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Roteiro Documentário

O documento apresenta um roteiro para um documentário que explora a obra 'Dom Casmurro' de Machado de Assis, destacando a vida do protagonista Bentinho e sua relação com Capitu. A narrativa é uma reflexão sobre a moralidade, ciúmes e a crítica social da sociedade do Rio de Janeiro do século XIX. A obra é analisada sob diferentes perspectivas, incluindo a possível traição de Capitu e as questões de classe e gênero.

Enviado por

Rosilene Freitas
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Roteiro Documentário

O documento apresenta um roteiro para um documentário que explora a obra 'Dom Casmurro' de Machado de Assis, destacando a vida do protagonista Bentinho e sua relação com Capitu. A narrativa é uma reflexão sobre a moralidade, ciúmes e a crítica social da sociedade do Rio de Janeiro do século XIX. A obra é analisada sob diferentes perspectivas, incluindo a possível traição de Capitu e as questões de classe e gênero.

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Roteiro Documentário

Capitulo VIII – É Tempo


Mas é tempo de tornar àquela tarde de novembro, uma tarde clara e fresca,
sossegada como a nossa casa e o trecho da rua em que morávamos.
Verdadeiramente foi o princípio da minha vida; tudo o que sucedera antes foi
como o pintar e vestir das pessoas que tinham de entrar em cena, o acender das
luzes, o preparo das rabecas, a sinfonia... Agora é que eu ia começar a minha
ópera. "A vida é uma ópera", dizia-me um velho tenor italiano que aqui viveu e
morreu... E explicou-me um dia a definição, em tal maneira que me fez crer nela.

Capitulo IX – A Ópera

“...A vida é uma ópera e uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo
soprano, em presença do baixo e dos comprimários, quando não são o soprano e o
contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos
comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestração é
excelente...”

“Deus é o poeta. A música é de Satanás, jovem maestro de muito futuro, que


aprendeu no conservatório do céu. Rival de Miguel, Rafael e Gabriel, não tolerava
a precedência que eles tinham na distribuição dos prêmios. Pode ser também que
a música em demasia doce e mística daqueles outros condiscípulos fosse
aborrecível ao seu gênio essencialmente trágico. Tramou uma rebelião que foi
descoberta a tempo, e ele expulso do conservatório. Tudo se teria passado sem
mais nada, se Deus não houvesse escrito um libreto de ópera, do qual abrira mão,
por entender que tal gênero de recreio era impróprio da sua eternidade. Satanás
levou o manuscrito consigo para o inferno. Com o fim de mostrar que valia mais
que os outros, — e acaso para reconciliar-se com o céu, — compôs a partitura, e
logo que a acabou foi levá-la ao Padre Eterno.
— Senhor, não desaprendi as lições recebidas, disse-lhe. Aqui tendes a partitura,
escutai-a, emendai-a, fazei-a executar, e se a achardes digna das alturas, admitime
com ela a vossos pés...
— Não, retorquiu o Senhor, não quero ouvir nada.
— Mas, Senhor...
— Nada! nada!
Satanás suplicou ainda, sem melhor fortuna, até que Deus, cansado e cheio de
misericórdia, consentiu em que a ópera fosse executada, mas fora do céu. Criou
um teatro especial, este planeta, e inventou uma companhia inteira, com todas as
partes, primárias e comprimárias, coros e bailarinos.
— Ouvi agora alguns ensaios!
— Não, não quero saber de ensaios. Basta-me haver composto o libreto; estou
pronto a dividir contigo os direitos de autor.

Os amigos do maestro querem que dificilmente se possa acha obra tão bem
acabada. Um ou outro admite certas rudezas e tais ou quais lacunas, mas com o
andar da ópera é provável que estas sejam preenchidas ou explicadas, e aquelas
desapareçam inteiramente, não se negando o maestro a emendar a obra onde
achar que não responde de todo ao pensamento sublime do poeta. Já não dizem o
mesmo os amigos deste. Juram que o libreto foi sacrificado, que a partitura
corrompeu o sentido da letra, e, posto seja bonita em alguns lugares, e trabalhada
com arte em outros, é absolutamente diversa e até contrária ao drama. O
grotesco, por exemplo, não está no texto do poeta; é uma excrescência para
imitar as Mulheres Patuscas de Windsor. Este ponto é contestado pelos satanistas
com alguma aparência de razão. Dizem eles que, ao tempo em que o jovem
Satanás compôs a grande ópera, nem essa farsa nem Shakespeare eram nascidos.
Chegam a afirmar que o poeta inglês não teve outro gênio senão transcrever a
letra da ópera, com tal arte e fidelidade, que parece ele próprio o autor da
composição; mas, evidentemente, é um plagiário.
— Esta peça, concluiu o velho tenor, durará enquanto durar o teatro, não se
podendo calcular em que tempo será ele demolido por utilidade astronômica. O
êxito é crescente. Poeta e músico recebem pontualmente os seus direitos autorais,
que não são os mesmos, porque a regra da divisão é aquilo da Escritura: "Muitos
são os chamados, poucos os escolhidos". Deus recebe em ouro, Satanás em papel.

Contexto Social e Histórico


Quando a obra a Machadiana foi escrita e lançada o mundo estava num processo de
mudança, moldando o qual conhecemos hoje. Esta mudança constante e frenética foi
o principal fator na criação de diversas filosofias, tendo base nos eventos e teorias
cientificas da sociedade vigente. Tem como grande destaque a revolução industrial

Personagens
Bentinho (Dom Casmurro): Protagonista e Narrador. Já na meia idade, vivendo em um
cenário bucólico que o remetia a infância. Bento, então apelidado de Dom Casmurro,
decide detalhar sua história a partir de sua perspectiva.
Capitu: Amor da infância de Bentinho de “olhos de ressaca”, ela se torna o fator
principal o qual ele não quer tornar-se seminarista, ele a descreve como uma criatura
sagaz e curiosa, da infância a idade adulta, tal descrição tem a ver com a controvérsia
suspeita de traição a qual Bentinho tem sobre Capitu. A desconfiança e paranoia é
tanta que o relacionamento deles chega ao fim, assim Capitu muda-se para Suécia
onde reside até morre.
D. Glória: A mãe de Bentinho, tinha a ideia fixa de torna-lo padre devido a uma
promessa, devido a perca do qual seria seu primogênito, se o próximo viesse com
saúde ela o faria padre. Todavia com a perca do marido D. Glória se apega a Bentinho,
adiando ao máximo sua ida ao seminário.
Tio Cosme: Irmão de D. Glória, formado em advocacia criminalista e viúvo, nunca era a
favor que Bentinho fosse ao seminário, porém nunca refutou a ideia.
José Dias: Era um agregado e vinha da Europa, tornou-se parte da família por criar uma
relação próxima com o, ainda vivo, esposo de D. Glória. Fazendo-se médico durante
um surto de uma gripe onde ajudou a cura de todos, quando posteriormente em um
segundo surto revelou ter sido apenas um amador continuo com a graça do pai de
Bentinho. E assim tornou-se um membro com certa autoridade na casa, mesmo depois
da morte do mesmo, era um homem sofisticado e religioso de primeira instância era a
favor a ida de Bentinho ao seminário, mas, por interesse de regressar a Europa com
Bentinho pra que ele estudasse advocacia mudou de ideia.
Prima Justina: Prima de Dona Glória, morava na casa por favor e interesse de D. Glória,
ela achava necessário ter outra presença feminina e era melhor que fosse da família do
que fora. Era viúva e egoísta, ao menos na análise de Bentinho, é tão tal que ela
apoiava a relação de Bentinho com Capitu porque segundo ele porque a remetia da
seus próprios relacionamentos.
Padre Cabral: Irmão de D. Glória, tornou-se protonotário apostólico e encontrou a
solução para o dilema de Bentinho, caso D. Glória financiasse outro seminarista a
promessa estaria paga.
Escobar: Bentinho o conhece no seminário, assim como ele é um seminarista que não
tem desejo algum em ser padre, ambos abandonam o seminário e continuam
próximos, gostava do comercio e da matemática. Quando abandonou o seminário com
Bentinho consegui um empréstimo com D. Glória e começou seu próprio negócio.
Sancha: Amiga de Capitu, conheceu-a no colégio, e então é apresentada a Escobar e se
casam.
Ezequiel: Há controvérsias sobre a autenticidade paterna do mesmo. Filho de Bentinho
e Capitu tem o nome do amigo de seu pai Escobar. Viajou para Europa com Capitu
após o rompimento da relação dos seus pais, tornou-se acadêmico em antropologia e
morreu na Ásia vítima de febre tifoide.
Casal Pádua: Pais de Capitu, e vizinhos de D. Glória, são grandes amigos da família.
Sendo o senhor Pádua o ministro das guerras.

Enredo
Após uma longa viva de desventuras, Bento decide escrever uma autobiografia
narrando sua vida, uma obra intitulada de “Dom Casmurro” apelido a qual ganhará de
um poeta por ter um jeito recluso a si mesmo. Durante maior parte de sua infância até
pré-adolescência Bentinho teve uma vida um tanto tranquila, morava em Mata
Cavalos com sua viúva mãe e outras figuras a qual ela hospedara na casa, todavia, um
dilema o cercaria nos anos seguintes, sua grande amizade com a vizinha Capitu
tornaria se em algo mais profundo, em uma paixão adolescente, e ele era filho de uma
promessa a comprometimento com a sacristia (sua mãe havia perdido o primeiro filho
então para garantir a vida do outro o prometeu fazer padre). A morte do marido fez
com que D. Glória (mãe de Bentinho) tivesse um apego forte pelo filho adiando cada
vez mais sua promessa, tendo um tio padre, posteriormente promovido a
protonotário, tinha aulas de latim em casa. A trama começa com uma denúncia, com
olhos de perversidade José Dias para amizade de Bentinho e Capitu “— Há algum
tempo estou para lhe dizer isto, mas não me atrevia. Não me parece bonito que o
nosso Bentinho ande metido nos cantos com a filha do Tartaruga, e esta é a
dificuldade, porque se eles pegam de namoro, a senhora terá muito que lutar para
separá-los.” Bentinho ao ouvir essas palavras tem uma fusão instantânea de vários
sentimentos, da raiva a leve euforia da paixão, e isto o leva a uma reflexão a qual ele
percebe que realmente tem sentimentos por Capitu, ironicamente, sua casa e a de
Capitu tem um porta no quintal a qual uma porta da passagem entre as duas casas, ele
então vai à casa de Capitu e a vê escrevendo os nomes dos dois na parede do muro,
onde deixa bem claro que era um sentimento recíproco. Com a consciência de que
ambos estavam apaixonados Bentinho releva a sua amiga que ainda não sabia da
promessa da mãe de Bentinho então começam a bolar diversos planos para impedir a
ida dele ao seminário. Apesar de várias tentativas com a ajuda do agregado José Dias,
Bentinho é enviado ao seminário, a vida de seminarista não lhe atraia os olhos, nem
antes nem quando a vivi e D. Glória tem repulsão a ideia de perder seu único filho para
sempre, e assim o Padre Cabral apresenta uma solução, se D. Glória financiasse outro
seminarista a promessa seria comprida, então ordenaram um escravo.
Fora do seminário, Capitu e Bento engatam-se em um namoro que se sucede de um
casamento, o amigo de Bento, Escobar, casa-se com a amiga de Capitu, Sancha. O
casamento de Capitu e Bentinho tem um fruto, um menino, o qual tem o primeiro
nome do amigo de Bento “Ezequiel”. Anos depois, Ezequiel morre afogado e quando
eles atendem ao funeral Bentinho percebe a qual devasta Capitu está, a partir daí o
casamento entra em crise, pois Bentinho está fissurado na ideia que Capitu o havia
traído, a paranoia é tão grave que o rompimento era inevitável. Capitu então muda-se
para Suécia com seu filho Ezequiel, onde a mesma morre anos depois, quando seu
filho regressa ao Brasil para dar informações de sua falecida mãe, Bento percebe a
similaridade entre Ezequiel e Escobar e compartilha sua teoria com seu filho, que
assim deixa ao Brasil novamente e morre vítima de uma febre de tifoide na Ásia e
Bento, então apelidado, de Dom Casmurro decide escreve uma autobiografia “Dom
Casmurro”.

Cenário
A história se passa no Rio de Janeiro do Segundo Império, o próprio imperador é citado
no livro, em uma imaginação de Bentinho. A maior parte da obra é passada na rua de
Mata Cavalos onde Bentinho viveu a infância a adolescência, bairro nobre, assim como
sua família apesar de haver divergências entres as posições socias na vizinhança. No
início da obra então, no fim de sua vida, regressa a Itaguaí onde vivia sua antes da
morte de seu pai.

Crítica Social
Dom Casmurro é uma psicanálise critica da sociedade do Rio de Janeiro do século XIX,
da perspectiva de um homem privilegiado, criticando a ideia de moralidade da
burguesia. O tema mais controverso e polêmico da obra é a suposta traição de Capitu,
Machado de Assis faz com que Bento em sua análise psicológica questione a
moralidade de todos os personagens durante sua história de forma parcial, desde o
real desejo de sua mãe a torna-lo padre (isso com os ambiciosos futuros eclesiásticos)
a cada motivação de apoio ou qualquer figura, cada movimento isso em relação a
ambição.
Quando foi lançado, era visto como o relato inquestionável de uma situação de
adultério, do ponto de vista do marido traído. Depois dos anos 1960, quando questões
relativas aos direitos da mulher assumiram importância maior em todo o mundo,
surgiram interpretações que indicavam outra possibilidade: a de que a narrativa
pudesse ser expressão de um ciúme doentio, que cega o narrador e o faz conceber
uma situação imaginária de traição.
Capitu representa no livro duas categorias sociais marginalizadas no Brasil oitocentista:
os pobres e as mulheres. A personagem acabará por “perturbar” a família abastada, ao
casar-se com o homem rico.
Percebe-se, por isso, o peso do possível adultério em suas costas. Não se trata apenas
de uma questão conjugal entre iguais, mas de uma condenação de classe.
Machado de Assis, autor sutil e de penetração aguda em questões sociais, arma o
problema e testa seu leitor.
Nesse sentido, a questão central do livro não é o adultério, e sim como Machado
introduz na literatura brasileira o problema das classes e, ainda, de forma inovadora, a
questão da mulher.

Tempo
A ação se passa aproximadamente entre 1857 e 1875, embora o livro tenha sido
escrito na década de 1890. Na infância e adolescência, Bento de Albuquerque Santiago
morava na rua de Mata cavalos (Rio de Janeiro), com sua mãe viúva dona Glória, a
prima Justina, o tio Cosme e o agregado José Dias. Porém, trata-se de um narrador
problemático: primeiro porque o narrador é um homem emotivamente arrasado e
instável; segundo porque ele narra fatos que não a partir de sua perspectiva, podendo
ser tudo fruto de sua imaginação. O tempo da narrativa é psicológico.

Autor
https://www.academia.org.br/academicos/machado-de-assis/
biografia#:~:text=Machado%20de%20Assis%20(Joaquim%20Maria,da
%20Academia%20Brasileira%20de%20Letras

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