Dispositivos Jurídicos e Argumentos Mais Utilizados em Processos Civis
Dispositivos Jurídicos e Argumentos Mais Utilizados em Processos Civis
2010;17(1):46-53
* Professor do Departamento de Odontologia Social da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) – São Paulo/SP.
** Mestre em Odontologia Social pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) – São Paulo/SP.
RESUMO INTRODUÇÃO
Diante do aumento de ações de indenizações mate- O crescente número de processos civis contra o
riais e morais em que o cirurgião-dentista (CD) respon- cirurgião-dentista e as mais diversas alegações a respei-
de a processos judiciais em âmbito civil pelo tratamen- to do tratamento e suas consequências torna-se, pouco
to realizado, buscou-se investigar quais os dispositivos a pouco, rotina para os profissionais que atuam na área
jurídicos e os argumentos levantados pelos pacientes de Odontologia Legal.
que respaldaram esses pedidos. Foi realizado um estu- As demandas cíveis têm sido mais frequentes do
do retrospectivo com amostragem de conveniência do que os processos criminais, pois os pacientes costumam
casuístico pessoal dos autores de 41 peças processu- ter mais interesse em receber a indenização do que em
ais. O Código Civil foi o dispositivo jurídico mais ci- ver o profissional condenado a uma pena de cerceamen-
tado (68,85%), em seus artigos 927, 949, 1538 e 1545; to da liberdade.
seguido pela referência às Jurisprudências (46,34%
dos processos), Código de Defesa do Consumidor Um levantamento feito na Internet aponta que os
(36,58%); Código de Processo Civil (34,14%) e Cons- processos de responsabilidade civil dirigidos ao cirur-
tituição Federal (26,82%), sendo que mais de um dis- gião-dentista movidos por pacientes aumentaram signi-
positivo foi encontrado na mesma ação. Já os pacientes ficativamente, partindo de 1 processo no ano de 1974 e
argumentaram e fundamentaram sua insatisfação com atingindo, no ano de 2006, o número de 122 processos5.
o tratamento principalmente no relatório do cirurgião- Certamente, o Código de Defesa do Consumidor
dentista que o atendeu após o tratamento questionado (CDC)1 trouxe uma nova ordem nas relações entre o
(46,34%) seguido pela atribuição de falha no diagnós- profissional cirurgião-dentista (prestador de serviço) e
tico, planejamento e/ou acompanhamento de seu trata- o paciente, que agora tem maior consciência dos seus
mento (43,90%), entre outros. A defesa do CD contra direitos como consumidor.
estas alegações e a consequente comprovação do seu O profissional liberal, ainda que tenha um trata-
dever de cuidado para com o paciente somente será efe- mento diferenciado frente a este Código, respondendo
tiva diante da correta documentação do atendimento. apenas mediante a verificação de sua culpa, está sujeito
ao dever de indenizar os danos causados pelos serviços
DESCRITORES objeto de sua atividade econômica. Pode, inclusive, ser
Responsabilidade civil. Processo jurídico. Avalia- estabelecido pelo juízo o recurso de inversão do ônus
ção de danos. da prova, ou seja, circunstância em que caberá ao cirur-
gião-dentista provar que não violou o dever de cuidado.
Endereço para correspondência:
Nesse panorama, o cirurgião-dentista deve docu-
Rodolfo Francisco Haltenhoff Melani
Departamento de Odontologia Social da Faculdade de Odontologia
mentar-se suficientemente, de modo a constituir na clí-
da Universidade de São Paulo nica diária o prontuário do paciente, composto de todas
Avenida Professor Lineu Prestes, 2.227 – Cidade Universitária as informações atinentes ao tratamento prestado, de-
CEP 05508-900 – São Paulo/SP monstrando que, clínica e tecnicamente, agiu com toda
E-mail: [email protected] diligência possível no caso em questão.
Cpf: 030.192.751-05
Melani RFH, Oliveira RN, Oliveira SVT, Juhás R.. RP� Rev P�s �rad 2010�17(1)�4�-5�.
Tabela 3 –
Dispositivos Jurídicos utilizados em 41 processos civis movidos contra cirurgiões-dentistas
*Nº de processos em que o *Nº de processos em que o
% Dispositivo jurídico
dispositivo é citado art. é citado
11 11 26,82 Constituição Federal – Cap I – Art. 5º
27 0 68,85 Código Civil
0 18 66,66 Art. 159
0 13 48,14 Art. 1545
0 5 18,51 Art. 1538
0 13 48,14 Outros artigos do código civil
14 0 34,14 Código de Processo Civil
0 4 28,57 Art. 849
0 2 14,28 Art. 420 a 439
0 12 85,71 Outros artigos do código de processo civil
2 0 4,87 Código processo penal
15 0 36,58 Código de Defesa do Consumidor
0 7 46,66 Art. 14.
0 6 40 Art.6º
0 6 40 Outros artigos do CDC
4 4 9,75 Código de Ética Odontológica
19 0 46,34 Jurisprudência
0 7 36,84 Súmula 37 - STJ
0 5 26,31 “O trabalho do CD é obrigação de resultado.”
0 5 26,31 Outras jurisprudências
*Mais de um item podem ser citado em um mesmo processo.
Dentre os processos em que o Código Civil4 foi ci- o tratamento, o pagamento de uma indenização pelo
tado (27 processos – �5,85%), o Art. 159 do C�digo dano causado (morte, inabilitação de servir ou ferimen-
Civil (191�) fundamentou a peça inicial em ��,��% dos to e perdas e danos)6.
casos (18 processos)� –Art. 159 (191�)� “Aquele que, Outro artigo do Código Civil4 de interesse, e que
por ação ou omissão voluntária, negligência, ou impru- aparece em 18,51% (5 processos) das peças iniciais
dência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica onde foi citado, é o Art. 15�8 (191�), que traz as dire-
obrigado a reparar o dano”. trizes para orientar a liquidação dos danos suportados
É correspondente aos atuais Art. 18� (2002)� pela vítima quando ofendida sua integridade física.
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negli- Art. 15�8 (191�)� “No caso de ferimento ou outra
gência ou imprudência, violar direito e causar dano a ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato despesas do tratamento e dos lucros cessantes até o
ilícito”. Corresponde ao Art. 927 no C�digo Civil de fim da convalescença, além de lhe pagar a importân-
2002: “Aquele que, por ato ilícito, causar dano a ou- cia da multa no grau médio da pena criminal corres-
trem, fica obrigado a repará-lo”. pondente”. Correspondente ao atual Art. 949 (2002)�
Esse artigo estabelece a chamada responsabilidade “No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor
civil extracontratual ou aquiliana, sendo o ordenamento indenizará o ofendido das despesas do tratamento e
jurídico em que se baseia a responsabilidade subjetiva dos lucros cessantes até o fim da convalescença, além
ou clássica, à medida que impõe a todos aqueles que, de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver
por ação ou omissão, dolosa ou culposa, violarem direi- sofrido”.
to ou causarem prejuízo a outrem, a obrigação de repa- Consideram-se casos de lesões corporais de natu-
rar o dano decorrente de seu comportamento. reza transit�ria, ou seja, ainda que ofendida a integri-
Desta forma, aquele que, através de sua ativida- dade física da vítima, é possível sua total recuperação,
de profissional, expõe a risco de dano terceiros fica restabelecendo-se a situação anterior, restringindo-se
obrigado a repará-lo caso venha a ocorrer efetiva- ao dano eminentemente material.
mente, mesmo que seu comportamento seja isento de Inicia-se a liquidação do dano com a apuração das
culpa, bastando que reflita a violação de um dever de despesas de tratamento, incluindo todos os gastos mé-
cuidado10. dicos e hospitalares até a total recuperação. Segue-se
O Art. 1545 (191�) fundamenta 48,14% (1� pro- com a aferição dos chamados lucros cessantes, isto é,
cessos) dos casos em que o Código Civil foi citado, e é o que a vítima deixou de ganhar em razão do período
explícito, fazendo questão de deixar claro quanto à res- de recuperação até a efetiva alta médica. Nestes casos,
ponsabilidade das profissões sanitárias, únicas visadas pode ser computado o tempo dispendido para o retra-
neste artigo. tamento, com vários retornos ao consult�rio, em geral
de outro profissional, para acertar o erro cometido pelo
Art. 1545 (191�)� “Os médicos, cirurgiões, farma- requerido.
cêuticos, parteiras e dentistas são obrigados a satisfazer
o dano, sempre que a imprudência, negligência, ou im- Diferentes artigos do Código Civil4 sem significân-
perícia, em atos profissionais, resultar morte, inabilita- cia estatística respaldaram eventuais pedidos de cumu-
ção de servir ou ferimento”. Correspondente ao atual lação de danos materiais e morais e as obrigações por
Art. 951 (2002), que sem citar as profissões nominal- atos ilícitos em 48,14% dos casos (1� processos) em
mente diz� “O disposto nos arts. 948,949 e 950 aplicam- que foi citado.
se ainda no caso de indenização devida por aquele que, Já artigos do C�digo de Processo Civil2 aparecem
no exercício de atividade profissional, por negligência, em �4,14% (14 processos) das peças pesquisadas e qua-
imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, se exclusivamente fundamentando os pedidos de medi-
agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilita-lo para da cautelar de produção antecipada de provas, que tra-
o trabalho”. tam da regulamentação dos procedimentos cautelares.
Assim, a falta cometida no tratamento odontoló- O artigo de maior recorrência, com 28,57% (4 pro-
gico poderá ter como consequência, além da impossi- cessos), é o Art. 849� “Havendo receio de que venha a
bilidade da cobrança de honorários, da obrigação de tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de
restituí-los e da impossibilidade de exigir do cliente o certos fatos na pendência da ação, é admissível o exame
cumprimento do contrato por ventura firmado ao iniciar pericial.”
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Melani RFH, Oliveira RN, Oliveira SVT, Juhás R.. RP� Rev P�s �rad 2010�17(1)�4�-5�.
Nesses casos, há o pedido de instalação de uma Perí- “Art �º São direitos básicos do consumidor
cia Judicial, que pode ser solicitada por uma das partes in- VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclu-
teressadas, devidamente justificada, ou pelo entendimento sive com a inversão do ônus da prova, a seu favor,
do Juízo, em caso de o processo não apresentar elementos no processo civil, quando, a critério do juiz, for
suficientes de convencimento que levem ao convencimen- verossímil a alegação ou quando for ele hipossu-
to do magistrado. O objetivo da perícia em odontologia ficiente, segundo as regras ordinárias de experiên-
é trazer provas materiais ou científicas obtidas através de cias.”
exame clínico do paciente, vistoria de aparelhos (protéti-
cos e ortodônticos), avaliação de prontuário e radiografias,
e levantamento do método de tratamento empregado. Assim, caberá ao profissional provar que agiu de
O C�digo de Defesa do Consumidor – lei nº 8.078 acordo com a sua obrigação e dever de cuidado para
de 11/09/19901 – respalda o pedido de indenização em com seu paciente e que possui provas� o prontuário cor-
��,58% dos casos (15 processos), sendo o cirurgião- retamente preenchido, por exemplo.
dentista observado como um prestador de serviço de A citação de Jurisprudências nas ações de indeni-
natureza odontológica, enquadrado no conceito de for- zação movidas contra o cirurgião-dentista, que são in-
necedor descrito pela lei. Em 7 processos (4�,��%), o terpretações reiteradas que os tribunais dão à lei, nos
artigo destacado foi o Art. 14, que contempla no §4º casos concretos submetidos ao seu julgamento, aparece
dispositivo específico sobre a responsabilidade do pro- em 4�,�4% dos casos analisados (19 processos). Este
fissional liberal e dispõe� fato pode representar uma apreciação tendenciosa da
“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, inde- profissão, já que em 2�,�1% dos casos em que foram
pendentemente da existência de culpa, pela repara- mencionadas jurisprudências (5 processos), a aprecia-
ção dos danos causados aos consumidores por de- ção citada é de que o trabalho do cirurgião-dentista é
feitos relativos à prestação de serviços, bem como obrigação de resultado. Logo, as peças iniciais produzi-
por informações insuficientes ou inadequadas so- das pelos advogados dos pacientes mostram que alguns
bre sua fruição e riscos. juizes têm entendido que o cirurgião-dentista se obriga
a alcançar determinado fim sem o qual não terá cumpri-
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais
do sua obrigação.
liberais será apurada mediante a verificação de cul-
pa.”
DISCUSSÃO
A partir da análise dos argumentos mais utilizados
À parte da discussão sobre a responsabilidade pro- pelos pacientes nas peças iniciais (Tabela 4), foi pos-
fissional do cirurgião-dentista estar caracterizada por sível destacar pontualmente as seguintes observações:
obrigação de meio ou de resultado, que depende da análi-
se do caso considerando-se suas particularidades, caso fi-
Relatório de CD que atendeu o paciente
que provado que a contratação objetivada foi tão somen-
após o requerido
te de meios, aplica-se a regra do art. 14, § 4º do CDC, em
que o profissional liberal apenas responde se for provada O item que fundamenta 4�,�4% (19 pacientes) dos
sua culpa� ou seja, que ele desempenhou um serviço de- processos analisados é o relato escrito de outro CD (ge-
feituoso, decorrente de um comportamento negligente, ralmente o profissional que assiste o paciente na época
imprudente ou imperito9. Porém, nas ações de indeniza- do processo), que atesta, de forma direta ou indireta, a
ção contra o cirurgião-dentista, quer se trate de obrigação ligação entre a situação verificada e o tratamento ante-
de meio ou de resultado (objetiva ou subjetiva), é sempre rior.
possível haver a inversão do ônus da prova em favor do É necessária a conscientização da classe odontol�-
consumidor, conforme autoriza o art. �º, VIII, do C�di- gica no sentido de acautelar-se, em caso de solicitação
go8. Particularmente, faz-se necessária a qualidade dos ou elaboração de Relat�rios, Pareceres ou Declarações.
registros obtidos pelo CD, através dos quais demonstrará Frequentemente, estas informações são utilizadas para
a adequação dos procedimentos propostos e realizados. tentar demonstrar o nexo causal, ou seja, a relação entre
Em seguida, o Art. �º, VIII, é citado em 40% dos o dano ora verificado e o tratamento anteriormente rea-
processos em cuja peça inicial foi citado o CDC (� pro- lizado. A emissão de uma avaliação de natureza técnica
cessos), solicitando a inversão do ônus da prova� pode ser considerada pelo profissional, desde que ele
Tabela 4 -
Argumentos de maior incidência nos processos civis movidos contra cirurgiões-dentistas estudados
Número de processos em que o argumento foi citado % Argumentos
19 46,34 Relatório de CD que atendeu o paciente após o Requerido
18 43,9 Erro de diagnóstico/planejamento/acompanhamento do CD
12 29,26 Quebra de confiança
8 19,51 Queixa anterior realizada no CRO
5 12,19 Quebra de contrato
2 9,75 Publicidade enganosa (placa, cartão, uso de título indevido)
Total de processos analisados: 41, porém mais de um item pode ser citado em um mesmo processo
CD: cirurgião-dentista; CRO: Conselho Regional de Odontologia.
tenha a possibilidade de acesso ao hist�rico clínico do são do CD, especialmente no esclarecimento quanto
caso, ponderando eventuais intercorrências e acidentes, aos resultados esperados do tratamento proposto, a fal-
evitando, assim, o risco de emitir um documento so- ta de orientações indispensáveis em relação à higiene
bre o trabalho de um colega sem referências técnicas bucal, cuidados com as peças protéticas, cuidados no
seguras. Antes de considerar o trabalho realizado por pós-operatório e, em relação aos casos que envolvem
outro cirurgião-dentista como inadequado sob o ponto ortodontia, a falta de controle radiográfico preventivo
de vista técnico, deve-se compreender as circunstâncias para possíveis reabsorções �sseas indesejáveis.
em que o mesmo foi realizado.
Quebra de confiança
Erro de diagnóstico/planejamento/ Em 29,2�% dos processos analisados (12), o pa-
acompanhamento do CD ciente entendeu como erro passível de Indenização o
No total, 4�,90% (18 pacientes) associam o re- fato de, diante de sua insatisfação ou dúvidas em re-
sultado ruim à falha no diagn�stico, planejamento e/ lação ao resultado do tratamento, terem recebido um
ou acompanhamento de seu tratamento, muitas ve- atendimento indesejável, algumas vezes considerado
zes atribuídos à vaidade do profissional, sendo ci- antiético o cirurgião-dentista.
tado nas peças iniciais que, nos retornos sucessivos Observamos, então, que a falta de comunicação
ao consultório do CD, foram atendidos de maneira e de esclarecimento, ou seja, problemas de relaciona-
inadequada. mento, pode facilmente levar à quebra de confiança no
Baseados nos relatos contidos nas peças iniciais, profissional que o está atendendo. Com as modificações
os autores consideraram a divisão e conceito dos erros ocorridas no mercado de trabalho para os cirurgiões-
profissionais preconizada por Lutz6 para caracterizar a dentistas, as relações estabelecidas entre profissionais
insatisfação do paciente. Desta classificação, os erros e pacientes nem sempre são baseadas na escolha por
de diagn�stico podem ocorrer� A) por ação – exame confiança.
clínico feito com técnica defeituosa, com descaso ou Atualmente, observa-se com frequência que o pa-
imprudência� interpretação errônea de dados semiol�- ciente procura o profissional não porque nele confia,
gicos, embora corretamente obtidos; ou B) por omis- ou porque obteve informações de terceiros de que ele
são de um recurso indispensável, por exemplo, a ra- é profissionalmente conceituado. No mais das vezes,
diografia. ele é indicado em decorrência de convênios colocados
Nesta abordagem, considerou-se erro de planeja- à sua disposição.
mento aqueles ocorridos por� A) ação – escolha de tra- Como argumentos para a perda de confiança, fo-
tamento impróprio e emprego de medicação contraindi- ram relatados nos processos analisados o descontenta-
cada, perigosa ou trocada� ou B) por omissão – falta de mento por reiterados retratamentos, perda ou falhas em
procedimentos preparatórios para a intervenção propos- tratamentos efetuados recentemente, consultas desmar-
ta (ex. falta de extração de raízes antes da instalação de cadas com frequência, longo tempo dispendido com o
uma pr�tese total, falta de tratamento endodôntico, etc). tratamento e o “comportamento” de seu dentista diante
Como erro de acompanhamento, entendeu-se a omis- de problemas apresentados durante o tratamento
Cpf: 030.192.751-05
Melani RFH, Oliveira RN, Oliveira SVT, Juhás R.. RP� Rev P�s �rad 2010�17(1)�4�-5�.
ABSTRACT
Legal devices and arguments mostly used in civil lawsuits: casuistry analysis in Dentistry
Upon the increasing number of civil trials involving dentists (CD) and the care they deliver, this paper aimed
to investigate the legal provisions and the arguments presented by patients to support these complaints. We con-
ducted a retrospective study with convenience sample consisting of the personal authors’ casuistic of 41 ongoing
processes. The Civil Code was the most cited legal provisions (68.85%), in its articles 927, 949, 1538 and 1545,
followed by references to case law (46.34% of cases), Code of Consumer Protection (36.58%), Code of Civil Proce-
dure (34.14%) and the Federal Constitution (26.82%), and more than one device was found in the same action. The
patients argued and substantiated their dissatisfaction with the treatment mainly in their report about the profes-
sional who assisted them after the treatment (46.34%) followed by the allocation of fault diagnosis, planning and/
or monitoring of their treatment (43.90%), among others. The defense of the dentists against these allegations and
the subsequent demonstration of their responsibility in regard to the patient’s assistance will be effective before the
correct documentation of care.
DESCRIPTORS
Damage liability. Indemnity. Damage assessment.
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de Responsabilidade Civil contra o Cirurgião-Dentista nos
Tribunais do Brasil por meio da Internet. [Tese]. São Paulo� Recebido: 07/01/10
Faculdade de Odontologia da USP� 2007. Aceito: 26/02/10
Cpf: 030.192.751-05