UNOPAR/ANHANGUERA MESSEJANA
CST EM SEGURANÇA PÚBLICA
ALANKARDEC ALVES DE SOUSA
PROJETO INTEGRADO
Inteligência Artificial e ética nas decisões humanas e
automatizadas: Desafios e possibilidades na gestão e no
direito
Fortaleza - Ceará
2025
ALANKARDEC ALVES DE SOUSA
Inteligência Artificial e ética nas decisões humanas e
automatizadas: Desafios e possibilidades na gestão e no
direito
Projeto Integrado apresentado como
requisito parcial para a obtenção de
média semestral no curso CST em
Segurança Pública.
Orientador(a): EAD
Tutora: Alexandro Baggio
Fortaleza - Ceará
2025
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................1
1. DESENVOLVIMENTO.............................................................................................2
2. CONCLUSÃO.......................................................................................................... 6
3. REFERÊNCIAS....................................................................................................... 7
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INTRODUÇÃO
A evolução das tecnologias digitais, especialmente na área de
Inteligência Artificial (IA), tem provocado efeitos visíveis em vários pontos da vida
atual, mudando conceitos e inovando as formas de interação humana, produção
econômica e tomada de decisões. Dentre as diversas áreas impactadas por essa
mudança, a gestão de pessoas, a gestão de projetos e o direito penal são exemplos
onde a Inteligência Artificial tem sido tanto um instrumento de inovação quanto alvo
de discussões éticas, legais e sociais.
A Inteligência Artificial, definida como o conjunto de sistemas
informáticos capazes a imitar funções cognitivas humanas, como o raciocínio lógico,
a aprendizagem e a tomada de decisões, está se estabelecendo como um dos
alicerces da chamada Quarta Revolução Industrial. Porém, a sua utilização cada vez
maior requer uma análise crítica dos efeitos sociais, culturais e morais dessa
tecnologia. Especialmente, é essencial entender de que maneira os diversos
conceitos de Inteligência Artificial - simbólico, associador, evolutivo e matemático -
podem auxiliar no reforço dos princípios democráticos, da justiça e da igualdade
social.
Assim, o objetivo deste estudo é examinar e discutir a aplicação da
Inteligência Artificial em cenários profissionais estratégicos, levando em conta tanto
as possibilidades quanto os desafios éticos e jurídicos que surgem dessa nova
situação. Durante o desenvolvimento, serão mostrados exemplos práticos do uso da
Inteligência Artificial na administração de pessoal e no sistema de justiça, com o
objetivo de identificar possibilidades de melhoria dos paradigmas tecnológicos,
visando uma atuação mais justa, transparente e inclusiva. Neste contexto, o objetivo
principal deste estudo é estimular o raciocínio crítico sobre as perspectivas
tecnológicas da Inteligência Artificial e suas consequências para o indivíduo e a
sociedade ocidental atual.
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1. DESENVOLVIMENTO
1.1. A Inteligência Artificial na gestão de pessoas e de projetos: Avanços e
desafios práticos
O uso da Inteligência Artificial (IA) na administração de pessoas e
projetos tem impulsionado uma mudança estrutural nos processos organizacionais,
sendo um fator competitivo para empresas que desejam otimizar tempo, recursos e,
principalmente, a tomada de decisões. Os progressos mais notáveis incluem a
aplicação de algoritmos de Inteligência Artificial na contratação e escolha de
talentos, além da utilização de softwares preditivos para a gestão de desempenho e
produtividade dos times.
No caso inicial, companhias como Unilever e L’Oréal estão
empregando sistemas de Inteligência Artificial para a avaliação de currículos,
entrevistas gravadas em vídeo e testes psicométricos, visando diminuir preconceitos
inconscientes, ampliar a diversidade e agilizar o processo de seleção. Esses
algoritmos analisam não somente palavras-chave, mas também a linguagem
corporal e o tom de voz, reconhecendo perfis alinhados com a cultura e os princípios
da instituição.
O uso de ferramentas de análise preditiva, como o People Analytics,
possibilita à liderança prever comportamentos, como rotatividade de funcionários,
diminuição da produtividade ou conflitos internos. Essas soluções se fundamentam
em grandes quantidades de dados recolhidos em tempo real, proporcionando
percepções personalizadas para medidas corretivas. De acordo com Davenport e
Ronanki (2018), a aplicação da Inteligência Artificial nesse sentido não só
potencializa a eficiência da administração, como também estabelece ambientes de
trabalho mais flexíveis e adaptáveis.
Essas inovações tecnológicas evidenciam a substituição gradual dos
conceitos tradicionais de gestão, centrados na experiência subjetiva do
administrador, por modelos fundamentados em dados, análises estatísticas e
automação de processos. Isso aumenta a racionalidade e diminui as falhas
humanas.
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1.2. Ética, inclusão e transparência: Desafios da IA no ambiente corporativo
Embora exista avanços mencionados, an aplicação da Inteligência
Artificial em ambientes empresariais não está livre de críticas e perigos. Um dos
maiores obstáculos é garantir que as soluções tecnológicas respeitem os princípios
de ética, diversidade, inclusão e transparência, particularmente em processos
delicados como o recrutamento e a avaliação de desempenho.
Neste contexto, a Amazon, que criou um sistema de recrutamento
automatizado baseado em IA, acabou por cancelar o sistema após descobrir que o
algoritmo estava discriminando candidatas do sexo feminino. O sistema "aprendeu"
com informações históricas alteradas, que davam preferência a homens em
assuntos técnicos. Este caso ganhou relevância e provocou discussões
aprofundadas acerca da importância de auditorias e correções constantes nos
sistemas de Inteligência Artificial.
Um exemplo similar é a aplicação de algoritmos de avaliação de
produtividade que, ao ignorar os contextos pessoais e sociais dos funcionários, pode
levar a decisões incorretas. Pense em um funcionário que, devido a um problema de
saúde, tenha temporariamente um rendimento reduzido. Um algoritmo que não
tem sensibilidade humana poderia classificá-lo como ineficiente, sugerindo sua
substituição, violando os princípios da dignidade humana e da empatia nas relações
de trabalho.
Esses exemplos mostram a importância de políticas transparentes de
governança algorítmica, conforme sugerido por Mittelstadt et al. (2016), nas quais a
clareza, a responsabilidade e o controle humano são essenciais para minimizar
efeitos discriminatórios e assegurar decisões justas.
1.3. A inteligência artificial no direito penal: Avanços com garantias
A aplicação da ia no direito penal gera discussões ainda mais
sensíveis, pois impacta diretamente os direitos fundamentais e o princípio da
dignidade humana. Apesar de a Inteligência Artificial poder ser usada para acelerar
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processos, antecipar reincidências ou acompanhar o cumprimento de penas,
existem riscos significativos de invasão de privacidade, discriminação baseada em
algoritmos e redução do direito ao contraditório.
De acordo com Magno Gomes de Oliveira (2021) em seu artigo
"Inteligência Artificial & Proporcionalidade Penal", a integração da IA ao sistema
penal só é possível se forem garantidas a não discriminação, a proporcionalidade
das penalidades e o direito ao devido processo legal. Para isso, a condição inicial é
a clareza dos algoritmos utilizados: as informações de treinamento, os critérios de
decisão e os limites da autonomia da máquina devem estar disponíveis para as
partes interessadas, sob o risco de nulidade do processo.
Por exemplo, a aplicação do sistema COMPAS (Gerenciamento de
ofensor para sanções alternativas), nos Estados Unidos, que calculava a chance de
reincidência de acusados com base em informações passadas, revelou um viés
racial desfavorável aos afro-americanos. Esta constatação ressalta a importância de
incorporar nos sistemas de Inteligência Artificial mecanismos de auditoria
independente e revisão humana das decisões automatizadas, a fim de proteger os
direitos individuais e prevenir injustiças estruturais.
Portanto, mesmo que a Inteligência Artificial possa ser um instrumento
valioso para o sistema penal, sua aplicação deve estar estritamente alinhada aos
princípios constitucionais de defesa ampla, contraditório, alegação de inocência e
isonomia, conforme estabelecido no artigo 5º da Constituição Federal de 1988.
1.4. A resolução CNJ nº 332/2020: Diversidade, representatividade e justiça
A resolução no 332/2020, publicada pelo Conselho Nacional de
Justiça, visa regulamentar a utilização da IA no sistema judiciário brasileiro,
definindo normas éticas e operacionais. Entre seus dispositivos, o artigo 20 destaca
que as equipes dedicadas a soluções de IA devem promover a diversidade em sua
totalidade, incluindo gênero, raça, orientação sexual, deficiência, geração, entre
outros atributos individuais.
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A procura por diversidade nas equipes de desenvolvimento não é
apenas simbólica, mas também estratégica. Quanto mais variado o grupo, maior a
probabilidade de detectar pontos de vista, representar diversas visões e elaborar
soluções mais equitativas e inclusivas. De acordo com o relatório "AI Now Institute"
(2018), a ausência de diversidade nas equipes tecnológicas contribui diretamente
para a criação de sistemas tendenciosos e discriminatórios.
Assim, o artigo 20 é não só justo, mas também fundamental e urgente,
uma vez que aborda an origem estrutural de muitos dos desafios éticos relacionados
à IA. Este é um conceito que muda o foco da tecnologia para as interações
humanas, reconhecendo que a equidade algorítmica depende da diversidade dos
indivíduos que a compõem. No Brasil, um país marcado por desigualdades
históricas e estruturais, a implementação dessa orientação é essencial para um
poder judiciário mais representativo, legítimo e democrático.
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2. CONCLUSÃO
A execução deste estudo permitiu um estudo detalhado sobre os
desafios e possibilidades da Inteligência Artificial no ambiente profissional e legal,
incentivando o desenvolvimento de habilidades técnicas, assim como a formação de
uma postura crítica e ética em relação às mudanças tecnológicas que caracterizam
a atualidade. Analisar o efeito das IA's na gestão de pessoas, na gestão de projetos
e no direito penal auxiliou na criação de uma visão sistêmica, conectando várias
áreas e mostrando como a utilização consciente da tecnologia pode ser uma
vantagem na carreira profissional.
No contexto pessoal e acadêmico, essa atividade levou a reflexão
sobre aa relevância de estar ciente das implicações éticas, diversidade e inclusão na
elaboração de soluções fundamentadas em Inteligência Artificial, destacando a
necessidade de ir além da funcionalidade e eficácia, dando prioridade aos valores
humanos e aos direitos básicos. É fundamental para qualquer profissional que
busque uma atuação socialmente responsável entender que a tecnologia não é
neutra e que suas utilizações devem ser orientadas por princípios democráticos e
equitativos.
Assim, esta pesquisa além de auxiliar na construção de
um conhecimento técnico, também reforçou a prática de uma cidadania crítica,
atenta às disparidades sociais e atenta às novas exigências do mercado de trabalho.
Portanto, fica claro que o controle da Inteligência Artificial requer uma educação de
caráter humano, ética e dedicada à justiça social, elementos fundamentais para a
criação de uma sociedade mais inclusiva, democrática e inovadora.
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3. REFERÊNCIAS
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 332, de 21 de agosto
de 2020. Dispõe sobre a ética, a transparência e a governança no uso da
Inteligência Artificial no Poder Judiciário. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília,
DF, 26 ago. 2020. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br. Acesso em: 8 abr. 2025.
OLIVEIRA, Magno Gomes de. Inteligência Artificial & Proporcionalidade
penal: vetores da política criminal moderna? Revista Brasileira de Ciências
Criminais, São Paulo, v. 28, n. 163, p. 81-104, 2020.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 40. ed. São
Paulo: Malheiros, 2023.
TAPSCOTT, Don; TAPSCOTT, Alex. Blockchain revolution: como a
tecnologia por trás do bitcoin está mudando o dinheiro, os negócios e o
mundo. São Paulo: Saraiva, 2018.
MARR, Bernard. Inteligência artificial na prática: como 50 empresas estão
aplicando a IA e transformando seus negócios. Rio de Janeiro: Alta Books,
2020.
BOSTROM, Nick. Superinteligência: caminhos, perigos, estratégias. São
Paulo: Editora Seoman, 2018.
DAVENPORT, Thomas H.; RONANK, D.J. O impacto da inteligência artificial
nos negócios. Harvard Business Review Brasil, São Paulo, v. 95, n. 5, 2019.
PENEDO, Ariádne Carla de Oliveira. Direitos fundamentais e inteligência
artificial: uma análise das diretrizes da OCDE e da Resolução CNJ nº
332/2020. Revista de Direito e Tecnologia, Brasília, v. 4, n. 2, p. 55-74, 2021.