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Direito Constitucional

O documento aborda o direito constitucional, destacando o neoconstitucionalismo e a importância da Constituição como norma central do sistema jurídico, que deve garantir direitos fundamentais e limitar o poder autoritário. Ele explora diferentes classificações de constituições, suas origens, formas, conteúdos e funções, além de discutir elementos constitucionais e a relevância do preâmbulo e das disposições transitórias. A análise enfatiza a conexão entre direito, ética e valores, ressaltando a necessidade de efetivação dos princípios constitucionais na prática.

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Direito Constitucional

O documento aborda o direito constitucional, destacando o neoconstitucionalismo e a importância da Constituição como norma central do sistema jurídico, que deve garantir direitos fundamentais e limitar o poder autoritário. Ele explora diferentes classificações de constituições, suas origens, formas, conteúdos e funções, além de discutir elementos constitucionais e a relevância do preâmbulo e das disposições transitórias. A análise enfatiza a conexão entre direito, ética e valores, ressaltando a necessidade de efetivação dos princípios constitucionais na prática.

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direito constitucional

• (Neo)constitucionalismo (a título de mais conhecimento)

- O direito constitucional costuma ser alocado dentro do ramo do direito público,


destacando-se por seu objeto e princípios fundamentais orientadores de sua aplicação;
- José Afonso da Silva: o direito constitucional configura-se como Direito Público
fundamental. Apesar disso, o direito é falado sendo uno e indivisível, indecomponível;
- A superação da rígida dicotomia entre o público e o privado, fica mais evidente diante
da tendência de descodificação do direito civil;
- Surgimento de microssistemas;
- “Ramos do direito" substituído pelo escalonamento verticalizado e hierárquico das
normas, apresentando-se a Constituição como norma de validade de todos o sistema,
situação decorrente do princípio da unidade do ordenamento e da supremacia da
Constituição;
- Canotilho sobre constitucionalismo: teoria que ergue o princípio do governo limitado
indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-
social de uma comunidade; uma teoria normativa da política, tal como a teoria da
democracia ou a teoria do liberalismo;
- Todo Estado deve possuir uma Constituição. Partindo dessa afirmação avança-se no
sentido de que os textos constitucionais contêm regras de limitação ao poder autoritário
e de prevalência dos direitos fundamentais, afastando-se da visão opressora do antigo
regime;
- Busca-se a eficácia da Constituição, deixando o texto de ter um caráter meramente
retórico e passando a ser mais efetivo;
- Estado constitucional de direito: Constituição passa a ser o centro do sistema, marcada
por uma intensa carga valorativa. A lei e, de modo geral, os Poderes Públicos, então
devem, acima de tudo, estar em consonância com seu espírito, o seu caráter axiológico
e os seus valores destacados. A Constituição, adquire, de vez, o caráter de norma
jurídica, dotada de imperatividade, superioridade e centralidade, vale dizer, tudo deve
ser interpretado a partir da Constituição;
- Conteúdo axiológico da Constituição: do ponto de vista material, sobressai o seguinte
elemento dentro da noção de constitucionalismo: (i) a incorporação explícita de valores
e opções políticas nos textos constitucionais, sobretudo no que diz respeito à promoção
da dignidade humana e dos direitos fundamentais.
O grande desafio do neoconstitucionalismo passa ser encontrar mecanismos para sua
efetiva concretização;
- Concretização dos valores constitucionais e garantia de condições dignas mínimas:
do ponto de vista material, destaca-se um outro elemento na concepção de
constitucionalismo: (ii) a expansão de conflitos específicos e gerais entre as opções
normativas e filosóficas existentes dentro do próprio sistema constitucional.

FOI MARCADAMENTE DECISIVO PARA O DELINEAMENTO DESSE NOVO


DIREITO CONSTITUCIONAL, A REAPROXIMAÇÃO ENTRE O DIREITO E A
ÉTICA, O DIREITO E A MORAL, O DIREITO E A JUSTIÇA E DEMAIS VALORES
SUBSTANTIVOS, A REVELAR A IMPORTÂNCIA DO HOMEM E A SUA
ASCENDÊNCIA A FILTRO AXIOLÓGICO DE TODO O SISTEMA POLÍTICO E
JURÍDICO, COM A CONSEQUENTE PROTEÇÃO DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.

- A ideia de que o Estado deva possuir uma Constituição e de que esta deve conter
limitações ao poder autoritário e regras de prevalência dos direitos fundamentais
desenvolve-se no sentido da consagração de um Estado Democrático de Direito e,
portanto, a soberania popular;
- Parágrafo único do art. 1°, CF/88, concretiza que "todo poder emana do povo, que
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição";
- Titularidade X Exercício do Poder: O titular do poder é o povo. O exercício desse
poder, cujo titular, é o povo, dá-se através dos representantes do povo;
- Além de representar de maneira indireta, o povo também realiza diretamente,
concretizando a soberania popular, que, segundo o art. 1.° da lei n. 9.708/98 é exercida
por sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, nos
termos desta Lei e das normas constitucionais pertinentes, mediante: plebiscito,
referendo e iniciativa popular.

(MATÉRIA DE TESTE/PROVA):

• Sentido Sociológico

- Ferdinand Lassalle;
- Somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade X folha de papel.

• Sentido Político

- Carl Schmitt;
- Constituição X Lei Constitucional;
- Constituição = Decisão política;
- Constituição seria a decisão política do titular do Poder Constituinte.

• Sentido Jurídico

- Hans Kelsen;
- Alocou a Constituição no mundo do dever ser; fruto da vontade racional do homem e
não das leis naturais;
- Constituição: norma pura; puro dever ser;
- Sentido lógico-jurídico (norma fundamental hipotética), normas supostas, hipotéticas;
- Sentido jurídico-positivo (norma positiva suprema), normas postas, positivadas;
- Escalonamento de normas com verticalidade hierárquica; CONSTITUIÇÃO NO
TOPO;
- O fundamento de validade da Constituição é a norma hipotética fundamental, situada
no plano lógico, NÃO no JURÍDICO, caracterizando-se assim como fundamento de
validade de todo sistema, determinando obediência a tudo o que for proposto pelo Poder
Constituinte Originário.

QUADRO PÁG. 39 (DIREITO CONSTITUCIONAL ESQUEMATIZADO 2024)

• Sentido Material

- Seria a Constituição (SCHMITT);


- Conteúdo é o que definirá se uma norma tem caráter constitucional;
- Regras estruturais e fundamentais da sociedade;
- É possível encontrar uma norma constitucional fora do contexto da Constituição;
- É relevante no critério material a matéria, pouco importando sua forma.

• Sentido Formal
- Lei constitucional;
- Qualquer norma que tenha sido introduzida por um poder soberano, terá natureza
constitucional, NÃO IMPORTANDO O SEU CONTEÚDO;
- É relevante no critério formal a forma de nascimento da norma.

• Classificação quanto à origem:

Outorgada
- IMPOSTAS de forma unilateral pelo agente revolucionário; Que não recebeu do povo
a legitimidade para em nome dele atuar.

Promulgada (Democrática ou Popular)


- Fruto da Assembleia Nacional Constituinte ELEITA PELO POVO.

Cesarista
- Formada por um plebiscito ou referendo popular baseado no projeto elaborado por um
imperador ou ditador;
- Participação popular, nesses casos, NÃO É DEMOCRÁTICA, pois visa ratificar a
vontade do detentor do poder.

Pactuada
- O PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO CONCENTRA-SE NAS MÃOS DE
MAIS DE UM TITULAR.

• Classificação quanto à forma:

Escrita
- Regras sistematizadas e organizadas em um único documento, estabelecendo as normas
fundamentais de um Estado.

Costumeira
- Não traz regras constitucionais num texto único, solene e sistematizado;
- Baseia-se nos usos de costumes, jurisprudências e convenções;
- Atualmente inexistem constituições exclusivamente costumeiras.
• Classificação quanto à extensão:

Sintéticas
- Enxutas, veiculadoras apenas dos princípios fundamentais e estruturais do Estado;
- NÃO descem a minúcias.

Analíticas
- Abordam todos os assuntos que os representantes do povo entenderem fundamentais;
- NORMALMENTE descem a minúcias.

• Classificação quanto ao conteúdo:

Material
- Contém as normas fundamentais e estruturais do Estado a organização de seus órgãos,
os direitos e garantias de fundamentais.

Formal
- Elege como critério o processo de sua formação, e não, o conteúdo de suas normas.

• Classificação quanto ao modo de elaboração

Dogmáticas
- Sempre escritas, consubstanciam os dogmas estruturais e fundamentais do Estado;
- Elaboradas de um só jato, reflexivamente, racionalmente, por uma Assembleia
Constituinte.

Históricas
- Constituem-se através de um lento e contínuo processo de formação, ao longo do tempo,
reunindo a história e as tradições de um povo.

• Classificação quanto à alterabilidade


Rígidas
- Constituições que exigem, para a sua alteração, um processo legislativo mais árduo,
mais solene, mais dificultoso do que o processo de alteração das normas não
constitucionais.

Flexíveis
- Constituições que não possuem um processo legislativo de alteração mais dificultoso
do que o processo legislativo de alteração das normas infraconstitucionais.

Semiflexíveis ou Semirrígidas
- Constituições tanto rígidas como flexíveis.

Fixas
- Constituições que somente podem ser alteradas por um poder de competência igual
àquele que as criou, isto é, O PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO.

• Classificação quanto à sistemática

Reduzidas
- Constituições que se materializariam em um só código básico e sistemático, como as
brasileiras.

Variadas
- Constituições que se distribuiriam em vários textos e documentos esparsos, sendo
formadas de várias leis constitucionais.

Codificadas
- Constituições que se acham contidas inteiramente NUM SÓ TEXTO, com os seus
princípios e disposições sistematicamente ordenados e articulados em títulos, capítulos
e seções, formando em geral um único corpo de lei.

• Classificação quanto à dogmática

Ortodoxa
- Constituição formada por uma só ideologia.

Eclética
- Constituição formada por ideologias conciliatórias.

• Classificação quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico - essência)

- Karl Loewenstein;
- Critério Ontológico busca identificar a correspondência entre a realidade política do
Estado e o texto constitucional.

Normativa
- Pretendida limitação ao poder se implementa na prática, havendo, assim,
correspondência com a realidade.

Nominalista
- Busca-se essa concretização da limitação ao poder, porém, sem sucesso, não se
conseguindo uma verdadeira normatização do processo real do poder.

Semânticas
- Não pretendida limitação ao poder, buscando-se conferir legitimidade meramente
formal aos detentores do poder, em seu próprio benefício.

• Classificação quanto ao sistema

Principiológica
- Predominam os princípios, identificados como normas constitucionais providas de alto
grau de abstração, consagradores de valores, pelo que é necessária a mediação
concretizadora.

Preceitual
- Prevalecem as regras, individualizadas como normas constitucionais revestidas de
pouco grau de abstração, concretizadoras de princípios, pelo que é possível a aplicação
coercitiva.

• Classificação quanto à função

Provisórias
- Conjunto de normas com dupla finalidade de definição de regime de elaboração e
aprovação da Constituição formal e de estruturação do poder político no interregno
constitucional, a que se acrescenta a função de eliminação ou erradicação de resquícios
do antigo regime.

Definitivas
- DEFINITIVA ou de DURAÇÃO INDEFINIDA PARA O FUTURO como pretende ser
a Constituição produto final do processo constituinte.

• Classificação quanto à origem de sua decretação

Autônomas
- A Soberania do Estado está sedimentada na Constituição material, e a Constituição
formal, normalmente, provém do próprio Estado.

Heterônomas
- Constituições que foram decretadas de fora do Estado por outro (ou outros) Estado(s)
ou por organizações internacionais.

• Constituições garantia, balanço e dirigente

Garantia
- Busca garantir a liberdade, limitando o poder.

Balanço
- Reflete um degrau de evolução socialista.
Dirigente
- Estabelece um projeto de Estado.

• Classificação da Constituição brasileira de 1988

- Quanto à origem: Promulgada;


- Quanto à forma: Escrita (instrumental);
- Quanto à extensão: Analítica;
- Quanto ao conteúdo: Formal;
- Quanto ao modo de elaboração: Dogmática;
- Quanto à alterabilidade: Rígida;
- Quanto à sistemática: Reduzida (unitária);
- Quanto à dogmática: Eclética;
- Quanto à correspondência com a realidade: Normativa;
- Quanto ao sistema: Principiológica;
- Quanto à função: Definitiva;
- Quanto à origem: Autônoma;
- Garantia; Dirigente; Social e Expansiva.

• Elementos das Constituições

Elementos Orgânicos
- Normas que estruturam o Estado e o Poder.

Elementos limitativos
- Normas dos direitos e garantias fundamentais.

Elementos socioideológicos
- Normas que revelam o compromisso da Constituição entre o Estado individualista e o
Estado social, intervencionista.
Elementos de estabilização constitucional
- Normas destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da
Constituição, do estado e das instituições democráticas.

Elementos formais de aplicabilidade


- Normas que estabelecerem regras de aplicação da CF.

• Preâmbulo

- Vulgarmente seria um prefácio;


- Elemento fundamental da Constituição Federal;
- Explica a essência dos pontos centrais;
- Demonstra intenções políticas, sociais e filosóficas de uma Constituição reparada;
- Antecede uma norma ou lei;
- Parte introdutória e preliminar do texto constitucional.

TESE DA IRRELEVÂNCIA JURÍDICA: o preâmbulo situa-se no domínio da política, sem


relevância política; que o preâmbulo da Constituição não é norma de reprodução obrigatória
nos Estados, nem pode servir como parâmetro para o controle de constitucionalidade.

• Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT)

- Conjunto de normas de natureza constitucional;


- Caráter transitório;
- Não compõe o conjunto de normas constitucionais permanentes da nação;
- Tem como finalidade estabelecer regras de transição entre o antigo ordenamento
jurídico e o novo, instituído pela manifestação do poder constituinte originário,
providenciando a acomodação e a transição do antigo e do novo direito edificado;

• Classificações das disposições do ADCT: Raul Machado Horta, categorias normativas

- Normas Exauridas: aquelas que já desapareceram, em virtude da realização da


condição ou do ato nela previstos;
- Normas dotadas de duração temporária expressa;
- Normas de recepção;
- Normas sobre benefícios e direitos: que asseguram direitos;
- Normas com prazos constitucionais ultrapassados: todos os artigos que dependiam
de legislação para sua implementação.

• Barroso, espécies distintas de disposições transitórias

- Disposições transitórias propriamente ditas: disposições típicas que regulam de


modo transitório determinadas relações, estando sujeitas a condição resolutiva ou termo;
- Disposições de efeitos instantâneos e definitivos: essas disposições não aguardam
uma condição ou um termo, operando imediatamente ou no prazo estabelecido;
- Disposições de efeitos diferidos: aquelas que "sustam a operatividade da norma
constitucional por prazo determinado ou até a ocorrência de um determinado evento".

AS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS, ENTÃO, EXERCEM O PAPEL DE


ACOMODAÇÃO TRANSITÓRIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO ANTERIOR
COM A NOVA ORDEM CONSTITUCIONAL.

- Diante da eficácia temporária dos ADCT, após produzirem os seus efeitos, ou diante do
advento da condição ou termo estabelecidos, esgotam-se, tornando-se normas de
eficácia exaurida;
- A norma dos ADCT que se esgotou não é mais norma jurídica, mas simples proposição
sintática, com valor meramente histórico;
- Norma permanente das Disposições Transitórias é norma anômala;
- Os ADCT tem natureza jurídica de norma constitucional e poderá, portanto, trazer
exceções às regras colocadas no corpo da Constituição;
- A alteração das normas do ADCT ou o acréscimo de novas regras dependerão da
manifestação do poder constituinte derivado reformador, por meio de emendas
constitucionais que devem observar os limites ao poder de reforma. Essas novas
disposições, estabelecidas por emenda, serão suscetíveis ao controle de
constitucionalidade. Além disso, as disposições dos ADCT servirão de parâmetro ou
paradigma de conforto para análise da constitucionalidade dos demais atos normativos,
sendo esse entendimento respaldado por decisões da Corte. Portanto, a natureza
constitucional dos ADCT impõe um rigoroso processo de alteração, assegurando a
integridade do ordenamento jurídico.
• Poder Constituinte

- Questão de 'poder', de 'força' ou de 'autoridade' política que está em condições de, numa
determinada situação concreta, criar, garantir ou eliminar uma Constituição entendida
como lei fundamental da comunidade política;
- Titularidade pertencente ao povo.

• Hiato Constitucional

- Também chamado de revolução, verifica-se quando há um choque entre o conteúdo da


Constituição política e a realidade social ou sociedade;
- A dinâmica constitucional é caracterizada como a constante tentativa de adaptar o texto
político às novas realidades-valores sociais, o que, quando inexistente, dará margem a
Hiato Constitucional ou, se desejarem, Revolução;
- Revolução deve ser encarada como uma quebra do processo político e histórico normal
da organização política.

• Poder Constituinte Originário (Genuíno ou de 1.° grau)

- Tem poder de elaborar ou atualizar uma Constituição mediante supressão, modificação


ou acréscimo de normas;
- Instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica
precedente;
- O objetivo fundamental do Poder Constituinte Originário é criar um novo Estado.

• Poder Constituinte Originário Histórico

- Poder atribuído aos autores que pela primeira vez elaboram as Constituições de um
Estado, responsáveis por sua primeira forma estrutural;
- Seria o verdadeiro Poder Constituinte Originário, estruturando pela primeira vez o
Estado.

• Poder Constituinte Originário Revolucionário

- Responsável pela criação de Constituições que se sobrepõem à primeira;


- Rompe com um poder constituinte previamente estabelecido em uma determinada
nação soberana.
• Características do Poder Constituinte

- Inicial;
- Autônomo;
- Ilimitado juridicamente;
- Incondicionado e soberano na tomada de suas decisões;
- Poder de fato e poder político;
- Permanente.

• Poder Constituinte Originário Formal

- Ato de criação propriamente dito e que atribui a "roupagem" com status constitucional
a um "complexo normativo".

• Poder Constituinte Originário Material

- É o lado substancial do Poder Constituinte originário;


- Qualifica o direito constitucional formal, com o status de norma constitucional.

O PODER MATERIAL DIZ O QUE É CONSTITUCIONAL FORMAL,


MATERIALIZA E SEDIMENTA COMO TEXTO CONSTITUCIONAL (ESCRITO OU
NÃO) A DECISÃO TOMADA.

• Formas de expressão

- Outorga: Caracteriza-se pela declaração unilateral do agente revolucionário;


- Assembleia Nacional Constituinte ou Convenção: Nasce da deliberação da
representação popular (1988).

• Poder Constituinte Derivado (Instituído, constituído, secundário ou de 2.° grau)

- Criado e instituído pelo Poder Constituído Originário;


- Deve obedecer às regras colocadas e impostas pelo originário, sendo assim,
LIMITADO, CONDICIONADO AOS PARÂMETROS A ELE IMPOSTOS.
• Poder Constituinte Derivado Reformador (ou competência reformadora)

- Modifica a Constituição Federal, por meio de um procedimento específico, estabelecido


pelo Poder Constituinte Originário, sem que haja uma verdadeira revolução;
- A manifestação do Poder Constituinte Derivado Reformador verifica-se através das
emendas constitucionais;
- O Poder Constituinte Derivado é condicionado pelas regras colocadas pelo originário.

• Poder Constituinte Derivado Decorrente

- Parecido com o reformador, por ser derivado do originário e por ele criado, encontra os
seus parâmetros de manifestação nas regras estabelecidas pelo originário;
- Tem por missão estruturar a Constituição dos Estados-Membros;
- Tal competência decorre da capacidade da auto-organização estabelecida pelo Poder
Constituinte Originário.

• Poder Constituinte Derivado Revisor

- Vinculado ao Poder Constituinte Originário;


- É um poder condicionado e limitado às regras instituídas pelo originário, sendo assim
um poder jurídico;
- Também chamado de Competência de Revisão, destina-se a adaptar a Constituição à
realidade que a sociedade aponta como necessária.

• Poder Constituinte Difuso

- Caracterizado como um poder de fato e que serve de fundamento para os mecanismos


de atuação da mutação constitucional;
- Poder de fato, exercido de forma indireta por representantes do povo reunidos em órgãos
constituídos, como os Tribunais;
- Não é um poder ilimitado, pois lhe é vedado ferir determinados direitos e princípios
estruturantes;
- Trata-se de processo informal de mudança da Constituição, alterando-se o seu sentido
interpretativo, e não o seu texto, que permanece intacto com a mesma literalidade;
- Decorre diretamente da Constituição, isto é, o seu fundamento flui da Lei Fundamental,
ainda que implicitamente, e de modo difuso e inorganizado.

• Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais

- Eficácia Social: Hipótese de a norma vigente ser efetivamente aplicada a casos


concretos.
De maneira informal e mais simplificada, a eficácia social de uma norma, refere-se ao
cumprimento prático dessa norma, ou seja, se ela está sendo aplicada de fato nos casos
concretos da vida real. Para que uma norma tenha essa eficácia, ela precisa ser observada
pelas pessoas, pelas autoridades e pelos órgãos estatais.
Normas que estão sendo aplicadas na prática.
- Eficácia Jurídica: Significa que a norma está apta a produzir efeito na ocorrência de
relações concretas, mas já produz efeitos jurídicos ao ser editada e resultar na revogação
de todas as normas anteriores.
Se no plano formal (validade jurídica, está dentro dos trâmites legais) a norma é válida
e está apta a produzir efeitos no ordenamento jurídico.
Normas que possuem validade e já podem produzir efeitos jurídicos.

• Normas Constitucionais de eficácia plena, contida e limitada (josé afonso)

- Eficácia Plena (Absoluta): Aplicabilidade direta, imediata e integral no momento em


que entra em vigor; estão aptas a produzir todos os seus efeitos; como regra geral, criam
órgãos ou atribuem aos entes federativos competências.
Normas que assim que entram em vigor, já podem ser aplicadas de forma completa, sem
a necessidade de regulamentação adicional, isso significa que não precisam de qualquer
complemento legislativo para produzir todos os seus efeitos.
Normas que já produzem todos os seus efeitos assim que entram em vigor.
- Eficácia Contida (Relativa restringível): Aplicabilidade direta e imediata, mas não
integral. As normas constitucionais de eficácia contidas são restritas.
Normas que podem ser aplicadas logo que entram em vigor, mas podem ter sua
aplicação restrita por uma norma infraconstitucional, ou seja são normas que podem ser
restringidas caso haja necessidade de ajustes para atender a circunstâncias específicas.
Normas que produzem efeitos, mas podem ser limitadas por outras normas.
Eficácia Limitada (Dependente): Aplicabilidade imediata e reduzida. Normas que não
têm o condão de produzir todos os seus efeitos.
Normas que não têm aplicabilidade plena e imediata. Elas precisam ser regulamentadas
por uma lei ou outro ato normativo para que seus efeitos sejam plenamente aplicados,
ou seja, no momento em que é criada ela tem eficácia jurídica, mas seus efeitos práticos
são limitados até que outra norma (geralmente uma lei) a complemente, detalhando
como ela funcionará na prática.
Normas que precisam de regulamentação para produzir todos os seus efeitos.
- Normas de Princípio Institutivo (órgãos e instituições públicas): A Constituição
traz um esquema geral de atribuições de órgãos e instituições públicas e deixa para
que a Lei os estruture de forma mais concreta.
- Normas de Princípio Programático (planos de governo): Relacionadas a planos
de Governo que concretizam os fins sociais do Estado; Constituição traça as
diretrizes gerais e cabe ao Legislativo editar a lei que dê aplicabilidade a esse
programa.
TODAS AS NORMAS CONSTITUCIONAIS TÊM EFICÁCIA JURÍDICA E,
POR ISSO, SÃO APLICÁVEIS. NO ENTANTO, NEM TODAS POSSUEM A
CAPACIDADE DE INCIDIR IMEDIATAMENTE SOBRE OS FATOS
REGULADOS.

exercícios

1. Sobre a eficácia social das normas constitucionais, é correto afirmar que:


a) A eficácia social é a capacidade da norma de ser cumprida e aplicada na prática.
b) Normas que não são observadas pela sociedade têm eficácia social plena.
c) Eficácia social diz respeito apenas ao reconhecimento formal da norma pelo Estado.
d) Todas as normas constitucionais possuem eficácia social independente de sua
aplicação prática.

2. As normas constitucionais de eficácia contida:


a) Produzem todos os seus efeitos imediatamente, sem restrições.
b) Têm aplicabilidade direta, mas podem ser restringidas por normas
infraconstitucionais.
c) Precisam de regulamentação para começar a produzir efeitos.
d) São consideradas inconstitucionais se não forem aplicadas.
3. A eficácia jurídica de uma norma se refere a:
a) Sua capacidade de ser cumprida na prática.
b) A possibilidade de ser imediatamente aplicada sem regulamentação.
c) Sua validade formal e a produção de efeitos no ordenamento jurídico desde sua
edição.
d) A sua aceitação pela sociedade e pelas autoridades.

4. As normas constitucionais de eficácia limitada necessitam de regulamentação


porque:
a) Elas são inconstitucionais até que sejam regulamentadas.
b) Sem regulamentação, não produzem efeitos jurídicos.
c) Elas não podem ser aplicadas até que outra norma infraconstitucional as
complemente.
d) Elas têm aplicabilidade imediata, mas seus efeitos são restritos até a regulamentação.

5. Sobre as normas constitucionais de eficácia plena, é correto afirmar que:


a) Necessitam de regulamentação para serem aplicadas.
b) Podem ser restringidas por normas infraconstitucionais.
c) Produzem todos os seus efeitos desde o momento em que entram em vigor.
d) São aplicáveis apenas se houver um órgão específico criado para sua execução.

6. No que diz respeito às normas de princípio programático, pode-se afirmar que:


a) Elas têm aplicabilidade imediata e não precisam de regulamentação.
b) Elas estabelecem diretrizes que devem ser concretizadas através de leis específicas.
c) Elas têm eficácia social plena desde a sua edição.
d) Elas são meramente orientativas e não vinculativas para o legislador.

gabarito

1. A
2. B
3. C
4. D
5. C
6. B

• Controle de Constitucionalidade (PARTE INICIAL – COBRADA NA PROVA)

- Defesa da supremacia da constituição;


- Quem faz ele? Os três poderes;
- Preventivo e repressivo;
- Após a publicação é exercido de duas maneiras: controle difuso (é um controle que
pode ser feito por qualquer tribunal e qualquer juiz de oficial é o efeito dele é inter
partes);
- Controle abstrato: controle exercido diretamente do STF, controle concentrado a
outra nomenclatura. É concentrado a competência no STF a nível de constituição
federal. Quem pode agir? Quem está lá no artigo 103 9 atores é o efeito é erga omines.

• Princípios da Interpretação Constitucional

- Interpretada em sua globalidade; um todo coerente;


- Evitar contradições;
- Consonância - evitar que a liberdade de expressão seja usada para violar a privacidade
de alguém;
- Harmonizar os espaços de tensão.

• Princípio do Efeito Integrador

- Reforçar a unidade política e social do país;


- Critérios ou pontos de vista que favorecem a integração política e social;
- Regras eleitorais: Fortalecer a democracia, estabilidade política.

• Princípio da Máxima Efetividade

- Princípio operativo (Direito à saúde);


- Aplicação prática e significativa;
- Fornecer medicamentos caros a pacientes com doenças graves.

• Princípio da Justeza ou da Conformidade (exatidão ou correção) Funcional

- Força Normativa da Constituição;


- Executivo, Legislativo e Judiciário: Um não pode passar por cima do outro;
- Respeitar suas funções e limites constitucionais;
- Fidelidade e Adequação à Constituição.

• Princípio da Concordância Prática ou Harmonização

- Bens jurídicos: Coexiste de Forma Harmônica;


- Liberdade de Imprensa: Privacidade – Encontrar um meio termo;
- Estabelecimento de limites e condicionamentos recíprocos.

• Princípio da Força Normativa

- Norma Jurídica vinculantes;


- Máxima efetividade;
- As normas devem ser cumpridas integralmente, não apenas um documento político ou
ideológico.

• Princípio da Interpretação Conforme a Constituição

- Sempre escolher a interpretação que mais conduz e respeita a construção e respeita a


construção;
- Direito ao aborto em casos de anencefalia:
- Prevalência da Constituição;
- Conservação de Normas;
- Exclusão da interpretação contra legem;
- Espaço de Interpretação;
- Rejeição ou não aplicação de normas inconstitucionais;
- Intérprete não pode atuar como legislador positivo.

• Princípio da Proporcionalidade ou da Razoabilidade

- Ideias de justiça, equidade, bom senso, prudência;


- Direito a liberdade: Prisão preventiva

• Controle de Constitucionalidade: A Supremacia da Constituição


(APROFUNDAMENTO)
- Afirma-se que as constituições possuem uma supremacia de conteúdo em relação às
leis;
- A supremacia da constituição impõe a compatibilidade vertical das normas do
ordenamento jurídico, fiscalizada por órgãos encarregados de impedir a criação ou
manutenção de atos normativos em desacordo como seu fundamento de validade.
- Supremacia material: Corolário do objeto clássico de todas as constituições por
trazerem em si os fundamentos do Estado de Direito;
- Supremacia formal: Atributo exclusivo das constituições rígidas. No plano dogmático,
esta se traduz na superioridade hierárquica de suas normas em relação a todas as demais
espécies normativas, as quais só serão validas quando produzidas em consonância com
a forma e/ou o conteúdo constitucionalmente determinados;
- Os poderes públicos retiram suas competências da Constituição, e há uma presunção de
que agem de acordo com ela. Essa presunção é relativa (juris tantum), ou seja, pode ser
contestada;
- A presunção de constitucionalidade tem uma função pragmática para garantir a
obrigatoriedade das normas jurídicas, até que seja declarada a inconstitucionalidade por
órgão judicial competente;
- No caso das leis, a presunção é reforçada por um controle preventivo exercido pelo
Poder Legislativo (comissões de constituição e justiça) e pelo Executivo, que pode vetar
projetos de lei inconstitucionais (veto jurídico);
- A presunção de constitucionalidade está associada ao princípio democrático, exigindo
do Judiciário uma postura de deferência às escolhas dos poderes democraticamente
eleitos;
- Luís Roberto Barroso defende que essa presunção funciona como um fator de
autolimitação do Judiciário, que só deve invalidar atos dos outros poderes em casos de
inconstitucionalidade flagrante e incontestável;

• Bloco de constitucionalidade

- Desenvolvido por Louis Favoreu em referência às normas com status constitucional no


ordenamento jurídico francês;
- Refere-se à totalidade de normas constitucionais, sejam expressas ou implícitas,
contidas na constituição formal;
- Corresponde ao conceito de "parâmetro" ou "norma de referência" no controle de
constitucionalidade;
- Além das normas formalmente constitucionais, inclui normas materialmente
constitucionais, como as de direitos humanos, por exemplo, aquelas compreendidas no
Pacto de São José da Costa Rica;
- Inclui normas situadas abaixo da constituição, mas que são consideradas
"vocacionadas" para desenvolver plenamente a eficácia dos preceitos e postulados da
Lei Fundamental.

• Natureza da Norma Inconstitucional

- Primeira Concepção: Norma Inconstitucional como ato inexistente:


- Defende que uma norma só existe, juridicamente, quando pertence a um ordenamento
vigente, ou seja, é reconhecida por órgãos primários ou autorizada por outra norma do
sistema;
- Normas inconstitucionais, por não atenderem a essas condições, são consideradas
inexistentes;
- A existência aqui é usada no sentido de "pertinência ao sistema jurídico" (NINO, 1980);
- Segunda Concepção: Norma Inconstitucional como ato anulável (sistema austríaco):
- Enxerga a norma inconstitucional como válida e eficaz até que um tribunal
constitucional decrete sua inconstitucionalidade. Nesse caso, a decisão judicial é
constitutiva, anulando a norma, e não apenas declarando sua nulidade (CAPPELLETTI,
1999);
- Hans Kelsen (2007) sustenta essa teoria, afirmando que é necessário um órgão
competente para autenticar se as condições mínimas de validade foram respeitadas, caso
contrário, qualquer um poderia desobedecer leis alegando que não são válidas;
- Terceira Concepção: Norma Inconstitucional como ato nulo (teoria clássica):
- Considera que a inconstitucionalidade é um vício insanável que invalida a norma desde
a sua origem;
- A decisão judicial tem natureza declaratória, apenas reconhecendo uma nulidade
preexistente (CAPPELLETTI, 1999);
- Essa teoria da nulidade é adotada pelo Supremo Tribunal Federal na sua jurisprudência.

• Formas de Inconstitucionalidade
- Quanto ao tipo de conduta: A inconstitucionalidade pode ocorrer por ação ou omissão,
dependendo do tipo de conduta praticada pelo Poder Público;
- A Inconstitucionalidade por ação: Decorre de condutas comissivas (facere) que são
contrárias aos preceitos constitucionais;
- Ocorre quando os poderes públicos agem ou editam normas em desacordo com a
Constituição;
- A Inconstitucionalidade por omissão: Caracteriza-se pela não adoção (non facere ou
non praestare) ou pela adoção insuficiente de medidas legislativas ou executivas
necessárias para tornar plenamente aplicáveis normas constitucionais que dependem de
regulamentação;
- Ocorre quando o parlamento deixa de cumprir total ou parcialmente seu dever de
legislar, violando a integridade da Constituição;
- Essa omissão pode levar ao fenômeno da "erosão da consciência constitucional",
segundo a qual a indiferença perante a Constituição resulta em uma atrofia da
consciência constitucional (Loewenstein, 1970);
- Estado de coisas inconstitucional: Criado pela Corte Constitucional da Colômbia;
- Ganhou relevância no Brasil através do julgamento da Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental nº 347 /DF, relatada pelo Ministro Marco
Aurélio, que visava adotar medidas estruturais no sistema penitenciário para sanar
lesões decorrentes de ações e omissões de diversos poderes;
- Pressuposto Fático: Ocorre quando há uma violação generalizada e sistêmica
de direitos fundamentais, afetando um grande número de pessoas de forma
indeterminada;
- A proteção judicial de direitos apenas para grupos específicos seria
insuficiente, comprometendo a proteção dos direitos fundamentais em sua
dimensão objetiva;
- Pressuposto Político: Consiste na constatação de condutas repetidas de omissão
ou ação por parte das autoridades, agravando a situação de
inconstitucionalidade;
- A falha não é de um único órgão, mas sim do Estado como um todo,
refletindo em falhas estruturais e falta de coordenação entre políticas
públicas;
- Pressuposto Jurídico: Envolve a necessidade de medidas conjuntas para
superar essas violações, incluindo o aprimoramento de políticas públicas,
realocação de recursos e reajustes institucionais;
- Justifica uma atuação mais engajada do tribunal constitucional para superar
falhas institucionais, políticas e a sub-representação de grupos minoritários;
- O Tribunal Constitucional no estado de coisas inconstitucional deve impor medidas
estruturais flexíveis e monitorar seu cumprimento, redimensionando ciclos de
formulação, implementação e avaliação de políticas públicas;
- O tribunal define balizas de atuação dos poderes públicos, sem detalhar as providências
específicas, mantendo uma margem de ação constitucionalmente adequada para o
Legislativo e o Executivo;
- O monitoramento contínuo inclui a realização de audiências públicas com a participação
das autoridades públicas e da sociedade civil;
- O órgão judicial deve atuar como instaurador e coordenador do diálogo institucional,
promovendo debates sobre o tema e impulsionando a atuação das autoridades públicas
para garantir a proteção adequada dos direitos fundamentais violados;
- Quanto à norma constitucional ofendida: A inconstitucionalidade pode ser formal ou
material;
- Inconstitucionalidade formal ou nomodinâmica: Ocorre quando há violação de
normas constitucionais relacionadas a formalidades ou procedimentos de elaboração
de atos normativos;

Subdivide-se em três subespécies:

- Inconstitucionalidade formal propriamente dita: decorre da violação de


normas constitucionais referentes ao processo legislativo, que pode ser
subjetiva que é quando ocorre quando leis ou atos são emanados por
autoridades incompetentes (ex. CF, arts. 60, I a III; e 61, § 1º) ou objetiva
quando as leis ou atos são elaborados em desacordo com as regras
processuais (ex. CF, arts. 60 §1°, 2°, 3° e 5°; e 69); Inconstitucionalidade
formal orgânica: decorre da violação das normas constitucionais que
definem órgão competente para tratar de determinada matéria (ex. CF,
art.22);
- Inconstitucionalidade formal por violação dos pressupostos objetivos:
Ocorre quando não são apresentados requisitos constitucionais necessários
para a elaboração de atos normativos, como a relevância e urgência
relevantes para medidas provisórias (CF, art.62);
- Inconstitucionalidade material ou nomoestática: Ocorre quando o conteúdo
de leis ou atos normativos é contrário às normas constitucionais de fundo, como
aquelas que definem direitos e deveres (ex.: CF, art. 5º);
- Quanto à extensão: Pode ser total ou parcial;
- Inconstitucionalidade total: Atinge a Lei, ato normativo ou dispositivo em sua
totalidade;
- Não restam partes válidas para serem aplicadas;
- Inconstitucionalidade parcial: Omissão parcial é quando os poderes públicos não
adotam medidas adequadas para tornar efetivas as normas constitucionais;
Inconstitucionalidade de parte de uma Lei é quando apenas uma parte de uma Lei
ou dispositivo legal está em desacordo com a Constituição;
- Quanto ao momento: Pode ser originária ou superveniente;
- Inconstitucionalidade originária: Ocorre quando a norma-objeto (contida na lei
ou ato normativo) é criado posteriormente à norma-parâmetro ofendida;
- A norma infraconstitucional possui um vício de origem, independentemente do
momento em que a declaração de inconstitucionalidade começa a produzir
efeitos (ou seja, sem relação com a modulação dos efeitos temporais;
- Inconstitucionalidade superveniente: Ocorre quando uma norma-objeto é
anterior à norma-parâmetro, sendo inicialmente constitucional, mas que, com o
tempo, se torna incompatível com a nova norma;
- Na jurisdição do Supremo Tribunal Federal (STF), essa incompatibilidade é
tratada como não recepção (ou revogação), seja por mudanças constitucionais
(emendas) ou pelo surgimento de uma nova Constituição;
- A Lei 9.868/99, art. 13, que define a legitimidade ativa para propor ações
declaratórias de constitucionalidade, foi elaborado de acordo com o § 4º do
artigo 103. Porém, não foi recepcionada após a Emenda Constitucional nº
45/2004;
- Quanto ao prisma de apuração: Pode ser direta ou indireta;
- Inconstitucionalidade direta, imediata ou antecedente: Ocorre quando há uma
violação direta à Constituição, sem a existência de um ato normativo intermediário
entre a norma-objeto e a norma-parâmetro ofendido;
- Inconstitucionalidade indireta ou mediata: Ocorre quando há uma norma
interposta entre a norma-objeto e o dispositivo constitucional;
- A inconstitucionalidade indireta consequente quando o vício de uma norma afeta
outra que dela depende, como ocorre em decretos regulamentadores de leis
inconstitucionais e reflexa por via oblíqua que ocorre quando há violação de
normas infraconstitucionais interpostas (por exemplo, decretos ilegais). Nesse
caso, a inconstitucionalidade é indireta, pois os decretos violadores das leis
regulamentadas são considerados ilegais e, apenas de forma reflexa,
inconstitucionais;

QUADRO PÁGINA 165

• Formas de Controle de Constitucionalidade

- Quanto ao momento: Pode ser preventiva ou repressiva, dependendo do momento de


exercício;
- Controle Preventivo: Realizado antes da publicação da lei ou ato normativo;
- Poder Legislativo: Comissões de Constituição e Justiça examinam a
constitucionalidade das proposições;
- Regimento Interno da Câmara: As propostas são examinadas pela Comissão antes
da apreciação pelo Plenário;
- Regimento Interno do Senado: Comissão opina sobre a constitucionalidade e pode
arquivar proposições;
- Chefe do Poder Executivo: Pode vetar projetos de lei considerados
inconstitucionais.
- Poder Judiciário: Exerce controle preventivo por meio de mandado de segurança
em casos de violação do devido processo legislativo;
- Controle Repressivo: Realizado após a publicação da lei ou ato normativo;
- Congresso Nacional: Pode-se sustar atos do Presidente e rejeitar medidas
provisórias que não atendam aos requisitos legais;
- Tribunal de Contas: Pode apreciar a constitucionalidade de leis e atos do Poder
Público;
- Chefe do Poder Executivo: Pode negar o cumprimento das leis inconstitucionais,
justificando por escrito;
- Controle Concentrado: Reservado ao Supremo Tribunal Federal para normas da
Constituição da República;
- Controle Difuso: Pode ser exercido por qualquer juiz ou tribunal, inclusive de
ofício;
- Quanto à natureza do órgão: Classificado pela natureza do órgão responsável por
exercê-lo;
- Controle Político: Realizado por órgãos sem poder jurisdicional, como o
Legislativo ou entidades criadas para esse fim, como o Conselho Constitucional da
França;
- Controle Jurisdicional: Exercido por órgãos do Poder Judiciário, com juízes e
tribunais responsáveis pelo controle repressivo, como no Brasil e nos Estados
Unidos;
- Sistema Misto: Tem como objetivo assegurar a supremacia da constitui lguns
países, como na Suíça, leis locais são impostas ao controle jurisdicional e leis
nacionais ao controle político realizadas pela Assembleia Nacional;
- Quanto à finalidade: O controle jurisdicional pode ser concreto e abstrato;
- Controle Concreto: Também conhecido como inócuo, é exercido através de
processo constitucional subjetivo para resolver controvérsias sobre direitos
subjetivos. O juiz analisa incidentalmente a compatibilidade da norma
questionada com a constituição antes de julgar o pedido;
- Controle Abstratoção: É um processo objetivo, sem partes formais, que pode
ser instaurado independentemente de interesse jurídico subjetivo. A análise de
constitucionalidade inclui não apenas a compatibilidade entre a norma e a
constituição, mas também elementos táticos e contextuais;
- Elementos Comuns: Em ambas as formas de controle, a verificação da
compatibilidade entre a norma e a constituição é essencial. A análise abrange
três elementos: a lei, o problema a ser resolvido e a constituição, e não apenas a
relação entre a lei e a constituição;
- Processo Mental: No controle concreto, a análise da constitucionalidade
precede a decisão sobre o caso concreto, com a verificação da compatibilidade
entre a norma e a constituição constituída antes da análise específica da situação
do autor. A separação entre as análises é clara, especialmente nos tribunais;
- Quanto ao tipo de pretensão deduzida em juízo: Pode ser classificado em objetivo e
subjetivo, dependendo de sua finalidade;
- O controle objetivo visa à proteção da ordem constitucional e é realizado através de
processo constitucional objetivo;
- O controle subjetivo foca na proteção de direitos subjetivos, buscando a prevenção
ou reparação de lesões a direitos concretamente violados, em vez de simplesmente
declarar a inconstitucionalidade;
- A distinção entre os dois tipos de controle é tendencial; no controle subjetivo, há
também um objetivo de defesa da ordem constitucional, enquanto no controle
objetivo, existe a ideia de proteção de direitos e interesses juridicamente protegidos;
- Quanto à competência: Pode ser difuso ou concentrado, dependendo do órgão
jurisdicional competente;
- A Constituição brasileira de 1988 adota um sistema misto de controle jurisdicional,
que pode ser exercido em ambas as modalidades;
- O controle difuso, ou aberto, pode ser exercido por qualquer órgão do Poder
Judiciário e tem suas bases teóricas na decisão Marbury v. Madison (1803) de John
Marshall, que declarou a inconstitucionalidade de um ato legislativo;
- No Brasil, o controle difuso foi estabelecido desde a primeira Constituição
Republicana de 1891;
- O controle concentrado, ou reservado, é atribuído exclusivamente a um tribunal
específico e foi idealizado por Hans Kelsen, sendo popular na Europa como sistema
austríaco ou europeu;
- Em diversos países europeus, o controle concreto e abstrato é exercido
exclusivamente pelos tribunais constitucionais;
- No Brasil, o primeiro instrumento de controle concebido foi a representação
interventiva, introduzido pela Constituição de 1934 e atualmente previsto na
Constituição de 1988;
- O controle concentrado-abstrato foi apresentado no Brasil com a Emenda
Constitucional nº 16/1965, que distribuiu a representação de inconstitucionalidade;

QUADRO PÁGINA 172

• Controle Difuso de Constitucionalidade

- Presente no sistema brasileiro desde a Constituição de 1891, podendo ser exercido por
qualquer juiz ou tribunal dentro de sua competência;
- Protege direitos subjetivos, analisando inconstitucionalidade de forma incidental
(incidenter tantum), podendo ser reconhecida de ofício, sem provocação das partes;
- Deduzida por meio de processo constitucional subjetivo, onde qualquer pessoa pode
alegar violação de direito em um caso concreto;
- Admite-se qualquer norma constitucional, mesmo se revogada, desde que vigente no
momento do fato (tempus regit actum);
- É objeto de análise qualquer ato dos poderes públicos, sem restrições quanto à natureza
(primário, secundário, normativo ou não normativo) ou âmbito (federal, estadual ou
municipal), mesmo que o ato tenha sido revogado ou exaurido;
- Em regra, eficácia apenas para as partes envolvidas (inter partes) e efeitos retroativos
(ex tunc), baseados na teoria da nulidade da lei inconstitucional;
- Em situações excepcionais, é possível modular efeitos temporais da decisão, por razões
de segurança jurídica ou interesse social, aplicando por analogia o artigo 27 da Lei
9.868/1999;
- Admite-se a modulação dos efeitos em casos de controvérsia sobre a recepção de
normas pré-constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal.

• Cláusula da Reserva de Plenário

- Nos tribunais, a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo só pode ser declarada
pelo voto da maioria absoluta dos membros ou, onde houver, do órgão especial (CF, art.
97);
- A cláusula da reserva de plenário é aplicável tanto no controle difuso quanto no
concentrado, determinando que a decisão sobre inconstitucionalidade deve ser feita pelo
plenário ou órgão especial, independentemente de previsão legal específica;
- O controle difuso nos tribunais é regulamentado por regimentos internos e pelo Código
de Processo Civil (CPC), e o relator deve submeter a questão à turma ou câmara
competente após ouvir o Ministério Público (CPC, art. 948). Se a alegação for acolhida,
deve-se remeter a decisão ao plenário ou órgão especial (CPC, art. 949);
- Admite-se a manifestação do Ministério Público, das pessoas jurídicas responsáveis
pelo ato, dos legitimados para ações diretas e declaratórias, além do amicus curiae (CPC,
art. 950).
- O plenário (ou órgão especial) decide a inconstitucionalidade em tese, e o órgão
fracionário julga o caso concreto com base na decisão. A inobservância dessa regra gera
nulidade absoluta;
- A remessa ao plenário é dispensada se já houver decisão anterior do próprio tribunal ou
do STF sobre a inconstitucionalidade (CPC, art. 949, parágrafo único). Essas exceções
são compatíveis com a Constituição;
- Decisões anteriores do plenário ou órgão especial sobre inconstitucionalidade servem
como precedentes para os órgãos fracionários, não sendo necessário submeter a mesma
questão repetidamente;
- A cláusula da reserva de plenário aplica-se apenas a tribunais e não a juízes singulares
ou juizados especiais. Também é dispensável em casos de reconhecimento de
constitucionalidade e interpretação conforme a Constituição;

• Súmula Vinculante n°. 10

- O Verbete Vinculante 10 do STF estabelece que a decisão de um órgão fracionário que


afasta a incidência de uma lei ou ato normativo, no todo ou em parte, viola a cláusula
de reserva de plenário (CF, art. 97), mesmo sem declarar expressamente a
inconstitucionalidade;
- O enunciado busca eliminar dúvidas sobre a necessidade de submeter ao plenário (ou
órgão especial) qualquer decisão que afaste a aplicação de dispositivos específicos por
serem incompatíveis com a Constituição, mesmo sem declarar formalmente sua
inconstitucionalidade;
- A edição da súmula visa conter a prática de órgãos fracionários de tribunais que
evitavam submeter a arguição de inconstitucionalidade ao plenário por meio de
artifícios processuais;
- Deve-se diferenciar o juízo de inconstitucionalidade de decisões que, apesar de
considerarem a norma constitucional, não a aplicam no caso concreto por razões de
extrema injustiça ou circunstâncias extraordinárias (derrotabilidade de regras). Nesses
casos, a reserva de plenário não é aplicável;
- A súmula não exige a aplicação da cláusula de reserva de plenário nos casos de
interpretação conforme a Constituição, em que a norma é mantida, mas é atribuída ou
excluída de determinado sentido, pois o problema estaria na interpretação e não na
norma em si;
- O STF não mudou sua orientação jurisprudencial com a edição da súmula. Não há
precedentes que indiquem a necessidade de observância da cláusula de reserva de
plenário para casos em que a aplicação de uma norma é restrita a alguns casos;
- A cláusula de reserva de plenário não se aplica quando já existe um pronunciamento
anterior do STF ou do próprio tribunal sobre a mesma questão, e isso não foi alterado
pela edição do novo verbete.
• Suspensão da Execução de Lei pelo Senado

- Compete ao Senado Federal suspender a execução de lei declarada inconstitucional em


decisão definitiva do STF, apenas no controle difuso-concreto, não sendo necessário no
controle concentrado, onde a decisão já possui efeito vinculante e eficácia contra todos;
- Existe divergência sobre a retroatividade da suspensão, podendo o Senado editar uma
resolução com efeitos retroativos, para conferir maior efetividade ao princípio da
isonomia e evitar sobrecarga judicial;
- A suspensão pelo Senado é um ato discricionário, devendo, caso decida editar a
resolução, limitar-se aos exatos termos da decisão do STF, sem retirar normas não
declaradas inconstitucionais;
- O termo "Lei" é interpretado de modo abrangente, incluindo atos normativos de todas
as esferas (federal, estadual, distrital e municipal), sem violar o princípio federativo;
- A suspensão pelo Senado não se aplica a atos normativos pré-constitucionais, que são
tratados como hipóteses de não recepção;
- A proposta de redefinição do papel do Senado, para que suas resoluções apenas
conferissem publicidade às decisões do STF no controle difuso, foi rejeitada pelo STF
no julgamento da Reclamação nº 4.335/AC.

• A Ação Civil Pública Como Instrumento de Controle de Constitucionalidade

- A ação civil pública é uma função institucional do Ministério Público, prevista na


Constituição (art. 129, III), para proteção do patrimônio público, do meio ambiente e de
interesses difusos e coletivos;
- Possui dois princípios constitucionais: o princípio da não taxatividade, permitindo a
proteção de outros interesses, e o princípio da legitimidade ativa coletiva concorrente,
assegurando a atuação de múltiplos legitimados;
- Embora não expressamente prevista no artigo 5º, a ação civil pública é considerada uma
garantia constitucional, sendo uma cláusula pétrea (art. 60, § 4º, IV);
- A jurisprudência admite o uso da ação civil pública como instrumento de controle
difuso-concreto, quando a controvérsia constitucional é um fundamento ou questão
prejudicial à solução do caso;
- Por se tratar de controle incidental, a declaração de inconstitucionalidade só afeta o caso
concreto, não vinculando terceiros não envolvidos;
- A ação civil pública não pode ser usada para obter diretamente uma declaração de
inconstitucionalidade, pois isso configuraria um desvio de sua função, usurpando a
competência do STF, o que justificaria a interposição de uma reclamação (art. 102, I,
"l").

• A Tendência de “Abstrativização” do Controle Concreto

- A tendência de "abstrativização" do controle de constitucionalidade no Brasil busca


conferir ao controle concreto (incidental) características do controle abstrato;
- A Emenda Constitucional nº 45/2004 introduziu a súmula vinculante e a repercussão
geral, ambos vinculando efeitos de controle abstrato em processos subjetivos;
- O Novo Código de Processo Civil reforçou a vinculação aos precedentes, determinando
a observância das decisões dos tribunais superiores e do próprio tribunal;
- Houve uma concentração de decisões no Supremo, especialmente durante a presidência
de Gilmar Mendes, com efeitos transcendentais em controle difuso-concreto;
- O STF, em decisões de mandados de injunção, passou a suprir omissões legislativas
com efeitos erga omnes, posteriormente limitados às partes envolvidas;
- A controvérsia sobre o "Caso Oseas" demonstrou o caráter abrangente de algumas
decisões, gerando discussões sobre a constitucionalidade de sanções e regime de
cumprimento de pena;
- Defensores da concentração do controle de constitucionalidade argumentam que cabe
ao STF, como guardião da Constituição, definir o correto sentido das normas para evitar
divergências;
- A ausência de mecanismos de vinculação dos precedentes no sistema brasileiro gera
insegurança jurídica, diferente do princípio stare decisis nos países de common law;
- Críticos da concentração de poder no STF sustentam que a excessiva centralização
enfraquece a tutela dos direitos fundamentais, podendo comprometer o princípio
democrático.

• Ação Direta de Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de Constitucionalidade


- O controle normativo abstrato no Brasil iniciou-se com a representação de
inconstitucionalidade, pela Emenda Constitucional nº 16/1965, e foi expandido pela
Constituição de 1988;
- A Constituição de 1988 introduziu a ação direta de inconstitucionalidade, a arguição de
descumprimento de preceito fundamental, a ação direta de inconstitucionalidade por
omissão e a ação declaratória de constitucionalidade;
- A ação declaratória de constitucionalidade, formalizada pela Emenda Constitucional nº
03/93, visa acelerar o pronunciamento do STF em casos de relevante controvérsia
judicial sobre a constitucionalidade de leis ou atos normativos federais;
- Tanto a ação direta de inconstitucionalidade quanto a ação declaratória têm caráter
ambivalente e devem ser julgadas conjuntamente quando houver identidade de objeto,
sendo possível também a cumulação de ações;
- Pelo artigo 24 da Lei nº 9.868/1999, a declaração de constitucionalidade resulta na
improcedência da ação direta e na procedência da declaratória; a inconstitucionalidade
gera o inverso;
- Aplica-se o princípio da fungibilidade no processo constitucional objetivo; havendo
requisitos, permite-se a conversão da ação, evitando erro grosseiro;
- A perda parcial do objeto em uma ação permite que outra ação equivalente incorpore
seus fundamentos, desde que haja convergência de objetivos.

• Legitimidade Ativa

- A Constituição Federal estabelece que a ação direta de inconstitucionalidade e a ação


declaratória de constitucionalidade podem ser propostas pelo Presidente da República,
as Mesas do Senado e da Câmara dos Deputados, Mesas de Assembleias Legislativas
ou da Câmara Legislativa do DF, Governadores, Procurador-Geral da República,
Conselho Federal da OAB, partidos políticos com representação no Congresso e
confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional;
- No processo constitucional objetivo, não há partes; a legitimidade ativa para o controle
normativo abstrato, antes limitada ao Procurador-Geral, foi ampliada pela Constituição
de 1988 e pela Emenda Constitucional nº 45/2004;
- A jurisprudência do STF distingue entre legitimados ativos universais (como Presidente,
Mesas do Senado e Câmara, Procurador-Geral, Conselho da OAB e partidos com
representação no Congresso), que não precisam demonstrar pertinência temática, e
legitimados ativos especiais (como Mesas de Assembleias e Câmara do DF,
Governadores, confederações sindicais e entidades de classe de âmbito nacional), que
devem demonstrar pertinência temática entre a norma e suas finalidades;
- Mesmo exigindo pertinência temática, o vício de inconstitucionalidade pode ter efeitos
amplos, declarando-se a inconstitucionalidade da norma para além do grupo
representado;
- A maioria dos legitimados tem capacidade postulatória especial, exceto partidos
políticos, confederações sindicais e entidades de classe de âmbito nacional, que devem
ser representados por advogado;
- O rol de legitimados é exaustivo, e não se admite interpretação extensiva. A
legitimidade do Chefe do Executivo ou das Mesas do Senado e da Câmara não se
estende ao Vice ou ao Congresso Nacional;
- Entidades de classe devem ser compostas por profissionais de uma atividade específica
e presentes em ao menos um terço dos estados, com exceção para atividades de
relevância nacional. Conselhos federais corporativos não são considerados entidades de
classe;
- Somente confederações sindicais têm legitimidade para o controle abstrato; essa
competência não se estende a federações e sindicatos, mesmo que nacionais;
- Partidos políticos precisam ter representação no Congresso no momento da propositura;
a perda posterior do mandato não impede o julgamento da ação, diferindo do mandado
de segurança, onde a perda do mandato extingue o processo.

• Parâmetro (ou norma de referência)

- Parâmetro é a norma constitucional usada como referência para analisar a


constitucionalidade de um ato infraconstitucional impugnado;
- No controle abstrato de constitucionalidade, somente normas formalmente
constitucionais, que tenham vigência e eficácia, podem ser usadas como parâmetro;
- Normas de tratados ou convenções internacionais de direitos humanos aprovados pelo
rito ordinário não podem ser parâmetro, pois, embora materialmente constitucionais,
carecem do requisito formal;
- Normas do Pacto de São José da Costa Rica podem ser invocadas apenas no controle de
convencionalidade;
- Violações a normas constitucionais revogadas ou com eficácia exaurida não ameaçam
a supremacia da Constituição e não justificam o controle normativo abstrato;
- As normas constitucionais invocáveis como parâmetro em ações diretas e declaratórias
incluem todas as normas da parte permanente da Constituição e do ADCT, desde que
com eficácia não exaurida;
- Tratados e convenções internacionais de direitos humanos aprovados como emendas
constitucionais, por três quintos dos membros de cada Casa do Congresso, também
podem ser parâmetro. Exemplos incluem a "Convenção sobre os direitos das pessoas
com deficiência," incorporada pelo Decreto nº 6.949/2009.

• Objeto

- Compete ao Supremo Tribunal Federal a guarda da Constituição, processando e


julgando ações diretas de inconstitucionalidade e declaratórias de constitucionalidade
de leis ou atos normativos federais e estaduais;
- O objeto do controle de constitucionalidade é o ato infraconstitucional impugnado,
analisado sob perspectivas material, temporal e espacial;
- Perspectiva material: Inclui apenas leis e atos normativos com vigência e eficácia
que violem diretamente a Constituição;
- A análise de atos regulamentares deve ocorrer no plano da legalidade;
- São admitidos como objeto as leis ordinárias, complementares e normativas, como
emendas à Constituição, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções,
regimentos internos de tribunais e órgãos legislativos, e atos do Poder Executivo com
força normativa;
- Normas constitucionais originárias não se submetem a controle de constitucionalidade
devido ao princípio da unidade da Constituição;
- A revogação ou exaurimento da eficácia da norma após a propositura da ação resulta
em perda do objeto, salvo em casos de "fraude processual" para evitar a
inconstitucionalidade;
- Perspectiva temporal: Só são admitidos atos normativos posteriores ao parâmetro
constitucional supostamente violado;
- Normas pré-constitucionais incompatíveis devido a nova Constituição ou emenda não
podem ser questionadas por ações diretas, pois se trata de direito intertemporal;
- Perspectiva espacial: Nas ações diretas de inconstitucionalidade, podem ser
impugnados atos normativos federais e estaduais, enquanto nas ações declaratórias
de constitucionalidade são aceitas apenas normas federais;
- Atos normativos do Distrito Federal podem ser questionados em ação direta se forem
relacionados a competências estaduais;
- Não é permitida a cumulação de objetos de entes federativos diferentes, salvo quando
haja relação material ou imbricação substancial entre as normas, como em casos de
competência legislativa concorrente.

• Aspectos processuais e procedimentais

- O trâmite das ações diretas e das ações declaratórias é semelhante, sem prazo
prescricional ou decadencial para ajuizamento, devido à impossibilidade de
convalidação de atos inconstitucionais pelo tempo;
- Como são ações objetivas, não se aplicam princípios processuais como contraditório,
ampla defesa e duplo grau de jurisdição; também não se admite arguição de suspeição,
mas há possibilidade de impedimento de Ministro que tenha atuado previamente no
processo;
- Admite-se apuração de questões fáticas e designação de peritos e audiências públicas
para esclarecimento de matérias ou circunstâncias, conforme necessidade apontada pelo
relator;
- Nas ações declaratórias, podem-se solicitar informações a tribunais superiores e
estaduais sobre a aplicação do dispositivo questionado;
- As petições iniciais das ações diretas e declaratórias devem conter objeto, parâmetro e
pedido claro; nas ações diretas, o pedido é adstrito aos dispositivos impugnados,
podendo abranger normas correlatas por arrastamento;
- Nas ações declaratórias, é necessário demonstrar controvérsia judicial relevante sobre o
dispositivo questionado, caracterizada por pronunciamentos judiciais sobre a
inconstitucionalidade da norma;
- As ações diretas e declaratórias com o mesmo objeto são julgadas conjuntamente, com
decisão sobre a constitucionalidade que afeta ambas;
- Não se admite intervenção de terceiros, assistência ou desistência, mas a participação
de "amicus curiae" é permitida, visando pluralizar o debate e fornecer subsídios ao
tribunal;
- O "amicus curiae" pode ser admitido a critério do relator, considerando relevância da
matéria e representatividade do postulante;
- O Advogado-Geral da União deve ser citado para defender o ato impugnado em ações
diretas, com função de preservar a presunção de constitucionalidade das leis;
- O Procurador-Geral da República deve ser previamente ouvido nas ações de
inconstitucionalidade e processos no Supremo Tribunal Federal, cumprindo função
fiscalizadora.

• Liminar

- Liminares nas ações de controle normativo abstrato são, em regra, analisadas pelo
plenário do STF, que concede a medida por decisão da maioria absoluta dos ministros,
ou seja, seis votos (Lei 9.868/1999, arts. 10 e 21);
- Em ações diretas, há exceções em que a liminar pode ser concedida monocraticamente,
ad referendum do pleno, durante o recesso ou, conforme o Regimento Interno, em caso
de urgência;
- As liminares no controle abstrato produzem eficácia erga omnes e efeito vinculante em
relação ao Judiciário e à Administração Pública, tornando-se obrigatórias após
publicação no DOU e no DJU (Lei 9.868/1999, arts. 11 e 21, parágrafo único);
- Nas ações declaratórias de constitucionalidade (ADC), a concessão de liminar suspende
o julgamento de processos que envolvam a aplicação da norma questionada, com prazo
máximo de 180 dias para o julgamento definitivo, sob pena de perda da eficácia da
liminar (Lei 9.868/1999, art. 21);
- Nas ações diretas de inconstitucionalidade (ADI), a liminar pode suspender a vigência
da norma e o julgamento dos processos sobre sua aplicação; essa suspensão é, em regra,
com efeitos ex nunc, mas o STF pode modular a decisão para efeitos ex tunc. Há um
efeito repristinatório tácito, onde a norma anterior à norma suspensa volta a vigorar,
salvo manifestação contrária (Lei 9.868/1999, art. 11, §§ 1.º e 2.º);
- Decisão que indefere o pedido de liminar não possui eficácia erga omnes nem efeito
vinculante.

• Decisão Definitiva
- A Lei nº 9.868/1999 define que o quórum mínimo para julgamento de ações diretas e
declaratórias é de dois terços dos ministros (8 votos), e a decisão sobre
constitucionalidade requer maioria absoluta (6 votos);
- Caso o quórum não seja atingido, a norma permanece válida, mas a decisão não tem
eficácia contra todos e não é vinculante;
- As decisões definitivas de mérito em ações diretas e declaratórias têm eficácia contra
todos e efeito vinculante para os órgãos do Poder Judiciário e administração pública;
- O efeito vinculante atinge diretamente órgãos públicos, mas pode alcançar particulares
em suas interações com os poderes públicos;
- A desobediência à decisão autoriza a reclamação constitucional perante o Supremo
Tribunal Federal (CF, art. 102, I, "l");
- O efeito vinculante não se aplica às funções legislativas do Executivo e Legislativo,
como criação e sanção de leis;
- A vinculação do Supremo Tribunal Federal não se estende a novas leis com conteúdo
idêntico ao de normas já declaradas inconstitucionais;
- A questão sobre a vinculação dos argumentos na fundamentação das decisões é
debatida, com algumas correntes defendendo que deve abranger os motivos
determinantes (ratio decidendi) da decisão, enquanto outras restringem o efeito
vinculante ao dispositivo da decisão;
- A teoria da transcendência dos motivos foi rejeitada formalmente pelo Supremo
Tribunal Federal, embora algumas instruções monocráticas possam se basear nos
motivos das decisões;
- O Supremo pode modular temporalmente os efeitos de sua decisão, restringindo a
eficácia da declaração de inconstitucionalidade por razões de segurança jurídica ou
interesse social, com quórum de dois terços dos membros (Lei 9.868/1999, art. 27);
- A declaração de inconstitucionalidade geralmente tem efeitos retroativos (ex tunc), mas
pode, em casos excepcionais, ter efeitos apenas a partir do trânsito em julgado (ex nunc)
ou de outro momento determinado (pro futuro);
- Quando a declaração de inconstitucionalidade não especifica os efeitos temporais, estes
são presumidamente retroativos;
- Após o julgamento final, a decisão se torna irrecorrível, exceto para embargos
declaratórios.
- A declaração de constitucionalidade também pode ser modulada, especialmente em
situações como a revogação de uma medida cautelar;
- Em declarações de inconstitucionalidade com efeitos retroativos, normas compatíveis
com
- A Constituição podem ser restauradas (efeito repristinatório tácito);
- Para evitar o efeito repristinatório de leis inconstitucionais, podem ser necessários
pedidos sucessivos de inconstitucionalidade;
- A declaração de inconstitucionalidade ou constitucionalidade tem eficácia vinculante
para o Judiciário e a Administração Pública, conforme a Lei nº 9.868/1999;
- A declaração de inconstitucionalidade pode ser com ou sem redução de texto.
- A inconstitucionalidade com redução de texto pode ser total ou parcial, dependendo da
relação entre as partes válidas e inválidas da norma;
- A interpretação conforme a Constituição pode ser aplicada como princípio ou técnica
judicial para harmonizar normas infraconstitucionais com a Constituição;
- A técnica de interpretação conforme pode envolver a exclusão de interpretações
inconstitucionais ou a não aplicação de uma norma a casos específicos
(inconstitucionalidade em concreto);
- A declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto exclui uma
interpretação inconstitucional sem alterar o texto da norma;
- A inconstitucionalidade consequencial ocorre quando o vício de uma norma afeta outras
normas interdependentes, podendo ser horizontal ou vertical;
- A inconstitucionalidade progressiva permite a manutenção de normas de
constitucionalidade duvidosa até que sejam feitas modificações legislativas.

• Recorribilidade

- As decisões do pleno do Supremo Tribunal Federal são irrecorríveis, exceto para


embargos de declaração, e não podem ser objeto de ação rescisória (Lei 9.868/1999, art.
26);
- A parte dispositiva do acórdão deve ser publicada dentro de dez dias após o trânsito em
julgado, em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União (Lei
9.868/1999, art. 28);
- A decisão pode ser cumprida antes do trânsito em julgado e a interposição de embargos
declaratórios não impede a implementação da decisão;
- Embargos declaratórios só podem ser interpostos por aqueles que fazem parte da relação
processual, não sendo admitidos ao amicus curiae ou ao Advogado-Geral da União;
- Nos casos de controle abstrato, os prazos recursais são sempre singulares, não aplicando
a regra do prazo em dobro para a Fazenda Pública ou o Ministério Público (NOVO CPC,
arts. 180 e 183).

• Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental

- A ADPF foi introduzida pela Constituição de 1988 e regulamentada pela Lei nº


9.882/99, sendo um instrumento de controle concentrado, com competência exclusiva
do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, § 1º);
- A ADPF tem caráter subsidiário e não é cabível quando existir outro meio eficaz para
sanar a lesividade (Lei 9.882/1999, art. 4º, § 1º);
- A subsidiariedade pressupõe a inexistência de outro meio processual-constitucional
igualmente eficaz para resolver a questão;
- O juízo de subsidiariedade deve considerar principalmente os processos objetivos, mas
outros meios igualmente eficazes podem ser usados, como a revisão de súmula
vinculante (Lei 11.417/2006);
- A existência de outro mecanismo jurídico incapaz de resolver a lesão não impede o
cabimento subsidiário da ADPF;
- Apesar de discussões doutrinárias sobre sua constitucionalidade, o Supremo considera
a falta de requisito como obstáculo para o ajuizamento;
- Com base no princípio da fungibilidade, se presentes os requisitos da ação direta de
inconstitucionalidade, a ADPF pode ser conhecida como ADF e vice-versa;
- A análise conjunta de pedidos distintos é admissível quando necessária para resolver
adequadamente a controvérsia.

• Legitimidade Ativa e Amicus Curiae

- A legitimidade ativa para a arguição de descumprimento de preceito fundamental é a


mesma das demais ações de controle normativo abstrato (Lei 9.882/1999, art. 2º, I);
- Legitimados universais: Presidente da República, Mesas do Senado Federal e da
Câmara dos Deputados, Procurador-Geral da República, Conselho Federal da OAB e
partidos políticos com representação no Congresso Nacional;
- Legitimados especiais: Mesas das Assembleias Legislativas e da Câmara Legislativa
do Distrito Federal, governadores de Estado e do DF, e confederações sindicais e
entidades de classe nacionais, exigindo pertinência temática;
- O projeto de lei original permitia que qualquer pessoa lesada ou ameaçada pelo Poder
Público pudesse propor a arguição, mas foi vetado para evitar um aumento excessivo de
ações;
- O veto argumentou que o Procurador-Geral da República deveria formalizar as questões
constitucionais relevantes, podendo ser solicitado por representantes interessados (Lei
9.882/1999, art. 2º, II, § 1º);
- A participação de amicus curiae, não expressamente prevista, é admitida por analogia
com a Lei nº 9.863/1999 (art. 7º, § 2º).

• Parâmetro

- A arguição de descumprimento de preceito fundamental só é cabível em caso de


violação de norma essencial para a preservação da identidade ou regime da Constituição
(Lei 9.882/1999, art. 1º);
- Exemplos de preceitos fundamentais: princípios fundamentais, direitos e garantias
fundamentais, autonomia dos entes federativos, princípios constitucionais sensíveis e
cláusulas pétreas;
- No julgamento da Medida Cautelar na ADPF nº 33/PA, o relator, Ministro Gilmar
Mendes, destacou a dificuldade de identificar preceitos fundamentais passíveis de lesão
grave que justifiquem a arguição;
- Alguns preceitos fundamentais são explicitamente mencionados na Constituição, como
os direitos individuais (art. 5º) e as cláusulas pétreas (art. 60, § 4º);
- A Constituição também prevê "princípios sensíveis" cuja violação pode resultar em
intervenção federal nos Estados-Membros (art. 34, VII);
- A interpretação hermenêutica é necessária para identificar princípios que, embora não
explicitados como cláusulas pétreas, merecem proteção devido à sua estreita vinculação
com elas;
- A lesão a preceito fundamental pode envolver a afronta a princípios constitucionais ou
a disposições que lhes conferem significado específico;
- Normas constitucionais revogadas não podem ser invocadas como parâmetro para o
controle normativo abstrato.
• Hipótese de Cabimento

- A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) será proposta


diretamente ao Supremo Tribunal Federal para evitar ou reparar lesão a preceito
fundamental resultante de ato do Poder Público (Lei 9.882/1999, art. 1º);
- A ADPF pode ser proposta quando houver relevância no fundamento da controvérsia
constitucional sobre atos normativos, sejam eles federais, estaduais ou municipais,
incluídos os anteriores à Constituição (Lei 9.882/1999, art. 1º, parágrafo único, I);
- Existem duas modalidades de ADPF: autônoma (preventiva ou repressiva) e
incidental.
- A ADPF autônoma visa evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, sendo uma ação
de controle normativo abstrato, proposta diretamente ao STF, sem a necessidade de
controvérsia prévia;
- A ADPF incidental ocorre no contexto de um processo judicial concreto, quando surgir
uma controvérsia constitucional relevante, e permite que a questão chegue diretamente
ao STF;
- A arguição incidental exige a demonstração da relevância da controvérsia
constitucional, sendo a competência para decidir sobre a questão constitucional do STF,
enquanto as demais questões permanecem com os órgãos judiciais ordinários;
- A legitimidade ativa para a ADPF incidental é a mesma da ADPF autônoma (Lei
9.882/1999, art. 2º, I), e não pode ser ajuizada pelas partes envolvidas na controvérsia.

• Objeto

- A arguição de descumprimento de preceito fundamental visa possibilitar a impugnação


de atos estatais que antes não poderiam ser apreciados diretamente pelo Supremo
Tribunal Federal, abrangendo uma gama ampla de atos incompatíveis com preceitos
constitucionais fundamentais;
- O termo "descumprimento" deve ser entendido de forma mais ampla que a
inconstitucionalidade, englobando atos do Poder Público incompatíveis com a
Constituição;
- A Lei nº 9.882/1999 define o objeto da arguição autônoma como sendo "ato do Poder
Público" e da arguição incidental como "lei ou ato normativo federal, estadual ou
municipal, incluindo os anteriores à Constituição";
- A interpretação sobre o objeto da arguição incidental é controversa; alguns entendem
que deve se limitar a leis e atos normativos, enquanto outros defendem que ambos os
tipos de arguição têm o mesmo objeto, abrangendo atos do Poder Público, sejam ou não
normativos, de todas as esferas (federal, estadual ou municipal);
- Não são admitidos como objeto de arguição atos regulamentares, enunciados de súmula
comuns ou vinculantes, propostas de emendas à Constituição, vetos do chefe do
Executivo ou decisões judiciais com trânsito em julgado

• Liminar

- A concessão de medida liminar exige maioria absoluta do Supremo Tribunal Federal


(seis ministros), exceto em casos de extrema urgência, perigo de lesão grave ou recesso,
quando o relator pode conceder a liminar, ad referendum do plenário;
- O relator pode ouvir os responsáveis pelo ato questionado, o Advogado-Geral da União
ou o Procurador-Geral da República, no prazo de cinco dias;
- A liminar pode suspender a tramitação de processos, efeitos de decisões judiciais ou
outras medidas relacionadas, exceto as que resultem de coisa julgada.

• Decisão

- A decisão de arguição de descumprimento de preceito fundamental deve ser


comunicada às autoridades responsáveis, fixando as condições de interpretação e
aplicação do preceito fundamental;
- A decisão tem eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante para os órgãos do
Poder Público;
- A decisão será publicada em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da
União no prazo de dez dias após o trânsito em julgado;
- Ao declarar inconstitucionalidade, o Supremo pode restringir os efeitos ou decidir que
a decisão só tenha eficácia após o trânsito em julgado;
- A decisão é irrecorrível e não admite ação rescisória;
- Em caso de descumprimento da decisão, cabe reclamação conforme o Regimento
Interno do STF;
- O julgamento exige a presença de pelo menos dois terços dos ministros do Supremo, e
a decisão é tomada pela maioria absoluta;
- Nas ações de controle normativo abstrato, não cabe recurso e os prazos recursais são
singulares;
- A decisão pode ter efeitos retroativos, mas a modulação temporal pode ser aplicada por
voto de dois terços dos membros do Supremo;
- E Na arguição incidental, a decisão tem implicações endoprocessuais e
extraprocessuais, vinculando as partes e órgãos judiciais e atingindo os particulares;
- Reclamação é prevista no caso de descumprimento da decisão.

QUADRO: CONTROLE CONCENTRADO P. 218

• Ação Direta de Inconstitucionalidade

- A violação de normas constitucionais ocorre tanto por ação (condutas comissivas do


Poder Público) quanto por omissão (quando o Poder Público deixa de agir conforme a
Constituição);
- Para garantir a supremacia constitucional em casos de omissão, existem o mandado de
injunção e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO);
- O mandado de injunção e a ADO são instrumentos diferentes para controle de omissões
inconstitucionais, sem possibilidade de conversão de uma ação para outra;
- A ADO visa proteger a ordem constitucional objetiva, especialmente para assegurar a
efetividade de normas que dependem de ação dos poderes públicos;
- A ADO é uma ação de controle concentrado e abstrato de constitucionalidade, deduzida
em juízo por meio de processo constitucional objetivo.

• Parâmetro
- Quando declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida necessária para
efetivar norma constitucional, o Poder competente será informado para adotar as
providências necessárias;
- Se o órgão responsável for administrativo, a providência deve ser tomada em até trinta
dias;
- A ação direta de inconstitucionalidade por omissão exige como parâmetro uma norma
constitucional que dependa, ao menos em parte, da ação dos poderes públicos para ser
plenamente efetiva.

• Objeto

- A petição da ADO deve indicar a omissão inconstitucional, seja no cumprimento de um


dever constitucional de legislar ou de adotar providência administrativa;
- A ADO refere-se à omissão inconstitucional, que ocorre quando o Poder Público não
age conforme uma norma constitucional que requer uma medida integradora;
- A inconstitucionalidade por omissão depende do transcurso de um prazo razoável para
edição da norma exigida;
- Não há omissão inconstitucional se o prazo constitucional para a norma
regulamentadora ainda não expirou;
- Se a norma ou providência é adotada após o ajuizamento, ocorre perda de objeto,
extinguindo-se a ação;
- A omissão pode ser total (ausência completa de regulamentação) ou parcial
(regulamentação incompleta), admitindo-se, neste caso, o princípio da fungibilidade.
- A omissão pode ser administrativa (não execução de comandos constitucionais) ou
legislativa (ausência de iniciativa ou norma);
- Um projeto de lei em tramitação não elimina a mora do Poder Legislativo;
- A medida omitida pode ser de qualquer natureza atribuída ao poder público, mas o STF
exclui a ADO para atos administrativos sem caráter normativo.

• Legitimidade Ativa e Passiva

- A ADO pode ser proposta pelos mesmos legitimados da ação direta de


inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade;
- A legitimidade ativa para a ADO segue os mesmos critérios das demais ações de
controle abstrato, exceto quando o órgão responsável pela omissão também é
competente para iniciar o processo legislativo; nesse caso, o órgão não tem legitimidade
ativa;
- São legitimados universais para a ADO: Presidente da República, Mesas do Senado
e da Câmara dos Deputados, Procurador-Geral da República, Conselho Federal da OAB
e partidos com representação no Congresso;
- São legitimados especiais, exigindo pertinência temática: Mesas de Assembleias
Legislativas, Mesa da Câmara Legislativa do DF, governadores de estados e DF,
confederações sindicais e entidades de classe de âmbito nacional;
- A legitimidade passiva é conferida aos órgãos ou autoridades responsáveis pela ação
para efetivar a norma constitucional, principalmente o Poder Legislativo; em casos de
iniciativa reservada, o órgão responsável pela apresentação do projeto é notificado.

• Competência

- A competência para processar e julgar a ADO é do Supremo Tribunal Federal quando


a norma violada for da Constituição Federal;
- Constituições estaduais e a lei orgânica do Distrito Federal podem prever a ADO para
normas locais, com competência atribuída ao Tribunal de Justiça estadual ou do Distrito
Federal.

• ´Procedimento

- A disciplina da ADO foi estabelecida pela Lei nº 12.063/2009, com procedimento


semelhante ao da ação direta de inconstitucionalidade por ação, aplicável
subsidiariamente;
- A petição deve indicar a omissão inconstitucional e o pedido específico. Em caso de
indeferimento, cabe agravo da decisão; caso aceito, o relator solicitará informações aos
responsáveis pela obrigação constitucional de legislar ou agir administrativamente, a
serem prestadas em até 30 dias;
- O Advogado-Geral da União pode ser chamado para manifestação em até 15 dias,
especialmente nas omissões parciais;
- Após o prazo para informações, o Procurador-Geral da República terá 15 dias para
emitir parecer como custos constitutionalis;
- A decisão será tomada pelo Supremo em plenário, com quórum mínimo de oito
Ministros, e exige maioria absoluta dos membros.

• Liminar

- O STF tradicionalmente não concedia liminar em ações de inconstitucionalidade por


omissão, considerando-a incompatível com os efeitos da decisão definitiva, exceto em
alguns casos de omissão parcial;
- A Lei nº 12.063/2009 passou a prever a concessão de medida cautelar nessas ações,
desde que haja urgência excepcional e relevância da matéria;
- A decisão liminar pode suspender a aplicação da lei ou ato normativo nos casos de
omissão parcial, suspender processos judiciais ou administrativos relacionados ou
determinar outra providência definida pelo Tribunal.

• Efeitos da Decisão

- A decisão de mérito em ações diretas de inconstitucionalidade por omissão deve


comunicar o órgão ou poder responsável pela omissão para que adote as providências
necessárias;
- Nos casos de omissão de órgãos administrativos, a Constituição fixa um prazo de trinta
dias para as medidas cabíveis; porém, esse prazo pode ser flexibilizado conforme a
complexidade das ações e o interesse público, podendo o Tribunal estipular um prazo
razoável;
- Para omissões do Poder Legislativo, não há prazo constitucional específico. Em alguns
casos, o STF sugeriu um prazo de dezoito meses para o Congresso eliminar o estado de
inconstitucionalidade, como um parâmetro temporal razoável, especialmente em
relação à criação ou alteração de municípios.

QUADRO ADO P. 225/226

• Controle Normativo Abstrato no Âmbito Estadual

- Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade para leis ou


atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, sendo
vedada a legitimação a um único órgão;
- A competência para julgar a representação de inconstitucionalidade é do Tribunal de
Justiça do respectivo Estado, quando o parâmetro for a constituição estadual;
- A Constituição de 1988 não define quem pode propor essas ações nos Estados, mas veda
a atribuição da legitimidade a apenas um órgão; constituições estaduais podem adotar
modelos restritos a órgãos públicos ou incluir entidades privadas;
- O parâmetro para controle no âmbito estadual é a constituição estadual; não se pode
usar como parâmetro a Constituição da República ou a lei orgânica municipal;
- Se o Tribunal de Justiça considerar inconstitucional o parâmetro estadual invocado,
pode declarar a sua incompatibilidade com a Constituição Federal, cabendo recurso
extraordinário ao STF;
- A representação de inconstitucionalidade no âmbito estadual tem como objeto leis e atos
normativos estaduais e municipais, incluindo emendas constitucionais estaduais, leis
complementares, medidas provisórias, e decretos; leis ou atos normativos federais não
podem ser objeto;
- Caso ocorra simultaneamente uma ADI no STF e uma representação no Tribunal de
Justiça sobre o mesmo ato normativo estadual, a ação estadual é suspensa até a decisão
final do STF;
- As decisões de inconstitucionalidade possuem efeitos retroativos (ex tunc) e eficácia
geral (erga omnes), com a possibilidade de modulação dos efeitos em casos
excepcionais;
- Da decisão do Tribunal de Justiça, cabe recurso extraordinário ao STF, sendo o
Procurador-Geral do Estado também legitimado para interpor o recurso; a decisão do
STF terá efeito em todo o território nacional.

• Instituição de Outras Ações de Controle Normativo Abstrato

- As constituições estaduais podem instituir a ação direta de inconstitucionalidade por


omissão, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal;
- A omissão inconstitucional pode ocorrer de forma parcial, caracterizando uma
incompletude da regulação ou ato normativo, o que gera certa fungibilidade entre a ação
direta de inconstitucionalidade e a ação por omissão;
- A ação declaratória de constitucionalidade pode ser instituída pelas constituições
estaduais e do Distrito Federal, devido ao caráter dúplice das ações de controle;
- A criação de ações de arguição de descumprimento de preceito fundamental nos estados
é controversa, pois há limitações para legislar sobre matéria processual, exceto quando
autorizado por lei complementar;
- Alguns admitem, com base no princípio da simetria, a competência dos Tribunais de
Justiça para julgar essas ações, como previsto nas constituições de Alagoas e do Rio
Grande do Norte.

QUADRO: CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO NOS ESTADOS P. 231

• Representação Interventiva

- O controle de constitucionalidade no Brasil é, em regra, exercido nos modelos difuso-


concreto ou concentrado-abstrato.;
- A representação interventiva (ou ação direta de inconstitucionalidade interventiva) é
uma exceção, sendo um controle concentrado-concreto;
- A competência para processar e julgar a representação interventiva é do Supremo
Tribunal Federal, na esfera federal, e dos Tribunais de Justiça, na esfera estadual;
- A representação interventiva é um processo constitucional subjetivo, visando resolver
conflitos de natureza federativa;
- O contraditório ocorre entre a União e o Estado ou Distrito Federal, ou entre Estado e
Município;
- Introduzida pela Constituição de 1934, foi suprimida pela de 1937 e novamente
restabelecida na Constituição de 1946, 1967/69 e de 1988.

• Representação Interventiva Federal

- A intervenção federal depende do provimento do Supremo Tribunal Federal de


representação do Procurador-Geral da República, nos casos de violação de princípios
constitucionais ou recusa à execução de lei federal (CF, art. 36, III);
- O decreto de intervenção, que especifica a amplitude, prazo e condições de execução,
deve ser submetido ao Congresso Nacional ou à Assembleia Legislativa do Estado no
prazo de 24 horas (CF, art. 36, § 1º);
- Nos casos de recusa à execução de lei federal, o decreto pode limitar-se a suspender o
ato impugnado, se for suficiente para restaurar a normalidade (CF, art. 36, § 3º);
- A representação interventiva federal é regulada pela Lei nº 12.562/2011, com
legitimidade exclusiva do Procurador-Geral da República;
- A representação tem cabimento quando houver violação de princípios como a forma
republicana, autonomia municipal, direitos humanos, e aplicação mínima de receita em
áreas essenciais (CF, art. 34, VII);
- A decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a representação interventiva não elimina
a norma do ordenamento jurídico e não tem efeito erga omnes, servindo como condição
para decretação de intervenção pelo Presidente da República;
- A Lei nº 12.562/2011 permite concessão de liminar por maioria absoluta (seis ministros)
para suspender atos administrativos ou judiciais relacionados ao caso;
- A decisão final só ocorre com a presença de pelo menos oito ministros, e requer
manifestação de seis ministros sobre o pedido;
- A decisão do Supremo pode resultar em medidas como a comunicação ao Presidente da
República, que tem até 15 dias para adotar providências (CF, art. 36, §§ 1º e 3º);
- A decisão é irrecorrível e não pode ser impugnada por ação rescisória;
- Se o ato impugnado não for revogado pelo Estado, o Presidente da República pode editar
um decreto suspensivo, e, se necessário, um decreto interventivo para restaurar a
normalidade (CF, art. 36, § 1º).
QUADRO: REPRESENTAÇÃO INTERVENTIVA FEDERAL P. 235

• Representação Interventista Estadual

- A intervenção estadual em um município depende do provimento de representação pelo


Tribunal de Justiça, que assegura a observância dos princípios da Constituição Estadual
ou a execução de lei, ordem ou decisão judicial (CF, art. 35, IV);
- A competência para processar e julgar a representação interventiva é exclusiva do
Tribunal de Justiça;
- O Procurador-Geral de Justiça tem exclusividade para propor a representação
interventiva estadual, enquanto o Procurador dos órgãos municipais defende o ato
impugnado;
- A representação interventiva estadual pode ser proposta em casos de inobservância de
princípios da Constituição Estadual, recusa à execução de lei, ou para garantir a
execução de ordem ou decisão judicial;
- O provimento da representação pelo Tribunal de Justiça é essencial para que o
Governador decrete a intervenção estadual;
- A decisão do Tribunal de Justiça é de natureza político-administrativa e não cabe
recurso extraordinário;
- A intervenção estadual decretada pelo Governador, após provimento pelo Tribunal de
Justiça, não está sujeita ao controle político e não requer apreciação pela Assembleia
Legislativa (CF, art. 36, § 3º).

QUADRO: REPRESENTAÇÃO INTERVENTIVA ESTADUAL P. 236

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