Com a vinda do PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos - é necessário
saber quais metodologias podem ser usadas para avaliar os níveis de risco.
As matrizes de riscos são essenciais para o PGR, já sabe quais delas usar?
Confira a seguir.
O que é Matriz de Risco?
A Matriz de Risco é basicamente uma ferramenta para a administração de
riscos ocupacionais. É conhecida também como Matriz de Probabilidade,
pois têm o objetivo de exibir as chances de riscos acontecerem, traçando de
certa maneira uma probabilidade em cada risco. Geralmente é utilizada
para determinar o risco em acidentes de trabalho e etc.
Recordando:
1. Risco é basicamente a exposição ao perigo (probabilidade X severidade).
2. Perigo é uma situação com probabilidade de causar dano.
Através de uma Matriz de Risco é possível identificar a magnitude do risco e
dimensionar as devidas ações para controle do mesmo. De maneira gráfica,
como geralmente é feita, facilita o trabalho de acompanhar processos e
desenvolver projetos de segurança, priorizando e mapeando tarefas e ações
que merecem destaque. Além disso, ajuda bastante quando a empresa
trabalha com equipes, pois é mais fácil de seguir as ações e acompanhar o
trabalho.
Como funciona uma Matriz de Risco?
Existem diferentes tipos de matriz de risco, como o modelo AIHA, BS 8800 e
até mesmo modelos únicos desenvolvidos pelo próprio profissional
capacitado, de maneira que cubra suas necessidades de controle. Em todo o
caso, é recomendável ter três itens
importantes: severidade (negligenciável à
crítico); exposição (diariamente à raras vezes)
e probabilidade (improvável até frequente). Todos os três itens costumam
ter 5 gradações. Em gravidade por exemplo, a gradação 1 seria
negligenciável e a 5 seria crítico (exemplo).
Vejamos a seguir duas situações de exemplo de classificação de riscos:
Situação hipotética 01
Um assistente de produção de uma fábrica precisa transitar pelo pátio do
setor. Neste pátio há veículos de carga que transitam raramente durante o
dia. Esta situação de risco seria o equivalente a:
1. Probabilidade baixa (pouca chance de acidentes)
2. Severidade alta (a consequência, caso ocorra, seria alta pois se trata de
um atropelamento)
Esse seria o risco do funcionário nessa situação hipotética, levando em
consideração probabilidade X gravidade: possui pouca chance de acontecer,
mas caso aconteça, a severidade/consequência da situação é alta.
Obs.: situação hipotética apenas para fins didáticos.
Situação hipotética 02
Nesta mesma fábrica, o número de demanda aumentou consideravelmente
e agora muitos veículos de carga transitam pelo pátio. O funcionário ainda
precisa transitar e, agora com mais frequência ainda. O ambiente e rotina
parecem estar fora de controle em meio à alta demanda. Esta situação de
risco seria o equivalente a:
1. Probabilidade alta (grande chance de acidentes)
2. Severidade alta (a severidade continua alta por se tratar de um
atropelamento)
Nesta situação hipotética, aumentou-se a probabilidade, já que o
número de veículos e vezes que o funcionário precisa transitar no pátio
ambas aumentaram significativamente.
A consequência/severidade continua a mesma: alta, pois ainda se trata
de um atropelamento.
Obs.: situação hipotética apenas para fins didáticos.
Analisando as duas situações, é possível entender como levanta-se o nível
de risco em determinadas situações.
Como utilizar uma matriz de risco?
Agora que já revisamos como calcular o nível de risco, vamos revisar como
utilizar a matriz.
O uso da matriz de risco é basicamente analisar
o cruzamento entre probabilidade X severidade, a maioria das matrizes
de riscos usam esta lógica de aplicação. O resultado do cruzamento será
nível do risco. Veja abaixo:
Acima consta um modelo baseado na AIHA, em esquema 5x5. Isso
significa 5 níveis de probabilidade e 5 níveis de severidade. Neste
exemplo, a probabilidade é de nível 2 (B) e a severidade também de nível 2
(menor), correspondendo a risco tolerável (como consta na legenda
verde).
Gradação de Severidade e Probabilidade
Sabemos então que o risco é definido pela probabilidade e severidade, em
seu ponto de cruzamento na matriz. Mas como definir atividades de maior e
menor severidade/probabilidade?
Cada profissional tem suas maneiras, dado às suas experiências, porém
a AIHA traz as estimativas. Vejamos abaixo:
GRADAÇÃO DA SEVERIDADE | NR 01
Estimativa do Risco: severidade da consequência | AIHA
Índide Definição
1 Lesão leves sem necessidade de atenção médica, incômodos ou mal estar.
2 Lesão ou doença sérias reversíveis.
3 Lesão ou doenças críticas irreversíveis que podem limitar a capacidade funcional.
4 Lesão ou doença incapacitante ou mortal.
5 Mortes ou incapacidades múltiplas (>10).
obs.: exemplo para fins didáticos
Os níveis de severidade então estão relacionados ao nível de consequência
e gravidade da lesão ou dano, caso ocorra. Em 5 níveis, é possível ir de
lesão leve/insignificante até lesão severa/fatal.
Vejamos uma estimativa de probabilidade a seguir:
GRADAÇÃO DA PROBABILIDADE | NR 01
Estimativa Qualitativa: Categorias de exposição efetiva (sem considerar o EPI) | AIHA
Índide Categoria Descrição
Exposição a níveis
1 Exposições < 10% LEO (Limite de Exposição Ocupac
muito baixos.
2 Exposição baixa Exposições >10% e < 50% LEO
3 Exposição moderada Exposições > 50% e < 100% LEO
4 Exposição excessiva Exposições > 100% a 500% LEO
5 Exposição muito excessiva Exposições superiores a 5 x LEO
obs.: exemplo para fins didáticos | LEO = (Limite de Exposição Ocupacional)
Os níveis de probabilidade estão relacionado a chance de um acidente/lesão
acontecer, por exemplo. Em 5 níveis é possível traçar se a probabilidade é
baixa ou alta, tendo como referência o LEO – Limite de Exposição
Ocupacional, sem considerar o EPI.
Um operário que trabalha em uma fábrica onde os limites auditivos
ultrapassam 3 vezes o LEO, encontra-se em uma exposição excessiva ao
dano, por exemplo.
Qual matriz de risco devo usar no PGR?
Uma dúvida muito frequente em relação ao PGR é qual matriz de risco
utilizar ao fazer o gerenciamento de riscos. Não há mistérios quanto a isso:
matrizes de risco que tenham cruzamento entre probabilidade e severidade,
podem ser utilizadas para o PGR, da maneira adequada. A própria matriz
mostrada acima, baseada na metodologia AIHA, pode ser utilizada, assim
como a matriz BS 8800. A diferença é que a matriz AIHA apresenta 5 níveis
de probabilidade e 5 níveis de severidade (5x5), e a matriz da BS 8800
resume as severidades em 3 níveis (3x5). A matriz de risco pode inclusive
ser desenvolvida pelo próprio profissional, desde que tenha como base os
mesmos conceitos. A maioria acaba optando por modelos baseados na AIHA
ou BS 8800.
Vejamos um modelo de matriz BS 8800 (Anexo D) OHSAS 18.001:
Gostou dos modelos acima? Quer utilizá-los? Faça o download gratuito da
planilha:
Posso usar as tabelas na NR 03 no PGR?
Não, na própria NR 03 é dito que as tabelas de excesso de risco servem
apenas para fins de embargos e interdição, como é de função da própria NR.
Sendo assim, não se pode utilizá-la para metodologias, a não ser que seja
customizada de maneira adequada. Para não ter dúvidas, recomendamos
que use os modelos presentes neste material, baseados na AIHA e BS 8800.
Estamos nos referindo a seguinte tabela:
A NR 3 estabelece diretrizes que caracterizam riscos graves e iminentes:
“3.1.1 Esta norma estabelece as diretrizes para caracterização do grave e
iminente risco e os requisitos técnicos objetivos de embargo e interdição.”
Porém, ao invés de ter a finalidade de prevenção, como tem a NR 1, a NR 3
tem a finalidade de embargo e interdição, como diz nome da Norma. Isso
significa que a NR 3 está mais associada à “punição” do que a prevenção
direta, como a NR 1. Sendo assim, o uso das tabelas 3.3 e 3.4, que são
chamadas de “tabelas de excesso de risco”, não podem ser usadas como
metodologia para gerenciamento de riscos.
“A metodologia de avaliação qualitativa prevista nesta norma possui a
finalidade específica de caracterização de situações de grave e iminente
risco pelo Auditor-Fiscal do Trabalho, NÃO se constituindo em METODOLOGIA
padronizada PARA GESTÃO DE RISCOS pelo empregador.”
Estas tabelas de excesso de risco (3.3 e 3.4) têm o objetivo de servir como
caracterização de riscos graves e iminentes, para fins de embargos e
interdições (multas, punições) em situações de fiscalização, por exemplo.
Esta matriz da NR 3 pode ser usada como base para que se monte uma
outra matriz, a qual então estando de acordo com os preceitos comuns,
poderá ser utilizada pelo profissional SST. Ou seja, esta tabela pode ser
usada caso seja devidamente customizada, mas não da maneira pura como
está na NR 3.
Atente-se ao PGR, que entra em vigor em agosto deste ano (2021), e
continue nos acompanhando!