquanto estivessem aqui. A varanda parecia
enorme, envolvendo todo o condomínio. Era como uma
corrida de criança. Ela poderia simplesmente colocar as
crianças aqui e elas iriam correr sozinhas.
Crianças. Ela e Alex poderiam ter filhos. Elas não
precisariam sair do seu ventre. Elas só precisavam de seu
amor para que ela pudesse ser uma mãe. Dela e de Alex. Ela
poderia ter uma família.
Eve olhou para o estacionamento e decidiu apenas
mandar uma mensagem. Ela nunca teve um grande braço
para arremessar e o vidro das janelas provavelmente iria
rebater e lançar as pedrinhas de volta para ela. Ela procurou
o número de Alex e começou a digitar a mensagem.
E então ouviu um pequeno barulho.
Ela começou a girar, mas sentiu algo pressionar contra
sua espinha.
— Largue o telefone, querida.
Trouxe a perna para cima. Ela afundaria o seu stiletto
direto no pé dele e começaria a correr, mas os seus chinelos
de dedo não teriam o mesmo efeito.
— Não tente isso de novo. Estou te fazendo um favor,
Amanda. Estou tentando salvá-la, mas se você gritar ou
tentar outra coisa, eu não terei outra escolha senão colocar
uma bala na sua coluna.
Ela conhecia essa voz rouca. — Jesse?
Sua voz tremeu só um pouquinho. — Sim, querida. Eu
não vou te machucar. Deus, estou tentando não te
machucar, mas você tem que entender que a missão é mais
importante do que você. Se eu puder te salvar, eu vou. Então,
nós vamos nos mover bem devagar em direção ao seu carro.
— Eu não tenho as minhas chaves. — Ela não estava
pensando em dirigir para lugar nenhum.
— Eu não preciso de chaves.
O que podia fazer? Ela respirou fundo e pensou em jogar
o café na cara dele.
— Larga o copo ou eu vou atirar em você.
Droga. Ela meio que acreditava nele. Ela deixou cair o
copo, que foi uma pena, porque precisava daquele pouquinho
de cafeína. — Tudo certo. O copo se foi.
Ele não terminou. — Agora, o telefone. Larga.
Ela respirou fundo e deixou o telefone cair, porque essa
arma estava pressionada diretamente contra suas costas. Ele
dividiria sua coluna em um instante. Deus, Alex ficaria tão
chateado. As lágrimas turbaram seus olhos. — Por favor, não
faça isso.
Seu braço enrolou em volta da cintura dela. — Eu não
quero. Eu sei que você não vai acreditar, mas realmente não
tenho escolha.
Ela tinha que manter a calma. Isto não era como da
última vez, ainda que cada célula de seu corpo tentasse dizer-
lhe que era. Seu cérebro sabia que Jesse Murdoch não era
Michael Evans. Ele provou isso tentando se explicar. Evans
teria simplesmente tomado ela. Jesse era um peixe diferente,
e ela tinha que jogar com ele de outra maneira. — Você
sempre tem uma escolha.
Ela sentiu ele ceder um pouco. — Não. Você não tem,
querida. Às vezes a única escolha que um homem tem é a
escolha errada. Espero que você nunca descubra isso. Eu
realmente vou tentar me certificar de que você saia disso.
Agora se mova. Sei que você está com o SUV branco.
Ele foi observador. Alex alugou um SUV branco. Ele
estava estacionado perto da varanda. Agora, desejava que
tivesse estacionado mais longe, na garagem, como fizeram na
noite em que chegaram.
— Coloque seus pulsos juntos.
Ela não faria isso, não podia. Ela o chutou, mas ele
pegou seu tornozelo facilmente e bateu a arma que estava
carregando contra seu estômago.
— Eu não estou brincando, querida. — Seu rosto estava
torturado, seus olhos se estreitaram. — Eu não quero feri-la,
mas tenho uma missão. Não me faça apagar você. Não tenho
certeza que não iria matá-la e quero evitar isso a todo custo.
A todo o custo, exceto o da minha missão.
Ele deslizou um conjunto de fivelas de plástico sobre
seus pulsos e ela tinha as mãos atadas em um instante. Ele a
pressionou, forçando-a em direção ao SUV. Droga. Ela podia
ver que ele já conseguiu abrir a porta. Estava entreaberta. Ele
estava preparado.
— Por que você está trabalhando para ele? — Ela ainda
tinha uma chance de chegar até ele. Jesse Murdoch não
estava tão longe da realidade que não fosse ouvir alguma
razão. Afinal, ele não a matou ainda. A pergunta era por quê.
Estaria ele levando ela para Evans?
— Porque é a coisa certa a fazer — respondeu ele. — Eu
poderia te perguntar a mesma coisa, mas sei a resposta.
Continue andando.
Ele abriu a porta de trás e empurrou-a para dentro.
Amarrou seus pés tão facilmente quanto amarrou as mãos.
— Você acha que é certo trabalhar para ele? — Quanto
tempo Alex iria esperar? Ele iria perceber que ela estava
sumida, mas quanto tempo levaria? E como ele reagiria? Será
que isso o enviaria de volta para sua concha? Ela não
conseguia suportar a ideia disso.
— Mestre A não é quem você pensa que é. — Jesse
olhou para ela enquanto tirava a jaqueta. — Eu sei que você
acha que ele é um bom rapaz, mas um homem de verdade
não iria bater em você. Um homem de verdade não iria expor
você. Você é uma mulher linda. Você merece alguém que
realmente te ama.
Cada palavra fez ela se perguntar o que diabos esse
homem estava fazendo. Um homem que se importava com as
mulheres não trabalharia para Evans. — Eu tenho um
homem que me ama. Por favor, não faça isso. Se você me der
ao seu chefe, ele vai me machucar. Por favor. Leve-me de
volta. Você pode fazer isso direito.
Seus olhos azuis estavam ficando um pouco loucos. —
Eu estou tentando fazer isso agora mesmo. Sei que você não
consegue ver isso, mas estou te salvando. Nós vamos dirigir
por algum tempo e então preciso que você fique quieta. Se eu
ouvir uma palavra de sua boca, vou ter que apagar você. Eu
não quero te machucar. Não quero ser como qualquer outro
homem que já conheci. Não sou a porra de um pervertido. Eu
não sou.
Ele bateu a porta de trás e ela o viu se movendo para o
banco da frente. Ele esteve muito confiante de si mesmo. Já
tinha colocado suas coisas no carro dela. Um rifle sniper
estava no chão do banco do passageiro. Para que diabos era
aquilo? Seu sangue gelou. Jesse disse que estava salvando
ela de alguma coisa. Do que diabos ele estava salvando-a?
— Eu o amo. — Ela colocou cada emoção naquelas três
palavras. Se aquele rifle sniper era para Alex, então ela tinha
que tentar absolutamente tudo o que podia para salvá-lo.
— Porque você não conhece nada melhor. — Ele estava
mexendo debaixo do painel de instrumentos. Ele provou o
quão bom era quando o motor imediatamente ganhou vida.
Seu rosto virou para trás e não havia nada, além de simpatia
em seus olhos. — Um dia você vai encontrar alguém digno de
você e você vai me agradecer.
— Não vai ser você? — Suas ações a fizeram se
perguntar se ele não teria uma obsessão por ela. Seu tempo
no Iraque o deixou obviamente instável, e por vezes homens
instáveis se fixavam numa mulher. Ele não estava tentando
machucá-la. Parecia estar inclinado em salvá-la. Ela leu seu
arquivo e procurou em sua memória. Uma mulher esteve no
seu esquadrão. Hannah? Alannah?
Sua boca se curvou para baixo. — Eu não sou capaz de
ser o que você precisa. Eu.... Eu simplesmente não sou bom o
suficiente. Mas sou bom o suficiente para saber que você
merece melhor e eu não posso simplesmente deixá-la ao seu
destino, então estou fazendo o que tenho que fazer. Não
tenho de parar no pedágio na ponte neste lado da ilha e não
há ninguém na rua a essa hora do dia. Se eu ouvi-la fazendo
muito barulho, vou amordaçá-la. Isso não será agradável
para você, não é?
Ela não se preocupou em dizer que já foi amordaçada
muitas vezes antes. Ele estava certo. Ela particularmente não
gostava disso. Realmente era um castigo.
Ele ligou o motor e colocou a marcha ré.
— O que você vai fazer com esse rifle aqui? — Haveria
alguma maneira que ela conseguisse pegá-lo? Ele foi
inteligente em amarrar as mãos atrás das costas. Ela não
podia nem mover os pés.
— Eu vou fazer o que preciso fazer. — Suas mãos
apertaram no volante enquanto ele tomou uma esquerda
apertada e o carro inclinava enquanto eles subiam a colina e
mantinham a curva. Ela esteve aqui por uma semana e
conhecia esta curva. Isso levava a um mirante no topo da
colina com vista para o edifício do condomínio.
Havia uma linda e alta beirada de oleandros17 no topo
da colina. Seria o esconderijo perfeito para um assassino.
Ela podia ver isso funcionando. Alex não iria esperar
muito antes de procurar por ela. Pensou em cinco minutos no
máximo antes que ele percebesse que ela estava demorando
muito tempo. Ele iria descer pelo elevador e refazer seus
passos e então iria procurá-la do lado de fora. Estaria bem
em frente à porta e seria o alvo perfeito. Ele estaria tão
preocupado com ela que não tomaria qualquer defesa. Estaria
vulnerável.
— Por favor, não atire nele. — Era o período de época
baixa para os turistas. Uma das coisas que notou foi quão
poucas pessoas haviam no edifício. Durante a sua caminhada
17
para a área comum, ela não viu ninguém. O edifício esteve
calmo e vazio.
Ela apostava que as estradas também estavam vazias a
esta hora da madrugada. Não haveriam multidões de pessoas
para impedir Jesse de fazer o que ele obviamente queria fazer.
Ele ficou sentado no banco da frente do carro. Ela não
podia ver seu rosto, mas seu punho estava abrindo e
fechando. — Você não entende porque você é uma civil. Você
não entende que às vezes as coisas ficam sujas, mas esta é a
coisa certa a fazer. Esta é a coisa certa a fazer.
Parecia que ele estava tentando convencer a si próprio.
— Não é. Isto é um homicídio.
— O trabalho de um soldado não é preto e branco, e às
vezes escolhas difíceis têm de ser feitas. Eu não tomo
decisões. Só sigo ordens. —Ele deu um longo suspiro e
chegou na parte de trás, pegando o rifle. — Ninguém está nas
estradas tão cedo, e duvido que eles fossem ouvi-la se você
gritasse de qualquer maneira. Você pode se debater o quanto
quiser porque essas janelas são bem escuras, mas você deve
guardar a sua força. Tudo vai acabar em poucos minutos e
então falaremos sobre como arrumar a sua nova vida.
— Alguém vai ver você. — Era muito pouco provável,
mas ela tinha que lhe dar alguma razão para não fazer isso.
Seu coração batia, ameaçando explodir contra as costelas.
Alex. Não podia perdê-lo. Ela não conseguia viver em um
mundo que não tinha Alex McKay nele. O próprio
pensamento de seu corpo grande silenciado para sempre
ameaçava sua sanidade.
Ele olhou de volta para o SUV enquanto puxava o capuz
de sua jaqueta preta. — As pessoas veem o que quiserem ver.
Elas sempre fazem.
Ele bateu a porta. Ela deu um último olhar enquanto se
virava. Tudo que alguém iria ver era um flash de um rosto. A
esta luz, nem sequer seriam capazes de dizer qual era sua cor
da pele. Ele estava usando luvas. Tudo o que uma
testemunha seria capaz de dar eram informações vagas sobre
altura e peso e o fato de que ele foi embora no SUV da vítima.
A vítima. Oh Deus. Alex ia ser a vítima.
Ela não podia simplesmente ficar aqui parada. Não.
Porra, não. Não ia ser submissa aqui. De maneira nenhuma.
Ela não conseguia alcançar nada com as mãos, mas tinha
seus pés. Deslizou pelo assento de couro e tirou os sapatos.
Deitada de costas, encontrou a porta e o console do banco
traseiro do lado do motorista. Ele trancou as portas. Ela
procurou cegamente pelos botões, mas da maneira como os
seus pés estavam amarrados, não conseguia usar os dedos
dos pés e os calcanhares não eram propriamente sensíveis.
Nada. Pânico ameaçou surgir.
Ela moveu o pé para baixo e tentou novamente. Nada.
Droga.
E então a sola de seu pé bateu no metal. A maçaneta da
porta. Sim. Um pouco para a direita e encontrou a abertura
manual. Ela apertou, seu pé escorregando um pouco, mas ela
ouviu um belo clique. Estava ficando sem tempo. Precisava
distrair Jesse, precisava gritar para Alex.
Encontrou a maçaneta e conseguiu agarrá-la com seus
dedos do pé direito. Ela puxou com força e a porta se abriu
apenas um pouco.
Ela chutou, adrenalina bombeando através de seu
sistema. Lançando-se ao longo do assento, sentiu seus pés
tocarem o chão.
E ouviu o som que ela não queria ouvir.
Tiros ecoaram pelo ar.
— Alex! — Gritou com tudo o que tinha enquanto caía
sobre o concreto. Não havia como se equilibrar, não havia
maneira de parar de cair. Ela bateu a cabeça na porta
enquanto caía e rolava, seu ombro atingindo a estrada
implacavelmente. A dor explodiu ao longo de sua pele, mas
ela teve apenas um breve momento para processá-la antes
que fosse içada.
— Droga, eu não queria fazer isso desse jeito — disse
Jesse com uma careta pouco antes dele trazer o rifle na
cabeça dela.
O mundo ficou preto, mesmo quando ela tentou gritar
pelo seu marido pela última vez.
Alex saiu de rompante do elevador, seu único
pensamento era encontrar Eve.
— As salas comuns são à sua direita. — Kristen correu
para acompanhá-lo. — Ninguém consegue pegá-la neste
edifício, Alex. Fiz questão de conseguir uma localização muito
segura. Ninguém pode entrar sem uma chave.
Havia tantas maneiras de contornar isso que parecia
ridículo. Ele avançou pelo corredor rezando para que ver Eve
vindo do outro lado. Ela estaria na sala comum mexendo com
a máquina de café. Respire fundo. Mova-se.
— E ninguém sabe que estamos aqui. — Kristen
argumentou.
— Alguém poderia facilmente ter nos seguido desde o
clube.
— Mas nós temos dirigido carros diferentes e mudado no
apartamento na cidade. Eu tinha protocolos organizados.
Ninguém deveria ser capaz de nos encontrar aqui.
Se ele estivesse do outro lado e caras novas tivessem
aparecido bem na altura em que Evans estava agendado para
uma visita, ele teria colocado um fantasma em cima deles 24
horas por dia por algum tempo, mas Chazz era meio que um
idiota.
— Aqui está. — Kristen abriu a porta.
Era uma pequena cozinha, o cheiro de café ainda
persistia no ar.
Nada de Eve.
Ele verificou no lixo e havia um único copo usado jogado
na lata. Era um café bem preto, exatamente o que Eve teria
escolhido. Ela esteve aqui e agora não estava.
— Ela foi lá para fora. — Ela falou muito na noite
passada sobre como gostava das manhãs aqui, adorava as
ondas e o cheiro do oceano. Qual a saída que ela teria usado?
A saída principal estava mais próxima, mas havia uma saída
apenas alguns passos do elevador privado. Era mais perto da
piscina do edifício e tinha uma vista espetacular sobre o
oceano.
Ele ia espancar a bunda dela até ficar vermelha se ela
estivesse sentada no pátio tomando seu café. Por favor, que
ela esteja sentada no pátio bebericando seu café. Por favor.
Por favor.
— Você acha que ela saiu? Alex, a gente deveria voltar e
pegar alguma proteção. — Disse Kristen, preocupação
presente no seu tom de voz. — Talvez algo de ruim tenha
acontecido. Eu não estou armada.
Nenhum deles estava armado porque ele não se vestiu
para o dia, porque ele esteve muito ocupado deleitando-se
com sua esposa para cuidar dela. — Ligue para Adam. Vou
procurar no terreno.
— Droga. — Kristen amaldiçoou atrás dele.
Ele foi até à porta lateral e imediatamente viu algo que
fez se coração acelerar.
Um copo no chão, café derramado em todo o concreto.
Ele empurrou a porta, os olhos procurando por Eve. —
Eve!
— Merda. McKay, vamos voltar para dentro. — Ela tinha
um celular na mão. — Adam, Eve não está aqui. Ligue o
localizador para seu telefone celular agora.
— Onde está o nosso SUV? — Ele olhou ao redor do
estacionamento. Ele sabia muito bem onde estacionou na
noite passada e o veículo sumiu. Mas as chaves de Eve
estavam no andar de cima. Ela não as tinha com ela. Então,
onde diabos estava o carro?
Obrigou-se a se acalmar. Ele precisava de seu cérebro
trabalhando, não ponderando todas as possibilidades ruins.
— Puta que pariu, esse é o telefone dela? — Kristen
caminhou no gramado e se abaixou, pegando algo. Ela se
virou, mostrando-lhe o telefone na mão. O telefone de Eve.
Ela não teria simplesmente perdido ele.
— Ele fez ela se livrar dele. — Era fácil de seguir a linha
de pensamento do bastardo. — Ele está no carro que
alugamos. Manda Adam começar uma busca pelo GPS. A
empresa de aluguel vai arranjar uma maneira de localizá-lo.
Kristen saiu, falando com Adam, mas ela tinha uma
mão sobre a testa como se estivesse tentando ver à distância.
— Sim, consiga alguém em cima disso. E procure nas
imagens das câmeras. Pelo menos nós vamos saber quando
ela saiu do prédio. — Seu braço caiu em um movimento
rápido. — Alex, abaixe-se!
Ele viu isso, mas por brevemente, um pequeno flash de
luz, o sol batendo na mira de um rifle e que refletiu de volta.
Ele começou a se mover, mas houve um estalido no ar.
Ele precisava se abaixar, mas Kristen se moveu mais rápido
do que ele e ela cobriu seu corpo.
Alex sentiu a bala atingi-la, seu corpo empurrando
contra o dele.
Ele colocou os braços debaixo dela e puxou-a para trás,
suas mãos indo para seu chaveiro. Ele tinha que tirá-los da
linha de fogo.
À distância, ele estava quase certo que ouviu alguém
gritar, mas ele não conseguiu distinguir.
Houve outro flash e ele abaixou, cobrindo o corpo de
Kristen, tanto quanto pôde com o seu próprio. A bala passou
pela orelha dele, fogo alastrando ao longo de sua pele. Ele
cobriu a cabeça dela com as mãos.
— Foda-se, isso dói! — Disse Kristen. — Oh Deus. Oh,
Deus, eu não posso respirar.
Suas palavras saíam em respirações torturadas, e ele
podia sentir sangue cobrindo seu braço.
Ele precisava correr como um louco em direção ao
homem com a arma. O homem com a arma tinha Eve. Estaria
ela morta? Estaria seu corpo largado em algum lugar apenas
esperando por ele para encontrá-lo? Teria Evans vindo mais
cedo e de alguma forma descoberto que eles estavam aqui?
Estaria ele de volta para terminar o trabalho?
A porta atrás dele se abriu e Alex sentiu dois braços
irem sob o seu próprio, puxando-o para trás. Ele segurou
Kristen, sua mão sobre sua ferida.
— Ela foi atingida gravemente, Adam.
— Já chamei a ambulância. Eu ouvi o tiro pelo telefone
dela. Você foi atingido? — A voz de Adam não tinha nenhum
do seu sarcasmo habitual. Como sempre numa crise, Adam
tornou-se profundamente competente.
— Não, ela pulou na minha frente. — Por que diabos ela
fez isso? Ela não precisava. Era óbvio por quem o filho da
puta veio, mas esta mulher que na verdade não o conhecia
saltou para salvar sua vida.
— Isto é muito pior do que a primeira vez. Na primeira
vez, ele estava aqui. — Kristen estava falando bobagens
enquanto Alex movia ela para longe da porta de vidro.
Ele ouviu o chiado de pneus à distância e soube, ele
apenas soube, que Eve estava se afastando dele. Precisava
chegar até ela, mas não podia simplesmente correr atrás
deles. Isso daria a quem atirou nele outra chance e seria a
sentença de morte de Kristen se ele tirasse a mão agora. Ele
tinha que parar e pensar. Ele tinha que acreditar que ela iria
permanecer viva. — Ele tem Eve.
Ele colocou Kristen para baixo, torcendo o corpo para
manter a mão sobre a ferida dela. O que quer que tenha
acontecido, ele não podia desonrar sua esposa, permitindo
que Kristen morresse. Eve teria sua maldita cabeça.
Ela estava viva. Ele teria sentido se ela estivesse morta.
Ela estava viva e ele moveria céu e terra para encontrá-la.
— Eu acho que o pulmão direito dela morreu. — Alex
pressionou, mas ele sabia que não seria suficiente. Eles
precisavam que seu pulmão inflasse ou ela poderia morrer
antes que os paramédicos chegassem. E ele não tinha ideia
de quão perto a bala estava de seu coração. Um movimento
em falso poderia cortar alguma coisa e ela iria sangrar no
chão até morrer.
Bem, a lealdade dela foi provada sem sombra de dúvida.
— Eu já volto. — Adam desapareceu ao longo do
corredor, deixando Alex sozinho com Kristen.
— Por que você fez isso? — A culpa ia atormentá-lo. Ela
tomou uma bala destinada a ele.
A pele dela empalideceu passando do marfim normal
para algo amarelado e sem brilho. — Tudo por ele. Tudo por
ele.
Um calafrio subiu pela espinha de Alex. As mulheres no
culto de Evans tinham um ditado. Elas fizeram tudo pelo seu
senhor.
— Ele não quer você morto. Ele quer que você vivo. Ele
sempre quis você vivo. — Ela murmurou algo que ele não
conseguia entender.
— Onde ele está? — Ele apertou com força sobre sua
ferida e Kristen gemeu. Se ela soubesse alguma coisa sobre
onde o seu inimigo estava, ele tinha que descobrir.
— Amo ele. Eu o amo. — Sua força estava esmorecendo.
— Onde ele está? — Será que ele foi enganado? Teria ele
vivido com a porra do inimigo?
Sua mão surgiu, ao lado da dele, sobre o coração dela.
— Aqui. Desde o dia em que coloquei os olhos nele. Ele tem
estado aqui. Diga a ele que eu fiz bem. Diga-lhe que fui boa.
Eu era boa para ele. Eu era boa. Ele podia ter milhares de
outras mulheres, mas eu era a sua única verdadeira esposa.
Oh, Deus, ela era tão louca quanto o resto deles. Ele
deveria puxar a mão de volta e deixá-la sangrar.
Mas ela poderia saber quem tinha Eve.
Seu cérebro se agitou, tão selvagem quanto o oceano
durante uma tempestade. Se Evans acabou de tentar matá-
lo, por que Kristen se atiraria na frente dele?
Quantas facções ele estava combatendo? Ou ela era
simplesmente louca?
Não. Uma calma apoderou-se dele. Se Kristen estivesse
verdadeiramente louca, Eve teria visto.
— Você está trabalhando com Evans? — Ele se conteve.
A voz paciente de sua esposa estava trabalhando em sua
cabeça, dizendo a ele para manter a calma e separar o
problema. Nada poderia ser ganho matando Kristen.
Os olhos dela se abriram. — O quê?
— Evans. Tudo bem. Ele tem um jeito com as mulheres.
Um sorriso ligeiramente embriagado se aproximou dela.
— Oh, ele tem. Tão bonito. E ele é um idiota. Por que eu amo
um idiota tão grande?
Passos ecoaram pelo corredor de mármore. Adam estava
voltando. Graças a Deus. Ele correu pelo corredor com uma
caixa de plástico na mão. — A bala está definitivamente em
seu pulmão. Você consegue ouvi-la tentando compensar.
Precisamos de algo que vá formar uma vedação hermética.
Levante a camisa dela. Preciso de pele.
— Você vai dizer a ele que eu fiz bem? — Suas mãos
subiram, mas ela estava tão fraca.
Adam caiu de joelhos, tirando um pedaço robusto de
plástico fino. Ele chamou a atenção de Alex e assentiu.
Alex ergueu a mão e Adam se aproximou
imediatamente, fechando a ferida. Ele trouxe a palma da mão
direita sobre o buraco de bala no peito e um gemido baixo
saiu da garganta de Kristen. Seus olhos queimaram e, em
seguida, ela desmaiou, ficando totalmente inerte nos braços
de Alex.
Mas sua respiração soava melhor.
— Você pode levá-la? — Alex perguntou, com a voz
tensa. Eve desapareceu e ele vinha, muito provavelmente,
dormindo na casa do seu inimigo. Ele precisava chegar a
Sean. Ele precisava falar com Chazz. Um pequeno bate-papo
que iria acabar com a arma de Alex no ânus de Chazz e quem
sabe daria a ele algumas respostas.
Adam se mudou para a posição. — O que ela estava
falando?
— Eu não tenho certeza, mas ela pode estar ligada a
Evans. — Apesar de não fazer sentido. Ele tentou pensar
muito sobre isso.
— Não. — Adam segurou sua mão apertada contra o
peito. — Ela se preocupa conosco. Eu não sei por que, mas
ela se importa.
Ela jogou seu corpo em frente ao dele, mas alguém, o
mesmo alguém que atirou contra ele, levou Eve. Se Evans era
o único que levou Eve e Evans era o único que o queria vivo,
por que ele levou aquele tiro?
Outra coisa estava em jogo e isso que tinha que estar
relacionado com aquele arquivo desaparecido.
Ele ouviu as sirenes ao fundo. Ele precisava arejar a
cabeça ou ia acabar passando horas na delegacia de polícia.
Ele olhou para Adam. — Você consegue lidar com isso?
Adam assentiu. — Sim. Chame Serena e Jake. A polícia
vai tentar me levar como testemunha, mas eu tenho um
plano para ficar fora disso. Diga a doce Serena para vir aqui e
consiga Jake vigiando as suas costas. Assim que eu voltar lá
para cima para o apartamento com a minha esposa grávida,
que provavelmente vai precisar se deitar depois de todo o
trauma, poderei conseguir a informação que você precisa. Saí
e encontrei ela desse jeito. Eu vou lidar com os policiais e
estarei de volta na minha estação antes que você perceba.
Você precisa ir porque tem sangue na sua camisa, e eles vão
fazer perguntas. Vá e se limpe. Se Jake não estiver aqui
quando você precisar sair, basta levar meu carro e ele
encontrar você no clube. Encontre Sean. Eu vou conseguir a
informação sobre o carro e qualquer outra coisa que eu possa
encontrar. Ela não vai ficar desaparecida por muito tempo,
Alex. Você tem uma nova equipe, agora.
— Eu quero tudo o que você conseguir encontrar sobre a
Carmen Garcia e minha antiga equipe. — Ele se levantou,
com suas entranhas em algum lugar entre seus joelhos. —
Ligue para Ian. Consiga que ele venha para cá o mais rápido
possível.
Ian dirigiria se fosse preciso. Se havia uma coisa que ele
confiava no mundo, era que Ian Taggart tinha as costas dele.
Ele olhou para a mulher que acabou de salvar a sua
vida e se perguntou se ela sobreviveria. As sirenes estavam
mais perto agora e ele entrou pela porta, pulando no elevador
antes da ambulância aparecer. Adam estava certo. Tinha
muito pouco tempo e não poderia ser pego numa investigação
policial. Kristen podia ter dado sua vida para salvar a dele e
ele não ia questionar isso agora.
Mais tarde, ele faria todas as perguntas relevantes, mas
até que ela estivesse consciente e capaz de falar, não havia
nada que ela pudesse fazer para ajudar mais. Ele tinha que
garantir que seu sacrifício não foi em vão.
Quando chegou ao apartamento, mudou de roupa e se
limpou. Ligou para Jake vir pegá-lo. Sean já estava a postos.
Eles precisavam conversar com Chazz, e ele tinha
certeza que Chazz não ficaria feliz com a forma como eles
falariam.
Enquanto esperava, impacientemente, ele olhou para as
notas que Adam conseguiu sobre Carmen Garcia.
Apenas mais outra vítima, como sua Eve. Apenas mais
outra vida que Michael Evans arruinou. Ela foi uma
estudante de Georgetown, em busca uma carreira na área do
direito e da política, trabalhando em campanhas políticas e
indo a festas.
Talvez ficando grávida de alguém que tivesse muito a
perder.
Seus punhos cerraram. Garcia foi jovem e atraente e
uma voluntária em campanhas. Em quais campanhas ela
trabalhou? Quem tinha mais a perder?
E quem tinha ligações com um homem que poderia fazer
com que tudo parecesse um acidente?
Uma nova raiva atingiu Alex porque ele acabou de
descobrir quem realmente o traiu.
Dor. Sua cabeça doeu quando ela começou a voltar à
vida. Ela gemeu um pouco. Onde estava? Tentou mexer sua
mão direita, levá-la à cabeça para aliviar a dor em seu crânio,
mas estava amarrada para a esquerda.
Ela abriu os olhos. Quanto tempo esteve apagada? Luz
entrava através de uma janela, mas era um pouco sombria, o
vidro era opaco. Havia um sofá debaixo dela que com certeza
viu melhores dias.
Estava tudo muito tranquilo. Tão diferente do
condomínio onde ela sempre podia ouvir o mar. O
condomínio onde ela viu seu marido pela última vez.
Tudo voltou em um flash horrível. Tinha sido amarrada
e deixada no banco de trás do seu próprio veículo. Ele se
colocou em posição para conseguir um tiro mortal. Ela ouviu
uma explosão e depois outra.
— Por favor, não tente se mexer. Só vai piorar a
situação. — Disse uma voz já tão familiar.
Jesse Murdoch. O homem que assassinou seu marido.
— Você matou Alex.
Jesse estava sobre ela, com suas mãos estendidas. —
Eu não estou tão certo sobre isso. Verifiquei o rádio da polícia
e monitorei as admissões hospitalares. Não há vítimas de
tiros do sexo masculino. Eu tenho certeza que eu acertei Kris.
E ele não parecia feliz com isso. Seus olhos estavam
marejados como se não tivesse dormido por dias. Havia uma
linha sombria na sua boca e seu rosto estava marcado com
uma barba rala. Ele passou uma mão pelo cabelo e todo o
seu corpo tremia enquanto gritava.
O som ecoou pela sala, fazendo Eve recuar, mas não
havia para onde ir.
Ele finalmente parou aquele som torturado e suas mãos
tremeram. — Eu sinto muito. Simplesmente ferrei tudo
novamente. Não consigo parar de ferrar as coisas. Por que
não consigo parar?
Ele era um pouco descontrolado com um pouco de uma
fodida loucura. E essa era uma opinião profissional. Mas Alex
estava vivo. Esperava ter conseguido esconder seu sorriso. Se
Alex estava vivo, então ele viria e ela tinha que estar pronta.
Ela precisava fazer tudo o que conseguisse para tornar o
trabalho dele mais fácil, e isso incluía convencer Jesse
Murdoch a desistir de qualquer plano que estivesse
imaginando.
— Você está chateado porque não acertou Alex ou
porque acertou Kristen? — Ela se mexeu ao redor, tentando
se sentar. Ele a ajustou, e agora suas mãos estavam atadas
na frente de seu corpo. Ele parecia ter se livrado das fivelas
de plástico em suas pernas e ela podia movê-las livremente
agora.
Ele se aproximou e por um minuto, ela teve certeza que
ia apanhar, mas ele simplesmente passou a mão sob seu
cotovelo e ajudou-a a sentar-se. Um homem notável. Jesse
tinha cabelo loiro e olhos azuis que ficavam escuros quando
ele estava emocional. Ela notou isso antes. Quando ele falou
com ela no corredor no primeiro dia, seus olhos estiveram
quase como safiras, mas no dia do almoço, eles ficaram
escuros quando um dos homens fez uma observação de que
ele não estava surpreso em ver Jesse no clube.
Porque o homem conhecia seu passado e pensou que ele
tivesse voltado, ela pensou.
Jesse começou a andar, ainda usando um grande
moletom com capuz, ainda que o calor do dia estivesse sobre
eles. — Eu não queria machucar Kris.
Ela esperava que Kris estivesse bem, mas Deus, estava
muito feliz por não ser Alex. — Mas está certo machucar Alex.
— Ele é um soldado. Soldados são atingidos. É o que
acontece.
— Isto não é uma guerra. — Ela disse as palavras, mas
em seguida perguntou se a guerra alguma vez teria terminado
para Jesse.
— Você diz isso porque você é uma civil. — Ele deu um
longo suspiro e pareceu tentar ganhar algum controle. — Me
pergunto se eu a matei. Nunca matei uma mulher antes. Não
intencionalmente.
Oh, ele exibia sua culpa. Ela precisava extrair ainda
mais essa culpa dele. Embora doesse, ela precisava
manipulá-lo. Alguma coisa estava faltando e ela tinha que
descobrir o que era. — Você está falando sobre a mulher em
sua unidade?
Fogo no seu olhar. — Como você soube sobre isso?
— Estava em todos os noticiários, Jesse. Era difícil não
ver. Havia uma mulher que foi capturada com você.
— Alannah Tally. — O nome foi sussurrado como se
fosse uma bênção, ou talvez uma maldição que vinha o
perseguindo.
Jesse foi próximo dela. — Ela era sua namorada?
Ele balançou a cabeça, esfregando sua barba rala, os
olhos longe. Olhou para o seu celular como se pudesse salvá-
lo. Nem uma vez reagiu como deveria, Eve notou. Ele estava
na posição de poder. Podia dizer a ela para calar a boca ou
virar as costas, mas uma vez que ele decidiu que não tinha
uma desculpa acessível, desistiu. — Eu gostava muito dela.
Era uma sorte que ela sabia lidar com um homem. —
Então você dormiu com ela, mas não estava apaixonado por
ela.
Ele era um grande homem, mas ela notou que ele
escondia a maior parte de sua massa muscular em seus
ombros. — Sim, algo assim. Ela era uma mulher simpática.
Não era uma vagabunda.
E ele ainda continuava defendendo ela, como se o
simples ato de dormir com ele a colocasse em risco.
Inseguranças profundas. Ela precisava jogar com elas e
acalmá-las. Ele era obviamente um homem que precisava de
uma voz suave em sua vida. E respondia às mulheres. — Eu
nunca iria usar essa palavra, Jesse. As mulheres nem sempre
dormem com um homem simplesmente para coçar uma
comichão. Nós tendemos a dormir com homens que
admiramos. Ela deve ter admirado você.
Sua respiração ficou presa. Ele parou de novo, sua
ansiedade surgindo. Dois passos para um lado e, em seguida
mais três para outro. Mais e mais, como se o padrão estivesse
enraizado em sua cabeça.
Ele estava percorrendo o caminho da sua cela. Ela
apostava que ele tinha percorrido esse pequeno recinto tantas
vezes durante sua reclusão que agora estava entranhado
nele, um hábito que não conseguia quebrar.
Ela podia conseguir resgatá-lo de Evans. Poderia trazê-
lo para o lado deles.
— Ela não me admirou no final. Ela me odiou. Você viu
o vídeo? — Ele parecia esforçar-se em ficar quieto, parou de
andar e procurou na sua jaqueta um cigarro e isqueiro. — Eu
odeio essas coisas, mas era a única coisa que me deixavam
fazer. Você viu o vídeo?
Ela estremeceu um pouco quando ele acendeu o cigarro
e o forte cheiro encheu o ar. — Aquele em que ela morreu?
Ele deu uma longa tragada. Ele tinha vinte e sete anos,
mas ela teria jurado que ele tinha cinquenta naquele
momento. — Sim.
— Uma parte dele. — Tinha estado em todos os
noticiários, mas cortaram um pouco antes que os golpes
fossem dados. Grandes redes de notícias online transmitiram
a história, mas recusaram-se a mostrar as partes horrendas
do vídeo. Claro que nada era realmente contido na Internet.
Ela sabia que Ian viu o vídeo depois que a Agência pediu a ele
para consultar.
— Me fizeram assistir. — Explicou Jesse. — Eles iam me
deixar alto com heroína, e depois me forçariam a ver
enquanto eles decapitavam meus irmãos.
Não admira que estivesse um pouco louco. Mas ele
continuava sendo a razão pela tentativa de matar o seu
marido e pela qual estava amarrada. — Eles deram-lhe
heroína para que você parecesse passivo, como se realmente
não se importasse ou estivesse sequer envolvido no processo.
— Sim, eu percebi isso. Mas não acho que Alannah
percebeu. Nenhum deles percebeu. Todos eles pensaram que
eu mudei de lado. Eles me odiavam. Eu só queria fazer o meu
pai orgulhoso, você sabe. Eu pensei que poderia ir para o
Exército e fazer algo de mim.
Ela precisava fazer laços. Ele acabou de lhe dar um
grande. — Meu marido esteve no Exército.
As sobrancelhas de Jesse franziram. —Você está falando
de Mestre A?
Ela precisava tentar estabelecer um pouco de confiança.
— Não se faça de bobo, Jesse. Eu acho que você sabe muito
sobre o meu marido. Seu nome é Alex.
— Sim, McKay. Eu percebi isso.
— Você sabia que ele era um soldado condecorado? Ele
serviu o país exatamente como você.
Sua cabeça loira balançou um pouco. — Não como eu.
— Não exatamente, mas existem muitas semelhanças.
Ele vem tentando derrubar seu chefe por um longo tempo.
Você quer saber porquê?
Os olhos de Jesse se estreitaram e ele tirou o cigarro da
boca. — Como você sabe sobre isso? Ele fala com você sobre
o seu trabalho?
Era o mesmo que dizer “talvez você não seja tão
inocente”. Ela foi com cuidado. — Ele me valoriza.
— Ele bate em você.
Ela estava tão farta dessa porcaria. A impaciência levou
a melhor sobre ela. — Sr. Murdoch, você parece matar
pessoas como modo de vida, então eu não acho que você tem
o direito de me julgar pelas minhas escolhas sexuais. O que
meu marido e eu fazemos juntos é assunto nosso, mas vou
dizer-lhe que ele nunca me machucou de uma forma que eu
não achasse agradável. Nós não somos todos iguais. Nem
todos gostamos de sexo baunilha. Alguns de nós precisam de
mais e nem sempre tem a ver com algo que deu errado em
nossas infâncias. Eu cresci dessa forma e não há nada de
errado comigo. Gosto de jogos sujos e de um certo nível de
dor quando vem do homem que amo mais do que minha
própria alma. Não peço desculpas para o amor que faço. Não
vou pedir perdão pela minha diferença. Eu celebro isso. Luto
por isso.
Ele corou um pouco no minuto que ela mencionou a
palavra sexo. Ele ignorou tudo, menos suas últimas palavras.
— Lutar por isso?
Aqui estava onde ela ia pegá-lo. Evans obviamente
mentiu para ele. O homem tinha problemas com mulheres
sendo machucadas. O pensamento de que ele podia ter
matado Kristen - Deus, ela esperava que não fosse assim - o
rasgou. Era hora de dar-lhe a verdade sobre seu chefe. — Eu
fui estuprada e torturada por um homem que usou o meu
estilo de vida contra mim. Ele me machucou uma e outra vez
e me falou o quão pervertida eu era, como eu era uma puta
por querer o que eu queria.
Ele corou de novo, passando a mão pelo cabelo. — Eu
sinto muito por ouvir isso. Eu.... Eu não desejaria isso para
ninguém. Queria que você ficasse longe disso.
— Isso era o que ele queria. Ele queria tomar algo
precioso de mim, e eu não ia deixá-lo. — Um poço de força
parecia ter aberto dentro dela. Ela foi uma psicóloga
estudando a mente humana pela maior parte de sua vida,
mas ela aprendeu que embora sentisse empatia, às vezes as
coisas tinham que ser experimentadas para serem totalmente
compreendidas.
Ela só era vítima dele até onde se permitia ser. Ela não
esteve no controle do que Evans fez para ela, mas estava no
controle de como reagiu. Ela deixou aquele monstro tomar
vários anos dela. Não permitiria que ele tomasse seu marido,
também.
Ele balançou a cabeça e pareceu chegar a uma decisão.
— Porque é que o seu marido está fazendo isso?
Seria hora para honestidade? — Há anos que ele tem
vindo a procurar o homem que me machucou.
Os punhos de Jesse cerraram e seus os olhos
apertaram. — E este homem está aqui?
Sim, era definitivamente a hora da honestidade. Ele
estava no limite. Ela só tinha que direcioná-lo. Ele poderia ser
transformado e ela podia fazer dele um aliado ao invés de um
inimigo. Ele podia provavelmente levá-los direto a Evans. —
Sim, Jesse. Seu chefe me sequestrou, estuprou e me
torturou. Michael Evans fez isso e ele tem machucado um
monte de mulheres. Eu não sei o que ele disse a você, mas é
mentira. Alex foi o agente do FBI que o pegou. Ele está
trabalhando no setor privado agora, mas ainda tem conexões.
Quando a gente pegar Evans, se ele estiver vivo no final, nós
vamos entregá-lo.
Jesse parou, olhando para ela. — Isso é impossível.
— Não. Basta ler as notícias sobre ele, Jesse. É tão
simples. Procure por ele na Internet. Michael Evans é um
monstro. Ele é um estuprador e um terrorista, e está
vendendo drogas pelo clube em que estamos trabalhando.
— Eu sei. É exatamente por isso que tenho caçado ele.
Ele não é meu chefe. Eu trabalho para o FBI. Você entende?
Eu não sou o cara mau. Sou um Federal e você é uma
mentirosa.
Todo o seu corpo ficou frio. — Você está trabalhando
para o SAC?
Ele estava trabalhando para Petty. Petty, que telefonou
meia hora antes de Michael Evans sequestrá-la. Ele disse a
ela que ele estava trazendo Alex para casa.
Petty, que sabia onde ela estava e quantos guardas
estavam olhando por ela. Ele os selecionou pessoalmente.
Petty, que conhecia a casa deles tão bem quanto a sua
própria. Ela sempre se perguntou como eles sabiam
exatamente por quais janelas entrar e como se mover pela
casa.
Houve uma batida na porta. Jesse se levantou e deu um
longo suspiro. — Agora você vai ver. Esse é o agente especial
Petty. Ele vai esclarecer isso e você vai descobrir que seu
marido tem mentido para você.
A verdade era quase demais para suportar, mas ela não
podia questioná-la agora. Ela não conseguia imaginar um
motivo para Jesse mentir. Mas ela conseguia imaginar uma
razão para Petty mentir. Carmen Garcia.
Quão longe o amigo deles foi?
— Ele sabe que estou aqui? — Ela praticamente
guinchou a questão. Ele colocou Jesse em cima deles,
mandou atirar em Alex. — Será que ele sabe que Alex não
está morto?
Ele olhou para a porta. — Ele sabe que eu te trouxe. Eu
não ia mentir. Ele sabe que eu ia tentar apagar McKay mais
cedo. Tenho que dizer-lhe agora. Vou fazê-lo ver a razão em
relação a você.
— Não abra essa porta, Jesse. Ele terminou com você.
Ele está prestes a ter tudo o que quer e não precisa mais de
você. Por favor, não abra.
Ele balançou a cabeça enquanto se aproximava da
porta. — Nós somos os bons.
A porta se abriu e Warren atravessou. Ela não o viu em
anos e pensou que ele estava fora de sua vida. — Eu acabei
de receber a sua mensagem. Você não matou a mulher?
Jesse balançou a cabeça, indo mais para dentro do
espaço. — Não, Senhor. Eu queria falar com você sobre isso.
Toda a atenção dele estava voltada para Jesse. Ele não
se incomodou em olhar para ela. Warren seguiu cada
movimento de Jesse. — Mas você levou a cabo o ataque
contra o McKay? E agora você tem sua mulher como
prisioneira?
— Sim. — Jesse respondeu.
— Excelente. — Petty enfiou a mão no casaco e puxou
uma arma de aparência desagradável. — Então, seu trabalho
está feito, filho.
— O quê? — A pergunta saiu como um grito. A mão de
Jesse foi para o bolso do casaco, mas ele não foi rápido o
suficiente.
Um pequeno assobio soou através do ar, o silenciador
na ponta da pistola fazendo seu trabalho. O grande corpo de
Jesse estremeceu e então ele olhou para ela, seus olhos
ficando tão tristes enquanto caía de joelhos e depois para a
frente. Ele bateu no chão com um pouco de tremor.
— Eve, você realmente devia ter deixado o passado para
trás. — Warren Petty finalmente voltou sua atenção dele para
ela, pisando em torno do corpo de Jesse. — Oh, bem, pelo
menos agora eu posso pagar uma dívida que tem estado
pendurada sobre a minha cabeça há anos. Evans continua
querendo você, querida. Acho que é hora dele te ter de novo.
Ele levantou a arma, apontando-a bem na direção da
cabeça de Jesse. Uma bala no coração obviamente não era
suficiente para Warren. Antes que pudesse disparar, Eve
correu para ele, apanhando-o desprevenido, caindo juntos
contra a parede.
Eve forçou o corpo a se levantar. Ela tinha que sair pela
porta.
— Não tão rápido. — Warren encostou a arma na cabeça
dela. — Nós vamos jogar isso do meu jeito. Mexa-se. Estamos
saindo daqui.
Ela não tinha escolha a não ser seguir em frente e rezar
para que Alex pudesse encontrá-la a tempo.
Alex se aproximou das portas de metal, ciente que era
provavelmente um homem marcado. Quem quer que tivesse
atirado nele hoje deveria ter relatado a Chazz. E isso não
significava absolutamente nada, porque ele não iria morrer,
não hoje. Ele iria encontrar sua esposa e trazê-la de volta.
Ele agarrou as portas e rosnou quando descobriu que
estavam trancadas.
Ele ouviu a porta sendo destrancada e, em seguida, a
porta se abriu. Um dos grandes seguranças estava na porta,
os ombros enormes bloqueando o caminho. Alex não
conseguia lembrar qual era o seu nome, só pensava nele
como Idiota Grandalhão.
O segurança franziu a testa. Sua aparência Neanderthal
não ajudava na sua atratividade, parecia que ele era um
assassino contratado. — Você foi demitido. Chazz ligou há
dois minutos e disse que não deveria deixá-lo entrar.
Não deveria me deixar entrar? Que tipo de idiota era
Chazz? Se tivesse sido eu, teria dado uma ordem de matar ou
sumir com o assunto de vista e não um: “Hey, ele foi
demitido. ”
— Eu receio que não posso deixar essa situação do
emprego assim. Preciso falar com Chazz.
Os olhos do segurança apertaram. Sua mão se contraiu
ao lado como se ele estivesse tentando tomar a decisão sobre
como agir. Talvez as ordens de Chazz tenham sido um pouco
mais duras, mas o grandalhão não era um assassino
endurecido. Ainda não. Alex iria usar isso a seu favor.
Ele chutou a porta, empurrando-a contra o peito enorme
do homem. Alex podia apostar que toda a sua força, tirando
os esteroides, foi conseguida em uma academia.
— Hey! — O grandalhão perdeu o equilíbrio, provando
que não tinha nenhuma experiência real. — Cara, você não
pode entrar aqui.
Alex não hesitou. Não parou para conversar com o filho
da puta. Ele tinha um objetivo em sua cabeça, e ninguém
entraria em seu caminho. Agarrando o cara pela camisa, Alex
puxou sua arma, apontando-a no meio da cabeça do
segurança. — Você deveria sair agora. E se você chamar a
polícia, eu vou te encontrar. Você vai acordar no meio da
noite e eu estarei lá de pé em cima de você. Você não vai
morrer rápido. Eu vou me certificar disso. Você me entendeu?
Alex estava certo, o cara não era treinado. Agentes mais
capacitados não se assustariam com uma pequena ameaça e
uma arma apontada para a testa.
Ele estava fora da porta no minuto em que Alex o soltou.
— Eu tenho o seu garoto. Chazz estava no topo da
escada, uma arma na mão. Apesar de encenar, Chazz parecia
bastante frio. Ele acreditava que estava no controle.
Ele acreditava que tinha Sean, mas Alex não acreditaria
até que visse, embora Sean não tenha respondido seu celular.
Ele precisava descobrir quão funda a merda estava e
seria capturado apenas para seguir seus planos, já que ele
precisava ser levado para onde quer que Eve estivesse.
Alex colocou a arma no chão e ergueu as mãos. Se
quisesse matá-lo agora, ele teria feito, mas Alex descobriu
que ele tinha duas facções na mão. — Você está trabalhando
para Evans ou o meu antigo parceiro?
Chazz franziu a testa. — Eu trabalho para Michael
Evans, Sr. McKay. Eu sou seu braço direito.
Ele era o seguro de Evans, mas não apostaria isso
agora. — Então ele não lhe contou que está trabalhando com
um federal?
Chaos era seu melhor amigo.
— Você está mentindo, mas tem atrapalhado tudo, não é
verdade? Você e Kris. Onde diabos ela está afinal? — Ele
começou a descer as escadas, assim como dois outros
seguranças que apareceram. Eles eram como o grande idiota
da porta, grandes e mudos, mas pelo menos tinham armas.
Eles pegaram os braços de Alex.
— Kris foi baleada, provavelmente está morta. Você está
me dizendo que não tentou atirar em nós mais cedo? — Seu
cérebro correu com as possibilidades. Chazz não podia
desconfiar que ele não sabia de nada.
Seu celular tocou no bolso. Adam, ele esperava. Ele
esperava que Adam tivesse descoberto quem era o atirador. A
ambulância levou Kristen, quando Alex saiu do edifício com a
ajuda de Adam. Adam desempenhou o papel de testemunha,
explicando à polícia que ele não tinha ideia do que aconteceu,
que só encontrou a garota no chão e tentou salvar a sua vida.
E foi então que a esposa de Adam provou ser uma
ajuda. Alex parou na rua logo acima do edifício e viu como ela
agiu quando chegou, como se fosse a dona do lugar, correndo
para o marido e abraçando-o. Serena parecia doce e frágil,
com a mão em sua barriga para mostrar o bebê crescendo lá.
Qualquer coisa para Adam não ser levado para a delegacia e
ser indiciado, quando Alex precisava dele no computador.
Alex dirigiu até a estrada e pegou Jake, certo que Adam
estaria lá quando precisasse dele.
Alex permitiu que os dois seguranças colocassem as
mãos sobre ele, arrastando-o para Chazz. Jake estava lá fora,
esperando o sinal de que ele era necessário.
Havia apenas três deles. Jake poderia tirar uma soneca,
mas antes de Alex levar todos para fora, ele precisava
descobrir onde Sean estava.
— Alguém matou Kris?
Merda. Chazz não sabia. Ele não era tão bom ator.
Evans não iria mantê-lo no circuito. — Sim, ela levou um tiro
no peito. Ela está morta.
Deixei-o pensar naquilo. Talvez Evans ficasse puto ao
saber que sua garota foi pega no fogo cruzado.
"Ele quer você vivo."
O rosto de Kristen o assombraria. Provavelmente por um
longo tempo. Ela parecia quase feliz por ter se sacrificado por
seu amante.
Evans a manteve fora do circuito, também? Por que
mais ela teria interrompido seus planos?
— Porra. Mikey não me pediu para fazer isso. — Chazz
apontou para a parte de trás do clube. — Mas alguns de
nossos amigos me alertaram da sua presença aqui, McKay.
Mikey gostariam de ter uma conversa com você.
— Já que ele está com a minha esposa, eu gostaria de
falar com ele também.
Novamente Chazz franziu a testa e Alex sentiu seu
estômago apertar. — Eu não sei nada sobre isso também.
Acabei de receber um telefonema do chefe e ele descobriu que
você não é quem você diz ser. Eu só estou aqui para manter
você e seu garoto no gelo até Mikey decidir o que fazer com
vocês. Tragam-no para a cozinha. Vamos mantê-lo com o
outro.
Alex os seguiu, fazendo um inventário das armas em seu
corpo. Ele pegaria sua SIG de volta, mas havia uma semi na
bota direita e uma faca na esquerda. O carro de Jake estava
carregado de armas sob um fundo falso no porta-malas.
O idiota musculoso e sem cérebro que muito
provavelmente morreria em breve, deu-lhe um empurrão
pelas portas duplas da cozinha. Mais três seguranças do
Chazz estavam lá dentro. Eles estavam prontos e
aparentemente esperando. Alguém os avisou. Avistou Sean,
fazendo um estudo cuidadoso, mas rápido da cozinha. Um
grupo de fornos de aço inoxidável estavam à sua esquerda,
com dois refrigeradores grandes à sua direita. A estação de
exposição situava-se entre eles. Alguém enviou o resto da
equipe para casa pelo que parecia. Eles estavam sozinhos na
grande cozinha com nada além do pessoal de segurança.
Onde estava o garoto? Alex olhou para os seguranças,
mas nenhum deles era Jesse Murdoch.
— Hey, eu tive uma manhã difícil, irmão. — Sean estava
sentado na parte de trás da cozinha perto de um grande
espaço de preparo. A cadeira em que estava, apoiava num
cortador. Parecia que ele foi pego enquanto estava
trabalhando. Seu conjunto de facas estava jogado e havia
pilhas de ervas e cebolas no balcão, precisamente cortados e
picados. Sean tinha um belo olho roxo e um par de
contusões. Por quê? Quantos idiotas foram enviados para
ele?
— Eu posso ver isso. Parece que você foi derrubado por
um time de beisebol. — Eles muitas vezes usavam referências
desportivas para obter informações. Ele não podia
simplesmente sair e perguntar a Sean quantos homens
estavam à espreita.
— Mais como uma linha ofensiva pouco antes do snap.
— Sean atirou de volta.
Sete então. Sete jogadores ofensivos ficavam na linha de
scrimmage no futebol. Alex rapidamente contou. Seis homens
estavam na sala com eles e o grande idiota fugiu,
provavelmente para os braços de Jake, que estaria fazendo as
mesmas perguntas.
Brisa fácil.
— Eu deveria saber que você ia ferrar tudo. — Alex disse
para Sean. — Você foi amarrado.
Os olhos azuis de Sean fecharam brevemente como se
ele não pudesse suportar a vergonha. — Perdi minha melhor
faca também. Foi um dia ruim. Estou pronto para acabar
com isso. Sei tudo o que preciso saber.
Bom. Era por isso que ele amava trabalhar com Sean.
Eles se comunicavam muito bem juntos. Ele rapidamente
decodificou a informação que Sean deu com algumas frases
simples. Sean conseguiu manter sua lâmina de três
polegadas e já trabalhou através das ligações. Ele estava
pronto para ir quando Alex estivesse.
— Pegue outra cadeira para o novo idiota. — Chazz
ordenou. — Nós temos que mantê-lo aqui até que o chefe nos
diga para onde levá-lo. Não deve ser mais do que algumas
horas.
Um dos seguranças saiu para cumprir as ordens do
chefe.
— O prazo mudou. Chazz recebeu um telefonema uma
hora atrás. Disse Sean.
Então é por isso que ele se permitiu ser capturado. Com
apenas sete caras não treinados, não havia nenhuma
maneira de Sean ser preso sem uma luta.
— Eu não mandei você falar. — Chazz respirou fundo, e
seus olhos se estreitaram. — Agora que tenho o seu amigo
aqui, não sei porque ainda preciso de você. Eu derrubei você
porque pensei que poderia precisar de vantagem se ele
aparecesse. Mikey não disse nada sobre manter você por
perto. Pode funcionar com apenas um de vocês. Eu tenho
alguns problemas para resolver. Ele provavelmente vai fechar
este clube agora. Nós vamos ter que mudar e tudo porque
vocês dois são porras de policiais.
— Foi isso o que ele disse? E como foi que o seu chefe
descobriu? — Alex balançou ligeiramente a cabeça, dando um
sinal a Sean. Ele trouxe dois dedos até o peito, arranhando
um pouco. Dois minutos para ir. Ele tinha algumas coisas
para descobrir antes de chegar à parte onde Chazz choraria
muito e, provavelmente, borraria nas calças.
— Isso não é da sua maldita conta! — Chazz gritou de
volta.
— Eu não sou um policial.
Chazz bufou. — Sério? E por que eu deveria acreditar
em você?
— Eu costumava ser um policial, um federal na verdade.
Costumava trabalhar com o homem que acredito que está
fornecendo a seu chefe a informação. Alex explicou.
Sean revirou os olhos, mas permaneceu em silêncio.
Alex olhou para Chazz. — A questão agora é quem levou
a minha esposa: O seu chefe ou o meu ex-parceiro.
Todo o corpo de Sean ficou tenso.
— E quem matou Kris. — Alex anunciou.
O rosto de Sean ficou vermelho. — Você está brincando
comigo?
Chazz sacudiu a cabeça. — Eu disse que não ordenei
isso, mas se o patrão fez, então, a cadela precisava morrer.
— Alex. — Sean sussurrou seu nome.
A coisa com Kristen ia matá-lo até que ele tivesse uma
resposta. Esperava que ela tivesse sobrevivido. — Sim, vá,
mas eu preciso do idiota.
Sean moveu-se com a graça de um predador natural.
Num minuto ele parecia estar bem amarrado, e no próximo
ele estava de pé, uma faca na mão. Ele a jogou pelo ar e
atingiu atrás, acertando dois fora do balcão. Antes que
alguém pudesse se mover, Sean tinha colocado facas em três
dos seus captores, duas no peito e uma terceira cortou a
jugular do leão de chácara. Ele desceu e agarrou a coisa,
puxando para fora, uma poça de sangue no chão.
Alex enfiou o cotovelo no homem e no processo atingiu
seu xifóide direito e apenas continuou, concentrando a força
do soco no peito do homem com a intenção de enviar o osso
delicado no final do esterno diretamente para o coração de
seu oponente. O homem que ele segurava caiu no chão.
Alex virou-se para Chazz, que virou para os fornos. Ele
ergueu a arma, mas não pode esconder o tremor em suas
mãos.
— Para trás ou vou acabar com isso agora, disse Chazz.
— Eu tenho mais caras vindo.
— Ele não tem. — Disse Sean. — Ele mandou todos
embora depois que recebeu o telefonema. Foi quando sua
pequena brigada de capangas começou a me bater.
Alex casualmente estendeu a mão e puxou sua
semiautomática da bota. Chazz ficou olhando entre os dois
como se estivesse tentando decidir qual víbora atirar
primeiro. — E você decidiu jogar com eles?
Sean deu de ombros, virando uma grande faca. Ele
segurou-a na mão, jogando-a casualmente e capturando-a
novamente. — Eu pensei que eu deveria jogar junto. Kris está
realmente morta?
— Eu não sei. Tive que fugir do local. Adam estava com
ela.
— Eu não a matei. — Chazz disse. — Eu não pedi uma
batida em ninguém. Merda, não faço as regras aqui. Apenas
mantenho minha cabeça para baixo e faço o que me pedem.
— Como você fez na prisão. Foi lá que Evans recrutou
você? Ele deve ter lhe contado sobre mim e ainda assim você
não parece se lembrar do meu nome.
— É McKay. O que isso tem a ver com alguma coisa? —
Perguntou Chazz.
— Alexander McKay. Eu era o SAC encarregado do seu
caso. Eu o prendi.
— Merda. Ele pegou sua esposa...
Alex disparou, colocando uma bala na mão de Chazz. De
repente, ter um furo em sua palma tornou difícil para ele
manter sua arma. Caída no chão enquanto Chazz gritava e
colocava a mão contra o peito.
— Você vai falar de minha esposa com respeito. — Alex
explicou. — E vai me ajudar a encontrá-la.
Sean ergueu a enorme faca. — Você sabe o que é isso?
Chazz tinha lágrimas escorrendo pelo seu rosto. — É
uma faca.
Sean sacudiu a cabeça. — Ah não. Esta é uma obra de
arte. Esta é uma faca de cerâmica para sushi de sete
polegadas. Eu gosto de brincar com ela. A cerâmica é apenas
um grau abaixo do diamante na escala de dureza. Esta faca
foi feita para desossar um peixe e fazer delicados e lindos
cortes. É um pouco como eu. É muito precisa, mas pode
causar alguns danos sérios. Você gostaria que eu fizesse um
filé de você, Chazz?
Chazz ficou branco como uma folha de papel. — Eu não
sei de nada. Era para Mike vir em alguns dias e passar algum
tempo na fazenda, mas esta manhã, ele me ligou e diz que
ferrei tudo. Ele disse que deixei você entrar e eu não deveria
ter feito e a única maneira de compensar isso é manter você
aqui, se viesse. Ele disse que tinha alguém mais esperto do
que eu para lidar com isso, mas este foi o Plano B. Acho que
ele pensou que você viria aqui caso quem era para matá-lo
falhasse. Eu deveria mantê-lo preso.
Fazenda? Ele não ouviu nada sobre uma droga de
fazenda, mas agora ele tinha outras perguntas. — Quem
exatamente?
A voz de Chazz falhou. Ele ficou olhando para os corpos
ao seu redor. — Você, o chef aqui e sua mulher. Eu não sabia
que ele estava falando sobre sua esposa. Eu deveria ter
percebido, porque ele tinha aquele tom de voz quando disse
'mulher'. Ele sempre me disse que não deveria tê-la deixado
ir, mas ele fez um acordo, você sabe.
Oh agora eles estavam chegando a algum lugar. — Ele
fez um acordo?
— Sim. Eu não sei com quem. Acho que foi com o
mesmo cara que o tirou da prisão. É tudo o que sei, porra.
Ele não me diz nem onde eu tenho que ir buscá-lo. Ele só
aparece na porta com seus guarda-costas. Eu nem sei onde
ele fica.
As portas atrás deles foram abertas e Jake chegou
empurrando o sexto homem para frente. — Você perdeu um.
E Adam ligou. Serena teve uma dor súbita e precisou se
deitar. Os policiais disseram que ele poderia ir mais tarde e
dar seu depoimento. Ele puxou as imagens das câmeras em
todo o litoral. O tiro veio de alguém dirigindo um carro
alugado. Ele o abandonou antes de cruzar o pedágio na
estrada, então tinha que ter outro veículo esperando por ele.
O nome Murdoch significa algo para você? E eu deveria matar
esse cara ou colocá-lo no gelo?
Ele mataria o filho da puta. — Deixe-o no gelo. Não
precisamos de mais corpos para esconder. Chazz, você vai me
dizer absolutamente tudo que você sabe sobre Jesse
Murdoch, começando com onde ele vive.
Ele forçou o pânico para longe, tentando ser forte.
Eve precisava dele.
Jesse reprimiu um grito. Seus pulmões doíam para
caralho. O maldito colete à prova de balas não era à prova de
balas o suficiente. Ele o colocou esta manhã porque ele
seguia um protocolo quando se tratava de uma operação.
O que foi muito bom, já que ele foi baleado por seu
próprio chefe filha da puta. O tiro passou direto. À queima-
roupa, a bala pode não ter atingido o seu coração, mas tirou
sua respiração.
Tinha que encontrar o Master A. Alex McKay. Ele tinha
que encontrar o homem que tentou matar.
Merda, merda, merda. Ele matou Kris e ele não queria.
Ele ferrou as coisas novamente e ele não tinha certeza do
porquê.
Houve um grande estrondo quando a porta do loft se
abriu.
Merda. Eles voltaram para terminar o trabalho. Deus,
ele não conseguia respirar. O colete era muito apertado. Ele
podia sentir algo molhado contra sua pele. Droga, a bala
atingiu muito perto. Apesar do Kevlar, ele foi atingido. Quão
longe a bala chegou? Quanto tempo ele tinha?
Ele queria fazer direito. Ele deixou sua cabeça
escorregar de volta para o chão, a madeira fria fazendo-o
tremer. Ele só queria deixar seu pai orgulhoso.
Ele tentou. Após mamãe morrer e o rancho ter falido, ele
só queria ser capaz de manter a cabeça erguida.
Ele pensou naquela estrela de ouro que estava presa no
manto. Sua mãe colocou lá depois que seu pai morreu.
Isso é o que o seu pai era. Ele era uma estrela. Agora as
pessoas dizem que estrelas são atores e cantores, mas estão
erradas. Verdadeiras estrelas são as pessoas que deixaram de
lado suas próprias vidas para fazer o bem. Tal como o seu
pai.
Vinte e sete anos e ele ainda estava perseguindo o
legado de seu pai. E ainda estava longe.
Será que seu pai sabia? Deus, ele esperava que de
alguma forma no céu seu pai soubesse que ele nunca traiu
seu país. Ele foi fiel. Foi por isso que ele se tornou um alvo
para eles. Ele não traiu. Nunca deu qualquer coisa além de
seu nome, posto e número de série, mesmo quando
empurraram um ferro quente em seu peito. Mesmo quando
ele pensou que cortariam seu pau fora.
Mas eles ainda encontraram uma maneira de quebrá-lo.
Eles tomaram o seu nome. Deus, eles tomaram o seu nome e
sua honra.
Mas ninguém tomou sua alma.
— Ali está o pequeno filho da puta. Merda.
Ele não precisou procurar por McKay. Mckay o
encontrou.
— Ele está morto?
Ele poderia fingir. Poderia deitar aqui e ninguém
saberia. Mas isso seria covardia, e ele não era um covarde,
então forçou sua cabeça para cima. — Ele a levou.
Um grito explodiu de seu peito quando o viraram.
McKay o olhava e ele podia jurar que havia chamas saindo de
seus olhos. — Quem? Diga-me para quem diabos você está
trabalhando.
Ele forçou a palavra em sua garganta. Deus,
precisava tirar o colete.
— Federais.
— Seja mais específico.
— Sargento Petty. Ele entrou em contato há alguns
meses atrás e me ofereceu um trabalho disfarçado. — Na
época, Jesse ficou incrivelmente contente com a oferta. Era
uma maneira de voltar, voltar a ser um bom cara em ação.
Ele aceitou. Ele foi um idiota.
— Os federais não trabalham disfarçados. — Disse uma
nova voz.
McKay não veio sozinho. Jesse se forçou a olhar ao
redor. Havia dois homens com McKay. Sean Reilly, embora
não sabia se esse era o seu nome verdadeiro e um homem de
cabelos escuros com uma carranca fechada.
— Ele está mentindo. — Disse Sean.
— Por que ele iria mentir sobre isso?
— Porque ele sabe muito bem que vou matá-lo quando
me disser a verdade. — McKay pronunciou.
Morte. Era para onde ele iria de qualquer maneira. Ele
pensou sobre isso. Pensou muito sobre isso. Em seus piores
momentos, pensou em apontar a sua arma e chamá-la um
dia. Ele nunca fez nada de valor. Foi um fardo que sua mãe
deixou. Ela amava seu pai, mas não teve coragem de amá-lo
também. Sua mãe teve que trabalhar para alimentá-lo
quando tudo o que ela queria fazer era pescar, mas não podia
se dar ao luxo de criar uma criança com ajuda do serviço
social.
Seu pai nem sequer o conheceu.
— Vá em frente. — No final, ele não poderia puxar o
gatilho. Mas McKay podia.
Alex McKay parou, franzindo a testa. Palavra engraçada,
franzindo. Ele riu um pouco. Nada a fazer a não ser rir de
quão espetacularmente sem significado sua existência foi.
— Você tentou me matar? Mckay perguntou.
Uma resposta simples. — Ah sim.
— Por que você pegou minha esposa?
Não tão simples. — Eu não poderia machucá-la. Ela era
inocente. Queria salvá-la de você e ela me mandou sair. Não
era tão fraca quanto eu pensei. Isso foi um erro. Tudo é um
erro. Não quis matar Kris. Só você.
McKay rosnou e deixou-o cair, sua cabeça batendo no
chão. Deus, tudo doía. Quando iria parar?
— Que razão Petty deu para me matar? — McKay
perguntou, olhando para ele como se fosse um percevejo que
ainda podia ser pisado.
Não havia nenhuma razão para esconder nada agora.
Ele foi jogado fora. Ele não tinha ideia se McKay era um cara
bom ou um cara mau. Ele simplesmente não se importava
mais. — Ele não tem que me dar uma razão. Ele estava no
comando.
Sean colocou um joelho no chão, seus olhos azuis o
atravessavam. — Qual era a sua missão, soldado?
— Ele não é.... — McKay começou.
Sean sacudiu a cabeça e McKay se calou. — Qual era a
sua missão?
Finalmente, uma pergunta que ele podia responder.
Cada palavra fez sua dor no peito aumentar, mas ele forçou-
se a falar. — Eu deveria me infiltrar na organização de Evans.
Meu superior acreditava que St. Augustine era o mais
vulnerável dos oito clubes. Ele gostava de cidades pequenas.
Disse que a aplicação da lei era mais leve em cidades
menores. Eu deveria me aproximar de Chazz para reportar as
atividades do grupo. Descobri logo no início que eles estavam
tentando criar uma infraestrutura no local para transportar
as drogas. Eles também fariam lavagem de dinheiro para
cartéis. Consegui descobrir há alguns dias atrás que Evans
estava vindo. Entrei em contato com meu superior.
— Deixe-me adivinhar. — McKay disse. — Ele lhe disse
para esperar e assistir.
— Sim. Eu fiquei surpreso. Eu pensei que descobrir era
tudo a fazer.
McKay franziu a testa. — E você nunca pensou em olhar
para o caso por si mesmo? Você saberia meu nome se tivesse
olhado para o caso. Eu era o policial que o prendeu.
— Hey, dê uma pausa a ele. — Sean disse.
— Por que diabos eu deveria? Além disso, por que
diabos você o trata com cuidado?
— Porque eu estive no Exército por anos, cara. Você
ficou por um tempo e saiu. Eu e Jake sabemos como é. —
Sean respondeu.
— Você não faz perguntas. — O homem que devia se
chamar Jake acrescentou. — Você segue ordens. É possível
que tenha pensado que estava fazendo a coisa certa. Petty
aproveitou a sua formação. Ele sabia que o garoto não iria
mergulhar muito fundo. Apenas seguiria as ordens.
Deus, isso o fazia parecer como um idiota, mas era
verdade.
— Por que você? — McKay perguntou. — Deve haver
centenas de ex-soldados sem emprego lá fora. Por que buscá-
lo?
A vergonha o encheu. — Porque Evans tem laços com
jihadistas.
— E todos eles acham que você voltou. — McKay passou
a mão sobre a sua cabeça. Merda, Petty sempre foi
inteligente. — Onde está a minha esposa?
Mas que porra, ele desejava saber. — Eu disse que ele a
levou.
— Onde?
— Eu não sei. — Ele tentou se lembrar de algo. Ele
ouviu Petty dizer algo a ela, quando ele caiu. — Ele disse que
tinha uma dívida para pagar e ela o faria. Algo sobre isto
pairar sobre sua cabeça por um longo tempo. Ele estava
trabalhando com Evans, não estava?
— Sim. — McKay deu um passo para trás, seu celular
na mão. Ele virou. — Adam, eu preciso que você encontre
cada aeroporto particular num raio de cinquenta milhas da
cidade. Procure por qualquer coisa semelhante. Evans está
chegando hoje à noite.
Ele ferrou tudo novamente. — Posso ajudar?
O loiro grande balançou a cabeça. — Não. Não, a menos
que você tenha um sistema de rastreamento do filho da puta.
Quão ruim você foi atingido? Você está usando um colete? ”
Jesse assentiu. Ele não podia ter certeza se o outro
homem não estava apenas tentando tirar informações para
que pudesse matá-lo, mas isso não importava.
Nada importava porra.
Ele gemeu quando Sean e o cara que estava com Chazz
algumas noites atrás tentaram ajudá-lo a tirar o seu colete. A
dor passou por ele.
— Esse colete funcionou bem. Isso é um tiro no coração.
— Disse Sean.
Jesse olhou para baixo. Havia uma pequena ferida à
direita sobre o coração. Seu peito tinha um traço de sangue
de onde a bala perfurou o colete. Se ele não tivesse um
ataque paranoico, estaria morto. Como Kris.
Outra mulher que ele tinha que expiar.
— Você vai me matar ou chamar a polícia? — Jesse
realmente não se importava. Ele só queria saber como os
próximos cinco minutos de sua vida seriam. — Eu vou
confessar sobre Kris.
— Ela está em cirurgia. — Sean disse. — Adam está
monitorando a situação. E nós não vamos matá-lo. Acredite
ou não, eu realmente sei o que significa ser usado por um
superior. E Jake aqui era apenas um bronco. Adam é o
cérebro dessa operação. Jake teria atirado primeiro e
perguntado depois. Ian o treinou.
— Foda-se, Sean. O que ele não disse a você é que ele
era meu maldito CO.
Eles estavam reclamando um para o outro, mas era tão
fácil ver que eram amigos. Todos os seus amigos estavam
mortos ou os que restaram se afastaram dele.
Kris ainda estava viva. Graças a Deus.
McKay voltou, seu rosto desfigurado. — Há nove
possíveis locais.
— Merda. — Disse Sean. — Isso é muito. Precisamos
nos separar.
Jesse forçou seu cérebro a trabalhar. Ele tinha que
saber alguma coisa. O que Chazz falou? Nem tudo fazia
sentido. Ele falou sobre ir à fazenda para pegar o chefão. —
Há alguma coisa sobre uma fazenda?
McKay verificou sua lista. — Bartwell Farms tem uma
pista de pouso privada.
— É isso. — Tinha que ser.
— Porra. Isso é o que ele queria dizer. O pequeno filho
da puta disse que não sabia de nada. Espero que Chazz
congele suas bolas. — McKay parou. — Se você estiver
mentindo para mim, precisa saber que eu vou....
Jesse poderia terminar essa frase. — Fará todo tipo de
coisas que me farão desejar a morte antes que você realmente
me mate. Entendi. Agora ouça. Juro pela honra do meu pai
que estou dizendo a verdade. Eu farei qualquer coisa para
reparar meus erros. Do que posso dizer, Petty está sozinho e
Chazz falou sobre o fato de que Evans geralmente trazia cinco
caras com ele. Você precisa de mim.
McKay bufou. — Eu acho que posso lidar com isso.
— Eu tenho um arsenal.
— Como se eu tivesse vindo sem armas... — McKay
começou a sair para a porta. Seu celular vibrou. — É Adam.
Ele saiu, deixando Jesse sozinho com Sean e Jake.
— Você tem um rifle sniper? — Sean perguntou. — Nós
somos bons com armas de fogo, mas poderíamos usar algo
com alcance. Alex não está pensando.
— Alex provavelmente não quer ter nada a ver com o
garoto que quase o matou. — Jake murmurou.
Mas Jesse já estava indo para o rifle. Ele tinha mais de
um. Seu pequeno sótão não tinha livros ou filmes, mas sim
uma tonelada de armas e munição por metro quadrado. Ele
abriu a porta do closet que fez como sua própria loja de
abastecimento particular.
Jake assobiou. — Aquilo é um C-4? Você está brincando
comigo?
Jesse deu de ombros. Todo mundo precisava de um
hobby. — Eu gosto de estar preparado, senhor.
— Nós não somos seus oficiais superiores, cara. É
apenas Jake. — Jake praticamente salivou. — Aquela é uma
P90, porra?
Jake acariciou a metralhadora belga. Era altamente
restrita. Jesse gastou muito dinheiro para comprá-la no
mercado negro.
— Você pode levá-la. Pode vir a calhar. — Deus, ele
soava como uma criança de cinco anos de idade, tentando
fazer um amigo.
Sean ficou com o seu SR-25 e um cartucho extra. —
Isso deve bastar.
Jake suspirou e Jesse quase teria jurado que ele
sussurrou algo para o P90 antes de se afastar.
Alex abriu a porta de novo, seu corpo grande se
inclinando pelo quarto. —Adam tem uma pista sobre aquele
idiota que pegamos. Ele foi para Bartwell Farms.
Um sorriso aliviado surgiu no rosto de Sean. — Não quer
dizer o idiota que pegou Eve? Você precisa ouvir o final disto,
cara. Vamos pegar sua garota.
— Graças a Deus. — Jake disse, seguindo-os.
Eles iriam deixá-lo para trás. Ele colocou a mão sobre o
pequeno buraco que a bala deixou. Suas costelas doíam, mas
isso não importava. Os três homens estavam na porta,
deixando-o para trás, e ele fez a única coisa que não fazia há
anos. Não sem tortura ou perigo de morte. Nem quando todos
o que importavam se afastaram, ele disse uma pequena
palavra.
— Por favor. — Era sua última chance.
McKay caminhou pela porta. Sua voz flutuando de volta.
— Se você chegar até o carro antes que eu saia, eu poderia
pensar em usar você como um escudo humano. E, Murdoch,
se minha mulher estiver morta, eu vou levá-lo para o inferno.
Ele chegou à porta, praticamente correndo para
acompanhar.
O que quer que aconteceria, ele merecia. De uma forma
ou de outra.
Seus pulsos estavam sangrando e ela ainda não
conseguia escapar dos lacres.
— Vamos lá, Eve. Precisamos nos mover. — Warren foi
estranhamente educado desde que atirou em Jesse. Ele
estendeu a mão para as suas e puxou-a na posição vertical.
Ele bateu nela novamente. Ela estava realmente
cansada de ficar inconsciente. Ainda assim, deu-lhe uma
visão realista. Quanto mais tempo ela ficasse longe de
Michael Evans, mais chance Alex tinha de recuperar o atraso.
Ela balançou a cabeça como se estivesse tentando limpá-la.
— Estou tonta. O que você usou em mim?
— Nada que vá matá-la. — Ele pegou o braço dela sob o
cotovelo, estabilizando-a. — Vamos. Você precisa sair.
Abrindo um pouco os olhos, ela podia ver que o sol da
tarde estava diminuindo. Entre Jesse batendo nela e Petty
empurrando uma agulha em seu braço, o dia foi
desperdiçado. Parece que estava na parte de trás de um
carro. Seus pés estavam desamarrados, mas suas mãos
ainda estavam no lacre que o maldito Jesse colocou. Onde
estava agora? E quão atrasado estava Alex?
— Eve, por favor. — Sua voz ficou estranhamente macia.
— Vamos, querida. Temos que nos mover. Seu avião já está
aqui.
Ele estava tentando seduzi-la à sua própria desgraça?
Saber que Evans estava esperando por ela, não a faria se
mover mais rápido. Ela decidiu jogar. Ela colocou as mãos à
cabeça. — De quem você está falando?
— Você sabe quem, Eve.
— Eu não sei por que, Warren.
Warren Petty ganhou algum peso nos últimos anos, uma
pança se formando em torno de sua cintura. E o tempo não
foi gentil com seu cabelo. O que ele deixou foi rapidamente
ficando grisalho, mas Eve ainda podia ver a força de um
touro, ver seus braços carnudos. — Isso importa?
Seus olhos se afastaram quando ele fez a pergunta.
Culpa. Sentia-se culpado. O que era uma coisa boa já que ele
era, obviamente culpado para cacete.
Ele a puxou para fora do carro e Eve desejou ainda estar
com os sapatos. Em algum lugar ao longo do caminho ela os
perdeu. O concreto ainda estava quente do dia e à frente ela
podia ver que a trilha se tornava rochosa.
Obrigou-se a se concentrar. Um grande edifício de metal
estava a sua frente. À distância, podia ver uma outra
estrutura. Esta parecia ser uma espécie de grande galpão,
talvez ligada a um resort ou na parte traseira de uma grande
casa de família. Poderia ter pessoas que poderiam ajudá-la lá.
Um sinal a esquerda dava boas-vindas a Fazenda
Bartwell e oferecia passeios diários.
Ela precisava chegar a essa fazenda. E isso significava
que ela precisava distrair Warren.
— Foi por causa da Carmen?
Ele parou. — Como você sabe?
— Você apagou o arquivo dela porque não conseguia
ficar olhando para ele. Você sabe que alguém vai descobrir
isso.
— Eu não vejo porquê. Eu sou o Sargento e eu digo que
o caso esfriou, então ninguém precisa olhar para ele. — Ele a
puxou junto. — Eu realmente não queria arrastá-la para isso
novamente, Eve. É culpa de Alex. Ele não podia deixar para
lá.
— Ela era sua amante? — Ela precisava mantê-lo
falando.
Um pequeno sorriso surgiu na boca de Warren enquanto
se movia, forçando-os na direção do edifício. — Não, não. Ela
não era minha amante. Ela era uma maldita criança de vinte
e poucos anos. Não. Esse não é o meu vício.
A compreensão a atingiu. Ela se lembrou de como era
belo o irmão de Warren.
— Mas as mulheres jovens são vicio de Eddie, não são?
Edward Petty, senador do grande estado de Oklahoma, o
orgulho de sua família, com um futuro político brilhante pela
frente. Enquanto ninguém descobrisse que ele bateu em uma
estagiária.
— Ele pode ser a porra de um estúpido. Ela não foi a
primeira, mas conseguimos pagar o resto ou assustá-las para
caralho.
— Mas Carmen estava grávida.
O rosto de Warren se transformou em uma máscara de
desgosto. — E a cadela burra não fez um aborto. Tentei
comprá-la, mas ela realmente tinha algum dinheiro, e a
família estava dando apoio a ela. A única coisa que a impediu
de falar foi o fato de que ela não queria decepcionar o papai.
Eddie teve de convencê-la de que ele ia se divorciar de sua
esposa e se casar com ela. Tivemos que ganhar algum tempo.
Mas isso teria arruinado as chances políticas do
senador. — Você ia mandá-la para a clínica?
Uma horrível suspeita formou-se em sua mente.
— Não aconteceu como o esperado.
O quanto ele era culpado? — Era exatamente o tipo de
lugar que Evans gostava de frequentar. Diga-me uma coisa,
Warren, você sabia que ele estaria ali? Ou você sugeriu isso?
Um rubor surgiu em seu rosto e suas mãos apertaram o
braço dela. — Ele é meu irmão. Eu não podia deixar um
estúpido pedaço de bunda ficar entre ele e a presidência. Ele
vai concorrer no próximo ano. Ele vai concorrer e ganhar.
Eve parou, forçando-o a parar também. Ela esperava
que alguém, qualquer um, passasse ali, mas o lugar parecia
deserto. — Eu mereço saber. Tenho a sensação de que fui
usada como pagamento.
Warren virou-se para ela, puro desespero em seu rosto.
— Certo. Você quer saber toda a verdade? Tirei-a do caminho.
Eu fiz um compromisso com a porra do homem. Eu levei um
par dos meus homens, ele trouxe um par dos seus e nós
fizemos um acordo. Ele queria Alex longe de seus assuntos
por um tempo e em troca ele faria este pequeno trabalho para
mim. Tinha que ser grande. Eu não podia simplesmente tê-la
matado.
Porque a atenção da mídia sobre a morte de uma
estagiária teria provavelmente chegado a algum tipo de
relação com Edward Petty. A vítima teria sido a história. Mas,
mascarando sua morte com outras, ela desapareceria no
fundo, apenas mais uma das vítimas de Michael Evans. — E
ele concordou com isso?
— Alex estava perto de descobrir seu esconderijo e o fato
de que ele tinha algumas conexões muito importantes no
tráfico de drogas. Tenho certeza que Alex não estava no topo
do jogo. Eu queria deixá-lo fora do caso, mas Evans tinha
outro plano.
Ela sabia exatamente qual era o plano. — Evans me
queria.
— Evie, você precisa saber que eu odiei isto.
— Por quê? Foi conveniente. Tommy e Leon foram os
homens que você levou com você, não foi? E eles sabiam
demais. Warren viu uma maneira fácil de se livrar deles e dar
a Evans o que ele queria.
Tanta traição.
— Eu não queria matá-los. — Petty disse.
— Então você encontrou uma maneira de deixar Evans
trazer a morte novamente. Ele ficou louco quando Alex
continuou chegando perto dele? — Alex não fez o que Evans e
Petty esperavam dele. Alex não recuou para cuidar de sua
esposa. Ele dedicou-se a ir atrás de Evans.
— Você não faz ideia. Eu o mantive longe dos holofotes
por anos. Quando Alex ligou e começou a perguntar sobre ele
novamente, eu sabia que tinha que trabalhar rápido. Alex
está fodendo tudo novamente. Eu tinha que usar algo valioso,
merda.
Ela usou a lógica até onde conseguia. Alex realmente
tinha planos cuidadosamente definidos para desmascarar
Warren. Por que outra razão contratar alguém como Jesse
para este trabalho? Ele queria ficar livre de Evans e não podia
arriscar trazê-lo. — Jesse deveria assassinar Evans para
você.
— Claro que não. — Ele podia negar durante todo o dia,
mas Eve não acreditava nele.
Ele provavelmente tinha homens como Jesse em todos
os clubes, apenas esperando para tirar Evans do jogo e assim
Petty finalmente estaria seguro.
Ele sacrificou muitas pessoas para que seu irmão
pudesse subir na hierarquia. Claro que ele subiria, também.
Ao fazer seu acordo com Evans, praticamente garantiu que
Alex iria deixar a Agência, e isso abriria o caminho para Petty
para ficar no seu lugar.
— Ele me estuprou. — A raiva começou a vibrar através
de seu sistema. — Você comeu na minha casa na noite
anterior, você facilitou meu estupro.
Ele corou novamente. — Eu tinha que proteger meu
irmão.
— Você sabia que ele faria? Será que você se sentou lá
na minha mesa de jantar em minha casa e pensou sobre
como ele ia me atacar? Eu era amiga de sua esposa. Eu
estava lá quando o seu mais novo nasceu e você me jogou
para os lobos. Alex era o seu parceiro.
Ele rosnou um pouco. — E Eddie é meu irmão. Você não
pode falar do seu jeito, Eve. Você acha que falar sobre meus
crimes vai me fazer ver a luz? Eu entendo que sou uma
merda. Vou ter que lidar com isso todos os dias da minha
vida. Sacrifícios têm de ser feitos por grandes homens. Meu
irmão é um grande homem. Sinto muito, Eve, mas vou
sacrificá-la novamente.
Ele não hesitou desta vez. Um olhar de terrível
convicção franziu a testa, e ele a puxou. Ela tropeçou, bateu
no chão, com os joelhos raspando e dor explodindo ao longo
de sua pele.
— Boca fechada.
Ela reprimiu um grito contra a agonia nas pernas. Ele a
puxou para cima.
Eve abriu a boca para gritar. Talvez alguém a ouvisse. —
Socorro!
— Não adianta. A fazenda está fechada. Você acha que o
gado irá ajudá-la? — Warren perguntou, com o rosto quase
roxo com a tensão.
— Não. — Disse uma nova voz, o som a penetrando. —
Ela está fazendo isso para mim. Eve lembra o quanto eu
gosto de ouvi-la gritar. Olá, amor.
Michael Evans saiu das portas duplas do hangar. Ele
estava mais velho, mais fino, ainda assim um monstro. Ele
caminhou até ela, e ela não podia deixar de tentar fugir. Um
medo primal assumiu. Ela puxou o aperto que Warren tinha
sobre ela. Cada pedaço de terror que teve naqueles dias com
Evans começou a borbulhar para a superfície.
Ele ficou sobre ela, usando sua altura em sua vantagem.
— Olá, puta. Senti sua falta. Eu estava tão triste por ter
que desistir de você. — Ele estendeu a mão para ela.
"Grite para mim, sua puta suja."
Ela ainda podia ouvi-lo gritando enquanto a golpeava
com o chicote com ponta de navalha.
Ela se afastou, sua voz a deixou. Pânico. A memória
muscular da dor que ele deu a ela explodiu, ela podia sentir a
pele esfolada de suas costas, podia sentir o sangue correndo
para as pernas e pés. Ele não a limpou, ela sentiria o cheiro
acobreado por horas.
E ela podia sentir um beijo suave a cada cicatriz. Uma
mão suave cobrindo a dela com palavras foram sussurradas
em seu ouvido.
"Eu te amei antes e eu te amo agora. Eu vou amá-la muito
tempo depois de estarmos mortos e enterrados."
Uma voz calma assumiu. O grito não tinha chance
contra a voz de Alex. Ela fechou os olhos. Ele estava com ela.
Ele estava sempre com ela.
Acalme-se. Seja paciente. O que o seu Mestre gostaria?
Ele gostaria que se mantivesse viva. E desta vez ela
sabia que poderia lidar com qualquer coisa, ela poderia
aguentar a dor e a humilhação, porque Alex iria segurá-la e
amá-la e fazê-la toda sua novamente.
E se ele se perdesse, ela seria forte o suficiente para
trazê-lo de volta. O erro que ela cometeu a primeira vez foi
não contar a seu mestre o que ela precisava. Mais do que
tudo, ela precisava dele.
Ele estaria aqui. Não importa o que aconteceria, ela
tinha a certeza de que ele a amava. E iria sobreviver.
— Foda-se. Ele não conseguiria sua submissão porque
pertencia ao homem que ganhou.
Os olhos escuros de Evans se estreitaram. — Você
amadureceu, puta, mas parece ter esquecido o seu lugar.
Ensinarei novamente. Warren, traga-a. Sairemos em trinta
minutos.
Ele virou e se afastou como se soubesse que ninguém
nunca desobedeceria suas ordens.
— Eu sinto muito. — Warren forçou-a a ir.
— Meu marido vai te matar. — Eve disse, mancando.
Ela estava sangrando em seus pulsos e joelhos. Não era ruim,
no entanto, apenas alguns arranhões e cortes. Ela não tinha
dúvida de que iria sangrar muito mais em breve.
Warren parou. — Jesse o matou.
Era hora de um pouco de verdade. Jesse parecia tão
certo. E ela teria sentido alguma coisa, se Alex não estivesse
mais na terra. — Não. Ele falhou. Alex está vivo. Eu estava lá.
Ela não viu isso, mas ouviu como Jesse amaldiçoou.
— Você está falando uma porra de mentira, mas mesmo
se não estiver, isso não vai mudar absolutamente nada.
Alex estar vivo muda tudo. — Ele não vai parar até me
encontrar e matar você.
Warren pareceu pensar sobre isso por um momento. —
Ele está morto. Jesse não mentiria.
— Você não lhe deu uma chance para mentir. Só atirou
nele. Alex está vivo. Jesse falhou.
Ele balançou a cabeça como se tentasse entender o
conceito. — Então eu serei seu amigo novamente. Quando
Evans levar você, eu vou esperar alguns dias e depois vou
ligar para ele. Vou deixar que ele se apoie em mim e fingir
tentar encontrá-la. Ele não sabe nada.
Eve sacudiu a cabeça quando Warren abriu a porta e a
empurrou para dentro. — Não. Ele vai descobrir isso. Ele tem
tudo o que precisa para saber. Ele já sabe que alguém
apagou um arquivo no FBI, sabe o nome de Carmen Garcia e
vai começar a verificar sobre ela. Ele vai juntar as
informações e estará à sua porta uma noite. Ele não vai ser
mais misericordioso com você do que Evans foi comigo.
Warren puxou-a. — Você sempre foi o cérebro da
operação, Eve. Sem você, Alex é apenas um grande pedaço de
carne. Ele não é nada sem você. Eu vi a maneira como ele se
desintegrou pela primeira vez. Ele estará pior agora e não
será capaz de pensar em nada a não ser você, e vou
encontrar alguém para finalmente matá-lo. E assim Eddie
estará seguro. Quando ele chegar à Casa Branca, eu vou ter
um lugar ao seu lado. Como deve ser.
Ela foi arrastada para o galpão. O edifício era grande,
facilmente abrigando um pequeno Learjet18. Evans surgiu.
Ela contou oito homens andando pelo galpão, incluindo um
dos homens que ela viu no outro dia no escritório de Chazz.
Ela sentiu uma sensação selvagem de satisfação. Seu
Mestre ia ter um grande momento. Ele ainda estava usando
os mesmos sapatos, que ela colocou o GPS. Oh, ela nunca
iria deixá-lo viver com isso.
E então ela viu algo que a gelou até os ossos.
Pilha após pilha do que pareciam ser fertilizantes
alinhados ao longo das paredes e também nos ganchos.
Talvez ela estivesse errada. Parecia que algo estava sendo
anexado a fazenda. Eles estavam empilhando dez sacos de
altura e o galpão continuava por trinta metros. Deveriam ter
centenas e centenas de sacos. Muitos sacos poderiam ser
18
transformados em uma bomba de força inimaginável.
Evans andou até ela, estendendo as mãos como se
convidando-a para um grande evento. — Bem-vinda, Eve. A
última vez que estivemos juntos, eu estava numa pequena
operação. Acho que você vai achar que o meu breve tempo na
prisão me refinou e concentrou a minha paixão. O que você
acha de mim agora, puta?
— Nada melhor do que antes. — Deus, o que ele vai
fazer com todo esse fertilizante? Ela temia que soubesse
muito bem. E Warren ia deixar isso acontecer? Ela não tinha
certeza de quem era o maior monstro: Evans, que era um
sociopata, ou Warren, que o conhecia melhor e ainda
permitiu que isso acontecesse.
Evans parecia gostar de ter uma audiência. — Eu tenho
planos maiores do que antes. Você tem alguma ideia de
quanto tempo gastei para reunir esta quantidade de nitrato
de amônio sem que os federais ficassem na minha cola?
Recolhi em todo país, usando todos os meus seguidores.
McVeigh usou quarenta sacos de cinquenta libras em
Oklahoma City. Eu tenho trezentos.
Trezentos sacos de série-A pura, pode causar a morte
quando usado de maneira imprópria. — Tenho certeza que
Warren ajudou a esconder isso. Como você vai justificar,
imbecil? Sabe quantas pessoas pode matar com uma bomba
tão grande? Você realmente acha que pode esconder seus
laços com ele para sempre?
Evans sorriu, um sorriso que em qualquer outra pessoa
indicaria alegria genuína. Sua alegria era matar pessoas e
continuar com isto. — Eu acho que a Sargento Petty vai
continuar a fazer o que precisa fazer. Ou ele perderá tudo.
Além disso, seu irmão planeja executar uma plataforma de lei
e ordem. Estou lhe dando algo para lutar contra. Todo mundo
ganha, Eve.
Todos, exceto as pessoas que ele matou. Ela sabia quem
era o verdadeiro monstro. Havia algo profundamente errado
com Michael Evans, que começou em sua infância. Ela o
estudou. Sua mãe fugiu de seu marido abusivo, usando um
abrigo para mulheres para se esconder. Mas ela deixou seu
filho para trás. Michael cresceu ouvindo o ódio de seu pai
contra prostitutas e descontando em seu filho.
Warren cresceu rico, com os pais que o adoravam. Ele
sabia exatamente o que estava fazendo. Evans estava doente
e merecia ser morto, mas Warren era simplesmente
ganancioso. Não havia defesa para ele. — Você é um traidor.
Não apenas para seus amigos e seu trabalho. Você é um
traidor de seu país. Eu não vou parar até derrubar você e seu
irmão.
— Não vai funcionar. — Warren parecia tentar
convencer a si mesmo.
Evans aproximou-se e colocou um braço em torno de
seu parceiro no crime. — Ele é meu, Eve. Ele tem sido desde
o minuto em que nos conhecemos durante o café e
discutimos explodir essa clínica. Ele facilitou minha saída do
sistema penal dos Estados Unidos e tem sido um casamento
feito no céu desde então. Quando ele me ligou para me
informar que Alexander ressurgiu, fiquei muito animado. Nós
temos negócios inacabados. Eu ouvi sobre seu divórcio. Tão
triste. Suponho que ele não poderia lidar com o fato de que
outro homem teve a sua mulher.
— Eu me divorciei dele. — E ela foi uma estúpida por
fazer isso. Ela podia ver agora. Foi fraca. Ela era sub de Alex.
Era seu maldito trabalho lhe dizer o que ela precisava. Na
época, estava com muito medo de perguntar. Ficou com medo
do que ele poderia dizer, mas agora sabia algo que não sabia
antes. Amor verdadeiro requeria coragem. Exigia que ela
falasse. Exigia que ela lutasse por eles.
Uma luz estranha surgiu em seus olhos. Ele parecia
como um anjo caído. Não era difícil ver porque as mulheres
ficavam ao redor dele apenas com base na sua aparência.
Mas assim que abria a boca, era o diabo em pessoa e ela se
perguntou se não tinha lhe dado um motivo. — Porque você
me queria. Você queria o que só eu posso te dar.
Deus, era tão errado. Náuseas se formavam dentro dela.
Ela não sabia como iria lidar com a situação se ele
conseguisse colocar uma mão sobre ela. — Eu te odeio. Você
precisa saber disso. Não posso suportar a ideia de ter você
me tocando. Eu amo meu Alex e vamos nos casar de novo,
porque finalmente percebi uma coisa.
Ele rosnou um pouco. — E o que é, puta?
— Percebi que não importa o que aconteça, ele me ama.
Você me deu isso. Você me forçou a perceber algo que nunca
poderia ter imaginado. Eu poderia ter ido para a minha
sepultura me perguntando, mas agora realmente sei. A
maioria dos casais não são testados da forma que nós fomos,
sabemos agora. Você nos tomou anos, mas não vai continuar
para sempre. Você pode fazer o que quiser, mas eu pertenço a
ele. Minha escolha. Eu o escolho. Sempre. — E para sempre
mais. Não havia tempo para se preocupar. Só havia tempo
para amar. Ela amava Alex. Ela não lutaria contra. Não
importava se ela estava com medo. Seu amor valia mais do
que o medo. Sua relação valia a pena lutar. — Não vai
funcionar. Você não pode nos quebrar. Passamos por seu
fogo e nós estamos mais fortes agora.
O rosto de Evans estava corado, como se estivesse
antecipando o desafio. — Oh, mas vai, querida. Desta vez eu
vou ter certeza que você não voltará para ele. Eu só te deixei
ir pela primeira vez, porque pensei que ele estaria tão
preocupado com você que iria me ignorar. Eu cometi o erro de
subestimar a sua verdadeira obsessão. Enquanto eu mantiver
você longe dele, ele vai caçar você e posso fazer o meu
trabalho muito importante.
— Alex vai me encontrar. — Ele precisava.
Sua mão subiu, apontando para o avião. — Aquele avião
vai levá-la para a América do Sul. Você vai desaparecer lá.
Vai passar alguns meses no meu apartamento particular
onde tenho outros planos para você. Eu sempre esperei por
esse dia. Apesar de ser um pouco brusco, os planos já estão
em vigor. Carlos?
O homem que a viu ser espancada, se aproximou, com
um sorriso malicioso no rosto. — Olá, Amanda. Ou devo
chamá-la de Eve?
Você deve me chamar de "a cadela que marcou você".
Ele não podia saber ainda, mas ele seria a queda de seu
chefe. Ela manteve o silêncio, não querendo se envolver com
qualquer um deles.
Ele estendeu a mão. Ela tentou dar um passo para trás,
mas Warren estava atrás dela, impedindo-a de ficar fora do
seu alcance.
— Eu acho que você deve ser boa comigo. Assim que
Evans acabar com você, eu acho que ele vai deixar-me tê-la.
Tenho um bordel na Argentina. Sua beleza me trará muita
riqueza. — Sua mão arrastou para o lado de seu rosto, a
congelando. Apenas o corpo de Warren impedindo que ela se
afastasse.
Ela não podia suportar a ideia. Cada músculo em seu
corpo doía por Alex. Por favor, por favor, venha para mim. Eu
preciso de você, meu amor.
— Mas não até que eu tenha acabado. — Evans disse. —
Acho que vou deixar você ficar viva tempo suficiente para ver
todos os meus planos darem frutos. Você é minha até que eu
te mande embora. Eu criei uma rede que sequer tinha
sonhado. Realmente deveria agradecer ao seu ex. Quando me
jogou na prisão, ele me tornou um mártir. Ele me trouxe para
um mundo totalmente novo que eu nunca teria encontrado se
não tivesse sido forçado a correr. Tenho tudo o que preciso.
Tenho os federais do meu lado e um senador no meu bolso.
Talvez um presidente também.
Ela precisava de um pouco de caos. — O Sargento aqui
tem uma planta de seu clube.
A mão de Warren saiu, pegando-a no rosto. Fogo
queimou através de sua pele. Ele lhe deu um tapa duro. —
Mantenha a boca fechada, cadela. Nenhum de nós quer ouvir
suas mentiras.
— Talvez eu ache suas mentiras divertidas. — Evans
disse, sua voz calma.
Ela precisava deles na garganta um do outro. — Jesse
Murdoch trabalha para Warren.
Carlos franziu a testa, olhando para Evans. — Murdoch
é um seguidor de nossa causa. Eu estava certo disso. Você
me garantiu isso.
— Todo mundo é sólido, Carlos. Nós não precisamos
chamar nossos amigos de radicais. — Finalmente algo
pareceu abalar sua confiança.
— Verifique suas finanças. — Era o que Adam faria. —
Warren o pagou por fora. Ele tem como missão tirá-lo do
caminho. Ele estava usando Jesse para assassiná-lo porque
assim o seu segredo estaria a salvo. Você não pode acreditar
que o Senador vai realmente lhe permitir viver. Ele não pode
concorrer à presidente com este segredo pairando sobre a sua
cabeça. E Warren poderia ir para a prisão.
Evans olhou para o Sargento. — Ou Warren poderia ir a
algum lugar muito pior.
Warren foi para trás, com as mãos levantadas em
negação. — Ela está tentando causar problemas entre nós.
— Está funcionando, amigo. — Disse Carlos.
Eve se afastou. Ambos estavam tão interessados em
Warren que pareciam ter esquecido dela por um momento.
Ela estava perto, tão perto da saída. Os outros homens
estavam preparando o avião.
— É muito fácil checar essas informações financeiras. —
Carlos estava dizendo.
— Eu não fiz isso. — Warren se manteve recuando, em
direção ao avião e Evans e Carlos estavam em seu rastro
como um bando de predadores.
Eve sentiu a porta às suas costas, o punho direito
abaixo de sua cintura. A rodovia estava longe demais. Ela
precisava fazer uma corrida para a fazenda que viu. Era
talvez 180 metros de distância.
Warren estava argumentando sua inocência quando ela
escapou.
Eve correu. Ela correu por tudo que valia a pena.
Manter o equilíbrio foi duro com as mãos na frente dela. Seu
rosto doía e ela podia sentir um fio de sangue onde Warren
machucou seu lábio. Na verdade, ela estava sangrando em
vários lugares, mas continuou a correr, rezando que
houvesse uma porta para o que parecia ser um viveiro de
plantas. A estrutura era feita talvez para manter as aves
longe das árvores frutíferas. Ela tinha a esperança de que
houvesse uma maneira de sair.
— Ei!
Ela ouviu um grito de homem à distância. Esta era toda
a vantagem que conseguiria.
— Socorro! Me ajude! — Talvez alguém estivesse lá fora.
O sinal trocou e eles tinham passeios diários. O sol estava
começando a diminuir, mas talvez houvesse retardatários.
Uma porta! Ela avistou e correu em direção a ela. Só
mais alguns pés. O chão debaixo dela se tornou macio,
lamacento. Por favor, esteja destrancada. Por favor. Por favor.
Eve se atrapalhou com o fecho. A porta se abriu e ela
entrou. Com uma respiração ofegante, o fechou e trancou.
Não iria manter seus perseguidores fora por muito tempo.
Mas eles não estavam correndo mais. Quatro homens
estavam agradavelmente andando agora, rindo enquanto eles
se moviam em direção a ela.
— Quando estiver pronta para voltar, princesa, me
avise. — Um dos homens gritou.
Eve girou, pronta para correr por toda a fazenda. Ela
poderia se esconder em algum lugar.
Um silvo baixo congelou seu sangue.
Não era uma fazenda de citros. Lama e pântano e
centenas e centenas de répteis sonolentos começaram a se
contorcer e despertar em torno dela.
Era uma fazenda de jacaré, e Eva estava preocupada
porque acabou de se tornar o jantar.
Alex olhou através da mira do rifle no alvo à frente.
— Você a vê? — Jake estava ao lado dele enquanto Sean
e o merda do Murdoch verificavam e reverificavam as armas e
a pontaria.
— Ainda não. Eu não consegui avistar alguém. Só há
um único veículo no estacionamento. Parece alugado. —
Warren provavelmente. Com raiva queimando nas entranhas,
tudo o que Alex conseguia pensar era em colocar as mãos ao
redor da garganta de seu ex-parceiro e apertar até que ele
ficasse azul e seus malditos olhos saltassem. Ou talvez ele só
arrancasse os globos oculares de Warren. E sua língua. E
então ele levaria o pau do filho da puta e o alimentaria com
ele. — Adam já está verificando a placa.
Jake pegou o telefone imediatamente, recebendo de
Adam as informações que precisava. De acordo com Adam,
um avião, um Learjet 40, chegou cerca de trinta minutos de
Nova York e imediatamente entrou com um plano de voo para
Cidade do México.
Eles eram obrigados a apresentar um plano de voo
porque deixariam o espaço aéreo dos EUA e escolher a Cidade
do México mostrava isso. A Cidade do México tem um grande
aeroporto então, assim que chegasse, Evans não precisaria se
preocupar com os registros do governo dos EUA e poderia
levar Eve ao redor da América do Sul com pouca dificuldade,
desde que as engrenagens governamentais tivessem sido
pagas com dinheiro.
Eve desapareceria. Sem ser detectada.
A vingança teria que esperar. — Resgatar Eve é tudo o
que importa.
Sean ficou ao lado dele. — Portanto, se você conseguir
uma oportunidade para dar um tiro em Evans, não vai pegá-
lo?
Não se ele tivesse um segundo para pensar. Era
tentador. A necessidade de se vingar estava bem ali,
incendiando suas entranhas, mas pela primeira vez ele teria
que esperar. — Eu não posso.
Um sorriso selvagem passou no rosto de Sean. — Eu
acho que você deveria me deixar fazer isso. Faz muito tempo
que não mato alguém.
— Você matou algumas pessoas há uma hora atrás.
Sean deu de ombros. — Tudo bem, já faz um longo
tempo desde que matei alguém que importava.
— Vamos matar o federal, também? — Jake perguntou.
— Adam disse que o sedan foi alugado por Warren Petty.
Então, este era o lugar. — Por mais que eu odeie dizer
isso, nós provavelmente precisaremos do federal vivo.
Sem questionar. Ele não poderia nem mesmo chamar
Warren por seu nome. Ele era o federal, o homem que
condenou sua esposa ao inferno na terra.
— Precisamos chegar mais perto. — Sean estudava a
cena.
— Precisamos ter certeza de que eles não vão decolar.
Murdoch, eu posso confiar em você com o que provavelmente
vai acabar por ser uma missão suicida?
Murdoch ainda parecia um pouco pálido, mas mesmo
assim se aproximou. O primeiro instinto de Alex foi olhar o
indivíduo grande entre os olhos, mas então ele realmente viu
e leu aqueles olhos. Arrependimento. Vazio. Alex viu aquele
olhar no espelho todos os dias por cinco anos. Talvez Sean
estivesse certo e o garoto realmente estava seguindo ordens,
tentando se redimir.
Por que diabos Warren o teria deixado para morrer? Ele
viu a ferida no peito de Murdoch. Era um tiro para matar,
que ele viu Warren levar várias vezes antes ao longo de sua
carreira.
— Sim. Tudo o que você precisar. — Murdoch se
transformou em um filhote de cachorro carente. Mas ele era
um filhote de cachorro carente que parecia estar muito
confortável com armas de fogo.
— Eu preciso que você se certifique que o avião não
possa decolar. — Ele não podia arriscar que Eve fosse levada
para fora do país.
Murdoch concordou. — Você quer que eu mate o piloto
ou exploda o avião? Eu posso fazer qualquer uma das duas
coisas já que trouxe um pouco de C4.
Claro que trouxe. O novo mascote de Sean e Jake era
um pouco perturbado. — Não exploda nada a menos que
minha esposa esteja segura. Então foda a porra toda, cara.
Mas eu preciso de Evans vivo.
Ele não podia acreditar no que estava dizendo, mas
Evans era o único que poderia confirmar o que Alex achava
que sabia, que Petty estava sujo e seu irmão estava
potencialmente muito sujo. Alex não acreditava que Petty foi
quem teve um caso com Carmen. Oh, mas ele conhecia
Eddie. Eddie sempre amou as mulheres mais jovens, e Petty
passou a maior parte de sua vida dando cobertura para seu
irmão.
Desta vez, ele foi longe demais. Alex não podia permitir
que Eddie concorresse à Presidência. Ele tinha que tirá-lo.
Por Eve. Porque ela queria que ele fizesse a coisa certa, e a
coisa certa era proteger seu país de um homem que abusaria
de seu mais alto poder.
Mas merda, ele queria matar o filho da puta.
— Posso matar meu chefe? — Perguntou Murdoch.
E mais uma vez, ele ouviu a voz suave de Eve. Ela iria
pedir-lhe para fazer o seu trabalho, agir pela lei e não pela
vingança. Mesmo se a vingança o fizesse se sentir bem para
caralho. Mas Eve era tudo que importava agora. — Temos
que levá-lo vivo. Eu acho que ele vai ficar muito bem de
laranja na prisão.
E ele provavelmente iria fazer alguns novos amigos.
Amigos muito íntimos. Sim, a prisão poderia ser melhor do
que matar Petty.
Onde estava sua esposa? Deus, ele não ia ser capaz de
respirar até que a visse viva.
— Eu posso evitar as câmeras. — Disse Murdoch. Ele
apontou para elas que pareciam ser fixas. — Posso tirar
algumas peças. Elas não poderão se mover se eu tirá-las.
— Faça. Jake, vá com ele. — Ninguém passa por Jake. E
Jake poderia acompanhar seu mascote. — Use-o como um
escudo humano, se você precisar. E Murdoch, Warren Petty
não é mais seu chefe. — Ele usou as palavras que o garoto
iria entender. — Eu sou seu oficial comandante, e será a
porra do inferno se você falhar nesta operação.
— Sim, senhor. — A mão de Murdoch começou a
saudação como enraizada em seu próprio ser. Ele conseguiu
parar, mas apenas no fim.
Ele e Jake começaram a atravessar o campo, movendo-
se com facilidade e evitando as câmeras.
— Ela está lá dentro. — Sean estava ao lado dele. — Ela
está viva. Eu sei disso. Precisamos chegar perto o suficiente
para descobrir quantos homens ele tem.
Ele precisava entrar nesse hangar e atirar em cada
homem que ficasse entre ele e sua esposa. Pegou os
binóculos novamente, procurando por toda parte. Havia o
hangar de avião. Parecia abrigar um, talvez dois aviões. —
Adam não descobriu nada sobre esse lugar?
Sean olhou para o seu telefone. Alex pediu a Adam que
mandasse uma mensagem para Sean com informações que
pudesse usar. — É uma fazenda de répteis. Parece que um
dos contatos de Evans comprou alguns anos atrás. Eles
vendem peles de crocodilo para fazer sapatos e bolsas.
Juntamente com todos os bichos rastejantes, eles têm a pista
de pouso e novecentos acres de citrinos e exploração agrícola
de baga. Merda. De acordo com Adam, Bartwell não está
vendendo mais frutas, mas eles compraram uma tonelada de
fertilizantes.
E fertilizantes significavam algo para um homem como
Evans. Significava bombas, morte e destruição. Pelo menos
eles sabiam o que tinham até agora.
— Temos que encontrar seu estoque e descobrir qual é o
seu alvo.
Os olhos de Sean se arregalaram. — Se a minha
matemática estiver certa, ele provavelmente tem mais de um
alvo. Mesmo se desligarmos este ponto, quem sabe quantos
mais ele tem? Isso é maior do que apenas você e Eve. Não
podemos deixá-lo sair do país.
Não. Eles não podiam, mas também não poderiam matá-
lo. — Eles têm que estar com ela dentro do hangar.
Precisamos nos esgueirar, tirá-la e depois lidar com o resto
da situação. Chame Ian e seus contatos.
Eles evitaram os federais porque não podiam ter a
certeza de que Petty teria amigos que tirariam Evans antes
que ele pudesse falar. Ian estava tentando falar com alguns
dos seus contatos na Segurança Interna para uma
atualização, mas por enquanto estavam por sua conta.
À distância, ele viu Jake e Murdoch se aproximarem do
hangar. Jake virou-se e levantou dois dedos. Duas câmeras.
Ele cerrou o punho. As câmeras só gravavam as portas, não
balançavam ou se moviam para pegar o que estava
acontecendo no estacionamento.
— Eu vou entrar. Tomar uma posição. — Ele agarrou
sua SIG, verificando o clipe.
Sean deu um passo ao lado dele. — Uh, acho que
deveria segui-lo. Eu não vou te mandar para lá sozinho.
Ele precisava deixar algumas coisas claras para seu
amigo. — Você não está me mandando lá. Esta é a minha
operação e eu preciso de você em uma posição de franco-
atirador.
A mandíbula de Sean se tencionou. — Eu vou mandar
um texto a Jake para ele trazer sua bunda de volta para cá.
Alex sacudiu a cabeça. Não havia tempo. Ele precisava
de ambos para fazer os trabalhos que lhes atribuiu. — Eu
não posso confiar em Murdoch. Jake é a última linha. Eu não
vou deixar aquele filho da puta sair com Eve. Vou tentar me
esgueirar e pegá-la. Então, vocês podem fazer o que precisam
fazer. Vou tomar conta da minha esposa.
Ele não tinha ideia do que já foi feito com ela. Evans
teria colocado suas mãos nela de novo? Teria batido nela?
Estuprou? Seu coração doía com o pensamento de sua
preciosa esposa sendo brutalizada novamente, mas ele sabia
que uma coisa mudaria desta vez. Desta vez, ela estaria em
seus braços e ele faria o que fosse preciso para trazê-la de
volta à vida. Ele daria qualquer coisa para segurá-la e amá-la
novamente.
— Alex, você não quer derrubar Evans você mesmo?
Ele queria eviscerar o filho da puta. — Eve é a única
coisa importante aqui.
Sean colocou a mão em seu braço. — Pegue sua esposa.
Eu vou cuidar de trazer Evans e Petty. E Alex?
— Sim?
— Quando tudo terminar, podemos lidar com os dois
juntos.
Um assassinato bom e tranquilo. Um pequeno projeto de
fim de semana para compartilhar com seus irmãos. — Sim.
Ele se virou para o hangar. Parecia que havia apenas
uma porta deste lado e sem janelas. Era muito provável ainda
estar aberto no lado da garagem. Teria que esgueirar-se dessa
forma.
— Alex, uhm, acho que Eve já conseguiu escapar
sozinha. — Sean apontou para o lado norte do galpão onde o
campo levava até a fazenda de jacaré.
Eve estava correndo pela grama ainda vestida com seu
pijama, mas os sapatos desapareceram. Ele olhou através do
binóculo. Ela estava sangrando, mas estava viva.
Ele tinha que chegar até ela. Para onde ela estava indo?
Ele ouviu um grito alto e, em seguida, quatro homens
correram para fora do hangar, perseguindo a sua esposa.
— Tire-os do caminho, Sean.
Sean deu-lhe um sorriso predatório e, em seguida,
levantou o rifle. — Com prazer. Que porra ela está fazendo?
Ela sabe o que é isso?
O coração de Alex quase parou porque sua esposa corria
para o cercado. Ela estaria cercada por predadores ferozes.
Sem outro pensamento na cabeça, Alex saiu correndo.
As mãos de Eve tremiam enquanto olhava ao redor.
Náusea. Ela realmente não gostava de répteis. Por que diabos
alguém tinha que colocar um poço maldito de jacarés bem no
meio de um campo tão agradável? Quem quer que tenha
feito, era estúpido, idiota burro que merecia morrer. Muito
lentamente.
Tentou se manter o mais imóvel possível, quando um
jacaré gigantesco passou por ela, suas garras afundando na
lama enquanto se arrastava até a parte da piscina de seu
próprio inferno particular. A luz do sol do fim da tarde
brilhou sobre a criatura e seus olhos malvados. Aqueles olhos
estavam mortos, nenhuma vida neles. Era uma máquina de
comer que havia sobrevivido da época dos dinossauros.
Ela viu olhos assim antes. Michael Evans tinha olhos
mortos, também.
— Hey, princesa, você gosta de nossos amiguinhos?
Seus perseguidores ficaram do lado de fora do cercado.
Havia quatro deles, e agora pareciam não estar com nenhuma
pressa para arrastá-la de volta. Estes homens eram,
obviamente, os capangas de Evans. Estavam vestidos para o
trabalho de jeans e camiseta, um deles sujo de mancha de
óleo. Eles provavelmente foram afastados de suas funções
mecânicas para correr atrás da prisioneira.
— Você sabe, eu ouvi que esses jacarés gostam de se
alimentar no crepúsculo. — Disse um deles. Ele tinha sua
arma no coldre, as mãos nos quadris como se apenas
estivesse esperando por um show. — Eles ficam um pouco
agressivos quando farejam sangue, também.
Ela não tinha ideia do que os jacarés iriam ou não fazer
porque nunca pensou estar perto de um.
Um grito saltou de sua garganta quando sentiu algo
escamoso em volta de sua perna. A cauda de um jacaré
açoitando atrás dela como se fosse uma mosca que estava
tentando manter a distância. Ela saltou, mas bateu seu
tornozelo com força no chão e ela acabou caindo na lama,
bem na frente de outro monstro.
Um assobio horrível encheu o ar quando as mandíbulas
do jacaré se abriram, e ela pôde sentir o cheiro fétido e podre
vindo de lá.
Os homens de fora do recinto riram enquanto ela se
movia para longe.
Eles estavam por toda parte. Eram muitos deles. Medo
ameaçou sufocá-la, mas ela se forçou a levantar. Eles não
estavam atacando. Tentou se lembrar do que pudesse. Estes
não eram jacarés selvagens. Estes costumavam a serem
alimentados. E eles estavam acostumados a ter comida fácil.
Ela não ia ser uma refeição fácil para qualquer um
deles. Os homens estavam apostando para ver quanto tempo
demoraria para que ela implorasse por ajuda.
Tinha que haver outra saída. Olhando o perímetro, ela
encontrou a porta principal de todo o cativeiro. Ela
conseguiria alcançar? Ou será que eles simplesmente iriam
correr e agarrá-la do outro lado? Estava presa e não tinha
ideia do que fazer. Pense, Eve.
Havia um galpão perto da porta, e então ela viu a arma
que precisava. Havia um telefone de emergência na parede do
galpão, provavelmente no caso de um dos trabalhadores
ficarem em apuros.
Quão rápido a polícia chegaria aqui? Ela não tinha
certeza se isto ajudaria, mas não iria cair sem lutar.
— Eve, minha querida, eu devo dizer, você está muito
atraente toda machucada e sangrenta. Você sabe que é a
minha visão favorita de você, mas já é hora de se limpar.
Vamos sair em quinze minutos. Você não quer fazer a sua
primeira aparição na América do Sul, toda coberta de lama,
não é? Afinal, a higiene da minha escrava reflete em mim.
Evans agora estava com os homens, Petty e Carlos ao
lado dele. Ele olhava para ela com um olhar possessivo.
Ela tinha que chegar a esse telefone. Quinze minutos.
Eles podem não ser capazes de salvá-la, mas, pelo menos,
Alex saberia de que espaço aéreo o avião teria decolado.
E então o homem ao lado de Evans foi para frente com
um grande estrondo no ar, caindo de joelhos, com uma
mancha vermelha crescendo ao lado da mancha de óleo em
sua camisa.
— Atirador do caralho! — Evans gritou e todos se
viraram com armas na mão.
E foi então que ela o viu. Alex. Ele estava correndo na
parte de trás do cercado, longe dos tiros que provavelmente
vinham de Sean ou Jake. Quem quer que estivesse na
posição de franco-atirador estava no terreno mais elevado, e
outro dos bandidos de Evans caiu, espirrando sangue contra
a tela do cercado.
Tiros rápidos eclodiram e a porta se abriu.
Ela não estava mais sozinha com os jacarés então tinha
que se afastar. Evans, Petty e Carlos refugiaram-se no poço
dos monstros. Eve correu, tentando contornar os jacarés. Um
ficou no seu caminho, mas ela continuou se movendo,
tentando chegar ao outro lado. Alex estava correndo para ela,
e ela tinha que chegar até ele antes dos outros.
— Pare agora, Eve! — Evans gritou no meio do caminho.
— Temos que dar o fora daqui. — Pânico soou na voz de
Petty. — Deixe-a ir!
— Nós não podemos deixá-la ir. Você vai recuperá-la ou
eu juro por Deus, eu vou te matar. — Evans estava no chão,
ficando fora da linha de fogo.
Alex chegou à porta, chutando sua entrada. Seu corpo
grande estava na porta, os olhos procurando por ela. Ele deu
um par de tiros, forçando os outros homens a baterem no
chão.
Um grito estridente soou através do cercado. Ela olhou
para Carlos. Ele escorregou e caiu à direita em um poço de
jacarés que parecia ser exceção à regra de não atacar. Houve
um som terrível que Eve teria jurado poder sentir as
vibrações e, em seguida, uma pressão desagradável. — Ele
pegou a minha mão!
Ele começou a gritar em um espanhol rápido.
Alex parecia dançar em torno dos grandes répteis. Eles
estavam inquietos agora. Mesmo ela podia sentir o cheiro do
sangue no ar. Suas caudas começaram a se contrair, se
movimentar, silvos e rosnados pareciam permear o ar ao seu
redor.
Alex agarrou a sua mão, puxando-a para perto. — Fique
calma. Se algum se aproximar de você, soque, chute e grite.
Acerte o nariz e os olhos.
Ele a apertou atrás dele enquanto Evans se aproximava.
Evans estava segurando uma semiautomática na mão. —
Vejo que você veio pegar a sua puta. Você mentiu, Warren.
Eu acredito que você mencionou que o agente especial McKay
não estava mais conosco.
Carlos continuava gritando, mas Warren parecia ter
controlado seu pânico. — Isso é muito fácil remediar. Você
tem que lembrar que ele precisa de nós vivos, não é, Alex?
Warren estava chegando do lado esquerdo, Evans à sua
direita.
Alex não disse uma palavra, apenas tentou ir para trás.
— Não posso me mover. — Os pés estavam contra algo
escamoso. — Há um jacaré atrás de mim.
Ela podia sentir a respiração contra sua pele, seu corpo
enorme chegando até a metade de suas panturrilhas.
Se eles não conseguissem recuar, não escapariam.
— Sim, você está certo. Ele precisa de um de nós vivo.
Bem, vamos encarar os fatos. — Evans estava com um
sorriso de merda no rosto. — Ele precisa de mim vivo. Eu sou
o único que pode colocar o seu querido irmão na cadeia. Ele
não quer Edward Petty no salão oval, não é? Petty aqui se
deu muito bem. Tenho que admitir que fiquei um pouco
surpreso quando ele me prendeu. Achei que estava acabado.
E então ele me levou para um pequeno café e me fez uma
proposta.
Ela sentiu Alex tenso. Deus, eles estavam certos. Sem
qualquer prova, Edward poderia continuar com sua carreira.
Lágrimas ameaçaram cair. Alex estava parado na frente dela,
seu grande corpo lindo pronto para assumir qualquer bala
que viesse no caminho. Ele não iria desistir dela. E ele não
podia ajudar, mas tentar a justiça.
Evans olhou para eles sem se mexer, um predador com
sua presa em sua mira. — Ele me deixaria ir se eu fizesse um
trabalho para ele, um trabalho simples. Ele sabia o quanto eu
os odiava, sabe. Tudo começou a dar errado quando as
mulheres esqueceram seu lugar. Clubes como esse e aqueles
malditos abrigos são o problema. Eu não entendo você,
McKay. Acho que é por isso que eu o acho fascinante. Você
realmente deveria estar do meu lado.
Eve deu um longo suspiro. Ela tinha que tirá-los daqui.
Muito lentamente, ela trouxe seu pé para cima e para trás,
rezando para que ela pudesse chegar ao outro lado do jacaré.
Ele parecia ter caído no sono, ao contrário do resto de seus
irmãos. Eles estavam todos se contorcendo e se movendo,
mas ela tinha que passar pelo menino preguiçoso.
— Por que diabos eu iria estar do seu lado, seu pedaço
de merda? — A mão livre de Alex voltou, dando-lhe algo para
se equilibrar. Ele manteve a sua atenção entre os dois
homens.
— Por causa de seu estilo de vida. — Evans respondeu.
— McKay, você abriu um mundo inteiro para mim. De certa
forma, realmente sou grato a você. Admito, tentei conhecer o
seu estilo de vida como uma maneira de te ferir, mas quando
comecei a treinar Eve, percebi que essa era a vida para a qual
eu nasci, onde as mulheres conheciam o seu lugar.
Alex rosnou sua resposta. — O lugar dela é ao meu lado.
Evans balançou a cabeça. — Seu lugar é aos meus pés,
implorando por misericórdia. As mulheres são fracas. Elas
precisam de orientação de um homem e, sem isto, elas
falham. Elas nascem prostitutas, McKay. Todo mundo sabe
disso. Não são inteligentes o suficiente para saber como viver
corretamente. São vaidosas e ignorantes. Precisam de um
Dom.
— O que só me mostra que você não tem ideia do que
significa ser um Dom. Minha submissa é também a deusa
que eu adoro. Sua confiança e amor são presentes para mim.
O que eu nunca poderei pagar corretamente. Vá para trás,
Warren. — Ele moveu o braço de disparo em direção Warren.
Ela não ia deixar que as palavras de Evans a atingissem.
Ele era um louco. Nada do que ele disse tinha importância.
Eve encontrou a lama atrás dela e conseguiu atravessar o
grande corpo do jacaré. — Cerca de um pé e meio, querido.
Alex saltou para trás como se o seu corpo pudesse
medir a distância perfeitamente. Ele caiu na lama, sem tirar
os olhos dos alvos.
Evans zombava. — Que decepção você é, McKay. Ela é
adorável, mas ela nada mais é que um adorno. Se você fosse
metade do homem que eu pensei, você a teria matado. Ela
desistiu. Tudo que eu tinha que fazer era dar um tapa nela
algumas vezes e as coxas ficavam bem abertas.
Humilhação a acertou.
— Como deveria ser. — Alex disse, com a voz um pouco
engasgada. — Ela sabia o que seu mestre iria querer. Morte
antes da desonra é para idiotas. Minha esposa tinha um
trabalho a fazer quando você a levou. Ela teve uma ordem a
obedecer: Ficar viva e voltar para casa, para mim. Essa é a
diferença entre nós, Evans. Eu não preciso ser o único
homem que teve seu corpo. Eu sou o único que tem o seu
coração, e é isso o que importa. Você não sabe nada sobre ser
um Dom ou ser um homem. E você não sabe porra nenhuma
sobre amar uma mulher.
Seus olhos se estreitaram. — Eu sei que você precisa de
mim, e que Petty ou eu vamos, eventualmente, dar um tiro
em você. É inevitável. Oh, olhe, eu acredito que Carlos
finalmente parou de sangrar. O que vai acontecer quando
você levar algumas balas no estômago? Então, por que não
fazer um acordo?
O medo a agarrou com o pensamento de Alex sangrando
entre os répteis famintos.
— Eu não farei um acordo com você. — Disse Alex.
Evans deu um passo mais perto. — Eu acho que você
vai. Vou tirar Eve de suas mãos. Ela ficará viva e você
também. Começamos o nosso jogo mais uma vez. A outra
opção é que ambos morrem aqui e agora. Deixe-me ver se o
meu parceiro pode persuadi-lo.
Um tiro foi disparado pelo ar, e ela sentiu o corpo de
Alex sacudir como se atingido por um raio. Seu braço surgiu,
deslocando ao redor e disparou.
Warren Petty deu um suspiro alto e, em seguida, Eve viu
quando ele caiu no poço, um buraco em sua cabeça. Ele
deslizou sob a superfície.
Deus, Warren. Ele era um ser humano horrível, mas ela
viu seus filhos nasceram.
Alex tropeçou de volta, seu peso batendo nela. Ela ficou
de pé, por pouco.
— Alex? — Seu coração ficou preso em sua garganta.
Ela colocou os braços ao redor da cintura e sentiu o líquido
morno começar a revestir sua pele. O sangue de Alex. Oh
Deus. Não, não, não.
Alex atirou, mas sua pontaria estava errada. Porque ele
tinha uma bala em suas entranhas. Eve conteve um grito
quando Evans puxou o gatilho e o corpo de Alex empurrou,
enviando-os para a lama. Ela embalou, tentando protegê-lo,
mas ele não quis deixá-la.
— Fique viva, baby. Sean virá para você. Ian virá para
você. — Ele disse. Ele parecia ter perdido o controle de seu
braço. A segunda bala entrou em seu ombro. A SIG caiu,
escorregando na lama. — Te amo muito. Te amo, baby. Me
perdoe.
— Não vá. — Seu coração ameaçou parar. Ele estava
bem ali. Ele estava em seus braços. Ele não podia estar
morrendo. Não podia morrer sangrando na lama e na sujeira.
Ela não podia viver sem ele o que significava uma coisa.
Eve passou muito tempo de sua vida permitindo que os
eventos e as ações dos outros moldassem o seu mundo. Ela
se agarrou a submissão porque era sua natureza. Mas ela
finalmente compreendeu. Podia ser a submissa de Alex, mas
era sua mulher também, e ele não tinha permissão para
morrer. Ele não tinha permissão para deixá-la sozinha nesta
terra. Um poço de força a possuiu. Ela era a única passiva, a
observadora. Foi sua vida por tanto tempo, mas ela estava
cercada por mulheres que nunca cederam.
Ela tinha a força de Alex, mas tinha a força de suas
irmãs também.
Grace que, silenciosamente, lutou por seu lugar.
Serena, que nunca aceitou nada menos do que um final
feliz.
Avery, que se recusou a permitir que a tragédia
moldasse a sua vida.
E Kristen, de alguma forma, Kristen se tornou sua irmã,
também. Kristen ficou na frente de uma bala para salvar
Alex. Ela era feroz em sua vontade de fazer o bem.
Elas estavam todas com ela, uma grande irmandade de
força.
— Eu acho que somos só você e eu novamente, Eve. Eu
serei o mestre certo para você. — Evans estava sobre ela.
Seu Mestre precisava dela. A SIG deslizou ao lado dela.
Ela finalmente soube a verdade. Quase viu sua própria
morte, mas a verdade esvaiu dela. Agora ficou claro. Justiça
não importava naquele momento, a justiça fugiu.
No fim de tudo, havia apenas amor. E era por isso que
valia a pena lutar.
Eve pegou a arma e atirou sem hesitação. Nenhum
aviso. Sem premeditação. Ele era mau. Ele ameaçou alguém
bom. E ela estava de repente sendo uma guerreira para o
bem.
Michael Evans, terrorista, violentador, algoz de
mulheres, olhou para o buraco no peito.
Eve disparou novamente.
Evans caiu de joelhos, erguendo a arma.
Novamente, a adrenalina a fez estremecer, mas ela
atirou de novo e de novo porque a justiça não importava.
Vingança não importava. Apenas seu homem importava. Ele
precisava dela.
— Querida, eu tenho certeza que ele está morto. Por
favor, pare de atirar para que eu possa tirar o Alex daqui. —
A voz de Sean penetrou seu cérebro primitivo.
Ela deixou cair a arma. Sean estava aqui. Ela poderia
passar de guerreira para esposa novamente. Colocou a mão
na barriga de Alex, tentando desesperadamente estancar o
sangramento. Lágrimas derramaram de seus olhos, dor em
sua alma. — Por favor, ajude-o.
Ela poderia perdê-lo. Deus, acabou de tê-lo de volta.
Lágrimas caíam de seus olhos. Ela simplesmente não podia
perdê-lo.
— Eu odeio répteis do caralho. — Sean chutou um
jacaré, empurrando-o de volta. Ele se ajoelhou na lama ao
lado dela. — Alex! Alex McKay! Acorde agora, porra!
Ela ouviu a porta bater novamente e Jake de repente
estava em sua linha de visão. — Evie? Você está ferida?
Ela balançou a cabeça. — Ele não os deixaria me tocar.
Seu marido. Seu Mestre. Seu Alex. Ele não os deixaria
pegá-la. Ele se sacrificou. Deus, ele não podia morrer.
Por favor. Por favor. Por favor. Ela fez milhares de
acordos com o universo naquele momento. Qualquer coisa
para deixá-lo viver.
— Nós matamos o resto. Eles tentaram chegar aqui, mas
nós os pegamos. A área está segura e nós já chamamos a
ambulância. — Disse Jake.
Uma ambulância. Sim. Eles precisavam de uma dessas.
Ela segurou Alex. Ela notou Jesse atrás de Jake, mas
realmente não registrou.
Sean mudou de posição, puxando Alex do seu corpo.
— Mantenha esses malditos monstros longe de mim.
Ele colocou as mãos sobre o coração de Alex e
pressionou para baixo cinco vezes antes de cobrir a boca de
Alex e respirar.
Eve se ajoelhou e orou para os céus.
Dallas, Texas
Oito Semanas Mais Tarde
Sanctum mais parecia um jardim esta noite do que um
calabouço, o cheiro de jasmim exalando por todo o clube.
Alex olhou para o local, um profundo sentimento de
satisfação em sua alma. Seu segundo casamento foi menor
do que o primeiro, mas eles estavam cercados pelas pessoas
que os amavam e isso era tudo que importava.
Eve riu de algo que Grace disse e Alex sentiu todo o seu
corpo apertar. Ela era tão linda que lhe tirava o fôlego. E era
sua. Um diamante de dois quilates brilhava em sua mão
esquerda e havia mais diamantes em torno de sua garganta,
um colar comemorativo pela confiança, amor e conexão que
apresentava entre eles.
— Alex, este é o casamento mais bonito em que eu já
estive. — Serena estava linda em seu vestido de dama de
honra, mas ele conhecia esse olhar em seus olhos.
— Eu não vou deixar você me entrevistar, Serena. — Ele
olhou ao redor procurando Adam ou Jake. Serena agiu como
um cachorro com um osso desde que ela descobriu o impasse
com Michael Evans e o que ocorreu em um poço de jacarés.
Aparentemente, ela pensou que seria um grande gancho para
um livro.
— Eu só quero saber como se sentiu, Alex. Poderia
realmente usar isso no meu próximo livro. Preciso de
imagens, sons, cheiros e emoções. — Ela colocou a mão sobre
a barriga cada vez maior e suspirou. — Esperava que depois
de toda a ajuda que lhe dei, você pudesse apenas me dar
algumas informações.
Ele pensou em rosnar, mas era o dia do seu casamento
e Serena foi útil. — Era um poço de lama cheio de jacarés que
realmente mordem. Cheirava a bunda e uma que nunca foi
lavada. Quanto às emoções, bem, eu meio que não queria ser
dilacerado por jacarés.
Como Warren foi. Ele sentiu um sorriso feroz em seu
rosto. Quando eles drenaram o poço, seu ex-parceiro estava
em pedaços. Havia justiça no mundo.
Simon se aproximou do bar, olhando, e ele estava
perfeito em seu smoking feito sob medida. Alex podia
praticamente ouvir as subs não comprometidas babando,
mas Simon ignorou, preferindo franzir a testa
carinhosamente para Serena. — Você está lhe dando
problemas de novo, amor?
Serena suspirou. — Ele não vai me falar sobre os
jacarés. Isto me deixa triste.
Simon pediu uma vodka e sacudiu a cabeça. — Ele tem
PTSD19.
Alex revirou os olhos. — Eu não tenho PTSD. Eu sinto
desgosto, no entanto. Os federais podem ligar o fertilizante ao
Evans, e eles têm registros do telefone celular de Warren para
Evans. Mas não posso derrubar o irmão de Warren sem
testemunhas.
Era a única maldita coisa que ele lamentava sobre o
assunto.
O senador realizou uma grande conferência de imprensa
pedindo desculpas pelas ações de seu irmão e acusando
Warren de ser o único a ter tido um caso com Carmen Garcia.
Até agora, todo mundo aceitou. O senador estava se dando
bem.
— Ele é uma doninha. — Disse Serena. — Eu não vou
votar nele.
Jake se aproximou, segurando a mão da sua esposa. —
Nenhum de nós votará nele. Adam vai desenterrar a sujeira.
Nós apenas temos que ser pacientes. Agora, venha dançar
comigo, baby.
Ele levou Serena para a pista de dança, mas Alex ainda
estava pensando sobre o problema do senador Petty.
Era a única coisa que deu errado. Bem, talvez não a
única coisa.
— Eu também gostaria de saber para onde ela foi. —
Alex bebeu um grande gole de seu uísque ridiculamente caro.
19
PTSD (Posttraumatic stress disorder), que em português significa estresse pós-traumático é um distúrbio caracterizado pela
dificuldade em se recuperar depois de vivenciar ou testemunhar um acontecimento assustador.
Aparentemente quase morrer em um pântano cheio de
jacarés era uma coisa boa, porque ele ganhou de presente
várias garrafas do incrivelmente velho uísque Glenlivet20.
— Você está falando da Kristen? — Perguntou Simon.
Ela enviou um lindo lote de álcool para a casa nova de Alex.
Ele provavelmente iria começar uma tendência. Um buquê de
bebidas.
— Sim. — Ele não podia deixar de se perguntar onde ela
foi. Ele acordou no hospital, se recuperando da cirurgia e
uma das primeiras coisas que ele sentiu, foi uma profunda
gratidão porque poderia ter sido baleado naquele dia, antes
que tivesse a chance de defender sua esposa. Kristen fez isso
acontecer. Não importa o porquê dela fazer isso, mas salvou
Eve e isso significava algo para Alex. Ele perguntou por ela
em quase todos os lugares que podia e não chegou a lugar
nenhum. Ela também não voltou para seu apartamento.
— Bem, eu estou intrigado. Tenho que admitir isso. —
Disse Simon. — Qualquer garota que pode acordar de uma
cirurgia de grande porte, puxar seus intravenosos, e
caminhar para fora da UTI é uma mulher que eu gostaria de
encontrar. Para não mencionar o fato de que ela conseguiu
evitar todas as câmeras de segurança. Devemos considerar
seriamente trazê-la para a equipe. Precisamos de mulheres.
Kristen era uma ponta solta, e ele odiava pontas soltas.
Alex tomou um longo gole. Ele olhou ao redor da
Sanctum, sentindo uma profunda sensação de alívio. Esta
20
Marca de uísque onde o preço médio por garrafa começa com R$ 400,00.
era a sua casa. Poderia ter feito besteira matando as duas
únicas pessoas que poderiam ter exposto a conspiração, mas
as pessoas aqui cuidavam de suas costas. Eles eram sua
família. — Eu não estou certo sobre isso. Eu acho que ela
tinha algo com Evans.
Deus, ele esperava que estivesse errado. A prova do
quanto ele gostava dela era que realmente esperava que
estivesse errado.
— Alex, eu lhe disse que não se encaixa no seu perfil. —
Eve se aproximou, e seu coração quase parou. Ela estava tão
linda em sua minissaia de couro e bustiê. Ela usava o seu
colar... e o seu anel de casamento. Ela era seu tudo. —
Kristen estava focada em viver uma vida boa, em fazer o que
era certo. Ela não era louca. Sabia discernir o certo do errado
e Evans era o errado.
Alex puxou sua esposa para perto. Ele tomava conta
dela. Ah, claro, ele levou um par de balas no peito, mas ela
estava em seus braços e era legalmente dele, então, iria
mantê-la. Sua esposa. Sua sub. Sua para sempre. — Claro
Baby. Se ela voltar, eu vou recebê-la de braços abertos.
Não era uma declaração falsa. Ele ainda não tinha ideia
do motivo pelo qual Kristen fez o que fez. Após os
acontecimentos do poço do jacaré, como Alex estava
chamando o episódio, Kristen desapareceu do mundo. Ele
tentou encontrá-la, mas não teve um pingo de sorte.
E Eve ficou tão decepcionada por não poder convidá-la
para o seu segundo casamento.
Se ele descobrisse que ela estava envolvida com Evans,
ele faria o que precisasse para ajudar Kristen a superar seus
problemas mentais. Ele ia apoiá-la porque, no fundo, ela era
boa.
Eve colocou o braço em volta da cintura. — Estou tão
feliz em ouvir isso porque sei que nós vamos encontrá-la. Ela
precisa de uma família. Como Jesse.
Alex franziu a testa, olhando para o calabouço que Ryan
conseguiu transformar em uma pista de dança. Este foi o
segundo casamento aqui que ele organizou. Avery e Liam se
juntaram aqui também. Jesse Murdoch estava fazendo algum
tipo de dança, empurrando e puxando uma das subs. Ele
ainda era um filhote de cachorro com os dentes muito afiados
e ligeiramente sujos. Mas retirou todos do caminho e
permitiu que Jake e Sean salvassem sua vida, então Jesse
Murdoch, por agora, era um dos membros da equipe.
Estranhamente, Simon gostou do garoto e foi lhe
mostrando o caminho. Eram dois estranhos, agarrados um
ao outro.
— Eu só espero que possamos encontrar uma maneira
de provar o que Eddie fez. — Ele sabia que iria sacrificar a
justiça para salvar a vida de sua esposa, mas porra, ele
queria os dois. Olhou para o clube e desejou que Ian não
tivesse saído logo após a cerimônia de casamento. Ele ficou
apenas o tempo suficiente para passar o anel para Alex. Ian e
Sean eram sua família. Ele precisava ser mais forte. Não
deixaria Ian se afastar mais. Seria um pé no saco dele até que
eles estivessem perto novamente. Ele, Ian e Sean. Eles
cresceram juntos.
Quando as balas o atingiram, ele encontrou uma calma
estranha. Ele sabia que Ian e Sean realmente iriam cuidar de
sua esposa porque eles eram da família.
Percebeu que seu amor por Eve duraria mais de uma
vida. Sabia que o seu amor por ela era interminável, maior
que a morte. Maior que a vida. Seu amor por ela duraria além
de qualquer coisa, era tão simples como respirar. Ele iria
encontrá-la novamente e novamente. Ela era o seu destino.
— Hey. — Adam veio correndo, um sorriso brilhante no
rosto. — Eu tenho uma boa notícia e uma má notícia.
Serena e Jake estavam ali com ele. Serena passou um
braço em volta do pescoço do seu homem. — A boa notícia é
ótima, melhor do que a má notícia. Sim, eu sou uma escritora
totalmente incrível!
Jake lhe deu um beijo na bochecha. — Nós todos temos
estado desesperados. Cada computador na nossa casa tem
sido focado em uma coisa.
— Não. Duas coisas. — Disse Adam com um sorriso. —
Achei a prova. É por isso que eu mandei Jake para Philly.
Alex, este é o nosso presente de casamento para você.
Jake lhe entregou um pen drive. — Esse filho da puta do
Evans gravou a reunião. Está tudo aqui. Warren Petty
concordou em lhe dar rédea solta, se ele pudesse sumir com
a amante de Eddie. É muito simples. O minuto que isto
atingir a mídia, eles vão exigir um teste de DNA nas amostras
que o médico legista levou do feto de Carmen. Ele não pode
fugir disso. Ele está arruinado, cara. Sem mais Casa Branca.
Sem mais política. Está finalizado. Adam recebeu um
misterioso e-mail que nos levou para onde Evans escondeu o
pen drive. Encontramos em um armário de uma estação de
Amtrak na Filadélfia. Eu não tenho nenhuma ideia de quem a
enviou para nós, mas ele ou ela é uma porra de um anjo.
Ele apertou Eve perto. Não conseguia evitar. A partir do
momento que ele acordou no hospital e olhou para seu belo
rosto, não foi capaz de deixá-la ir. Ele dormiu a seu lado
naquela noite, a puxando até que ela desistiu e subiu na
cama do hospital com ele. Ele não iria passar uma noite longe
dela. Ela era seu céu. — Adam, você não descobriu a fonte do
e-mail?
Adam fez uma careta. — Quem quer que seja, é bom.
Quero dizer muito bom, e eu não tenho tanta certeza que é
um 'ele'. Eu me pergunto se não é Kris, porque encontrei algo
mais. Você se lembra de que fiquei estudando tudo o que
aconteceu quando o cartão de segurança do Liam foi
utilizado?
Eles descobriram o arrombamento durante o caso
Evans. Alex sabia que Ian ficou chateado para caramba e já
melhorou a segurança do prédio anterior, mas Adam e Jake
aparentemente mantiveram o caso. Alguém roubou o cartão
de Liam, o enganou, devolveu e se infiltrou no edifício. —
Certo. Você finalmente conseguiu o vídeo?
Adam puxou seu laptop, mantendo a tampa aberta. —
Sim. E até mesmo mais do que isso, descobri que uma
denúncia foi apresentada naquela noite.
Alex apertou seus braços em Eve. Ela olhou para o
braço em volta da cintura. Seu rosto virou brevemente para
cima e ela deu uma piscadela. Ele conhecia a sua linguagem.
— Eu te amo.
Ela o salvou. Em todas as formas possíveis. Ela era sua
ponte para o mundo real. Ele beijou sua bochecha. — Eu
também te amo, meu anjo.
Ele faria tudo novamente. Iria atirar em Warren e
receber aquelas malditas balas porque tinha certeza de que
sua subiria tomar conta dos negócios. Sua mulher é feroz.
O arquivo de vídeo começou a veicular, mostrando
primeiro a data e horário, e ele reconheceu o corredor que
levava para a sala de cópias. Uma figura delicada estava
andando através do corredor. Era fácil dizer que era a
imagem de uma mulher. Ela tinha boas curvas e um cabelo
longo e escuro fluindo pelas suas costas. A imagem estava em
preto e branco.
— A queixa era do andar abaixo de nós. — Disse Adam.
— Dos advogados? — A firma de advocacia de Gledon,
McCloud e Johnson estava no andar de baixo.
— A queixa era sobre a música estar tocando em um
volume alto. — Explicou Jake. — Aparentemente alguns
advogados mais jovens ficaram até tarde da noite e eles
tinham algumas queixas por nosso volume estar muito alto.
O gerente do prédio tem medo de Ian e por isso, não
tínhamos realmente recebido uma bronca. Essa pessoa diz
que tocamos Guns N’roses mais e mais por mais de uma
hora.
Um arrepio subiu pela espinha de Alex. Guns N’Roses?
— Sweet Child O’ Mine?
Era o que Ian tocava a cada ano no aniversário de morte
de Charlotte. Ele tocava aquela canção cerca de mil vezes e
bebia uísque até desmaiar e depois ignorava o problema por
mais um ano. Qual era a chance de que alguém invadiria seu
edifício e ouviria a mesma música?
Adam olhou para cima. — Sim. Eles estavam irritados
que era a mesma canção. De novo e de novo.
Às vezes, em uma investigação, pequenas coisas
também eram lembradas, aparecendo como eventos
aleatórios que faziam parte de um cenário maior, um quadro
completo que não esteve lá antes. Assim que Alex assistiu à
fita, logo entendeu tudo.
A figura de cabelos escuros entrou na sala de cópias,
mas não antes que ela se virasse, olhasse para a câmera e
piscasse. Ela soprou um beijo para a câmera antes de
desaparecer na sala de cópias.
"Oh sim, as copiadoras são totalmente úteis quando você
quer obter informações, mas você não quer que ninguém saiba
que você as tem. Realmente, é incrível. Assim, o disco rígido em
uma máquina de cópia realmente deixa salvo a imagem de
todas as cópias que a máquina fez."
Kristen ficou emocionada ao lhe dizer como ela tirava
informações da máquina.
Kristen sabia tudo sobre ele e Eve e todos os membros
da McKay-Taggart Security Services.
Ela se colocou na frente dele, tomando uma bala
destinada a ele, porque alguém o queria vivo. Alguém que ela
queria agradar.
“Aqui”. Ela colocou a mão sobre a dele, cobrindo seu
coração. “Desde o dia em que eu coloquei os olhos nele. Ele
esteve aqui. Diga a ele que eu fiz bem. Diga-lhe que eu era boa.
Eu era boa para ele. Eu era boa. Ele pode ter milhares de
outras mulheres, mas eu sou a sua única e verdadeira esposa.
”
Kristen era a mulher na gravação. Ela saiu da sala,
dançando um pouco enquanto enfiava um pen drive em seu
uniforme. Ela olhou para cima, piscou e sorriu. De alguma
forma, esse sorriso era benéfico, como se o que ela estivesse
prestes a fazer iria ajudar o mundo todo.
— Por que eu amo um idiota?
Ele pensou que o idiota era Evans, mas não havia
ligação entre Kristen White e Evans. Na verdade, não havia
ligação entre a mulher que pensavam que era Kristen e a real
Kristen White. Dias depois de ter sido baleado, Alex
conseguiu o relatório. Kristen White tinha bons quarenta e
dois anos de idade, com dois filhos. Ela havia se aposentado
do jornalismo um ano atrás. Seu marido dirigia uma empresa
de desenvolvimento de software. Ela não tinha cabelo
vermelho, mas ela contou a história de uma mulher que a
ajudou com um problema com a máfia russa, que se
encaixava na descrição. Ela a chamou de anjo.
Isto era muito pior do que a primeira vez. Na primeira
vez, ele estava aqui.
Kristen foi inteligente o suficiente para fingir sua morte,
forte o suficiente para voltar dela.
Teria ela passado os últimos cinco anos tentando
encontrar uma maneira de obter o seu marido de volta?
— Por que alguém iria invadir o nosso lugar? —
Perguntou Adam. — Esta é Kris. Eu posso ver isso com meus
próprios olhos. Porque ela faria isso?
Porque ela queria compensar seus crimes.
Porque ela queria seu homem de volta e precisava de
informações. Ela conseguiu informações sobre todos eles e
decidiu por um plano de ataque, ou no caso dela, um plano
para proteger e dar. Eles foram seu presente para Ian. Alex e
Eve. Ao trazê-los de volta juntos, dando-lhes a sua chance de
justiça, ela estava tentando se aproximar de Ian.
Ele puxou seu telefone celular, com o coração acelerado.
Ele discou o número de Ian. O mundo de Ian
desintegrou cinco anos antes. Talvez esta noite, ele iria
buscá-la de volta.
Ele segurou a mão de Eve, enquanto esperava que Ian
respondesse. Às vezes, o universo era gentil e um homem
teria uma segunda chance.
Seu coração cheio de amor. Sua segunda chance
pressionando o corpo dela contra o dele.
Tudo estava bem com o mundo.
Ian Taggart olhou para a tela do seu computador, cada
célula de seu corpo voltando à vida. Ele olhou fixamente para
isso. Apenas alguns pares de linhas poderiam significar o
mundo. Lá estava ele. Muito tempo procurando algo sobre Eli
Nelson e lá estava isso. Pelo menos tinha a certeza que esta
era a pista sobre o filho da puta que ele estava esperando.
Esperando. Orando.
De jeito nenhum.
Havia um pequeno pedaço dele, a parte “do vidro que
estava meio vazio e muito provavelmente envenenado”, que se
perguntava se ele não estava sendo otimista. Aqueles pares
de linhas do e-mail poderiam ser de qualquer um. Ele saberia
mais quando tivesse provas fotográficas e a pessoa no e-mail
prometeu que viria. Ele deveria ser paciente, mas isso nunca
foi seu forte.
Kristen Priest. O e-mail veio da mesma mulher que
supostamente salvou a vida de Alex. Por que ela não usou
seu sobrenome verdadeiro? Era White. Será que ainda se
considerava como se estivesse disfarçada? Quem diabos ela
era e por que eles não podiam obter informações sobre ela?
Ela era um fantasma e Ian não gostava de fantasmas.
Esta mulher estava jogando um jogo, mas ele gostaria
de participar disso se significasse encontrar Nelson.
Eli Nelson quase matou sua cunhada. Ele teve
problemas com Grace no início, mas ela era sangue dele
agora. Ela fazia seu irmão feliz e ela era a mãe de sua
sobrinha. Ninguém poderia machucar Grace. Ou seus
irmãos. Ou seu país. Eli Nelson ameaçou tudo isso.
E, possivelmente, teve uma participação em tentar
matar a esposa de Ian. Ele seria arruinado.
Se Ian pudesse apenas encontrar o filho da puta.
Ele se tornou obcecado e não apenas sobre Nelson. Era
sobre as voltas que sua vida estava tomando.
Ele saiu da festa do casamento do seu melhor amigo
porque não podia ficar mais lá e assistir. A música estava
tocando e ele sabia que não podia ficar lá. Foi uma coisa de
maricas a se fazer, mas toda a sua equipe estava feliz e para
ele ainda doía a morte de Charlotte, que era uma mentirosa
manipuladora e não o merecia. Ou a ninguém.
A porra da princesa da máfia russa tinha o sorriso mais
doce.
Só que ele se perguntou recentemente o que significava
ser uma princesa da máfia russa. Como sua vida foi? Ele viu
as suas cicatrizes. Quanto ela teve que sofrer antes que
morresse?
Ele ainda podia vê-la olhando para ele quando entrou
nela. Ela não era uma virgem, mas aqueles maravilhosos
olhos se abriram com admiração quando ele enfiou seu pau
nela pela primeira vez. Porra. Ele se sentiu como um virgem
quando fez amor com ela.
— Isso é bom. Meu Mestre, isso é tão bom. Por favor. Por
favor, ensina-me.
Ensiná-la? Ela não falou sobre sexo. Ela estava falando
sobre a vida.
Deus, ele sentia falta dela.
Não. Ele a odiava. Ela mentiu. Estava morta. Ele não
precisava de ninguém. Ele precisava de vingança na forma de
Eli Nelson.
E ele poderia ter encontrado.
Um único e-mail a respeito de um projeto de energia em
um pequeno país perto da Índia. Loa Mali, um país-ilha. Eli
Nelson estava expandindo suas atividades terroristas. Ele só
tinha que encontrar Kristen ou qualquer que fosse o nome
dela, e descobrir o que diabos ela queria.
Ela estava usando sua equipe e ele não iria se contentar
com isso.
Seu celular tocou ao lado dele. Ele olhou para baixo.
Alex. Um longo suspiro saiu de sua boca. Alex provavelmente
estava ligando para lhe perguntar onde ele foi. Ele era o seu
padrinho, afinal. Padrinho. Tal palavra21 era ridícula. Ele não
era um homem. Ele era um monstro e provou isso dia após
21
Padrinho em inglês significa “best men”, e sua tradução literal seria “melhor homem”.
dia.
Ele não iria preocupar Alex com seus problemas agora.
Era a lua de mel de Alex. Ele acompanhou Alex e Eve
renovando os votos que eles fizeram há muito tempo atrás,
em uma cerimônia simples, que tocou Ian muito mais do que
estava disposto a admitir.
Ele fez votos de amar Charlotte e foi um filho da puta
idiota levado pelo seu pau. Nada do que ele prometeu a ela foi
falso. Ele quis dizer cada palavra estúpida. Tinha a intenção
de amá-la e cuidar dela. Tinha a intenção de morrer por ela.
Mas ela mentiu e jogou com ele como um idiota.
O que mais o feria era que ela morreu primeiro.
Podia senti-la em seus braços, seu doce corpo frio como
um cadáver. Ele amou uma vez e nunca mais. Charlie era
sua mulher, a companheira de sua alma. Ela era uma cadela,
a companheira perfeita para o seu bastardo interior e agora
que ela se foi, ele estaria sozinho para o resto de sua vida.
Mas ele não precisava de nada. Era um guerreiro. Não
precisa de uma mulher permanente.
Um sinal sonoro disparou.
Ian olhou para cima, um pouco assustado. Alguém
estava em sua porta? Ninguém chegava a sua porta sem
disparar seus alarmes de segurança. Ele pressionou um par
de botões em seu computador. Nada. Porque sua segurança
não detectou?
Ele se levantou e caminhou até a porta. Sua segurança
era quase perfeita, mas de alguma forma a pessoa que entrou
não disparou o alarme.
Seu celular vibrou novamente. Alex. Ele amava Alex. Oh,
ele nunca iria dizer essas palavras, mas Alex era seu irmão.
Ele estava emocionado que Alex e Eva refizerem os votos de
se amarem para sempre, mas precisava de uma noite de
folga. Conseguiu ficar ao lado deles, conseguiu assistir Alex
colocar um anel em seu dedo e um colar em volta de seu
pescoço, mas se esgueirou da festa. Todo mundo tinha uma
esposa agora. Sean era casado e tinha uma criança. Liam
tinha uma esposa e um filho a caminho. Foda-se, mesmo os
loucos de Adam e Jake conseguiram encontrar alguém e a
engravidaram.
Alex encontrou o seu caminho de volta para Eve.
Ele encontrou seu verdadeiro amor e ela morreu em
seus braços. Não era de se admirar que ele meio que esperava
que pudesse matar quem estava do outro lado de sua porta?
Era tudo o que ele tinha. Ele deixou o telefone de lado. Não
iria respondê-lo esta noite.
Ele puxou sua arma, tirando o clique de segurança. Ele
olhou para o monitor que mantinha perto da porta.
Monitorava a câmera que mantinha em sua entrada. Uma
mulher. Mesmo em um moletom com capuz escuro e de calça
jeans, ele podia ver suas curvas. Ela estendeu as mãos,
mostrando-lhe que não estava carregando nada, mas sua
cabeça estava para baixo. Ele manteve a arma preparada,
porque não estava a ponto de simplesmente confiar que ela
não estava armada.
Ele abriu a porta, porque, sim, ele estava curioso.
Alguém conseguiu passar pelo seu abundante sistema de
segurança. Ela foi enviada por Eli Nelson? Essa era a
misteriosa Kristen? Quem diabos mais poderia ser? Ele tinha
câmeras de vigilância e detectores de movimento, e nenhum
único alarme o avisou, só um pequeno sinal, mostrando que
alguém estava em sua porta da frente.
Ele olhou fixamente para a figura em sua porta que
levantou a cabeça. Ele realmente sentiu seu coração começar
a bater. Ela devia medir 1,70cm de curvas assassinas. Cabelo
vermelho que chegava a passar dos seus ombros. Foram
pretos antes, mas o vermelho parecia bem nela. E aqueles
olhos. Deus, ele conhecia aqueles olhos. Ele olhou para eles
uma centena de vezes e eles o chutaram direto no intestino.
"Mestre, eu te amo. Não desejo nada mais do que agradar
o meu mais precioso Mestre."
Ela fez com que ele acreditasse, com os olhos brilhando
e sua sagacidade sarcástica e aquelas curvas que se
prolongavam por dias. Ela foi tão inteligente, tão mortal, tão
boa em seu trabalho. Ele sabia que ela era um problema
desde o minuto em que a conhecera, mas ele não foi capaz de
ir embora.
Ela o trouxe de joelhos porque ele morreu no dia em que
ela o fez.
Seu coração caiu para os dedos dos pés.
— Oi. — Ela disse em uma voz ofegante.
— Você é Kristen. — Tudo se encaixou. Agora ele sabia
porque ela não queria que ele fosse à Flórida. Ela foi a única
a causar todo o caos. E ele entendeu como ela conseguiu
passar pela sua segurança. Ninguém mais se parecia com
uma cobra furtiva. —Olá, Charlotte.
Ian forçou as pernas a ficarem fortes. Afinal de contas,
não era todos os dias que sua esposa morta voltava à vida.
A trágica história de amor
A missão de Charlotte Dennis era clara: distrair e
desorientar o agente da CIA Ian Taggart por qualquer meio
necessário. Se ela não cumprisse, nunca mais iria ver sua irmã
novamente. Com seu treinamento, esta missão deveria ter sido
simples, mas depois de uma noite nos braços de Ian, ela soube
que salvar sua irmã iria significaria perder o homem dos seus
sonhos.
Ian estava seguindo um terrorista quando conheceu a
bela filha americana de um mafioso russo. Seus instintos lhe
disseram que Charlotte era um problema, mas seu corpo
ansiava por ela como uma droga e ele não negaria isso ao seu
coração. Ela pegou seu anel e seu colar. Pela primeira vez, ele
estava realmente feliz. Mas, quando ele encontrou seu alvo,
sua traição lhe custou sua missão enquanto seu sacrifício lhe
salvou a vida. Quando ela morreu em seus braços, Ian jurou
que nunca mais iria amar novamente.
Uma reunião perigosa
Durante seis anos, Charlotte pensou em nada, a não ser
voltar ao seu marido, seu Mestre. Trabalhando nas sombras,
ela se dedicou a ganhar uma chance de recuperar seu lugar na
vida de Ian. Mas o perdão não é uma parte do vocabulário de
Ian.
Nada é mais importante para Ian Taggart do que a sua
nova missão. Mas a informação que ele precisa está
firmemente nas mãos da mulher que o traiu. Para pegar sua
presa mais perigosa, Ian terá que aceitar Charlotte de volta em
sua vida. A caça os leva a alguns dos locais mais exóticos do
mundo e o perigo cresce enquanto sua paixão reacende.
Será que Ian irá perdoar sua rebelde submissa.... Ou irá
perdê-la de novo?
Lexi Blake vive no norte do Texas com o marido, três
filhos e o cão de resgate mais preguiçoso do mundo. Ela
começou a escrever em uma idade jovem, concentrando-se
em peças de teatro e jornalismo. Não foi até que ela começou
a escrever romances que encontrou o sucesso. Ela gosta de
encontrar humor nos lugares mais estranhos. Lexi acredita
em finais felizes, não importa quão estranho o casal, trio ou
quarteto pode parecer. Ela também escreve ménage ocidental
contemporâneo como Sophie Carvalho.