PARASITOLOGIA
GRUPO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do
Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais
MULTIVIX em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo,
Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória,
e com a Educação a Distância presente
em todo estado do Espírito Santo, e com
polos distribuídos por todo o país.
Desde 1999 atua no mercado capixaba,
destacando-se pela oferta de cursos de
graduação, técnico, pós-graduação e
extensão, com qualidade nas quatro
áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas,
Humanas e Saúde, sempre primando
pela qualidade de seu ensino e pela
formação de profissionais com consciência
cidadã para o mercado de trabalho.
Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de
Instituições de Ensino Superior que
possuem conceito de excelência junto ao
Ministério da Educação (MEC). Das 2109
R EE II T O R
R
instituições avaliadas no Brasil, apenas
15% conquistaram notas 4 e 5, que são
consideradas conceitos de excelência em
ensino. Estes resultados acadêmicos
colocam todas as unidades da Multivix
entre as melhores do Estado do Espírito
Santo e entre as 50 melhores do país.
MISSÃO
Formar profissionais com consciência cidadã para o
mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança
e modernidade, visando à satisfação dos clientes e
colaboradores.
VISÃO
Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida
nacionalmente como referência em qualidade
educacional.
2
LISTA DE QUADROS
UNIDADE 1
Quadro 1 – Ciclo biológico da Leishmania no hospedeiro vertebrado e
invertebrado 18
UNIDADE 2
Quadro 1 – Classificação taxonômica dos protozoários de interesse
médico 34
Quadro 2 – Classificação taxonômica dos principais helmintos que
infectam o ser humano 42
Quadro 3 – Classificação taxonômica dos principais artrópodes de
importância medica 43
UNIDADE 3
Quadro 1 – Cinética das imunoglobulinas para diagnóstico da
toxoplasmose gestacional e da toxoplasmose congênita 53
UNIDADE 6
Tabela 1 – Características morfológicas de parasitos do gênero
Taenia sp. 100
4
LISTA DE FIGURAS
UNIDADE 1
Figura 1 – Células de parasitas 13
Figura 2 – Insetos hematófagos 15
Figura 3 – Ciclo evolutivo 16
Figura 4 – Os parasitas podem estar alojados em alimentos e água 17
Figura 5 – Dor no pulso 19
Figura 6 – O meio e a patogenicidade 21
Figura 7 – Agentes patogênicos 22
Figura 8 – Fonte de infecção: ser humano 23
Figura 9 – Células de defesa 24
Figura 10 – Contaminação 25
UNIDADE 2
Figura 1 – Reprodução dos protozoário 30
Figura 2 – Classificação morfológica dos protozoários:
(A) Sarcodíneos; (B) Mastigóforos; (C) Cilióforos; (D) Esporozoários 31
Figura 3 – Infecção por protozoários extracelulares e intracelulares:
(A) Trofozoítos de Giardia duodenalis aderidos na mucosa do
intestino delgado; (B) Taquizoítos de Toxoplasma gondii se
reproduzindo no interior de uma célula do cérebro de camundongo 35
Figura 4 – Classificação morfológica dos helmintos: (A) corpo cilíndrico
de um nematódeo de vida livre; (B) Formato de folha de um
platelminto trematódeo (Fasciola hepatica); (C) corpo segmentado
de um platelminto cestoide (Echinococcus granulosus) 39
Figura 5 – Características dos artrópodes de importância médica:
(A) Classe Insecta (Anopheles sp.); (B) Classe Arachnida (Sarcoptes
scabiei). 41
Figura 6 – Estágios de desenvolvimento de insetos holometábolos
(Aedes albopictus) e hemimetábolos 41
5
UNIDADE 3
Figura 1 – Método parasitológico 47
Figura 2 – Algoritmo de decisão após realização da gota espessa 48
Figura 3 – Método molecular 49
Figura 4 – Método imunológico 51
Figura 5 – Escabiose – Doenças causada por artrópode 54
Figura 6 – Larva Migrans cutânea 56
Figura 7 – Aspecto do nariz de uma pessoa com miíase nasal 57
Figura 8 – Lesão cística (cisticercose) em região da coluna cervical 58
Figura 9 – Imunodiagnóstico 59
UNIDADE 4
Figura 1 – Antiparasitários derivados do 2-nitroimidazol 63
Figura 2 – Estrutura dos derivados de quinina utilizados
para tratamento da malária 65
Figura 3 – Mecanismos de ação dos anti-hemínticos mais utilizados 66
Figura 4 – Mecanismos de resistência de artrópodes aos inseticidas 68
Figura 5 – Medidas de prevenção da toxoplasmose na gravidez 72
Figura 6 – Medidas de proteção e controle integrado da malária 73
UNIDADE 5
Figura 1 – Doenças causadas por protozoários 81
Figura 2 – Fase crônica: cardiomegalia 82
Figura 3 – Pele ferida: leishmaniose cutânea 85
Figura 4 – Mosquito transmissor de malária 86
Figura 5 – Transmissão da Doença de Chagas 87
Figura 6 – Hospedeiro definitivo Toxoplasmose: os gatos 88
Figura 7 – Mapa da África com ícones 89
Figura 8 – Febre intermitente 91
Figura 9 – Sonolência 92
Figura 10 – Ciclo Plasmodium sp. 93
6
UNIDADE 6
Figura 1 – Estágios diagnósticos dos geo-helmintos. A) ovo de Ascaris
lumbricoides; B) ovo de Trichuris trichiura; C) ovo de
ancilostomídeos; e D) larva rabditoide de Strongyloides stercoralis 98
Figura 2 – A) obstrução intestinal por Ascaris lumbricoides;
B) prolapso retal causado por Trichuris trichiura 101
Figura 3 – A) granuloma hepático causado pelo ovo (seta);
Esquistossomose crônica (“barriga d’agua”) 102
Figura 4 – A) Culex quinquefasciatus; B) Simulium sp. 105
Figura 5 – A) Pediculus humanus; B) Pthirus pubis;
C) Sarcoptes scabiei; e D) Demodex brevis 108
Figura 6 – A) Sarcoptes scabiei na pele; B) Escabiose humana
na palma da mão 109
Figura 7 – A) Pulex irritans; B) Lesão causada por Tunga penetrans 110
7
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 10
1
1 RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO 12
UNIDADE
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 12
1.1 CICLOS DE VIDA DOS PARASITAS 12
1.2 ASPECTOS PATOLÓGICOS 19
2 PRINCIPAIS PARASITOS: PROTOZOÁRIOS, HELMINTOS
UNIDADE 2 E ARTRÓPODES 28
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 28
2.1 CONCEITOS BÁSICOS RELACIONADOS AOS PROTOZOÁRIOS 28
2.2 CONCEITOS BÁSICOS RELACIONADOS AOS HELMINTOS E AOS
ARTRÓPODES 36
3
3 DIAGNÓSTICOS DAS DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS,
UNIDADE
HELMINTOS E ARTRÓPODES 46
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 46
3.1 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS DOENÇAS CAUSADAS POR
PROTOZOÁRIOS 47
3.2 DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS CAUSADAS POR HELMINTOS E
ARTRÓPODES 54
4
4 TRATAMENTO E PROFILAXIA DOS PARASITOS CAUSADORES DE
UNIDADE
DOENÇAS NO HOMEM 62
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 62
4.1 TRATAMENTO DOS PARASITOS 62
4.2 CONTROLE INTEGRADO DOS PARASITOS 71
5
5 PRINCIPAIS DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS NO BRASIL
UNIDADE
E EM OUTROS PAÍSES 80
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 80
5.1 DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS NO BRASIL 81
5.2 DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS EM OUTROS PAÍSES89
6
6 PRINCIPAIS DOENÇAS CAUSADAS POR HELMINTOS E ARTRÓPODES
UNIDADE
NO BRASIL E EM OUTROS PAÍSES 96
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 96
6.1 DOENÇAS CAUSADAS POR HELMINTOS NO BRASIL E EM
OUTROS PAÍSES 96
6.2 DOENÇAS CAUSADAS POR ARTRÓPODES NO BRASIL E
EM OUTROS PAÍSES 106
8
ICONOGRAFIA
ATENÇÃO ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
PARA SABER
SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR
CURIOSIDADES
LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS
GLOSSÁRIO QUESTÕES
MÍDIAS
ÁUDIOS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES CITAÇÕES
EXEMPLOS DOWNLOADS
9
PARASITOLOGIA
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Olá, alunos(as), sejam bem-vindos(as) à disciplina Parasitologia, na qual ire-
mos aprofundar os seus conhecimentos sobre os principais conceitos da Pa-
rasitologia.
Para que seu estudo se torne proveitoso, esta disciplina foi organizada em 06
unidades, com temas e subtemas que, por sua vez, são subdivididos em tópi-
cos, atendendo aos objetivos do processo ensino-aprendizagem.
De forma geral na disciplina Parasitologia, que trata da ciência que estuda
o parasitismo, procuraremos compreender os conhecimentos básicos sobre
morfologia, biologia, patogenia de parasitas. Detalharemos sobre as formas
clínicas, epidemiologia, profilaxia, diagnóstico e tratamento, no âmbito de
atuação do profissionalismo.
Esperamos que, até o final da disciplina vocês possam:
identificar os parasitas, as medidas de controle e o tratamento;
ampliar a compreensão sobre parasitoses de maior importância na saúde hu-
mana e saúde pública com foco na forma de transmissão e no âmbito de
atuação da profissão.
Porém, antes de iniciarem a leitura, gostaríamos que vocês parassem um ins-
tante para refletir sobre algumas questões. Vocês tem alguma noção do que
é a Parasitologia? Saberiam me dizer quais doenças são causadas por proto-
zoários, helmintos e artrópodes?
Não se preocupe. Não queremos que vocês respondam de imediato todas
essas questões. Mas, esperamos que, até o final, vocês tenham respostas e
também formulem perguntas.
Enfim, esperamos promover reflexões sobre o assunto e desejamos sucesso
e bons estudos!
10
PARASITOLOGIA
UNIDADE 1
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:
> conhecer os aspectos
e conceitos básicos da
Parasitologia.
> entender os aspectos
patológicos na relação
parasito-hospedeiro.
11
PARASITOLOGIA
1 RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, abordaremos a relação parasito-hospedeiro na Parasitologia.
Dessa forma, veremos sobre a resposta do parasito à presença do hospedeiro,
os mecanismos de escape do parasito às defesas do hospedeiro e os meca-
nismos de patogenicidade.
A Parasitologia é a ciência que estuda o parasitismo. Para Araújo et al. (2003),
"[...] o parasitismo é inerente e assistencial a vida, estando todas as espécies de
organismos do planeta parasitadas e, por isso mesmo, existem." Quer dizer,
parasito é uma forma de vida ou um elemento orgânico capaz de multiplicar-
-se. Mas, na Parasitologia Humana (nosso objeto de estudo) eles são os proto-
zoários, os helmintos e os artrópodes, consideraremos também a influência
do meio nessas relações de parasitismo. Os parasitas conseguem realizar es-
tratégias de adaptação nos hospedeiros, o que pode ocasionar certas doen-
ças.
Esta unidade, portanto, deverá instrumentalizá-los no âmbito da atenção bá-
sica para os protozoários, helmintos e artrópodes e discutir os conhecimentos
fundamentais sobre morfologia, biologia e, em especial, o ciclo evolutivo dos
parasitos de importância médica no Brasil. Vocês compreenderão os meca-
nismos de transmissão, fisiopatogenia e interação parasito-hospedeiro.
1.1 CICLOS DE VIDA DOS PARASITAS
1.1.1 CONCEITOS BÁSICOS EM PARASITOLOGIA
Existem alguns conceitos em Parasitologia que são fundamentais para o en-
tendimento e compreensão. Por exemplo, o conceito de parasitismo, que vi-
mos na introdução desta unidade. Sabemos que o parasitismo é uma relação
ecológica e é caracterizada pela espécie de parasitas que se instalam nos hos-
pedeiros. Por que os parasitas fazem isso? Eles buscam por nutrição. Porém,
devido a esse fator podem causar diversas consequências, podendo até ma-
tar seus hospedeiros. Para tanto, precisamos conhecer o que é hospedeiro,
parasito, vetor, dentre outros conceitos (REY, 2009, p. 4).
12
PARASITOLOGIA
Hospedeiro: organismo simples ou complexo, incluindo o homem, capaz de
ser infectado por um agente específico.
Hospedeiro definitivo: apresenta o parasita em fase de maturidade ou de
atividade sexual.
Hospedeiro intermediário: apresenta o parasita em fase larvária ou
assexuada.
Hospedeiro suscetível: qualquer pessoa ou animal que supostamente não
possui resistência suficiente contra um determinado agente patogênico,
que o proteja da enfermidade, caso venha a entrar em contato com o agente.
Vetor: é um ser vivo, no qual se passa, obrigatoriamente, uma fase do
desenvolvimento de determinado agente etiológico. Erradicando-se o vetor
biológico, desaparece a doença que transmite, nesse caso denomina-se
como vetor biológico.
FIGURA 1 – CÉLULAS DE PARASITAS
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de células de parasitas vista de um
microscópio, com corante azul.
Nem sempre a presença de um parasito em um hospedeiro indica que está
havendo ação patogênica, ou seja, o desenvolvimento de uma enfermidade
do mesmo. Em geral, deve haver um equilíbrio entre a interação parasito-hos-
pedeiro. Quando isso não ocorre, há a instalação de doença parasitária (aci-
dente decorrente do desequilíbrio entre hospedeiro e parasito) (REY, 2009).
A intensidade da doença parasitária dependerá de vários fatores, dentre eles:
a virulência da cepa, o estado nutricional do hospedeiro, os órgãos atingidos,
o número de formas infectantes presentes, a imunidade do hospedeiro. En-
fim, a verdade é que a morte do hospedeiro também representará a morte
do parasito (REY, 2009).
13
PARASITOLOGIA
Ciclo monoxênico
Os parasitos possuem um único hospedeiro no seu ciclo biológico.
Ciclo heteroxênico
Quando possuem hospedeiro intermediário (um ou mais) e
hospedeiro definitivo.
Dessa forma, nota-se que a ação patogênica dos parasitos varia muito e pode
ser representada das seguintes formas:
1. Ação espoliativa (o parasito absorve nutrientes do hospedeiro);
2. Ação tóxica (são espécies que produzem enzimas ou que podem lesar o
hospedeiro);
3. Ação mecânica (são espécies que podem impedir o fluxo de alimento);
4. Ação traumática (formação de lesões no hospedeiro);
5. Ação enzimática (ocorre a ação de enzimas na pele);
6. Anóxia (é o parasito que consume o oxigênio, da hemoglobina ou pro-
duza anemia no hospedeiro).
1.1.2 MORFOLOGIA
A relação parasito-hospedeiro sofreu diversas modificações ao longo de mi-
lhares de anos. Também chamada de adaptação, ela ocorreu para melhorar o
relacionamento entre os parasitos e os hospedeiros. Os parasitos se tornaram
mais dependentes de outro ser vivo para sobreviverem. As adaptações foram:
morfológicas, fisiológicas e biológicas, principalmente (REY, 2009).
1. Morfológicas:
a) Hipertrofia: adaptação encontrada nos órgãos de reprodução, resistên-
cia, proteção e fixação. Por exemplo, os helmintos possuem órgãos de
fixação, como lábios, ventosas e bolsa copuladora. Além disso, houve
aumento de estruturas alimentares de alguns insetos hematófagos que
passaram a perfurarem mais facilmente a pele dos hospedeiros. A alta
capacidade de reprodução também é uma hipertrofia, com aumento
de ovários e útero para armazenarem os ovos.
14
PARASITOLOGIA
FIGURA 2 – INSETOS HEMATÓFAGOS
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de insetos hematófagos, que desenvolveram
estruturas alimentares como forma de adaptação ao hospedeiro.
b. Degeneração: são representadas por atrofia de órgãos locomotores ou
por perdas. Como exemplo temos os percevejos, as pulgas, as moscas
parasitas de carneiro (que perderam as asas como forma adaptativa ao
hospedeiro), os Platelmintos (classe Cestoda) perderam o tubo digesti-
vo.
2. Biológicas:
a. Tipos diversos de reprodução: desenvolveram mecanismos de repro-
dução que permitem uma fecundação mais fácil. Exemplos: o herma-
froditismo e a partenogênese.
b. Capacidade reprodutiva: os parasitos se tornaram capazes de produ-
zirem grandes quantidades de ovos, cistos ou outras formas infectan-
tes das doenças. Dessa forma, conseguindo perpetuar a espécie mais
facilmente.
c. Tropismos: os tropismos facilitaram a propagação, reprodução ou so-
brevivência de algumas espécies de parasitos.
d. Capacidade de resistência à agressão do hospedeiro: conseguiram ad-
quirir a capacidade de resistir à ação de anticorpos ou de macrófagos
e, a capacidade de induzir uma imunossupressão no hospedeiro.
15
PARASITOLOGIA
Um dos tropismos mais importantes é o
geotropismo (conhecido também como
gravitropismo). O geotropismo é positivo quando
o crescimento está a favor da gravidade. O
geotropismo é negativo quando o crescimento se
dá no sentido contrário da gravidade. (quando se
abrigare na terra, - é positivo, e quando se abrigare
acima da superfície da terra,é geotropismo
negativo).
1.1.3 CICLOS EVOLUTIVOS
Na Parasitologia, os ciclos evolutivos estão relacionados à evolução dos seres
vivos e suas fases. Estes, por sua vez, são considerados fenômenos em que, na
maioria das vezes, as fases que são diferentes morfologicamente, podem se
repetir de maneira cíclica. Dessa forma, surge o conceito de geração. As do-
enças podem ser classificadas de acordo com os ciclos evolutivos dos agen-
tes, desde o mais simples aos mais complexos (NEVES, 2005).
FIGURA 3 – CICLO EVOLUTIVO
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa o ciclo evolutivo de uma borboleta, que são quatro
estágios: ovo, larva (lagarta), pupa e adulto (imago).
16
PARASITOLOGIA
O ciclo de vida (estágios) de um parasita pode ser monoxênico ou heteroxê-
nico, como visto anteriormente. Quando nos reportamos ao estágio de um
parasita, nos referimos às formas de transição que ocorre para que o ciclo
biológico de um helminto ou artrópode seja completo. Por exemplo, temos
a transição de um helminto imaturo para um que já está na última fase de
estágio. Outro exemplo bem típico é a metamorfose de borboletas. Antes de
se tornar uma borboleta, ela passa pelos estágios de ovo, larva e pupa.
Como dito no parágrafo anterior, existem dois tipos de ciclos bem caracterís-
ticos (monoxênico e heteroxênico). No ciclo monoxênico, isto quer dizer, nos
parasitas que possuem apenas um hospedeiro, a fase inicial é a dos ovos ou
larvas. Os mesmos podem estar alojados em alimentos e água, ou seja, luga-
res de fácil interação com o hospedeiro. Na fase seguinte (sintomatológica),
já dentro do organismo do hospedeiro, os parasitas se desenvolvem e se re-
produzem.
Além disso, outro local onde encontramos parasitas é no próprio ambiente.
Às vezes, o próprio hospedeiro elimina os ovos e as larvas desse parasita no
ambiente. Vejam que é um ciclo parasita-hospedeiro-ambiente (COELHO;
CARVALHO, 2005).
FIGURA 4 – OS PARASITAS PODEM ESTAR ALOJADOS EM ALIMENTOS E ÁGUA
Fonte: Plataforma Pixabay (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de água.
17
PARASITOLOGIA
Já no ciclo heteroxênico, ou seja, quando o parasita se aloja no hospedeiro in-
termediário, temos um ciclo diferente do monoxênico. O parasita ficará aloja-
do em seu hospedeiro intermediário até completar a fase adulta. A partir des-
se momento, o parasita já em fase adulta passa a se propagar no hospedeiro
definitivo. Essa transmissão é realizada através do transporte do parasita pelo
vetor, por exemplo. (COELHO; CARVALHO, 2005).
Assistam o vídeo sobre o ciclo evolutivo da Doenças
de Chagas, que será estudada mais adiante
e é causada por um protozoário denominado
Trypanosoma cruzi. Link: https://www.youtube.
c o m /wa tc h? v = J g E I 0 u t L- 6 E & t = 1 2 0 s & a b_
channel=Portaldoen%C3%A7adeChagas.
Mais adiante estudaremos as doenças de importância médica causadas por
protozoários, helmintos e artrópodes. Uma dessas doenças é a Leishmaniose,
que é causada por um protozoário. Vejamos a seguir (Quadro 1) o ciclo evo-
lutivo (biológico) da Leishmaniose Tegumentar Americana. A Leishmaniose
Tegumentar é uma doença infecciosa, não contagiosa e que acomete pele e
mucosas. Atualmente se conhece 11 espécies de Leishmania causadoras de
doença humana e 8 espécies causadoras de doenças em animais.
QUADRO 1 – CICLO BIOLÓGICO DA LEISHMANIA NO HOSPEDEIRO VERTEBRADO E IN-
VERTEBRADO
Ciclo da Leishmania
1 Existem duas formas evolutivas de parasitas do gênero Leishmania, o
promastigota e o amastigota. Promastigota vive no hospedeiro invertebrado
ou intermediário e amastigota vive no hospedeiro vertebrado ou definido.
2 O vetor inocula o estágio promastigota na pele do indivíduo vertebrado.
3 Os promastigotas inoculados são fagocitados por macrófagos.
4 Os promastigotas se transformam em amastigotas nos macrófagos.
18
PARASITOLOGIA
5 Ocorre multiplicação dos amastigotas nos macrófagos.
6 Flebotomíneos ingerem os macrófagos com amastigotas durante o repasto
sanguíneo.
7 Os macrófagos se rompem liberando os amastigotas.
8 Amastigotas se transformam em promastigotas no estômago.
9 Divisão no estômago e migração para probóscide.
Fonte: Adaptado de Guia de Vigilância em Saúde (2014, p. 488).
#PraTodosVerem: a imagem representa um quadro com o ciclo da Leishmania.
1.2 ASPECTOS PATOLÓGICOS
1.2.1 PATOGENIA
A patogenia, ou patogênese, refere-se ao mecanismo com que um agente
infeccioso provoca lesões no hospedeiro. Portanto, a sua finalidade é apontar
os acontecimentos que podem se desencadear a partir da ação de um fator
etiológico. A patogenia explica como essas ações levam à manifestação da
doença (FERREIRA, 2020).
FIGURA 5 – DOR NO PULSO
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa uma pessoa segurando uma mão no pulso da
outra mão, sinalizando a dor ou uma lesão, podendo ter sido causada por um agente
infeccioso (patogenia).
19
PARASITOLOGIA
Vale ressaltar que a patogenia não estuda somente o desenvolvimento das
doenças, mas também, as suas origens. A patogenia consegue descrever
quando os agentes etiológicos (causadores de doenças) agridem o organis-
mo do hospedeiro e como o sistema natural do organismo do hospedeiro
reage mediante à ação do parasito.
Esse processo de patogenia envolve três elementos, sendo eles: o agente pa-
togênico ou etiológico; o meio por onde o hospedeiro foi infectado pelo para-
sito (por exemplo, lesão na pele); a reação do organismo do hospedeiro (imu-
nidade) quando foi infectado pelo parasito.
Patogenicidade é a capacidade de produzir
a doença, ou seja, de ser patogênico. Na ação
patogênica, um agente infeccioso pode provocar
lesões características da doença; é a capacidade
potencial de produzir doença. É a habilidade de
um agente infeccioso provocar lesões.
Enfim, o reconhecimento do hospedeiro pelo parasito pode ser facilitado ou
promovido por fatores como o meio, a densidade populacional (tanto de hos-
pedeiros quanto de parasitos) e o tropismo, que podem aumentar a probabi-
lidade do encontro entre as espécies (FERREIRA, 2020).
20
PARASITOLOGIA
FIGURA 6 – O MEIO E A PATOGENICIDADE
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa crianças brincando em local insalubre, com muito
lixo e sujeira. Esse local, também é um meio de proliferação de agentes patogênicos.
Nesse meio, as crianças podem ser hospedeiras e, consequentemente, o processo de
desenvolvimento de doenças é facilitado.
Como visto, a patogenicidade dos parasitos é bastante variável e dependente
de vários fatores. (FERREIRA, 2020).
Patogenia da Ascaridíase
É uma doença causada por um helminto. Na patogenia da ascaridíase
temos a fase pulmonar, quando as larvas passam pelos pulmões
podendo causar febre baixa, falta de ar e tosse; e a fase intestinal.
Patogenia da Doença de Chagas
É uma doença causada por um protozoário. Possui duas fases (aguda
e crônica) e distintos graus de patologias associadas à replicação e
infecção celular pelo parasito.
É importante destacar que cada doença tem a sua própria patogenia. A do-
ença de Chagas, a Leishmaniose, a ascaridíase, a filariose e a sarna, só para
citar alguns exemplos, são doenças que se desencadeiam por diferentes mo-
tivos, os quais podem ser estudados segundo a sua patogenia e os agentes
patogênicos. Tais agentes podem ser, neste caso, protozoários, helmintos e
artrópodes.
21
PARASITOLOGIA
FIGURA 7 – AGENTES PATOGÊNICOS
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa uma pessoa mexendo em um lixão, sem
equipamentos adequados de proteção individual. Nesses ambientes, existem agentes
patogênicos, como protozoários, bactérias e fungos. Estes podem causar doenças.
1.2.2 ESTABELECIMENTO DA INFECÇÃO
Para sabermos como funciona o estabelecimento de uma infecção, precisa-
mos, antes de tudo, saber o que significa infecção. A infecção nada mais é do
que a penetração ou multiplicação e desenvolvimento, de um agente infec-
cioso dentro do organismo de humanos ou animais (NEVES, 2009).
A infecção pode ser inaparente em alguns casos, mas o que seria isso? É a
presença de infecção em um hospedeiro. Mas, nesse tipo de infecção, não
existe o aparecimento dos sinais e sintomas. A doença segue o seu curso de
forma assintomática, mais discreta (NEVES, 2009).
Dica de leitura: DE ANDRADE, Elisabeth Campos
et al. Parasitoses intestinais: uma revisão sobre
seus aspectos sociais, epidemiológicos, clínicos
e terapêuticos. Revista de APS, v. 13, n. 2, 2010.
Disponível em: < https://periodicos.ufjf.br/index.
php/aps/article/view/14508/7809>.
22
PARASITOLOGIA
Para que a infecção seja estabelecida necessita-se de uma fonte de infecção.
A fonte de infecção pode ser uma pessoa ou substância da qual um agente
etiológico passa de forma direta para um hospedeiro. Exemplos de fontes de
infecção são: mosquito infectante na malária; carne com cisticercos na tenía-
se (REY, 2009).
FIGURA 8 – FONTE DE INFECÇÃO: SER HUMANO
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa uma mulher deitada com a mão na cabeça e
assoando o nariz. Ao lado dela tem um copo com água e comprimidos. O ser humano é
uma fonte de infecção.
O estabelecimento da infecção parasitária pode passar por estádio, que se re-
fere à fase intermediária ou ao intervalo entre duas mudas da larva de um ar-
trópode ou helminto. Além disso, existe o estágio, que é a forma de transição
de um artrópode ou helminto para completar o ciclo biológico. Por exemplo,
estágio de ovo, larva ou pupa (FERREIRA, 2020).
Após passar por estágios ou estádios (a depender do parasito e da infecção
que ele está estabelecendo) temos as fases da infecção, que pode ser aguda
ou crônica. A fase aguda é o período após a infecção em que os sintomas clí-
nicos são mais marcantes, pois há uma resposta das células de defesa do or-
ganismo do hospedeiro. É um período de definição. Nela, o indivíduo se cura,
entra na fase crônica ou morre. A fase crônica é a que se segue a fase aguda
(FERREIRA, 2020).
23
PARASITOLOGIA
FIGURA 9 – CÉLULAS DE DEFESA
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa um homem com células de defesa na
mão, indicando que na fase aguda das doenças elas são ativadas afim de evitar o
desenvolvimento da infecção.
A fase crônica é marcada pela redução dos sintomas e passa a existir um equi-
líbrio entre o hospedeiro e o parasito. O número de parasitos, na fase crônica,
mantém-se constante. Vale lembrar que este equilíbrio pode ser rompido em
favor de ambos os lados, tanto dos hospedeiros quanto dos parasitos (FER-
REIRA, 2020).
1.2.3 SOBREVIVÊNCIA NOS HOSPEDEIROS
À priori e de forma individual, todos os seres vivos seguem um ciclo evolutivo,
sendo ele: nascer, comer, crescer, reproduzir, envelhecer e morrer. Para que
isso seja possível, necessitamos nos adaptar ao ambiente em que vivemos
para que possamos sobreviver. Por exemplo, como seres humanos, precisa-
mos ter acesso à alimentação adequada, moradia, saúde e educação. Isso é
viver em sociedade e faz parte da sobrevivência. Quando nos reportamos às
outras espécies não é diferente, eles também precisam criar um ambiente
harmônico para sobreviverem. Caso contrário, haverá um desequilíbrio na in-
teração entre os mesmos. Essas interações podem ser, portanto, harmônicas
ou desarmônicas. (FERREIRA, 2020).
24
PARASITOLOGIA
Harmônicas
Nessas relações ecológicas, existe um benefício para ambas as
espécies envolvidas. Se existe benefício, não existe prejuízo.
Desarmônicas
Nessas relações ecológicas, pelo menos uma das espécies envolvidas
terá prejuízo na interação. Como exemplo temos a competição, que
ocorre quando as espécies passam a disputar coisas em comum,
como alimentos e parceiros.
Na atualidade, parasitas são organismos que vivem
na interação com os demais organismos. Para que
isso ocorre? Isso ocorre para que haja sobrevivência,
por exemplo, um parasito se beneficia obtendo
parcialmente ou completamente nutrientes dos
hospedeiros.
FIGURA 10 – CONTAMINAÇÃO
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa tomate, uma lupa e micro-organismos sendo vistos
no tomate através da lupa. Os micro-organismos sobrevivem no meio nutrindo-se de
substâncias encontradas no seu hospedeiro.
25
PARASITOLOGIA
Os principais tipos de parasitismos que ocorrem entre os seres vivos são:
Acidental
Nesse tipo de parasitismo, o parasito se em um hospedeiro diferente
daquele que é esperado.
Errático
Nesse tipo de parasitismo, o parasito está fora do seu ambiente
natural. Ou seja, o próprio nome “errático” diz a condição do parasito.
Obrigatório
Nesse tipo de parasitismo, o parasito é considerado intracelular
obrigatório, ou seja, só é capaz de sobreviver dentro do hospedeiro.
É dentro do hospedeiro que o parasito conseguirá alimento e,
consequentemente, a sobrevivência. Isso ocorre na maioria das
parasitoses que estudaremos.
Proteliano
Esse tipo de parasitismo ocorre em estágios larvares, apenas.
Facultativo: Nesse tipo de parasitismo, os parasitos podem viver na
forma livre (ou seja, no ambiente propício ao seu desenvolvimento)
ou de forma parasitária (dependente de um hospedeiro para a
sobrevivência).
CONCLUSÃO
Caros(as) alunos(as), nesta unidade, pudemos conhecer um pouco sobre a
Parasitologia e seus conceitos. Compreendemos o processo de estabeleci-
mento de uma infecção e como os parasitos conseguem sobreviver nos hos-
pedeiros. Aprendemos sobre os ciclos evolutivos e a morfologia dos parasitos.
Entre os principais elementos, podemos destacar: hospedeiro, parasitos, in-
fecção, patogenia, patogenicidade e fonte de infecção.
26
PARASITOLOGIA
UNIDADE 2
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:
> conhecer as
características biológicas
e morfológicas dos
protozoários.
> identificar as
características dos
principais helmintos
parasitos que infectam o
ser humano.
> compreender a
importância dos
artrópodes na transmissão
e na geração de patologia
no homem.
27
PARASITOLOGIA
2 PRINCIPAIS PARASITOS:
PROTOZOÁRIOS, HELMINTOS E
ARTRÓPODES
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
A vida parasitária, ao contrário do que se pensa, apresenta vantagens evolu-
tivas para o desenvolvimento de seres vivos. Esse sucesso alcançado entre as
diferentes formas de interação de seres vivos se traduz na quantidade de or-
ganismos que exercem este estilo de vida, chegando a um terço de todas as
espécies do planeta. Assim, devemos pensar que cada organismo do planeta,
neste momento, pode estar parasitado por outro organismo. O ser humano
não foge dessa regra.
A nossa espécie pode ser afetada por uma ampla variedade de parasitos, in-
cluindo protozoários , organismos unicelulares que apresentam uma rápida
taxa de reprodução; helmintos , que correspondem aos principais parasitos
humanos, sendo encontrados em todos os continentes afetando, principal-
mente, crianças pequenas; e os artrópodes , os animais mais diversos do pla-
neta que podem se comportar como parasitos diretos do ser humano ou
como vetores biológicos das principais doenças infecciosas que atingem à
humanidade.
2.1 CONCEITOS BÁSICOS RELACIONADOS AOS
PROTOZOÁRIOS
Os protozoários são organismos microscópicos encontrados, principalmente,
como seres de vida livre. No entanto, algumas espécies se adaptaram à vida
parasitária, conseguindo infectar uma ampla variedade de hospedeiros, in-
cluindo o ser humano.
2.1.1 O QUE SÃO PROTOZOÁRIOS?
Os protozoários são organismos unicelulares, heterótrofos e eucarióticos en-
contrados em quase todos os habitats do planeta, principalmente em am-
bientes aquáticos ou terrestres com elevada umidade.
28
PARASITOLOGIA
Heterótrofo são os organismos que não sintetizam
seu próprio alimento, devendo adquirir os
nutrientes a partir do meio externo ou através da
predação de outros seres vivos.
Estes organismos, inicialmente, foram classificados no reino Protista (“primei-
ros seres”), descrito em 1866 pelo naturalista alemão Ernst Haeckel. Curiosa-
mente, compartilham características biológicas com os metazoários, como
a presença de núcleo e outras organelas. Contudo, não podem ser definidos
como organismos simples, pois apresentam uma complexidade biológica e
bioquímica que permite sua sobrevivência nos mais diversos nichos ecológi-
cos (LOURENÇO, 2013).
Cada protozoário precisa ser capaz de cumprir todas as funções fisiológicas
da sua espécie, como nutrição, movimentação e reprodução. Assim, para sua
nutrição, estes organismos apresentam mecanismos diversificados, como a
fagocitose, pinocitose, transporte ativo e passivo. Da mesma forma, diversas
adaptações foram adquiridas para sua locomoção, como a emissão de pseu-
dópodes, a presença de um ou mais flagelos e cílios na superfície da mem-
brana. Na ausência de estas estruturas, alguns protozoários podem se movi-
mentar por deslizamento (NEVES , 2016).
Assista ao vídeo que demonstra o movimento
de desligamento realizado pelo protozoário
Toxoplasma gondii em uma superfície sólida que
ocorre sem mudanças no formato da célula e na
ausência de estruturas de locomoção. https://www.
youtube.com/watch?v=Y5YxpOrUpdQ
29
PARASITOLOGIA
Com relação a sua reprodução, a maioria dos protozoários se multiplica atra-
vés de uma reprodução assexuada, podendo ser realizada por:
• fissão binária simples, na qual são formadas duas células similares à parental;
• esquizogonia, onde uma célula parental divide sucessivamente seu núcleo,
gerando uma célula multinucleada que, posteriormente, dividirá seu
citoplasma em várias células individuais;
• endodiogenia, que corresponde à formação de duas células filhas que se
desenvolvem no interior da célula paternal (REY , 2011)
FIGURA 1 – REPRODUÇÃO DOS PROTOZOÁRIO
Fonte: Elaborada pelo autor (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa o desenho dos tipos de reprodução de
protozoários, assexuada e sexuada.
30
PARASITOLOGIA
Por outro lado, alguns grupos de protozoários podem apresentar, além da
reprodução assexuada, um processo de reprodução sexuada. Para isso, al-
guns destes organismos podem gerar gametas femininos (macrogametas)
e masculinos (microgametas), os quais irão se fusionar para a formação de
um zigoto, processo denominado esporogonia. Da mesma forma, algumas
espécies podem realizar intercambio de material genético em um processo
denominado conjugação (Figura 1).
2.1.2 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E
BIOLÓGICAS
Devido a sua elevada diversidade, muitas espécies apresentam característi-
cas próprias, não encontradas em outros grupos de protozoários. Dessa for-
ma, por muito tempo foi utilizada a classificação baseada no mecanismo de
locomoção para diferenciar as características morfológicas e biológicas dos
protozoários parasitos (Figura 2).
FIGURA 2 – CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DOS PROTOZOÁRIOS: (A) SARCODÍNEOS;
(B) MASTIGÓFOROS; (C) CILIÓFOROS; (D) ESPOROZOÁRIOS
Fonte: Plataforma Wikimedia (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa a foto da classificação morfológica dos
protozoários, incluindo: sarcodíneos; mastigóforos; cilióforos; e esporozoários.
Os sarcodíneos (amebas) se caracterizam por apresentar um formato celular
variável, devido à emissão constante de pseudópodes. Estas projeções ser-
vem para duas funções: direcionamento da movimentação e a captação de
alimento por fagocitose. No seu citoplasma são encontradas duas regiões
31
PARASITOLOGIA
bem definidas denominadas ectoplasma, mais próxima da membrana celu-
lar, e endoplasma, localizado mais internamente na célula, onde são obser-
vadas todas as organelas. O núcleo destas células é esférico, contendo no seu
interior a cromatina associada à membrana nuclear.
As amebas patogênicas apresentam dois
estágios no seu ciclo biológico, os trofozoítos que
correspondem à forma vegetativa, replicando-se por
fissão binária simples, e os cistos, que corresponde
à forma infectante para o ser humano, formado por
uma parede resistente de permeabilidade seletiva
que cobre completamente o protozoário.
Os mastigóforos (flagelados) são um dos grupos de protozoários mais diver-
sos, apresentando somente uma característica em comum: a presença de
um ou mais flagelos na sua superfície. Os flagelados parasitos do ser humano
podem ser encontrados em diversos órgãos e tecidos, como o trato digestivo,
tecido cutâneo, musculatura cardíaca e trato urogenital. Este grupo de proto-
zoários pode ser transmitido de forma direta ou através de vetores biológicos,
correspondentes a artrópodes hematófagos (SIQUEIRA-BATISTA et al., 2020).
Tanto os flagelos presentes nos mastigóforos
quanto os cílios dos cilióforos, encontrados na
membrana de alguns protozoários, precisam estar
associados às mitocôndrias no citoplasma da célula
para, desta forma, ter acesso direto à energia para
sua movimentação.
32
PARASITOLOGIA
Os cilíoforos apresentam na sua superfície dezenas de pequenas projeções
denominadas cílios que, assim como os flagelos, são formados por microtú-
bulos. Estes protozoários apresentam um formato ovoide e mostram na sua
membrana citoplasmática duas invaginações: o citóstoma ou “boca celular”,
encarregado da captação de nutrientes por pinocitose, e o citopígio ou “ânus
celular”. Uma característica singular destes organismos é a presença, no seu
citoplasma, de dois núcleos: o macronúcleo, que participa da transcrição de
genes, e o micronúcleo, utilizado para intercambiar material genético na con-
jugação.
Finalmente, os esporozoários correspondem a um dos grupos mais diversos,
caracterizando-se por serem patógenos intracelulares. Invariavelmente, estes
organismos apresentam formato de gota ou meia lua. Na sua porção ante-
rior, estas células possuem uma série de estruturas (roptrias, grânulos densos,
anéis polares, conóides) que, em conjunto, formam o complexo apical, que
participa do processo de invasão celular, formando o chamado vacúolo pa-
rasitóforo, local onde o patógeno se multiplica por esquizogonia (SIQUEIRA-
-BATISTA, et al., 2020).
O protozoário Toxoplasma gondii, esporozoário
do filo Apicomplexa e agente causador da
toxoplasmose, é o único patógeno que pode
modificar o comportamento do seu hospedeiro
intermediário. Desta forma, roedores infectados
perdem o medo ao seu predador, o gato, facilitando
que o felino devore a carne do roedor. Dessa forma,
a transmissão do protozoário para seu hospedeiro
definitivo é garantida.
33
PARASITOLOGIA
2.1.3 TAXONOMIA
Até o momento, foram descritas mais de 80.000 espécies de protozoários,
entretanto, estima-se que este grupo contenha tantas espécies como as en-
contradas em organismos de outros reinos (GOATER et al., 2014). A sua clas-
sificação taxonômica apresenta uma elevada complexidade por ser um gru-
po polifilético, isto é, não todos os protozoários apresentam um ancestral em
comum. Por este motivo, a taxonomia dos protozoários é constantemente
modificada, sofrendo mais câmbios que qualquer outro grupo.
Na atualidade, ferramentas moleculares permitiram determinar uma clas-
sificação taxonômica baseada nas relações evolutivas, deixando obsoleta a
classificação baseada na comparação de ultraestruturas. Desta forma, a So-
ciedade de Protozoologistas sugere a adoção da classificação descrita por Adl
e colaboradores (2005).
QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DOS PROTOZOÁRIOS DE IN-
TERESSE MÉDICO
Supergrupo Grupo Subgrupo Espécie de
interesse
Amoebozoa Entamoebida - Entamoeba
histolytica
Mastigamoebidae - Endolimax nana
Chromoalveolata Alveolata Apicomplexa Toxoplasma gondii
Plasmodium sp.
Cryptosporidium sp.
Cystoisospora belli
Ciliophora Balantidium coli
Excavata Fornicata Eopharyngia Giardia duodenalis
Parabasalia Trichomonadida Trichomonas
vaginalis
Euglenozoa Kinetoplastea Trypanosoma cruzi
Leshmania sp.
Fonte: Adaptado de Ferreira (2021, p. 3).
34
PARASITOLOGIA
Além da classificação oficial, na literatura são encontradas ainda formas de
agrupamento que facilitam o estudo de protozoários parasitos, como a clas-
sificação baseada no mecanismo de locomoção (SIQUEIRA-BATISTA et al.,
2020). Da mesma forma, outras formas de agrupamento podem ser utiliza-
das para o melhor entendimento deste grupo de organismos.
A classificação baseada no tipo de interação com seu hospedeiro pode dividir
os protozoários em dois grandes grupos:
• Protozoários extracelulares: que inclui os protozoários que conseguem
se reproduzir aderidos à superfície de órgãos e tecidos específicos. Um
exemplo deste grupo é a Giardia duodenalis, protozoário intestinal que se
adere especificamente à parede do duodeno do indivíduo infectado;
• Protozoários intracelulares: que corresponde aos organismos que precisam
invadir uma célula do hospedeiro para se reproduzir. Um exemplo deste
grupo é Toxoplasma gondii que consegue invadir praticamente todas as
células nucleadas do organismo, exceto linfócitos (Figura 3).
FIGURA 3 – INFECÇÃO POR PROTOZOÁRIOS EXTRACELULARES E INTRACELULARES:
(A) TROFOZOÍTOS DE GIARDIA DUODENALIS ADERIDOS NA MUCOSA DO INTESTINO
DELGADO; (B) TAQUIZOÍTOS DE TOXOPLASMA GONDII SE REPRODUZINDO NO
INTERIOR DE UMA CÉLULA DO CÉREBRO DE CAMUNDONGO
Fonte: Plataforma Wikimedia (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa o desenho de exemplos de protozoários
extracelulares e intracelulares, incluindo Trofozoítos de Giardia duodenalis aderidos na
mucosa do intestino delgado e Taquizoítos de Toxoplasma gondii se reproduzindo no
interior de uma célula do cérebro de camundongo.
35
PARASITOLOGIA
Outra forma de classificação corresponde à baseada no órgão ou tecido afe-
tado. Assim, os protozoários podem se classificar em:
Parasitos de mucosas
São os que necessariamente interagem com os açucares da
mucosidade, sendo encontrados, dependendo da espécie, nas
mucosas gastrointestinal, pulmonar e sistema urogenital.
Patogenia da Doença de Chagas
São os parasitos que circulam no sangue de forma sistémica, devendo
ser transmitidos por vetores hematófagos.
Parasitos teciduais
Podem afetar tecidos internos (sistema nervoso central, musculatura
cardíaca etc.) ou externos (pele).
2.2 CONCEITOS BÁSICOS RELACIONADOS AOS
HELMINTOS E AOS ARTRÓPODES
Apesar de serem organismos não relacionados, helmintos e artrópodes apre-
sentam uma característica em comum: são grupos com uma diversidade
impressionante, estimando-se que cada um deles conte com mais de um
milhão de espécies, a grande maioria ainda não descrita.
2.2.1 O QUE SÃO HELMINTOS E ARTRÓPODES?
Os helmintos parasitos, conhecidos popularmente como vermes, são um
grupo diverso de metazoários que se caracterizam por apresentar corpo
alongado e simetria bilateral. Estes organismos foram os primeiros patóge-
nos a serem descritos, sendo os parasitos mais comumente encontrados em
infecções humanas. Nesse sentido, estima-se que um de cada cinco pessoas
no mundo tenham um helminto no trato intestinal (NEVES, 2016).
36
PARASITOLOGIA
Em termos fisiológicos, estes organismos podem apresentar três estágios de
desenvolvimento:
I. o verme adulto, encontrado no seu hospedeiro definitivo apresentando
todas as estruturas para a reprodução sexuada, permitindo a geração
de milhares de estágios infectantes;
II. ovos, são o produto resultante da reprodução sexuada, apresentam
uma elevada resistência ao meio ambiente, sendo, em muitas
espécies, o estágio infectante para o hospedeiro vertebrado;
III. larvas, correspondentes ao estágio juvenil, que apresentam várias
etapas de amadurecimento para formar, finalmente, os estágios
adultos (REY, 2011).
Característica dos helmintos
Esses parasitos possuem a capacidade de gerar infecções crônicas
de longa duração, sendo a maioria destas totalmente assintomáticas,
contudo, dependendo da carga parasitária e do tamanho do verme,
podem gerar doenças debilitantes no hospedeiro.
Por outro lado, os artrópodes são o grupo de seres vivos mais diversificado do
planeta, contando com espécies aquáticas e terrestres. O filo Arthropoda in-
clui organismos invertebrados que possuem apêndices externos com a pre-
sença de articulações (pernas ou patas), além de apresentarem uma camada
externa rígida que permite a proteção do animal contra agressões externas
(PECHENIK, 2016).
37
PARASITOLOGIA
Os artrópodes são um dos grupos de animais mais
antigos do planeta, o qual surgiu no final do período
Pré-Cambriano, a mais de 550 milhões de anos
atrás. São organismos dinâmicos e abundantes,
com uma enorme distribuição geográfica, sendo
encontrados desde trópicos às regiões polares,
incluindo as fossas abissais marinhas e alturas
extremas nas cordilheiras.
Os artrópodes apresentam simetria bilateral, apresentando sistemas orgâni-
cos bem definidos (respiratório, nervoso, digestivo, reprodutor), além do cor-
po segmentado. Estes organismos participam de todos os níveis tróficos, in-
cluindo espécies que se adaptaram à vida parasitária. Da mesma forma, estes
animais podem servir como alimento para uma grande variedade de orga-
nismos, participando também na polinização de plantas e na produção de
substâncias que podem ser utilizadas pelo ser humano (fármacos, seda, mel,
etc.). No entanto, também podem competir com o ser humano na procura
de alimento (pragas) e participar como causadores diretos de patologias ou
como vetores biológicos de agentes infecciosos (NEVES, 2016).
2.2.2 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
E BIOLÓGICAS DOS HELMINTOS E DOS
ARTRÓPODES
Morfologicamente, os helmintos parasitos podem ser divididos em dois gran-
des grupos: vermes com o corpo cilíndrico, denominados nematelmintos, e
vermes com corpo achatado ou platelmintos (Figura 4).
38
PARASITOLOGIA
FIGURA 4 – CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DOS HELMINTOS: (A) CORPO CILÍNDRICO
DE UM NEMATÓDEO DE VIDA LIVRE; (B) FORMATO DE FOLHA DE UM PLATELMINTO
TREMATÓDEO (FASCIOLA HEPATICA); (C) CORPO SEGMENTADO DE UM PLATELMINTO
CESTOIDE (ECHINOCOCCUS GRANULOSUS)
Fonte: Plataforma Wikimedia (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa a foto da classificação morfológica dos helmintos
parasitos, incluindo de nematódeo, de platelminto trematódeo e de platelminto cestoide.
O corpo dos nematelmintos pode ser definido como um cilindro interno
(tubo digestivo), coberto por um cilindro externo (cutícula). Estes organismos
apresentam tubo digestivo completo, composto por uma boca, esófago mus-
culoso, trato intestinal composto por um epitélio colunar simples e um ânus
localizado na porção lateral (FERREIRA, 2021).
Após a eclosão dos ovos, os estágios larvários dos
nematelmintos passam por uma série de etapas
de amadurecimento, nas quais os estágios juvenis
precisam se desprender da sua cutícula externa
(ecdise), processo denominado muda, para
continuar o crescimento até o estágio adulto. Nos
nematelmintos são observados quatro estágios
de desenvolvimento larvário, denominados larvas
L1 (primeiro estágio) até larva L4 (larva de quarto
estágio).
39
PARASITOLOGIA
Por outro lado, os platelmintos não apresentam cavidades no seu corpo, sen-
do preenchido por parênquima. Estes parasitos podem ser divididos em dois
grupos:
• Trematódeos: apresentam formato de folha na qual pode ser observado, na
sua parte anterior, um par de ventosas: a ventosa oral e a ventosa ventral ou
acetábulo. Na região interna, estes vermes apresentam um tubo digestivo
incompleto, formado pela boca, esófago, trato digestivo, mas sem a presença
de ânus.
• Cestódeos: apresentam corpo alongado e nitidamente segmentado. Estes
vermes podem ser de pequeno ou grande porte, podendo atingir metros
de comprimento. Seu corpo está dividido em três regiões: escólice, colo ou
pescoço e estróbilo, que correspondente ao corpo do parasito dividido em
segmentos denominados proglotes.
Cutícula dos platelmintos
Corresponde à camada externa do verme, apresentando função
metabólica importante pela absorção de nutrientes e oxigênio para
o verme. Muitas drogas anti-helmínticas têm como sitio de ação as
bombas de transporte presentes nesta cutícula.
Por outro lado, os artrópodes de importância médica pertencem a duas clas-
ses: classe Insecta e classe Arachnida. Apesar da sua elevada diversidade, am-
bas as classes apresentam membros que participam causando danos diretos
ao ser humano, se comportando como ectoparasitos (piolhos, ácaros, pulgas,
carrapatos) e membros que participam indiretamente na geração de doen-
ça, atuando como vetores biológicos de agentes infeciosos (mosquitos, flebo-
tomíneos, triatomíneos), (Figura 5).
40
PARASITOLOGIA
FIGURA 5 – CARACTERÍSTICAS DOS ARTRÓPODES DE IMPORTÂNCIA MÉDICA: (A)
CLASSE INSECTA (ANOPHELES SP.); (B) CLASSE ARACHNIDA (SARCOPTES SCABIEI).
Fonte: Plataforma Wikimedia (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa a foto de artrópodes de importância médica,
incluindo a classe insecta e a classe arachnida.
Baseado no tipo de desenvolvimento que realizam os artrópodes, estes orga-
nismos podem ser classificados em:
• Holometábolos: que correspondem aos organismos que apresentam uma
metamorfose completa (ovo, larva, pupa e individuo adulto ou imago);
• Hemimetábolos: correspondente aos organismos que apresentam uma
metamorfose incompleta, tendo vários estágios de ninfas (Figura 6).
FIGURA 6 – ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DE INSETOS HOLOMETÁBOLOS (AEDES
ALBOPICTUS) E HEMIMETÁBOLOS
Fonte: Plataforma Wikimedia (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa o desenho e a foto dos tipos de desenvolvimento
metabólico de artrópodes, com as fases: ovos, larva, pupa e imago; e ninfas e imago.
41
PARASITOLOGIA
Os artrópodes da classe Insecta são os seres vivos mais abundantes do pla-
neta e caracterizam-se por apresentar o corpo dividido em três segmentos:
cabeça, tórax e abdome, além da presença de três pares de patas. Por ou-
tro lado, os artrópodes da classe Arachnida, apresentam o corpo dividido em
dois segmentos: cefalotórax e abdômen, mostrando quatro pares de patas
e a presença de quilíceras e pedipalpos, estruturas móveis utilizadas para a
alimentação e a cópula.
2.2.3 TAXONOMIA
Os helmintos apresentam uma elevada diversidade, estimando-se que a filo
Nematoda inclua mais de um milhão de espécies. A primeira forma de clas-
sificação dos helmintos foi baseada na sua morfologia e, a diferença dos pro-
tozoários, este tipo de classificação acompanhou os estudos moleculares que
agrupou estes organismos pelas suas características evolutivas (Quadro 2).
QUADRO 2 – CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DOS PRINCIPAIS HELMINTOS
QUE INFECTAM O SER HUMANO
Filo Classe Ordem Família Gênero
Platyhelminthes Trematoda Strigeidida Schistosomatidae Schistosoma
Plagiorchiida Fasciolidae Fasciola
Cestoda Cyclophyllidea Taeniidae Taenia
Echinococcus
Hymenolepididae Hymenolepis
Nematoda Chromadorea Rhabditida Ascarididae Ascaris
Strongyloididae Strongyloides
Onchocercidae Wuchereria
Onchocercidae Onchocerca
Ascarididae Lagochilascaris
Toxocaridae Toxocara
Strongylida Ancylostomatidae Ancylostoma
Necator
Angiostrongylidae Angiostrongylus
Enoplea Trichinellida Trichuridae Trichuris
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
42
PARASITOLOGIA
Devido a sua elevada diversidade, os helmintos do filo Nematoda são os mais
importantes causadores de infecção nos seres humanos, principalmente os
denominados geohelmintos. Este tipo de helmintos realiza seu processo de
amadurecimento larvário no solo, antes de infectar um novo hospedeiro (SI-
QUEIRA-BATISTA, 2020).
Na atualidade, não existe uma classificação taxonômica que aborde exclusi-
vamente os artrópodes de importância medica. No entanto, a grande maio-
ria deles pode ser agrupada nas classes Insecta e Arachnida (Quadro 3).
QUADRO 3 – CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DOS PRINCIPAIS ARTRÓPO-
DES DE IMPORTÂNCIA MEDICA
Classe Ordem Família Subfamília Gênero
Insecta Hemiptera Reduviide Triatominae Triatoma
Cimicidae Cimex
Diptera Muscidae Muscinae Musca
Culicidae Anophelinae Anopheles
Culicinae Culex
Psychodidae Phlebotominae Lutzomyia
Siphonaptera Pulicidae Pulicinae Pulex
Phthiraptera Pediculidae Pediculus
Blattaria Blattidae Periplaneta
Arachnida Acaridida Sarcoptidae Sarcoptinae Sarcoptes
Ixodidae Ixodes
Araneae Sicariidae Loxosceles
Theridiidae Latrodectus
Scorpiones Buthidae Tityus
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
Nessa classificação, devem ser destacados os gêneros que atuam como para-
sitos de seres humanos, como o Sarcoptes sp., agente causador da escabiose
(sarna) e Pediculus sp. (piolho). Também podem ser destacados os artrópo-
des que temporariamente podem afetar o ser humano, principalmente se
alimentando de sangue, como o gênero Pulex sp. (pulgas) e Ixodes sp. (carra-
patos). Outro grupo incluído são os artrópodes que podem causar acidentes
na sua interação com o ser humano, como os gêneros Loxosceles sp. e Latro-
43
PARASITOLOGIA
dectus sp., correspondentes à aranha-marrão e a viúva negra, respectivamen-
te, além do gênero Tityus (escorpião amarelo).
O grupo mais importante se encontra na classe Insecta, correspondente aos
vetores biológicos de várias parasitoses, como o gênero Triatoma sp., trans-
missão da doença de Chagas, o gênero Anopheles sp., mosquitos transmisso-
res da malária e Lutzomyia sp., transmissor da leishmaniose.
CONCLUSÃO
Nesta unidade você aprendeu sobre os protozoários, suas características bio-
lógicas e morfológicas, assim como a classificação taxonômica das principais
espécies que afetam o ser humano. Também, conseguiu conhecer as carac-
terísticas gerais de helmintos e artrópodes, os grupos mais diversos do reino
Animalia, sua biologia e classificação das espécies de importância médica.
44
PARASITOLOGIA
UNIDADE 3
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:
> identificar os principais
métodos diagnósticos
das doenças causadas por
protozoários.
> compreender os
principais métodos
diagnósticos das doenças
causadas por helmintos e
artrópodes.
45
PARASITOLOGIA
3 DIAGNÓSTICOS DAS DOENÇAS
CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS,
HELMINTOS E ARTRÓPODES
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, abordaremos os métodos diagnósticos das doenças causadas
por protozoários, helmintos e artrópodes. Dessa forma, veremos os diagnósti-
cos parasitológicos, os diagnósticos moleculares e os diagnósticos imunológi-
cos para a identificação das principais doenças causadas por esses parasitos.
Os diagnósticos parasitológicos tem como finalidade identificar os parasitas
intestinais que causam doenças, como a Amebíase. Para que seja possível
a realização dos exames parasitológicos, alguns critérios devem ser levados
em conta. Por exemplo, os achados morfológicos. Os exames parasitológicos
conseguem verificar a presença de vermes adultos no intestino dos seres hu-
manos.
Os diagnósticos moleculares são os testes baseados na Biologia Molecular.
A Biologia Molecular visa estudar os processos do ácido desoxirribonucleico
(DNA), como a transcrição, a replicação e a tradução. Assim, podemos contar
com a Biologia Molecular para o diagnóstico de doenças, como a Leishmanio-
se (causada por protozoário).
Os diagnósticos imunológicos são muito importantes, porém, de alto custo.
Não é todo local que oferta esse tipo de diagnóstico. Eles conseguem detec-
tar a presença de anticorpos contra os parasitas, como os protozoários. Além
dessa função, os testes imunológicos detectam os antígenos desses parasitas.
Os testes imunológicos pela técnica ELISA (Enzyme Linked Immuno Sorbent
Assay), por exemplo, são específicos para identificar giardíase (doença causa-
da por protozoário).
46
PARASITOLOGIA
3.1 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS DOENÇAS
CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS
3.1.1 MÉTODOS PARASITOLÓGICOS
As doenças causadas por protozoários e que serão estudadas por nós serão:
Doença de Chagas, Leishmanioses cutâneas e viscerais, Malária, Toxoplasmo-
se, parasitoses intestinais (Amebíase e Giardíase) e parasitose transmitida se-
xualmente (Tricomoníase). Os diagnósticos de cada uma delas estão descritos
abaixo (ZEIBIG, 2014):
FIGURA 1 – MÉTODO PARASITOLÓGICO
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa a foto de uma mão segurando uma lâmina com
células de parasitas, uma forma de diagnóstico de doenças causadas por protozoários.
a. Diagnóstico parasitológico da Doença de Chagas: a doença de Cha-
gas possui duas fases, a aguda e a crônica. Os testes diagnósticos são
diferentes em cada uma das fases. Apenas na fase aguda da doença
conseguimos identificar o parasita através de métodos parasitológicos
direto (exames laboratoriais de sangue). Na fase crônica, este método
diagnóstico é pouco confiável.
b. Diagnóstico parasitológico Leishmanioses: os principais métodos
diagnósticos são a pesquisa do parasito (exame parasitológico direto
e indireto). Como visto, temos estudado dois tipos de Leishmaniose, a
cutânea (tegumentar americana) e a visceral. Os métodos diagnósti-
cos parasitológico da Leishmaniose cutânea baseiam-se na biópsia de
47
PARASITOLOGIA
parte da lesão ulcerosa e na identificação do parasita em esfregaços de
lâminas contendo substâncias específicas. Na Leishmaniose visceral o
método diagnóstico parasitológico mais eficaz é a observação direta
do parasito, por meio de materiais retirados da medula óssea, fígado,
baço e linfonodos. Para que essa observação seja possível, são utiliza-
das lâminas de vidro.
c. Diagnóstico parasitológico Malária: o diagnóstico parasitológico da ma-
lária é feito por meio de preparações coradas de sangue por esfregaços
ou gotas espessas para a pesquisa do protozoário ao microscópio ele-
trônico. Na figura 2 podemos observar a conduta que os profissionais
de saúde devem ter ao realizarem o exame de gota espessa.
FIGURA 2 – ALGORITMO DE DECISÃO APÓS REALIZAÇÃO DA GOTA ESPESSA
Fonte: Brasil (2018, p. 538).
#ParaTodosVerem: a imagem representa um fluxograma com o algoritmo de decisão
após realização da gota espessa, com os campos: resultado positivo para malária, com
tratamento imediato e assistência ao paciente e controle de cura após o tratamento;
resultado positivo para outros hemoparasitos, encaminhar para atendimento e notificar
a vigilância da doença em questão; e resultado negativo, investigar outras causas e, se
persistirem os sintomas, repetir gota espessa após 24 horas ou 48 horas.
d. Diagnóstico parasitológico Toxoplasmose: os parasitas devem ser isola-
dos em cultura de células retiradas por meio de biópsia.
e. Diagnóstico parasitológico das parasitoses intestinais: o diagnóstico da
Giardíase e da Amebíase é feito pelo exame de fezes formadas utilizan-
do técnicas específicas, como o Método de Faust.
f. Diagnóstico parasitológico Tricomoníase: é coletado um material
quem posteriormente, será examinado em preparações coradas ou a
fresco.
48
PARASITOLOGIA
Diagnóstico Tricomoníase em homens
o Por meio de material coletado da região uretral. O homem deverá
coletar o material na primeira urina do dia. Além deste exame, são
possíveis também: coleta de esperma e a utilização do swab.
Diagnóstico tricomoníase em mulheres
o Por meio do exame Papanicolau (preventivo) ou da coleta de
secreção vaginal feita com swabs (sempre antes da higiene íntima
da parte da manhã).
3.1.2 MÉTODOS MOLECULARES
Os métodos diagnósticos moleculares, por terem alto custo, empregam tec-
nologias bem avançadas, isso permite que sejam mais confiáveis para o diag-
nóstico de doenças causadas por protozoários. As tecnologias empregadas
podem ser uma simples reação em cadeia da polimerase (PCR) ou o sequen-
ciamento de nova geração (NGS) (mais avançado) (FERREIRA, 2020).
Diferentemente dos métodos parasitológicos realizados por meio de amos-
tras clínicas de sangue, os diagnósticos moleculares não precisam de jejum
do paciente para serem feitos. Além disso, uma pequena amostra do sangue
ou outro material já é o suficiente para a realização dos testes (FERREIRA,
2020).
FIGURA 3 – MÉTODO MOLECULAR
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa a foto de um homem em um laboratório
manipulando uma amostra molecular em cima de uma bancada com vários
equipamentos utilizados em laboratórios.
49
PARASITOLOGIA
a. Diagnóstico molecular da Doença de Chagas: os testes moleculares
são a PCR e o Western Blot (WB). O WB é um teste de imunodetecção
de proteínas.
b. Diagnóstico molecular Leishmanioses: Por meio da detecção de DNA
de Leishmania, a técnica empregada é a PCR.
c. Diagnóstico molecular Malária: Por meio da técnica de PCR. A PCR,
no caso da malária, permite a detecção e a identificação das espécies
de plasmódio. Isso ocorre, porque é considerado um teste com maior
sensibilidade e especificidade.
A Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), abriga
o Laboratório de Referência Nacional para
o Diagnóstico Molecular de Leishmanioses
(LRNDML). Este laboratório é responsável por
receber as amostras clínicas que tem suspeita de
leishmaniose das regiões do Sul, do Sudeste e do
Centro-Oeste do Brasil.
d. Diagnóstico molecular Toxoplasmose: ocorre por meio das técnicas
moleculares da PCR e do WB. Apesar de serem testes poucos empre-
gados no Brasil, eles permitem uma melhor interpretação do estado
real da interação parasito-hospedeiro.
f. Diagnóstico molecular das parasitoses intestinais: o diagnóstico da
Giardíase e da Amebíase é realizado por meio da técnica de PCR.
g. Diagnóstico molecular Tricomoníase: Por meio da técnica de PCR,
que permite pesquisar o DNA do agente etiológico da Tricomoníase,
o Tricomonas vaginalis . Porém, a cultura de material coletado tanto
em amostras de secreção vaginal, como em urinas masculinas é, atual-
mente, a melhor opção diagnóstica para a pesquisa do parasita.
50
PARASITOLOGIA
3.1.3 MÉTODOS IMUNOLÓGICOS
Ao lado da Biologia Molecular, os métodos imunológicos utilizados para o
diagnóstico de doenças, como as causadas por protozoários, são considera-
dos os que têm mais avançado na última década. O teste imunológico mais
empregado para o diagnóstico de certas doenças é o Enzyme-Linked Im-
munosorbent Assay (ELISA). Este teste utiliza anticorpos e antígenos, que
são marcados com fluorescência (imunofluorescência) (SIQUEIRA-BATISTA,
2020).
Vale ressaltar que os testes imunológicos são de
extrema importância no quesito diagnóstico e
podem ser utilizados tanto para doenças que
acometem de forma direta o sistema imunológico,
quanto para as doenças que não acometem o
sistema imunológico do paciente (SIQUEIRA-
BATISTA, 2020).
FIGURA 4 – MÉTODO IMUNOLÓGICO
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa o desenho de uma célula cromada vista de
um microscópio. No diagnóstico imunológico, conseguimos diferenciar essas células e
identificar a doença.
51
PARASITOLOGIA
a. Diagnóstico imunológico da Doença de Chagas: Por meio da coleta de
soro, o exame detecta a presença de anticorpos e antígenos. Neste
caso, o teste é utilizado para a detecção do agente eiológico Trypanos-
soma cruzi apenas na fase crônica da doença.
Antígeno (Ag)
Quaisquer substâncias que o organismo consegue identificar como
“estranha”. Tais substâncias tem a capacidade de induzir a produção
de anticorpos por meio do sistema imunológico.
Anticorpo (Ac)
São proteínas, também chamados imunoglobulina (lg). Os anticorpos
são produzidos pelo sistema imunológico quando querem responder
à ação de um antígeno. Para isso, os anticospos se ligam aos
antígenos por meio de ligações específicas.
b. Diagnóstico imunológico Leishmanioses: Por meio do teste diagnós-
tico ELISA ou por meio de ensaios de imunofluorescência indireta. O
teste “padrão ouro” é o teste cutâneo de Montenegro. Eles conseguem
avaliar a resposta de células do sistema imunológico e a presença de
anticorpos anti-Leishmania. Os exames laboratoriais de sangue tam-
bém são utilizados, em menor frequência.
c. Diagnóstico imunológico Malária: Por meio da técnica ELISA ou por
meio da imunofluorescência. Os testes imunológicos são baseados
na interação entre os antígenos do parasita que estão presentes (em
casos positivos da doença), no soro dos pacientes. Nos testes são en-
contrados anticorpos produzidos pelo sistema imunológico contra os
parasitas.
d. Diagnóstico imunológico Toxoplasmose: Por meio realizado de exames
sorológicos como a RIFI (Reação de Imunofluorescência Indireta) e o
ELISA para pesquisa de anticorpos antitoxoplasma no soro do pacien-
te. A interpretação da cinética das imunoglobulinas em gestantes e em
casos congênitos estão descritos no Quadro 1.
52
PARASITOLOGIA
QUADRO 1 – CINÉTICA DAS IMUNOGLOBULINAS PARA DIAGNÓSTICO DA
TOXOPLASMOSE GESTACIONAL E DA TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
Tipo Viragem sorológica Características
IgM – positiva cinco a 14 IgM – pode permanecer 18
dias após infecção meses ou mais. Não deve
ser usado como único
marcador de infecção
aguda
IgA – positiva após 14 dias IgA – detectável em
da infecção cerca de 80% dos casos
de toxoplasmose e
permanece reagente
entre três e seis meses,
apoiando o diagnóstico
da infecção aguda
GESTACIONAL
IgG – aparece entre IgG – declina entre
sete e 14 dias; seu pico cinco e seis meses,
máximo ocorre em podendo permanecer
aproximadamente dois em títulos baixos por
meses após a infecção toda a vida. A presença
da IgG indica qua a
infecção ocorreu.
IgM ou IgA maternos não IgM ou IgA – a presença
atravessam a carreira confirma o caso, mas a
CONGÊNITA transpacentária ausência não descarta.
IgA – útil para identificar
infecções congênitas
IgG materno atravessa a IgG – deve-se
barreira transplacentária acompanhar a evolução
dos títulos de IgG no
primeiro ano de vida
Fonte: Brasil (2020, p. 10).
53
PARASITOLOGIA
e. Diagnóstico imunológico das parasitoses intestinais: não são realizados
testes imunológicos para o diagnóstico de parasitoses intestinas, como
a Amebíase e a Giardíase.
f. Diagnóstico imunológico Tricomoníase: não são realizados testes imu-
nológicos para o diagnóstico de tricomoníase.
3.2 DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS CAUSADAS
POR HELMINTOS E ARTRÓPODES
3.2.1 MÉTODOS PARASITOLÓGICOS
As doenças causadas por helmintos que estudaremos ao longo desta dis-
ciplina de Parasitologia são: parasitoses intestinais (Enterobiose, Ascaridíase,
Tricuríase, Ancilostomosse e Teníase), parasitoses linfáticas e teciduais (Fila-
rioses, Esquistossomose e Cisticercose) e parasitoses acidentais e emergen-
tes (Larva Migrans cutânea e visceral). Já as doenças causadas por artrópodes
são: pediculose (piolhos), escabiose (sarna) e miíase (causada por moscas)
(REY, 2009).
FIGURA 5 – ESCABIOSE – DOENÇAS CAUSADA POR ARTRÓPODE
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa a foto de duas mãos com sintomas característicos
da Escabiose, que é uma doença causada por artrópode (ácaro). Os sintomas são:
vermelhidão, bolhas, erupções cutâneas, dentre outros.
54
PARASITOLOGIA
Estudaremos agora como é realizado o diagnóstico dessas doenças, a come-
çar pelo diagnóstico parasitológico dos Helmintos (REY, 2009).
a. Diagnóstico parasitológico das parasitoses intestinais:
• Diagnóstico da Enterobiose: Pode ser feito pelo Método de Graham, pelo
método da fita adesiva ou pelo método da fita gomada. Esses testes permitem
a pesquisa de ovos do parasito ou das fêmeas do parasito na região perianal.
• Diagnóstico da Ascaridíase e da Tricuríase são feitos por meio do exame
parasitológico de fezes para pesquisa de ovos do parasito ao microscópio
eletrônico, por meio do método Hofmann, Pons & Janer (HPJ) ou por meio
do método da sedimentação espontânea.
• Diagnóstico da Ancilostomose: Por meio do método HPJ ou pelo método de
Baermann-Moraes (este, específico para pesquisa de larvas do parasito).
• Diagnóstico da Teníase: Por meio do exame parasitológico de fezes para
pesquisa de segmentos da tênia, que são chamados de proglotes, ou,
pesquisa dos ovos do parasito no hospedeiro. Vale ressaltar que os segmentos
da tênia não podem ter se rompido nas fezes que serão utilizadas para a
realização dos testes, caso contrário, o resultado do teste será negativo. Por
isso, recomenda-se o método da tamização para o diagnóstico de teníase.
Tamização: é um processo onde existe a lavagem do
bolo fecal utilizando peneira. O objetivo é procurar
os segmentos da tênia (proglotes). Este é o teste
mais indicado para o diagnóstico da teníase.
b. Diagnóstico parasitológico das parasitoses linfáticas e teciduais:
• Diagnóstico da Filariose: Por meio da pesquisa de microfilárias no sangue
periférico. Existem alguns testes parasitológicos possíveis de serem realizados,
porém, a técnica disponível mais utilizada é o da gota espessa, como vismo
também no diagnóstico de malária.
• Diagnóstico da Esquistossomose: Por meio do exame parasitológico de
55
PARASITOLOGIA
fezes afim de pesquisar ovos do parasito. Utiliza-se a técnica HPJ ou a técnica
da sedimentação por gravidade para a análise do material coletado (fezes).
• Diagnóstico da Cisticercose e da larva Migrans: não é parasitológico. Veremos
nos próximos tópicos de forma mais aprofundada.
FIGURA 6 – LARVA MIGRANS CUTÂNEA
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa a foto de um pé com sintomas característicos de
Larva Migrans Cutânea, também conhecida como Bicho Geográfico. Na imagem temos
um pé com linhas vermelhas e inchaço.
Estudaremos agora como é realizado o diagnóstico das doenças causadas
por artrópodes:
• Diagnóstico da Escabiose: Por meio da análise das lesões causadas pelo
agente etiológico e por meio de sua localização. O diagnóstico é visual e
pode-se utilizar o microscópio eletrônico para análise.
• Diagnóstico da Pediculose e da Miíase: é clínico, por meio dos sinais e
sintomas.
56
PARASITOLOGIA
FIGURA 7 – ASPECTO DO NARIZ DE UMA PESSOA COM MIÍASE NASAL
Fonte: Manfrin (2007, p. 75).
#ParaTodosVeram: a imagem representa a foto de uma pessoa com o nariz acometido por
miíase nasal. O diagnóstico da miíase, como visto, é clínico, ou seja, por meio dos sinais e
sintomas.
3.2.2 MÉTODOS MOLECULARES
Estudaremos agora como é realizado o diagnóstico molecular dessas doen-
ças, a começar pelo diagnóstico molecular dos Helmintos (FERREIRA, 2020).
a. Diagnóstico molecular das parasitoses intestinais:
• Os diagnósticos de todas as parasitoses intestinais exploradas nesta unidade
(Enterobiose, Ascaridíase, Tricuríase, Ancilostomose) são feitos através do
exame parasitológico e dos achados clínicos (sinais e sintomas). Portanto,
não existem teste moleculares que detectam tais doenças.
• O diagnóstico da Teníase pode ser realizado por meio da PCR, principalmente
para diferenciar o tipo de Tênia presente no organismo da pessoa acometida
(NEVES, 2009).
Filme sobre a Ancilostomose (o famoso Jeca Tatu,
personagem de um livro do Monteiro Lobato).
Vale a pena conferir, pois entenderão melhor a
doença: https://www.youtube.com/watch?v=O07_
cmzLvok&t=3s&ab_channel=TelaNacional.
57
PARASITOLOGIA
b. Diagnóstico molecular das parasitoses linfáticas e teciduais:
• O diagnóstico molecular não é utilizado para a detecção das parasitoses
linfáticas e teciduais, sendo elas: Filariose, Esquistossomose, Cisticercose e
Larva Migrans (parasitose acidental).
• O diagnóstico da cisticercose, por exemplo, é feito por meio de exames de
imagem, como a Tomografia Computadorizada (TC), que consegue apontar
os cistos já calcificados e a Ressonância Magnética Nuclear (RMN), mais
eficaz para apontar os cisticercos vivos (Figura 8).
FIGURA 8 – LESÃO CÍSTICA (CISTICERCOSE) EM REGIÃO DA COLUNA CERVICAL
Fonte: Yamashita et al. (2003, p. 257).
#ParaTodosVeram: a imagem representa um corte tomográfico da coluna cervical
mostrando uma lesão causada por uma cisticercose. A lesão é arredondada.
Estudaremos agora como é realizado o diagnóstico molecular das doenças
causadas por artrópodes.
• O diagnóstico da Escabiose, da Pediculose e da Míiase é feito por meio dos
achados clínicos (sinais e sintomas). Não existem testes moleculares para a
identificação delas (COELHO; CARVALHO, 2005).
3.2.4 MÉTODOS IMUNOLÓGICOS
Estudaremos agora como é realizado o diagnóstico imunológico das doen-
ças causadas pelos Helmintos (REY, 2009).
58
PARASITOLOGIA
FIGURA 9 – IMUNODIAGNÓSTICO
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa a foto de um cientista fazendo um
imunodiagnóstico, também conhecido como teste imunológico. O termo
imunodiagnóstico é derivado da junção da palavra imune, oriundo do latim, com o termo
diagnóstico, de origem grega, referentes ao aprendizado ou à precisão de componentes
do sistema imunológico ou a eles associados.
a. Diagnóstico imunológico das parasitoses intestinais:
• As parasitoses intestinais (Enterobiose, Ascaridíase, Tricuríase, Ancilostomose
e Teníase não são diagnosticadas por meio de testes imunológicos, apenas
parasitológicos.
b. Diagnóstico molecular das parasitoses linfáticas e teciduais:
• O diagnóstico da Filariose não é feito por meio de testes imunológicos.
• Diagnóstico da Esquistossomose: Por meio dos testes imunológicos RIFI e
ELISA. Os testes, neste caso, são realizados para detectar o anticorpo anti-
Schistosoma mansoni no soro do paciente com suspeita da doença. As
técnicas para a identificação de antígenos ou do DNA do parasito do material
coletado (fezes) são realizadas por meio do ELISA e do PCR, respectivamente.
• Diagnóstico da Cisticercose: Por meio do teste imunológico ELISA. Há
pesquisa de antígenos ou anticorpos no líquido cefalorraquidiano (LCR) do
paciente ou no soro.
59
PARASITOLOGIA
• Diagnóstico de Larva Migrans Ocular: A larva migrans pode acometer regiões
específicas, como a região ocular. O diagnóstico da larva migrans ocular,
doença importante para a Saúde Pública, pode ser realizada por meio do
teste ELISA. O teste visa a identificação das larvas presentes no material
coletado (fragmento de tecido ocular) ou a pesquisa de antígenos. Para a
pesquisa de antígenos são utilizados os anticorpos anti-Toxocara ligado a
enzimas (NEVES, 2009).
Larva Migrans Ocular (LMO)
o A LMO ocorre em pessoas que fazem a ingestão de um pequeno
número dos ovos de Toxocara (agente etiológico da doença). Por ser
um número pequeno, a resposta imunológica é quase inexistente, o
que facilite a migração das larvas para o globo ocular.
Estudaremos agora como é realizado o diagnóstico imunológico das doen-
ças causadas por artrópodes.
• O diagnóstico da Escabiose, da Pediculose e da Míiase é feito por meio dos
achados clínicos (sinais e sintomas). Não existem testes imunológicos para a
identificação das mesmas.
CONCLUSÃO
Caros(as) alunos(as), nesta unidade, pudemos conhecer um pouco sobre os
diagnósticos das doenças causadas por protozoários, helmintos e artrópo-
des. Compreendemos as diferenças entre os diagnósticos parasitológicos, os
diagnósticos moleculares e os diagnósticos imunológicos.
Aprendemos sobre os métodos diagnósticos para a identificação das doen-
ças causadas por protozoários, sendo elas: Doença de Chagas, Leishmanioses
cutâneas e viscerais, Malária, Toxoplasmose, parasitoses intestinais (Amebíase
e Giardíase) e parasitose transmitida sexualmente (Tricomoníase); das doen-
ças causadas por helmintos, sendo elas: Enterobiose, Ascaridíase, Tricuríase,
Ancilostomose, Teníase, Filariose, Esquistossomose, Cisticercose e Larva Mi-
grans; e, das doenças causadas por artrópodes, sendo elas: Escabiose, Pedi-
culose e Miíase.
60
PARASITOLOGIA
UNIDADE 4
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:
> conhecer os principais
antiparasitários utilizados
para o controle destes
patógenos, assim como seu
mecanismo de ação.
> identificar os principais
mecanismos de resistência,
naturais ou adquiridos,
apresentados pelos
diferentes tipos de
parasitos.
> compreender a
importância das medidas
profiláticas e as estratégias
de controle integrado
empregadas para a
redução das parasitoses.
MULTIVIX EAD
61 Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
PARASITOLOGIA
4 TRATAMENTO E PROFILAXIA
DOS PARASITOS CAUSADORES DE
DOENÇAS NO HOMEM
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
As parasitoses que afetam ao ser humano são um grave problema de saúde
pública, tanto pelo número de pessoas que podem ser afetadas quanto pelos
casos graves que algumas parasitoses podem causar. Desde o começo do sé-
culo XX foi iniciada a tarefa de encontrar medicamentos que fossem eficien-
tes no controle destas infecções. Desta forma, diversos derivados de produtos
naturais foram testados até descobrirem os primeiros antiparasitários, muitos
deles utilizados até os dias de hoje. Contudo, a utilização constante destes fár-
macos exerceu uma pressão seletiva sobre algumas espécies, principalmen-
te protozoários, permitindo o surgimento de isolados resistentes, forçando à
procura de novas estratégias de controle.
Com relação a estas últimas, as entidades de saúde nacionais e internacionais
começaram a criar medidas profiláticas individuais e estratégias de controle
integrado que se mostraram eficientes, auxiliando na diminuição do impacto
das parasitoses.
4.1 TRATAMENTO DOS PARASITOS
O conhecimento da biologia do parasito e a realização de um bom diagnósti-
co permitem que as infecções causadas por estes patógenos sejam tratadas
adequadamente.
4.1.1 ALVOS E MECANISMOS DE AÇÃO
Em 1955, foi testado um extrato de Streptomyces sp. sobre um isolado de Tri-
chomonas vaginalis, protozoário da mucosa urogenital, com resultados pro-
missores, sendo o princípio ativo do extrato identificado como 2-nitroimidazol
(azomicina).
62
PARASITOLOGIA
Os derivados nitroimidazólicos se diferenciam
pela posição do grupo nitro adicionado ao
imidazol. Assim, os derivados do 5-nitroimidazol
são o metronidazol, timidazol (utilizados para
tratamento de protozoários de mucosas) e o
derivado do 2-nitroimidazol é o benznidazol
(utilizado para tratamento de Trypanosoma cruzi).
Posteriormente, uma série de fármacos foi sintetizada a partir da sua estrutu-
ra. Estes componentes, apresentam atividade comprovada contra uma vários
de protozoários anaeróbios, como T.vaginalis, Giardia duodenalis, Entamoe-
ba histolytica e Balantidium coli (MORETH et al., 2010).
O derivado mais importante é o metronidazol, sintetizado em 1957, ampla-
mente utilizado contra protozoários. Administrado por via oral, este fármaco é
rapidamente absorvido e reduzido no fígado, transformando-o na sua forma
ativa, apresentando uma atividade citotóxica de curta duração. Nos protozoá-
rios de mucosa, este medicamento se associa às moléculas de DNA, inibindo
a síntese de ácido nucleico, levando à morte por apoptose.
FIGURA 1 – ANTIPARASITÁRIOS DERIVADOS DO 2-NITROIMIDAZOL
Fonte: Elaborada pelo autor (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa um esquema com os derivados nitroimidazólicos
utilizados para tratamento de protozoários, incluindo Metronidazol, com atividade
contra: Giardia duodenalis, Trichomonas vaginalis, Balantidium coli e Benznidazol; e
Benznidazol, com atividade contra: Trypanosoma cruzi.
63
PARASITOLOGIA
Outro derivado nitroimidazólico, o benznidazol, é o único medicamento uti-
lizado para o tratamento da doença de Chagas no Brasil. Este fármaco tem
elevada atividade contra as formas sanguíneas de Trypanosoma cruzi. No
citoplasma do parasito, o medicamento é reduzido, formando uma série de
moléculas reativas que se associam ao DNA do parasito, causando a morte do
patógeno (FERREIRA et al., 2019).
Por outro lado, o tratamento dos protozoários do gênero Plasmodium sp., foi
realizado primeiramente com quinina, derivada de uma planta encontrada
na América do Sul (Cinchona officinalis).
História da quinina: O pó derivado de uma árvore
nativa, chamado quina-quina, foi “exportado”
por jesuítas para Europa para o tratamento
da malária. Anos depois, utilizando sementes
contrabandeadas, uma empresa alemã purificou
seu princípio ativo (quinina), se tornando a principal
fornecedora do produto até começo do século XX.
Todos os fármacos derivados da quinina mostraram atividade antimalárica,
incluindo a cloroquina, amodiaquina, mefloquina. Seu mecanismo é baseado
na atividade do anel quinolínico, que inibe a polimerização do grupo HEME,
liberado à medida que o parasito se desenvolve na hemácia. O acúmulo des-
te radical se torna tóxico, diminuindo rapidamente a carga parasitária (OLAF-
SON et al., 2015) (Figura 2).
64
PARASITOLOGIA
FIGURA 2 – ESTRUTURA DOS DERIVADOS DE QUININA UTILIZADOS PARA TRATAMENTO
DA MALÁRIA
Fonte: Elaborada pelo autor (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa um esquema com as modificações do anel
quinolínico na geração de antimaláricos, com a ilustração da Casca de Cinchona
Officinalis, da fórmula da Quinina, com a indicação do Anel quinolínico; da Cloroquina; da
Amodiaquina e da Mefloquina.
Com relação aos fármacos utilizados para o tratamento nas infecções por hel-
mintos, estes podem atuar por duas vias de ação. A primeira está relacionada
com a atividade de canais de íons na cutícula dos platelmintos. O anti-hel-
míntico mais utilizado deste grupo é o praziquantel, que promove o aumento
da permeabilidade de membrana ao cálcio, resultando em contração perma-
nente da musculatura causando paralisia (OPAS, 2018).
A segunda via de ação está relacionada com a interação com os microtúbulos
dos nematelmintos. Os mais utilizados são albendazol e mebendazol, de boa
atividade e baixa toxicidade para o ser humano. Estes atuam na depleção de
glicose, permitindo a inibição da polimerização dos microtúbulos causando a
paralisação do verme (Figura 3).
65
PARASITOLOGIA
FIGURA 3 – MECANISMOS DE AÇÃO DOS ANTI-HEMÍNTICOS MAIS UTILIZADOS
Fonte: Elaborada pelo autor (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa os anti-helminticos e sua atividade frente aos
agentes infecciosos, incluindo Praziquantel, o qual aumenta o transporte de cálcio por
meio da cutícula do verme, causando paralisia, com ativo contra: Taenia sp. (cisticercose);
Schistosoma mansoni; Diphylobothrium sp.; Fasciola hepatica; e Albendazol; e
Albendazol, o qual participa da depleção de glicose, inibindo assim a polimerização de
microtúbulos, promovendo paralisia, com ativo contra: Ascaris lumbricoides, Enterobius
vermicularis, Trichuris Tichiura, Ancilostomídeos e Strongyloides stercoralis.
Os químicos utilizados para controle de artrópodes devem apresentar bai-
xa toxicidade para o ser humano, um amplo espectro de ação, baixo custo e
efeito residual prolongado. Entre os principais inseticidas se destacam os pi-
retróides, químicos hidrossolúveis de ação rápida, os quais atuam inibindo a
atividade sináptica no sistema nervoso dos artrópodes, causado sua paralisia
e morte. O segundo grupo são os compostos organofosforados que atuam
por ingestão ou contato, inibindo os impulsos nervosos através da sua ação
sobre a enzima colinesterase (BRAGA, VALE, 2007).
4.1.2 RESISTÊNCIA A DROGAS USADAS NA
TERAPIA DE PARASITOSES
O uso indevido de qualquer antiparasitário ou casos em que o esquema te-
rapêutico não é completado podem levar ao surgimento de isolados de pro-
tozoários resistentes. O caso mais importante é observado nas infecções por
Plasmodium falciparum. Os primeiros isolados resistentes à cloroquina fo-
ram detectados em 1957 na África e, em anos posteriores, em todos os con-
tinentes onde o parasito circula. Na atualidade, são encontrados isolados de
P. falciparum resistentes a todos os antimaláricos. A resistência de P. falcipa-
rum à cloroquina é dada por uma serie de mutações em um gene que codifi-
66
PARASITOLOGIA
ca um transportador inserido na membrana do vacúolo digestivo do parasito,
o gene pfcrt (do inglês P. falciparum chloroquin resistance transporter), que
retira a cloroquina fora do seu sítio de ação (JUGE et al., 2015).
Resistência de Plasmodium vivax: Este protozoário
é o principal causador de malária no Brasil,
responsável por 86% dos casos. A droga de eleição
para seu tratamento é a cloroquina, contudo, nos
últimos anos foi descrito o surgimento de isolados
resistentes ao antimalárico, porém até o momento
não se tem conhecimento sobre o mecanismo
para este fenótipo.
Da mesma forma, a resistência ao metronidazol e outros derivados nitroi-
midazólicos ainda não está bem esclarecida, no entanto, já existe relatos de
resistência em G. duodenalis e T. vaginalis. Nesse sentido, sabe-se que as
principais formas de resistências estão relacionadas à atividade da enzima
ferredoxina oxidorredutase (PFOR) que promove a inativação do metronida-
zol por alteração no seu estado de óxido-redução.
Um fato importante que precisa ser compreendido é a diferenciação de ce-
pas resistentes ao tratamento (que surgem através da seleção) e a existência
de cepas refratárias ao tratamento.
Cepas refratárias ao tratamento: Essa
característica é observada em parasitos de origem
silvestre, que nunca entraram em contato com
um antiparasitário, mas conseguem sobreviver ao
tratamento.
Exemplo: Um exemplo de protozoários refratários
ao tratamento é observado em alguns isolados
silvestres de T. cruzi que não respondem ao
tratamento com benznidazol, por mecanismos
ainda não esclarecidos.
67
PARASITOLOGIA
Na atualidade, Trypanosoma cruzi é dividido em
seis unidades discretas de tipagem (DTU, sigla
em inglês para Discrete Typing Unit). Cada uma
dessas DTUs apresenta características biológicas
singulares e diferentes graus de virulência em
infecções experimentais e de suscetibilidade ao
benznidazol.
Por outro lado, o tratamento para a maioria dos helmintos é realizado com
uma dose única do medicamento, mostrando sua alta eficiência. Este fato
impede que exista algum efeito de seleção de helmintos resistentes ao tra-
tamento. No entanto, Onchocerca volvulus, nematelminto que se reproduz
em nódulos formados na pele, sendo causador da “cegueira dos rios” ou “mal
do garimpeiro”, é naturalmente refratário ao tratamento com ivermectina,
droga de primeira linha para seu controle.
Com relação à resistência de artrópodes a inseticidas, é sabido que este fato
acontece pelo uso contínuo do mesmo inseticida em uma área determinada,
levando à seleção de isolados resistentes (Figura 4).
FIGURA 4 – MECANISMOS DE RESISTÊNCIA DE ARTRÓPODES AOS INSETICIDAS
Fonte: Elaborada pelo autor (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa um esquema com os mecanismos de resistência
de artrópodes a inseticidas, incluindo: Uso reiterado do mesmo inseticida e Resistência
do inseto vetor, esta com as indicações: Sobre expressão de enzimas que inativam os
inseticidas, impedindo a morte do inseto nas concentrações normais de uso; Modificação
de permeabilidade da cutícula aos inseticidas, não permitindo que sejam absorvidos; e
Modificação do comportamento do inseto, o qual se afasta dos locais onde o inseticida é
aplicado.
68
PARASITOLOGIA
Os mecanismos já identificados que permitem esta resistência estão rela-
cionados ao: i) aumento da atividade de enzimas de detoxificação, como a
glutatione-S-transferase, além de oxidases e esterases, realizado pela sobre-
-expressão dos genes das enzimas ou através da amplificação das copias do
seu gene no genoma do artrópode; ii) modificação da permeabilidade da
cutícula externa, impedindo a entrada do inseticida aos tecidos internos; iii)
ou modificação do comportamento do artrópode, que permite que o artró-
pode perceba a presença do inseticida, evitando os locais onde foi aplicado
(BRAGA, VALE, 2007).
4.1.3 PROFILAXIA
A profilaxia e definida como o conjunto de medidas implementadas neces-
sárias para evitar a transmissão de doenças. Dessa forma, neste tópico serão
abordadas as medidas individuais aconselháveis para evitar as infecções pa-
rasitárias.
Com relação às diversas espécies que conseguem parasitar o ser humano, os
parasitos do trato intestinal, protozoários ou helmintos, são os mais impor-
tantes em termos quantitativos. Nesse sentido, os cuidados com o consumo
de água e alimentos se tornam relevantes para a profilaxia destas parasito-
ses, somados aos hábitos de higiene pessoal, como a lavagem periódica das
mãos.
Oocistos de Cryptosporidium sp. podem atravessar
os filtros de cerâmica utilizado nas moradias sendo
facilmente transmitidos por veiculação hídrica.
Esta característica torna este parasito muito
comum em infecções, principalmente, de crianças
menores de 5 anos.
69
PARASITOLOGIA
O consumo de água potável, filtrada ou fervida é de grande importância,
principalmente para as infecções por protozoários, como G. duodenalis , pa-
rasito de veiculação hídrica. Da mesma forma, a higienização de alimentos
consumidos in natura (frutas, hortaliças) precisa ser recomendada. Para isso,
a utilização de sanitizantes para alimentos pode auxiliar no controle de pro-
tozoários. No entanto, estudos da literatura mostram que ovos de A. lumbri-
coides apresentam uma alta resistência à maioria destes produtos comer-
cializados para a população (MASSARA et al., 2003). Nesses casos, a limpeza
de alimentos com bastante água poderá auxiliar na eliminação por arraste
destes agentes mais resistentes.
No consumo de carnes, é sempre recomendado o cozimento do alimento,
medida que auxilia na eliminação de cisticercos das espécies de Taenia sp. e
os cistos de Toxoplasma gondii. No caso de carnes de peixes, é recomendada
a preparação do alimento a temperatura elevada ou cuidados na limpeza do
alimento nos casos de consumo de peixe cru.
No ano de 2005, na cidade de São Paulo, foram
registrados 45 casos de difilobotríase, infecção
causada por Diphylobothrium sp., céstodeo de
mamíferos aquáticos, que foi transmitida pelo
consumo de peixe cru contaminado, servido em
restaurantes de comida oriental.
Com relação às medidas profiláticas utilizadas para a prevenção das infec-
ções transmitidas por artrópodes, podem ser citadas o uso de repelentes
e a vigilância dos criadouros de mosquitos nas regiões domiciliar e perido-
miciliar. Nesse sentido, uma das medidas recomendadas para a prevenção
da leishmaniose, transmitida por dípteros da subfamília Phlebotominae, é a
construção de moradias a uma distância mínima de 500 metros das áreas
de floresta evitando, desta forma, o contato com os vetores que apresentam
hábitos silvestres (REY, 2011).
70
PARASITOLOGIA
Medidas profiláticas destinadas ao controle dos ectoparasitos (Sarcoptes sca-
biei, Pedículus humanus, Pthirus púbis) estão relacionadas a evitar a utiliza-
ção de roupas de estranhos ou evitar aglomerações que possam permitir a
transmissão direta destes artrópodes. Nesses casos, o tratamento das pessoas
infestadas corresponde à melhor forma de prevenção.
4.2 CONTROLE INTEGRADO DOS PARASITOS
O controle integrado das parasitoses precisa ser entendido com as medidas
implementadas por órgãos públicos e privados que visem, em conjunto, o
controle da transmissão das infecções na população.
4.2.1 CONTROLE INTEGRADO PARA
PROTOZOÁRIOS
Com relação aos protozoários do trato intestinal as medidas gerais visam o
melhoramento do saneamento básico, com a ampliação de rede de esgoto e
o tratamento da água potável. Estas medidas preveem a ação de órgãos pú-
blicos que direcionem os recursos necessários para o melhor tratamento das
águas residuais, impactando todas as doenças transmitidas pela via fecal-oral.
Um dos casos mais relevantes de controle integrado de protozoários está rela-
cionado ao controle da toxoplasmose em gestantes. Toxoplasma gondii pode
ser transmitido a partir de mães com infecção aguda para o feto em forma-
ção, podendo causar problemas graves ao recém-nascido. Para isso, se torna
essencial o controle pré-natal multidisciplinar desde os primeiros meses de
gestação. (Figura 5).
71
PARASITOLOGIA
FIGURA 5 – MEDIDAS DE PREVENÇÃO DA TOXOPLASMOSE NA GRAVIDEZ
Fonte: Elaborada pelo autor (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa um esquema com as medidas do
atendimento multidisciplinar para prevenção da toxoplasmose na gravidez, incluindo:
acompanhamento pré-natal periódico por uma equipe multidisciplinar na área pública
ou privada; testes sorológicos periódicos para mães não infectadas; orientações para o
cuidado na manipulação de carnes e o consumo do alimento bem cozido; orientações
para a limpeza de alimentos consumidos in natura; e cuidado com a manipulação e
eliminação de fezes de gatos domésticos.
As medidas em gestantes soronegativas incluem os controles sorológicos
periódicos (ELISA) e, principalmente, as orientações entregadas pela equipe
multidisciplinar de saúde. Estas orientações precisam incluir o cuidado no
manuseio de carnes cruas, o consumo de carnes bem cozidas e os cuidados
na manipulação de fezes de gatos domésticos.
Com relação ao controle da malária, principal infecção parasitária a nível
mundial, a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza medidas desti-
nadas ao tratamento de infectados e controle do inseto vetor. Nesse sentido,
o diagnóstico precoce e específico, pode auxiliar na diminuição da transmis-
são. Para isso, órgãos públicos e privados precisam realizar treinamento cons-
tante das equipes que realizam o diagnóstico. Com relação ao controle do
inseto vetor, a medida mais importante na atualidade está relacionada com a
disponibilização de mosquiteiros impregnados com inseticidas que evitam o
contato com o inseto vetor (Figura 6).
72
PARASITOLOGIA
FIGURA 6 – MEDIDAS DE PROTEÇÃO E CONTROLE INTEGRADO DA MALÁRIA
Fonte: Elaborada pelo autor (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa um esquema com as medidas de prevenção e
controle da infecção por Plasmodium sp., incluindo: investimento em pesquisa: permite
a procura de uma vacina e novas drogas para o tratamento; vigilância entomológica:
permite a elaboração de planos de controle do vetor em áreas específicas; utilização
de mosquiteiros nas camas: podem ser impregnados com inseticidas residuais; uso de
repelentes: é recomendada a utilização de produtos com proteção prolongada; manejo
do ambiente: é aconselhado para medir o acúmulo de água parada e outros criadouros
naturais; controle químico do vetor: é recomendado somente em área com elevada taxa
de infectados; e treinamento no diagnóstico específico: permite o tratamento precoce e
específico dos infectados.
Com relação ao controle da transmissão da doença de Chagas uma das
medidas com maior êxito na América do Sul foi a instauração obrigatória da
pesquisa de anticorpos contra Trypanosoma cruzi nos bancos de sangue, in-
cluída na triagem inicial dos doadores, resultando na diminuição drástica da
transmissão transfusional. Outra forma de prevenção é a fiscalização muni-
cipal dos alimentos conhecidos por transmitir o protozoário. Nesse sentido,
o controle dos produtores de polpa de açaí, consumido amplamente pela
população nos estados da região norte do país, visa a realização do branque-
amento dos frutos antes de serem processados para venda in natura (incu-
bação dos frutos a 80ºC por 10 segundos).
A leishmaniose, causada por protozoários do gênero Leishmania sp., pode
ser prevenida com o controle de cães infectado, os quais precisam ser trata-
dos ou, em último caso, eutanasiados. Para isso, os Centros de Controle de
Zoonoses apresentam um papel fundamental nessa tarefa.
73
PARASITOLOGIA
4.2.2 CONTROLE INTEGRADO PARA
HELMINTOS
As medidas de melhoramento do saneamento básico também atingem as
infecções por helmintos. Segundo dados do IBGE, somente 66% dos muni-
cípios brasileiros contam com rede de coleta de esgoto. Esse fato se torna
crítico nos Estados da região norte do país, onde somente 16% dos municípios
contam com esse sistema. Dessa forma, é previsível que essa região apresen-
te as maiores taxas de infecção por geo-helmintos (BRASIL, 2020).
Os geo-helmintos são nematelmintos de
distribuição cosmopolita, correspondendo aos
parasitos mais encontrados em infecções humanas.
No manual em anexo podem ser encontradas as
medidas destinadas ao controle integrado destas
parasitoses. Siba mais em: https://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_controle_
geohelmintiases.pdf .
Desta forma, as medidas de controle das geo-helmintíases devem abordar
o tratamento preventivo nas escolas, principalmente nas áreas com sanea-
mento básico precário. Para atingir esse objetivo, precisa ser realizado um
planejamento em conjunto dos órgãos de saúde e as escolas, atingindo, prin-
cipalmente, a população de 5 a 14 anos de idade, podendo se estender para
crianças menores de 5 anos, mulheres em idade fértil (18 a 49 anos) e gestan-
tes, medidas que precisam ser acompanhadas por campanhas de educação
sanitária para estas faixas etárias.
Nesse sentido, a OMS ressalta que o tratamento periódico e preventivo da
população com anti-helmínticos auxilia na diminuição da carga parasitária
e os efeitos adversos provocados por estes patógenos, principalmente, em
crianças em idade escolar.
Um dos exemplos mais bem-sucedidos no controle integrado de parasitoses
causadas por helmintos foi o realizado na cidade de Belém, no Estado do
Pará, instaurado para tentar diminuir o número de casos de filariose linfática
74
PARASITOLOGIA
na cidade. Até finais da década de 90, esta cidade era responsável por 90%
dos casos desta parasitose no Brasil. Nessa época foi instaurado um controle
de diagnóstico em massa da população, onde agentes de saúde percorriam
os bairros da cidade no período noturno realizando o exame de gota espessa
na população. Desta forma, o município conseguiu identificar os bairros mais
atingidos, o número de pessoas infectadas que foram direcionadas para o
tratamento apropriado com dietilcarbamazina (DEC).
Filariose linfática: Doença infecciosa causada
por Wuchereria bancrofti, nematelminto da
ordem Spirurida, que consegue colonizar os vasos
linfáticos de pernas e braços. Na infecção crônica
pode causar uma manifestação conhecida por
elefantíase, que corresponde a um linfedema
crônico nas extremidades. O diagnóstico
desta infecção é realizado pela observação de
microfilárias que circulam no sangue no período
noturno, após as 22h.
Com relação ao controle do complexo teníase-cisticercose é necessária a rea-
lização de fiscalizações nos abatedouros bovinos e suínos, realizado por vete-
rinários e agentes de saúde, verificando a presença de cisticercos na muscu-
latura (esquelética e cardíaca) e no sistema nervoso central. As carcaças que
apresentem cisticercos poderão, dependendo do número de larvas, serem
limpas extraindo o tecido que apresentem as estruturas parasitárias ou de-
rivadas para sua utilização com outros fins (salinização, fabricação de ração
animal). Desta forma, a carne comercializada poderá ser considerada livre de
fontes infectantes e adequada para o consumo humano.
4.2.3 CONTROLE INTEGRADO PARA
ARTRÓPODES
O exemplo mais bem-sucedido de controle integrado de artrópodes foi re-
alizado na década de 1990 na América do Sul, que objetivou a eliminação
do principal vetor da doença de Chagas, Triatoma infestans, encontrado nas
moradias de regiões de alta transmissão.
75
PARASITOLOGIA
Iniciativa do Cone Sul
No ano de 1991 foi criada a Iniciativa do Cone Sul, na qual a
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) recomendou a
eliminação do vetor em seis países da América Latina: Brasil, Chile,
Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia.
Inseticidas residuais
Assim, uma campanha continental foi realizada utilizando inseticidas
residuais nos domicílios onde o vetor era encontrado. Como resultado,
Chile e Paraguai se declararam livres da transmissão vetorial da
doença de Chagas em 1997 e 1999, respectivamente.
Brasil e Argentina
No caso de Brasil e Argentina a erradicação do triatomíneo foi de
forma gradual, deixando somente alguns focos em municípios onde o
inseto pode ser encontrado na área silvestre.
No entanto, esta campanha internacional não foi acompanhada de fiscaliza-
ção das áreas declaradas livres da doença. Como resultado, novas espécies de
triatomíneos conseguiram ocupar o nicho ecológico deixado pelo T. infestans
ou foi observada a re-infestação pelo inseto, promovendo o aparecimento de
novos surtos da doença nessas regiões (NEVES, 2016).
Com relação ao controle integrado das parasitoses transmitidas por dípteros
hematófagos, mosquitos do gênero Anopheles e flebotomíneos, a principal
estratégia está relacionada ao manejo ambiental das áreas domiciliares e pe-
ridomiciliares, além de áreas públicas onde existam criadouros dos vetores.
Desta forma, no caso dos vetores da malária o manejo do ambiente procura
a drenagem ou aterro de áreas alagadas e limpeza das áreas com vegetação
alta. Para o controle dos vetores da leishmaniose, além das medidas mencio-
nadas anteriormente, é adicionada a limpeza de matéria orgânica no solo, e o
destino adequado de lixo orgânico.
76
PARASITOLOGIA
Levantamento entomológico
Corresponde ao estudo da ecologia dos principais vetores
transmissores de patógenos. Estes estudos precisam ser realizados
por agentes de saúde treinados para a procura e identificação dos
artrópodes. O levantamento pode ser realizado através da busca de
larvas ou de insetos adultos para, desta forma, realizar o planejamento
de controle dos vetores.
Procura de criadouro de larvas
Com auxílio de pipetas Pasteur e recipientes herméticos, o agente
de saúde faz uma busca ativa de larvas nas áreas domiciliares e
peridomiciliares, principalmente em locais onde seja observada
água parada. As larvas são conduzidas ao centro de estudos para sua
identificação.
Procura de insetos adultos
São utilizadas armadilhas para a atração e captura dos vetores. Para
isso, as armadilhas mais utilizadas são as de tipo CDC (isca luminosa),
as quais são deixadas no período noturno para a captura dos insetos
em uma rede de contenção. Os insetos são conduzidos para o centro
de estudos para sua identificação.
O controle químico destes vetores precisa ser realizado somente em ambien-
tes de áreas endêmicas, não sendo recomendado em locais onde existem bai-
xo número de casos. Nesse sentido, um papel fundamental no controle deste
tipo de vetores é cumprido pelos órgãos públicos que realizam o levantamento
entomológico das regiões afetadas por infecções transmitidas por artrópodes.
Este tipo de estudo permite conhecer a diversidade de potenciais vetores e as
áreas de criação, orientando as medidas de controle de forma mais eficiente.
77
PARASITOLOGIA
CONCLUSÃO
Nesta unidade você aprendeu sobre os principais fármacos utilizados para o
controle dos diversos tipos de parasitos que afetam ao ser humano, assim como
os mecanismos que levam ao aparecimento de resistência em alguns isolados.
Da mesma forma, foram abordadas as principais medidas de profilaxia indivi-
duais e as implementadas no controle integrado das parasitoses.
78
PARASITOLOGIA
UNIDADE 5
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:
> entender sobre as
principais doenças
causadas por protozoários
no Brasil.
> conhecer as principais
doenças causadas por
protozoários em outros
países.
79
PARASITOLOGIA
5 PRINCIPAIS DOENÇAS CAUSADAS
POR PROTOZOÁRIOS NO BRASIL E
EM OUTROS PAÍSES
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, abordaremos as principais doenças causadas por protozoá-
rios de importância para a saúde pública, tanto no Brasil quanto em outros
países. A trajetória das doenças causadas por protozoários e os desafios na
prevenção e controle também serão contemplados. Além disso, reforçaremos
as estratégias diagnósticas de cada uma delas, buscando sempre o conheci-
mento independente baseado em evidências e o raciocínio clínico baseado
em casos reais.
Os protozoários (Filo Protozoa) são organismos: unicelulares (possuem uma
única célula), eucariontes (apresentam o núcleo delimitado por um envoltório
nuclear e heterotróficos (não são capazes de produzir o próprio alimento). Em
relação à Parasitologia, os protozoários estão relacionados a diferentes doen-
ças nos seres humanos e animais, podendo determinar parasitoses dissemi-
nadas, cutâneas e/ou mucosas, intestinais e viscerais (COELHO; CARVALHO,
2005).
Portanto, nesta unidade, focaremos nas espécies de protozoários parasitos
cavitários e intestinais (por exemplo, a Tricomoníase e a Giardíase), do sistema
sanguíneo e dos tecidos do homem (por exemplo, Toxoplasmose e Leishma-
nioses), tendo ou não animais como hospedeiros intermediários, que podem
ser mamíferos, aves ou certos gêneros de insetos.
80
PARASITOLOGIA
5.1 DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS
NO BRASIL
5.1.1 QUAIS SÃO AS DOENÇAS CAUSADAS
POR PROTOZOÁRIOS NO BRASIL E QUE TEM
IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA?
As doenças causadas por protozoários e que serão estudadas por nós serão
e que tem importância para a Saúde Pública são: Doença de Chagas, Leish-
manioses cutâneas e viscerais, Malária, Toxoplasmose, parasitoses intestinais
(Amebíase e Giardíase) e parasitose transmitida sexualmente (Tricomoníase)
(REY, 2009).
FIGURA 1 – DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa uma pessoa coçando uma das mãos. A mão
que está sendo coçada apresentando sinais claros de desenvolvimento de uma doença
causada por protozoários, com lesões nodulares e indolores que aumentam.
Começaremos então falando sobre a Malária.
1. Malária: existem mais de 100 tipos de protozoários, porém, no Brasil, dá-
-se a importância para três, o Plasmodium falciparum, o Plasmodium
vivax e o plasmodium malariae. A malária também é conhecia como
Paludismo, febre intermitente, tremedeira ou maleita. O Plasmodium
81
PARASITOLOGIA
falciparum e o Plasmodium vivax são os que mais ocorrem no Brasil. O
vetor responsável pela transmissão do Plasmodium são os mosquitos
do gênero Anopheles. São conhecidos popularmente como anofelinos
e mosquito prego. O homem é considerado o principal reservatório da
doença (REY, 2009).
Espécies da Malária
No Brasil, as principais espécies transmissoras de Plasmodium são:
Anophles darlingi, Anophles aquasalis, Anopheles albirtasis, Anopheles
cruzii e Anopheles bellator.
Vetor da Malária
Os vetores são abundantes nos horários crepusculares, ao entardecer e
ao amanhecer, mas podem picar durante toda a noite.
2. Doença de Chagas: é uma doença que tem uma evolução bifásica: agu-
da e crônica. No Brasil, a fase que mais predomina na população aco-
metida é a fase crônica. O agente etiológico é o Trypanossoma cruzi, um
protozoário flagelado. Os reservatórios são os humanos e outros animais.
O vetor é o Triatomíneos hematófagos. São insetos conhecidos também
como “barbeiro” ou “chupões”. A espécie considerada mais importante
no Brasil, que transmite a doença, é o Triatoma infestans (FERREIRA,
2020).
FIGURA 2 – FASE CRÔNICA: CARDIOMEGALIA
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa o desenho de um coração com as suas estruturas.
Na fase crônica da Doença de Chagas pode ocorrer a cardiomegalia, que é o aumento no
tamanho do coração e é irreversível.
82
PARASITOLOGIA
5. Leishmanioses: pode manifestar-se de duas formas: cutânea, também
chamada de Leishmaniose Tegumentar Americana e visceral, a Leish-
maniose Visceral. A Leishmaniose Tegumentar Americana é uma doen-
ça que acomete pele e mucosas. Os insetos transmissores dos protozoá-
rios Leishmania pertencem ao gênero Lutzomya. Em geral, o grupo dos
mamíferos representam os reservatórios naturais da doença (FERREIRA,
2020).
Somente as fêmeas transmitem o protozoário,
no caso da Leishmaniose Tegumentar, porque
são hematófagas e precisam de sangue para a
maturação de seus ovos. O horário de atividade
desses insetos é crepuscular e noturno.
A Leishmaniose Visceral é um protozoário tripanosomatídeos, o Leishmania
chagasi. Esse protozoário é um parasita intracelular obrigatório. Na área ur-
bana o principal reservatório são os cães. Na área rural pode ser mais de um,
como por exemplo, as raposas e os marsupiais. Os transmissores da Leishma-
niose Visceral são insetos denominados flebotomíneos (FERREIRA, 2020).
1. Toxoplasmose: estima-se que cerca de 60% da população mundial esteja
infectada com o parasito, não significando que venham a desenvolver a
doença, por diversos motivos. Atinge várias espécies de animais e o ho-
mem. O agente etiológico é a espécie: Toxoplasma gondii. O Toxoplasma
gondii possui três formas no seu ciclo de vida: a taquizoíta, a bradizoíta e
o oocisto (SIQUEIRA-BATISTA, 2020).
2. Amebíase: é mais frequente entre os adultos e tem maior prevalência
nos países tropicais (como o Brasil) e subtropicais. A sua ocorrência está
condicionada principalmente a baixas condições sanitárias, precarieda-
de das habitações e maus hábitos de higiene. O agente etiológico é a
espécie Entamoeba histolytica. A classificação das espécies do gênero
Entamoeba baseia-se muito em caracteres morfológicos. Possui duas
formas: trofozoíto e cisto (SIQUEIRA-BATISTA, 2020).
3. Giardíase: É a parasitose frequente no mundo todo, principalmente en-
tre as crianças, e dentre as protozooses intestinais, é a mais prevalente.
O agente etiológico é da espécie: Giardia intestinalis (também, Giardia
lamblia, Giardia duodenalis). O parasito apresenta as formas trofozoíta e
83
PARASITOLOGIA
cisto (SIQUEIRA-BATISTA, 2020).
4. Tricomoníase: É a mais frequente das Infecções Sexualmente Transmis-
síveis (IST’s) e vem crescendo, especialmente nas mulheres entre a se-
gunda e terceira décadas de vida, devido às mudanças de hábitos como
a troca frequente de parceiros. Na maioria dos homens, a infecção é
assintomática e perdura por mais tempo do que nas mulheres. O agente
etiológico é a espécie: Trichomonas vaginalis. Esse protozoário apresen-
ta somente a forma trofozoíta em seu ciclo de vida (SIQUEIRA-BATISTA,
2020).
5.1.2 SINTOMATOLOGIA DAS DOENÇAS
CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS
1. Malária: os principais sinais e sintomas da malária, de forma geral, são:
calafrios, febre alta (41ºC) intermitente, cefaleia intensa e sudorese. O pa-
ciente tem a apresentação de sintomas, e depois um período de remis-
são, com melhora do quadro clínico, que retornar considerando o padrão
cíclico da doença (BRASIL, 2018).
2. Doença de Chagas: na fase aguda, pode haver edemas (inchaço) loca-
lizados na pálpebra ou em outras partes do corpo, mal-estar, febre E falta
de apetite. Na fase crônica, pode comprometer órgãos, como o coração,
baço etc. (BRASIL, 2018).
Na Doença de Chagas, o parasita recebeu essa
denominação (Trypanossoma cruzi) e a doença
o nome de Chagas em homenagem ao cientista
brasileiro Carlos Chagas (o descobridor da doença)
e à Oswaldo Cruz.
3. Leishmanioses Visceral: os sintomas variam de acordo com os períodos
da doença. Os períodos são: inicial, de estado e final. No período inicial,
também conhecido como fase aguda da doença, os principais sintomas
são febre baixa que dura menos de quatro semanas e a palidez cutânea.
No período de estado, os principais sintomas são febre irregular e ema-
grecimento progressivo. Vale ressaltar que neste período, nos achados
84
PARASITOLOGIA
laboratoriais e de imagem, são encontrados anemia e aumento do baço
e do fígado. No período final da doença, são encontrados como princi-
pais sintomas a desnutrição, a febre constante e o edema nos membros
inferiores. Além disso, o acometido encontra-se bastante debilitado.
Geralmente, a pessoa acometida consegue o diagnóstico no período de
estado. Por isso, a avaliação criteriosa dos sintomas possibilita verificar
a progressão da doença. Na leishmaniose cutânea, também conhecida
como tegumentar americana, os sintomas são classificados em formas
clínicas. Existem duas formas clínicas, a cutânea e a mucosa. Os sintomas
são diferentes em cada uma dessas formas clínicas. Na forma cutânea, as
pessoas apresentam uma lesão (úlcera). Na forma mucosa, os sintomas
se concentram nas vias aéreas superiores da pessoa acometida, gerando
desconforto, ardência e obstrução nasal (BRASIL, 2018).
FIGURA 3 – PELE FERIDA: LEISHMANIOSE CUTÂNEA
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa o desenho do sangue saindo de uma pele ferida,
ocasionado por uma lesão.
4. Toxoplasmose: os principais sintomas são: manchas avermelhadas pelo
corpo, febre, confusão mental, perda da coordenação motora, aumento
dos linfonodos, aumento do fígado e do baço, dor de cabeça e dor de
garganta (ZEIBIG, 2014).
5. Amebíase: dor, cólica abdominal, forte diarreia, presença de sangue e/ou
muco nas fezes; perda de peso e febre. Esses são os principais sintomas
(ZEIBIG, 2014).
6. Giardíase: cólicas abdominais intensas, náuseas, êmese (vômito), diarreia
aquosa, flatulência, mal-estar, dentre outros sintomas (ZEIBIG, 2014).
85
PARASITOLOGIA
7. Tricomoníase: corrimento amarelado ou amarelo-esverdeado, prurido
(coceira), odor forte e degradável do corrimento, dor, dificuldade ao uri-
nar e irritação vulvar (mulheres). Os homens, em sua maioria, são assin-
tomáticos (ZEIBIG, 2014).
NEGLIGENCIADA, Uma Epidemia. Tricomoníase:
uma epidemia negligenciada. DST–J bras Doenças
Sex Transm, v. 18, n. 3, p. 159-160, 2006. Disponível
em: <http://www.dst.uff.br/revista18-3-2006/
EDITORIAL.pdf >.
5.1.3 FORMAS DE TRANSMISSÃO
Agora, estudaremos as formas de transmissão das doenças causadas por pro-
tozoários. Tema muito importante para os profissionais da área da saúde, pois
atuarão com educação continuada.
1. Malária: ocorre através da picada da fêmea do mosquito Anopheles que
esteja infectado pelo protozoário Plasmodium. Somente as fêmeas infec-
tam, elas são hematófogas e precisam do sangue para a maturação dos
seus ovos. Outras formas de transmissão (que são raras) podem ocorrer:
por transfusão sanguínea, pelo compartilhamento de seringas e aciden-
te de trabalho (SIQUEIRA-BATISTA, 2020).
FIGURA 4 – MOSQUITO TRANSMISSOR DE MALÁRIA
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa um mosquito aparentemente morto. O mosquito
fêmea Anopheles infectado pelo Plasmodium causa a malária.
86
PARASITOLOGIA
1. Doença de Chagas: a transmissão ocorre através da introdução do
Trypanossoma na corrente sanguínea do ser humano. Os triatomíneos,
a partir do momento em que sugam o sangue de animais infectados
ou seres humanos, passam a serem portadores do parasita. O parasita é
eliminado junto com as fezes do triatoma ou popularmente conhecido
como “barbeiro”. A picada do triatoma ocasiona prurido e facilita a entra-
da do tripanossomo (que estão nas fezes do barbeiro) na corrente san-
guínea do indivíduo. Essa entrada do tripanossomo pode ocorrer tam-
bém através de mucosas dos olhos, da boca e através de lesões recentes
na pele. Outras formas podem ocorrer através da: via placentária, trans-
fusão sanguínea, acidentes de trabalho e alimentos contaminados pelo
parasita (SIQUEIRA-BATISTA, 2020).
FIGURA 5 – TRANSMISSÃO DA DOENÇA DE CHAGAS
Fonte: Neves (2005, p. 96).
#ParaTodosVeram: a figura representa um braço com as etapas de um barbeiro ao infectar
o hospedeiro. a) barbeiro em jejum; b) barbeiro iniciando a hematofagia; c) barbeiro
engurgitado, tendo depositado uma gota de fezes.
2. Leishmaniose Cutânea: a transmissão ocorre através da picada do
mosquito fêmea infectada, o Lutzomya, sendo os principais: Lutzomya
intermedia, Lutzomya whitmani e Lutzomya wellcomei. Leishmanio-
se Visceral: A transmissão ocorre através da picada do mosquito fêmea
infectada, o Lutzomya longipalpis e Lutzomya cruzi (SIQUEIRA-BATISTA,
2020).
3. Toxoplasmose: a transmissão da toxoplasmose pode acontecer de forma
adquirida ou congênita. Na forma congênita, a mãe transmite os proto-
zoários causadores da toxoplasmose por via transplacentária. Por isso,
é importante que toda gestante faça o acompanhamento pré-natal de
87
PARASITOLOGIA
forma correta. Um dos exames do pré-natal é o IgG e IgM para toxoplas-
mose. Na forma adquirida, a transmissão se dá por meio de alimentos
contaminados com os cistos do toxoplasma.
FIGURA 6 – HOSPEDEIRO DEFINITIVO TOXOPLASMOSE: OS GATOS
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa o desenho de um gato com o aparelho digestivo à
mostra.
Os hábitos de higiene de felídeos domésticos
(lamber e enterrar as fezes) e a grande
proximidade de seres humanos com estes animais
podem facilitar a ingestão de oocistos, também
considerada como forma de transmissão adquirida
da toxoplasmose.
4. Amebíase: a transmissão da amebíase ocorre pela ingestão de água e,
principalmente, alimentos contaminados com cistos (REY, 2009).
5. Giardíase: a transmissão ocorre pela ingestão de água (principalmente)
e/ ou alimentos contaminados com a forma cística madura (REY, 2009).
6. Tricomoníase: a transmissão da tricomoníase é direta, ou seja, de uma
pessoa infectada a outra, ocorrendo primariamente por relação sexual
sem o uso de preservativo. Pode, em menor grau, ser transmitida de
mãe infectada ao feto no momento do parto e mecanicamente através
de fômites úmidos (REY, 2009).
88
PARASITOLOGIA
5.2 DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS
EM OUTROS PAÍSES
5.2.1 DESCRIÇÃO DAS DOENÇAS
a. Malária: estudamos malária também no tópico anterior, porém, existe
um tipo de Plasmódio que não tem no Brasil. Os mais importantes no
meio científico são: Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plas-
modium malariae e Plasmodium ovale. O Plasmodium falciparum e o
Plasmodium vivax são os que mais ocorrem no Brasil, como visto an-
teriormente. Já o Plasmodium malariae ocorre com menos frequência
que os dois primeiros e o Plasmodium ovale não existe no Brasil, ape-
nas em algumas regiões da África. Os casos de Plasmodium ovale que
surgem no Brasil são importados (BRASIL, 2018).
FIGURA 7 – MAPA DA ÁFRICA COM ÍCONES
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa o desenho do mapa da África. A maioria dos casos
de Plasmodium Ovale ocorre na África Ocidental.
O Plasmodium ovale , portanto, é um protozoário que é responsável por uma pequena
porcentagem dos casos de malária no mundo. Os casos estão concentrados na África
Ocidental e em alguns países asiáticos (por exemplo, Filipinas e Indonésia) (BRASIL,
2018).
89
PARASITOLOGIA
b. Tripanossomíase Humana Africana: é mais conhecida como doença
do sono. A doença do sono é causada pela mesma espécie de proto-
zoários da doença de Chagas, o Trypanosoma. Porém, as espécies se
diferenciam. Na doença do sono temos como espécies causadados, o
Trypanosoma brucei gambiense e o Trypanosoma brucei rhodesiense.
Ambas as espécies ocorrem em Uganda, África e em locais diferen-
tes. Por exemplo, a espécie Trypanosoma brucei gambiense ocorre
na África ocidental e central. As duas espécies são parasitas da mosca
conhecida como tsé-tsé. O contato com as moscas contaminadas com
o protozoário é a forma de transmissão da doença do sono. (NEVES,
2005).
Mosca tsé-tsé: a mosca é popularmente conhecida
como tsé-tsé. Elas são do gênero Glossina e da
família Glossinidae. O nome tsé-tsé é um nome com
origem no dialeto da África, ais especificamente, a
Equatorial.
c. Babesiose: é uma infecção causada pelo protozoário da espécie Babe-
sia. Este, é um protozoário unicelular, ou seja, possui uma única cé-
lula. Vale lembrar que a Babesiose é uma infecção que acomete mais
os animais. Contudo, é incomum nos seres humanos, mas isso não
quer dizer que não os acometa. Os locais onde mais se encontra essas
espécies causadoras de Babesiose são: Massachusetts, Rhode Island,
Connecticut, Nova York e Nova Jersey, todas localizadas nos Estados
Unidos. A Babesiose é característica de regiões costeiras dos Estados
Unidos (NUNCIO, 2014).
5.2.2 SINTOMATOLOGIA
a. Malária (Plasmodium ovale): semelhante às demais espécies estudadas
anteriormente, sendo: febre alta, sudorese intensa, calafrios com tre-
mores, êmese (vômito), dor de cabeça severa, diarreia, dentre outros
(BRASIL, 2018).
90
PARASITOLOGIA
FIGURA 8 – FEBRE INTERMITENTE
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa a foto de uma menina deitada com um
termômetro para aferir a temperatura corpórea.
Na malária, a febre é intermitente, ou seja, em
picos. A febre acontece quando há o rompimento
das hemácias.
b. Tripanossomíase Humana Africana: diversas partes do corpo são afeta-
das seguindo a ordem: pele; sangue e linfonodos; e, cérebro e líquido
cefalorraquidiano. A rapidez na evolução da infecção e dos sintomas
dependerão de qual espécie está causando a doença (NEVES, 2005).
91
PARASITOLOGIA
Pele
A mosca tsé-tsé forma um caroço na pele, no local onde foi inoculado
o protozoário, ou seja, no local da picada. Este caroço, após alguns
dias, fica com a coloração vermelho-escuro e torna-se doloroso e
edemaciado.
Cérebro e líquido cefalorraquidiano
A tendência das pessoas acometidas no cérebro é ficarem
extremamente sonolentas. Além disso, pode acontecer de terem
dificuldade em se equilibrar, andar e ficar de pé, devido ao
acometimento da parte do cérebro responsável pelo equilíbrio.
FIGURA 9 – SONOLÊNCIA
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#ParaTodosVeram: a imagem representa a foto de um menino deitado sobre os livros. A
sonolência é um sintoma agravado da Tripanossomíase humana africana.
c. Babesiose: os principais sintomas da Babesiose, doença causada pela
espécie Babesia, são: dores musculares (principalmente nas articula-
ções), febre e cefaleia. Nas pessoas com a imunidade boa, os sintomas
tendem a desaparecer após uma semana. Porém, em algumas pesso-
as, os sintomas se tornam mais expressivos e agudizados, como o de-
senvolvimento de anemia e icterícia. A doença pode acometer alguns
órgãos, ocasionando hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e do
baço) (NUNCIO, 2014).
92
PARASITOLOGIA
5.2.3 FORMAS DE TRANSMISSÃO
a. Malária: A malária é transmitida através da picada do mosquito fêmea
do gênero Anopheles , que pode transportar os esporocitos nas glân-
dulas salivares, de modo que, ao picar uma pessoa saudável, ela seria
inoculada. Ocorre da mesma forma que nas outras espécies de Plamo-
dium estudadas anteriormente (Figura 10) (NEVES, 2005).
FIGURA 10 – CICLO PLASMODIUM SP.
Fonte: Neves et al. (2005, p. 145).
#ParaTodosVerem: a imagem representa um fluxograma com o ciclo Plasmodium sp., com
14 tópicos.
b. Tripanossomíase Humana Africana: as duas espécies causadoras da
tripanossomíase humana africana (Trypanosoma brucei gambiense e
ao Trypanosoma brucei rhodiense) transmitem a doença através do
contato com a mosca conhecida como tsé-tsé. É por meio da picada da
mosca tsé-tsé contamina com uma dessas duas espécies de Trypano-
soma. Após a picada e a inoculação do protozoário na pele, os mesmos
vão em direção ao sistema linfático da pessoa picada e se multiplicam.
A multiplicação ocorre em grau elevado, isso faz com que os órgãos e
tecidos também sejam afetados (NEVES, 2005).
93
PARASITOLOGIA
Transmissão Doença do Sono
Uma mãe que foi infectada pode transmitir os protozoários para o
bebê durante a gravidez ou durante o parto. Raramente, as pessoas
são infectadas por transfusões de sangue ou por doação de órgãos.
como alimentos e parceiros.
c. Babesiose: a transmissão da Babesiose, causada pelo protozoário da
espécie Babesia, ocorre por meio de uma espécie de carrapato da fa-
mília Ixodidade. O carrapato contaminado com o protozoário Babesia
infecta as pessoas por meio da picada (NUNCIO, 2014).
CONCLUSÃO
Caros alunos, nesta unidade, pudemos conhecer um pouco sobre as doenças
causadas por protozoários de importância de Saúde Pública no Brasil e em
outros países. Compreendemos algumas características principais de cada
uma das sete doenças causadas por protozoários no Brasil, como a sintoma-
tologia e as formas de transmissão.
Da mesma forma, estudamos essas características para algumas doenças
causadas por protozoários em países diferentes do Brasil, sendo elas: Malária
(Plasmodium ovale), Tripanossomíase Humana Africana (doença do sono) e
Babesiose. Espero que tenham gostando, bons estudos!
94
PARASITOLOGIA
UNIDADE 6
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:
> conhecer as principais
doenças causadas por
helmintos e artrópodes
parasitos.
> compreender os sintomas
apresentados pelo
hospedeiro afetado pela
interação com helmintos e
artrópodes parasitos.
> entender como helmintos
e artrópodes parasitos
podem ser transmitidos
entre os seres humanos.
95
PARASITOLOGIA
6 PRINCIPAIS DOENÇAS CAUSADAS
POR HELMINTOS E ARTRÓPODES
NO BRASIL E EM OUTROS PAÍSES
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
As infecções causadas por helmintos são, em termos quantitativos, as para-
sitoses mais importantes para o ser humano, promovidas por medidas de
saneamento básico precário, negligência na sua notificação e tratamento.
Contudo, dois fatores biológicos contribuem para sua elevada incidência: a
vida média prolongada dos vermes, que permite a produção de uma enorme
quantidade de estágios infectantes (ovos e larvas), e a resistência destes está-
gios ao meio ambiente. Estas infecções apresentam uma ampla variedade de
sinais e sintomas que variam dependendo da espécie de parasito, se apresen-
tando, na maioria das vezes, como quadros debilitantes.
Por outro lado, os artrópodes podem causar doenças de forma indireta, se
comportando como vetores de agentes infecciosos, ou de forma direta, no
caso de ectoparasitos humanos, além dos considerados micropredadores,
que entram em contato esporadicamente com o homem espoliando sangue
ao exercerem a hematofagia no hospedeiro.
6.1 DOENÇAS CAUSADAS POR HELMINTOS NO
BRASIL E EM OUTROS PAÍSES
Entre os parasitos que afetam ao ser humano, os helmintos formam um
grande grupo de organismos que correspondem, em termos numéricos, aos
parasitos mais importantes, causando principalmente doenças crônicas e de-
bilitantes.
96
PARASITOLOGIA
6.1.1 QUAIS SÃO AS DOENÇAS CAUSADAS POR
HELMINTOS?
A ascaridíase é a principal parasitose do ser humano, estima-se que existam
entre 807 mil a 1,2 bilhões de infectados. Esta helmintíase é causada por As-
caris lumbricoides, o maior nematelminto que infecta o trato intestinal do ser
humano (20-40 cm de comprimento). Assim como em outras geo-helmintí-
ases, a taxa de incidência da ascaridíase é maior em regiões que apresentam
saneamento básico inadequado (Figura 1).
Uma fêmea de A. lumbricoides pode viver por até
dois anos e, quando fecundada, produzir 200.000
ovos férteis por dia. Contudo, caso não seja
fecundada, pode produzir uma grande quantidade
de ovos inférteis, que podem ser observados no
exame parasitológico de fezes.
Da mesma forma, a tricuríase é causada por Trichuris trichiura, verme da fa-
mília Trichuridae, antigamente conhecido como “tricocéfalo”. Corresponde a
um parasito tecidual, de distribuição cosmopolita, principalmente em países
de clima tropical e temperado. Esses parasitos apresentam um corpo alon-
gado, medindo de 2-4 cm com uma porção anterior fina, composta por uma
boca simples e um esôfago longo, o qual fica inserido na mucosa intestinal.
97
PARASITOLOGIA
FIGURA 1 – ESTÁGIOS DIAGNÓSTICOS DOS GEO-HELMINTOS. A) OVO DE ASCARIS
LUMBRICOIDES; B) OVO DE TRICHURIS TRICHIURA; C) OVO DE ANCILOSTOMÍDEOS; E
D) LARVA RABDITOIDE DE STRONGYLOIDES STERCORALIS
Fonte: Plataforma Wikimedia (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa a ilustração dos estágios diagnósticos de geo-
helmintos encontrados em amostras biológicas, incluindo: ovo de Ascaris lumbricoides;
ovo de Trichuris trichiura; ovo de ancilostomídeos; e larva rabditoide de Strongyloides
stercoralis.
Por outro lado, os geo-helmintos de infecção ativa são espécies que liberam
seus ovos através das fezes, os quais eclodem no meio ambiente liberando
larvas. A infecção acontece pela penetração ativa destas larvas através da pele
ou mucosas. As espécies mais relevantes em infecções de seres humanos são
Strongyloides stercoralis, agente etiológico da estrongiloidíase, e duas espé-
cies de ancilostomídeos, Ancylostoma duodenale e Necator americanus,
causadores da ancilostomose (NEVES, 2016).
Strongyloides stercoralis foi descrito em 1876, se caracterizando por causar in-
fecções assintomáticas. Entretanto, casos de hiperinfecção surgiram a partir
da década de 1970, comprovando seu caráter patogênico, principalmente em
pacientes imunocomprometidos (FERREIRA, 2021).
Por outro lado, os ancilostomídeos podem ser diferenciados pela presença de
dois pares de dentes na cápsula bucal no A. duodelane e dois pares de lâmi-
nas cortantes em N. americanus. Apresentam um tamanho que varia de 0,5
a 1,2 cm e cor róseo-avermelhada, devido a sua hematofagia.
98
PARASITOLOGIA
A primeira campanha filantrópica a nível mundial
para a erradicação de uma doença foi realizada pela
Fundação Rockefeller para controlar a epidemia
de ancilostomose nos Estados Unidos, Ásia, África,
Europa e América do Sul, incluindo o Brasil, onde
foram realizadas campanhas para tratamento em
massa da população que trabalhava na produção
de café.
Outro nematelminto do trato intestinal é o Enterobius vermicularis, causador
da enterobíose. Se caracteriza por ser um verme pequeno esbranquiçado e
causa infecções benignas e autolimitadas. As fêmeas deste verme depositam
os ovos fora do organismo, após sua saída através do esfíncter anal.
Os trematódeos de maior importância em infecções humanas pertencem
ao gênero Schistosoma, a qual inclui três espécies: S. japonicum, S. haema-
tobium e S. mansoni, causador da esquistossomose mansônica na África e
países de América do Sul. Esta parasitose é de origem africana, trazida para
as américas através do tráfego de escravos, sendo conhecida como “doença
dos caramujos” ou “barriga d’agua”, pelo fenótipo apresentado por pacientes
crônicos (NEVES, 2016).
Em relação aos cestódeos, o complexo teníase-cisticercose é o que apresenta
mais relevância. No Brasil, estas doenças são causadas por duas espécies: Ta-
enia solium e Taenia saginata os quais utilizam suínos e bovinos, respectiva-
mente, como hospedeiros intermediários. Por serem vermes de grande por-
te, as infecções são causadas somente por um espécime, motivo pelo qual
são conhecidas como “solitárias” (Tabela 1) (FERREIRA, 2021).
99
PARASITOLOGIA
TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DE PARASITOS DO GÊNE-
RO TAENIA SP.
Taenia solium Taenia saginata
Escólice Quatro ventosas e uma Quatro ventosas laterais
coroa de acúleos
Comprimento 3-4 metros 7-8 metros
Número de proglotes 800-1.000 Mais de 1.000
Proglotes gravídicos Útero com até 12 Útero com mais de 15
ramificações ramificações
Ovos por proglote 80.000 ovos 160.000 ovos
Fonte: Elaborada pelo autor (2022).
Por outro lado, um grupo importante de nematelmintos são transmitidos
para o ser humano por meio da picada de dípteros hematófagos. Em con-
junto, estes vermes são conhecidos como filárias, duas espécies são encon-
tradas no Brasil: Wuchereria bancrofti, agente etiológico da filariose linfática
ou bancroftiana, e Onchocerca volvulus, causador da “cegueira dos rios” ou o
“mal dos garimpeiros”.
6.1.2 SINTOMATOLOGIA
As infecções por helmintos se caracterizam por ser crônicas e, na maioria dos
casos, assintomáticas. Contudo, quadros debilitantes podem aparecer de-
pendendo do tamanho do verme e da carga parasitária. Assim, na ascaridíase
pode ser observada a ação espoliativa do verme pela competição por prote-
ínas, açúcares, vitamina A e C, além de poder causar quadros de obstrução
intestinal em indivíduos com um elevado número do parasito. No caso da
tricuríase, causada por um verme tecidual, um número elevado de espécimes
pode causar um processo inflamatório no intestino grosso, acompanhado de
dor abdominal, diarreia e, em casos graves, disenteria. As alterações causa-
das pelo verme na mucosa do intestino levam ao aparecimento de lesões
na musculatura lisa do reto e sigmoide, promovendo o quadro denominado
prolapso retal (NEVES, 2016) (Figura 2).
100
PARASITOLOGIA
FIGURA 2 – A) OBSTRUÇÃO INTESTINAL POR ASCARIS LUMBRICOIDES; B) PROLAPSO
RETAL CAUSADO POR TRICHURIS TRICHIURA
Fonte: Flickr (2015, [n. p.]); Wikidoc (2017, [n. p.]).
#ParaTodosVerem: a imagem representa a foto de quadros clínicos graves causados por
geo-helmintos, obstrução intestinal causado por Ascaris lumbricoides e prolapso retal
causado por Trichuris..
Por outro lado, o quadro mais recorrente na ancilostomose é a anemia do
tipo microcítica e hipocrômica, promovida pela hematofagia do verme. Estes
parasitos podem ingerir entre 1-5 µL de sangue por dia, assim, a gravidade da
anemia dependerá diretamente da carga parasitária.
Com relação às infecções por S. stercoralis, são principalmente assintomáti-
cas. No entanto, quadros de hiperinfecção graves podem ser observados em
indivíduos com uma co-infecção com o vírus HTLV-1. Nesses casos, pode ser
observada diarreia abundante, dor abdominal, e sepse por bactérias Gram
negativas, causada pela migração em massa de larvas filariformes desde a
luz do intestino para a corrente sanguínea (FERREIRA, 2021).
Por outro lado, geo-helmintos de infecção ativa e A. lumbricoides, realizam o
chamado ciclo pulmonar, na qual larvas dos vermes passam através dos capi-
lares alveolares, vias aéreas superiores, chegando ao trato digestivo, causando
infiltração no parênquima pulmonar, eosinofilia e febre que, em conjunto, é
conhecida como síndrome de Loeffler.
Nas infecções por E. vermicularis o sintoma mais eficiente é o prurido na
região perianal, promovido pelas substâncias secretadas pelas fêmeas no
momento da ovoposição. Apesar de ser uma infecção benigna, a localização
ectópica dos vermes pode levar a quadros mais graves, como apendicite e
vaginite (SIQUEIRA-BATISTA, 2020).
101
PARASITOLOGIA
Veja a descrição de um caso clínico grave de
localização ectópica de Enterobius vermicularis
que se apresentou como um quadro de neoplasia
de ovário, disponível em: http://old.scielo.br/pdf/
rsbmt/v35n2/9068.pdf.
Com relação à esquistossomose, após a reprodução sexuada no plexo me-
sentérico, a fêmea deposita 400 ovos diariamente, os quais causam uma in-
flamação intensa que permite sua passagem desde o sangue para a luz do
intestino grosso, causando dor abdominal (inflamação) e disenteria. O res-
tante dos ovos pode ser arrastado para outros órgãos por via hematogênica,
principalmente para o fígado, promovem inflamação e lesões necróticas que
serão substituídas por tecido fibroso. Como resultado, a ação cumulativa de
lesões leva à perda de função hepática, resultando na ascite característica das
infecções crônicas (“barriga d’agua”) (NEVES 2016) (Figura 3).
FIGURA 3 – A) GRANULOMA HEPÁTICO CAUSADO PELO OVO (SETA); ESQUISTOSSOMOSE
CRÔNICA (“BARRIGA D’AGUA”)
Fonte: Plataforma Wikimedia (2022); Filckr (2015, [n. p.]).
#ParaTodosVerem: a imagem representa a foto de lesões hepáticas causadas por ovos de
Schistosoma mansoni.
102
PARASITOLOGIA
As infecções por helmintos do gênero Taenia sp. podem causar perda de peso
pela ação espoliativa, aumento do apetite, obstrução intestinal, diarreia e dor
abdominal, nos casos que apresentem um fenômeno tóxico-alérgico. No caso
de T. solium, indivíduos que acidentalmente consigam ingerir ovos do verme
podem desenvolver cisticercose, que corresponde à presença da larva (Cysti-
cercus cellulosae) em diferentes tecidos, incluindo o sistema nervoso central
(neurocisticercose).
Cysticercus cellulosae
Foi descrito, inicialmente como um verme diferente, entretanto, em
1860, essa larva foi associada ao ciclo biológico de Taenia solium em
experimentos realizados em humanos.
Cisticercos
Condenados à morte, foram alimentados com cisticercos e, após
sua execução, foi observado que apresentavam vermes adultos no
intestino.
Finalmente, no caso das filarioses encontradas no Brasil, a filariose bancrof-
tiana promove o extravasamento de linfa nas extremidades e tecidos brandos
causando um linfedema crônico. Se não tratado, o liquido é substituído por
tecido fibroso acompanhado de infecções recorrentes, que leva à formação
da denominada elefantíase. Na oncocercose são observados nódulos na pele
que correspondem aos locais de crescimento dos vermes adultos. Após a re-
produção, as fêmeas liberam uma grande quantidade de microfilárias que
migram ativamente através da epiderme, causando uma dermatite papular
difusa, liquenificação do tecido e, quando o globo ocular é afetado, causam
uma ceratite esclerosante, glaucoma e atrofias do nervo ótico (“cegueira dos
rios”) (FERREIRA, 2021).
103
PARASITOLOGIA
6.1.3 FORMAS DE TRANSMISSÃO
Nas infecções por geo-helmintos, a transmissão é dependente de condições
de saneamento básico. Assim, no caso dos vermes de infecção passiva, a trans-
missão se efetua por meio do consumo de alimentos e água contaminados
com ovos larvados. Nesse sentido, os alimentos consumidos in natura (frutas
e hortaliças) têm um papel fundamental, além dos hábitos de higiene da po-
pulação.
Larvas rabditoides de Strongyloides stercoralis,
eliminadas nas fezes da pessoa infectada, podem
se diferenciar em machos e fêmeas de vida livre,
os quais podem se reproduzir no meio ambiente
aumentando o número de estágios infectantes
presentes no solo em regiões de alta transmissão.
Nos geo-helmintos de infecção ativa a transmissão ocorre através da pene-
tração de larvas filarióides através da pele ou mucosas. Por este motivo, estas
infecções são muito comuns em crianças pequenas que brincam com ter-
ra ou trabalhadores rurais que não utilizam calçados. Esta penetração ativa
leva ao aparecimento de lesões similares a picada de inseto, correspondente
a uma dermatite local muito pruriginosa (REY, 2011). No caso de S. stercoralis,
o verme pode realizar um processo de auto-infecção interna nos indivíduos
que apresentam infecção por HTLV-1 ou que utilizam corticoides.
Nas filarioses, a transmissão é realizada através da picada do inseto vetor,
Culex quinquefasciatus no caso de W. bancrofti e dípteros do gênero Simu-
lium (“borrachudos”) no caso de O. volvulus. Esta transmissão é feita pelas
fêmeas dos insetos que se encontrem infectadas com os vermes (Figura 4).
104
PARASITOLOGIA
FIGURA 4 – A) CULEX QUINQUEFASCIATUS; B) SIMULIUM SP.
Fonte: Plataforma Wikimedia (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa a foto de vetores da filariose linfática e
oncocercose, incluindo Culex quinquefasciatus e Simulium sp.
No momento da hematofagia, são depositadas, na lesão da picada, as larvas
de terceiro estágio que ativamente se adentram na circulação sanguínea. As-
sim, os insetos se infectam por meio da ingesta de microfilárias presentes no
sangue e na pele dos indivíduos infectados.
Por outro lado, na transmissão de E. vermicularis, os ovos depositados ex-
ternamente na região perianal, que apresentam um formato aerodinâmico
(parede fina e formato de letra “D”), podem se espalhar nos cômodos das mo-
radias, podendo serem ingeridos ou aspirados por um hospedeiro.
A transmissão da esquistossomose é realizada pela penetração ativa do está-
gio infectante (cercárias) através da pele e mucosas. Este estágio é liberado
pelos hospedeiros intermediários, moluscos de água doce, em açudes e lago-
as onde estes animais podem se reproduzir. Dependendo da espécie do mo-
lusco, haverá uma maior liberação de cercárias facilitando assim a infecção
dos hospedeiros vertebrados (NEVES, 2016).
105
PARASITOLOGIA
A transmissão dos cestódeos do gênero Taenia
sp. acontece por meio do consumo de carne crua
ou malcozida dos hospedeiros intermediários,
que contenham os cisticercos dos vermes. Uma
vez no trato intestinal, o escólice do cisticerco fica
livre para se aderir à parede do intestino delgado,
auxiliado pelas suas estruturas de fixação (ventosas
e ganchos). Pessoas infectadas por T. solium
podem ser foco de transmissão da cisticercose em
locais onde as condições de saneamento básico
sejam precárias, existindo, também, a chance de
autoinfecção pela ingesta acidental dos ovos.
6.2 DOENÇAS CAUSADAS POR ARTRÓPODES NO
BRASIL E EM OUTROS PAÍSES
Os artrópodes podem afetar a saúde do ser humano por diversas vias, sen-
do vetores de agentes infecciosos, se comportando como ectoparasitos ou
como micropredadores, interagindo com o ser humano na sua alimentação
hematofágica. Neste tópico serão abordados os ectoparasitos e artrópodes
que se alimentam especificamente de sangue humano.
6.2.1 DESCRIÇÃO DAS DOENÇAS
A pediculose é causada por insetos hematófagos sem asas, caracterizados
por serem ectoparasitos de mamíferos e aves, conhecidos popularmente
como piolhos (Pediculus humanus). Esta parasitose é amplamente distribu-
ída no mundo, sempre associada a regiões de baixos recursos. Estes insetos
apresentam um corpo alongado, de 2 a 3 mm de comprimento, com abdô-
men dilatado após a hematofagia.
106
PARASITOLOGIA
Pediculus humanus
O piolho-do-corpo era diferenciado do piolho-da-cabeça como
espécies diferentes. Entretanto, conseguiu se estabelecer que estes
insetos compartilham das mesmas sequencias de DNA.
Nova nomenclatura
Por esse motivo, na atualidade, é utilizada uma nova nomenclatura, na
qual P. humanus teria duas variantes: P. humanus var. humanus e P.
humanus var. capitis.
Por outro lado, o piolho-do-púbis ou chato, apresenta um tamanho menor
que P. humanus, não superando os 2 mm. São insetos de corpo mais cur-
to, mostrando um formato de triangulo invertido, com a parte torácica mais
larga que a parte abdominal, na região lateral pode ser observado as pernas
anteriores mais curtas que os pares de pernas posteriores. O habitat deste
inseto pode incluir sobrancelhas, barba, axilas, contudo, sua localização mais
comum é na região pubiana e perianal.
A família Sarcoptidae inclui ácaros de tamanho reduzido caracterizando por
apresentarem oito pernas curtas, com dois pares direcionados para a região
anterior e dois pares direcionados para a região posterior do artrópode. Uma
das suas espécies consegue infestar exclusivamente o ser humano: Sarcop-
tes scabiei, agente etiológico da escabiose ou sarna.
Da mesma forma, a família Demodecidae apresenta duas espécies que po-
dem afetar o homem, Demodex folliculorum e D. brevis, sendo a primeira
delas amplamente disseminada no mundo. Estes ácaros apresentam uma
forma alongada com quatro pares de patas dispostas lateralmente no terço
superior do artrópode. O terço inferior apresenta estritas transversais e para-
lelas que lhe dão um aspecto segmentado. Estes ácaros são pequenos, me-
dindo entre 0,1-0,3 mm, tendo seu habitat nas glândulas sebáceas e folículos
pilosos do rosto (barba, sobrancelha, cílios) (Figura 5).
107
PARASITOLOGIA
Assista à entrevista do Dr. Alfredo Dias de
Oliveira sobre o aumento de casos de escabiose
associado ao aumento do uso de ivermectina,
disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=4DZ81bQ0YeU&t=111s.
Por outro lado, diversas pulgas podem afetar o ser humano, contudo, uma
espécie é conhecida como a “pulga do homem”: Pulex irritans, agente cau-
sador da pulicose (infestação por pulgas). Este inseto apresenta distribuição
cosmopolita, disseminando para todos os continentes na época das grandes
navegações europeias. Apresenta elevada adaptação ao ambiente domiciliar,
apresentando preferência por sangue humana e hospedeiros do sexo mas-
culino.
O homem também pode ser afetado acidentalmente por outro sifonáptero:
Tunga penetrans. Este inseto é a menor pulga já descrita, se diferenciando,
do ponto de vista comportamental, pela sua capacidade de invadir tecidos.
Este inseto é encontrado em toda a região neotropical, principalmente afe-
tando suínos domésticos, sendo considerada, por tanto, uma zoonose.
FIGURA 5 – A) PEDICULUS HUMANUS; B) PTHIRUS PUBIS; C) SARCOPTES SCABIEI; E D)
DEMODEX BREVIS
Fonte: Plataforma Wikimedia (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa fotos dos principais ectoparasitos do ser humano,
incluindo: Pediculus humanus; Pthirus púbis; Sarcoptes scabiei; e Demodex brevis.
108
PARASITOLOGIA
6.2.2 SINTOMATOLOGIA DAS DOENÇAS
Na pediculose humana podem ser observadas lesões papulosas muito pru-
riginosas. Esta característica causa na pessoa infestada um prurido intenso,
provocado por componentes da saliva do anopluro, fenômeno que aumenta
o grau de inflamação da lesão original. Na cabeça da pessoa parasitada, as
lesões aparecem na nuca, se estendendo para as regiões temporal e frontal.
Quando encontradas no corpo, as lesões podem aparecer na região do abdô-
men, axilas, nádegas e coxas. Da mesma forma, nas infestações por P. pubis,
são observadas lesões similares às causadas por P. humanus, sendo apresen-
tado, também, prurido intenso na região pubiana e perianal.
Por outro lado, a escabiose sarcóptica (sarna) se caracteriza por lesões infla-
matórias avermelhadas muito pruriginosas. As primeiras lesões aparecem
sem sintomas aparentes, contudo, após a reprodução, o número de ácaros
aumenta, gerando um quadro de hipersensibilidade à saliva e detritos produ-
zidos pelo ácaro, aumentando os sintomas inflamatórios locais (vermelhidão)
e o aparecimento de pequenas vesículas. Os locais do corpo mais afetados
são a parte anterior do tórax, região axilar, cotovelo, pulso e regiões interdigi-
tais (Figura 6).
FIGURA 6 – A) SARCOPTES SCABIEI NA PELE; B) ESCABIOSE HUMANA NA PALMA DA
MÃO
Fonte: Plataforma Wikimedia (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa a foto de lesões causadas por Sarcoptes scabiei
na pele humana.
109
PARASITOLOGIA
No parasitismo por ácaros do gênero Demodex sp. a maioria das pessoas
apresentam sintomas leves. Fatores externos, como o aumento na secreção
de sebo, higiene inadequada e estresse podem levar a um aumento destes
artrópodes, causando a sarna demodécica, caracterizada por prurido, desca-
mação e inflamação. A presença deste ácaro nas glândulas sebáceas facilita a
entrada de bactérias (acne rosácea) (SIQUEIRA-BATISTA, 2020).
A ação hematofágica de P. irritans, pode levar ao aparecimento de hipersen-
sibilidade aos produtos da saliva do inseto, a qual é adquirida após repetidos
repastos sanguíneos. Este quadro se caracteriza por apresentar pequenos
edemas eritematosos, acompanhados de prurido intenso e dor. Por outro
lado, a patologia causada T. penetrans está relacionada com o processo infla-
matório causado pela presença da fêmea na pele. A lesão é nitidamente ob-
servável como um edema queratinizado que aparece poucos dias após a in-
festação do parasito, no qual pode ser observada uma pequena lesão central
que corresponde ao local de entrada do inseto. No ser humano, os locais mais
afetados são o solado dos pés, a região interdigital e subungueal (Figura 7).
FIGURA 7 – A) PULEX IRRITANS; B) LESÃO CAUSADA POR TUNGA PENETRANS
Fonte: Plataforma Wikimedia (2022).
#ParaTodosVerem: a imagem representa a foto de sSifonápteros que parasitam o ser
humano, a Pulex irritans e uma lesão por Tunga penetrans .
110
PARASITOLOGIA
6.2.3 FORMAS DE TRANSMISSÃO DAS
DOENÇAS
Na pediculose humana, as fêmeas começam a postura de ovos (8-10 por dia)
os quais são aderidos na base do cabelo por uma substância cerosa. Após
poucos dias, emerge a ninfa de primeiro estágio, começando o repasto san-
guíneo. Este estágio realiza três mudas, alcançando o estágio adulto em 3-4
semanas. A transmissão acontece por contato direto através da transferência
de estágios adultos ou ovos. A transmissão de P. pubis, acontece através do
contato sexual.
Sarcoptes scabiei apresenta uma forma globular com 0,4 mm de diâmetro,
podendo ser transmitido pelo contato direto ou pelo intercambio de roupas
não higienizadas, favorecido por situações de confinamento (hospitais, quar-
teis, orfanatos). Biologicamente, a formação dos estágios adultos demora até
15 dias, momento no qual perfuram a camada estratificada da pele galerias
onde são depositados os ovos. As fêmeas podem abandonar as galerias pri-
márias para começar a formação de uma nova galeria, aumentando o núme-
ro de lesões na pele.
Escabiose crostosa
Também conhecida como “sarna norueguesa”, é um quadro raro de
escabiose grave na qual é observada uma queratinização grave da
pele com uma elevada carga parasitária.
Transmissão e tratamento
Essa manifestação é altamente transmissível e de difícil tratamento,
observada em indivíduos com um grau de imunocomprometimento.
111
PARASITOLOGIA
Os artrópodes do gênero Demodex sp. apresentam um ciclo biológico que
se prolonga por 3-4 semanas dentro dos folículos na pele. As ninfas do ácaro
são arrastadas secreção do mesmo e, na pele, se diferenciam em adultos que
regressam aos folículos. O período de amadurecimento do artrópode fora dos
folículos permite sua transmissão por contato direto entre hospedeiros sus-
ceptíveis.
Por outro lado, P. irritans se aproxima periodicamente do ser humano para
seu repasto sanguíneo, contudo, pode espoliar sangue de cães e gatos do-
mésticos. Morfologicamente, este inseto apresenta cor castanha escura, ca-
beça arredondada, aparelho bucal picador-sugador e patas modificadas para
pulos de longa distância.
Da mesma forma, os estágios adultos de T. penetrans são encontrados em
solos arenosos e quentes na espera de um hospedeiro. Quando fecundadas,
as fêmeas penetram na epiderme do hospedeiro, aumentando seu tamanho
pelo acúmulo de ovos no seu interior. Após 6-8 dias, a fêmea começa a postu-
ra de ovos que caem no solo para o desenvolvimento larvário. Nesse momen-
to, as fêmeas são desprendidas da pele por meio da resposta granulomatosa
formada no local da infecção.
CONCLUSÃO
As espécies de helmintos que conseguem infectar o ser humano podem
causar uma ampla variedade de quadros clínicos, sempre relacionados à
cronicidade da infecção. Sua fácil transmissão permitiu que se tornassem os
parasitos mais importantes do homem, principalmente em regiões com sa-
neamento básico precário. Por outro lado, os ectoparasitos continuam sendo,
na atualidade, agentes de elevada morbidade a nível global.
Nesta disciplina, você conseguiu aprender sobre a enorme diversidade de pa-
rasitos que conseguem infectar o ser humano. Para isso, foram abordados os
conceitos gerais sobre a interação parasitária e as características biológicas
desses organismos. Finalmente, foram descritas as doenças causadas por es-
ses patógenos, as metodologias utilizadas para o diagnóstico e o tratamento
específico para cada uma das morbidades.
112
PARASITOLOGIA
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