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Neuropsicanalise

A Revista Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica, em sua edição de dezembro de 2019, aborda temas relevantes na psicopatologia, como a integração de aspectos orgânicos e psicodinâmicos na esquizofrenia, destacando a obra de Eugen Bleuler. O artigo de Filipe Arantes-Gonçalves propõe uma investigação qualitativa que busca entender a complexidade das emoções e da personalidade dos pacientes esquizofrênicos, desafiando abordagens reducionistas. A revista também inclui contribuições de diversos especialistas, refletindo a diversidade de perspectivas no campo da psicanálise e psicoterapia.
Direitos autorais
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Neuropsicanalise

A Revista Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica, em sua edição de dezembro de 2019, aborda temas relevantes na psicopatologia, como a integração de aspectos orgânicos e psicodinâmicos na esquizofrenia, destacando a obra de Eugen Bleuler. O artigo de Filipe Arantes-Gonçalves propõe uma investigação qualitativa que busca entender a complexidade das emoções e da personalidade dos pacientes esquizofrênicos, desafiando abordagens reducionistas. A revista também inclui contribuições de diversos especialistas, refletindo a diversidade de perspectivas no campo da psicanálise e psicoterapia.
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Volume 10

DEZEMBRO 2019

PENSAMENTOS II
Se..., Não...
REVISTA PORTUGUESA DE PSICANÁLISE
E PSICOTERAPIA PSICANALÍTICA
Se..., Não...
Revista Portuguesa de
Psicanálise e Psicoterapia
Psicanalítica

2
Revista Portuguesa de
Psicanálise e Psicoterapia
Psicanalítica
Editor / Publisher
Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica

Director / Director
Carlos Amaral Dias, PhD
(Professor Catedrático; Psicanalista e Presidente da Comissão de Ensino da AP)

Editor Chefe / Editor in Chief


Ana Almeida
(Psicanalista; Membro Titular da AP)

Co-edição /Co-editors
Alexandra Medeiros, MSc
(Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta; Associada da AP)

Catarina Rodrigues, MSc


(Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta; Associada da AP)

Isabel Botelho, MSc


(Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta; Associada da AP)

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(Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta; Associada da AP)

3
Conselho Editorial / Editorial Board
Ana Batarda, MsC
(Psicoterapeuta e Terapeuta Familiar; Fundador e Associado da AP);

Ana Vasconcelos, MSc


(Pedopsiquiatra; Membro da Direção e da Comissão de Ensino da AP);

Ângela Lacerda Nobre, PhD


(Doutorada em Gestão; Professora Adjunta do Instituto Politécnico de Setúbal, Fundadora
e Associada da AP);

António Alvim, MSc


(Psicoterapeuta Psicanalítico; Fundador e Associado da AP);

António Coimbra de Matos,MSc


(Psicanalista; Psiquiatra; Presidente da Direcção da AP);

António Mendes Pedro, PhD


(Visiting Professor da Universidade Paris XIII e Professor Associado da Universidade
Autónoma; Psicoterapeuta, Psicanalista e Psicossomaticista; Fundador e Associado da AP);

Camilo Inácio MSc


(Psicólogo Clínico; Associado da AP);

Carlos Alberto Afonso, PhD


(Professor Associado do ISPA; MFAPA e MFTPP da AP)

Carlos Campos Morais, MSc


(MFaPA da AP, Investigador-Coordenador apos. do LNEC, Membro Emérito da Academia
de Engenharia;

Clara Pracana, PhD


(Psicanalista, Professora Convidada do Instituto Superior Miguel Torga, do ISMAT e do
ISPA; Consultora; Fundador e Associado da AP);

Conceição Almeida, MSc


(Psicanalista; Membro da Comissão de Ensino da AP);

4
Cristina Nunes,MSc
(Psicanalista; Membro da Comissão de Ensino e da Direcção da AP);

Elisabete Fradique, MSc


(Psiquiatra e Psicoterapeuta; Fundadora Associada da AP);

Filipe Arantes Gonçalves, MSc


(Psiquiatra, Psicoterapeuta; Fundador e Associado da AP);

Henrique Garcia Pereira, PhD


(Professor Catedrático do IS; Escritor);

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(Psicoterapeuta Psicanalítica; Associada da AP);

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(Psicólogo Clínico; Associado da AP);

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(Professor Auxiliar da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa);

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(Psicólogo Clínico; Fundador e Associado da AP);

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(Psicanalista; Vice-Presidente da Direcção e Membro da Comissão de Ensino da AP);

José de Matos Pinto, PhD


(Psicólogo Clínico; Professor Coordenador da ESE de Coimbra; Fundador e Associado da
AP);

José Gouveia Paz, PhD


(Professor Auxiliar da UAL; Psicoterapeuta);

5
José Henrique Dias, PhD
(Pofessor Jubilado da UNL; Director da Escola Superior de Altos Estudos do ISMT);

Manuela Gonçalves dos Santos, MSc


(Grupanalista; Fundador e Associado da AP)

Maria do Rosário Belo, MSc


(Psicanalista; Membro da Comissão de Ensino da AP);

Maria do Rosário Dias, PhD


(Professora Associada no Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz;
FundadoraAssociada da AP);

Mário Horta, PhD


(Psicanalista; Membro da Direcção da AP);

Michael Knock, PhD


(Professor Associado do ISMT; Teólogo);

Conselho Editorial Internacional/ Internacional


Editorial Board
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(Psychoanalyst in private practice) – Beverly Hills – California);

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(Director of the Institute of Expressive Analysis; Book Review Editor Psychoanalytic Review;
Psychoanalyst in Practice – New York);

Nancy Burke, PhD


(Associate Professor of Clinical Psychiatry and Behavioural Science in Northwestern
University Feinberg School of Medicine – Chicago);

Rochelle Suri, PhD


(Licenced Marriage & Family Terapy; Associate Director of the International Journal of
Transpersonal Psychology – San Francisco – California);

6
Sandra Segan, PhD
(Member of the WMAAPP (Western Massachusetts and Albany Association for
Psychoanalytic Psychology; Psychoanalyst in Practice-New York)

7
«Se..., Não... Revista Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica»
publica artigos originais do campo disciplinar, científco e praxiológico
(clínica e aplicação) da Psicanálise e da Psicoterapia Psicanalítica. Contudo,
também são aceites, de forma complementar, textos que exprimam a rica
diversidade de interfaces entre estes domínios e as diversas facetas do
Desenvolvimento Humano

© 2017, AP – Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia


Psicanalítica

TÍTULO

Se..., Não... Revista Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica

CAPA

Maria Soromenho

PAGINAÇÃO/IMPRESSÃO E ACABAMENTOS

Manuel Oliveira

DEPÓSITO LEGAL - 314677/10

ISSN - 1647-7367

DATA DE EDIÇÃO DIGITAL

1.ª edição, Lisboa, Dezembro de 2019

8
Índice
Editorial 11
Carlos Amaral Dias

In memoriam 15

A dinâmica da obsessão e seu efeito sobre o narcisismo 17


Ana Almeida

Sete tentativas para derrubar o muro esquizofrénico: A propósito 41


do autismo de Bleuber
Filipe Arantes-Gonçalves

Experiência emocional e processo transformacional em 55


psicoterapia analítica
José Manuel de Matos Pinto

O cérebro social: Compreendendo o cérebro como um órgão 73


social
Ana Vasconcelos

Fé, verdade e esperança em psicoterapia: O psicoterapeuta 95


enquanto modelo
João Paulo Ribeiro

Um olhar sobre a obra “Attachment across clinical and cultural 113


perspectives, a relational psychoanalytic approach”
Cristina Nunes

Instruções aos Autores 141


Revista Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica, 2019 (10): 41-53

Sete tentativas para derrubar


o muro esquizofrénico: A
propósito do autismo de
Bleuler
Filipe Arantes-Gonçalves
Médico psiquiatra e psicanalista aderente
Fundador e coordenador do Grupo Português de Neuropsiocanálise afiliado à International Neuropsychoanalysis
Association
[email protected]

RESUMO

A obra do psicopatologista suíço Eugen Bleuler, que foi um contemporâneo de Freud, integra
aspetos orgânicos e psicodinâmicos no campo da psicopatologia da esquizofrenia. Isto
constitui um modelo de investigação qualitativa muito mais próximo da clínica do que as
abordagens quantitativas dominantes, que atualmente reduzem e confinam a análise destes
pacientes às escalas psicométricas. Sem uma compreensão abrangente e integrada dos fatores
que determinam a génese e a persistência do ‘grupo das esquizofrenias’ (sendo esquizofrenia
um termo cunhado por Bleuler, juntamente com o próprio termo autismo), será muito difícil
devolver o doente à sociedade da qual ele próprio ou ela própria se retiraram, restaurando a
interface entre diferentes formas de conhecimento, para além do reducionismo e da sobre-
especialização.

Palavras-chave: Bleuler, esquizofrenia, autismo, investigação qualitativa.

41
PSICOPATOLOGIA DA ESQUIZOFRENIA: INTEGRAÇÃO ENTRE
ASPETOS ORGÂNICOS E PSICODINÂMICOS

Atualmente, os paradigmas científicos tendem-se a afirmar pelo


monopensamento, positivismo, reducionismo biológico e neo-obscurantismo.
Contrariamente a essa tendência, o livro que publiquei, Autismo de Bleuler:
Repensar as Esquizofrenias pelo Sintoma `Invisível` (Arantes-Gonçalves,
2014), procura construir pontes clínicas e científicas entre vários autores,
retirando-os do isolamento e invisibilidade a que foram sujeitos pelos
métodos de investigação hoje dominantes. O que está em causa é relacionar
aspetos de natureza orgânica e psicodinâmica que continuam a não ter o
reconhecimento necessário no campo da psicopatologia da esquizofrenia.

Esta é a perspetiva que apresento neste artigo e, neste sentido, o livro não
poderia ser mais Bleuleriano. O psicopatologista suíço Eugen Bleuler (1857-
1939) teve a seu cargo inúmeros internos de psiquiatria de várias orientações
teóricas diferentes, o que equivale a dizer que foi capaz de fazer escola no
melhor sentido do termo. A diversidade de perspetivas sobre o adoecer
mental revelou-se fecunda, em vez de criar afastamentos entre colegas, como
é mais comum nos dias de hoje. Bleuler, que era apenas um ano mais novo que
Freud e ambos morreram no mesmo ano, é também considerado o primeiro
psiquiatra de orientação organo-dinamista, uma vez que foi pioneiro na
tentativa de integrar aspetos orgânicos e psicodinâmicos numa mesma
doença. Ele ficou para a história da psiquiatria, ao integrar, na abordagem das
esquizofrenias, as perspectivas de dois nomes que aparecem, frequentemente,
como incompatíveis: Kraepelin e Freud. A questão é que integrar áreas
distantes, ou situar-se na interface entre diferentes saberes, constitui-se como
um caminho mais difícil do que separar ou ficar-se pela ultra-especialização.
É também com Bleuler e Jung que se inicia a investigação qualitativa do
‘grupo das esquizofrenias’, tendo em conta a preocupação em dar significado
à vida mental subjetiva destes doentes. Trata-se, portanto, de um modelo
de investigação qualitativa muito mais próximo da clínica, o que contrasta
com as investigações quantitativas que reduzem e aprisionam os fenómenos
estudados às escalas psicométricas.

No mundo de hoje, torna-se indispensável recuperar os instrumentos de


compreensão psicopatológica das doenças mentais, enquanto auxiliares
complementares dos tratamentos mais sintomáticos e ‘como garantia de

42
devolver aos doentes com esquizofrenia a subjetividade a que sempre tiveram
direito’ (Arantes-Gonçalves, 2014, p.75). Sem uma compreensão integrada
dos fatores que determinam a génese e a manutenção das esquizofrenias,
muito dificilmente será possível devolver o doente à sociedade da qual o
próprio se retirou. Para este fim, é necessário compreender a natureza dos
vínculos internos e externos que os doentes mantêm com as figuras de
vinculação patogénica, bem como os vínculos que não conseguem iniciar ou
manter com outras figuras potencialmente mais saudáveis. Aqui, o papel dos
psicoterapeutas, em geral, e dos psicanalistas, em particular, é, sem dúvida,
insubstituível como ponte e zona de transição entre o passado e o futuro
destes pacientes.

AS EMOÇÕES

A afirmação do estudo psicopatológico das emoções nas esquizofrenias


implica, em particular, recuperar o conceito de ‘complexos carregados
de afectos’ de Jung (1907), como representantes de memórias emocionais
traumáticas que continuam a exercer influência no psiquismo dos doentes,
colocando a hipótese de serem estas emoções demasiado fortes um dos
principais factores predisponentes à fragmentação do Eu e consequente
retirada autística da realidade. Ou seja, grande parte da ‘energia emocional’
estaria intensamente fixada nos mesmos ‘complexos carregados de afecto’,
ficando largamente deficitária para as emoções da vida de relação. Assim,
fica desfeito um aparente paradoxo: O empobrecimento emocional das
esquizofrenias parece esconder uma vida emocional interior muito intensa,
caótica e turbulenta.

Este paradoxo é ainda melhor compreendido com a ajuda de Eugene


Minkowski (2000). Para este psicopatologista franco-polaco, os doentes
com esquizofrenias vão alternando entre os pólos da anestesia e hiperestesia
afetivas, de modo que estes doentes nem são demasiado frios, nem
demasiado sensíveis, são os dois ao mesmo tempo. Por isso, o mais calmo
dos doentes pode ser capaz da maior e mais violenta expressão emocional.
De facto, quando os `complexos carregados de afecto` se separam da restante
personalidade, adquirindo autonomia, contribuem para a fragmentação cada

43
vez maior. É nestas condições que os doentes com esquizofrenias receiam
expressar os afetos que são sentidos como excessivamente intensos. Daí que
o pensamento autístico seja guiado por necessidades afetivas que dizem
respeito à sobrevivência psíquica do próprio. Quanto mais retirado do real,
maiores são as repercussões psicopatológicas, em termos de anomalia afetiva.
Da mesma forma, no conflito entre a razão e as emoções, é a afetividade
autística que acaba por prevalecer. Num outro vértice de observação, podemos
interrogar-nos se o racionalismo mórbido, na sua vertente de hipertrofia das
funções intelectuais e escasso desenvolvimento das capacidades emocionais e
intuitivas, acaba também por funcionar como blindagem contra as emoções
demasiado fortes ou intensas. No entanto, nas alturas em que surgem os
conflitos intersubjetivos e interpessoais, são os ‘complexos carregados de
afecto’ que ganham predominância. Também podemos colocar como hipótese
a ideia Bioniana acerca da presença de um vínculo emocional de ódio estar
subjacente ao racionalismo mórbido, por intermédio dos sentimentos de
arrogância e omnipotência. Nas palavras de Bion (1988): “É um pequeno
passo do ódio às emoções, ao ódio à própria vida” (pp. 55-77).

A PERSONALIDADE

O estudo da personalidade pré-mórbida das várias doenças mentais


sofreu um acentuado declínio nas últimas décadas. Refiro-me ao estudo
psicopatológico clínico, o qual tem a vantagem de permitir entrar em
contacto interpessoal e intersubjetivo com as vivências emocionais dos
doentes. As descrições compreensivas dos psicopatologistas clássicos são,
por isso mesmo, absolutamente únicas e insubstituíveis. Assim, foi a partir
desse estudo patobiográfico que foi também ganhando forma a presença de
personalidades pré-mórbidas, caracterizadas pela introversão (Jung) e auto-
erotismo (Freud), onde a libido é direcionada para o próprio. A um outro
nível, também o estudo psicopatológico foi permitindo compreender que,
uma vez estabelecida a doença esquizofrénica, a nota mais dominante da
personalidade é a desagregação da mesma. Deste modo, quanto mais grave é a
doença, maior a perda de unidade da personalidade. De um ponto de vista da
psicopatologia psicanalítica, Bion (1988) coloca em evidência a fragmentação
entre as partes psicótica e não-psicótica da personalidade que, habitualmente,

44
são sentidas pelos doentes como um fosso intransponível.

É também com ponto de partida nos psicopatologistas clássicos que surge a


formulação de uma constituição esquizóide (Kretchmer), ou esquizofrenia
latente (Bleuler), conceptualizadas como um factor de risco para as
esquizofrenias, mas também como uma primeira manifestação das mesmas.
Curiosamente, até meados do século vinte, a grande maioria dos alienistas
(independentemente da sua orientação teórica e terapêutica) estavam
de acordo quanto à estrutura de personalidade constituir os alicerces do
adoecer mental. Assim sendo, estamos em presença de um modelo que é a
favor da continuidade entre personalidade e doença, o que poderá remeter
para a importância de intervenções terapêuticas mais precoces, bem como
da pesquisa dos antecedentes biográficos, relacionais e desenvolvimentais
nas histórias clínicas, para um melhor e mais completo plano terapêutico.
O desenvolvimento da doença a partir da personalidade adquire aqui um
plano complementar, e não antagónico, com os modelos de descontinuidade
e incompreensibilidade (Jaspers, 1997). Neste sentido,

“São os efeitos de um trauma relacional que vão fragmentar


a psique em duas partes: a parte autística, que fica conectada
com os aspectos traumáticos, e a parte mais saudável que
escapa e sobrevive ao trauma. Daí que possamos falar de
fixação traumática de alguns aspetos da personalidade
esquizofrénica. A nosso ver, são essas partes fixadas que, mais
tarde, aquando de um surto psicótico, vão sofrer um exagero
patológico, dando origem ao que Jaspers chama, propriamente,
de desenvolvimento da personalidade. Assim, podemos referir
que uma parte da doença corresponde ao binómio fixação-
desenvolvimento. A outra parte que acima designamos de mais
saudável é aquela que, aquando de um surto psicótico, irá sofrer
uma regressão autística, dividindo a vida do doente em duas
partes completamente diferentes, o que constitui um processo
da personalidade, segundo Jaspers. Esta parte receberia a
designação de regressão-processo. Fixação-desenvolvimento e
regressão-processo constituem, deste modo, pontes conceptuais
entre psicopatologia clássica e psicanálise.” (Arantes-Gonçalves,
2014, p.134)

45
O CORPO E A SEXUALIDADE

Uma das notas dominantes do autismo Bleuleriano diz respeito à vivência da


sexualidade e corporalidade por parte destes doentes. Tanto uma como outra
apresentam uma característica comum, que é o seu direcionamento para
dentro do próprio. Segundo Freud (2006a), existiria uma incompatibilidade
entre líbido narcísica e líbido objectal nas esquizofrenias, de modo que o
excesso da primeira esvaziaria a segunda: “Com efeito, poder-se-ia considerar
que o colapso psíquico teria praticamente existido e que a memória emocional
traumática, que ficou guardada com enorme força, não dá ao sujeito outra
hipótese, se não fechar-se auto-eroticamente” (Arantes-Gonçalves, 2014,
p.59). Esta seria também uma diferença quantitativa, na comparação com
a paranóia, onde a retirada libidinal do mundo relacional não seria tão
devastadora. E não deixa de ser muito interessante o facto de o autismo,
para Bleuler, ser, com pouco diferença, aquilo que Freud designou por auto-
erotismo. Aliás, auto-erotismo era o nome eleito para designar o autismo das
esquizofrenias. No entanto, Bleuler (2005) optou pelo termo autismo para
evitar as conotações com a teoria psicanalítica da sexualidade, muito mal
aceites naquela época.

Uma vez que a sexualidade e o investimento libidinal se expressam em grande


parte pela corporalidade, não é com surpresa que esta, à semelhança da
primeira, assume uma predisposição centrípeta. Ao nível da pele, os doentes
com esquizofrenias procuram isolar o mais possível as suas superfícies
cutâneas do mundo exterior, receando o contacto pele-a-pele: “Deste modo,
compreende-se melhor a defesa autística de contacto com a realidade, porque,
privado da sua pele primordial, ao autista só restaria uma segunda pele para
funcionar como blindagem entre as emoções internas e a realidade exterior”
(Arantes-Gonçalves, 2014, p. 60). Também a nível da psicomotricidade, na
inibição catatónica, os doentes acabam por se encolher ao máximo, evitando
as influências exteriores. A um outro nível, as posturas passivas e imóveis
defendem-nos do contacto vital e libidinal com o real (Sobral Cid, 2011).

46
O AUTISMO COMO DENOMINADOR COMUM DA PSICOPATOLOGIA
DAS ESQUIZOFRENIAS

É de grande interesse clínico e científico tentarmos encontrar para cada


doença o seu cerne ou estrutura mais íntima, funcionando como plataforma
de lançamento para os restantes sintomas. Mas, ao contrário, na psiquiatria
atual, assistimos a uma categorização cada vez maior entre grupos de sintomas
que vão ficando também cada vez mais distantes entre si. Neste sentido, é
imperativo promover uma compreensão mais dimensional entre os vários
sintomas.

Sigmund Freud (2006b) terá sido dos primeiros a colocar a hipótese de os


sintomas heterólogos (delírios e alucinações) terem como principal objectivo
ocuparem a perda de relação com o real, assumindo-se como ‘tentativas de
restituição’. No entanto, Freud vai ainda mais longe ao referir que o conteúdo
desses sintomas é constituído, habitualmente, por material psíquico
relacionado com memórias emocionais biográficas carregadas de angústia:

“Poderíamos considerar o autismo como o remanescente de uma


memória afetiva implícita que permite detectar a ameaça e que
garante a sobrevivência do sujeito. Por outras palavras, seria uma
verdadeira ‘memória imunológica’, ou seja, memória que atua
como sistema de defesa. Seria uma memória com capacidade de
recordar as experiências traumáticas, projetando-as no mundo
das relações humanas.” (Arantes-Gonçalves, 2014, p.137).

E, ainda num outro prisma,

“Poder-se-ia dizer que o que se perde é a capacidade de


constituição de um objecto interno, capaz de representar o
objecto externo na sua ausência. Ou seja, o autismo poderia ser
aqui entendido como a incapacidade de constituição de objetos
internos, os quais serviriam de ponte para a relação com a
realidade externa.” (Arantes-Gonçalves, 2014, p.46).

47
Também Bleuler (2005) tentou categorizar os sintomas da doença
esquizofrénica, classificando-os como primários (fragmentação das
funções mentais) ou secundários (toda a restante sintomatologia). Para o
psicopatologista suíço, estes últimos seriam consequência dos primeiros e
constituíam uma tentativa de re-equilibração, face às dificuldades colocadas
pelos primeiros. Observando o autismo Bleuleriano como passo intermediário
entre a fragmentação ampla das funções mentais e a restante sintomatologia
da doença, poderíamos dizer que os ‘complexos carregados de afecto’ que o
autismo procura guardar podem ser, por assim dizer, reciclados à superfície
do psiquismo, através dos sintomas heterólogos, aquando da presença de
factores de stresse relacional. Para Minkowski (2000), o autismo como perda
de contacto vital com a realidade é o aspeto mais central das esquizofrenias,
atuando como trouble generateur dos restantes sintomas: “Poderíamos dizer
que a perda de contacto vital de Minkowski é também uma perda de contacto
libidinal, na perspectiva de Jung, que considerava a libido na sua vertente
energética de interesse e de investimento” (Arantes-Gonçalves, 2014, p. 88).

Por outro lado, na perspectiva da psicopatologia psicanalítica de Bion (1988),


encontramos o conceito clínico de identificação projetiva que faz a ponte
entre o autismo de Bleuler e os sintomas heterólogos, a partir de uma dupla
perda de contacto com as realidades interna e externa. Em resumo, a partir
do conceito de autismo de Bleuler, vários autores procuram colocar em
evidência a ligação entre os vários sintomas, contribuindo, dessa forma, para
uma maior unidade compreensiva da doença.

TRAUMA, DISSOCIAÇÃO E INCONSCIENTE

Para além da plasticidade genética, os traumas relacionais e cumulativos


colocam estes doentes num conflito quase insuperável entre ‘os complexos
carregados de afecto’ e a própria vida relacional. Na formulação de Jung (1914),
a maioria dos doentes escapa ao trauma com uma importante mutilação na
estrutura de personalidade. Neste contexto, uma parte diz respeito à vida
autística carregada de sonhos e fantasias, enquanto outra se refere à vida
de relação, conforme é sentida por estes como muito ameaçadora: “É nestes
momentos que o mundo de sonho se torna a sua única realidade e o doente vai

48
ficando, cada vez mais, retirado do real e, cada vez mais, sonhador” (Arantes-
Gonçalves, 2014, p. 39). Podemos pensar que são as experiências traumáticas
relacionais que rasgam a personalidade destes doentes, dividindo-a num
segmento grande (complexos carregados de afecto) e, por outro lado, numa
parcela menor que remete para alguns núcleos neuróticos (histéricos, fóbicos
ou obsessivos). Vale a pena sublinhar, porém, que é a primeira que predomina
também nos mecanismos de defesa utilizados. Ou seja, nos mecanismos de
defesa psicóticos ou imaturos, o Eu rejeita não só a representação mental
intolerável, mas também o afeto que a ela está ligado, comportando-se como
se esta jamais lhe tivesse ocorrido (Freud, 2006c). Na minha leitura, é a força
e autonomia dos ‘complexos carregados de afecto’ o principal factor genético
e perpetuador da fragmentação ampla das funções mentais. Bion acrescenta
o facto de a fragmentação das funções mentais não ocorrer somente entre o
paciente e a realidade externa, mas também opera nos vários elos de ligação
entre as partes psicótica e não-psicótica da personalidade. Consequentemente,
apesar de a descoberta do inconsciente ter sido feita a partir dos sonhos
dos pacientes neuróticos, não restam grandes dúvidas que, nas psicoses
esquizofrénicas, a força e influência do inconsciente desempenham um papel
ainda maior em relação a outras patologias.

RELAÇÃO TERAPÊUTICA E PSICOTERAPIA

Se o autismo Bleuleriano tem como característica dominante a retirada


relacional, coloca-se a questão premente da relação terapêutica com estes
doentes. Em primeiro lugar, há a referir que a ausência de contacto sintónico
destes pacientes estará relacionada com a ‘violência’ das suas emoções
internas, tornando a sua expressão muito dificilmente comunicável ao
entrevistador. Nesse sentido, é indispensável resgatar os ensinamentos da
psicopatologia compreensiva explorados por vários autores. Começando
precisamente por Bleuler, um dos primeiros a interessar-se pela vida mental
e emocional destes doentes, dando especial destaque ao estabelecimento de
uma relação terapêutica empática, complementada com a valorização do
estudo clínico dos antecedentes biográficos e da sua possível relação com
o conteúdo dos sintomas. Entre os outros autores que também salientaram
a importância vital da relação terapêutica, Jaspers (1997) propôs a redução

49
fenomenológica da compreensibilidade, estando esta dependente do tempo,
empatia, disponibilidade e riqueza interna do entrevistador. Na mesma linha
de atitude terapêutica, encontramos Schneider (1963), considerando que,
nas psicoses endógenas, é possível, e mesmo mandatório, captar a vivência
subjetiva interna dos pacientes.

Entre nós portugueses, Sobral Cid (2011) alertou para o facto de a comunicação
com estes doentes deparar-se com inúmeros obstáculos, tendo em conta as
enormes dificuldades de relação afetiva que caracterizam a personalidade
mórbida. Apesar de a tarefa terapêutica ser de enorme magnitude, o
psicopatologista só tem, na realidade, o caminho que nos é proposto por
Minkowski: Tentar uma reconstrução séria da experiência vivida do outro
e criar uma atitude optimista de reciprocidade, a partir de uma atitude
desalienante com o doente. Uma das estratégias possíveis, entre muitas
outras, é “a capacidade de sentido de humor, a qual está muito deficitária
nestes pacientes. De igual modo, é importante ir introduzindo algum uso de
metáforas como forma de contra-balançar o uso excessivo que estes pacientes
fazem da metonímia” (Arantes-Gonçalves, 2014, p. 138).

É justamente neste ponto que a psicopatologia compreensiva se cruza com


a psicoterapia psicanalítica: No equilíbrio e na importância que confere não
só às partes doentes, mas também às partes saudáveis dos pacientes, afinal
de contas absolutamente essenciais para o tratamento da fragmentação.
Como enfatiza Amaral Dias (2014), a compreensão do autismo torna-se
fundamental para tentar penetrar no mundo interno esquizofrénico, mas
também para iniciar um trabalho psicoterapêutico complementar das
terapêuticas biológicas. Não deixa de ser notável que ainda hoje continue a ser
contestada, de forma quase maioritária e inflexível, pela maioria dos sectores
da psiquiatria, a necessidade de complementar as psicoterapias, em relação à
medicação antipsicótica, e que, ao contrário, esta complementaridade tenha
sido tão bem percebida por Bleuler e, ainda por cima, numa altura em que não
havia tratamentos biológicos. Na verdade, foi em Zurique que se iniciaram os
primeiros tratamentos psicoterapêuticos do ‘grupo das esquizofrenias’. Chamo
ainda a atenção que o termo ‘grupo das esquizofrenias’, apesar de apresentar
algumas fraquezas ao nível do diagnóstico categorial, apresenta, como força
diagnóstica dimensional, a inclusão das personalidades esquizóides que,
em muitos casos, se apresentam como a primeira manifestação sintomática

50
de uma possível e futura esquizofrenia. Os tratamentos psicoterapêuticos,
sobretudo de inspiração psicanalítica, assumem, na esquizoidia, um papel
insubstituível.

CONCLUSÃO

Independentemente da profundidade em que podemos avançar no


‘derrubar do muro esquizofrénico’, quero sublinhar que as sete divisões
deste artigo correspondem a ‘sete tentativas’ para compreender a magnitude
psicopatológica do autismo como estrutura paradigmática do ‘grupo
das esquizofrenias’, tendo em vista “que o estudo clínico compreensivo,
fenomenológico, gestáltico e psicanalítico, entre outros, será aquele que
poderá trazer mais conhecimentos de um grupo de doentes, com os quais
temos muito a aprender na relação com eles” (Arantes-Gonçalves, 2014, p.
141). Neste contexto, a intervenção dos psicanalistas pode situar-se a um nível
individual e familiar, mas também a um nível social e eco-sistémico. O que
está em causa é compreender a transformação da identificação projetiva do
doente na sua relação com o mundo, bem como do mundo relacional para
com o doente. O resultado será a positiva turbulência que decorre da ativação
dos núcleos psicóticos da sociedade, até porque, como seria possível, sem
turbulência, a transformação das sociedades antropofágicas em sociedades
antropoémicas?

REFERÊNCIAS

Arantes-Gonçalves, F. (2014). Autismo de Bleuler: Repensar as Esquizofrenias pelo


Sintoma “invisível”. Climepsi Editores.

Bion, W. R. (1988). Ataques ao elo de ligação. In Second Thoughts. Estudos


psicanalíticos revisitados. Imago Editora.

Bion, W. R. (1988). Diferenciação entre Personalidade psicótica e Personalidade


não-psicótica. In Second Thoughts. Estudos psicanalíticos revisitados. Imago

51
Editora.

Bion, W.R. (1988). Uma teoria sobre processo de pensar. In Second Thoughts.
Estudos psicanalíticos revisitados. Imago Editora.

Bleuler, E. (2005). Dementia Praecox ou Grupo das Esquizofrenias. Climepsi


Editores.

Dias, C. Amaral (2014). Prefácio. In Arantes-Gonçalves, F. Autismo de Bleuler:


Repensar as esquizofrenias pelo sintoma “invisível”. Climepsi Editores.

Freud, S. (2006a). O instinto e as suas vicissitudes (1915). In A História do


Movimento Psicanalítico, sobre Artigos a Metapsicologia e Outros Trabalhos (1914-
1916). E.S.B. Volume 14. Imago Editora.

Freud, S. (2006b). Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de


um caso de paranóia (1911). In O Caso Schreber, Artigos sobre Técnica (1911-1913).
E.S.B. Volume XII. Imago Editora.

Freud, S. (2006c) As neuropsicoses de defesa (1894). In Primeiras Publicações


Psicanalíticas (1893-1899) E.S.B. Volume III. Imago Editora.

Jaspers, K. (1997). General Psychopathology. Volume II. The Johns Hopkins


University Press.

Jung, C. G. (1907). The psychology of Dementia Praecox. In Psychogenesis of


mental disease. Volume 3 of the collected works of CG Jung. Bollingen Series.
Pantheon.

Jung, C. G. (1914). The content of psychoses. In Psychogenesis of mental disease.


Volume 3 of the collected works of CG Jung. Bollingen Series. Pantheon.

Minkowski, E. (2000). La Esquizofrenia. Psicopatologia de los esquizóides y los


esquizofrénicos. Fondo de Cultura Económica.

Schneider, K. (1963). Patopsicologia Clinica. Editorial Paz Montalvo.

Sobral Cid, J. M. (2011). A vida psíquica dos esquizofrénicos. Clássicos da


Psiquiatria. Ulmeiro.

52
TITLE

Seven attempts to bring down the wall of schizophrenia: On Bleuler autism

ABSTRACT

The work of Swiss psychopathologist Eugen Bleuler, who was a contemporary of Freud,
integrates organic and psychodynamic aspects, in the field of the psychopathology of
schizophrenia. This constitutes a model of qualitative research much more akin to the
clinic than the current dominant quantitative approaches which reduce and confine the
analysis of these patients to psychometric scales. Without a comprehensive and integrated
understanding of the factors determining the genesis and the persistence of ‘the group of
schizophrenias’ – schizophrenia being a term coined by Bleuler, along with the very term
autism – it will be very hard to bring the patient back to the society from which he himself
or she herself withdrew, recovering the interface between different forms of knowledge,
beyond reductionism and overspecialization.

Key Words: Bleuler; Schizophrenia; Autism; Qualitative research.

53
INSTRUÇÕES AOS
AUTORES

ÂMBITO EDITORIAL

A «Revista Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica» publica


artigos originais do campo disciplinar, científico e praxiológico (clínica
e aplicação) da Psicanálise e da Psicoterapia Psicanalítica e textos que
exprimam a rica diversidade de interfaces entre estes domínios e os outros
ramos da cultura, da ciência e da arte.

POLITICA EDITORIAL

A AP está empenhada em assegurar a ética na publicação e qualidade dos


artigos. Como tal, é esperado que todas as partes envolvidas – autores,
editores, revisores e editora – sigam os padrões de comportamento ético
definidos internacionalmente.

Os autores devem garantir que o seu trabalho é inteiramente original e,


se utilizados trabalhos ou excertos de outros trabalhos já publicados, esse
facto deverá ser declarado. A prática de plágio, em qualquer das suas formas,
constitui um comportamento anti-ético de publicação e é inaceitável. O

141
autor correspondente deve garantir que existe um consenso pleno de todos
os co-autores na aprovação da versão final do documento e na sua submissão
para publicação.

Os editores comprometem-se a avaliar os manuscritos exclusivamente com


base na sua mais-valia académica e científica. Um editor não deve usar
informações não publicadas nos seus próprios trabalhos, sem o expresso
consentimento por escrito do autor.

Os revisores comprometem-se a tratar quaisquer trabalhos recebidos para


avaliação como documentos confidenciais. Informação privilegiada ou
ideias obtidas através de revisão por pares devem ser mantidas em sigilo e
não devem ser utilizadas para proveito pessoal. Os comentários ou correções
serão conduzidos de forma objetiva e as observações formuladas serão claras
e devidamente argumentadas, para que os autores possam usá-los para
melhorar o artigo.

Regemo-nos por um sistema de arbitragem anónima por avaliadores externos


(referees), através de um procedimento de Double Blind (duplamente cego):
neste processo os intervenientes (autores, revisores e gestores de artigo) são
tornados anónimos. O artigo é enviado para dois (ou mais) Pares Revisores,
que o examinam e arbitram sobre a sua qualidade. O editor enviará ao
autor informação sobre a eventual aceitação para publicação; reformulação
e submissão para nova avaliação por pares; ou não aceitação. No caso de
reformulação, os autores receberão os pareceres e recomendações dos Pares
Revisores e deverão proceder às alterações recomendadas.

Os autores autorizam a AP a guardar a informação relacionada com o artigo


(textos e dados de identificação dos autores). Estes dados podem ser apagados
mediante solicitação do autor(es) por email enviado à revista.

NORMAS DE PUBLICAÇÃO

– Todos os artigos apresentados à Revista Portuguesa de Psicanálise e


Psicoterapia Psicanalítica deverão ter um Título, um Resumo, a descrição

142
dos Autores, um corpo de texto e Referências Bibliográficas. O artigo terá
que ter Título e Resumo em português e em inglês.

– Os resumos deverão ter entre 150 e 200 palavras e deverão ser seguidos de
quatro a seis palavras-chave.

– Os autores (num máximo de seis), devem ser identificados com o nome,


instituição(s) onde exercem, funções e os contactos (morada, e-mail e
telefone).

– Os artigos não deverão ultrapassar as 15 páginas (salvo algumas exceções),


já incluindo referências, notas, tabelas, e figuras. Os últimos três elementos
deverão ser evitados, exceto quando forem indispensáveis para a compreensão
do texto.

– Só são aceites notas de rodapé na primeira página do artigo relativas ao


título e à identificação do autor.

– Todas as outras notas, devem ser apresentadas apenas quando forem conside-
radas essenciais.

– As fotografias, figuras, esquemas e gráficos devem ter um título e ser


enumeradas por ordem de inclusão no texto.

ORGANIZAÇÃO FORMAL DOS ARTIGOS

Primeira página

1. O título do artigo, que deverá ser conciso;

2. O nome do autor ou autores (devem usar-se apenas dois


ou três nomes por autor);

3. O grau, título ou títulos profissionais e/ou académicos


do autor ou autores;

4. O serviço, departamento ou instituição onde trabalha(m).

143
Segunda página

1. O nome, telefone, endereço de correio eletrónico e


endereço postal do autor responsável pela correspondência
com a revista acerca do artigo;

2. O nome, endereço de correio eletrónico e endereço pos-


tal do autor a quem deve ser dirigida a correspondência
sobre o artigo após a sua publicação na revista.

Terceira página

1. Título do artigo nas línguas necessárias (Português/


Inglês);

2. Resumo do artigo nas línguas necessárias;

3. Quatro a seis palavras-chave nas línguas necessárias;

Páginas seguintes

As páginas seguintes incluirão o texto do artigo, devendo cada uma das


secções em que este se subdivida começar no início de uma página.

TRATAMENTO EDITORIAL

Os textos recebidos são submetidos a um processo de validação administrativa.


Os textos que estejam de acordo com as normas são identificados por um
número. Será considerada como data de receção do artigo o último dia de
receção da versão eletrónica do artigo e dos anexos necessários. Os artigos
aceites serão distribuídos a um editor responsável, que fará uma apreciação
sumária e apresentará o artigo em reunião dos Co-Editores.

Os artigos que estejam de acordo com as normas e que se enquadrem na


missão da revista entrarão num processo de revisão por pares. Aos revisores
será pedida a apreciação crítica de artigos submetidos para publicação.

144
Essa avaliação incluirá as seguintes áreas: atualidade, fiabilidade científica,
importância clínica e interesse para publicação do texto. De forma a garantir
a isenção e imparcialidade na avaliação, os artigos serão enviados aos revisores
sem a identificação dos respetivos autores e cada artigo será apreciado por
dois. Caso exista divergência de apreciação entre revisores, os editores
poderão convidar um terceiro revisor. A decisão final sobre a publicação
será tomada pelo editor chefe com base nos pareceres dos revisores. As
diferentes apreciações dos revisores serão integradas pelo editor responsável
e comunicadas aos autores. Os autores não terão conhecimento da identidade
ou afiliação dos revisores ou do editor responsável.

A decisão relativa à publicação pode ser no sentido da recusa, da publicação


sem alterações ou da publicação após modificações. Neste último grupo, os
artigos, após a realização das modificações propostas, serão reapreciados pelos
revisores originais do artigo. Desta reapreciação resultará uma apreciação
final por parte do editor responsável e a decisão de recusa ou de publicação,
da qual os autores serão informados.

REGRAS DE CITAÇÃO E DE REFERENCIAÇÃO

As regras de citação e de referenciação devem ser elaboradas de acordo com


as normas sugeridas pela A.P.A. (American Psicological Association).

CORRESPONDÊNCIA EDITORIAL E SUBMISSÃO DE TEXTOS

Revista de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica “Se..., Não...”

Largo do Andaluz, n. 15, 2-Esq

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Tel.: 913 906 073 * [email protected]

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Órgão oficial da Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica (AP)

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