Materiais Elétricos - Capítulo2
Materiais Elétricos - Capítulo2
Materiais Elétricos
Washington Neves
Julho, 2002
Capítulo 2
Estrutura da Matéria
2.1 Introdução
Talvez a informação mais importante que se conhece a respeito dos materiais é que todas
as substâncias são constituídas de átomos. As propriedades das substâncias estão intimamente
relacionadas com a estrutura atômica de cada material. Isto foi reconhecido por Mendeleyev
no final do século XIX quando realizou um trabalho meticuloso que resultou numa proposta
de agrupamento de elementos químicos em uma tabela periódica de elementos. Mendeleyev
ordenou cerca de 60 elementos conhecidos na época, verificou que elementos diferentes
podem apresentar propriedades químicas semelhantes e concluiu que muitas propriedades
físicas e químicas dos elementos variam periodicamente na sequência de suas massas
atômicas (Lei de Periodicidade de Mendeleyev).
Em 1913, com a introdução do conceito de número atômico por Henry G. J. Moseley, se
verificou que a classificação periódica seria mais satisfatória se, na tabela periódica, os
elementos químicos estivessem dispostos na ordem crescente de seus números atômicos.
Assim, muitas propriedades físicas e químicas dos elementos variam periodicamente na
sequência de seus números atômicos (Lei de Periodicidade de Moseley).
O desenvolvimento da ciência tem se baseado muito na identificação de padrões. Por
exemplo, é interessante notar que somente o ferro, o níquel e o cobalto apresentam a
propriedade conhecida como ferromagnetismo (Gadolínio foi o quarto material
ferromagnético descoberto depois). Os cristais apresentam periodicidade no seu reticulado.
Como isto pode ser explicado? Por que os metais são duros enquanto as rochas apresentam
estrutura quebradiça? Por que os metais conduzem eletricidade e os materiais isolantes não?
Todas essas perguntas estão intimamente relacionadas com as propriedades dos átomos e de
agregados de átomos. Uma teoria satisfatória do átomo deve explicar esses fenômenos. O
entendimento do átomo deve ser seguido do entendimento de como os átomos interagem na
formação de moléculas e compostos químicos, o que constitui os fundamentos das
propriedades dos materiais.
Nas seções que se seguem, procura-se apresentar de maneira simples as teorias que
conduzem a um entendimento das propriedades dos materiais.
19
de alta intensidade libera mais fotoelétrons que um raio de baixa intensidade de mesma
frequência, mas em média a energia do elétron é a mesma. Também não era esperado que a
energia dos fotoelétrons fosse dependente da frequência. A dependência da corrente com a
tensão do anodo, mantendo-se a intensidade de luz que incide no catodo e variando-se a
frequência é mostrada na Figura 2.3. Para um limiar de frequência abaixo de um valor crítico
para um metal em particular, não há emissão fotoelétrica.
luz
Elétrons
catodo anodo
nA
V
- +
I I
Alta intensidade
luminosa
baixa intensidade
luminosa
f1 > f2 > f3
f1 f2 f3
20
catodo é mostrado na Figura 2.4 para vários metais. A relação entre a energia máxima e a
frequência envolve uma proporcionalidade que pode ser expressa na forma:
EC = hf − hf 0 , (2.1)
em que h é a inclinação da reta e é independente do tipo de metal dos eletrodos. f0 depende do
material do catodo. A constante universal h é conhecida como constante de Planck e
h=6.626x10-34 J.s.
EC
Metal 1 Metal 2
f02 f02
f
O efeito fotoelétrico já havia sido observado por Heinrich Hertz o final do século passado
mas Einstein foi quem primeiro forneceu uma explicação convincente fenômeno em 1905 e
por isso recebeu o prêmio Nobel de Física. Ele se baseou na hipótese de Planck chamada de
teoria quântica em que:
• A menor quantidade de energia que pode ser transferida em um processo físico é chamada
de um quantum.Em particular a luz é uma forma de energia e um quantum de luz é
chamado de um fóton.
• A energia E de um fóton é proporcional a freqüência
c
E = hf = h
λ
em que c é a velocidade da luz no vácuo e λ o comprimento de onda da luz emitida.
Einstein explicou que os elétrons não saem do catodo espontaneamente. Existe uma barreira
de energia que precisa ser transposta. A quantidade mínima de energia que o elétron precisa
para ultrapassar essa barreira é conhecida como função trabalho W do metal e, de acordo com
a equação 2.1, corresponde a
W = hf 0 .
O efeito fotoelétrico é utilizado em diversas aplicações práticas em dispositivos para portas
automáticas, alarme anti-furto, detetores de luz, etc.
21
Exercicio
O Sódio é iluminado com luz de comprimento de onda de 300nm. A função trabalho do
sódio é 2.46 eV. Encontre a energia cinética dos elétrons ejetados. Qual a frequência mínima
necessária para se arrancar um elétron do sódio?
Elétron após
o choque
f
f’’
Fóton desviado
22
coulombiana agindo no sentido do núcleo e uma força centrífuga dada por mv2/r como
mostradas na Figura 2.6.
-e
mv2/r
F
+e
A órbita do elétron estará numa posição estável quando essas duas forças forem iguais.
Assim, para o átomo de hidrogênio,
e2 mv 2
= .
4π ε 0 r 2 r
Porém o modelo de Rutherford apresenta uma falha grave. De acordo com a teoria
eletromagnética, cargas aceleradas irradiam energia na forma de ondas eletromagnéticas.
Portanto os elétrons perderiam energia no processo giratório. A energia cinética de um elétron
em sua órbita é proporcional ao quadrado da velocidade e, se ele perde energia, sua
velocidade diminui. A força centrífuga também diminui não compensando mais a força de
atração eletrostática entre o núcleo e o elétron fazendo com que o elétron se aproxime do
núcleo do átomo numa trajetoria em forma de espiral, conforme ilustra a Figura 2.7.
-e
mv2/r
23
convergissem para um prisma como mostrados na Figura 2.8a. Uma série de linhas espectrais
foram encontradas na chapa fotográfica como mostradas na Figura 2.8b.
Chapa fotográfica
H2
(a)
(b)
Bohr considerou uma teoria proposta por Max Planck em 1900, segundo a qual a energia
não é emitida de forma contínua, mas em blocos denominados quantum e fêz as ponderações:
• os elétrons se movem em um número de órbitas estacionárias bem definidas;
• dentro da mesma órbita, os elétrons nem emitem nem absorvem energia;
• ao saltar de uma órbita para outra, o elétron absorve ou emite um quantum de energia.
Assim, o modelo de Rutherford foi corrigido adicionando-se as ponderações de Bohr e
dado o nome de Modelo Atômico de Rutherford-Bohr. No entanto, com o surgimento da
mecânica ondulatória, estudos mais aprofundados levaram a concluir que é mais adequado
admitir que os elétrons consistem de uma distribuição contínua de cargas. A forma da
distribuição contínua é determinada pelo estado de movimento do elétron. Na seção seguinte,
apresenta-se alguns conceitos básicos da mecânica ondulatória.
24
como partículas. Resultados experimentais sugerem que elétrons, que normalmente são
tratados como partículas, podem se comportar como ondas. A luz, que é uma onda
eletromagnética, algumas vezes se comporta como se seus raios fossem um feixe de
partículas.
Façamos uma breve abordagem de duas idéias básicas da física moderna:
• a hipótese quântica de Planck;
• a relação de Einstein para a equivalência massa-energia.
De acordo com a hipótese quântica:
• a energia E de um fóton é proporcional a frequência f da luz emitida, ou
E=hf . (2.2)
Einstein demonstrou que a energia de uma partícula pode ser expressa por
E= mc2 , (2.3)
Onde c é a velocidade da luz. De (2.2) e (2.3) tem-se:
E= mc2 =hf
ou:
mc=hf/c. (2.4)
Para uma onda de frequência f e comprimento de onda λ, a velocidade c é dada pela
multiplicação do número de ciclos que passam um dado ponto em um segundo pelo
comprimento de cada ciclo, ou seja:
fλ=c.
Substituindo a equação acima em (2.3), tem-se:
h
mc = . (2.5)
λ
A equação (2.5) expressa uma idéia profunda de forma simples; ela dá uma relação
qualitativa entre massa - que é uma propriedade de partículas - e comprimento de onda - que é
uma propriedade de ondas. Esta relação aplica-se a um quantum de energia eletromagnética,
que previamente foi definida como fóton. Portanto, pode-se dizer que o fóton tem tanto massa
como comprimento de onda e pode-se descrevê-lo como uma partícula de energia
eletromagnética. O lado esquerdo de (2.5) é o produto da massa pela velocidade do fóton, que
é sua quantidade de movimento (momento) p,
p=mc.
Então de (2.5),
h
p= . (2.6)
λ
A equação (2.5) foi sugerida por De Broglie para representar dualidade onda-partícula. Ela
pode ser aplicada também aos elétrons. Um elétron pode ser interpretado como uma entidade
a qual se associa tanto massa como comprimento de onda de forma similar a (2.5)
h
mv = , (2.7)
λ
onde v é a velocidade do elétron.
Bohr ampliou estas idéias a fim de explicar algumas propriedades do hidrogênio. Ele admitiu
que o átomo de hidrogênio seria composto pelo núcleo e, em redor deste, um elétron circularia
em qualquer órbita de um número infinito de órbitas. Admita que essas órbitas sejam
circulares a fim de simplificar o tratamento matemático (Figura 2.9).
25
-e
r
+e
Se o elétron for tratado como uma onda e se desloca numa órbita de raio r, então espera-
se que o raio e o comprimento de onda estejam relacionados,
nλ=2πr n=1,2,3,... (2.8)
Ou seja, um número inteiro n de comprimentos de onda devem existir na circunferência.
Um elétron só pode se deslocar em órbitas cujos raios satisfaçam (2.8). Se isto não
acontecesse, a onda tenderia a se cancelar e a energia seria dissipada depois de um número
suficiente de voltas.
De (2.7) e (2.8),
nh
= 2πr . (2.9)
mv
Para achar a velocidade v, usa-se o fato que a força centrípeta Fc no elétron é igual a força de
atração eletrostática Fe, de acordo com a lei de Coulomb. Assim,
mv 2
Fc = (2.10)
r
e
e2
Fe = . (2.11)
4πε 0 r 2
De (2.10) e (2.11),
e
v= , (2.12)
4πε 0 mr
e de (2.12) em (2.9):
nh 2πre
= , (2.13)
m 4πε 0 mr
de onde
n2h2ε 0
r= .
πme 2
Note que o raio da órbita é uma função de n. O inteiro n que especifica o tamanho da órbita é
chamado de número quântico principal. É conveniente escrever a equação acima na forma
n2h2ε 0
rn = , n = 1,2 ,3,... (2.14)
πme 2
Pode-se usar o resultado acima para se calcular os valores permitidos para a energia total que
o elétron pode ter. Em cada órbita, a energia total é a soma da energia cinética Ec com a
energia potencial Ep:
26
E = Ec + E p ,
1
onde Ec = mv 2
2
e2
e E p = eV = − .
4πε 0 r
Assim,
1 2 e2
E= mv − . (2.15)
2 4πε 0 r
Substituindo (2.12) em (2.15), tem-se
e2 e2 e2
E= − =− . (2.16)
8πε 0 r 4πε 0 r 8πε 0 r
De (2.14) em (2.16) pode-se escrever
me 4
En = − , n = 1,2,3,... (2.17)
8ε 20 h 2 n 2
As energias En dadas pela equação acima são chamadas de níveis de energia do elétron do
átomo de hidrogênio. En aproxima-se de zero para n muito grande e o nível n→∞ é tomado
como referência zero. Substituindo os valores das constantes em (2.17), pode-se mostrar que
para o átomo de hidrogênio,
13,6
E n ≅ − 2 , eV n = 1,2,3,... (2.18)
n
Para o nível fundamental n=1, E 1 ≅ −13,6 eV e a equação acima pode ser reescrita como
E
E n ≅ 21 , eV n = 1,2,3,... (2.19)
n
A Figura 2.10 mostra os níveis de energia para o átomo de hidrogênio. Os níveis
correspondentes a n>5 não estão indicados.
n=∞
n=5 -0,5 eV
n=4 -0,9 eV
n=3 -1,5 eV
n=2 -3,4 eV
n=1 -13,6 eV
Lyman Balmer
27
frequência emitido pela transição de um nível qualquer para o nível n=2 é conhecido como
espectro de Balmer ou série de Balmer.
Entre duas órbitas quaisquer, a transição de um elétron de um nível energético inicial Ei
para um nível energético final Ef é dado pela equação (2.1) posta na forma:
Ei - Ef =hf . (2.20)
De (2.19) em (2.20),
1 1
Ei − E f = hf = − E1 2 − 2 (2.21)
nf ni
ou
hc 1 1
hf = = − E1 2 − 2 ,
λ nf ni
ou ainda
1 E1 1 1
=− 2 − 2 .
λ ch n f ni
Em geral, pode-se escrever:
1 1 1
= R 2 − 2 (2.22)
λ nf ni
E1
onde R = − = 1.097 × 107 m−1 é a constante de Rydberg.
ch
Para diversas séries, pode-se escrever:
1 1
Lyman nf=1, = R 1 − 2 n = 2,3,4,..
λ ni
1 1 1
Balmer nf=2 = R 2 − 2 n = 3,4,5,...
λ 2 ni
1 1 1
Paschen nf=3 = R 2 − 2 n = 4,5,6,...
λ 3 ni
1 1 1
Bracket nf=4 = R 2 − 2 n = 5,6,7,...
λ 4 ni
1 1 1
Pfund nf=5 = R 2 − 2 n = 6,7,8,...
λ 4 ni
28
a imaginar que algumas das órbitas, camadas ou níveis (K,L,M,N,O,P,Q) do átomo de
Rutherford-Bohr seriam formadas por subcamadas ou subníveis. Erwing Schrödinger, em
1926, partindo da idéia da existência de outros subníveis energéticos e devido a dificuldade de
se calcular a posição exata de um elétron na eletrosfera, foi levado a calcular a região onde
haveria maior probabilidade de encontrar o elétron. Essa região do espaço foi denominada
orbital. Foram introduzidos os subníveis s (sharp), p (principal), d (diffuse) e f (fine), g, h, etc.
O número máximo de orbitais e elétrons em cada subnível são:
• subnível s - 1 orbital, 2 elétrons;
• subnível p - 3 orbitais, 6 elétrons;
• subnível d - 5 orbitais, 10 elétrons;
• subnível f - 7 orbitais, 14 elétrons; etc.
Em 1924, os experimentos de Otto Stern e Walter Gerlach levaram a suposição de que o
elétron além do seu movimento de translação ao redor do núcleo, também possui movimento
de rotação sobre si próprio, que foi denominado spin (do inglês to spin, “girar”). Com essa
rotação o elétron cria o seu próprio campo magnético.
A distribuição dos elétrons no átomo de um determinado elemento químico é feita da
seguinte forma:
a) os elétrons vão se encaixando na eletrosfera, partindo dos níveis e subníveis de
menor energia para os de maior energia; só se passa para um subnível superior
quando o inferior já estiver lotado (regra da energia mínima);
b) num mesmo subnível, de início, todos os orbitais devem receber o seu primeiro
elétron e, só depois, cada orbital passará a receber o seu segundo elétron (regra de
Hund);
c) de acordo com o princípio de exclusão de Pauli, dois elétrons não podem ocupar o
mesmo nível energético, a menos que tenham spins contrários. O primeiro elétron
de um orbital é, por convenção, o de spin -1/2 ↑.
29
1s
2s 2p
3s 3d
4s 4f
5s 5d
6s 6p
7s
1s
2s 2p
3s 3p 3d
4s 4p 4d 4f
5s 5p 5d
6s 6p
7s
30
A soma dos expoentes é 26. Note que o subnível 3d está incompleto e tem apenas 6 elétrons
assim distribuídos:
↑↓ ↑ ↑ ↑ ↑
Note que no primeiro orbital, há dois elétrons juntos com campos magnéticos opostos se
cancelando. Já os 4 elétrons dos demais orbitais 3d produzem campos magnéticos que se
somam, o que dá ao ferro propriedades magnéticas. O ferro é o elemento químico que possui
magnetismo mais intenso.
A distribuição eletrônica do átomo de ferro por camadas é:
camada 1 (camada K) - 2 elétrons;
camada 2 (camada L) - 8 elétrons;
camada 3 (camada M) - 14 elétrons;
camada 4 (camada N) - 2 elétrons.
31
Tabela 2.1 – Configuração eletrônica de elementos
Número K L M N O
Atômico (Z) Elemento n=1 n=2 n=3 n=4 n=5
1s 2s 2p 3s 3p 3d 4s 4p 4d 4f 5s 5p 5d 5f
1 H 1
2 He 2
3 Li 2 1
4 Be 2 2
5 B 2 2 1
6 C 2 2 2
7 N 2 2 3
8 O 2 2 4
9 F 2 2 5
10 Ne 2 2 6
11 Na 2 2 6 1
12 Mg 2 2 6 2
13 Al 2 2 6 2 1
14 Si 2 2 6 2 2
15 P 2 2 6 2 3
16 S 2 2 6 2 4
17 Cl 2 2 6 2 5
18 A 2 2 6 2 6
19 K 2 2 6 2 6 1
20 Ca 2 2 6 2 6 2
21 Sc 2 2 6 2 6 1 2
22 Ti 2 2 6 2 6 2 2
23 V 2 2 6 2 6 3 2
24 Cr 2 2 6 2 6 4 1
25 Mn 2 2 6 2 6 5 2
26 Fe 2 2 6 2 6 6 2
27 Co 2 2 6 2 6 7 2
28 Ni 2 2 6 2 6 8 2
29 Cu 2 2 6 2 6 10 1
30 Zn 2 2 6 2 6 10 2
31 Ga 2 2 6 2 6 10 2 1
32 Ge 2 2 6 2 6 10 2 2
33 As 2 2 6 2 6 10 2 3
34 Se 2 2 6 2 6 10 2 4
35 Br 2 2 6 2 6 10 2 5
36 Kr 2 2 6 2 6 10 2 6
37 Rb 2 2 6 2 6 10 2 6 1
38 Sr 2 2 6 2 6 10 2 6 2
39 Y 2 2 6 2 6 10 2 6 1 2
40 Zr 2 2 6 2 6 10 2 6 2 2
41 Nb 2 2 6 2 6 10 2 6 4 1
42 Mo 2 2 6 2 6 10 2 6 5 1
43 Te 2 2 6 2 6 10 2 6 6 1
44 Ru 2 2 6 2 6 10 2 6 7 1
45 Rh 2 2 6 2 6 10 2 6 8 1
46 Pd 2 2 6 2 6 10 2 6 10
47 Ag 2 2 6 2 6 10 2 6 10 1
48 Cd 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2
49 In 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 1
50 Sn 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 2
51 Sb 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 3
52 Te 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 4
53 I 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 5
54 Xe 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 6
32
2.6 Ligações Químicas
Os elementos geralmente se agregam através de ligações químicas para formar
moléculas. As propriedades físicas e químicas das moléculas dependem fundamentalmente da
sua estrutura atômica e eletrônica. Os mecanismos de ligação em uma molécula estão
intimamente relacionados com forças eletrostáticas entre átomos ou íons. Quando dois átomos
estão separados por uma distância r, tendendo para infinito, a força resultante entre eles e a
energia potencial do sistema são nulos. A grandes distâncias, as forças dominantes são de
atração. Se os átomos forem colocados a uma pequena distância, existirão forças de atração e
de repulsão. Para distâncias muito pequenas as forças de repulsão entre cargas iguais são
dominantes. A energia potencial W(r) do sistema pode ser positiva ou negativa, dependendo
da separação entre os átomos, como mostrado na Figura 2.13.
W(r)
r0
r
W(r0)
Figura 2.13: Energia potencial de um sistema com dois átomos como função da
distância entre os núcleos.
Admita que a energia potencial total do sistema possa ser expressa por:
A B
W (r ) = − n
+ m, (2.23)
r r
onde r é a separação entre os núcleos, n e m são números inteiro e, A e B são constantes
associadas com forças atrativa e repulsiva, respectivamente. A energia para grandes distancias
interatômicas é negativa, correspondendo a uma força resultante de atração. Quando os dois
núcleos estão muito próximos a energia potencial é positiva o que corresponde a uma força
resultante de repulsão. Os átomos formarão uma molécula estável, com distância interatômica
r0, se existir um mínimo para a energia potencial W(r) como mostrado na Figura 2.5. A
energia para dissociar a molécula é positiva e igual a -W(r0). Para que W(r) tenha um mínimo,
m>n. Em outras palavras, as forças de atração caem mais lentamente com r do que as forças
de repulsão.
Uma descrição completa dos mecanismos de ligação de moléculas é muito complexa
porque envolve interações mútuas entre muitas partículas (núcleos e elétrons dos diversos
átomos). A seguir apresenta-se os tipos mais comuns de ligações químicas: ligações fortes
denominadas de ligações primárias, onde existe a troca ou compartilhamento de elétrons entre
átomos; e ligações secundárias formadas pela interação entre dipolos.
33
2.6.1 Ligações Primárias
As ligações primárias são classificadas em iônicas, covalentes e metálicas.
1
Embora esta provavelmente seja a maneira mais simples de entender a ligação metálica, alguém poderia dizer
também que a ligação metálica é uma espécie de ligação covalente em que os elétrons formam ligações
covalentes temporárias entre pares de átomos e, em seguida, se movem para outro par.
34
2.6.2 Ligações Secundárias
As ligações primárias são classificadas em Ligações de Van der Waals e Ligações por
pontes de Hidrogênio.
35
eletrônico no cristal para se fazer previsões de suas propriedades. É suficiente se conhecer os
possíveis níveis de energia dos elétrons no cristal, o que já é uma tarefa complexa.
Nas seções anteriores foi mostrado como obter os níveis de energia de um elétron num
átomo de hidrogênio utilizando o modelo de Bohr. No entanto, os postulados de Bohr não se
aplicam a sistemas mais complicados que o átomo de hidrogênio. Mesmo para a molécula de
hidrogênio é complicado se determinar o comportamento dos elétrons. Porém, pode-se obter
informações importantes através da combinação de princípios fundamentais e da intuição.
Considere inicialmente dois átomos de hidrogênio cujos núcleos estejam separados por
uma distância R, como mostrado na Figura 2.14 e cujos elétrons estejam ambos nas órbitas de
menor energia.
-e -e
R
+e +e
Analise inicialmente o que acontece com os níveis de energia dos elétrons quando um
deles é trazido para a vizinhança do outro. Quando dois ou mais átomos estão presentes é
necessário considerar uma outra propriedade que é o spin. Segundo o princípio de exclusão de
Pauli, dois elétrons no mesmo átomo não podem ter a mesma energia a menos que estejam
com seus spins opostos. Ao se juntar dois átomos para formar uma molécula, existem duas
possibilidades para a relação dos spins dos dois elétrons; eles podem ter o mesmo sentido ou
podem ter sentidos opostos. Admitindo que eles tenham o mesmo sentido, então haverá uma
tendência de repulsão entre os elétrons quando a distância interatômica diminuir, devido ao
princípio de exclusão. Assim, em média os dois elétrons tenderão a permanecer afastados.
Imaginando os elétrons que estão em órbita como nuvens eletrônicas, elas podem aparecer
como mostrado na Figura 2.15.
Se os spins forem opostos, os dois elétrons poderão existir na mesma órbita em torno de
cada núcleo, passando boa parte do tempo no espaço entre eles. A nuvem eletrônica serve
para manter os núcleos próximos, unindo os átomos de hidrogênio por ligação covalente.
Verifica-se portanto que se os elétrons tiverem spins anti-paralelos, os átomos da
molécula de hidrogênio estarão mais próximos, a nuvem eletrônica ocupará menos espaço.
36
Neste caso a energia dos elétrons será menor quando comparada à situação em que os elétrons
têm spins paralelos. Assim, a energia potencial é tanto maior quanto mais longe os elétrons
estiverem dos núcleos. Considerando átomos de hidrogênio no estado fundamental separados
por uma distância muito grande, a energia de cada elétron é aproximadamente E1=-13.6 eV.
Para a molécula de hidrogênio tem-se duas possibilidades como mostrado na Figura 2.7.
Existe um aumento da energia E quando os elétrons têm spins paralelos e um decréscimo
quando os elétrons têm spins anti-paralelos (Figura 2.16).
E
Spins paralelos
Ei =-13.6 eV
Spins anti-paralelos
r
Figura 2.16: Niveis de energia possíveis para uma molécula do hidrogênio no estado fundamental.
37
E
E∞ =0 eV
.
.
.
Ei =-1,5 eV Banda de energias permitidas
Exercícios
1. Qual a velocidade máxima dos elétrons produzidos por fotoexcitação do sódio por meio de
luz de comprimento de onda de 3100 x 10-10 m. A função trabalho do sódio é 2,3 eV.
3. Filmes de silício se tornam melhores condutores quando iluminados por fótons de energias
maiores que 1,14 eV (este comportamento é conhecido como fotocondutividade). Qual o
comprimento de onda máximo dos fótons que provocam a condução no silício?
38
4. Uma rádio FM opera em 90.1 MHz com potência de 10 kW. Quantos fótons ela emite por
segundo?
Luz
pA
V
Figura 1
6 - Calcule as energias dos três primeiros níveis do átomo de hidrogênio. Quais são as
possíveis frequências de radiação emitidas na transição de um nível para outro (sugestão:
utilizar o modelo atômico de Bohr). Calcule também as faixas de freqüencia para as séries de
Lyman e Balmer.
7 - O que você acha que provavelmente aconteceria se um elétron com energia cinética maior
que 13,6 eV colidisse com um átomo de hidrogênio no estado fundamental ?
8 - Suponha que o espaço em torno do núcleo de hidrogênio seja preenchido por um meio
dielétrico com permissividade relativa εr. Utilize o modelo atômico de Bohr e obtenha uma
nova expressão para os níveis de energia. Encontre a energia do nível n=1 quando εr=11,7.
9 - Faça a distribuição eletrônica para o átomo de ferro (Z=26), cobalto (Z=27) e níquel
(Z=28). Que características magnéticas importantes estes materiais apresentam? Por que ?
___________________________________________________________________________
_______
Constantes Universais
ε0=8,85 x 10-12 F/m; 1eV=1,602 x 10-19 J; h=6,623 x 10-34 J.s; c=3,00x108 m/s; me=9,11x10-31 kg
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