RESUMO DA OBRA
Bibliogafia da Obra: Couto, M. (1992). Terra Sonâmbula. Caminho.
1. Apresente uma breve Biografia do autor
Mia Couto, nascido como António Emílio Leite Couto em 5 de julho de 1955, em Beira,
Moçambique, é um dos escritores mais proeminentes de língua portuguesa. Formado em
biologia pela Universidade Eduardo Mondlane, Mia Couto conciliou sua carreira literária com
a atuação como biólogo, especialmente em projetos de conservação ambiental. Desde jovem,
Mia Couto demonstrou um interesse profundo pela literatura, publicando seu primeiro livro de
poesias, Raiz de Orvalho, em 1983. Ao longo dos anos, ele se destacou por sua habilidade em
combinar realismo mágico com as tradições e culturas moçambicanas, explorando temas
como guerra, identidade e memória. Recebeu vários prêmios literários, incluindo o Neustadt
International Prize for Literature em 2014.
2. A obra é de leitura fácil ou difícil? Quais são as razoes?
A leitura de Terra Sonâmbula é considerada de dificuldade moderada a difícil. Algumas
razões para isso incluem a linguagem poética utilizada por Mia Couto, que mistura português
com expressões e construções gramaticais próprias de Moçambique. Além disso, o uso
frequente de simbolismos e metáforas, combinado com uma narrativa não linear e a
alternância entre realidade e sonho, requer do leitor uma interpretação atenta e sensível às
nuances culturais e contextuais.
3. Indique a temática da obra e justifique
Terra Sonâmbula explora temáticas como a devastação causada pela guerra, a busca por
identidade, a sobrevivência e a esperança. A guerra civil em Moçambique serve de pano de
fundo para a narrativa, destacando os impactos da violência e do deslocamento forçado nas
vidas dos personagens. A justaposição entre o real e o imaginário simboliza a fuga da dura
realidade por meio da memória e dos sonhos, sugerindo que a sobrevivência mental e
emocional depende da capacidade de transcender o presente.
4. Fale sobre a actualidade da obra e fundamente
Apesar de ser ambientada durante a guerra civil moçambicana, Terra Sonâmbula continua
atual, principalmente em contextos de conflitos armados e crises humanitárias ao redor do
mundo. O livro aborda questões universais como a perda de identidade, o trauma coletivo e a
resiliência. Em um mundo onde guerras, deslocamentos forçados e a luta pela sobrevivência
ainda são realidades para muitos, a obra de Mia Couto oferece uma reflexão profunda sobre a
condição humana em tempos de adversidade.
5. Localize a história no Espaço e no tempo. Justifique a sua resposta
A narrativa de Terra Sonâmbula está localizada em Moçambique, especificamente em áreas rurais
devastadas pela guerra civil. O tempo da história é durante o período da guerra civil moçambicana,
que durou de 1977 a 1992. A ambientação é fundamental para a compreensão do enredo, pois
reflete a desolação, a destruição e a luta pela sobrevivência em um país marcado por conflitos
internos e divisões.
6. Teça considerações sobre os episódios interessantes. Diga quais as razoes
Um dos episódios marcantes é quando Muidinga começa a ler os cadernos de Kindzu, o que desperta
nele uma curiosidade sobre o passado e uma conexão com a história de outra pessoa. Este ato de
leitura dentro da narrativa funciona como uma ferramenta para explorar a identidade e a memória.
A interseção entre a história de Kindzu e a jornada de Muidinga cria uma camada adicional de
significado, onde o leitor é convidado a refletir sobre como as histórias individuais se entrelaçam com
a história coletiva..
7. Indique quais foram as personagens que mais se destacaram. Quais as
razoes?
Muidinga e Kindzu são os personagens mais destacados. Muidinga, por ser o protagonista em
busca de sua identidade e sobrevivência em um mundo devastado. Kindzu, cujos cadernos
narram sua própria busca por significado e esperança, oferece uma perspectiva complementar
à de Muidinga. Ambos representam a luta por identidade e a busca por um sentido de
pertencimento em meio ao caos
8. .Proceda um reconto da obra ( ou de dois contos a sua escolha)
Terra Sonâmbula, escrito por Mia Couto, mergulha em um Moçambique devastado pela
guerra civil, retratando um cenário onde a vida é uma luta constante pela sobrevivência e pela
preservação da memória. A história gira em torno de Muidinga, um jovem que perdeu a
memória em meio ao caos da guerra, e Tuahir, um idoso que assume a responsabilidade de
cuidar dele. Os dois encontram abrigo em um ônibus queimado ao longo de uma estrada
deserta, um espaço que oferece um pequeno refúgio das incessantes hostilidades.
Enquanto exploram seu novo lar improvisado, Muidinga encontra uma mala abandonada, que
contém cadernos escritos por Kindzu, um jovem que, em busca de seu irmão desaparecido,
deixou sua aldeia para escapar da violência. À medida que Muidinga lê os cadernos, a
narrativa se desdobra em duas camadas: a realidade presente de Muidinga e a história do
passado de Kindzu.
Através dos cadernos, somos levados à vida de Kindzu, um jovem que decide fugir de sua
aldeia para procurar seu irmão perdido e escapar das atrocidades da guerra. Em sua jornada,
Kindzu enfrenta uma série de desafios e encontros marcantes. Ele cruza com várias pessoas
que moldam sua trajetória, incluindo Farida, uma mulher que representa um ideal de amor e
esperança, mas que também carrega suas próprias tragédias e sofrimentos.
À medida que Kindzu continua sua busca, o leitor é imerso em suas experiências, que vão
desde momentos de esperança e solidariedade até episódios de profundo desespero e
violência. A jornada de Kindzu é também uma reflexão sobre a perda, a identidade e o desejo
de encontrar um lar em meio à devastação.
Enquanto Muidinga lê e reflete sobre a história de Kindzu, ele começa a recuperar fragmentos
de sua própria memória, levantando questões sobre quem ele é e qual é o seu verdadeiro lugar
no mundo. Os cadernos se tornam uma forma de escapar da brutalidade imediata e uma janela
para um passado que, embora distante, ainda reverbera com significado.
A narrativa converge para um ponto crucial quando Muidinga descobre uma conexão
profunda e inesperada entre sua própria história e a de Kindzu. Esse vínculo revela que suas
vidas estão entrelaçadas de maneiras que ele não poderia ter previsto. Muidinga é forçado a
confrontar seu passado e encontrar um propósito em meio à destruição que o cerca.
O livro termina com uma nota de ambiguidade, refletindo a incerteza e a complexidade das
vidas dos personagens. Os destinos de Muidinga, Tuahir e os outros personagens permanecem
abertos à interpretação, sublinhando a natureza frágil da memória e a luta contínua por
identidade e esperança. Através de uma escrita poética e do uso de elementos de realismo
mágico, Mia Couto oferece uma meditação poderosa sobre a guerra, a sobrevivência e a
resiliência do espírito humano.
9. Estabeleça uma relação intertextual entre esta obra e outra que tenhas lido
Terra Sonâmbula pode ser relacionada intertextualmente com O Vento Assobiando nas Gruas
de Lídia Jorge. Ambas as obras abordam a temática da memória e da identidade em contextos
de transformação social e política. Assim como em Terra Sonâmbula, onde a guerra civil é o
pano de fundo, em O Vento Assobiando nas Gruas a narrativa explora as mudanças sociais
em Portugal após a Revolução dos Cravos. As duas obras utilizam a interseção entre o real e o
imaginário para abordar as consequências das mudanças históricas sobre os indivíduos e suas
memórias.