linguagens
M Ó D U LO 4
Diagramado e editado por @YUKARI.DESIGNER
03 1. Entendendo a competência
03 2. A noção de variação linguística
04 3. Conhecendo a sociolinguística
05 4. As forças que agem sobre a língua:
os condicionadores
09 5. Como esse conteúdo é cobrado?
COMPETÊNCIA 8
E SUAS HABILIDADES
S A L I N H A D A B E L L A
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1. Entendendo a competência
Vamos retomar aquele quadro a respeito da competência a fim de entender o porquê de estudar
os seguintes assuntos dentro deste módulo.
Competência de área 8 - Compreender e usar a língua portuguesa como língua mater-
na, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria iden-
tidade.
H25 - Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as
variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 - Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 - Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações
de comunicação.
2. A noção de variação linguística
Observe o diálogo abaixo:
Falante A: Oi, Mônica! Tudo bem?
Falante B: Tudo certo, e você?
Falante A: Bem. Aqui, deixa eu falar com cê, você vai no cine hoje?
Falante B: Olha, não sei. Acho que vou com os menino na praia.
Falante A: Tem certeza? Parece que vai ser tão legal. Depois vamos na feira, comprar macaxeira.
Falante B: comprar o quê?
Falante A: Ah, esqueci. É aquilo que, aqui, vocês chamam de mandioca.
Falante B: Entendi. É, parece um rolê bem cultural, né? Acho que vou. Os meninos não vai achar ruim
não.
Falante A: Pois é! Vamo sim! Te espero lá!
O diálogo acima pode parecer um pouco superficial, haja vista ter sido criado por mim ao escre-
ver a apostila, isto é, eu não gravei pessoas falando e transcrevi. No entanto, faça um exercício:
pegue o seu celular e escute os áudios que manda, anote-os, tente pegar contextos diferentes, de
modo a observar como o seu uso da língua muda, como há adequações na fala em determinadas
situações.
A esse processo de mudança da língua e da linguagem a depender do contexto social ou, ainda,
outros contextos de uso da fala, como adequação histórica, regional, nível de escolaridade etc.
damos o nome de variação linguística, isto é, o processo de mudança e adaptação a depender
do contexto o qual a comunidade linguística está inserida. A partir disso, entende-se que a língua
é viva, e a nossa cultura, com certeza, implicará a escolha de usos dessa e, tristemente, ditará esti-
gmas e preconceitos a determinados falantes.
O diálogo simulado prova que, em uma situação informal, como uma conversa em aplicativo de
mensagens com um amigo ou em uma conversa do dia a dia, não há necessidade de um grau de
formalismo. Além disso, há regionalidades na fala dos enunciadores, o que evidencia que não existe
a Língua Portuguesa, existem “línguas portuguesas”, vista a pluralidade. No entanto, até pouco tem-
po, isso não era aceito. Em razão do pensamento normativistas da gramática tradicional, apenas
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“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele
crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16
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uma variante – a variante culta – era aceita, excluindo e marginalizando povos pela sua fala. Com
os avanços dos estudos linguísticos, entre polêmicas e conquistas, hoje, já são encontrados, em sa-
las de aula, tópicos de discussão concernentes a essa área de estudo.
Vamos, então, para o que nos interessa: trabalhar a parte teórica e, em meio às discussões, analisar
como isso pode aparecer na prova de Linguagens.
3. Conhecendo a sociolinguística
É necessário abandonar a ideia de que a língua é uma estrutura pronta, acabada, que não é sus-
cetível a mudanças. É necessário também entender que a realidade das pessoas que usam a lín-
gua – os falantes – tem uma influência muito grande na maneira como elas falam e avaliam a lín-
gua que usam e, especialmente, e a usada pelos outros. Para conhecer a Sociolinguística, é neces-
sário, antes de mais nada, “abrir a cabeça” para aceitar a língua que está sendo usada à nossa
volta como um objeto legítimo de estudo.
Antes de estudar a respeito das variantes, precisamos entender alguns conceitos:
- Variedade: fala característica de um determinado grupo. Ex.: variedade mineira, gaúcha, varian-
te dos mais escolarizados, dos mais velhos, dos professores, dos médicos etc. Também podemos cha-
mar variedade de dialeto.
- Variante cultura (padrão): associada às camadas mais altas da sociedade ou a pessoas que
tiveram acesso a um nível elevado de educação, como o ensino superior.
- Variante coloquial (não padrão): é a variante que utilizamos no dia a dia. Segue uma norma
mais flexível e sofre com estigmatizações e preconceito.
- Norma-padrão: essa é a norma mais complexa em matéria de uso prático, haja vista que é en-
contrada apenas em gramáticas e manuais de correção. É um tipo de variante que não é usual
na fala, pois é pensada a partir de um uso idealizado, canônico, isto é, quase nada semelhante
àquilo que é usado por nós, falantes contemporâneos. É usada, por exemplo, em documentos extre-
mamente normativos e em gramáticas e manuais.
- Norma-culta: essa é a norma exigida no ENEM, a qual, geralmente, é entendida como “a norma
do falar e do escrever corretamente”. No entanto, para sermos mais precisamos, entenderemos a
norma-culta como uma tentativa de aproximação da norma-padrão, isto é, não é um uso sem er-
ros, apenas um uso mais lapidado. É usada, por exemplo, por pessoas que tiveram acesso ao ensi-
no superior, como professores, advogados, juízes, médicos etc ou um bom acesso à educação ain-
da na educação básica.
- Norma-coloquial: entende-se essa variante como o uso mais comum da língua; conta com re-
gras, mas essas são mais flexíveis. EXEMPLO: na norma-culta ou padrão, a concordância é marca-
da de forma redundante, isto é, em todos os termos da oração que concordam com o verbo ou
com o sujeito; já na norma-coloquial, não, como: (a) Os meninos foram à praia – norma-padrão ou
culta – (b) Os menino foi à praia – norma-coloquial. Perceba que a mensagem é a mesma, todos
conseguem entender, o que muda é a forma com a qual os termos se relacionam entre si: em (a),
há uma marcação em todos os termos, em (b), a marcação só no artigo.
A partir dessas noções, você já consegue identificar, nas questões, em seus enunciados, quando se
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“Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos.”
Provérbios 16:3
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trata sobre o assunto de variação, pois sempre aparecerá aspectos relacionados a essas ques-
tões centrais. Além disso, é possível perceber que não existe um jeito certo ou errado de falar e
não existe uma língua ou dialeto melhor que o outro: existem formas de comunicação e contextos
de uso.
4. As forças que agem sobre a língua: os condicionadores
Esse processo de mudança linguística é aleatório? Com certeza não. Existem o que chamamos de
condicionadores. Podemos dividi-los em dois grandes grupos: condicionadores internos e externos:
condicionadores internos (menos presente na prova de linguagens) e condicionadores externos
(mais presente na prova).
CONDICIONADORES INTERNOS
Variação lexical
Variação fonológica
Variação sintática
Variação discursiva
A partir dessa tabela, percebemos que a variação linguística, em sua dimensão interna, trata-se
de variações no nível gramatical de análise.
Vamos detalhar, então, agora, o que é cada um desses condicionadores:
a) Variação lexical: em geral, essa variação apresenta fenômenos muito perceptíveis e tranquilos
de serem notados e analisados. É certo que, quando se fala em variação linguística, os exemplos
que costumam vir primeiro à mente dizem respeito ao nível do léxico, ou seja, as palavras que com-
põem uma dada língua, quase sempre associados à variação regional.
Exemplos de variação lexical
• abóbora, jerimum;
• bergamota (ou vergamota), tangerina, laranja-cravo, mimosa;
• mandioca, aipim, macaxeira;
• pão francês, pão de trigo, cacetinho, filãozinho;
• banheiro, toalete, w.c., casinha;
• coisa, troço, trem;
• estojo, penal;
• pandorga, pipa, papagaio;
• vaso, bacio, privada.
b) Variação fonológica: uma diferença clara entre a fala e a escrita é a economia. Falantes de
qualquer lugar do mundo buscam economizar energia; por isso há muita variação fonológica, haja
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crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16
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vista que buscamos reduzir palavras o tempo todo. Além disso, acrescentamos letras de modo a fa-
cilitar a pronúncia de uma determinada palavra.
Observe a troca de por nas palavras:
- paia (por ‘palha’)
- muié (por ‘mulher’)
- veia (por ‘velha’)
- foia (por ‘folha’)
- trabaio (por ‘trabalho’)
- adevogado (por ‘advogado’)
- cenora (por ‘cenoura’)
c) Variação sintática: o modo como construímos frases muda a depender do contexto. A posição
de um pronome ou, ainda, uma regra de concordância escolhida – ou esquecida – tem a ver com
essa variação;
a. Construções relativas: “O filme a que me referi é muito bom” / “O filme que me referi é muito bom”
b. Posição do clítico: “Eu vi-o no cinema” / “Eu o vi no cinema”
d) Variação discursiva: elementos que utilizamos no nosso discurso de modo a transmitir uma ide-
ia coesa e coerente.
(1) Aí a minha mãe: “Ah! pois é, mas eu tenho que dar baixa nessa carteira.” Aí o cara falou: “É, mas
a senhora não quer nada?” E a minha mãe disse: “Quer nada o quê?” “É porque nós somos obriga-
dos a vender um ônibus desses pra pagar ele, porque a- a carteira dele não está dando baixa,
ninguém deu baixa, né?”
(2) A costureira não quis fazer, então eu e a minha irmã – A minha irmã não sabe costurar muito
bem, daí ela disse pra ele assim: “Não, mas quando que nós vamos fazer serão”. A minha irmã disse
pra ele: “Como nós vamos fazer esse serão, se não tem costureira?” Daí ele disse: “Ah, vocês não
querem fazer, então dá a carteira que eu dou as contas.”
Percebe-se, dessa maneira, que a gramática de um povo muda com o tempo: é natural, e é por is-
so os estudos em variação linguística são tão importantes. Todos as pessoas falantes da Língua
Portuguesa – ou de qualquer outra língua no mundo – serão condicionados ao processo de varia-
ção, e ainda bem!
CONDICIOANDORES EXTERNOS
Variação histórica
Variação regional ou geográfica
Variação estilística
Variação social
Variação situacional
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Antes de entrarmos no debate a respeito de cada um dos condicionadores acima, é válido ressal-
tar que tanto os condicionadores internos quanto os externos, apesar de, aqui, estarem separados,
não ocorrem, necessariamente, de forma isolada: uma variante pode – e irá – agir de forma conjun-
ta com outra, inclusive, vários condicionadores internos serão frutos de alguns condicionadores ex-
ternos.
a) Variação histórica: é a variação que ocorrerá com o passar do tempo, isto é, a língua sofrerá
mudanças a depender dos falantes de determinados períodos e, claro, da cultura hegemônica da
época.
Vamos lembrar de que, há um tempo, você aprendeu sobre o Império Romano, o qual ocupava par-
te da Itália e da Europa como um todo, como Portugal. Dentro do império, havia dois tipos de La-
tim, o latim clássico – falado por quem possuía posses e condições de estudar – e o latim vulgar –
falado pelo povo – como os soldados. Obviamente, esse império buscava expansão, e essa era
promovida pelos soldados, pois eram eles que iam para outros territórios em busca de mais terras.
Assim, percebe-se que os novos territórios, quando colonizados, tinham contato com o latim vulgar.
Consequentemente, o latim vulgar, em contato com outros povos, que possuíam outras línguas, ori-
ginou novas formas de comunicação, ou seja, novas línguas. Quando esse latim chega, por exem-
plo, à região que hoje conhecemos como Portugal e Espanha, à época, Península Ibérica, surgem
três línguas com base nessa língua: Francês, Espanhol e Língua Portuguesa. Depois, o Império Roma-
no perde território, mas as línguas mantiveram-se: se liga no poder da língua.
Dando continuidade para que cheguemos à nossa língua, quando os portugueses resolvem sair de
sua região para chegar à Índia, houve um “erro” de rota, e, com esse erro, por incrível que pareça,
havia uma região muito rica: em ouro, produtos e culturas. Chegando aqui, eles se deparam com a
língua Tupi Guarani, a qual se junta à Língua Portuguesa, a fim de formar uma nova língua, com no-
vas palavras. Além disso, os portugueses que moravam no Brasil começaram a traficar povos africa-
nos para trazerem ao Brasil de forma escrava. Com isso, como você já deve imaginar, esses povos,
que falavam determinados dialetos africanos, também misturam sua língua aos povos que aqui já
residiam: pronto! Agora, nossa língua tem, em sua raiz, três interferências: português, línguas indíge-
nas e línguas africanas.
Quer um exemplo?
Abacaxi é uma palavra de origem indígena. Em Portugal, essa mesma fruta chama-se “Ananás”. Lo-
go, hoje, percebemos que temos um Português brasileiro e um Português de Portugal, apesar de a
base da língua ser a mesma. Não obstante, ao longo do tempo, temos vários outros povos que
contribuíram com a nossa língua. Com base nisso, é evidente que a língua muda conforme o tem-
po. A palavra “farmácia”, por exemplo, até pouco tempo, era escrita como “pharmacia”, e há vários
outros exemplos, sendo o mais famoso, por exemplo, o “você”. Dê uma olhada:
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crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16
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Portanto, percebemos que pode haver falhas comunicativas quando pessoas de períodos diferen-
tes conversam. Aqui, trouxe um tempo muito distante, mas, atualmente, quando converso com crian-
ças ou adolescentes, já há palavras que tenho dificuldade de entender. Isso é natural, é um pro-
cesso da língua. Por isso, não existe uma forma melhor que a outra, existem contextos de fala. Se a
comunicação aconteceu, ótimo. Na realidade, entretanto, isso não ocorre, pois, em razão do pre-
conceito linguístico, pessoas mais novas são constantemente estigmatizadas pelas mais velhas, que
acham sua fala superior.
Anote aí!
a) “Preconceito linguístico”
b) “Variação regional”
c) “Variação estilística”
d) “Variação social”
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e) “Variação situacional”
5. Como esse conteúdo é cobrado?
Abaixo, observaremos questões do ENEM a respeito de como o conteúdo de variação é linguísti-
ca é abordado. Atenção às dicas durante a aula e a como não se deixar levar por distratores.
Questão 1: (ENEM – 2021)
A draga
A gente não sabia se aquela draga tinha nascido ali, no porto, como um pé de árvore ou uma
duna.
– E que fosse uma casa de peixes?
Meia dúzia de loucos e bêbados moravam dentro dela, enraizados em suas ferragens.
Dos viventes da draga era um o meu amigo Mário-pega-sapo.
[…]
Quando Mário morreu, um literato oficial, em necrológico caprichado, chamou-o de Mário-Captu-
ra-Sapo! Ai que dor!
Ao literato cujo fazia-lhe nojo a forma coloquial.
Queria captura em vez de pega para não macular (sic) a língua nacional lá dele…
[…]
Da velha draga
Abrigo de vagabundos e de bêbados, restaram as expressões: estar na draga, viver na draga por
estar sem dinheiro, viver na miséria
Que ora ofereço ao filólogo Aurélio Buarque de Hollanda
Para que as registre em seus léxicos
Pois o povo já as registrou.
BARROS, M. Gramática expositiva do chão: poesia quase toda. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1990 (fragmento).
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crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16
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Ao criticar o preciosismo linguístico do literato e ao sugerir a dicionarização de expressões locais, o
poeta expressa uma concepção de língua que
(A) contrapõe características da escrita e da fala.
(B) ironiza a comunicação fora da norma-padrão.
(C) substitui regionalismos por registros formais.
(D) valoriza o uso de variedades populares.
(E) defende novas regras gramaticais.
Questão 2: (ENEM – 2019)
Toca a sirene na fábrica,
E o apito como um chicote
Bate na manhã nascente
E bate na tua cama
No sono da madrugada.
Ternuras da áspera lona
Pelo corpo adolescente.
É o trabalho que te chama.
Às pressas tomas o banho,
Tomas teu café com pão,
Tomas teu lugar no bote
No cais do Capibaribe.
Deixas chorando na esteira
Teu filho de mãe solteira.
Levas ao lado a marmita,
Contendo a mesma ração
Do meio de todo o dia,
A carne-seca e o feijão.
De tudo quanto ele pede
Dás só bom-dia ao patrão,
E recomeças a luta
Na engrenagem da fiação.
MOTA, M. Canto ao meio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.
Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formas verbais e pronominais
(A) Ajuda a localizar o enredo num ambiente estático.
(B) Auxilia na caracterização física do personagem principal.
(C) Acrescenta informações modificadoras às ações dos personagens.
(D) Alterna os tempos da narrativa, fazendo progredir as ideias do texto.
(E) Está a serviço do projeto poético, auxiliando na distinção dos referentes.
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Questão 3: (ENEM 2018)
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
— “Paz no futuro e glória no passado.”
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!
Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque Estrada. Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento).
O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil é justificado por tratar-se de um(a)
(A) Reverência de um povo a seu país.
(B) Gênero solene de característica protocolar.
(C) Canção concebida sem interferência da oralidade.
(D) Escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa.
(E) Artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro.
Questão 4: (ENEM 2017)
Sítio Gerimum
Este é o meu lugar [...]
Meu Gerimum é com g
Você pode ter estranhado
Gerimum em abundância
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Aqui era plantado
E com a letra g
Meu lugar foi registrado. OLIVEIRA, H. D. Língua Portuguesa, n. 88, fev. 2013 (fragmento).
Nos versos de um menino de 12 anos, o emprego da palavra “Gerimum” grafada com a letra “g”
tem por objetivo
(A) Valorizar usos informais caracterizadores da norma nacional.
(B) Confirmar o uso da norma-padrão em contexto da língua poética.
(C) Enfatizar um processo recorrente na transformação da língua portuguesa.
(D) Registrar a diversidade étnica e linguística presente no território brasileiro.
(E) Reafirmar discursivamente a forte relação do falante com seu lugar de origem.
Questão 5: (ENEM PPL 2015)
Em primeiro lugar gostaria de manifestar os meus agradecimentos pela honra de vir outra vez à
Galiza e conversar não só com os antigos colegas, alguns dos quais fazem parte da mesa, mas
também com novos colegas, que pertencem à nova geração, em cujas mãos, com toda certeza,
está também o destino do Galego na Galiza, e principalmente o destino do Galego incorporado
à grande família lusófona.
E, portanto, é com muito prazer que teço algumas considerações sobre o tema apresentado. Esco-
lhi como tema como os fundadores da Academia Brasileira de Letras viam a língua portuguesa no
seu tempo. Como sabem, a nossa Academia, fundada em 1897, está agora completando 110
anos, foi organizada por uma reunião de jornalistas, literatos, poetas que se reuniam na secretaria
da Revista Brasileira, dirigida por um crítico literário e por um literato chamado José Veríssimo, natu-
ral do Pará, e desse entusiasmo saiu a ideia de se criar a Academia Brasileira, depois anexada ao
seu título: Academia Brasileira de Letras.
Nesse sentido, Machado de Assis, que foi o primeiro presidente desde a sua inauguração até a
data de sua morte, em 1908, imaginava que a nossa Academia deveria ser uma academia de Le-
tras, portanto, de literatos.
BECHARA, E. Disponível em: www.academiagalega.org. Acesso em: 31 jul. 2012.
No trecho da palestra proferida por Evanildo Bechara, na Academia Galega da Língua Portugue-
sa, verifica-se o uso de estruturas gramaticais típicas da norma padrão da língua. Esse uso
(A) Torna a fala inacessível aos não especialistas no assunto abordado.
(B) Contribui para a clareza e a organização da fala no nível de formalidade esperado para a
situação.
(C) Atribui à palestra características linguísticas restritas à modalidade escrita da língua portugue-
sa.
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(D) Dificulta a compreensão do auditório para preservar o caráter rebuscado da fala.
(E) Evidencia distanciamento entre o palestrante e o auditório para atender os objetivos do gêne-
ro palestra.
Questão 6: (ENEM 2014)
Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da lín-
gua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma da língua em
suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não!
Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um
português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo do
dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o dos edi-
toriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus
colunistas.
POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 (adaptado).
Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domínio
da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber
(A) Descartar as marcas de informalidade do texto.
(B) Reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla.
(C) Moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico.
(D) Adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.
(E) Desprezar as formas da língua previstas
Questão 7: (ENEM 2013)
Secretaria de Cultura
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Um leitor interessado nas decisões governamentais escreve uma carta para o jornal que publicou o
edital, concordando com a resolução sintetizada no Edital da Secretaria de Cultura. Uma frase a-
dequada para expressar sua concordância é:
(A) Que sábia iniciativa! Os prédios em péssimo estado de conservação devem ser derrubados.
(B) Até que enfim! Os edificios localizados nesse trecho descaracterizam o conjunto arquitetônico
da Rua Augusta.
(C) Parabéns! O poder público precisa mostrar sua força como guardião das tradições dos mora-
dores locais.
(D) Justa decisão! O governo dá mais um passo rumo à eliminação do problema da falta de mora-
dias populares.
(E) Congratulações! O patrimônio histórico da cidade merece todo empenho para ser preservado.
Questão 8: (ENEM 2012)
Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por al-
guns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as re-
gras da gramática, que eu não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu igno-
rava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra num desses meus badulaques. Acontece
que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em “varreção” — do verbo
“varrer”. De fato, trata-se de um equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação.
Pois o meu amigo, paladino da língua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da pági-
na 827 do dicionário, aquela que tem, no topo, a fotografia de uma “varroa”(sic!) (você não sabe
o que é uma “varroa”?) para corrigir-me do meu erro. E confesso: ele está certo. O certo é “var-
rição” e não “varreção”. Mas estou com medo de que os mineiros da roça façam troça de mim por-
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que nunca os vi falar de “varrição”. E se eles rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes o xerox
da página do dicionário com a “varroa” no topo. Porque para eles não é o dicionário que faz a lín-
gua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de Minas Gerais, fala “varreção” quando não “barreção”.
O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada sobre o que eu escre-
vo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o
prato está rachado.
ALVES, R. Mais badulaques. São Paulo: Parábola, 2004 (fragmento).
De acordo com o texto, após receber a carta de um amigo “que se deu ao trabalho de fazer um
xerox da página 827 do dicionário” sinalizando um erro de grafia, o autor reconhece
(A) A supremacia das formas da língua em relação ao seu conteúdo.
(B) A necessidade da norma padrão em situações formais de comunicação escrita.
(C) A obrigatoriedade da norma culta da língua, para a garantia de uma comunicação efetiva.
(D) A importância da variedade culta da língua, para a preservação da identidade cultural de um
povo
(E) A necessidade do dicionário como guia de adequação linguística em contextos informais priva-
dos
Questão 9: (ENEM 2012)
Entrevista com Marcos Bagno
Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da língua até
hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua. Se tantas
pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”, como em “hoje tem feijo-
ada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado momento da história de sua língua, deixa-
ram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.
No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas desses usos.
Se nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até hoje o verbo “ter” co-
mo existencial é porque recebemos esses usos de nossos ex-colonizadores. Não faz sentido imagi-
nar que brasileiros, angolanos e moçambicanos decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E
assim acontece com muitas outras coisas: regências verbais, colocação pronominal, concordâncias
nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas ainda somos obrigados a seguir uma gramá-
tica normativa de outra língua diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de in-
dependência, não faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de
fora.
Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é
usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais falantes
de português que em toda a Europa!
Informativo Parábola Editorial, s/d.
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“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele
crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16
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2023
Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão
em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
(A) Adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista requer
o uso da norma padrão.
(B) Apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de vis-
ta difícil de ser verificado na materialidade do texto.
(C) Propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele, enquanto
a norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
(D) Acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a incorporar
em seu cotidiano a gramática normativa do português europeu.
(E) Defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente para acabar
com a hegemonia do antigo colonizador.
Questão 10: (ENEM 2021 – 2° aplicação)
Gírias das redes sociais caem na boca do povo
Nem adianta fazer a egípcia! Entendeu? Veja o glossário
com as principais expressões da internet
Lacrou, biscoiteiro, crush. Quem nunca se deparou com ao menos uma dessas palavras não passa
muito tempo nas redes sociais. Do dia para a noite, palavras e frases começaram a definir sentimen-
tos e acontecimentos, e o sucesso desse tour foi parar no vocabulário de muita gente. O dialeto
já não se restringe só à web. O contato constante com palavras do ambiente on-line acaba rom-
pendo a barreira entre o mundo virtual e o mundo real. Quando menos se espera, começamos a
repetir, em conversas do dia a dia, o que aprendemos na internet. A partir daí, juntamos palavras
já conhecidas do nosso idioma às novas expressões.
Glossário de expressões
Biscoiteiro: alguém que faz de tudo para ter atenção o tempo inteiro, para ter curtidas.
Chamar no probleminha: conversar no privado.
Crush: alguém que desperta interesse.
Divou: estar muito produzida, sair bem em uma foto, assim como uma diva.
Fazer a egípcia: ignorar algo.
Lacrou/sambou: ganhar uma discussão com bons argumentos a ponto de não haver possibilidade
de resposta.
Stalkear: investigar sobre a vida de alguém nas redes sociais.
Disponível em: https://odia.ig.com.br. Acesso em: 19 jun. 2019 (adaptado).
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“Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos.”
Provérbios 16:3
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Embora migrando do ambiente on-line para o vocabulário das pessoas fora da rede, essas expres-
sões não são consideradas como características do uso padrão da língua porque
(A) definem sentimentos e acontecimentos corriqueiros na web.
(B) constituem marcas específicas de uma determinada variedade.
(C) passam a integrar a fala das pessoas em conversas cotidianas.
(D) são empregadas por quem passa muito tempo nas redes sociais.
(E) complementam palavras e expressões já conhecidas do português.
GABARITO: 1 – D; 2 – E; 3 – B; 4 – E; 5 – B; 6 – D; 7 – E; 8 – B; 9 – A; 10 – B.
Anotações:
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“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele
crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16