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20 A Perspectiva Multicultural No Projeto Politico - Pedagogico

O documento discute a importância do multiculturalismo na educação, destacando a necessidade de reconhecer e intervir nas relações de poder entre diferentes culturas. A autora enfatiza que a escola deve se reestruturar para incorporar a diversidade cultural em seus currículos e práticas pedagógicas, promovendo um ambiente inclusivo e coletivo. Além disso, aborda os desafios enfrentados na implementação de uma abordagem multicultural, como a resistência a mudanças e a necessidade de uma nova epistemologia educacional.

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O documento discute a importância do multiculturalismo na educação, destacando a necessidade de reconhecer e intervir nas relações de poder entre diferentes culturas. A autora enfatiza que a escola deve se reestruturar para incorporar a diversidade cultural em seus currículos e práticas pedagógicas, promovendo um ambiente inclusivo e coletivo. Além disso, aborda os desafios enfrentados na implementação de uma abordagem multicultural, como a resistência a mudanças e a necessidade de uma nova epistemologia educacional.

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A perspectiva multicultural no projeto

politico - pedagógico -
Lúcia Maria Gonçalves de Resende
Anotações
Lúcia Maria Gonçalves de Resende – Docente da Universidade de Brasilia –
faculdade de educação; assessora de educação da UNESCO; doutoranda da UNESP
Multiculturalismo  realidade cultural, com a presença de diferentes grupos
culturais numa mesma sociedade
Interculturalismo  ação deliberada de intervenção entre as diferentes culturas
Posição da autora  multiculturalismo na imbricação dos dois significados, quais
sejam, no reconhecimento da diversidade e no caráter intervencionista das ações ,
desvelando o cotidiano das pessoas, que é identificado como natural e comum a todos,
embora não o seja, permeado que é pelas disputas de relações de poder construídas
socialmente de forma desigual.
Abordar o caráter multicultural como transversalidade de um fazer e um pensar
no mundo requer a compreensão de um restropecto histórico ou pelo menos de fatos
que, se não justificam , explicam a faceta relativa à dificuldade comumente encontrada
em adotar uma postura multicultural nos mais diferentes campos de atuação e entre
eles, naquele que diz respeito, a educação.
A pertinência das reflexões sobre o multiculturalismo
A escola, ao longo de sua história, tem evidenciado uma monocultura que se
expressa pela intransigência e pela impermeabilidade em relação tanto às realidades
diversas como ao multifacetado mundo das crianças e dos adolescentes.
Segundo SACRISTAN “a cultura dominante nas salas de aula é a que corresponde à
visão de determinados grupos sociais: nos conteúdos escolares e nos textos aparecem
poucas vezes a cultura popular, as subculturas dos jovens.
Nas malhas construídas nas relações de poder, essas diferenças acabam se
transformando e travestindo de forma a se constituírem em um bloco justificador de
discriminações. Conceitos de normalidade e anormalidade, do que é comum e diferente se
misturam enquanto os estereótipos “desejáveis”adquirem uma supremacia quase absoluta.
A problemática apresentada nos coloca frente a frente com uma necessidade muito
concreta, a do multiculturalismo. Atualmente, fortalece-se o movimento no sentido de
melhor compreender o chamado hibridismo cultural em que, por exemplo, está imerso
o povo brasileiro. Poderíamos dizer que o grau de conscientização a respeito ainda é
embrionário, mas que já não é mais possível negar que a necessidade de resgate das
várias verdades culturais adquire uma forte concretude.
A globalização da educação, assim como da economia, se, por um lado, oportuniza
a imersão em contextos diferentes, pode provocar, por outro, a descaracterização do
regionalizado e, mais particularmente, da identidade local.
A realidade de um mundo multicultural é hoje, uma das verdades mais latentes e
uma questão que necessita ser captada, e administrada pelas relações sociais das mais
diversas instituições, dentre elas as educacionais.
Os espaços educativos nada multiculturais
A fragilidade da escola no trato com o multiculturalismo representa a própria
fragilidade da relação entre educação e sociedade.
As diferenças devem ser analisadas como produto da história, da ideologia e das
relações de poder e constituem-se em fato incontestável.
Candau (1997) explicita que a desestabilização, a relativização e a própria
contestação são ingredientes necessários no encontro entre culturas e, ao defender a
transparência e autenticidade cultural via currículo, considera :
• A colocação da cultura como foco central dos currículos, desenvolvendo nos
processos de aprendizagem o estudo das diferenças historicamente delineadas
• A sustentação da linguagem como eixo central, buscando sua identidade social
• A busca da articulação entre currículos e experiências vivenciadas pelos alunos;
Prof. Pimentel 95 Bibliografia
• A consideração da estruturação da vida em comunidade e as diferentes definições Anotações
do “eu”
• A concepção da história como sequência de rupturas e deslocamentos;
• A ampliação da concepção de pedagogia, compreendendo-a como modo de
produção cultural.

Com essas reflexões, fica claro que a escola e sua gestão se vêem diante da
necessidade de reestruturar-se e ressignificar os princípios do que sejam os processos
do ensinar e do aprender na entrada do terceiro milênio.
A própria figura do professor, estereotipada ao longo de sua história, está a exigir
uma revisão, bem como seu papel, que, longe de buscar suas bases na homogeneidade,
funda-se na diversidade como construção social
O projeto politico-pedagógico como indicador de diversidades
Como pensar e atuar na escola pública de que se espera a construção coletiva
de um projeto que traduza seus rumos e seus princípios? Primeiramente a escola
contemporânea deve priorizar a competência para a autonomia de decisão, para a
criatividade, para a responsabilidade coletiva e, principalmente, para o exercício do
aprendizado do espaço coletivo. Cuja diversidade e cujo multiculturalismo constituem-
se em componentes inerentes.
Os desafios da ruptura
Rompimento com modelos liberais conservadores, que desconsideram a
competição desigual.
A ideia do fazer coletivizado e inclusivo é conhecida e aceita pelos profissionais
da educação, mas a dificuldade de viabilização pode ter seu embrião na rapidez e na
intensidade com que temos convivido com rupturas de explicações que, por vezes,
estavam cristalizadas e bem instaladas.
Podemos trazer como referência a figura do professor que se vê imerso em confusões
a respeito de propostas pedagógicas ditas progressistas. É possível ouvir e observar
docentes “convictos” de que desenvolvem uma proposta didática construtivista, até
porque esta é a tônica atual nas escolas, até organizando ações em suas salas de aula
dentro dessa proposta. No entanto, como sua concepção epistemólogica não mudou
e acultura da não – diversidade está amparando seus conceitos, o resultado das ações
sempre se identifica via reprodução e homogeneização.
Diante dessas circunstâncias, como reverter posturas ou instalar outra referência
epistemológica interagindo multiculturalmente?
Num primeiro momento é necessário que a leitura das ambiguidades seja feita.
Criar espaços para confrontos entre o pensar e o agir, identificar diferenças, revisar
e revisistar princípios, teorias, categorias e conceitos é prioritário e antecedente. É
preciso, ainda, admitir rupturas e produzir superações que incluam o exercício da
transcendência do discurso. É necessário que uma outra postura diante da realidade
concreta seja processada.
A possibilidade concreta da construção coletiva do projeto politico-pedagógico
da escola nos aparece não como uma fórmula milagrosa, mas como proposta
desencadeadora para uma real superação de um projeto hegemônico, que pressupõe
uma concepção de mundo e relações sociais reducionistas e empobrecidas.
Algumas dificuldades nos procedimentos multiculturais
O grande desafio : a incorporação do multiculturalismo ao currículo, de forma que
sua transversalidade possa perpassar os conteúdos tratados no cotidiano do processo
de aprendizagem.
Nós educadores, devemos estar atentos, abertos a críticas e conscientes de que
contradições deverão estar presentes na construção de um projeto que se pretenda
multidisciplinar
Vivemos o momento não apenas das intensas dificuldades em entender e
denunciar as raízes dos processos discriminatórios, como, também da necessidade da
construção de ações coletivas que as combatam.
O mais esperado é que as relações sociais se tensionem e os conflitos apareçam.
Vale mais a pena viver senão pelo próprio desafio por uma vida mais digna, de inclusão,
em que cada vez mais se construa pelo coletivo, porque o individual ficou fortalecido?
Prof. Pimentel 96 Bibliografia

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