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A Organizacao Da Administracao Mocambicana

O documento analisa a organização da administração pública em Moçambique, destacando sua estrutura e funcionamento, desde a administração central até a periférica. A pesquisa enfatiza a importância da administração pública na implementação de políticas do Estado e na prestação de serviços aos cidadãos, além de discutir a evolução histórica desde a independência em 1975. O trabalho é parte de um curso de Licenciatura em Administração Pública na Academia Militar 'Marechal Samora Machel'.

Enviado por

Kimo Gregorio
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A Organizacao Da Administracao Mocambicana

O documento analisa a organização da administração pública em Moçambique, destacando sua estrutura e funcionamento, desde a administração central até a periférica. A pesquisa enfatiza a importância da administração pública na implementação de políticas do Estado e na prestação de serviços aos cidadãos, além de discutir a evolução histórica desde a independência em 1975. O trabalho é parte de um curso de Licenciatura em Administração Pública na Academia Militar 'Marechal Samora Machel'.

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ACADEMIA MILITAR ”MARECHAL SAMORA MACHEL”

Mariano dos Santos Muloiua

Licenciatura em Administração Publica

Organização Administração Publica de Moçambique

A Organização da Administração Moçambicana

Nampula, Abril de 2025


ACADEMIA MILITAR ”MARECHAL SAMORA MACHEL”

Mariano dos Santos Muloiua

Licenciatura em Administração Publica

Organização Administração Publica de Moçambique

A Organização da Administração Moçambicana

O presente trabalho é de carácter


avaliativo e pertence a cadeira de
Organização Administração Publica de
Moçambique, leccionada por: MA. Ozias
Matavele

Ano de frequência: 2º ano

Nampula, Abril de 2025

2
Índice
Introdução ....................................................................................................................................... 4

A Organização da Administração Moçambicana ........................................................................... 5

A estrutura da organização administrativa moçambicana .............................................................. 5

O Estado como pessoa colectiva ..................................................................................................... 5

Espécies da Administração do Estado. ........................................................................................... 5

A Administração Directa do Estado. .............................................................................................. 6

Órgãos da administração central do Estado .................................................................................... 7

O Presidente da República. ............................................................................................................. 7

A Presidência da República ............................................................................................................ 8

Conselho de Estado ......................................................................................................................... 8

O Governo ………………………………………………………………………………………...9

Os Ministérios ............................................................................................................................... 10

As Comissões nacionais com natureza interministerial. ............................................................... 10

A administração central independente do Estado ......................................................................... 11

As Comissões nacionais Independentes........................................................................................ 11

O provedor de Justiça.................................................................................................................... 12

Os conselhos superiores ................................................................................................................ 12

A Administração periférica do Estado .......................................................................................... 12

A Administração periférica externa do Estado ............................................................................. 13

A Administração (periférica) local do Estado. ............................................................................. 13

Órgãos de representação do Estado na Província. ........................................................................ 13

Conclusão...................................................................................................................................... 15

Bibliografia ................................................................................................................................... 15

3
Introdução

A administração pública moçambicana desempenha um papel central na implementação das


políticas do Estado e na prestação de serviços aos cidadãos. Estruturada conforme os princípios
estabelecidos na Constituição da República, ela visa promover o desenvolvimento nacional, a
boa governação e a eficiência administrativa. Esta pesquisa visa analisar a organização actual da
administração pública moçambicana, com enfoque nos órgãos da administração central do
Estado, na administração central independente e na administração periférica.

Metodologia

Para a elaboração do presente trabalho foi mediante a pesquisas de diversas obras relacionadas
com o tema proposto, que cuja bibliografia encontram-se na página reservado para o efeito.

4
1. A Organização da Administração Moçambicana

Administração Pública (ou Gestão Pública) é, sentido orgânico ou subjectivo, o conjunto de


órgãos serviços e agentes do Estado, como das demais pessoas colectivas públicas (tais como
autarquias locais) que asseguram a satisfação das necessidades colectivas variadas, tais como a
segurança, a cultura, a saúde e o bem-estar dos cidadãos, os administrados (Custódio, 2024).

Segundo Araújo, (2000 citado por Custódio, 2024) A Administração Pública moçambicana surge
para prosseguir o interesse público e na sua actuação deve respeitar os direitos e liberdades
fundamentais dos cidadãos. Contudo, isso não basta, pois deve-se assegurar que haja
impossibilidade dela poder ser feita de qualquer maneira, ela deve-se guiar por certos valores e
regras e não de forma arbitrária.

1.1. Enquadramento Histórico da Administração Pública em Moçambique

Desde a independência em 1975, Moçambique tem empreendido várias reformas com vista a
consolidar uma administração pública moderna e eficiente. A Constituição de 1990 e as
subsequentes revisões introduziram princípios democráticos e de descentralização que moldaram
a estrutura atual da administração pública (Constituição da República de Moçambique, 2023).

2. A estrutura da organização administrativa moçambicana


2.1. O Estado como pessoa colectiva

Na acepção administrativa, o “Estado é a pessoa colectiva pública, que no seio da comunidade


nacional, desempenha, sob a direcção do Governo, a actividade administrativa”. Trata-se do
Estado-Administração, pessoa colectiva pública autónoma, não confundível com os governantes
que o dirigem, nem com os funcionários que o servem, nem com outras entidades autónomas que
integram a Administração, nem com os cidadãos que com ele entram em relação (Custódio,
2024).

Assim, o Estado moçambicano é uma pessoa colectiva que desempenha sob a direcção do
Governo a actividade administrativa, tendo como órgãos o Presidente da República; a
Assembleia da República o Governo e os tribunais e o Conselho Constitucional.

2.1.1. Espécies da Administração do Estado.

A administração do Estado comporta variadas espécies, desde logo: (a) a distinção entre a
administração central e a administração local do Estado; (b) a administração directa e a
5
administração indirecta do Estado. Assim, a estrutura geral da administração pública, tomando
por referência o Estado-Administração, pode ser esquematiza nos seguintes termos: (a)
administração directa do Estado, (b) administração estadual indirecta e (c) administração
autónoma.

2.1.2. A Administração Directa do Estado.

A administração directa do Estado “é a actividade exercida por serviços integrados na pessoa


colectiva Estado”(149). Ou seja, “- a Administração Estadual Direta, tem no Estado a entidade
jurídico-administrativa máxima, no plano das atribuições e da liberdade normativa, em relação às
mesmas dispondo de poder de direcção, que é a faculdade administrativa máxima do ponto de
vista da orientação dos serviços administrativos”

A Administração Estadual Directa compreende os serviços públicos directamente prestados pelos


órgãos do Estado, desde logo: os órgãos centrais, bindependentes, locais e de representação do
Estado no estrangeiro. O Estado como pessoa colectiva reúne as seguintes características: (a) a
unicidade e originalidade; (b) a territorialidade e atribuições múltiplas; (c) a organização em
ministérios, comissões de natureza interministerial, e pluralidade de órgãos e serviços públicos;
estrutura hierárquica(151). Portanto, os principais caracteres específicos do Estado e da sua
administração directa são

a) Unicidade: o Estado é a única pessoa do género. Com efeito, o conceito de órgãos de


governação descentralizada provincial, distrital e autárquica, pode corresponder a várias
entidades descentralizadas, enquanto que ao conceito de Estado pertence apenas a um
ente que é o próprio Estado;
b) Originalidade: todas as outras pessoas colectivas públicas são sempre criadas ou
reconhecidas por lei ou nos termos da lei, enquanto que a pessoa colectiva Estado não é
criada pelo poder constituído;
c) Territorialidade: o Estado é a primeira pessoa colectiva de população e território. Todas
parcelas territoriais afectas aos órgãos de governação descentralizada provincial, distrital
e autárquica, estão sujeitas ao poder do Estado;
d) Atribuições múltiplas: o Estado é uma pessoa colectiva de fins
múltiplos, podendo e devendo prosseguir diversas e variadas atribuições;

6
e) Organização em Ministérios: os órgãos e serviços de Administração do Estado a nível
central, estão estruturados em departamentos, organizados por assuntos ou matérias os
quais se denominam Ministérios.
f) Pluralismo de órgãos e serviços: são numerosos os órgãos do Estado, bem como os
serviços públicos que auxiliam esses órgãos.
g) Estrutura hierárquica: a administração directa do Estado acha-se estruturada em termos
hierárquicos, através de órgãos e agentes ligados por um vínculo jurídico que confere ao
superior o poder de direcção e ao subalterno o dever de obediência.
h) Personalidade una: todos os Ministérios, órgãos e serviços, pertencem ao mesmo sujeito
de direito, não são sujeitos de direito distintos. Os Ministérios e as direcções nacionais,
não tem personalidade jurídica.
i) Supremacia: o Estado-Administração exerce poderes de supremacia não apenas em
relação aos sujeitos do direito privado, mas também sobre outras entidades públicas

Portanto, a Administração directa Central do Estado integra os órgãos administrativos centrais e


os órgãos independentes, exercendo a sua competência em todo o território do Estado
Moçambicano.

2.1.3. Órgãos da administração central do Estado

“Para cumprir as suas atribuições que lhe são conferidas pela constituição e pelas leis, o
Estado carece de órgãos”. Assim, são órgãos da Administração Central do Aparelho de Estado,
o Presidente da República, o Conselho de Ministros, a Presidência da República, os Ministérios,
as comissões nacionais com natureza interministerial. (155) incluindo o Conselho de Estado.
(Amaral, Maria Lúcia,2012 apud Custodio 2024)

2.1.3.1. O Presidente da República.

O Presidente da República é o chefe do Governo, zela pelo funcionamento correcto dos


órgãos do Estado e dispõe do conselho de Estado e do conselho Nacional de defesa e Segurança
como seus órgãos de consulta nas matérias definidas na Constituição da República. No domínio
do Governo, compete ao Presidente da República:

(a) Convocar e Presidir as sessões do Conselho de Ministros; (b) nomear,


exonerar e demitir o Primeiro-ministro; (c) Criar Ministérios e comissões de
natureza Ministerial; (d) nomear, exonerar e demitir os Ministros e Vice-

7
Ministros; (e) nomear, exonerar e demitir os Reitores e Vice-Reitores das
universidades Estatais, sob proposta dos respectivos colectivos de direcção ; (f)
nomear, exonerar e demitir o Governador e Vice-Governador do Banco de
Moçambique; (g) nomear, exonerar e demitir os Secretários de Estado na
Província. (Amaral,2006)
No âmbito da aplicação das medidas tutelares sancionatórias aos órgãos singulares de
governação descentralizada provincial e distrital, compete ao Presidente da República, ouvido o
Conselho de Estado, demitir o Governador de Província e o administrador de Distrito eleitos
por sufrágio universal, directo, igual, secreto, pessoal e periódico.

2.1.3.2. A Presidência da República

No exercício das suas funções constitucionais, o Presidente da República é assistido pela


Presidência da República, que entre outras funções apoia directamente o Presidente da República
no exercício das suas funções na qualidade do chefe do Governo.

São atribuições da Presidência da República: (a) apoiar directamente o Presidente da


República no exercício das suas funções de chefe do Estado, chefe de Governo e Comandante-
Chefe das Forças de Defesa e Segurança; (b) assistir o Presidente da República nas relações com
os demais órgãos de soberania e instituições do Estado, partidos políticos e sociedade Civil; (c)
assistir o Presidente da República no domínio das relações internacionais.

Assim, o Presidente da República é apoiado directamente pela Presidência da República no


exercício das suas competências de demitir o Governador de Província e o administrador de
Distrito, no âmbito de exercício da sua função, bem como no exercício das suas competências no
domínio do Governo. (Correia, José Manuel Sérvulo, et al,2002)

2.1.3.3. Conselho de Estado

O Conselho de Estado, no contexto dos órgãos constitucionais, não sendo órgão de soberania,
desempenha o papel de órgão de consulta do Chefe de Estado. Com efeito, “o Conselho do
Estado é o órgão político de consulta do Presidente da República e tem uma natureza colegial ”

O Conselho de Estado comporta a seguinte composição: (a) o Presidente da República; (b) o


Primeiro-Ministro; (c) o Presidente do Conselho Constitucional; (d) o Provedor de Justiça; (e) os
antigos Presidentes da República não destituídos da função; (f) os antigos Presidentes da
Assembleia da República; (g) sete personalidades de reconhecido mérito eleitas pela Assembleia

8
da República pelo período da legislatura, de harmonia com a representatividade parlamentar; (h)
quatro personalidades de reconhecido mérito, designadas pelo Presidente da República, pelo
período do seu mandato; e (i) o segundo candidato mais votado ao cargo do Presidente da
República.

“O funcionamento do Conselho de Estado é sempre em plenário, não havendo uma


periodicidade pré-estabelecida, antes sendo convocado quando os assuntos a discutir o
imponham”. Assim, no âmbito da aplicação das medidas tutelares sancionatória, aos órgãos de
governação descentralizada Provincial e distrital, compete ao Conselho de Estado pronunciar-se
obrigatoriamente sobre a demissão do governador de Província e do Administrador de Distrito
pelo Presidente da República.

2.1.3.4. O Governo

O Governo é um órgão de soberania “colegial de tipo governativo, que se ocupa da condução


e execução da política geral do país”. O Governo da República de Moçambique é o Conselho de
Ministros. O Conselho de Ministros é composto pelo Presidente da República que a ele preside,
pelo Primeiro-Ministro e pelos Ministros. Podem ser convocados para participar em reuniões do
Conselho de Ministros os Vice-Ministros e os secretários de Estado.

Assim, o Conselho de Ministros é um órgão Central da Administração pública, com funções


de decisão, execução e controlo a nível de todo o Território do Estado moçambicano. Com
efeito, “o Conselho de Ministros assegura a administração do país, garante a integridade
territorial, vela pela ordem pública, e pela segurança e estabilidade dos cidadãos, promove o
desenvolvimento económico, implementa a acção social do Estado, desenvolve e consolida a
legalidade e realiza a política externa do país”.

A indicação constitucional das competências do Governo fornece uma definição material do


Governo, que dita “a sua natureza de órgão administrativo, na medida em que as tarefas que lhe
estão cometidas se inserem tipicamente na função administrativa: segurança; bem-estar;
cultura”.

Dentre as competências do Governo constitucionalmente previstas, interessas-nos as


competências administrativas, que são “mais intensa de todas, competindo lhe apresentar e
executar os planos e o orçamento do Estado, fazer os regulamentos de execução das leis, dirigir

9
os serviços e a actividade da administração directa, superintender a administração indirecta e
tutelar a administração autónoma, praticar actos atinentes aos funcionários e agentes da
administração pública”.

No que concerne a aplicação das medidas tutelares sancionatórias aos órgãos colegiais e
singulares de governação descentralizada provincial e autárquica, compete ao Conselho de
Ministros: (a) dissolver as assembleias Provincial e autárquica; (b) demitir o Presidente do
Conselho autárquico.

2.1.3.5. Os Ministérios

O Ministério é o órgão central do Aparelho do Estado, criado pelo Presidente da


República, que assegura a realização das atribuições do Governo decorrentes da Constituição da
República. O Ministério é dirigido por um Ministro que pode ser coadjuvado por um ou mais
Vice-Ministros. Os Ministérios organizam-se em inspecções sectoriais; direcções nacionais;
direcções; gabinetes; Gabinete do Ministro; e departamento central autónomo.

A organização dos Ministérios assenta na racionalização da estrutura e obedece, entre


outros os seguintes princípios específicos: adequação da estrutura à missão; desconcentração;
descentralização; especialização em funções; coordenação e articulação; eficiência
organizacional; simplificação de procedimentos e, modalidade de serviço público. O princípio
da descentralização na organização dos Ministérios estabelece que “a organização do
Ministério toma em conta o quadro de atribuições e funções.

Conferidas às instituições da administração indirecta do Estado e às autarquias locais”,


incluindo os órgãos de governação descentralizada provincial e distrital. Quanto às medidas
tutelares sancionatórias, importa analisar o papel do Ministro que superintende a área da
Administração Estatal e função pública. Com efeito, compete ao Ministro da Administração
Estatal e função Pública, propor ao Governo a dissolução da assembleia provincial ou
autárquica e a demissão do Presidente do Conselho autárquico.

2.2. As Comissões nacionais com natureza interministerial.

Dentre os órgãos da Administração Central do Aparelho de Estado, encontraram-se as


comissões nacionais com natureza interministerial. As comissões nacionais com natureza
interministerial, são criadas pelo Presidente da República, definindo as suas finalidades. Podem

10
existir várias comissões interministeriais. A título de exemplo, cite-se a Comissão
Interministerial da Administração Pública, criada pelo Decreto Presidencial n°3/2015 de 20 de
Fevereiro.

A Comissão Interministerial da Administração Pública visa garantir a harmonização


institucional nas matérias gerais relativas à administração pública. Trata-se de um órgão
subordinado ao Conselho de Ministros e tem como atribuições se debruçar sobre as matérias
gerais relativas:

(a) ao fortalecimento e aprimoramento da administração pública, (b) às


carreiras profissionais e remunerações, (c) ao cadastro e desempenho dos
funcionários e (d) à disciplina laboral e à previdência social(179). Compõem a
Comissão Interministerial da Administração Pública: (a) O Ministro da
Administração Estatal e Função Pública, que a preside; (b) O Ministro da
Economia e Finanças (vice-presidente); (c) O Ministro da Justiça, Assuntos
Constitucionais e Religiosos; (d) O Ministro da Educação e Desenvolvimento
Humano e; (e) O Ministro da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico-
Profissional. (Folque, 2004)
2.3. A administração central independente do Estado

Os órgãos da Administração directa central do Aparelho do Estado abrangem ainda os


órgãos independentes, desde logo: as comissões nacionais independentes, o Provedor de justiça,
os Conselhos superiores e outras entidades assim classificadas.

Assim, a administração central independente do Estado “consiste num conjunto de órgãos


e Serviços que escapam a hierarquia do Governo e exercem funções consultivas de controlo, de
supervisão, administrativas ou mistas”. Os órgãos centrais independentes, no desempenho das
suas funções, observam a Constituição e as leis e regem-se pelos princípios de independência,
imparcialidade e transparência.

2.3.1. As Comissões nacionais Independentes

As comissões nacionais independentes gozam de autonomia administrativa e funcional


em relação aos demais órgãos da administração pública central e local. Aponta-se até ao
momento a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e a Comissão Nacional dos Direitos humanos
(CNDH).

11
A Comissão Nacional de Eleições é um órgão do Estado, independente e imparcial,
responsável pela supervisão dos recenseamentos e dos actos eleitorais. Com efeito, quanto à
natureza, a Comissão Nacional de eleições é um órgão independente de todos os poderes
públicos e privados e, no exercício das suas funções deve obediência apenas a Constituição e às
leis. Os membros da comissão nacional de eleições, no exercício das suas funções, não
representam as instituições públicas ou privadas, organizações políticas ou sociais da sua
proveniência, defendem o interesse nacional, obedecendo aos ditames da lei e da sua
consciência.

2.3.2. O provedor de Justiça

O Provedor de Justiça é um órgão que tem como função a garantia dos direitos dos
cidadãos, a defesa da legalidade e da justiça na actuação da administração pública. Trata-se de
um órgão independente e imparcial no exercício das suas funções, devendo observância apenas à
constituição e às leis sociedades com capital maioritariamente público, dos serviços de
exploração de bens de domínio público”.

De acordo com Umberto (1997 apud Custódio 2024), O Provedor de Justiça aprecia os
casos que lhe são submetidos, sem poder decisório, e produz recomendações aos órgãos
competentes para reparar ou prevenir ilegalidades ou injustiças. Se as investigações do Provedor
de Justiça levarem à presunção de que a Administração Pública cometeu erros, irregularidades ou
violações graves, informa à Assembleia da República, o Procurador-Geral da República e a
autoridade Central ou local com a recomendação de medidas pertinentes.

2.3.3. Os conselhos superiores

Os Conselhos Superiores são órgãos administrativos que podem dispor de competências


de gestão, disciplina ou consulta nas respectivas áreas de actuação. São exemplos de Conselhos
superiores: O Conselho superior de Comunicação Social; o Conselho Superior da Magistratura
Judicial; o Conselho superior da Magistratura judicial administrativa; o Conselho Superior da
Magistratura do Ministério Público.

2.3.4. A Administração periférica do Estado

A administração periférica do Estado “é o conjunto dos órgãos e serviços de pessoas


colectivas públicas que dispõem de competência limitada a uma área territorial restrita, e

12
funcionam sob a direcção dos correspondentes órgãos centrais”. Assim, a Administração
periférica do Estado compreende (a) os órgãos e serviços locais do Estado e (b) os órgãos e
serviços externos do Estado.

2.3.5. A Administração periférica externa do Estado

A administração periférica externa do Estado é aquela que abrange as representações do


Estado-Administração por órgãos e serviços sediados no estrangeiro. Desta forma, sãos órgãos
da administração periférica do Estado, designadamente, as missões diplomáticas e missões
consulares e especiais.

2.4. A Administração (periférica) local do Estado.

“A administração do Estado que aqui se refere tem a natureza de uma administração


periférica, organizada segundo o princípio da desconcentração administrativa”. Note-se que o
princípio da desconcentração consiste na determinação de transferência originária ou delegação
de poderes dos órgãos superiores da hierarquia da Administração Pública para os órgãos
inferiores do Estado ou para os funcionários ou agentes subordinados nos termos da lei.

A Administração local do Estado, assenta basicamente sobre três ordens de elementos:


(a) a divisão do território; (b) os órgãos locais do Estado; (c) os serviços locais do Estado.

A República de Moçambique organiza-se territorialmente em Províncias, Distritos, Postos


Administrativos, localidades e povoações. A Província é a maior Unidade territorial da
organização política, económica e social do Estado.

 A Província é constituída por distritos, postos administrativos, localidades e povoações.


 O Distrito é a unidade territorial imediatamente inferior à Província e é composto por
Postos Administrativos, localidades e povoações.
 Posto administrativo, é a unidade territorial imediatamente inferior ao distrito e
compreende as localidades e povoações.
 A localidade é a unidade territorial imediatamente inferior ao Posto Administrativo e
compreende as povoações.
 A povoação compreende aldeias e outros aglomerados populacionais localizados na
circunscrição territorial da localidade
3.4.1. Órgãos de representação do Estado na Província.

13
Ao nível da Província o Governo Central é representado pelo Secretário de Estado, que
assegura a realização das funções exclusivas de soberania do Estado(212). Com efeito, o
Secretário de Estado na Província superintende e supervisa os serviços de representação do
Estado na Província e nos distritos. Assim, são órgãos de representação do Estado na Província:

o Secretário de Estado na Província; O Serviço Provincial do Estado; Os delegados provinciais


e, o Conselho dos Serviços Provinciais de Representação do Estado

14
Conclusão

Em forma de conclusão importa referir que a organização actual da administração pública


moçambicana reflecte um equilíbrio entre centralização e descentralização. A existência de
órgãos centrais, independentes e periféricos permite uma abordagem integrada na execução de
políticas públicas.

Entre os principais desafios estão: burocracia e ineficiência administrativa; corrupção e falta de


transparência; fraca capacidade institucional e técnica; e necessidade de maior descentralização e
autonomia local.

15
Bibliografia

Amaral, Diogo FREITAS, (2006) Curso de Direito Administrativo, I, 3ª Ed. Coimbra.

Araújo, Raul, (2000) Os Sistemas de Governo de Transição democrática nos PALOP, Coimbra,.

Bicudo, M. A. V.( 2011) pesquisa qualitativa, segundo a visão fenomenológica. São Paulo:

Cortez;

Correia, J. M. S., et al, (2002) Estudos de Direito Processual Administrativo, Lisboa: Lex;.

Custódio, U. D.(2024). A organização da Administração Moçambicana

Folque, A. ( 2004) a tutela Administrativa nas relações entre o Estado e os Municípios,

Coimbra.

GONÇALVES, J. P. (2014), a Paz dos Moçambicanos, Beira;

Acórdão do Tribunal Constitucional Português nº 274/90, relativo a perda de mandato como


pena acessória;

Acórdão do Tribunal Constitucional Português nº 320/93, relativo a reserva dos Tribunais e


perda de mandato;

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Português da 2ª Subsecção, 17/06/2003, Proc. Nº


994/03 relativo a natureza sancionatória da Perda do Mandato

Constituição da República de Moçambique. (2023). Imprensa Nacional.

16

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