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Conteúdo Interativo Produção Textual 07

A aula aborda a coesão textual, diferenciando-a da coerência e destacando sua importância na construção de textos claros e bem estruturados. São apresentados os tipos de coesão: referencial e sequencial, além de exemplos práticos para ilustrar como esses mecanismos funcionam. A aula enfatiza que a utilização adequada de elementos coesivos é fundamental para a articulação das ideias em um texto.

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Conteúdo Interativo Produção Textual 07

A aula aborda a coesão textual, diferenciando-a da coerência e destacando sua importância na construção de textos claros e bem estruturados. São apresentados os tipos de coesão: referencial e sequencial, além de exemplos práticos para ilustrar como esses mecanismos funcionam. A aula enfatiza que a utilização adequada de elementos coesivos é fundamental para a articulação das ideias em um texto.

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Produção textual I

Aula 7: Como produzir um texto: a questão da coesão – Parte 1

Apresentação
Já sabemos que coesão e coerência são dois fatores responsáveis pela textualidade.

Na aula 6, falamos sobre a coerência, base do sentido de um texto. Vimos que a coerência é construída A PARTIR do texto,
pois envolve alguns fatores que não são linguísticos (conhecimento de mundo, conhecimento partilhado, inferências,
focalização etc.).

Dedicaremos esta aula e a próxima à coesão textual, responsável pela ligação significativa das partes do texto.

Entenderemos que essa articulação é promovida pelo uso de elementos e de recursos linguísticos. Por isso,
diferentemente da coerência, a coesão está sinalizada NO texto.

Um texto bem escrito, além de apresentar clareza, concisão, exatidão e correçâo gramatical, deve também estar bem
coeso e coerente. Exploramos a coerência na aula passada e, agora, esperamos que vocês estejam bem ligados para o
estudo da coesão textual!

Objetivos
Definir coesão textual;

Reconhecer a importância da coesão na construção do texto;

Conhecer os tipos de coesão textual: coesão referencial e coesão sequencial;

Identificar os mecanismos de coesão referencial.


A coesão textual
Na aula 3, ao definirmos "texto", recorremos à sua etimologia, que se relaciona à palavra "tecido".

Podemos pensar nos fios que se unem para compor, perfeitamente, um tecido.

Da mesma forma, ao construirmos um texto, devemos refletir sobre elementos/ recursos linguísticos que podem ser
usados para garantir o entrelaçamento do que se quer dizer. Como queremos que o nosso leitor entenda o que
escrevemos, precisamos facilitar essa tarefa com uma boa utilização dos recursos coesivos.

 Fonte: Shutterstock por ADDVIS

Saber usar os elementos que promovem a ligação das ideias no texto é um importante passo para um texto bem escrito e um
sinal de maturidade do escritor. As crianças, por exemplo, quando começam a produzir seus textos, geralmente produzem algo
como: "Minha mãe é bonita. Minha mãe é legal. Minha mãe me dá presentes. ou: "Aí, o menino chegou. Aí, a mãe brigou com o
menino. " Percebemos, assim, estruturas sintáticas bem simples.

Atividade
1. Preencha as lacunas do texto abaixo, com as palavras em destaque, de modo a garantir a sua coesão.

água - essa mistura de hidrogénio e de oxigénio - ser humano - água - ele - dela

A vida é feita de ____________. __________________ existiu até na formação das estrelas, de como nuvens de moléculas. A evolução
do ___________dependeu da _________________ e precisa ______________ para sobreviver em qualquer lugar do mundo.

Com o passar dos anos, ampliamos o nosso conhecimento de mundo, o que é fundamental para estabelecermos a coerência
de um texto. Além disso, com os anos de prática de leitura e escrita, também ampliamos o domínio de recursos linguísticos
que promovem a coesão de um texto.

Atenção

Vale destacar, no entanto, que nem sempre a presença ou ausência de elementos coesivos garantirá a coerência do texto. Como
afirma Marcuschi (2008, p.102), "a coesão explícita não é uma condição necessária para a textualidade. (...) Mas isto não é um
entrave à compreensão".

Vamos comparar os exemplos (I) e (II) a seguir:


Exemplo I

Exemplo II

O João comprou um livro. Maria casou-se com ele, pois o peixinho do


aquário morreu. Eu devolvi o livro na biblioteca, que ficou velha. O
peixinho azul nada no mar.

Apesar da ausência de elementos coesivos no exemplo (I) , tendo em mente as peculiaridades de uma pescaria, conseguimos
estabelecer a coerência do texto. Por outro lado, apesar de haver, de algum modo, mecanismos coesivos entre as frases
apresentadas no exemplo (II), não é possível estabelecer um sentido global para o que lemos.

Ao produzirmos um texto, podemos usar os recursos


coesivos para estabelecer funções diferentes.

Segundo Koch (1989), apud Marcuschi (2008), há dois tipos


de coesão:

1.referencial;
2.sequencial.

Há alguns autores como Fávero (1995) e Carneiro (2001)


que trabalham com mais um tipo de coesão: recorrencial e
sequencial.

Vejamos cada tipo de coesão

 Fonte: Shutterstock por Irina Strelnikova.


Clique nos botões para ver as informações.

Coesão recorrencial 

A recorrencial, segundo a qual, a partir da utilização de alguns recursos coesivos, é possível articular informações novas e
antigas no texto.

Coesão Referencial 

São usados diferentes recursos para retomar um elemento já mencionado no texto, substituindo-o ou reiterando-o.

Coesão Sequencial 

É a utilização de diferentes recursos para estabelecer uma relação lógica ou significativa entre diferentes segmentos do
texto, fazendo com que ele apresente uma progressão.

Vejamos os exemplos abaixo:

Recorrencial: Referencial: Sequencial:


“Minha mãe é bonita. Ela é “Um leão foi encontrado “A noiva foi pontual, pois o
legal.” abandonado em uma praça no trânsito estava bom.”
subúrbio. O animal estava muito
No exemplo percebemos que o ferido.” No exemplo percebemos a
pronome "ela" substitui o articulação das duas orações. O
referente " minha mãe" "um animal" foi a forma "pois" introduz uma explicação ou
mencionado na primeira oração. encontrada para fazer menção ao justificativa para o fato
referente "um leão", apresentado apresentado na primeira oração.
inicialmente. O uso de um termo
com um significado mais
genérico foi o recurso para
reiterá-lo.
Atividade
2. Leia o texto a seguir, e , em seguida, responda:

“O IBAMA anunciou ontem a descoberta de uma nova ave, o bicudinho-do-brejo-paulista. O Stymphalornissp.nov (a terminação
indica que o animal não recebeu a denominação definitiva da espécie) foi encontrado pelo professor Luís Fábio Silveira, do
Departamento de Zoologia da USP, em áreas de brejo nos municípios de Paraitinga e Biritiba-Mirim, na Grande São Paulo, em
fevereiro. O pássaro tem pouco mais de 10 centímetros de comprimento, capacidade pequena de voo e penugem escura.”

Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO, 6 de maio 2005, p. A18 apud KOCH, I. V.; ELIAS, W. M. Ler e compreender: os sentidos do
texto. São Paulo: Contexto, 2007.

a) Destaque, no exemplo abaixo, os modos como o referente "uma nova ave" foi retomado ao longo do texto.

b) As retomadas do referente, ao longo do texto, possibilitam que o leitor adquira novos conhecimentos sobre a espécie de ave
descoberta?

Atenção

Mais importante do que se lembrar da nomenclatura - referencial e sequencial - é perceber como a coesão atua em um texto. É,
efetivamente, entender como cada tipo de coesão pode ser utilizado pelo autor para promover para a articulação textual.
Ao escrever um texto, devemos refletir sobre a utilização desses recursos coesivos de modo a conduzir o trabalho do leitor.
Vamos, então, conhecer os mecanismos de coesão referencial. Na próxima aula, nós nos dedicaremos à coesão sequencial.

Mecanismos de coesão referencial

A coesão referencial refere-se ao modo de retomada de referentes que já foram introduzidos no texto.

Vejamos a definição de Koch (1989 apud MARCUSCHI, 2008, p. 108):

"Chamo, pois, de coesão referencial aquela em que um componente da


superfície do texto faz remissão a outro(s) elemento(s) do universo textual. "

Devemos estar atentos ao que afirma Abreu (2001 Segundo o autor, a coesão referencial pode representar uma marca da
enunciação. Vamos aos exemplos citados pelo autor e retomados abaixo:
Exemplo 1 Exemplo 2
João Paulo II esteve, ontem, em João Paulo II esteve, ontem, em
Varsóvia. Lá, Sua Santidade disse Varsóvia. Lá, o mais recente
que a Igreja continua a favor do aliado do capitalismo ocidental,
celibato. disse que a Igreja continua a
favor do celibato.

Percebemos, no exemplo (l), uma apreciação positiva do Papa João Paulo II, o que não acontece no exemplo (II) em que o
modo como o referente João Paulo II foi retomado ("0 mais recente aliado do capitalismo ocidental") denota uma apreciação
negativa. A análise dos exemplos reforça a ideia de que os mecanismos de coesão referencial estão, sobretudo, ligados à
significação ou à referência.

É possível perceber duas formas de coesão referencial.

Uma relacionada à utilização de itens lexicais plenos (repetições, sinônimos, hiperônimos, hipônimos, nomes
01 genéricos, expressões nominais definidas, nominalizações);

02 outra, à utilização de de itens gramaticais, tais como: pronomes, artigos, numerais, formas verbais e advérbios.

Vejamos exemplos do primeiro grupo:

Saiba mais

Hipônimo e hiperônimo.
Vejamos exemplos do segundo grupo:

Atividade
A seguir, temos uma letra de música: “ O céu”, de Nando Reis e Marisa Monte. Leia o texto e, em seguida, responda:

O céu
O céu vai tão longe e está perto
O céu fica em cima do teto
O céu tem as quatro estações Escurece de noite, amanhece com o sol O céu serve a todos
O céu ninguém pode pegar
O céu cobre a terra e a lua Entra dentro do quarto, rua do avião Dentro do universo mora o céu
O céu paraquedas e saltos
O céu vai do chão para o alto
O céu sem comeco e sem fim
Para sempre serei seu fã
Olhai pro céu, olhai pro chão

A partir do nosso conhecimento de mundo, conseguimos etabelecer a coerência do texto apresentado.


No entanto, o que podemos dizer sobre a sua coesão? Temos ou não um texto coeso? Justifique sua resposta.

Notas

Hipônimo e hiperônimo

Hiperônimos: Do grego hyperonymon (hyper = acima, sobre/ onymon = nome), são palavras de sentido genérico, ou seja,
palavras cujos significados são mais abrangentes do que os hipônimos. Fazendo uma comparação com a Biologia, podemos
dizer que os hiperônimos seriam os gêneros, isto é, palavras que apresentam características comuns.

Hipônimos: Do grego hyponymon (hypo = debaixo, inferior/ onymon = nome), são palavras de sentido específico, ou seja,
Referências
palavras cujos significados são hierarquicamente mais específicos do que de outras. Fazendo novamente uma comparação
com a Biologia e seus termos, os hipônimos seriam as espécies, isto é, palavras que estão ligadas por meio de características
próprias.A.S.; Curso de redação. São Paulo: Ática, 2001
ABREU,

ANDRADE, M. M.; HENRIQUES, A. Língua Portuguesa: noções básicas para cursos superiores. Rio de Janeiro: Atlas, 2007.
BANDEIRA, M.; Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.

BEAUGRANDE, R. A.; DRESSLER, W. U. Introduction to text linguistics. London: Longman, 1983.

BOAVENTURA, E.;. Como ordenar as ideias. São Paulo: Ática, 2007.

CARNEIRO, A.D. Redação em construção: a escritura do texto. Rio de Janeiro: Moderna, 2001.

FARACO, C. A. e TEZZA, C. Prática de texto para estudantes universitários. Petrópolis: Vozes, 1992.

GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2006

MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

PLATÃO; FIORIN. Lições de Texto: leitura e redação. Rio de Janeiro: Ática, 1999.

SAUTCHUK, l. Perca o medo de escrever da frase ao texto. São Paulo: Saraiva, 2011

VAL, M. G. C. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

Próxima aula

A coesão textual;

A importância da coesão na construção do texto;

Os tipos de coesão textual: coesão referencial e coesão sequencial;

Os mecanismos de coesão referencial.

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