PONTUAÇÃO
Existe a língua escrita e a língua falada. A pontuação pertence ao universo da língua
escrita apenas. Logo, a pontuação não marca pausas e respirações, porque não
haveria lógica, uma vez que cada um respira de uma forma. A respiração é da língua
falada e não da língua escrita. Na verdade, o texto é pontuado para que se possa
respirar e não a respiração que comanda a pontuação do texto. A língua escrita tem
suas justificativas para receber as pontuações. Quando se analisa a pontuação, o
texto já está pronto. Por isso, o que se faz em questões é analisar se a pontuação está
correta e o que ela significa. Para fazer essa análise, é preciso revisitar diversos
conhecimentos sintáticos. Por outro lado, quando se pontua um texto, não há essa
perspectiva analítica, porque o tempo para uma prova escrita é curto. No entanto, ao
conseguir fazer as análises em outros textos e em questões, é possível fazer a
assimilação das regras e da lógica da pontuação, conseguindo melhorar o seu
desempenho para a escrita.
1. VÍRGULA
A vírgula indica pausa de pequena duração.
Atenção: não pode separar sujeito do verbo e verbo do complemento (sujeito + verbo +
complemento).
(TRT-AJ/adaptado) Há erro no emprego da vírgula na frase:
a) Deixe-me, senhora.
b) Dallas, 9 de julho de 1994.
c) Aliás, isto é conhecido de todos.
d) Espero, que ele venha.
e) O alferes continuava a dominar em mim, embora a vida fosse menos intensa, e a
consciência mais débil.
Caso 1: A vírgula separa o aposto e o vocativo.
Aposto: Pedro, o gerente do banco, ligou e deixou um recado.
Vocativo: Muito bom dia, senhora!
Caso 2: A vírgula separa as enumerações (= termos de mesma função) e certas repetições.
Enumerações (= termos de mesma função): O Brasil é o centro de origem do abacaxi, do açaí,
do amendoim, do cacau, da castanha, do cupuaçu e do maracujá.
As enumerações têm a função de adjuntos adnominais do substantivo origem.
Termos repetidos: A garotada nadou, nadou, nadou e veio morrer na praia da ingratidão
nacional.
Caso 3: Uso da vírgula antes do “etc”.
O uso é facultativo, mas o uso do ponto final após etc. é obrigatório.
Caso 4: A vírgula marca a omissão da palavra; é o que chamamos de elipse.
Ex: Os jovens buscam a felicidade na novidade; os velhos, nos hábitos.
Caso 5: Separam termos explicativos (por exemplo, isto é, ou melhor...), retificativos (isto é, ou
melhor...), de situação (afinal, então...)
Ex: Sua redação, por exemplo, tem várias frases longas que prejudicam a clareza.
Caso 6: A vírgula é utilizada para separar as orações coordenadas (sindéticas ou assindéticas)
Ex: Arrumou as malas, saiu, lançou-se na vida.
Gostava da sociedade, mas não amava os sócios.
Caso 7: A vírgula separa termos deslocados e orações intercaladas.
Ordem direta das orações: sujeito + verbo + complemento + adjetivo/advérbio.
Exemplos de orações intercaladas:
Surpreso, o garoto procura o lugar de onde vem o comando.
Nos tempos atuais, não existe país primeiro mundo.
Caso 8: A vírgula separa as orações adjetivas explicativas
João, que é um grande homem, ajuda a todos.
2. PONTO E VÍRGULA
O ponto e vírgula é uma pausa mais longa que a vírgula e menor que o ponto.
Basicamente, pode ser usado em duas situações:
Situação 1: separa orações coordenadas.
Ex: Esforçou-se bastante; não obteve, entretanto, o reconhecimento merecido.
Situação 2: Separa os itens de leis, acordos, regulamentos.
Ex: Art 1º O núcleo...abrangerá as seguintes matérias:
a) comunicação e expressão;
b) estudos sociais;
c) ciências.
Resolução nº...art.da Lei...
3. DOIS PONTOS
Basicamente, pode ser usado em duas situações. Pode dar início a fala ou citação de
outrem ou introduzir uma explicação, enumeração, esclarecimento:
Situação 1: Pode dar início a fala ou citação de outrem.
Ex: “O professor disse: - Eu sou a razão.”
Situação 2: introduzir uma explicação, enumeração, esclarecimento.
Ex: “Encontrei um motivo para não encontrá-lo: uma viagem de última hora.
4. ASPAS
São usadas em 4 situações.
Caso 1: isola uma citação
Ex: Algum sábio já afirmou: “Agir na paixão é embarcar durante a tempestade.”
Caso 2: isolam estrangeirismos, arcaísmos, neologismos, gírias.
Ex: Estamos no “hall” do hotel.
Caso 3: dar destaque a uma palavra ou expressão.
Ex: Diga-me “como” direi isso a ela.
Caso 4: mostrar uma palavra com sentido irônico ou uma palavra em sentido diverso
do usual.
Ex: Você foi “brilhante” ao dizer aquela asneira.
5. TRAVESSÕES
O travessão é empregado para marcar a mudança do interlocutor nos diálogos e para
dar destaque ou ênfase a determinados termos.
Ex:
Mudança do interlocutor:
Apontou para Luísa e disse: - Conheces aquele ali?
Dar destaque ou ênfase a determinados termos:
Machado de Assis – grande romancista brasileiro – também escreveu contos.
6. PARÊNTESES
São geralmente usados para isolar termos acessórios.
“Bem sei que só matarei alguém (que Deus me livre e guarde) se for obrigado.”
7. RETICÊNCIAS
Usam-se:
a) Para indicar supressão de um trecho nas citações:
“...a generosidade de quem no-la doou.” (Rui Barbosa)
“Saí, afastando-me dos grupos...” (Machado de Assis)
b) Para indicar interrupção na frase:
Ela estava...Não, não posso dizer isso.
A vida...Sei lá...Não sei o que dizer sobre a vida.
c) Para indicar hesitação:
Acho que eram...12h...não sei ao certo, disse Jocasta.
Quero uns dez... ou doze pães.
d) Para deixar algo subentendido no final da frase:
Deixa o seu coração dizer a verdade...
Ela sabe que eu quero...