APOSTILA DIDÁTICA
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Percussão
BEM VINDOS A ESCOLA DE CURIMBA TOQUES
DE SENZALA
O curso da Escola vem, a cada ano, buscando se aperfeiçoar,
com o propósito de instruir seus alunos sobre a magia dos ritmos
ditados pelos Atabaques.
Apesar de nosso trabalho estar inicialmente ligado à
Umbanda e Candomblé, não são levadas às aulas questões sobre
fundamentos ou preceitos religiosos, evitando assim qualquer
risco de intolerância, no relacionamento dos alunos com suas
crenças e hábitos praticados em seus barracões ou terreiros, pois
não se trata de um curso de Ogã e sim musical.
Este trabalho tem o objetivo de oferecer aos alunos os
conhecimentos técnicos necessários para que eles possam no
mínimo auxiliar aos tocadores mais experientes, porem, há um
grande percentual de alunos que chegam a um nível elevado com
instrumentos desenvolvendo autonomia.
Com uma fácil didática oferecida e um pouco de dedicação
rapidamente o trabalho se conclui e podemos presenciar aqueles
que muitas vezes não tiveram nenhum contato com o atabaque,
estaremos participando dos cultos ou outras atividades com o
instrumento.
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O CURSO
Aluno iniciante: No primeiro módulo o aluno pratica
exercícios de técnicas de golpes e já inicia o estudo do primeiro
ritmo, o Ijexá. Em aulas seguintes novos ritmos serão ensinados
e revisados para seu amadurecimento, assim também possíveis
correções técnicas. Essa fase leva em torno de quatro
meses.
Aluno não iniciante: Em sua primeira aula o aluno é
avaliado ao tocar, dessa forma será possível saber que correções
e orientações serão direcionadas a ele para seu aprimoramento
técnico.
Treinamentos
À medida que os ritmos se tornam amadurecidos pelo aluno, os
treinos já se iniciam juntamente com cânticos, dessa forma o
aluno poderá assimilar os ritmos de acordo com cada cântico,
desenvolvendo também percepção auditiva na relação de
melodia – ritmo.
Avaliação
Há uma avaliação constante do professor com o aluno e ao
perceber que o aluno chegou a um nível de maturidade e
segurança com os ritmos básicos, haverá o convite para
treinamentos em giras de umbanda juntamente com o professor.
É uma forma de estagio para o aluno.
Módulo Avançado
Após todo o processo do módulo inicial o aluno pode dar
seguimento aos estudos em um módulo avançado. Variações dos
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ritmos básicos, divisões rítmicas para Rum, Rumpi e Lê,
convenções de bases e treinos simultâneos de toques com
cânticos estarão em seu programa de aula.
(Por Clauber Dias)
HISTÓRIA DA PERCUSSÃO
Ao nos reportarmos à história do homem na terra, fica claro
que a percussão como um som específico, praticamente nasceu com
a raça humana.
A história dos instrumentos musicais é tão antiga quanto a
idade da pedra. Existem evidências sobre esse fato: Provas
arqueológicas, escavações, objetos petrificado, representações de
desenhos inscritos em cascas de árvores, papiros guardado por
primitivos e etc...
O primeiro impulso sonoro do homem primitivo foi
supostamente o de bater palmas ligadas a certa cadência rítmica.
Em achados arqueológicos viu-se que algumas pedras possuíam
tamanhos semelhantes com formas convexas adaptando-se a
empunhadura da mão humana, provavelmente para golpear uma
contra a outra produzindo som. Assim também com outros objetos
como pedaços de paus, osso etc...
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Arqueólogos acharam pegadas humanas fossilizadas e viram que
eram sincronizadas, Notaram que o pé direito tinha a pegada mais
funda simbolizando um ritual, provavelmente um ritmo binário dois
por quatro (2/4), como o samba por exemplo.
Como instrumentos usavam: Troncos de arvores ocos que se
transformavam em meios de comunicação, os chamados tantãs da
África. Alguns frutos depois de secos soltavam suas sementes que
colocadas em bambus ocos formavam chocalhos.
Dos instrumentos primitivos de percussão têm-se os
chamados idiofones. Existem os material sonoro natural e os que
possuem elementos adicionados como pedras ou peles para que
produzem sons. Eles podem ser divididos em:
CHACOALHAR: Produzindo sons quando as partes do material
adicionado chocam-se umas as outras ou nas paredes internas.
SOCAR: Produzindo sons em um buraco ou tubo oco com os
pés ou com as mãos.
CONCUSÃO: Produzindo sons ao golpear dois objetos
semelhantes como madeira, pedra, osso e etc.
BATER: Produzindo sons ao bater em uma ou mais peças de
um material sonoro como bastões ou ossos.
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RASPAR: Produzindo sons ao raspar em objetos de superfícies
não lisas.
HISTÓRIA DOS TAMBORES
O tambor é o termo genérico de uma grande variação de
instrumentos musicais que consistem uma pele estivada sobre um
vazo ou uma armação oca e produz som quando percutido.
Esse som é produzido pela vibração da membrana (pele),
classificando-o assim membranofone, dentro de uma larga
categoria de instrumentos de percussão.
As primeiras descobertas
Os tambores começaram a aparecer pelas escavações
arqueológicas do período neolítico. Um tambor encontrado numa
escavação da Morávia foi datado de seis mil anos antes de Cristo.
Na mesopotâmia foram encontrados pequenos tambores (tocados
tanto verticalmente quanto horizontalmente) datados de três
mil anos antes de Cristo. Tambores com peles esticadas foram
descobertas entre artefatos egípcios, datados de quatro mil anos
antes de Cristo. Na África, aponta o Djembê como um dos mais
antigos tipos de tambor, ligado aos mitos do gorila.
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Características dos primeiros tambores
Os primeiros tambores provavelmente consistiam de um
pedaço de tronco de árvore oco (furado). Estes troncos eram
cobertos nas bordas com a pele de algum réptil ou couro de peixe
e eram percutidos com as mãos.
Posteriormente quando o homem aprendeu a caçar e as
peles de animais começaram a ser utilizadas na fabricação de
roupas e outros objetos, percebeu-se que ao esticar uma pele
sobre o tronco, o som produzido era mais poderoso. Pela
simplicidade de construção e execução, tipos diferentes de
tambores existem em praticamente todas as civilizações
conhecidas. A variedade de formatos, tamanhos e elementos
decorativos depende dos materiais encontrados em cada região e
dizem muito sobre a cultura de quem os produziu.
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Os primeiros tambores foram tocados com as mãos ou
galhos
O tambor com duas peles veio depois, assim como a
variedade de tamanhos.
Muitos métodos foram utilizados para fixar as peles. Nos
tambores de uma pele eram usados pregos, grampos, cola, etc.
Nos tambores de duas peles eram usadas cordas que passavam
por furos feitos na própria pele e as esticavam. Os tambores
europeus, mais modernos geralmente prendiam a pele pela pressão
de dois aros, um contra o outro e a pele no meio.
Os tambores são utilizados desde as mais remotas eras
da humanidade, onde exerciam diversos papeis. Principalmente a
função religiosa, na produção de musica para rituais e festas
devido à sua grande potência sonora, os tambores também foram
usados como meio de comunicação para transmitir mensagens à
distância. Eles tem sido creditados com poderes mágicos e eram
tidos como objetos sagrados.
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Curiosidades e Crenças
O homem pré-histórico acreditava que a pele de sua caça
esticada em troncos de árvores reproduzia o choro do animal
morto. Foi com esse grande “remorso” e a consagração da morte
de sua caça que se deram os princípios da religião e a origem dos
tambores.
O toque do tambor revela a arte de se conectar com a mãe
terra e com nosso eu interior, sintonizando nosso coração ao
coração dela e de viajar ao mundo invisível, constatando a nossa
ancestralidade e todos os reinos da natureza.
O tambor está associado à direção sul, ao elemento terra, às
criaturas de quatro patas, ao arquétipo do curador e à qualidade
da cura. Através dele podemos receber informações, inspirações
e entendimentos.
“O tambor, no geral, tem a função de acompanhar o canto e
marcar a cadência das danças”.
Chegada dos Negros ao Brasil
Entre os séculos XIV e XIX, grandes embarcações portuguesas
cruzavam os mares capturando os negros do continente africano
e trazendo para as terras brasileiras em condições desumanas
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para serem escravizados em trabalhos árduos na colonização do
país.
Os negros vindos de várias regiões da África como Senegal,
Mali, Guiné, Costa do Marfim, Benin, Nigéria, Congo, Angola e
Moçambique traziam a dor do sofrimento ao serem “arrancados”
de seus lares e familiares, mas também traziam a fé em suas
divindades juntamente com seus cantos, batuques de tambores e
danças iniciando-se assim o Candomblé no Brasil, com nações como
o Ketu, Angola, Jeje, Ijexá e outras por todas as regiões do país.
O ATABAQUE
Termo derivado do árabe at-tabaq, significando tambor,
encontrado no século XVI como atabaque (`V` pronunciando com
som de `U`). Com a influência árabe na África, os negros escravos
adotaram esse nome para seus tambores, caracterizados pela
construção rústica, feitos geralmente de peças de árvores
escavados e com uma pele.
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O atabaque é construído com ripas de vários tipos de madeira
como a Araucária, Angustifólia, Peroba, Cerejeira, Carvalho, Pinho e
Angelim seu formato é parecido como o de um barril, porem com a
“boca” de cima mais larga que a de baixo. As ripas são coladas umas
as outras em círculo dando a forma ao atabaque, em seguida aros
envolvem a estrutura do instrumento para reforçar a união das
ripas.
Normalmente nos terreiros usam-se três atabaques e cada um
deles tem nomes próprios em relação aos seus tamanhos e de acordo
com a cultura de suas nações.
Umbanda
Atabaque = Tambor = Curimba
Atabaque Grande = RUM
Atabaque Médio = RUMPÍ
Atabaque Pequeno = LÊ
ATABAQUES NA UMBANDA
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No dia 15 de Novembro de 1908 no bairro de Neves na cidade
de Niterói no estado do Rio de Janeiro, surge um novo culto
religioso onde espíritos de negros, índios e nativos das terras
brasileiras pudessem se manifestar para a pratica da caridade; A
Umbanda, Tendo como dirigente espiritual o guia Caboclo das sete
encruzilhadas manifestando-se através do médium Zélio Fernandino
de Moraes.
Inicialmente na Umbanda era dispensado o uso de tambores para
acompanhamento de seus cânticos. Naquela época havia resistência
das autoridades com os batuques de candomblé, rodas de samba e
etc. Porém mais tarde atabaques se fizeram presentes nas chamadas
curimbas de Umbanda
Eram muito comuns nos terreiros tradicionais de Umbanda os
atabaques feitos de barris dando origem às chamadas
“barriquinhas”
Os ritmos em grande parte dos terreiros eram tocados de
forma descomprometida com técnicas musicais,
caracteristicamente de maneira bem rústica, pois os tocadores
em muitas casas não conheciam profundamente os ritmos do
candomblé. Mais tarde a influência do candomblé fez com que os
ritmos percutidos com as mãos fizessem parte das giras de
Umbanda como apresentado até hoje.
Curimba
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A Curimba é o setor musical em um terreiro de Umbanda.
Uma curimba é composta pelos atabaques (no caso da
umbanda não há um número pré-determinado de atabaques) e
outros instrumentos de percussão como agogô e chocalho.
Compõem também a curimba as pessoas que cantam e auxiliam
em tal questão.
Um integrante da curimba é chamado de curimbeiro. O
curimbeiro pode ser tanto do sexo masculino quanto feminino,
no segundo caso chamaremos de curimbeira.
O curimbeiro pode ser médium de incorporação ou não,
diferentemente do Ogã que precisa de suas características como
determinado no Candomblé.
IMPORTÃNCIA DOS ATABAQUES NOS CULTOS
Os atabaques são de extrema importância nos cultos de candomblé
e umbanda, pois eles fazem a ligação do homem com divindades
através dos seus sons ritmados, prática utilizada também por várias
outras religiões com diferentes tambores pelo mundo.
Os atabaques tocados em harmonia exercem a função de auxiliar
o transe mediúnico nos rituais, pois juntamente com os cânticos
diminuem as distrações dos médiuns nos trabalhos espirituais, as
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batidas do atabaque induzem o cérebro à emitir ondas cerebrais
diferentes do padrão comum. Portanto é fundamental que os
atabaques sejam tocados de maneira correta, e, para isso são
necessários alguns elementos técnicos como a precisão nos golpes,
equilíbrio do volume de som e a uniformidade no andamento dos
ritmos de acordo com os cânticos, além do respeito entre os
tocadores.
Da mesma forma que as divindades e guias espirituais gostam
do ambiente de trabalho limpo, organizado e perfumado, também
gostam dos cânticos e instrumentos de acompanhamento em
plena harmonia, pois dessa forma cria-se uma energia mais elevada
facilitando os trabalhos a serem realizados. Portanto, exageros
nos movimentos, agressividade e disputa de “quem bate mais”
dentro de uma cerimônia espiritual acabam trazendo desequilíbrio
harmônico, prejudicando assim as atividades do culto.
Sem dúvida os atabaques juntamente com os outros tipos de
tambores africanos foram essenciais na contribuição musical do
Brasil, juntamente com a música europeia seus ritmos formaram
a identidade cultural e musical de nosso país.
Hoje o atabaque é presente não só nos terreiros de Umbanda
e Candomblé, mas também em blocos de Afoxé, como o “Filhos
de Gandhi”, na capoeira, shows de grandes artistas da MPB, em
rodas de samba e até mesmo no carnaval, tendo grande destaque
na bateria da escola de samba Viradouro do Rio de Janeiro, no
carnaval de 2009. Numa bateria com mais de duzentos e
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cinquenta ritmistas, vinte atabaques abrilhantaram o desfile
daquele ano.
O ATABAQUE NA PRÁTICA
AFINAÇÃO
A afinação é o primeiro passo antes de tocar o instrumento.
É muito importante os atabaques estrem afinados para um bom
resultado na execução de cada ritmo.
Primeiramente, procure afinar usando chaves de rosca, pois
desgastam menos as porcas, aumentando o tempo de vida útil
das mesmas.
A afinação correta é que cada atabaque tenha uma altura de
tom diferente do outro seguindo o critério abaixo:
RUM – GRAVE LÊ - AGUDO
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RUMPI – MÉDIO
No caso de haverem mais do que três atabaques, deve-se
continuar seguindo o mesmo critério, do mais grave para o mais
agudo. Se for utilizar apenas um atabaque, a afinação é opcional.
AFINANDO
É recomendável iniciar a afinação do grave para o agudo.
Golpeie a pele para avaliar a tonalidade do atabaque.
Em média, os atabaques têm de quatro a cinco garras de
afinação em volta da pele, afine dando ao mesmo número de
voltas em todas elas (rode as porcas do lado esquerdo para o
direito). Comece dando duas voltas em cada uma, de preferência
em forma de cruz e em seguida golpeie para observar a
tonalidade, repita o processo ate atingir o tom desejado para o
atabaque.
Treine em casa com o seguinte recurso: pegue três copos de
vidro iguais, encha o primeiro quase todo, o segundo encha pela
metade e o terceiro com ¼, bata com uma colher em cada um
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deles e observará que o mais cheio é o mais grave, o pela metade
é o médio e o que tem ¼ d´água é o mais agudo, essa é a
proporção que podemos utilizar nos atabaques.
OBS: É natural que durante o uso do atabaque a afinação
caia, pois a pele vai cedendo com os golpes.
Temperaturas mais altas esticam a pele, mais baixas afrouxam,
portanto, ao final do uso desafine os atabaques, pois esse
processo aumenta o tempo de vida útil da pele.
OS GOLPES
Nas levadas de marcações e bases dos ritmos utilizamos duas
notas, a nota grave (tum) tom aberto” e aguda (tá) “slap”
em inglês que significa “tapa”, para isso é necessário que os
golpes sejam preciso e nas regiões corretas da pele.
Primeiramente, é importante exercitar a musculatura dos
punhos para que fiquem soltos e assim permitir que os golpes
aconteçam de forma suave e com precisão.
TOM ABERTO=TUM: Para esta nota, golpeamos a região entre
a borda e o meio da pele com a “barriga” dos quatro dedos
juntos, exceto o polegar, que deve ficar para fora da pele.
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Procure variar os movimentos das mãos, direita e esquerda.
SLAP (TAPA)=TÁ : Para esta nota, golpeamos o centro da pele
com a ponta dos dedos juntos, exceto o polegar, com a mão
formando uma espécie de “concha”.
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EXERCÍCIO = D (Mão Direita) E (Mão Esquerda): D D D D ...
E E E ... E D E D E D ... ( tum tum tum ... tá tá tá ...)
Procure varias os movimentos das mãos direita e esquerda.
BASES RÍTMICAS (Percussão com as mãos)
Os ritmos podem ser executados em um ou mais atabaques.
Abaixo iniciaremos os treinos dos ritmos percutidos com as mãos
para 1 atabaque:
ESQUEMA DIDÁTICO DOS MOVIMENTOS DAS MÃOS E LEITURA
RÍTIMICA
Representaremos os golpes e pausas pelas figuras abaixo:
TOM ABERTO: SLAP: PAUSA:
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IJEXÁ
Ritmo: OOX.XX.OOXX.XX.
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CABULA
Ritmo: X.XO.XOO.XXOO.OO
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CONGO
Ritmo: XX.XOO.X.XO.OO
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BARRA-VENTO
Ritmo: XXOOO.
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NAGÔ
Ritmo: XXOXXOO
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TRADICIONAL
Ritmo: xxo.xoo
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FUNÇÕES RÍTMICAS
A maneira mais adequada para se tocar em conjunto é que
cada atabaque faça uma função diferente do outro, assim como
a afinação que vimos nos trechos acima, com isso, os ritmos
ganham uma forma mais harmoniosa.
Seguindo o padrão do trio de atabaques:
RUM = Solo (repicadas ou dobradas)
RUMPÍ = Base
LÊ = Marcação
OBS: Essa formação é mais exigida nos toques de Candomblé,
na Umbanda podem-se alternar as funções, pois costuma-se levar
um ritmo mais descontraído, porém não é agradável quando mais
de um atabaque sole ao mesmo tempo.
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TOQUE DE CADA ORIXÁ
IJEXÁ: Oxum, Yemanjá, Oxóssi
CÁBULA: Ogum, Xangô, Iansã, Yemanjá
CONGO: Exú, Pomba Gira, Ogum, Xangô, Iansã
BARRA-VENTO: Xangô, Ogum, Exú, Pomba Gira, Iansã
NAGÔ: Nanã, Obaluaê
TRADICIONAL: Obaluaê, Nanã, e Pontos Raizes.
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TROCA DE PELE
Precisamos ficar atentos à hora de trocar o couro.
A durabilidade da pele depende muito de sua espessura, da
umidade do local, da limpeza e principalmente, da quantidade de
vezes que ela é utilizada.
Quando o couro não atinge ou não mantém a afinação desejada
é porque já esta envelhecido, ou também quando surgem fissuras
ou rasgos.
Para trocar o couro é muito simples:
Retire o couro danificado desatarraxando todas as porcas das
garras e solte-o do aro inferior (se estiver muito preso, deixar
de molho para amolecer o suficiente para soltá-lo).
Tire a medida do aro inferior, adquira uma pele que tenha
pelo menos quatro dedos em relação ao aro inferior, deixe o
couro de molho em agua (temperatura ambiente) para amolecer,
o tempo pode variar, geralmente em torno de uma hora.
Com o couro amolecido, coloque-o sobre uma superfície plana,
observe que a parte áspera deve ficar para baixo, coloque sobre
a pele o aro de maneira centralizada, pegue o aro superior e
dobre a borda do couro sobre o aro inferior e juntamente coloque
o aro superior em cima da borda de maneira que a borda do
couro fique entre os dois aros. Faça isso por toda a circunferência
do aro.
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Com a borda do couro presa entre os dois aros, coloque-os
sobre a boca do atabaque e prenda as garras em forma de cruz
dando um leve aperto nas porcas girando com os dedos. Feito
isso, observe se o aro e as garras estão alinhados e dê mais um
aperto nas porcas, desta vez com a chave.
Com uma faca ou tesoura, corte a sobra da borda do couro.
Deixe-o secar em local bem arejado. Certificando-se que o couro
esteja totalmente seco é só afinar.
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AOS ATABAQUEIROS!
Sabemos que a grande procura de alunos ao nosso trabalho é
de interesse em participar do culto religioso de Umbanda ou
Candomblé, porém, vale ressaltar que, nosso trabalho se estende
ao grande universo dos ritmos da nossa cultura, sendo eles
religiosos ou não. Portanto, é de extrema satisfação à nós, tê-
los não só como Ogãs ou Curimbeiros, como grandes
percussionistas para qualquer tipo de trabalho projetado por
nossa escola.
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